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Florianópolis
2021
Eduardo Coelho Lopes
Florianópolis
2021
Lopes, Eduardo Coelho
Pequenas Empresas e Grandes Negócios: : a relação entre
informalidade e empreendedorismo no Brasil / Eduardo
Coelho Lopes ; orientador, Ricardo Lara, 2021.
72 p.
Inclui referências.
O presente Trabalho de Conclusão de Curso foi avaliado e aprovado pela banca examinadora
composta pelos seguintes membros:
Certifico que esta é a versão original e final do Trabalho de Conclusão de Curso que foi
julgado adequado para obtenção do título de Bacharel em Economia por mim e pelos demais
membros da banca examinadora.
____________________________
Prof.(a) Ricardo Lara, Dr.(a)
Orientador(a)
Florianópolis, 2021
Face ao atraso e à penúria, ser capaz de diagnosticar suas causas,
denunciar os danos que acarretam e, ainda, prever as possibilidades de
progresso contidas em cada situação. Dentro desta postura analítica,
critica e prospectiva passam a ter igual peso dois tipos de preocupação:
a explicativa, que deve alcançar maior rigor científico ao
intencionalizar·se para servir à ação transformadora; e a valorativa, que
precisa tornar·se persuasória para aliciar as forças potencialmente
renovadoras. Na verdade, ambas têm limites precisos. Nem a
explicativa pode ser um discurso inconsistente e desinteressado sobre
questões irrelevantes; nem a valorativa pode entrar em contradição com
a explicativa.
Darcy Ribeiro
Saio do trabalho
E volto para casa
E não lembro de canseira maior
Em tudo é o mesmo suor
Milton Nascimento
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais, Selma e José, e à minha irmã Elaine; por todo o esforço que permitiu
a minha entrada e permanência na universidade, e pelo apoio e respeito incondicional por todas
as minhas escolhas até aqui. Este trabalho é também fruto do trabalho de vocês.
Aos amigos, colegas, professores e camaradas que sempre se mantiveram firmes na luta pela
universidade popular e por um ensino de economia menos dogmático e manualesco, e
verdadeiramente comprometido com os problemas cotidianos que assolam nosso povo; a vocês
devo a minha formação, minha indignação e minha convicção de que outro mundo é possível!
À Nathalia; por me compreender como mais ninguém, e por me permitir compartilhar toda uma
vida ao seu lado.
À tantos amigos que me acompanharam ao longo desta caminhada, e que são profundamente
responsáveis por eu ser quem sou. À Cinthia, por ser uma grande referência desde o início da
graduação. À Adriana, Eduardo, Giuliano, Victoria, Samuel, Leonardo, Mariana, Isadora, e
tantos outros, por tudo que vivemos. À Laryssa, César, Thays e Rafael, por serem uma
verdadeira família para mim.
À Elisa, Gregório e Mariah; pela sorte de tê-los por perto nos divãs da Ponto de Vista em que
compartilhamos as angústias, incertezas e alegrias que o isolamento nos provocou.
Ao meu orientador, Prof. Ricardo Lara; por toda a liberdade e apoio ao longo do
desenvolvimento desta pesquisa, e por ser uma grande referência teórica.
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
1. 2 OBJETIVOS
1.3. METODOLOGIA
A concepção marxista concebe o capital como uma relação social que pressupõe
uma reprodução ampliada de suas condições de existência, a saber, um modo de produção
sustentado pela propriedade privada dos meios de produção, e da venda da força de
trabalho por uma massa de trabalhadores aos detentores destes meios de produção. A
produção de valor ocorrerá por meio do trabalho vivo – o capital variável, que juntamente
ao capital constante (máquinas e equipamentos) produzirá os bens de consumo e de
capital a que todos temos acesso. O lucro dos capitalistas se desdobrará da apropriação
do excedente produzido pelos trabalhadores, ou seja, pela exploração de sua força de
trabalho e apropriação privada desta produção essencialmente social.
