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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS


FACULDADE DE ECONOMIA
DOUTORADO EM ECONOMIA

ADRIANA CABRERA BACA

A IMPORTÂNCIA DA OPACIDADE FISCAL NO EFEITO DA


TRIBUTAÇÃO DIRETA PROGRESSIVA SOBRE A
DESIGUALDADE DE RENDA: quais os impactos sobre o crescimento
econômico?

Niterói (RJ)
2019

i
ADRIANA CABRERA BACA

A IMPORTÂNCIA DA OPACIDADE FISCAL NO EFEITO DA


TRIBUTAÇÃO DIRETA PROGRESSIVA SOBRE A
DESIGUALDADE DE RENDA: quais os impactos sobre o crescimento
econômico?

Tese apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Ciências Econômicas da
Universidade Federal Fluminense como
parte dos requisitos para obtenção do Grau
de Doutor em Economia.

Orientador: Prof. Dr. Helder Ferreira de


Mendonça

Niterói (RJ)
2019

ii
ADRIANA CABRERA BACA

A IMPORTÂNCIA DA OPACIDADE FISCAL NO EFEITO DA


TRIBUTAÇÃO DIRETA PROGRESSIVA SOBRE A
DESIGUALDADE DE RENDA: quais os impactos sobre o crescimento
econômico?

Tese apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Ciências Econômicas da
Universidade Federal Fluminense como
parte dos requisitos para obtenção do Grau
de Doutor em Economia.

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Helder Ferreira de Mendonça (Orientador)


Faculdade de Economia – UFF

Prof. Dr. Gabriel Caldas Montes


Faculdade de Economia – UFF

Prof. Dr. Júlio Cesar Albuquerque Bastos


Faculdade de Economia – UFF

Prof. Dr. José Simão Filho


Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF

Dr. Bruno Pires Tiberto


Banco Central do Brasil – BCB

Niterói (RJ)
2019

iii
À minha queria família, Regino, Rita, Maurício,
Marcus, Mãe Ana Carelli, Mentores Espirituais, e toda
a família GEUDADE, dedico a conquista deste
trabalho com o mais profundo carinho.

iv
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me dado saúde, discernimento e a oportunidade de cursar

o Doutorado e, em especial, pela vontade de continuar aprendendo e por ter me propiciado

condições para a elaboração deste trabalho.

Agradeço a meu pai Regino, minha mãe Rita, meu irmão Maurício e meu marido

Marcus por sempre terem me apoiado e me incentivado durante toda minha jornada

acadêmica. Eles souberam dizer as palavras de incentivo certas em diversos momentos

de grande angústia e incerteza, não deixando que eu desistisse no meio do caminho. Um

especial agradecimento para meu irmão Maurício e Mãe Ana Carelli, por todo o carinho,

amizade, paciência, educação, amor e compreensão demonstrados em todos os

momentos.

Agradeço ao meu marido Marcus por todo o imenso apoio, confiança e palavras

de incentivo. Com você aprendo todos os dias que é possível tornar os sonhos realidade,

basta apenas ouvir o coração e manter o foco no objetivo. Não há palavras no vocabulário

que descrevam meu muito obrigada. Além de ser meu marido, você é meu melhor amigo,

meu confidente, aquele que me atura em noites escuras e aquele que divide comigo os

momentos mais coloridos do meu dia.

Agradeço imensamente ao professor Dr. Helder Ferreira de Mendonça, por toda a

dedicação, orientação e companheirismo, durante todo o período de elaboração da Tese.

Professor, obrigada por suas palavras de incentivo, por ter sido em muitos momentos mais

do que um orientador e, principalmente, por ter desempenhado exemplarmente o papel

de um bom ouvinte em momentos de crise. Todo seu incentivo, suporte e confiança foram

cruciais para a elaboração desta tese. Agradeço também aos professores Dr. Gabriel

Caldas Montes, Dr. Júlio Cesar Albuquerque Bastos, Dr. José Simão Filho e Dr. Bruno

Pires Tiberto, por terem aceitado participar como membros da banca examinadora.

v
Agradeço ao Grupo Espírita Universalista do Amor Divino e Esperança

(GEUDADE) por ter me concedido a oportunidade de participar desta linda família.

Agradeço, enfim, a todos os Mentores, e em especial a Dona Maria, por me acolher de

braços abertos, pelo amor e confiança que depositaram em mim. Serei eternamente

agradecida a todos vocês, nunca esquecerei seus conselhos. Obrigada a todos que me

ajudaram durante esta complexa jornada, e peço que me desculpem se, por um lapso de

memória, não menciono aqui algum nome expressamente.

vi
“A educação é o nosso passaporte para o futuro,
pois o amanhã pertence às pessoas que se
preparam hoje.”
Malcolm X

vii
Resumo

Este estudo analisa como o efeito da desigualdade de renda, por meio da tributação direta
progressiva, associada à opacidade fiscal, impacta o crescimento econômico de 13 países
da OCDE durante o período de 1980 a 2016. A partir da função do fator de contração e
da razão ruído-sinal, esta tese desenvolve um indicador que mensura a redução da
desigualdade de renda entre famílias heterogêneas, por meio do impacto da opacidade
fiscal na tributação direta progressiva, com base em diferentes períodos de tempo e bases
de dados. As evidências empíricas mostram como uma redução na desigualdade de renda,
por meio da tributação direta progressiva, entre famílias de renda alta e mediana, assim
como entre famílias de renda mediana e de baixa renda, pode afetar o crescimento
econômico. Os resultados são robustos e apontam para uma natureza assimétrica da
tributação redistributiva sobre o crescimento econômico e que um aumento na opacidade
fiscal diminui o crescimento. Além disso, os resultados indicam que a opacidade fiscal
amplifica o efeito assimétrico de uma redução da desigualdade de renda, por meio da
tributação, no crescimento econômico. Por fim esta tese realiza uma análise para o
período antes e depois da crise financeira global e os resultados indicam que o impacto
da opacidade fiscal combinado com a tributação direta progressiva na desigualdade de
renda e, por conseguinte, no crescimento econômico, diminuiu após a crise financeira
global. Os resultados mostram que a adoção da transparência fiscal e a prevenção do uso
da tributação direta progressiva como política pública, com fins redistributivos, por
governos de países desenvolvidos é uma boa estratégia para mitigar o efeito negativo
sobre o crescimento econômico.

Palavras-chave: opacidade fiscal, desigualdade de renda, crescimento econômico, fator


de contração, razão ruído-sinal.

Classificação JEL: E62, E25, H68, H23, H31.

viii
Abstract

This study analyzes how the effect of income inequality, through progressive direct
taxation, coupled with fiscal opacity, affects the economic growth of 13 OECD countries
during the period from 1980 to 2016. From the function of the contraction factor and the
Noise-to-signal ratio, this thesis develops an indicator that measures the reduction of
income inequality among heterogeneous families, through the impact of fiscal opacity on
progressive direct taxation, based on different times and databases. Empirical evidence
shows how a reduction in income inequality through progressive direct taxation between
high- and middle-income families, as well as between middle- and low-income families,
can affect economic growth. The results are robust and point to an asymmetrical nature
of redistributive taxation on economic growth and that an increase in fiscal opacity
decreases growth. Moreover, the results indicate that fiscal opacity amplifies the
asymmetric effect of a reduction in income inequality through taxation on economic
growth. Finally, this thesis performs an analysis for the period before and after the global
financial crisis and the results indicate that, the impact of fiscal opacity combined with
progressive direct taxation on income inequality and thus on economic growth diminished
after the crisis. global financial The results show that the adoption of fiscal transparency
and the prevention of the use of progressive direct taxation as a public policy for
redistributive purposes by developed country governments is a good strategy to mitigate
the negative effect on economic growth.

Key words: fiscal opacity, income inequality, economic growth, contraction factor,
signal-to-noise ratio.

JEL classification: E62, E25, H68, H23, H31.

ix
Lista de figuras e tabelas

Figura 1 – Fatores de Contração – IND(q1) e IND(q3) – média.......................................37

Figura 2 – Opacidade Fiscal – 𝑂𝑃𝐴𝐶 – média................................................................42

Figura 3 – Fatores de contração: INDOPAC e IND (1980 a 2016)...................................46

Tabela 1 – Efeito dos fatores de contração e da opacidade fiscal no crescimento


econômico (PIB per capita) – FGLS e Sys-GMM (1980-2016)......................68

Tabela 2 – Choque de 1% de IND(qk) e OPACV,h sobre GROWTH (p.p.) – 1980-


2016.................................................................................................................70

Tabela 3 – Efeito dos fatores de contração e da opacidade fiscal no crescimento


econômico (PIB per capita) – FGLS (1998-2016)..........................................72

Tabela 4 – Choque de 1% de IND(qk) e OPACV,h sobre GROWTH (p.p.) – 1998-


2016.................................................................................................................74

Tabela 5 – Efeito dos fatores de contração, opacidade fiscal e variáveis interativas sobre
o crescimento (PIB per capita) – FGLS (1998-2016).....................................77

Tabela 6 – Efeito do indicador INDOPAC(qk) no GROWTH (PIB per capita) –– horizonte


do ano corrente –– FGLS (1980-2016).............................................................82

Tabela 7 – Efeito do indicador INDOPAC(qk) no GROWTH (PIB per capita) –– horizonte


de um ano à frente –– FGLS (1980-2016)........................................................83

Tabela 8 – Choque de 1% de INDOPAC(q3) e INDOPAC(q1) sobre GROWTH (p.p.) –


1980-2016........................................................................................................85

Tabela 9 – Efeito do INDOPAC(qk) no GROWTH (PIB per capita) –– horizonte do ano


corrente –– World Economic Outlook do FMI – FGLS (1998-2016)...............87

Tabela 10 – Efeito do INDOPAC(qk) no GROWTH (PIB per capita) –– horizonte do ano


corrente –– Economic Outlook da OCDE – FGLS (1998-2016)......................88

Tabela 11 – Efeito do INDOPAC(qk) no GROWTH (PIB per capita) –– horizonte de um


ano à frente –– World Economic Outlook do FMI – FGLS (1998-2016)..........89

x
Tabela 12 – Efeito do INDOPAC(qk) no GROWTH (PIB per capita) –– horizonte de um
ano à frente –– Economic Outlook da OCDE – FGLS (1998-2016).................90

Tabela 13 – Choque de 1% de INDOPAC(q3) e INDOPAC(q1) sobre GROWTH (p.p.) –


1998-2016........................................................................................................92

Tabela 14 – Efeito do INDOPAC(qk) no GROWTH (PIB per capita) – World Economic


Outlook do FMI – SysGMM............................................................................94

Tabela 15 – Efeito do INDOPAC(qk) no GROWTH (PIB per capita) – Economic Outlook


da OCDE– SysGMM.........................................................................95

Tabela A.1 – Correlação entre indicadores de desigualdade de renda (IND(qk),


INDOPAC(qk) e GINI)..................................................................................107

Tabela A.2.1 – Testes de Dependência de cross-section e Raiz Unitária........................108

Tabela A.2.2 – Testes de Dependência de cross-section e Raiz Unitária........................109

Tabela A.3.1 – Estatística Descritiva..............................................................................110

Tabela A.3.2 – Estatística Descritiva..............................................................................111

Tabela A.3.3 – Estatística Descritiva..............................................................................112

xi
Índice

1. Introdução.................................................................................................................14

2. Desigualdade de renda, tributação direta progressiva e opacidade fiscal: um


vínculo entre eles.......................................................................................................21

2.1. Introdução.......................................................................................................21

2.2. Desigualdade de renda.....................................................................................23

2.3. Tributação direta progressiva..........................................................................25

2.4. Opacidade fiscal..............................................................................................27

2.5. Desigualdade de renda, tributação direta progressiva e opacidade fiscal.........30

3. Mensuração da opacidade fiscal, fator de contração, e do efeito da opacidade


fiscal na desigualdade de renda, por meio da tributação........................................33

3.1. Introdução.......................................................................................................33

3.2. Fator de contração e opacidade fiscal..............................................................34

3.3. Efeito da opacidade fiscal na desigualdade de renda, por meio da tributação...43

4. Dados e Metodologia.................................................................................................47

4.1. Introdução.......................................................................................................47

4.2. Impacto do fator de contração e da opacidade fiscal sobre o crescimento


econômico.......................................................................................................50

4.3. Impacto da opacidade fiscal na desigualdade de renda, por meio da tributação,


sobre o crescimento econômico.......................................................................57

4.4. Dados..............................................................................................................61

5. Resultados empíricos: fator de contração e opacidade sobre o crescimento


econômico...................................................................................................................64

5.1. Introdução.......................................................................................................64

5.2. Evidências empíricas sobre o crescimento econômico: 1980 a 2016...............66

xii
5.3. Evidências empíricas sobre o crescimento econômico: 1998 a 2016...............71

5.4. Evidências empíricas sobre a conexão entre o fator de contração e a opacidade


fiscal................................................................................................................75

6. Resultados empíricos: efeito da opacidade fiscal na desigualdade de renda, por


meio da tributação.....................................................................................................78

6.1. Introdução.......................................................................................................78

6.2. Evidências empíricas sobre o crescimento econômico: 1980 a 2016...............80

6.3. Evidências empíricas sobre o crescimento econômico: 1998 a 2016...............86

6.4. Evidências empíricas sobre o crescimento econômico: pré-crise e pós-crise...93

7. Conclusão...................................................................................................................96

8. Referências...............................................................................................................100

Apêndice...................................................................................................................107

xiii
1. Introdução

A desigualdade de renda é um dos maiores problemas da investigação econômica.

O uso de políticas públicas que buscam diminuir a diferença de renda entre famílias

pobres e ricas é um assunto de preocupação internacional. Por exemplo, um dos objetivos

das Nações Unidas é reduzir a desigualdade de renda por meio da política fiscal.1 Em

particular, o uso da tributação direta progressiva é uma ferramenta importante para

diminuir a desigualdade de renda, mas seu uso é muito controverso.2 Por um lado, é

possível que a redução da desigualdade de renda aumente a classe média e, assim,

aumente o consumo, o que, por sua vez, implica em incrementos no crescimento

econômico. Por outro lado, esta mesma redução na desigualdade de renda também

representa uma queda no número de riquezas. Em geral, famílias mais ricas são

proprietárias de empresas, uma diminuição no número de famílias ricas pode reduzir o

investimento e, assim, reduzir o crescimento econômico.3 Em suma, o efeito de uma

redução na desigualdade de renda, por meio do imposto de renda direto progressivo, sobre

o crescimento econômico, ainda é uma questão em aberto.

As consequências da crise financeira global provocaram nos países da

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a recessão mais

profunda desde a Grande Depressão. Em 2009, a OCDE lançou a primeira edição do

Going for Growth, propondo várias medidas para responder à crise. Entre as várias

propostas, foi recomendado reduzir a carga de imposto de renda sobre os trabalhadores

de baixa renda. Inspirada em uma visão keynesiana, essa proposta foi apoiada na ideia de

que os trabalhadores de baixa renda têm mais probabilidade de gastar do que economizar

1
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Disponível em:
<https://www.un.org/sustainabledevelopment/inequality/>. Acesso em: 10 de janeiro de 2018.
2
Sobre o debate referente ao efeito da progressividade tributária na desigualdade de renda, ver Duncan e
Peter (2016) e Bhattarai, et al. (2018).
3
Um bom exemplo dessa controvérsia é o recente debate sobre a reforma tributária nos EUA (Bhattarai, et
al., 2018).

14
ganhos líquidos adicionais e, assim, impulsionar o crescimento econômico. Além disso,

embora a falta de transparência fiscal (opacidade fiscal) não possa ser considerada a

principal causa da crise econômica e financeira iniciada em 2008, ela a exacerbou em

muitos países. Segundo o FMI (2012), o surgimento de déficits e dívidas anteriormente

não registrados revelou uma posição fiscal inadequada por parte dos governos, mesmo

entre as economias avançadas, que, por sua vez, exigem melhorias na transparência fiscal.