Para Barbosa (2016) em uma perspectiva de longa duração, são três os momentos
históricos determinantes do mercado de trabalho brasileiro: 1) o não mercado de trabalho
esterilizava o capital sob a forma do escravo. Sem haver uma economia formal, os
serviços e comércio urbano passaram a ser ocupados de forma autônoma pelos livres
brancos, mulatos e negros libertos; 2) a lenta transição demarcou uma nova configuração
espacial das relações de trabalho entre 1850 e 1930, de intensa regulação estatal de
condições trabalhistas e; 3) nacionalização e consolidação do mercado de trabalho,
quando a realização de capital passa a se dar no mercado interno.
Marini (1991) destaca ainda que a industrialização nos países centrais pressupõe
um aumento na composição orgânica de seu capital, que através da absorção de máquinas
e equipamentos – e, portanto, de trabalho morto – diminuirá a extração de mais valor da
força de trabalho, levando a uma queda na taxa de lucro. A oferta de alimentos e matérias-
primas a preços baixos surge como necessidade parar superar esse obstáculo da
industrialização, na medida em que diminuindo o preço dos bens básicos de subsistência,
aumenta-se seu salário real, equilibrando novamente a taxa de lucro dos capitalistas.
[...] em todos esses processos há razões econômicas que também são políticas.
São projetos de classe de determinados setores do capital aqueles que se
convertem em eixos de acumulação em cada caso, e são projetos de classe de
outros setores aqueles que ocupam lugares subordinados ou perdem. Tudo isso,
por sua vez tem consequências nas classes dominadas e em suas formas de
existência. (OSÓRIO, 2012, p. 46)
Onde:
D: dinheiro
M: mercadoria
Mp: meios de produção
Ft: força de trabalho
P: produção
M’: capital mercadoria
D’: dinheiro valorizado
Neste plano, para Barbosa (2016), quatro características são fundamentais para
compreendermos a consolidação do mercado de trabalho. A primeira refere-se à grandeza
da força de trabalho ocupado no setor privado, que em 1940 possuía 37% da População
Economicamente Ativa (PEA) já assalariadas no mercado formal e 51% da PEA
constituída por autônomos. Há ainda, uma estagnação entre 1940 a 1980 da PEA rural de
12,5 milhões de pessoas ante um crescimento de 5 milhões para 30 milhões da PEA não
agrícola no mesmo período, evidenciando a absorção da superpopulação latente do campo
que era absorvida pelos centros urbanos em expansão.
acumulação nas economias dependentes, uma vez que sua própria estrutura, ao não
produzir ciência e tecnologia, não era capaz de qualificar sua força de trabalho para
orientá-la para a produção que se utilizava de ciência e tecnologia estrangeira. A
dependência tecnológica seria um entrave para a geração de empregos não apenas no
senso mais restrito ao desenvolvimento científico, mas impactaria também o grau de
produtividade das empresas e negócios locais.
Além deste fator, a crise cambial surgia como entrave direto entre latifundiários e
industriais, de um lado os capitalistas do campo buscavam um câmbio apreciado para
aumentar seus rendimentos com exportações, do outro lado, buscava-se a depreciação do
câmbio para baratear as importações de máquinas e equipamentos para as indústrias.
Segundo Gunder Frank (1965), em 1945 houve um aumento de 83% na importação, sendo
338% o aumento de maquinarias.
Para Marini (2013), a partir de 1960 os conflitos pela terra, as disputas pela
reforma agrária, assim como as reivindicações pelo aumento do salário real, passam a
ditar a luta social no Brasil e levam à queda no volume de investimentos estrangeiros.
Dessa forma, com o aumento inflacionário, a burguesia capitaneada por Jango promoveu
uma política de contenção dos níveis salariais através do liberalismo, e buscou promover
algumas reformas de base. A recém instituída burguesia nacional, mesmo que buscando
num primeiro momento promover um desenvolvimento autônomo, logo se deparou pelos
limites do mercado externo e de sua própria condição de submissão ao capital estrangeiro,
e em um cenário de conflito interno com as antigas oligarquias e de um descontrole
inflacionário que aumentava o custo da produção e via o investimento público e privado
decaindo, não teve outra opção que não apoiar o golpe civil militar que recuperaria o
compromisso de 1937.
Para Osório (2012), o fim dos projetos de industrialização dos países latino-
americanos complementa o início de um novo padrão de reprodução de capital pautado
pela exportação de bens agroindustriais. Na grande maioria desses países, o novo padrão
implicou a destruição de indústrias, seu reposicionamento no projeto geral e a
centralidade de um novo eixo exportador que passou a constituir “segmentos de grandes
cadeias produtivas globais sob a direção de empresas transnacionais”. Este processo
inicializa através de uma série de reformas e privatizações, que permitem a entrada do
capital estrangeiro nas economias latino-americanas de 14,9% em 1990 para 37,8% em
1996. No Brasil, estes valores (em milhões de dólares) saltam de 989 em 1990 para 31.913
em 1998. Ainda segundo Osório (2012), com base no relatório “Panorama de la inserción
internacional de América Latina y el Caribe 2009-2010” elaborado pela Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), em 1999 41% das duzentas
maiores empresas exportadoras da região eram constituídas por capital estrangeiro,
dominando estrategicamente cadeias comerciais através do setor de serviços que
fornecem energia e telecomunicações, além da agroindústria, nas indústrias alimentícias
e com certa expressividade a mineração.
A crise do modelo de industrialização brasileiro implode nos anos 1990 com uma
reorientação da política econômica, centrada pela abertura comercial e desnacionalização
da empresa. Para Carneiro (2002), havia uma substituição das políticas de demanda e de
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garantia de mercado por uma política de oferta sistematizada por uma ampliação de
concorrência. Ao se atentar para o processo de abertura econômica, analisando o
coeficiente de penetração (importações/produção) e abertura (exportações/produção) da
indústria brasileira na década em questão, o autor identifica que há uma perda de
densidade dos setores que utilizam mais intensamente tecnologia e capital em detrimento
de um menor impacto nos setores dependentes de mão de obra, obedecendo,
respectivamente, uma variação absoluta de 34,3%, 14% e 9,7%. Ao analisar a taxa de
comércio e saldo por intensidade de fator, em 1998, o autor destaca que o saldo comercial
percentual da produção por setor foi negativo nos setores de tecnologia (-20,9), capital (-
12,8) e positivo nos setores intensivos em mão de obra (1,6) e de recursos naturais (10,7).
Estes dados acompanham o processo de desnacionalização das empresas brasileiras
através de privatizações e processos de fusões e aquisições. Ao observar a distribuição
das 100 maiores empresas por tipo de propriedade entre 1990 e 1998, Carneiro (2002)
destaca uma desnacionalização expressiva da economia brasileira, com um crescimento
da propriedade estrangeira de 27 em 1990 para 34 em 1998, crescimento de propriedade
compartilhada de 5 em 1990 par 23 em 1998 e uma redução da propriedade estatal de 38
em 1990 para 12 em 1998. Segundo o autor, a desnacionalização deste processo tem como
especificidade o fato de que a economia brasileira possui um desequilíbrio entre compra
e venda de operações transfronteiriças em comparação aos países centrais. Segundo
Marini (2013):
impactado pela redução de postos de trabalho nos serviços financeiros públicos na ordem
de 320.000 postos de trabalho, o desemprego alcançou a marca de até 14% entre 1994 e
1997, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(DIEESE). Para Mercadante (1997) essa estratégia de estabilização é indissociável da
agenda proposta pelo chamado Consenso de Washington: abertura comercial completa,
desregulamentação geral da economia, reconhecimento irrestrito de patentes,
privatizações, Estado mínimo com desarticulação dos mecanismos de apoio ao
crescimento e regulação econômica e a flexibilização dos direitos trabalhistas sempre
orientados para estabelecer a primazia absoluta do mercado.