Desde a década de 1980, a desigualdade de renda aumentou nos países membros

da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) (Colciago,

Samarina e de Haan, 2019). Além disso, especialmente após a crise financeira global

(2008-2009), o uso de pacotes de estímulos fiscais por meio de reduções de impostos e o

problema relacionado à falta de transparência fiscal tem sido objeto de preocupação em

vários países da OCDE (ver Buti, Martins e Turrini, 2007; Barro e Redlick, 2011; Irwin,

2012). Por fim, de acordo com dados do Banco Mundial, a taxa média de crescimento

anual nos países da OCDE no período de 2008 a 2016 foi de apenas 1,16%.4 Em outras

palavras, analisar o efeito da opacidade fiscal sobre a desigualdade de renda e suas

implicações para o crescimento econômico, em países membros da OCDE, resulta em um

bom laboratório experimental.

Esta tese tem como objetivo analisar como uma redução na desigualdade de renda

entre famílias heterogêneas (pobres, ricas e medianas), por meio da tributação direta

progressiva e da opacidade fiscal relacionada à subestimação do déficit orçamentário do

governo, podem afetar o crescimento econômico em países membros da OCDE. Para

tanto, esta tese encontra-se estruturada de forma a responder quatro perguntas essenciais:

i) a redução da desigualdade de renda entre famílias heterogêneas, por meio da tributação

direta progressiva, tem efeitos assimétricos sobre o crescimento econômico? ii) um

4
Esta informação está disponível nos dados das contas nacionais no Banco Mundial. Disponível em:
<https://data.worldbank.org/indicator/ny.gdp.mktp.kd.zg>. Acesso em: 15 de janeiro de 2018.

15
aumento do nível de opacidade fiscal relacionada à subestimação dos déficits

orçamentários governamentais é capaz de afetar o crescimento econômico? iii) qual é o

efeito decorrente de uma possível conexão entre o uso da tributação direta progressiva,

como medida de impulso para redução da desigualdade de renda entre famílias

heterogêneas, e a opacidade fiscal, relacionada à subestimação dos déficits orçamentários

do governo, sobre o crescimento econômico? iv) como o crescimento econômico

responde a um indicador que captura o efeito da opacidade fiscal (relacionada à

subestimação dos déficits orçamentário do governo), transmitida por meio de impostos

diretos progressivos em família heterogêneas, sobre a desigualdade de renda?

Em relação ao efeito da redução da desigualdade de renda sobre o crescimento

econômico, conforme apontado por Biswas, Chakraborty e Hai (2017), com base em uma

análise para os estados dos EUA, o uso de políticas tributárias que reduzem a

desigualdade de renda tem efeitos assimétricos no crescimento econômico. Em

específico, reduzir a desigualdade de renda por meio da tributação entre famílias de baixa

e famílias de renda mediana melhora o crescimento econômico, enquanto reduzir a

desigualdade de renda entre famílias de renda mediana e famílias de alta renda reduz o

crescimento econômico.

Com relação à opacidade fiscal, países menos transparentes em termos fiscais

tendem a experimentar taxas de crescimento econômico mais lentas (Kopits e Craig,

1998). Conforme apontado por Teig (2005), existem dois canais principais para o efeito

benéfico da transparência fiscal no crescimento econômico: (i) a transparência fiscal

aumenta o nível de investimento direto estrangeiro; e (ii) a transparência fiscal reduz o

nível de corrupção.

De forma geral, este estudo mostra evidências que apoiam a ideia de que a

opacidade fiscal diminui o crescimento econômico, que o uso de política tributárias que

16
reduzem a desigualdade de renda tem efeitos assimétricos no crescimento econômico e

que a opacidade fiscal amplia o efeito assimétrico da política tributária na desigualdade

de renda sobre o crescimento econômico. Portanto, estes resultados representam uma

adição importante à crescente literatura que investiga se as políticas tributárias que

reduzem a desigualdade de renda têm efeitos assimétricos no crescimento econômico e

se o esforço dos governos para reduzir a opacidade fiscal melhora o crescimento

econômico. Até onde sabemos, esta é a primeira análise que fornece evidências empíricas

sobre o efeito assimétrico da política tributária na desigualdade de renda, juntamente com

a opacidade fiscal, no crescimento econômico, para uma perspectiva internacional, por

meio de dados recentes que cobrem um grande período de quase quatro décadas.5

Esta tese usa informações de 13 países da OCDE no período de 1980 a 2016. A

construção dos indicadores que permite ver como a desigualdade de renda, por meio da

tributação, associada à opacidade fiscal, afeta o crescimento econômico, tem como base

diferentes bancos de dados que permitem extrair dados sobre a renda familiar, o imposto

sobre a renda familiar, razão ruído-sinal, decorrente dos déficits orçamentários

governamentais em diferentes horizontes de tempo, etc. Em relação ao cálculo da razão

ruído-sinal é necessário acessar o erro de previsão relacionado aos déficits orçamentários

do governo. Portanto, com este propósito, foram reunidas expectativas sobre os déficits

orçamentários do governo com base em informações disponíveis em dois bancos de dados

distintos: Economic Outlook (EO) da OCDE e World Economic Outlook (WEO) do

Fundo Monetário Internacional (FMI). Em relação aos microdados familiares, que

correspondem à renda e ao imposto sobre à renda, usam-se informações disponíveis na

base de dados do Luxembourg Income Study (LIS).

5
É importante notar que, embora a análise central sobre o efeito assimétrico da política tributária na
distribuição de renda seja atribuída a Biswas, Chakraborty e Hay (2017), sua análise é feita apenas para o
nível estadual dos EUA por um período antigo (1979 a 2008).

17
A estratégia empírica utilizada nesta tese está baseada em uma análise de dados

em painel robusta, direcionada para problemas de dependência de cross-section, que é

comum em dados em painel para longos períodos. Com este intuito, a análise empírica

está dividida em duas partes. A primeira parte subdivide-se em três subpartes. A primeira

subparte apresenta a metodologia utilizada para verificar o efeito sobre o crescimento

econômico decorrente da redução da desigualdade de renda, por meio da tributação direta

progressiva, e da medida de opacidade fiscal relacionada à subestimação dos déficits

públicos, para o período de 1980 a 2016. Como o período considerado é longo (trinta e

sete anos), é adotada a metodologia dos Mínimos Quadrados Generalizados Factíveis

(FGLS), que é adequada para longos períodos de tempo. Além disso, para evitar

problemas de endogeneidade, as regressões são reestimadas por meio da adoção do

Método dos Momentos Generalizados Sistêmico (Sys-GMM), que é uma metodologia

eficiente para controlar a endogeneidade. A segunda subparte permite comparar o mesmo

efeito da subparte anterior por meio de distintos bancos de dados. Portanto, além das

informações coletadas no Economic Outlook da OCDE, é utilizado o banco de dados do

World Economic Outlook do FMI. Entretanto, devido à indisponibilidade de dados do

FMI para todo o período de 1980 a 2016, a análise desta segunda subparte abrange o

período de 1998 a 2016. A terceira subparte, estende a análise anterior, pois inclui nos

modelos um termo interativo entre a medida de redução da desigualdade de renda

induzida pela tributação progressiva e a medida de opacidade fiscal.

A segunda parte subdivide-se também em três subpartes e tem o objetivo de

apresentar a metodologia adotada para verificar o efeito do indicador que captura o

impacto da opacidade fiscal na desigualdade de renda, por meio da tributação direta

progressiva, sobre o crescimento econômico. A primeira subparte consiste em apresentar

o efeito do indicador sobre o crescimento econômico com base nas informações coletadas

18
no Economic Outlook da OCDE, para uma amostra de 13 países no período de 1980 a

2016, a partir da adoção da metodologia FGLS. A segunda subparte permite comparar o

efeito do indicador sobre o crescimento econômico, a partir do banco de dados do

Economic Outlook da OCDE e do World Economic Outlook do FMI, durante o período

de 1998 a 2016. A terceira subparte revela a mudança de comportamento por parte dos

governos em resposta à crise financeira global (2008-2009), por meio de regressões

baseadas em subamostras de pré-crise (1998-2009) e pós-crise (2010-2016). Como nesta

subparte as subamostras são divididas em curtos períodos de tempo os modelos de

regressão de dados em painel podem estar sujeitos a problemas de endogeneidade.

Portanto, as regressões são reestimadas por meio da adoção do Método dos Momentos

Generalizados Sistêmico (Sys-GMM).

Os resultados indicam que a opacidade fiscal amplifica o efeito de uma redução

da desigualdade de renda no crescimento econômico. É importante salientar que o efeito

de uma redução na desigualdade de renda entre famílias ricas e de classe média (quartil

superior e mediana) e entre famílias de classe média e pobres (mediana e quartil inferior)

é assimétrico. Enquanto uma redução na desigualdade de renda entre famílias ricas e de

renda mediana está associada a uma queda no crescimento econômico, uma redução na

desigualdade de renda entre famílias de renda mediana e famílias pobres representa um

estímulo para o crescimento econômico. Em relação ao efeito proveniente da medida de

ignorância do público em relação ao déficit fiscal do orçamento no crescimento

econômico, as regressões de dados em painel, baseadas em diferentes bancos de dados,

horizontes temporais e vintages, mostram que a opacidade fiscal reduz o crescimento

econômico.

Além desta introdução, esta tese é constituída de mais sete capítulos. O próximo

capítulo apresenta uma visão geral da relação entre a opacidade fiscal, tributação direta

19
progressiva e desigualdade de renda. O capítulo 3 mostra a construção de importantes

medidas, que servem como base para a análise. A primeira refere-se à função do fator de

contração que mede o efeito da tributação direta progressiva sobre a desigualdade de

renda entre famílias heterogêneas. Em específico, esta função mede a redução da

desigualdade de renda entre famílias de renda mediana e famílias do quartil superior de

renda, bem como entre famílias de renda mediana e famílias pertencentes ao quartil

inferior de renda. A segunda refere-se à medida de opacidade fiscal, obtida por meio do

cálculo da razão ruído-sinal que representa uma medida da ignorância sobre os valores

finais do déficit orçamentário previsto. A terceira, refere-se à construção do indicador que

captura como a opacidade fiscal com o uso da tributação direta progressiva afeta a

desigualdade de renda. O capítulo 4 apresenta as especificações empíricas, estratégias de

estimativa e descrição dos dados. O capítulo 5 mostra as estimativas e os respectivos

resultados da análise a respeito dos efeitos sobre o crescimento econômico decorrentes

dos seguintes fatores: i) uma redução da desigualdade de renda entre famílias

heterogêneas, por meio da tributação direta progressiva; ii) opacidade fiscal relacionada

à subestimação dos déficits orçamentários do governo em diferentes horizontes

temporais; iii) um termo de interação entre a medida de redução da desigualdade de renda

entre famílias heterogêneas, por meio da tributação direta progressiva, e a medida de

opacidade fiscal. O capítulo 6 mostra a estimativa resultantes dos modelos, por meio de

diferentes bancos de dados e períodos de tempo, provenientes do indicador que captura

como a opacidade fiscal com o uso da tributação direta progressiva afeta a desigualdade

de renda, e, por conseguinte, o crescimento econômico. O capítulo 7 apresenta a

conclusão da tese. O capítulo 8 apresenta as referências.

20
2. Desigualdade de renda, tributação direta progressiva e opacidade fiscal: um

vínculo entre eles

2.1. Introdução

Nas últimas décadas, o aumento da desigualdade de renda tem sido um desafio

nos países desenvolvidos (Piketty, 2014; Atkinson, 2015; Colciago, Samarina e de Haan,

2019). De acordo com Dabla-Norris, et al. (2015) e Jaumotte e Buitron (2015), longos

períodos de aumento de desigualdade de renda podem promover instabilidade política,

pressões protecionistas e reduções no estoque de capital humano. Por este motivo, o

controle e a redução da desigualdade de renda estão dentro do escopo das agendas

políticas das economias desenvolvidas.

Conforme relatado pela OCDE (2009), após a crise financeira global, a maioria

dos países da OCDE usou pacotes fiscais destinados a aumentar a demanda agregada.

Uma das principais estratégias foi a redução da carga tributária sobre a renda do trabalho,

principalmente para os trabalhadores de baixa renda. Como a oferta de mão de obra é

mais sensível a mudanças de impostos em faixas de renda baixas do que em faixas de

renda alta, um imposto progressivo sobre a renda poderia diminuir os efeitos adversos

dos impostos sobre a oferta geral de trabalho. No entanto, não podemos desconsiderar os

efeitos adversos do imposto de renda progressivo sobre o PIB per capita. A

progressividade do imposto sobre a renda reduz os incentivos dos trabalhadores para

fornecer trabalho e investir em educação, além de aumentar o custo do trabalho das

empresas, reduzindo assim o emprego. Em resumo, existe a possibilidade de um trade-

21
off entre políticas tributárias que melhoram o crescimento do produto e objetivos

redistributivos.

Embora o argumento relacionado à desigualdade de renda e ao imposto de renda

direto progressivo seja bem conhecido, desde a recessão global e a crise financeira (2008-

2009), um novo fenômeno, que merece especial atenção por parte dos governantes, é a

transparência fiscal. Em países como Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha, há evidências

que comprovam que os gestores políticos ocultavam seus verdadeiros déficits

orçamentários.6 Tal comportamento implicou em altos custos sociais para alcançar um

ajuste fiscal. Como a principal fonte de receita do governo é a tributação, o esforço dos

governantes para aumentar a receita e, assim, eliminar a crise fiscal, pode afetar a

desigualdade de renda entre famílias ricas e pobres e, portanto, o crescimento econômico.7

O presente capítulo tem o objetivo de mostrar como a falta de transparência

(opacidade) em relação ao déficit orçamentário do governo, pode afetar a desigualdade

de renda entre famílias pobres e ricas. Para tanto, este capítulo está estruturado da seguinte

forma: além desta introdução, este capítulo tem mais quatro seções. As primeiras três

seções apresentam uma visão geral a respeito da desigualdade de renda, tributação direta

progressiva e opacidade fiscal, respectivamente. A última seção apresenta a base dos

fundamentos que criam um vínculo entre a tributação direta progressiva, opacidade fiscal

e desigualdade de renda.

6
Ver de Mendonça e de Deus (2015).
7
Por exemplo, em 24 de novembro de 2010, o primeiro-ministro irlandês anunciou um plano para aumentar
o imposto de renda para pessoas que ganham pelo menos 15.300 euros por ano (antes o limite era de
18.300). Além disso, a partir de 2011, o governo português iniciou um imposto de renda adicional de 1,5%.
Na Itália, o governo de Silvio Berlusconi anunciou que os rendimentos anuais acima de 90.000 euros seriam
adicionalmente tributados (Górniewicz, 2011).

22
2.2. Desigualdade de renda

A desigualdade de renda é um dos grandes problemas enfrentados no mundo atual.

É reconhecido que existe uma preocupação por parte dos governantes e do público em

geral a respeito do teor de justiça que há na forma de compartilhar o crescimento

econômico. Em geral, a desigualdade de renda aumenta quando aumenta a diferença de

renda das famílias ricas em relação à renda das famílias de classe média e as que estão

localizadas nas faixas inferiores de renda (OCDE, 2008). Contudo, apesar da instabilidade

política e social que a desigualdade de renda pode acarretar às economias, a igualdade

total de renda não é alcançável nem desejável. Algumas disparidades de renda refletem

apenas preferências diferenciadas, que de maneira geral criam incentivos para a execução

de requisitos básico capazes de fomentar o crescimento do produto, como o trabalho e a

poupança.