Para Malagutti (2000), este processo só foi possível através da destruição em massa
dos instrumentos de proteção do antigo modelo econômico, tais como a desativação de
órgãos reguladores e a privatização de antigas empresas estatais, a quebra do monopólio
do Estado no petróleo, a venda da Vale e a fusão do setor de telecomunicação ao capital
estrangeiro. Além disso, a flexibilização trabalhista que acompanhou este processo, deu
o tom das consequências que essa reestruturação traria para a classe trabalhadora. Além
dos índices de emprego já mencionados, houve uma queda histórica do salário mínimo
real, e institucionalização dos contratos temporários, a reforma da previdência que
buscava desvincular receitas e despesas e a lei de terceirização. A consequência deste
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Interessa aos objetivos deste trabalho analisar a forma da pequena empresa e como
ela se relaciona com a dinâmica de concentração de capital que caracteriza o atual modo
de produção global. Conforme destacam Guerra e Teixeira (2010), a análise marxiana do
desenvolvimento das forças produtivas identifica três etapas desse processo histórico: a
cooperação simples, a manufatura e a grande indústria. Retomando a tendência histórica
da acumulação capitalista, Marx (2013) refere-se à pré-história do capital como a
dissolução da propriedade privada fundada no próprio trabalho; este fato decorre do
próprio caráter do desenvolvimento das forças produtivas que supera a fragmentação da
produção dada pelo momento inicial de cooperação simples e, transformando a
propriedade individual de trabalho em propriedade privada capitalista, expropria os meios
autônomos de existência a partir do trabalho e proletariza os sujeitos numa relação
subordinada com o capital.
A propriedade privada do trabalhador sobre seus meios de produção é o
fundamento da pequena empresa, e esta última é uma condição necessária para
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grupos econômicos se fundem para reter mais-valia explorada, donde se pode deduzir que
qualquer discurso sobre a autonomia e a liberdade do trabalho não tem base real”.
produção, novas mercadorias, novas fontes de matéria prima, novos mercados, etc. Na
prática, o empreendedor contemporâneo está longe do processo inovativo, e se estabelece,
isso sim, como um indivíduo produtor sem tecnologia e baixíssima produtividade.
Na perspectiva de Tavares (2018):
O empreendedorismo é uma estratégia pela qual é transferida ao trabalhador a
atribuição de gerar postos de trabalho, de modo a garantir “ordem e progresso”
capitalistas; é um ardil engendrado pelo capital e viabilizado pelo Estado, para
confundir a oposição das classes sociais; é uma tentativa de obscurecer a figura
do trabalhador proletário e, desse modo, pôr fim ao sujeito revolucionário; é,
enfim, uma forma pela qual se quer combater o desemprego, sem possibilitar
a relação de emprego, na acepção de um contrato pelo qual o trabalhador vende
força de trabalho e em troca recebe um salário e a proteção social que, por lei,
ainda é garantida aos trabalhadores percebidos como assalariados.
(TAVARES, 2018, p. 110)
trabalhadora. Ainda que seja global e opere a lei geral da acumulação capitalista, este
fenômeno deve ser analisado a partir das especificidades de cada conformação social a
partir da divisão internacional do trabalho, cujas leis capitalistas operam de formas
diferentes para garantir a reprodução do capital.
ao observar o valor agregado que as MPE’s adicionam por atividade econômica, observa-
se que estão concentradas em Atividades Imobiliarias, Comércio e Construção Civil.
53%
33%
9% 5%
Construção Agropecuaria
8% 0.45%
Industria
10%
Comercio
36%
Serviço
46%
Sua distribuição por porte infere também no total e no tipo de empregos gerados
na economia. Desconsiderando os dados referentes à parcela da população cujos vinculos
50
15.2% 15.4% 15.1% 14.9% 14.9% 14.6% 14.1% 13.9% 13.9% 14.0%
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Fonte: IBGE (Pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência como
Empregado no setor privado sem carteira assinada
pagos pelas empresas de acordo com seu faturamento. Em relação ao financiamento para
as MPE’s, em 1996 o BNDES cria o Programa de Crédito Produtivo Popular e em 1998
desenvolvem-se iniciativas de microcrédito ligadas à governos estaduais e municipais.
Além disso, A Lei no 9.841 (1999) que estabeleceria referencias regulatórias para as
MPES daria as bases para futuramente a Lei Geral da Micro e Pequenas Empresa
(BRASIL, 2006).