Embora a maior parte dos trabalhos empíricos tenham encontrado uma relação

negativa entre a desigualdade de renda e o crescimento econômico, existem estudos que

preveem a existência de uma relação positiva. É reconhecido que o crescimento

econômico é resultado da acumulação de capital físico e humano, que, por sua vez,

depende da capacidade de apropriação privada proveniente do esforço. A visão padrão de

que a desigualdade de renda prejudica o crescimento econômico tem como base o

conceito de que sociedades em que o conflito distributivo é relevante, conduzem à adoção

de políticas associadas a menos apropriação privada e, portanto, menos acumulação e

menor crescimento econômico (ver Alesina e Rodrik, 1994; Persson e Tabellini, 1994).8

Sem embargo, a desigualdade de renda pode estar associada de maneira positiva ao

crescimento econômico, já que pode aumentar a poupança agregada e, assim, a

8
Quanto aos modelos teóricos que encontraram um efeito negativo da desigualdade de renda no
crescimento econômico na presença de imperfeições do mercado financeiro, ver, por exemplo, Galor e
Zeira (1993).

23
acumulação de capital, pois os ricos têm menor propensão a consumir. Além disso, a

desigualdade de renda pode estimular o trabalho mais árduo, aumentar o investimento e

assumir riscos, a fim de aproveitar as altas taxas de retorno (Biswas, Chakraborty e Hay,

2017).9

A desigualdade de renda não é um fato que caracteriza apenas as economias em

desenvolvimento. Desde a década de 1980, a desigualdade de renda aumentou nos países

da OCDE (Colciago, Samarina e de Haan, 2019). Contudo, no período recente esta

trajetória ascendente foi interrompida de forma temporária apenas nos primeiros anos

após a grande recessão (Dabla-Norris, et al., 2015 e Jaumotte e Buitron, 2015).10 De

acordo com Dabla-Norris, et al. (2015) e Jaumotte e Buitron (2015), longos períodos de

aumento da desigualdade de renda podem promover instabilidade política, pressões

protecionistas e reduções no estoque de capital humano. Por esse motivo, o controle e a

redução da desigualdade de renda estão dentro do escopo das agendas políticas das

economias desenvolvidas.

9
Para uma análise sobre uma relação positiva entre desigualdade e crescimento econômico, ver Forbes
(2000).
10
Para um estudo mais profundo a respeito da mudança de trajetória da desigualdade de renda em países
desenvolvidos após a grande recessão de 2008, ver: OCDE (2008), OCDE (2011), OCDE (2013), OCDE
(2014a), OCDE (2014b) e OCDE (2015).

24
2.3. Tributação direta progressiva

Segundo o Fundo Monetário Internacional (2014) a política fiscal tem três

objetivos principais: i) estabilizar a macroeconomia; ii) prover bens públicos e corrigir

falhas de mercado; iii) redistribuir a renda.11 Em especial, a redistribuição de renda

ganhou proeminência nas agendas dos formuladores de políticas tributárias nas últimas

décadas. A redução da desigualdade de renda é um dos tópicos mais desafiadores da

literatura econômica. A política fiscal é uma ferramenta capaz de reduzir a desigualdade

de renda, por meio da adoção de uma política tributária direta progressiva. O caráter

progressivo do imposto direto garante que contribuintes com altas rendas paguem uma

fração maior da sua renda do que os contribuintes com rendas menores (Fellman, 1976;

Jakobsson, 1976; e, Kakwani, 1977). Como resultado, a determinação da alíquota

tributária sobre a renda antes do imposto leva em consideração o caráter heterogêneo das

famílias. Portanto, a tributação sobre a renda representa um mecanismo que é capaz de

reduzir a desigualdade de renda entre pobres e ricos.

É reconhecido que a tributação direta progressiva é uma ferramenta eficiente de

redistribuição de renda (Duncan e Peter, 2016). Entretanto, ainda não há um consenso

sobre os reais efeitos no crescimento econômico. Por um lado, a redução da desigualdade

de renda, impulsionada pela tributação direta progressiva, pode acarretar benefícios para

o crescimento econômico, devido ao aumento e/ou manutenção do consumo das famílias

pobres (Alesina e Rodrik, 1994; Persson e Tabellini, 1994; Bénabou, 1996; e, Perotti,

1996). Por outro lado, este mesmo efeito pode reduzir a capacidade de investimento das

famílias ricas e estimular a busca por medidas que possam reduzir a renda tributável, o

que provocaria uma queda no crescimento econômico (Kaldor, 1956; Mirrlees, 1971;

11
Ver Musgrave (1959).

25
Bourguignon, 1981; Lazear e Rosen, 1981; Rebelo; 1991; e, Forbes, 2000).12 Há

evidências que comprovam que a busca por mecanismos legais e ilegais que diminuem a

base de renda tributável é maior na parte superior da distribuição de renda. Em outras

palavras, as famílias ricas tendem a ser mais sensíveis a mudanças nas alíquotas

tributáveis diretas, devido à capacidade que possuem para acionar medidas que reduzam

sua base tributável (Slemrod, 1994 e Feldstein, 1995).

Após a crise financeira global (2008-2009) em muitos países da OCDE emergiu

um amplo consenso sobre a adoção de reformas tributárias progressivas que

possibilitariam o fortalecimento das receitas e a execução de estruturas tributárias mais

eficientes e justas, que em combinação serviriam como válvula de escape para o aumento

substancial da desigualdade de renda e o crescente desequilíbrio das contas públicas.

Segundo o monitor fiscal do Fundo Monetário Internacional de 2013 (FMI, 2013), após

a grande recessão, as alíquotas máximas legais de imposto de renda aumentaram. Este

fato reverteu a tendência pré-crise financeira global de redução da pressão tributária no

topo da distribuição de renda. Ademais, o relatório expõe a adoção de créditos tributários

trabalhistas com efeitos semelhantes a cortes no imposto sobre os ganhos mais baixos.

Estas medidas são inspiradas em uma visão keynesiana, apoiada na ideia de que os

trabalhadores de baixa renda têm mais probabilidade de gastar do que economizar ganhos

líquidos adicionais e, assim, impulsionar o crescimento econômico.

12
É reconhecido que altas alíquotas diretas podem promover a fuga de capitais e a busca por mecanismos
legais ou ilegais que possam reduzir a renda tributável. Para saber mais a respeito da definição e os
mecanismos de atuação ver: Kirchler, Maciejovsky e Schneider (2003) e Gorodnichenko, Martinez-
Vazquez e Peter (2009).

26
2.4. Opacidade fiscal

A transparência nas operações do governo é uma condição essencial para o

equilíbrio fiscal (Kopits e Craig, 1998). As publicações governamentais periódicas que

descrevem de forma transparente a posição orçamentária corrente e as projeções fiscais

futuras servem como uma ferramenta de avaliação para as decisões e ações dos agentes

econômicos. É reconhecido que a divulgação transparente de dados orçamentários

combinada com uma gestão fiscal sólida, estimula o crescimento econômico e aumenta a

confiança do público em geral (Kopits e Craig, 1998).

Embora a opacidade fiscal seja considerada um problema exclusivo de países

emergentes, a recente crise da dívida soberana expôs vulnerabilidades de governantes de

países desenvolvidos e levantou questões sobre a transparência fiscal em ditos países nos

anos anteriores à crise financeira global (2008-2009).13 Recentemente, o FMI atualizou o

código de transparência fiscal que tem por objetivo manter um padrão internacional para

a divulgação de informações sobre finanças públicas (FMI, 2019). Em particular, o

primeiro pilar da transparência fiscal considera que o desempenho e a posição financeira

dos governos devem reter informações confiáveis. Segundo Poterba e von Hagen (1999),

os governos que possuem orçamentos consolidados e acessíveis são considerados

transparentes. Alesina e Perotti (1996) destacam que os relatórios com pouca

transparência apresentam previsões otimistas sobre variáveis econômicas e, em especial,

sobre resultados orçamentários. Segundo Irwin (2012), em tempos de recessão, há um

aumento da possibilidade de ocorrência de práticas incorretas que substituam ajustes

fiscais por dispositivos contábeis que dariam a ilusão de melhorias no resultado fiscal.

13
Conforme assinalado pela Comissão Europeia (2010), um bom exemplo é a falta de transparência e
acurácia na divulgação dos dados a respeito do déficit do governo grego e das estatísticas da dívida
soberana. Disponível em:
<https://ec.europa.eu/eurostat/documents/4187653/6404656/COM_2010_report_greek/c8523cfa-d3c1-
4954-8ea1-64bb11e59b3a>. Acesso em: 12 de maio de 2018.

27
De acordo com Kopits e Craig (1998, p.1), a transparência fiscal é definida como

“abertura ao público sobre a estrutura e as funções governamentais, as intenções de

política fiscal, as contas do setor público e as projeções. Além disso, representa o acesso

imediato a informações confiáveis, abrangentes, oportunas, compreensíveis e

internacionalmente comparáveis sobre atividades governamentais”. A visão a respeito da

falta de transparência fiscal e, portanto, de opacidade fiscal usada neste estudo está

relacionada ao nível de ignorância do público em relação ao déficit orçamentário (Alt e

Lassen, 2006). Em geral, a gestão da política fiscal depende em grande medida das

previsões orçamentárias feitas pelos governos e pelos analistas privados. Portanto, erros

de previsão fiscal podem ser entendidos como medidas de transparência, importantes para

explicar a sustentabilidade da dívida pública, uma vez que a baixa qualidade das previsões

pode representar possíveis fontes de déficit fiscal.

Diferentes pesquisadores levantaram questões sobre os erros de previsão do

resultado orçamentário. Via de regra, a literatura está dívida em três grandes grupos. O

primeiro se refere aos estudos que debatem os melhores métodos e ferramentas de

previsão (Bretschneider et al., 1989; Baguestani e Mcnown, 1992; Willman et al., 2000;

Athanasopoulos, et al., 2011; Guillén, et al., 2015). O segundo diz respeito aos estudos

que discutem a hipótese de fraca racionalidade com base na precisão (não viés e

eficiência) dos dados (Nordhaus e Durlauf, 1984; Nordhaus, 1987; Feenberg, et al., 1989;

Holden e Peel, 1990; Campbell e Ghysels, 1995; Melliss e Whittaker, 1998; Öller e Barot,

2000; Pons, 2000). Por último, o terceiro grupo trata dos estudos que buscam verificar a

hipótese de forte racionalidade das previsões geradas com base nos fatores determinantes

dos erros de previsão (Plesko, 1988; Gentry, 1989; Auerbach, 1995; Jennes e Arabackyj,

1998; Auerbach, 1999; Strauch, Hallerberg e von Hagen, 2004; Brück e Stephan, 2006;

e, Pina e Venes, 2011).

28
Em adição à literatura citada anteriormente, a metodologia que adota a análise de

erro de previsão tem à disposição o uso de dados em tempo real (real time) e de dados

revisados (ex-post) (Beetsma et al., 2011 e Cimadomo, 2012). Tanto a metodologia que

adota os dados ex-post, quanto a que adota os dados real time, têm por objetivo oferecer

a melhor explicação para os erros de previsão fiscal. Por um lado, a análise ex-post é

constituída por dados revisados pelas instituições que os elaboram e têm pouco poder

para captar a conjuntura no momento em que os planos são elaborados. Por outro lado, a

análise real time é constituída por dados que estão disponíveis no momento em que as

decisões estão sendo tomadas pelos seus responsáveis. Há diversas motivações que

podem estimular erros de previsão do resultado orçamentário (ex-post ou real time). Entre

as principais destacam-se os incentivos relacionados a fins eleitorais e ao cumprimento

de regras fiscais rígidas (Bunch, 1991; von Hagen, 1991; Alt e Lassen, 2006; Kiewiet e

Szakaly; von Hagen e Wolff, 2006).

29
2.5. Desigualdade de renda, tributação direta progressiva e opacidade fiscal

Após crises de cunho fiscal, a busca por um ajuste que diminua o endividamento

governamental é inevitável. A questão crucial é como os formuladores de políticas

econômicas devem alcançar o reequilíbrio do resultado orçamentário. O dilema do ajuste

fiscal está em decidir entre cortar gastos ou aumentar impostos. Apesar de não existir um

consenso sobre qual seria a melhor maneira de reequilibrar as contas públicas, o sistema

tributário tem a dupla função de ser uma fonte arrecadatória de recursos governamentais,

assim como também um fator determinante na trajetória da desigualdade de renda. Sob

este aspecto, os governos cobram impostos diretos e progressivos que implicam um efeito

maior sobre a renda dos ricos em comparação com as famílias pobres (Fellman, 1976;

Jakobsson, 1976; e Kakwani, 1977). Dessa forma, a alíquota tributária sobre a renda pode

representar um mecanismo capaz de reduzir a desigualdade de renda entre famílias ricas

e pobres.

Portanto, a combinação perfeita de altos níveis de endividamento orçamentário e

crescentes taxas de desigualdade de renda, promove um cenário propício para que

informações opacas prestadas pelo governo, quanto ao déficit público, estimulem a

escolha da busca pelo ajuste fiscal por meio de aumentos tributários.14 No caso em que o

governo tem um déficit público maior do que o projetado e considerando-se que existe

um compromisso com o equilíbrio fiscal intertemporal (equivalência ricardiana), haverá

a necessidade de aumentar a receita tributária. Em outras palavras, uma opacidade fiscal

em relação ao tamanho real do déficit público implica a necessidade de aumentar a

tributação com possíveis efeitos sobre a desigualdade e de renda e, por consequência,

sobre o crescimento econômico.

14
De acordo com FMI (2018), economias desenvolvidas têm a maior razão dívida pública/PIB desde a
Segunda Guerra Mundial.

30
A adoção de uma política tributária progressiva, com fins arrecadatórios e

corretivos, reduz a desigualdade de renda entre famílias de renda alta e famílias de baixa

renda. Por um lado, é possível que haja uma queda na capacidade de investimento das

famílias de renda alta, causando um efeito negativo sobre o crescimento econômico

(Kaldor, 1956; Mirrlees, 1971; Bourguignon, 1981; Lazear e Rosen, 1981; Rebelo, 1991;

e, Forbes, 2000). Por outro lado, o efeito da tributação progressiva sobre a renda beneficia

as famílias de baixa renda, o que pode levar a benefícios para o crescimento econômico,

devido ao aumento e/ou manutenção do consumo dessas famílias (Alesina e Rodrik,

1994; Persson e Tabellini, 1994; Bénabou, 1996; e, Perotti, 1996).

Embora existam vários estudos que analisam a relação entre transparência do

banco central e desigualdade de renda (ver de Mendonça e Esteves, 2018; Colciago,

Samarina e de Haan, 2019), existe uma lacuna na literatura sobre a possível relação entre

opacidade fiscal e desigualdade de renda. Um possível vínculo entre a redução da

desigualdade de renda por meio da política tributária e da opacidade fiscal e seu efeito no

crescimento econômico pode ser entendido da seguinte maneira. Como ficou evidente,

com a crise financeira global (2008-2009), há uma tendência de os governos

subestimarem seus déficits orçamentários (ver Islam, 2016). Além disso, desde a crise,

tem havido uma preocupação de vários governos com o uso de pacotes de estímulo fiscal

por meio de reduções de impostos (Barro e Redlick, 2011). Em suma, a combinação

desses fatores pode ser desastrosa, pois aumenta a relação dívida pública / PIB e,

assumindo um ambiente ricardiano, é necessário um ajuste fiscal por meio, por exemplo,

de um aumento na tributação. Como resultado, há um efeito distributivo entre pobres e

ricos, porque a taxa de imposto é mais alta para os ricos do que para os pobres. Em

resumo, uma maior opacidade fiscal pode estar associada a um aumento da tributação, o

que, por sua vez, contribui para uma diminuição da desigualdade de renda entre ricos e

31
pobres, com implicações no crescimento econômico.

32
3. Mensuração da opacidade fiscal, fator de contração, e do efeito da opacidade

fiscal na desigualdade de renda, por meio da tributação

3.1. Introdução

Com o propósito de analisar como o efeito da opacidade fiscal na tributação direta

progressiva impacta a desigualdade de renda, além desta introdução, este capítulo está

dividido em mais duas seções. A próxima seção mostra a construção de duas medidas. A

primeira refere-se à função do fator de contração, que mede o efeito da tributação direta

progressiva sobre a desigualdade de renda entre famílias heterogêneas. Em específico,

esta função mede a desigualdade de renda entre famílias de renda mediana e famílias do

quartil superior de renda, bem como entre famílias de renda mediana e famílias do quartil

inferior de renda. De acordo com Biswas, Chakraborty e Hai (2017), o uso desta

metodologia é uma maneira adequada de considerar o efeito da tributação sobre a

desigualdade de renda entre famílias de renda alta e mediana, assim como entre famílias

de renda mediana e baixa. A segunda refere-se à medida de opacidade fiscal, que

representa uma medida de ignorância sobre os valores finais do déficit orçamentário

previsto. De acordo com Kholodilin e Siliverstovs (2009) e Glass e Fritsche (2015), uma

ferramenta útil para mensurar esse tipo de opacidade fiscal é a razão ruído-sinal. A última

seção mostra a construção do indicador que captura como a opacidade fiscal com o uso

da tributação direta progressiva afeta a desigualdade de renda. A construção deste

indicador supõe a presença da opacidade fiscal exige o uso de uma política fiscal austera

por meio do aumento da tributação direta progressiva. Assim, o aumento da opacidade

fiscal está associado a um aumento no efeito da tributação sobre a desigualdade de renda.

Em outras palavras, quando existe opacidade fiscal, o efeito da tributação sobre a

desigualdade de renda é aumentado.

33
3.2. Fator de contração e opacidade fiscal

Os dados sobre a distribuição de riqueza não estão disponíveis para um grande

número de países e a distribuição de renda deve ser usada como proxy. Portanto, a medida

de desigualdade de renda por meio de tributação progressiva mede a desigualdade de

renda entre os agregados familiares de renda média e quartil superior, bem como entre os

agregados familiares de renda mediana e quartil inferior. Conforme destacado por Perotti

(1996), esse tipo de medida tem a vantagem de captar a noção de “classe média”, cujo

tamanho é frequentemente associado ao conceito de igualdade. De acordo com Biswas,

Chakraborty e Hai (2017), o uso de uma função de fator de contração é uma maneira

adequada de considerar o efeito da tributação na mensuração da desigualdade de renda

entre famílias de renda alta e mediana, bem como famílias mediana e de baixa renda.15

Para avaliar as mudanças na desigualdade de renda induzidas pela política

tributária progressiva, assume-se uma estrutura em que Inci,t(qk) denota a renda média

antes dos impostos para as famílias no quarto quartil 𝑞 na distribuição de renda do país

i no ano t, e Taxi,t(qk) denota o imposto de renda médio para as famílias no quartil q na

distribuição de renda do país i no ano t. Além disso, como o objetivo é analisar a

desigualdade de renda entre famílias de renda mediana e famílias do quartil inferior de

renda (q1), assim como entre as famílias do quartil superior de renda (q3) e famílias de

renda mediana, usa-se a renda familiar mediana como referência (q2). Assim, o fator de

contração (IND) mede a redução induzida pela tributação na diferença de renda entre as

famílias de q1 e q2, e as famílias de q3 e q2. Portanto:

( ) ( ) ( ) ( )
(1) 𝐼𝑁𝐷(𝑞 ) , ≡ 1 − , , , ,
, ( ) , ( )

15
A função de contração é uma aplicação 𝑓 de um espaço métrico (𝑀, 𝑑) em 𝑓: 𝑀 → 𝑀, considerando a
existência de uma constante real   [0,1), tal que d(f(x), f(y)) d(f(x), f(y)), para todo 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑀. De maneira
simplificada, uma função de contração transforma quaisquer dois pontos 𝑥 e 𝑦 de 𝑀 em pontos mais
próximos do que originalmente estariam localizados.

34
𝑇𝑎𝑥 , (𝑞 ) − 𝑇𝑎𝑥 , (𝑞 )
= .
𝐼𝑛𝑐 , (𝑞 ) − 𝐼𝑛𝑐 , (𝑞 )

onde: k=1,3.16

Para construir o IND(qk), é necessário coletar informações sobre renda e imposto

direto progressivo provenientes de famílias heterogêneas da OCDE ao longo do tempo.

Portanto, as informações são coletadas do Luxembourg Income Study Database (LIS). O

LIS é o maior banco de microdados harmonizados, coletados em cerca de cinquenta

países entre 1980 e 2016. Os dados são acessíveis aos usuários que apresentam um pré-

projeto expondo suas reais intenções de usar esses dados para fins de pesquisa acadêmica

que contribuam para análises comparativas entre países sobre resultados

socioeconômicos. A licença é renovada a cada ano mediante apresentação de avanços

realizados no campo de execução do estudo. O acesso aos microdados está disponível por

meio de um sistema de execução remota conhecido como LISSY e via Web Tabulator.17

O acesso remoto permite a consulta de dados gravados em pacotes estatísticos SAS, SPSS

ou Stata. Como a presente análise está direcionada ao estudo do efeito da tributação direta

progressiva sobre a desigualdade de renda, são recolhidos microdados extraídos de 13

países da OCDE (Austrália, Canadá, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Itália, Holanda,

Noruega, Coréia do Sul, Suécia, Suíça, Reino Unido e os EUA).

A partir da disponibilidade de informações do bando de dados do LIS, são

reunidas as principais variáveis para calcular o IND. A primeira variável a ser extraída do

LIS é a proxy Inc, que é o total de renda do agregado familiar (código do LIS = hitotal).

Essa variável corresponde à soma de rendimentos monetários e não monetários do

16
No sistema de imposto progressivo, 𝑇𝑎𝑥 , (𝑞 ) − 𝑇𝑎𝑥 , (𝑞 ) e 𝐼𝑛𝑐 , (𝑞 ) − 𝐼𝑛𝑐 , (𝑞 ) têm o mesmo
sinal.
17
LISSY é um sistema de execução remoto que permite que os pesquisadores acessem de local remoto os
microdados do LIS, respeitando as restrições de privacidade exigidas pelos países que fornecem os dados.
Tabelas descritivas transnacionais baseadas nos conjuntos de dados subjacentes do LIS podem ser
projetadas e geradas com o Web Tabulator.

35
trabalho, rendimento do capital, rendimento de pensões (incluindo pensões públicas e

privadas) e benefícios sociais públicos não previdenciários decorrentes de planos de

seguro, universal ou de assistência (incluindo transferências de assistência social), bem

como transferências privadas monetárias e não monetárias. A segunda variável é a proxy

Tax, que representa o imposto de renda familiar (código do LIS = hxitax). Essa variável

é a despesa com imposto de renda, definida aqui como pagamentos compulsórios ao

governo com base na renda corrente auferida. Inclui o montante retido na fonte e o valor

pago diretamente no momento do ajuste do imposto.

É importante observar que a disponibilidade de microdados do LIS está em waves.

De 1980 a 2016, houve 10 waves.18 Em casos onde há falta de informação para um ano

específico, usa-se o método de extrapolação baseado em médias móveis para preencher

essa lacuna. Além disso, todas as informações coletadas do LIS são convertidas em dólar

USD internacional de 2011.19 20

Após obter as informações necessárias para calcular o fator de contração, é

possível mostrar os resultados na figura 1 que permitem comparar a diferença ao longo

do tempo entre a medida relacionada à redução induzida pela tributação direta progressiva

na diferença de renda entre as famílias q1 e q2 (IND(q1) ) e as famílias q3 e q2 (IND(q3)).

A tendência dos fatores de contração mostra que houve relativa estabilidade entre os anos

1980 e o início dos anos 1990 e que após esse período houve uma diminuição da redução

da desigualdade de renda, por meio do imposto de renda. A principal diferença entre o

18
Wave 1: ~1980 (1976 a 1982); Wave 2: ~1985 (1983 a 1987); Wave 3: ~1990 (1988 a 1992); Wave 4:
~1995 (1993 a 1997); Wave 5: ~2000 (1998 a 2002); Wave 6: ~2004 (2003 a 2005); Wave 7: ~2007 (2006
a 2008); Wave 8: ~2010 (2009 a 2011); Wave 9: ~2013 (2012 a 2014); Wave 10: ~2016 (2015 a 2016).
19
O fator de conversão para ajustar a moeda do país para o dólar internacional de 2011 está disponível em:
<http://www.lisdatacenter.org/data-access/web-tabulator/methods/ppp/>. Acesso em: 15 de novembro de
2017.
20
Um alto nível de desigualdade de renda medido por Gini se correlaciona com um baixo nível de IND e
essa correlação é mais forte com o IND(q1) do que com o IND(q3). A correlação é -0,40 e -0,49,
respectivamente (ver tabela A.1 – apêndice). Portanto, existe motivação para o uso de um indicador que
mede a desigualdade de renda entre os agregados familiares do quartil superior e mediano, bem como entre
os agregados familiares do quartil inferior e mediano.

36
IND(q1) e o IND(q3) é que, embora a tendência de queda da redução da desigualdade de

renda, por meio do imposto direto progressivo, seja persistente para o IND(q3), há uma

indicação de uma melhoria na distribuição de renda do IND(q1) a partir de meados dos

anos 2000.

Figura 1
Fatores de Contração – IND(q1) e IND(q3) – média
Fator de contração – IND(q1) Fator de contração – IND(q3)
.245 .28

.240 .27

.235
.26
.230
.25
.225
.24
.220

.23
.215

.210 .22

.205 .21
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016

1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
IND(q1) Trend (Hodrick-Prescott filter) IND(q3) Trend (Hodrick-Prescott filter)

A segunda medida a ser construída nesta seção refere-se à proxy para opacidade

fiscal. A transparência fiscal ganhou status de ferramenta essencial para os formuladores

de políticas fiscais apenas no período recente (FMI, 2019). Como esta tese abrange um

período longo, não é uma tarefa fácil encontrar dados de países disponíveis para cobrir

todo o período (1980 a 2016), portanto, é adotado um tipo de medida de opacidade fiscal.

Esta medida está relacionada à transparência econômica, ou seja, ao nível de informações

disponíveis ao público a partir de previsões de resultado orçamentário. Como o foco desta

tese está nos casos em que os governos podem ocultar informações ao público sobre os

reais déficits, a medida de opacidade fiscal é baseada no caso em que o público subestima

os déficits fiscais. Portanto, uma maneira útil de analisar a opacidade fiscal é por meio da

razão ruído-sinal (Kholodilin e Siliverstovs, 2009 e Glass Fritsche, 2015). Por um lado,

quanto mais próximas as previsões dos dados observados, ou seja, quanto menos

37
ignorantes os previsores, menor a opacidade e, portanto, mais próxima a razão ruído-sinal

é de zero. Por outro lado, quando há uma completa ignorância por parte dos previsores a

respeito dos valores finais do resultado orçamentário, a razão ruído-sinal assume valores

iguais e/ou maiores que um.

Segundo Kopits e Craig (1998), a transparência nas operações do governo é

considerada uma condição prévia importante para o equilíbrio fiscal. Ademais, o código

de transparência fiscal, elaborado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), realça, em

um dos quatro pilares que sustentam o código de transparência fiscal, a importância de as

previsões fiscais e orçamentárias apresentarem de forma clara as intenções políticas do

governo, com projeções abrangentes, oportunas e credíveis da evolução das finanças

públicas (FMI, 2019). Via de regra, entende-se que um maior nível de transparência fiscal

leva a menores déficits orçamentários e, portanto, cria um cenário mais adequado para a

realização de uma política de disciplina fiscal.

Para calcular a razão ruído-sinal de cada país ao longo do tempo como uma

medida variável de opacidade fiscal, são adotados, como referência, os modelos de

resposta fiscal, nos quais os tomadores de decisões fiscais têm preferências bem-

comportadas e visam maximizar suas utilidades (Binh e McGillivray, 1993; e Feeny e

Mcgillivray, 2010). Em específico, o objetivo do formulador de políticas é maximizar sua

utilidade por meio do equilíbrio das contas públicas. Então, a utilidade (U) será maior,

quanto mais próximo o executado estiver dos valores planejados. Destarte:

 
(2) 𝑈 =−∑ 𝐸 − 𝐸∗ −∑ (𝑅 − 𝑅 ∗ ) ,

onde: U representa a utilidade do tomador de decisão fiscal; Ej são as despesas públicas

agregadas atuais; Rn são agregados reais de receita; 𝐸 ∗ e 𝑅 ∗ correspondem às metas;  é

uma constante; e  e  são parâmetros. Os termos entre parênteses capturam o desvio das

despesas e das receitas em relação ao planejado. Portanto, à medida que há um aumento

38
nesses desvios, há uma redução da utilidade do tomador de decisão fiscal.

Segundo Lledó e Poplawski-Ribeiro (2013), é possível fazer uma analogia entre

o modelo de resposta fiscal e o problema de erro de previsão fiscal. De acordo com essa

visão, a perda da função de bem-estar está atrelada à desutilidade das autoridades fiscais,

em virtude dos desvios entre o planejado e o executado. Em outras palavras, o bem-estar

relacionado às decisões fiscais será maior quanto menor for o erro de previsão fiscal.

Dessa maneira, a função quadrática a seguir pode capturar essa ideia:

(3) 𝑈 =  − (𝐵 − 𝐵 ∗ ) =  − |𝐵 − 𝐵 ∗ |,

onde:  é o nível máximo de utilidade irrestrita do tomador de decisão fiscal que é

alcançado somente quando o orçamento realizado é exatamente igual ao planejado; 𝐵 é

o resultado orçamentário atual (ou realizado) para o período t; e, 𝐵 ∗ é o correspondente

resultado orçamentário planejado (objetivo) para o mesmo período.

Em suma, o erro de previsão fiscal reduz a utilidade do formulador de políticas.

Além disso, como apontado pela OCDE (2002, p. 11): “desvios de previsão das principais

premissas econômicas subjacentes ao orçamento são o principal risco fiscal do governo”.

Em geral, a medição do erro de previsão fiscal (et) corresponde à diferença entre o

resultado orçamentário para o ano “t” (Bt) e o resultado orçamentário previsto (BtF), ou

seja:

(4) 𝑒 =𝐵 −𝐵 .

Conforme apontado por de Mendonça e de Deus (2015), existem duas

metodologias principais para calcular os erros de previsão fiscal: dados revisados (ex-

post) e dados em tempo real (real time). Em geral, o uso de dados revisados (ex-post) é

frequente, pois permite considerar a diferença entre as projeções feitas por organizações

internacionais e os resultados fiscais reais. No entanto, dados em tempo real permitem

considerar as informações disponíveis para o formulador de políticas ao planejar e

39
implementar a política. É importante notar que o uso de dados revisados (ex-post) inclui

informações disponíveis após a tomada de decisões e, portanto, pode ter um viés quando

se analisa o efeito das projeções na política econômica. Portanto, esta tese considera dois

vintages: a primeira previsão (V1) e os dados revisados (V2).

Deste modo, a medida de opacidade fiscal (OPAC) adotada nesta análise é dada

pela razão ruído-sinal, que corresponde à divisão entre o erro quadrático médio calculado

em cada vintage (MSEV) e a variância do resultado orçamentário observado (𝜎 ):


𝑂𝑃𝐴𝐶 , , =
, ,
(5) = ,

onde: i=1…I representa cada cross-section (países); t=1…T é a unidade de tempo; V=1,2

são os vintages, e h=horizonte: ano corrente e um ano à frente.