Junto com a Lei no 9.841 (1999), de 5 de outubro de 1999, que estabelece o
Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, ficam dadas as
bases do que em 2006 se consolidaria na Lei Complementar no. 123 (2006),
de 14 de Dezembro de 2006. A Lei no 9.841 (1999) regula relações de trabalho,
linhas de crédito e cria o Fórum Permanente da Micro e Pequenas Empresas,
na estrutura do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
[MDIC] (Sarfati, 2013). A Lei Complementar no. 123 (2006) institui o Estatuto
Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, também conhecido
como a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, revogando as leis no. 9.317
(1996) e 9.841 (1999), reunindo em uma única peça de legislação os diversos
aspectos que compunham os textos anteriores. A lei de 2006 inclui ainda
benefícios para participar em licitações públicas, simplificação para comércio
exterior, entre outros benefícios trabalhistas, jurídicos, de acesso a crédito, etc.
(Fernandes, 2019, p. 81)
Arranjos Produtivos Locais e à lei do microempreendedor individual nos leva a crer que
a institucionalização do acesso ao crédito, o suporte à formalização tributária simplificada
e a cooperação dos agentes de mercado são suficientes para a superação da problemática.
Embora sejam elementos reais, não são eles causa da problemática das micro e
pequenas empresas, mas consequência de uma estrutura econômica cujo mapa produtivo
privilegia uma produção agroindustrial e se associa à instituições financeiras que
potencializam seus lucros através dessa mesma estrutura. Quando se trata do
financiamento dos pequenos negócios, a concentração bancária e os altos níveis de spread
que decorrem desta condição são os principais impedimentos para as empresas do
segmento. Embora seja característica fundamental de uma economia capitalista o acesso
ao crédito para a dinamização da produção e circulação, seu acesso dificultoso expresso
em última instância pelo “apetite a risco” das grandes instituições, não considera os
pequenos produtores como motores do desenvolvimento.
Segundo o Sebrae (2017), considerando o relatório do Fórum Econômico
Mundial, o Brasil ocupa a posição 93º do índice de desenvolvimento do sistema financeiro
nacional. Conforme a Tabela 2, a acessibilidade aos serviços financeiros é o índice pior
avaliado, ocupando a posição 131º, ao passo que o índice de solidez das instituições
financeiras demarca a posição 38º, demonstrando que a robustez do sistema financeiro
nacional em termos de confiabilidade e capacidade de financiamento não reflete no acesso
aos serviços de financiamento que em tese, deveria ser facilitado.
crédito mais que dobrou neste último período, reverberando a política expansionista em
vigor no período. No entanto, quando observamos o segmento de pessoas jurídicas, e em
especial a participação das micro e pequenas empresas, a sua participação é
consideravelmente inferior aos demais portes, especialmente nos momentos de contração.
Quando analisamos a concessão de crédito por tipo de instituição bancária,
observamos uma concentração nesse tipo de empréstimo em seis bancos. Essa
centralização de recursos pode ser separada entre bancos públicos, privados e estrangeiros
Conforme Gráfico 11, em relação aos bancos públicos, o BNDES, como já esperado,
ocupa a primeira posição, sendo responsável por 38% do financiamento desses negócios,
seguido por Banco do Estado do Espírito Santo e Banco do Nordeste do Brasil. Vale
ressaltar, que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal representam somente 0,3 e
0,1% respectivamente do fomento às MPE’s com recursos próprios. Ao observarmos os
dados dos bancos privados e estrangeiros a concentração ocorre pelo Bradesco, Itaú,
Santander e Citibank, respectivamente.
Para além disso, as amostras disponibilizadas pelo segmento não consideram uma
característica central das pequenas empresas no Brasil: seu caráter informal. Dessa forma,
o autor destaca que há uma forte expectativa de subnotificação destas pesquisas, tanto no
que se refere aos valores financeiros quanto nos valores de pessoal ocupado.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS
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41612009000300003.
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KOWARICK, Lúcio. Trabalho e Vadiagem:: a origem do trabalho livre no brasil. 2.
ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994. 124 p.
MÉSZÁROS, István. Para Além do Capital: rumo a uma teoria da transição. São Paulo:
Boitempo, 2011.
OSÓRIO, Jaime. América latina: estudo de cinco economias da região. São Paulo:
Boitempo Editorial, 2012.
OSÓRIO, Jaime. Padrão de reprodução de capital:: uma proposta teórica. São Paulo:
Boitempo Editorial, 2012.