Com o intuito de facilitar a interpretação dos resultados de OPACV,h, assume-se

que para todo OPACV,h >1, o índice será igual a 1. Portanto, a interpretação do índice

OPACV,h torna-se simples: 0 (ausência de opacidade)  OPACV,h  1 (opacidade total).

O cálculo de OPACV,h é realizado partir de duas bases: Economic Outlook da

OCDE e World Economic Outlook do FMI. Embora parte da literatura recente que analisa

a opacidade fiscal faça uso de medidas disponíveis nos Relatório do Fundo Monetário

Internacional sobre Observância de Normas e Códigos (Reports on the Observance of

Standards and Codes – ROSC), Ajustes de Fluxo de Estoque (Stock-flow adjustments –

SFA) da Comissão Europeia e o Índice de Orçamento Aberto (Open Budget Index – OBI)

publicado pelo International Budget Partnership, o fato de construir uma medida de

opacidade fiscal a partir de dados da OCDE tem algumas vantagens.21

A primeira vantagem está relacionada à abrangência da base de dados que se

estende de 1980 a 2016. A segunda vantagem é que o uso dos dados da OCDE garante a

21
Para uma análise crítica sobre o uso de informações do ROSC, SFA, e OBI, consulte Peat, Svec, e Wang
(2015).

40
comparabilidade entre países, uma vez que os padrões contábeis são homogeneizados. A

terceira trata de uma vantagem comparativa em relação ao uso de dados divulgados pelas

autoridades oficias de cada país, já que existe a possibilidade de que os dados possam ser

influenciados por interesses políticos que induzam uma visão mais otimista (Strauch,

Hallerberg e von Hagen, 2004; Annett, 2006; e Jonung e Larch, 2006). É importante notar

que, como apontado por Artis e Marcellino (2001), as previsões da OCDE são

consideradas imparciais, uma vez que as correções são aplicadas a valores considerados

irrealistas. A última vantagem está relacionada à questão temporal, uma vez que as

primeiras previsões da OCDE publicadas em dezembro refletem todo o conjunto de

medidas contidas nos projetos de leis orçamentárias nacionais aprovadas no final do ano

por cada país-membro. Os dados do Economic Outlook da OCDE são divulgados duas

vezes por ano, a primeira vez entre maio e junho (vintage 1) e a segunda vez entre

novembro e dezembro (vintage 2). Em relação aos horizontes temporais, as projeções do

resultado orçamentário do governo são feitas para o ano corrente e para um ano à frente.

Destaca-se que de forma geral, as informações fornecidas pelo World Economic

Outlook do FMI têm as mesmas vantagens apresentadas nos relatórios do Economic

Outlook da OCDE. A principal diferença entre as duas perspectivas econômicas é que a

informação a respeito das projeções do resultado orçamentário do governo divulgada pelo

World Economic Outlook do FMI está disponível somente a partir de 1998. Além disso,

há diferenças nos calendários de publicação, pois o relatório do World Economic Outlook

do FMI é divulgado duas vezes ao ano: a primeira vez em abril ou maio (vintage 1) e a

segunda vez em setembro ou outubro (vintage 2).

Com base nas informações coletadas no Economic Outlook da OCDE e a partir do

período amostral completo (1980 a 2016), a figura 2 mostra o desempenho médio do

índice de opacidade (OPAC) ao longo do tempo. Em geral, observa-se que, independente

41
do horizonte (corrente e um ano à frente) ou vintage (1 e 2), a tendência do OPACV,h

sugere que há um aumento da opacidade durante os anos 1980, com relativa estabilidade

entre os anos 1990 e a primeira década dos anos 2000. Percebe-se que, no final da primeira

década dos anos 2000, há uma tendência de queda. Esta última observação permite

conjeturar que as medidas adotadas para aumentar a transparência fiscal após a crise

financeira global foram eficazes.

Figura 2
Opacidade Fiscal – 𝑂𝑃𝐴𝐶 – média
OPAC (V=1, h=ano corrente) OPAC (V=1, h=um ano à frente)
.5 .9

.8
.4 .7

.6
.3
.5

.4
.2
.3

.2
.1
.1

.0 .0
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016

OPAC (V=1, H=cy) Trend (Hodrick-Prescott filter) OPAC (V=1, H=ncy) Trend (Hodrick-Prescott filter)

OPAC (V=2, h=current year) OPAC (V=2, h=next calendar year)


.28 .7

.24 .6

.20 .5

.16 .4

.12 .3

.08 .2

.04 .1

.00 .0
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016

1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016

OPAC (V=2, H=cy) Trend (Hodrick-Prescott filter) OPAC (V=2, H=ncy) Trend (Hodrick-Prescott filter)

42
3.3. Efeito da opacidade fiscal na desigualdade de renda, por meio da tributação

A ideia de como a falta de transparência (opacidade) em relação ao déficit

orçamentário do governo, pode afetar a desigualdade de renda entre famílias pobres e

ricas, é simples. Após a crise financeira global (2008-2009) ficou evidente que há uma

tendência de os governos subestimarem seus déficits orçamentário (Islam, 2016). A

consequência direta para dito comportamento governamental em um ambiente ricardiano

é desastrosa porque aumenta a relação dívida pública / PIB. Como resultado, é necessário

um ajuste fiscal, por exemplo, por meio de um aumento na tributação. No caso da adoção

de uma política de aumento nos impostos diretos progressivos, com fins arrecadatórios e

corretivos, haverá um efeito redistributivo entre as famílias pobres e ricas, já que a taxa

de impostos é mais alta para ricos do que para os pobres. Em resumo, um maior nível de

opacidade fiscal pode estar associado a um aumento na tributação, o que, por sua vez,

contribui para a redução da desigualdade de renda entre ricos e pobres, com implicações

sobre o crescimento econômico.

Ao analisar como o efeito da opacidade fiscal na tributação direta progressiva,

impacta a desigualdade de renda, é possível observar que na presença de famílias

heterogêneas há um efeito ambíguo sobre o crescimento econômico. Por um lado, sob o

contexto da tributação direta progressiva, a opacidade fiscal pode reduzir a desigualdade

de renda entre famílias ricas e de classe média e, portanto, pode causar uma queda no

investimento, o que implica em uma redução no crescimento econômico. Por outro lado,

sob o mesmo contexto, a opacidade fiscal pode reduzir a desigualdade de renda entre

famílias pobres e de classe média, em decorrência de um aumento na tributação direta

progressiva, o que pode causar um estímulo para o crescimento econômico, devido a um

aumento do consumo das famílias.

Esta tese representa uma contribuição para a análise do efeito da opacidade fiscal

43
sobre a desigualdade de renda e seu impacto no crescimento econômico. Assim, é

desenvolvido um indicador que captura o efeito da opacidade fiscal relacionada à

subestimação dos déficits orçamentários do governo com o uso da tributação direta

progressiva por meio do imposto de renda de famílias heterogêneas (ricos, pobres e

medianas). Em específico, este indicador mede a desigualdade de renda entre as famílias

pertences ao quartil superior de renda e as famílias de renda mediana, bem como a

desigualdade de renda entre famílias pertences ao quartil inferior de renda e as famílias

de renda mediana.

A partir das equações (1) e (5) é possível construir o indicador que considera o

efeito da opacidade fiscal associada à tributação direta progressiva sobre a desigualdade

de renda. Nesta estrutura, supõe-se que a presença da opacidade fiscal exige o uso de uma

política fiscal austera por meio do aumento da tributação direta progressiva. Assim, o

aumento da opacidade fiscal está associado a um aumento no efeito da tributação sobre a

desigualdade de renda. Em outras palavras, quando existe opacidade fiscal, o efeito da

tributação sobre a desigualdade de renda é aumentado. Um importante ponto é que em

casos de opacidade fiscal nula não há diferença em relação ao observado na equação (1).

Por fim, ao combinar IND(qk) (equação 1) e OPACV,h (equação 5) o resultado é um

indicador (INDOPAC) que mede como a opacidade fiscal com a tributação direta

progressiva afeta a diferença de renda entre as famílias pertencentes aos quartis de renda

q1 e q2, assim como entre as famílias q3 e q2, isto é:

, ,
, ( ) , ( ) , ( ) , ( )
(6) 𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞 ) , , ≡ 1 − ,
( ) ( )
,
, ,

𝑇𝑎𝑥 , (𝑞 ) − 𝑇𝑎𝑥 , (𝑞 )  1 + 𝑂𝑃𝐴𝐶 , ,


= ,
𝐼𝑛𝑐 , (𝑞 ) − 𝐼𝑛𝑐 , (𝑞 )

onde: i=1…I representa cada cross-section (países); t=1…T é a unidade de tempo; k=1 e

44
3 (quartis de renda), V=1 e 2 (vintages).22

Como o indicador INDOPAC(qk) é uma combinação dos indicadores IND(qk)

(equação (1)) e OPACV,h (equação (5)), são utilizados os mesmos bancos de dados que

contêm as informações necessárias para a construção da equação (1) e (5). Portanto, com

base no Economic Outlook da OCDE e World Economic Outlook do FMI, são recolhidas

informações a respeito dos déficits orçamentários do governo para calcular os erros de

previsão fiscal referentes a OPACV,h. Além disso, a partir do Luxembourg Income Study

Database (LIS), são recolhidos microdados familiares de renda e imposto de renda, que

em conjunto representam a essência do IND(qk).

Uma vez que foram obtidos os dados necessários para calcular o INDOPAC(qk),

é possível mostrar os resultados da figura 3, a qual permite comparar a diferença entre

INDOPAC(qk) (indicador que inclui opacidade fiscal) e IND(qk) (indicador sem

opacidade fiscal). Além disso, é realizada uma análise abrangente por meio da média dos

resultados referentes aos 13 países da OCDE na amostra são considerados dois horizontes

temporais diferentes (ano corrente e um ano à frente), bem como dois vintages.23

Os gráficos da figura 3 mostram que independente do quartil, horizonte e vintage

a trajetória do INDOPAC(qk) está acima de IND(qk) na maioria das vezes. Portanto, é

possível supor que a opacidade fiscal combinada com a tributação direta progressiva

contribui para a redução da desigualdade de renda entre famílias pertencentes ao quartil

inferior de renda e famílias de renda mediana, assim como entre famílias pertencentes ao

quartil superior de renda e famílias de renda mediana.

22
Quando OPACV,h =0, então 𝑇𝑎𝑥 , (𝑞 ) 1 + 𝑂𝑃𝐴𝐶 , , = 𝑇𝑎𝑥 , (𝑞 ). Portanto, nessa situação, não há
diferença entre IND(qk) (equação 1) e INDOPAC(qk) (equação 6).
23
A tabela A.1 – apêndice – mostra a correlação entre o nível do coeficiente de Gini e os índices
INDOPAC(q3) e INDOPAC(q1). Um alto nível de desigualdade de renda mensurado a partir do coeficiente
de GINI está correlacionado com um baixo índice de INDOPAC(qk) e esta correlação é mais forte em
INDOPAC(q3) do que em INDOPAC(q1). Portanto, existe uma motivação para o uso de um indicador que
mede a desigualdade de renda entre as famílias do quartil superior de renda e famílias de renda mediana,
bem como entre as famílias do quartil inferior de renda e famílias de renda mediana.

45
Figura 3
Fatores de contração: INDOPAC e IND (1980 a 2016)
Quartil superior de renda (q3) Quartil inferior de renda (q1)
Horizon: current year - Vintage: 1 Horizon: current year - Vintage: 1
.44 .44

.40 .40

.36 .36

.32 .32

.28 .28

.24 .24

.20 .20
1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015

IND(q3) INDOPAC(q3) IND(q1) INDOPAC(q1)


Horizon: current year - Vintage: 2 Horizon: current year - Vintage: 2
.44 .44

.40 .40

.36 .36

.32 .32

.28 .28

.24 .24

.20 .20
1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015

IND(q3) INDOPAC(q3) IND(q1) INDOPAC(q1)


Horizon: next calendar year - Vintage: 1 Horizon: next calendar year - Vintage: 1
.44 .44

.40 .40

.36 .36

.32 .32

.28 .28

.24 .24

.20 .20
1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015

IND(q3) INDOPAC(q3) IND(q1) INDOPAC(q1)


Horizon: next calendar year - Vintage: 2 Horizon: next calendar year - Vintage: 2
.44 .44

.40 .40

.36 .36

.32 .32

.28 .28

.24 .24

.20 .20
1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015

IND(q3) INDOPAC(q3) IND(q1) INDOPAC(q1)


Nota: As barras são as médias de INDOPAC e IND provenientes da amostra de 13 países (OCDE) em cada ano.
46
4. Dados e Metodologia

4.1 Introdução

Esta tese tem como objetivo analisar como uma redução na desigualdade de renda

entre famílias heterogêneas (pobres, ricas e medianas), por meio da tributação direta

progressiva e da opacidade fiscal relacionada à subestimação do déficit orçamentário do

governo, afeta o crescimento econômico em países membros da OCDE. Para tanto, são

utilizados diferentes bancos de dados que permitem extrair informações de 13 países da

OCDE, no período de 1980 a 2016. O conjunto de dados em painel inclui informações

sobre o crescimento do produto, indicadores que medem a redução da desigualdade de

renda, tributação, gastos do governo, população, investimento, renda familiar, imposto de

renda familiar, dados sobre razão ruído-sinal, decorrente da subestimação dos déficits

orçamentários governamentais em diferentes horizontes de tempo, e outras variáveis de

controle. A estratégia empírica adotada nesta tese está baseada em uma análise de dados

em painel robusta, direcionada para problemas de dependência de cross-section, que é

comum em dados em painel para longos períodos. Com este intuito, este capítulo está

dividido em mais três seções, além desta introdução.

A segunda seção está dividida em três partes. A primeira parte apresenta a

metodologia utilizada para verificar o efeito sobre o crescimento econômico decorrente

da redução da desigualdade de renda, por meio da tributação direta progressiva (IND(qk)),

e da medida de opacidade fiscal relacionada à subestimação dos déficits públicos

(OPACV,h), para o período de 1980 a 2016. Como o período considerado é longo (trinta e

sete anos), é adotada a metodologia dos Mínimos Quadrados Generalizados Factíveis

(FGLS), que é adequada para longos períodos de tempo. Além disso, para evitar

problemas de endogeneidade, as regressões são reestimadas por meio da adoção do

Método dos Momentos Generalizados Sistêmico (Sys-GMM), que é uma metodologia

47
eficiente para controlar a endogeneidade. A segunda parte permite comparar o mesmo

efeito da parte anterior por meio de distintos bancos de dados. Portanto, além das

informações coletadas no Economic Outlook da OCDE, é utilizado o banco de dados do

World Economic Outlook do FMI. Entretanto, devido à indisponibilidade de dados do

FMI para todo o período de 1980 a 2016, a análise desta segunda parte abrange o período

de 1998 a 2016. A terceira parte, estende a análise anterior, pois inclui nos modelos um

termo interativo entre a medida de redução da desigualdade de renda induzida pela

tributação progressiva e a medida de opacidade fiscal.

A terceira seção também está dividida em três partes e tem o objetivo de apresentar

a metodologia adotada para verificar o efeito do indicador que captura o impacto da

opacidade fiscal na desigualdade de renda, por meio da tributação direta progressiva

(INDOPAC(qk)), sobre o crescimento econômico. A primeira parte consiste em apresentar

o efeito do indicador sobre o crescimento econômico com base nas informações coletadas

no Economic Outlook da OCDE, para uma amostra de 13 países no período de 1980 a

2016, a partir da adoção da metodologia de Mínimos Quadrados Generalizados Factíveis

(FGLS). A segunda parte permite comparar o efeito do indicador sobre o crescimento

econômico, a partir do banco de dados do Economic Outlook da OCDE e do World

Economic Outlook do FMI, durante o período de 1998 a 2016. A terceira parte revela, a

mudança de comportamento por parte dos governos em resposta à crise financeira global

(2008-2009), por meio de regressões baseadas em subamostras de pré-crise (1998-2009)

e pós-crise (2010-2016). Como nesta parte as subamostras são divididas em curtos

períodos de tempo os modelos de regressão de dados em painel podem estar sujeitos a

problemas de endogeneidade. Portanto, as regressões são reestimadas por meio da adoção

do Método dos Momentos Generalizados Sistêmico (Sys-GMM).

Por último, a quarta seção tem o objetivo de apresentar os diferentes bancos de

48
dados utilizados para criar o conjunto de dados em painel, que incluem informações sobre

crescimento do produto, indicadores que medem a redução da desigualdade de renda,

tributação, gastos do governo, renda familiar, imposto de renda familiar, população,

investimento, razão ruído-sinal e outras variáveis de controle.

49
4.2 Impacto do fator de contração e da opacidade fiscal sobre o crescimento

econômico

Com o intuito de verificar o efeito sobre o crescimento econômico (GROWTH)

decorrente do impacto do imposto direto progressivo na desigualdade de renda entre

famílias heterogêneas (IND(qk)), a partir de dados anuais de 13 países da OCDE, é

adotada a seguinte especificação com base no modelo de dados em painel de Biswas,

Chakraborty e Hai (2017):

(7) 𝐺𝑅𝑂𝑊𝑇𝐻 , = 𝜂 + 𝛾 𝐼𝑁𝐷 𝑞𝑘


,
+ 𝛾 𝑋, +𝜀, ,

onde i=1,2, …, 13 são os países da OCDE; t=1, 2, ..., 37 são os períodos de tempo

(frequência anual) de 1980 a 2016; GROWTH é a variação logarítmica do PIB per capita

(preços constantes); q é o quartil de renda (k=1,3); IND(qk) representa os indicadores

calculados com base na equação (1); X é um vetor de variáveis de controle ao longo do

tempo (por exemplo: taxa marginal de imposto de renda, nível de desigualdade de renda,

gasto do governo, educação etc.); ηi representa um vetor de fatores específicos do país;

e, εi,t é o termo de erro estocástico.

O coeficiente γ0 na equação (7) mede o efeito no crescimento do produto per

capita devido a uma redução da desigualdade de renda por meio do imposto direto

progressivo sobre famílias heterogêneas (quartis de renda qk e renda familiar mediana).

O sinal desse coeficiente é relevante porque é possível que haja um efeito assimétrico no

crescimento econômico quando são consideradas as rendas familiares pertencentes aos

quartis superior e inferior. Devido ao efeito redistributivo da tributação direta progressiva,

espera-se um γ0>0 para o caso de uma redução da desigualdade de renda entre famílias

de renda mediana e famílias do quartil inferior de renda, enquanto espera-se um γ0<0 para

o caso de uma redução da desigualdade de renda entre famílias de renda mediana e

famílias do quartil superior de renda.

50
Com o objetivo de analisar o efeito da opacidade fiscal no crescimento econômico,

adiciona-se à especificação anterior a medida de opacidade fiscal (OPACV,h), relacionada

à subestimação dos déficits governamentais, como uma variável de interesse no modelo.

Portanto, surge uma nova especificação, que corresponde a:

𝑉,ℎ
(8) 𝐺𝑅𝑂𝑊𝑇𝐻 , =  + 𝛼 𝐼𝑁𝐷 𝑞𝑘 + 𝛼 𝑂𝑃𝐴𝐶𝑖,𝑡 + 𝛼 𝑋 , +  , ,
,

onde i representa um vetor de fatores específicos do país; V=1 e 2 (vintages); e

h=horizontes: ano corrente e um ano à frente; e i,t é o termo de erro estocástico.

Na equação (8), o coeficiente α1 mede o efeito no crescimento econômico devido

ao aumento da ignorância do público em relação ao tamanho do déficit orçamentário

(opacidade fiscal). Assume-se que a falta de transparência fiscal pode prejudicar o

crescimento econômico e, portanto, esperamos α1<0 para o caso de um aumento na

OPACV,h.

Como já foi dito, existe um possível vínculo entre a tributação direta progressiva

na desigualdade de renda e a opacidade fiscal. Assim, amplia-se o modelo anterior, por

meio da inclusão de termos interativos entre IND(qk) e OPACV,h, ou seja,

IND(qk)×OPACV,h. Então a equação (8) é reescrita como:

𝑉,ℎ
(9) 𝐺𝑅𝑂𝑊𝑇𝐻 , =  +  𝐼𝑁𝐷 𝑞𝑘 +  𝑂𝑃𝐴𝐶𝑖,𝑡
,

+ (𝐼𝑁𝐷(𝑞 )𝑂𝑃𝐴𝐶 ,
), + 𝑋, +, ,

onde i representa um vetor de fatores específicos do país; e i,t

é o termo de erro estocástico.

Os termos de interação na equação acima permitem observar se um aumento na

opacidade fiscal seria capaz de ampliar o efeito assimétrico da política tributária na

desigualdade de renda sobre o crescimento econômico. Em outras palavras, é avaliado se:

β0IND(q1)+β2(IND(q1)×OPACV,h) > β0 e β0IND(q3)+β2(IND(q3)×OPACV,h) < β0.

51
Conforme apontado por de Guimarães e Souza, de Mendonça e Andrade (2016),

a maioria dos pesquisadores analisa questões macroeconômicas dos países por meio do

uso da análise micro de dados em painel, a qual assume independência de cross-section

(por exemplo, Arellano e Bond, 1991; e Blundell e Bond 1998). Trata-se, portanto, de um

ponto fraco desse tipo de análise, porque a interdependência entre os países tem

aumentado devido ao processo de globalização. Além disso, a crise financeira global é

um exemplo claro da interconexão entre os países.

O uso de dados anuais de 13 países da OCDE durante o período de 1980 a 2016,

resulta em um número de períodos (t=37) substancialmente maior que o número de cross-

sections (i=13), portanto, aumenta a possibilidade de dependência de cross-sections entre

os países da amostra. Além disso, no caso de “i pequeno” e “t grande” o modelo de efeitos

fixos possui estimador inconsistente e enviesado (ver Wooldridge, 2002; de Hoyos e

Sarafidis, 2006; Reed e Ye, 2011; Sarafidis e Wansbeek, 2012). Portanto, é realizado o

teste de dependência de cross-section (CD) de Pesaran (2004, 2006).24 Os resultados das

tabelas A.2.1 e A.2.2 (apêndice) mostram que o teste de CD rejeita a suposição de que

existe independência de cross-section entre os países. Ainda, dados em painel

macroeconômicos com t grandes estão sujeitos a problemas de correlação serial

(Wooldridge, 2002). Para superar esses problemas e, assim, ter erros padrão robustos, os

modelos são estimados a partir da metodologia de Mínimos Quadrados Generalizados

Factíveis (FGLS) com pesos de países. Por último, para gerar erros padrão robustos

quando existe heterocedasticidade, correlação serial e dependência de cross-section, as

matrizes de covariância são ajustadas seguindo Arellano (1987) e White (1980).

Para resolver problemas relacionados à heteroscedasticidade e, assim, obter erros

padrão robustos, a metodologia FGLS é superior à metodologia de Mínimos Quadrados

24
Para uma análise sobre testes de independência de cross-secitons na análise de dados em painel, consulte
Moscone e Tosetti (2009) e Bakas, Panagiotidis e Pelloni (2013).

52
Ordinários (OLS). Quando os termos de erro são correlacionados e/ou quando o termo de

erro é correlacionado entre observações, então não é possível cumprir com os quesitos

que classificam o estimador por OLS como melhor estimador não-viesado (BLUE).

Assim, um estimador que é apontado pela literatura como BLUE é aquele obtido pelo

método de Mínimos Quadrados Generalizados (GLS). Contudo, na maioria dos casos, a

forma exata da heteroscedasticidade não é óbvia. Em outras palavras, a partir da

𝑣𝑎𝑟(𝑢|𝑥) = 𝜎 ℎ(𝑥), onde x representa o vetor de variáveis explicativas, é difícil

encontrar o termo h(x) que representa a função das variáveis explicativas que determina

a heteroscedasticidade. No entanto, é possível modelar a função h e utilizar os dados para

estimar os parâmetros desconhecidos do método de GLS. O resultado é uma estimativa

de cada hi, indicada por ℎ . O uso de ℎ em lugar de hi na transformação GLS produz um

estimador denominado estimador Mínimo Quadrado Generalizado Factível (FGLS)

(Wooldridge, 2002).

A estratégia empírica desta seção está dividida três partes principais. A primeira

parte fornece evidências empíricas de diferentes regressões de FGLS que cobrem o

período de 1980 a 2016. O primeiro modelo (ver equação 7), baseado em Biswas,

Chakraborty e Hai (2017), mostra o efeito das medidas do fator de contração (IND(qk))

no crescimento econômico. A partir das informações coletadas no Economic Outlook da

OCDE, o segundo modelo inclui o indicador OPACV,h (ver equação 8). Portanto, os

resultados das estimativas são apresentados em horizontes temporais (ano corrente e um

ano à frente) e em dois vintages. Como existe a possibilidade do risco de viés de

endogeneidade associado às medidas IND(qk) os modelos são reestimamos por meio da

adoção do Método dos Momentos Generalizados Sistêmico, que é uma metodologia

eficiente para controlar a endogeneidade (Sys-GMM - ver Bond, Hoeffler e Temple,

2001).

53
O problema de endogeneidade é comum em econometria e pode ser descrito como

a presença de correlação entre os estimadores e os termos de erro. Esta situação viola o

pressuposto de modelos tradicionais, que admitem apenas variáveis exógenas, o que

resulta, portanto, em parâmetros inconsistentes. Segundo Wooldridge (2002), o problema

de endogeneidade ocorre, de um modo geral, devido à omissão de variáveis relevantes,

simultaneidade e erros de medição. Nesse sentido, quando ocorre a omissão de uma

variável relevante no modelo, ela acaba sendo incorporada ao erro. Caso esta variável

omitida seja correlacionada com outros regressores (o que não é raro), então haverá

correlação entre dita variável explicativa e o termo de erro. Com relação aos erros de

medição, estes ocorrem quando o valor observado de uma variável possui uma diferença

de seu valor real. Se há apenas uma variável com erro de medição e não há a variável sem

erro que deveria estar no modelo, então surge a correlação entre a variável com erro de

medição e o termo de erro. Isto acontece, pois, o termo de erro incorpora parte daquilo

que não foi mensurado de forma correta. Quanto ao problema de simultaneidade, sua

causa está no fato de a variável explanatória ser determinada de forma simultânea à

variável dependente. Nos modelos analisados, há a possibilidade de ocorrência das três

hipóteses. O motivo, é que há uma impossibilidade de conhecer e medir todas as variáveis

que afetam o crescimento econômico. Além disso, a medida relacionada à desigualdade

de renda pode ser influenciada pelo crescimento econômico, o que, por sua vez, valida a

hipótese de simultaneidade.

É importante ressaltar que para gerar estimativas consistentes mesmo no caso de

endogeneidade nas variáveis explicativas, é preferível utilizar o método Sys-GMM em

detrimento do método proposto por Arellano e Bond (1991), que resolve estes problemas

por meio do uso da estimação em primeira diferença do Método dos Momentos

Generalizados – GMM dinâmico – (Bond, Hoeffler e Temple, 2001). O modelo GMM

54
dinâmico, para dados em painel, faz uso de variáveis em primeira diferença (∆𝑦 , =

𝑦, −𝑦, ). Assim, o método GMM dinâmico propõe o uso da primeira diferença para

remover os efeitos não observáveis e, assim, utiliza as variáveis em nível das séries, com

defasagens de dois ou mais períodos, como instrumentos das variáveis explicativas das

equações em primeiras diferenças. Em resumo, a heterogeneidade não observada é

extirpada com a transformação em primeira diferença da variável dependente. Contudo,

conforme apontado por Blundell e Bond (1998), o estimador do GMM dinâmico

apresenta viés para amostras finitas com séries temporais persistentes. Desta maneira,

Bond, Hoeffler e Temple (2001) relatam que, sob tais condições, as defasagens das

variáveis em nível tornam-se instrumentos fracos para eliminar a heterogeneidade não

observada. Em contrapartida, Blundell e Bond (1998) verificam que o viés não ocorre

quando é adotado o modelo GMM sistêmico (Sys-GMM). O motivo principal é que Sys-

GMM estima um sistema de equações, em primeiras diferenças e níveis. Desta maneira,

os instrumentos usados nas equações em níveis são as primeiras diferenças defasadas das

séries, enquanto que os instrumentos usados nas equações em primeiras diferenças são os

níveis defasados das séries (Bond, Hoeffler e Temple, 2001).

Como forma de evitar um número excessivo de instrumentos nas regressões Sys-

GMM que possam sobrepor-se às variáveis instrumentadas e influenciar os resultados, o

número de instrumentos / número de cross-section é menor que 1 (Roodman, 2009; e de

Mendonça e Barcelos, 2015). Além disso, para verificar a validade dos instrumentos e a

presença de correlação serial nos modelos, são realizados testes de restrições de

superidentificação (teste J) e testes de correlação serial de primeira ordem (AR1) e de

segunda ordem (AR2). Em resumo, nesta parte, são fornecidas evidências de duas

metodologias diferentes para eliminar qualquer dúvida sobre os resultados relacionados

ao efeito de uma redução da desigualdade de renda por meio do imposto de renda e da

55
opacidade fiscal no crescimento econômico.

A segunda parte fornece evidências adicionais a respeito do efeito dos indicadores

IND(qk) e OPACV,h sobre o crescimento econômico. A partir de informações coletadas no

Economic Outlook da OCDE e no World Economic Outlook do FMI para a construção do

indicador OPACV,h, os modelos de FGLS estimados na primeira parte são reavaliados. No

entanto, devido à indisponibilidade de dados do FMI para todo o período (1980 a 2016),

nesta parte o período de análise é de 1998 a 2016.

Por fim, a terceira parte apresenta a inclusão de termos interativos entre o fator de

contração e a medida de opacidade fiscal (ver a equação 9) nos modelos de FGLS

estimados na segunda parte. É importante destacar que, ao final das duas primeiras partes,

é introduzida uma análise sobre o efeito no crescimento econômico causado por um

choque de 1% em relação à média das variáveis de interesse nos modelos.

56
4.3 Impacto da opacidade fiscal na desigualdade de renda, por meio da

tributação, sobre o crescimento econômico

Com o intuito de verificar o efeito da opacidade fiscal por meio do imposto direto

progressivo sobre a desigualdade de renda, a partir de famílias heterogêneas

(INDOPAC(qk)) no crescimento econômico (GROWTH), e com base em dados anuais de

13 países da OCDE, é adotada a seguinte especificação como modelo de referência:

𝑉,ℎ
(10) 𝐺𝑅𝑂𝑊𝑇𝐻 , = 𝜏 + 𝜑 𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶 𝑞𝑘
𝑖,𝑡
+ 𝜑 𝑀, +𝜍, ,

onde i=1,2, …, 13 são os países da OCDE; t=1, 2, ..., 37 são os períodos de tempo

(frequência anual) de 1980 a 2016; GROWTH é a variação do log no PIB per capita

(preços constantes); INDOPAC(qk) representa os indicadores calculados com base na

equação (6); M é um vetor de variáveis de controle que variam no tempo (por exemplo:

população, investimento, eficácia do governo, gastos do governo, educação, etc.); 𝜏i

representa um vetor de fatores específicos do país; e, 𝜍i,t é o termo de erro estocástico.

Na equação (10) o coeficiente 𝜑0 mede o efeito no crescimento do PIB devido à

redução da desigualdade de renda (entre o quartil de renda qk e a família de renda

mediana), decorrente do impacto da opacidade fiscal na tributação direta progressiva.

Como o principal objetivo desta seção é analisar se o crescimento econômico responde a

uma redução na desigualdade de renda associada a um aumento da opacidade fiscal

transmitida por meio de impostos diretos progressivos em famílias heterogêneas, o sinal

desse coeficiente é relevante. Devido ao efeito redistributivo da tributação direta

progressiva, espera-se 𝜑0>0 para o caso de uma redução da desigualdade de renda entre

famílias de renda mediana e famílias do quartil inferior de renda. Em contrapartida,

espera-se 𝜑0<0 para o caso de uma redução da desigualdade de renda entre famílias do

quartil superior de renda e as famílias de renda mediana.

A fim de verificar se o efeito da redução da desigualdade de renda por meio da

57
opacidade fiscal e da tributação direta progressiva tem significância estatística sobre o

crescimento do produto, são fornecidas várias estimativas da equação (10) por meio de

indicadores derivados de INDOPAC(qk). Assim como na primeira seção, são usados

dados anuais de 13 países da OCDE no período de 1980 a 2016. Portanto, como o número

de períodos (t=37) é substancialmente maior que o número de cross-sections (i=13),

aumenta a possibilidade de dependência de cross-section entre os países da amostra.

Neste caso o modelo de efeitos fixos tem problemas de um estimador inconsistente e

tendencioso (Wooldridge, 2002; de Hoyos e Sarafidis, 2006; Reed e Ye, 2011; Sarafidis

e Wansbeek, 2012). Para testar a dependência de cross-section nas séries de cada

estimativa, é usado o teste de dependência de cross-section (CD) de Pesaran (2004, 2006).

Os resultados das tabelas A.2.1 e A.2.2 (apêndice) mostram que o teste de dependência

de cross-section (CD) de Pesaran rejeita a suposição de que há independência de cross-

section entre os países. Como visto na seção anterior, uma base macroeconômica de dados

em painel com um t grande está sujeito a problemas de correlação serial (Wooldridge,

2002). A fim de superar esses problemas e, assim, ter erros padrão robustos, os modelos

são estimados por meio do método de Mínimos Quadrados Generalizados Factíveis

(FGLS) com pesos dos países. Além disso, para gerar erros padrão robustos quando existe

heteroscedasticidade, correlação serial e dependência de cross-section, as matrizes de

covariância são ajustadas seguindo Arellano (1987) e White (1980).

A estratégia empírica desta seção também está dividida em três partes principais.

A primeira parte fornece evidências empíricas de regressões FGLS que cobrem o período

de 1980 a 2016 e consideram o indicador INDOPAC(qk) baseado em informações

coletadas do Economic Outlook da OCDE, usadas para calcular a opacidade fiscal

(OPACV,h). Portanto, há resultados para estimativas em dois horizontes (ano corrente e

um ano à frente) e em dois vintages. Com o intuito de dar maior robustez à análise,

58
também é incluído, a modo de comparação, o efeito no crescimento econômico quando a

opacidade fiscal não é considerada na função do fator de contração (IND(qk)). Finalmente,

é introduzido uma análise sobre o efeito no crescimento econômico causado por um

choque de 1% em relação à média de INDOPAC(q1) e INDOPAC(q3).

A segunda parte apresenta evidências adicionais a respeito do efeito dos

indicadores INDOPAC(qk) sobre o crescimento econômico. A partir de informações

coletadas no Economic Outlook da OCDE e no World Economic Outlook do FMI para a

construção do indicador OPACV,h. os modelos de FGLS estimados na primeira parte desta

seção são reavaliados. Como a informação disponível do FMI começa apenas em 1998,

o período da amostra na estimativa é de 1998 a 2016. A evidência de duas bases de dados

distintas é importante porque permite verificar a relevância da opacidade fiscal nesta

estrutura analítica.

É inquestionável que a crise financeira global (2008-2009) teve um efeito direto

sobre o crescimento econômico. Além disso, é reconhecido que após 2008-2009 medidas

foram adotadas nos países da OCDE para mitigar os problemas causados pela opacidade

fiscal. Portanto, para observar se a crise financeira global implica em resultados diferentes

daqueles observados nos modelos anteriores, a terceira parte reestima os modelos, com

base em dois períodos de subamostras: pré-crise (1998-2009) e pós-crise (2010-2016).

Dessa maneira, como o número de países (i=13) das subamostra é maior que o número

de períodos de tempo (t=12 na subamostra 1998-2009 e t=7 na subamostra 2010-2016),

ou seja, i>t, o uso do método FGLS não é uma boa escolha, pois existe a probabilidade

da existência de problemas de simultaneidade entre as medidas de desigualdade de renda

e crescimento econômico. Assim, os modelos são reestimados por meio da adoção de um

método que pode lidar com este problema, isto é, o Método do Momentos Generalizados

Sistêmico (Sys-GMM - ver Bond, Hoeffler e Temple, 2001). Ademais, a fim de tratar o

59
viés sobre os erros-padrão decorrente de pequenas amostras são realizadas estimações

para estimadores do método de momentos generalizados em dois estágios, por meio da

correção de Windmeijer (2005). Também, para evitar um número excessivo de

instrumentos nas regressões que podem sobrecarregar as variáveis instrumentadas e

enviesar os resultados, o número de instrumentos/número de cross-section é menor que 1

(Roodman, 2009; e de Mendonça e Barcelos, 2015). Finalmente, para verificar a validade

dos instrumentos e a presença de correlação serial nos modelos, são realizados testes de

restrições de sobreidentificação (teste-J) e correlação serial de segunda ordem (AR2)25.

25
Em modelos Sys-GMM, o teste de correlação de segunda ordem é mais importante, pois é esperada a
correlação serial de primeira ordem devido à presença do termo defasado da variável dependente,
(Habimana, 2016).

60
4.4 Dados

O conjunto de dados em painel é construído a partir de mais de um banco de dados.

Os dados incluem informações sobre o crescimento do produto, indicadores que medem

a redução da desigualdade de renda, tributação, gastos do governo, desigualdade de renda,

população, investimento e outras variáveis de controle. A variável dependente é o

crescimento do produto (GROWTH), que em termos exatos é representada pela variação

do PIB per capita (constante em US$ 2010), extraído do World Bank Data. A construção

das variáveis independentes de interesse, IND(qk), OPACV,h e INDOPAC(qk), é realizada

a partir de informações disponíveis na base de dados do Luxembourg Income Study

Database (LIS), Economic Outlook da OECD e World Economic Outlook do FMI. As

variáveis de controle utilizadas nas equações (7) a (10) são extraídas dos bancos de dados

a seguir:

(i) Luxembourg Income Study Database para: Taxa de imposto de renda marginal (MTAX)

e nível de desigualdade de renda (Inc(q3)/Inc(q2) e Inc(q2)/Inc(q1));

(ii) World Bank Data para: Despesa de consumo final do governo geral (GCE) e formação

bruta de capital (INV);

(iii) Institute for Statistics da UNESCO para: dados de educação (EDU);

(iv) World Economic Outlook do FMI para: dados de população (POP); e

(v) Worldwide Governance Indicators para: Eficácia governamental (GEF).

As estatísticas descritivas de todas as variáveis e amostras usadas nos modelos

estão descritas nas tabelas A.3.1, A.3.2 e A.3.3 do apêndice.26 Além da construção das

variáveis IND(qk), OPACV,h, INDOPAC(qk) e GROWTH, são acrescentadas variáveis de

controle aos modelos, que segundo Biswas, Chakraborty e Hai (2017) são identificadas

26
Realizou-se o teste de raiz unitária Qui-Quadrado ADF-Fisher (ver tabelas A.2.1 e A.2.2 - apêndice) e os
resultados não indicam que as séries possuem raiz unitária.

61
como relevantes na explicação do crescimento econômico:

MTAX – taxa marginal de imposto de renda. Com base no método de Koester e Kormendi

(1989), a taxa marginal de imposto de renda é estimada por meio de uma regressão do

imposto de renda familiar (código do LIS = hxitax) sobre a renda total familiar (código

do LIS = hitotal) em cada ano da amostra. Portanto, o coeficiente de inclinação é uma

aproximação linear das receitas de imposto de renda associadas a um incremento da renda

da família em cada país. De acordo com o modelo de Barro (1990), por um lado, impostos

mais altos fornecem mais recursos para o investimento público, o que, por sua vez,

aumenta o crescimento econômico. Por outro lado, impostos mais elevados provocam

distorção na acumulação de capital privado e, assim, diminuem o crescimento econômico;

GCE – Despesa de consumo final do governo geral (% do PIB) – inclui todas as despesas

correntes do governo para compras de bens e serviços. Inclui também a maioria dos gastos

em defesa e segurança nacional, mas exclui gastos com militares do governo que fazem

parte da formação de capital do governo. Segundo Christie (2014), grandes governos são

uma característica de países desenvolvidos e existem evidências de que, neste caso, um

aumento nos gastos do governo tem efeitos negativos sobre o crescimento econômico;

Inc(q3)/Inc(q2) e Inc(q2)/Inc(q1) – nível de desigualdade de renda entre famílias

pertencentes ao quartil superior de renda e famílias de renda mediana, isto é,

Inc(q3)/Inc(q2); assim como o nível de desigualdade de renda entre famílias pertencentes

ao quartil inferior de renda e famílias de renda mediana, ou seja, (Inc(q2)/Inc(q1).

Incluem-se diferentes medidas nos modelos porque as mudanças na desigualdade de

renda são relevantes para analisar o efeito no crescimento econômico (ver Forbes, 2000);

EDUC – educação - Proporção bruta de matrículas, ensino secundário, de ambos os sexos

(%). A educação aumenta a produtividade por meio do progresso tecnológico e do capital

humano, promovendo assim o crescimento econômico (Krueger e Lindahl, 2001);

62
POP – população (milhões de pessoas) - a população é um importante fator de produção

e pode contribuir para aumentar o crescimento da produção per capita (Peterson, 2017);

INV – Formação bruta de capital (% do PIB) - consiste em gastos com adições aos ativos

fixos da economia mais variações líquidas no nível de estoques. O investimento destaca-

se como uma das principais variáveis explicativas do crescimento econômico (Sala-i-

Martin, 1997);

GEF – eficácia governamental. A eficácia governamental está associada às percepções

da qualidade dos serviços públicos; à qualidade do serviço civil e ao grau de

independência das pressões políticas; à qualidade da formulação e implementação de

políticas; e à credibilidade do compromisso do governo com tais políticas. Em outras

palavras, é razoável supor que o desempenho do governo tem consequências diretas no

crescimento econômico.

63
5. Resultados empíricos: fator de contração e opacidade sobre o crescimento

econômico

5.1 Introdução

Esta tese tem como objetivo analisar como uma redução da desigualdade de renda

entre famílias heterogêneas (pobres, ricas e medianas), por meio da tributação direta

progressiva e da opacidade fiscal relacionada à subestimação do déficit orçamentário do

governo, afeta o crescimento econômico em 13 países membros da OCDE. Para tanto,

este capítulo tem o objetivo de apresentar os resultados da análise referente ao efeito sobre

o crescimento econômico decorrente da redução da desigualdade de renda, por meio da

tributação direta progressiva (IND(qk)); da medida de opacidade fiscal relacionada à

subestimação dos déficits públicos (OPACV,h); e do termo interativo entre a medida de

redução da desigualdade de renda induzida pela tributação direta progressiva e a medida

de opacidade fiscal (IND(qk)×OPACV,h).

Este capítulo está dividido em três seções, além desta introdução. A segunda seção

apresenta uma análise das estimativas de FGLS e Sys-GMM que são resultantes de uma

amostra do período de 1980 a 2016, e têm por intuito analisar o efeito sobre o crescimento

econômico decorrente de uma redução da desigualdade de renda (entre o quartil de renda

qk e a família de renda mediana), por meio da tributação direta progressiva (IND(qk)) e de

uma medida de opacidade fiscal, relacionada à subestimação dos déficits governamentais

(OPACV,h). A terceira seção, apresenta os resultados de regressões FGLS, descritas na

seção anterior, mas decorrem do indicador de opacidade fiscal que foi construído a partir

de duas bases de dados diferentes (FMI e OCDE) para o período de 1998 a 2016. A quarta

seção, apresenta os resultados que consideram a inclusão de termos interativos entre o

fator de contração e a medida de opacidade fiscal (ver a equação 9) nos modelos de FGLS

estimados na segunda parte. Ademais, ao final da seções dois e três, são apresentados os

64
resultados da análise referente ao efeito no crescimento econômico médio causado por

um choque de 1% em relação à média dos coeficientes significativos das variáveis

IND(qk) e OPACV,h.

65
5.2. Evidências empíricas sobre o crescimento econômico: 1980 a 2016

A Tabela 1 mostra os resultados das regressões FGLS e Sys-GMM com base nas

equações (7) e (8), no período de 1980 a 2016 em 13 países da OCDE. O modelo 1

(primeira coluna da regressão FGLS e Sys-GMM) é a especificação sem opacidade fiscal

(consulte a equação (7)). Essa especificação tem como objetivo principal de verificar se

existe um efeito assimétrico no crescimento econômico quando são consideradas políticas

tributárias que reduzem a desigualdade de renda entre as famílias de renda mediana e as

famílias pertencentes ao quartil inferior de renda (IND(q1)), bem como entre as famílias

de renda mediana e as famílias pertencentes ao quartil superior de renda (IND(q3)).

Portanto, as variáveis de interesse nesse modelo são IND(q1) e IND(q3). Para as

regressões FGLS e Sys-GMM, os coeficientes em IND(q1) e IND(q3) são positivos e

negativos, respectivamente, com significância estatística. Este resultado confirma a

suposição de Biswas, Chakraborty e Hay (2017) de que o efeito de uma redução da

desigualdade de renda, por meio de uma política tributária progressiva, sobre o

crescimento econômico é assimétrico. Em outras palavras, enquanto uma redução da

desigualdade de renda entre famílias de renda mais baixa e famílias de renda mediana,

por meio de políticas tributárias progressivas, pode ser benéfica para o crescimento

econômico, uma redução da desigualdade de renda entre famílias pertencentes ao quartil

superior de renda e famílias de renda mediana, por meio do imposto direto progressivo,

prejudica o crescimento econômico.

A partir da equação (8), os modelos 2, 3, 4 e 5, consideram o efeito de uma redução

da desigualdade de renda, por meio do imposto direto progressivo, com base no Economic

Outlook da OCDE, assim como o efeito das medidas de opacidade fiscal (OPACV,h) em

diferentes horizontes temporais (ano corrente e um ano à frente) e vintages (1 e 2), sobre

o crescimento econômico. Os resultados da tabela 1 indicam a presença do efeito

66
assimétrico no crescimento econômico associado à redução da desigualdade de renda, por

meio da tributação direta progressiva. Em outras palavras, os coeficientes de IND(q1) são

positivos enquanto os coeficientes IND(q3) são negativos. Em relação à outra variável de

interesse (OPACV,h), os resultados indicam que, independentemente do vintage e do

horizonte usado para construir a variável, os coeficientes são negativos e existe

significância estatística em quase todos os modelos. Esse resultado está em consonância

com a ideia de que a opacidade fiscal em relação ao déficit orçamentário do governo tem

efeitos negativos no crescimento econômico.

67
Tabela 1
Efeito dos fatores de contração e da opacidade fiscal no crescimento econômico (PIB per capita) – FGLS e Sys-GMM (1980-2016)
FGLS Sys-GMM
h: ano corrente h: um ano à frente h: ano corrente h: um ano à frente
V=1 V=2 V=1 V=2 V=1 V=2 V=1 V=2
Regressores: Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5
IND(q1)i,t 0.052** 0.042* 0.052** 0.025 0.022 0.400 0.298 0.131 0.334 0.154
(0.026) (0.023) (0.025) (0.022) (0.023) (0.257) (0.229) (0.128) (0.231) (0.170)
IND(q3)i,t -0.056** -0.048** -0.055** -0051** -0.039 -0.683* -0.544* -0.303* -0.735* -0.575**
(0.023) (0.234) (0.022) (0.021) (0.026) (0.413) (0.314) (0.175) (0.389) (0.282)
𝑂𝑃𝐴𝐶 , , -0.016*** -0.002 -0.024*** -0.024*** -0.040** -0.077*** -0.067** -0.083**
(0.003) (0.003) (0.002) (0.003) (0.016) (0.019) (0.028) (0.038)
MTAXi,t 0.053** 0.051* 0.0523** 0.053** 0.050 -0.088 -0.033 0.010 0.123** 0.117***
(0.026) (0.026) (0.025) (0.024) (0.025) (0.165) (0.094) (0.096) (0.054) (0.043)
GCEi,t -0.007*** -0.007*** -0.007*** -0.005*** -0.006*** -0.008 -0.003 -0.005 -0.008 -0.009
(0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.008) (0.003) (0.005) (0.006) (0.043)
Inc(q2)/Inc(q1)i,t 0.015 0.022** 0.016 0.026*** 0.025*** 0.206 0.027 0.281* 0.436* 0.154
(0.011) (0.009) (0.010) (0.006) (0.007) (0.228) (0.123) (0.148) (0.243) (0.170)
Inc(q3)/Inc(q2)i,t -0.021 -0.031** -0.022 -0.021 -0.032** -0.731 -0.448 -0.436** -0.302 -0.575**
(0.015) (0.014) (0.015) (0.014) (0.013) (0.462) (0.279) (0.169) (0.252) (0.282)
GDPi,t-1 a -0.030*** -0.028*** -0.030*** -0.026*** -0.024*** 0.030 0.316 -0.017 -0.423 -0.634
(0.004) (0.005) (0.004) (0.004) (0.004) (0.247) (0.222) (0.201) (0.261) (0.531)
EDUCi,t 0.0003*** 0.0002*** 0.0003*** 0.0002*** 0.0002** 0.001 -0.0002 0.0006 -0.001 -0.001
(0.0001) (0.0001) (0.0001) (0.00001) (0.00001) (0.002) (0.001) (0.0004) (0.002) (0.002)
N. Obs. 468 468 468 468 468 416 429 416 403 403
Adj. R² 0.355 0.389 0.354 0.477 0.448
N. inst./N. cross sec. 0.77 0.92 0.92 0.85 0.85
J-stat. (p-value) 0.37 (0.830) 4.41 (0.220) 0.25 (0.885) 1.08 (0.582) 0.57 (0.751)
AR(1) (p-value) -0.39 (0.000) -0.44 (0.044) -0.41 (0.000) -0.33 (0.000) -0.27 (0.000)
AR(2) (p-value) -0.08 (0.102) -0.07 (0.185) -0.05 (0.376) -0.001 (0.99) -0.06 (0.285)
Nota: Níveis de significância marginal: (***) denota 0,01, (**) denota 0,05, e (*) denota 0,1. Matriz de covariância consistente com heterocedasticidade de White foi aplicada nas regressões.
Os erros padrão estão entre parênteses. FGLS - Mínimos Quadrados Generalizados Factíveis com pesos dos países e correção de erros-padrão para heterocedasticidade (metodologia
de White). A constante é incluída nos modelos, mas não é relatada por conveniência. Sys-GMM – Arellano e Bover (1995) de dois estágios sem efeitos de tempo. Teste AR(1) e AR(2)
do S-GMM verifica a primeira e segunda ordem nos resíduos da regressão de primeira-diferença. a – ao invés de usar GDPi,t-1 nos modelos Sys-GMM, utilizou-se a variável dependente
defasada em um período de tempo (GROWTHi,t-1). A amostra compreende um painel de 13 países, no período de 1980 a 2016.
68
Em relação às variáveis de controle dos modelos, em geral, os resultados estão em

consonância com o que é esperado de uma visão teórica. Existem coeficientes negativos

para: (i) GCE – esse resultado está de acordo com a ideia de que quando países com

grandes governos aumentam suas despesas, isso implica danos ao crescimento

econômico; e (ii) Inc(q3)/Inc(q2) – o efeito negativo dessa variável no modelo pode ser

entendido com base na interpretação padrão da visão keynesiana, ou seja, um aumento na

desigualdade de renda diminui a propensão média a consumir, o que, por sua vez, pode

desencorajar o crescimento econômico. A maioria dos coeficientes positivos está

relacionada a: (i) MTAX - sugere que o uso de impostos pelos governos crie condições,

por exemplo, por meio de uma melhoria na infraestrutura pública, para promover o

crescimento; (ii) Inc(q2)/Inc(q1) – uma possível explicação para esse resultado é que a

desigualdade de renda a favor da classe média aumenta o consumo; e (iii) EDUC - como

amplamente documentado na literatura, existe um efeito positivo no crescimento

econômico devido ao aumento da educação causado por uma melhoria nos fatores de

produção.

Para observar como a redução da desigualdade de renda, por meio do imposto de

renda progressivo, e o aumento da opacidade fiscal, relacionada aos déficits

orçamentários, afetam o crescimento econômico, é considerado o efeito de um choque de

1% do valor em relação à média de IND(qk) e OPACV,h sobre GROWTH. É adotado como

referência o método FGLS porque apresenta estimativas robustas para as características

dos dados. A tabela 2 resume os resultados. A partir da média dos efeitos sobre IND(q3),

em que os coeficientes são estatisticamente significantes nos diferentes horizontes e

vintages, observa-se que uma redução de 1% na desigualdade de renda, por meio do

imposto direto progressivo, produz uma redução média de 0,58 p.p. (horizonte do ano

corrente) e 0,61 p.p. (horizonte de um ano à frente), sobre a média do crescimento

69
econômico. A análise de IND(q1), em que os coeficientes são estatisticamente

significativos (horizonte do ano corrente), observa-se que uma redução de 1% na

desigualdade de renda, por meio da tributação direta progressiva, produz um aumento

médio no crescimento econômico de 0,65 p.p. Um aumento de 1% OPACV,h tem um efeito

maior no crescimento econômico quando é considerado o horizonte mais longo. Portanto,

a partir dos coeficientes significativos, um aumento de 1% da OPACV,h, produz uma

redução média de 0,10 p.p. (horizonte do ano corrente) e 0,23 p.p. (horizonte de um ano

à frente), sobre a média do crescimento econômico.

Tabela 2
Choque de 1% de IND(qk) e OPACV,h sobre GROWTH (p.p.) – 1980-2016
h: ano corrente h: um ano à frente
V=1 V=2 V=1 V=2
Variáveis: Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5
IND(q1)i,t 0.594* 0.699* 0.406 0.388
IND(q3)i,t -0.555* -0.598* -0.631* -0.593*
𝑂𝑃𝐴𝐶 , , -0.103* -0.010 -0.240* -0.221*
Nota: Efeitos calculados a partir dos valores médios das variáveis e da média
de GROWTH, utilizando-se os coeficientes obtidos na estimação FGLS.
(*) indica as variáveis com significância estatística considerada (ver
tabela 1).

70
5.3. Evidências empíricas sobre o crescimento econômico: 1998 a 2016

Esta seção apesenta os resultados da reestimação FGLS dos indicadores IND(qk)

e OPACV,h sobre o crescimento o crescimento econômico, descritos nos modelos da seção

anterior. Entretanto, o cálculo de OPACV,h decorre do uso de diferentes bancos de dados

(Economic Outlook da OCDE e World Economic Outlook do FMI). Devido à

indisponibilidade de dados do FMI para todo o período (1980 a 2016), esta seção abrange

o período de 1998 a 2016. Com base nas variáveis de interesse, observa-se que, em geral,

as principais características dos resultados apresentados na seção anterior (da amostra de

1980 a 2016) foram preservadas (ver tabela 3). Os resultados das regressões mostram a

existência de um efeito assimétrico no crescimento econômico quando são considerados

os fatores de contração IND(q1) e IND(q3). Os coeficientes em IND(q1) são positivos e

os coeficientes em IND(q3) são negativos com significância estatística na maioria dos

modelos. Em outras palavras, há um efeito positivo no crescimento econômico causado

por uma redução da desigualdade de renda entre famílias de renda mediana e famílias

pertencentes ao quartil inferior de renda, e um efeito negativo no crescimento econômico

proveniente de uma redução da desigualdade de renda entre famílias de renda mediana e

famílias pertencentes ao quartil superior de renda.

Os coeficientes da medida de opacidade fiscal, relacionada à subestimação dos

déficits governamentais, são negativos e significativos em todos os modelos. Essa

observação é importante porque, independente do banco de dados usado (da OCDE ou

do FMI), o resultado é o mesmo, ou seja, existem evidências de que a opacidade fiscal

reduz o crescimento econômico. Ademais, o efeito negativo no crescimento econômico

associado aos coeficientes de OPACV,h aumenta quando o horizonte é mais longo (um ano

à frente) nas regressões.

71
Tabela 3
Efeito dos fatores de contração e da opacidade fiscal no crescimento econômico (PIB per capita) – FGLS (1998-2016)
Economic Outlook da OCDE World Economic Outlook do FMI
h: ano corrente h: um ano à frente h: ano corrente h: um ano à frente
Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4
Regressores: (V=1) (V=2) (V=1) (V=2) (V=1) (V=2) (V=1) (V=2)
IND(q1)i,t 0.100*** 0.120*** 0.064** 0.053* 0.124*** 0.123*** 0.064* 0.047
(0.037) (0.034) (0.033) (0.029) (0.035) (0.036) (0.033) (0.029)
IND(q3)i,t -0.115** -0.130** -0.069 -0.085* -0.131** -0.125** -0.066 -0.045
(0.047) (0.040) (0.052) (0.047) (0.053) (0.051) (0.055) (0.053)
𝑂𝑃𝐴𝐶 , , -0.025*** -0.025*** -0.026*** -0.030*** -0.013*** -0.011** -0.021*** -0.025***
(0.003) (0.005) (0.003) (0.004) (0.003) (0.005) (0.003) (0.003)
MTAXi,t -0.008 -0.017 -0.008 -0.011 -0.019 -0.017 -0.005 0.0003
(0.029) (0.027) (0.020) (0.021) (0.022) (0.022) (0.022) (0.024)
GCEi,t -0.007*** -0.007*** -0.005*** -0.006*** -0.008*** -0.008*** -0.006*** -0.005***
(0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001)
Inc(q2)/Inc(q1)i,t -0.006 -0.009 -0.006 -0.005 0.001 -0.005 -0.011 -0.005
(0.020) (0.019) (0.014) (0.006) (0.021) (0.021) (0.024) (0.021)
Inc(q3)/Inc(q2)i,t -0.018 -0.020 0.007 0.002 -0.029 -0.026 0.012 0.002
(0.018) (0.019) (0.019) (0.021) (0.022) (0.025) (0.023) (0.022)
GDPi,t-1 -0.085*** -0.087*** -0.086*** -0.089*** -0.068*** -0.076*** -0.078*** -0.078***
(0.015) (0.017) (0.017) (0.014) (0.017) (0.018) (0.022) (0.020)
EDUCi,t 0.0003*** 0.0003*** 0.0002*** 0.0002** 0.0003*** 0.0003*** 0.0002** 0.0002**
(0.0001) (0.0001) (0.0001) (0.0001) (0.0001) (0.0001) (0.0001) (0.0001)
N. Obs. 234 234 234 234 234 234 234 234
Adj. R² 0.533 0.488 0.606 0.637 0.483 0.445 0.564 0.605
Nota: Níveis de significância marginal: (***) denota 0,01, (**) denota 0,05, e (*) denota 0,1. Matriz de covariância consistente com heterocedasticidade
de White foi aplicada nas regressões. Os erros padrão estão entre parênteses. FGLS - Mínimos Quadrados Generalizados Factíveis com pesos dos
países e correção de erros-padrão para heterocedasticidade (metodologia de White). A constante é incluída nos modelos, mas não é relatada por
conveniência. A amostra compreende um painel de 13 países, no período de 1998 a 2016.

72
Para observar como a redução da desigualdade de renda, por meio do imposto de

renda progressivo, e o aumento da opacidade fiscal, relacionada aos déficits

orçamentários, afetam o crescimento econômico, é considerado o efeito de um choque de

1% do valor em relação à média de IND(qk) e OPACV,h sobre GROWTH. A tabela 4

apresenta o resultado do efeito médio dos coeficientes significativos de IND(q1) e

IND(q3) sobre o crescimento econômico, com base nos modelos que utilizam o Economic

Outlook da OCDE e o World Economic Outlook do FMI para a construção do OPACV,h.

Assim, a partir da base de dados do Economic Outlook da OCDE é possível observar que

o efeito médio de IND(q1) e IND(q3) sobre o crescimento econômico é de 1,80 p.p. e -

2,19 p.p, (horizonte do ano corrente), e 0,96 p.p. e -1,37 p.p. (horizonte de um ano à

frente), respectivamente. Ainda, a partir da base de dados do World Economic Outlook

do FMI é possível observar que o efeito médio de IND(q1) e IND(q3) sobre o crescimento

econômico médio corresponde a 2,01 p.p. e -2,28 p.p. (horizonte do ano corrente),

respectivamente. As conclusões no horizonte de um ano à frente indicam que uma

redução de 1% na desigualdade de renda entre famílias de renda mediana e famílias do

quartil inferior de renda implica em um aumento significativo de 1,04 p.p. no crescimento

econômico.

Finalmente, o efeito de um aumento de 1% na opacidade fiscal, relacionada à

subestimação dos déficits orçamentários no horizonte do ano corrente corresponde a uma

queda no crescimento econômico médio de 0,17 p.p. (OCDE-OE) e 0,12 p.p. (FMI-

WEO), na média. Em relação ao horizonte de um ano à frente, o efeito de um aumento de

1% do OPACV,h sobre o crescimento médio produz uma redução média amplificada de

0,36 p.p. (OCDE-OE) e 0,43 p.p. (FMI-WEO), respectivamente.

73
Tabela 4
Choque de 1% de IND(qk) e OPACV,h sobre GROWTH (p.p.) – 1998-2016
h: ano corrente h: um ano à frente
V=1 V=2 V=1 V=2
Variáveis: Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5
Fonte: OCDE-EO
IND(q1)i,t 1.634* 1.957* 1.041* 0.870*
IND(q3)i,t -2.057* -2.316* -1.232 -1.514*
𝑂𝑃𝐴𝐶 , , -0.189* -0.146* -0.377* 0.352*
Fonte: FMI-WEO
IND(q1)i,t 2.022* 2.000* 1.040* 0.774
IND(q3)i,t -2.328* -2.229* -1.167 -0.807
𝑂𝑃𝐴𝐶 , , -0.155* -0.092* -0.406* -0.463*
Nota: Efeitos calculados a partir dos valores médios das variáveis e da média de
GROWTH, utilizando-se os coeficientes obtidos na estimação FGLS. (*) Indica
as variáveis com significância estatística considerada (ver tabela 3). FMI-WEO
– World Economic Outlook do FMI e OCDE-EO - Economic Outlook da OCDE.

74
5.4. Evidências empíricas sobre a conexão entre o fator de contração e a

opacidade fiscal

Como mencionado anteriormente, é possível que exista um canal de transmissão

entre a opacidade fiscal, relacionada ao déficit orçamentário do governo, e a redução da

desigualdade de renda, por meio da tributação direta progressiva. Portanto, nesta seção, é

apresentado o resultado das regressões baseadas na equação (9), que levam em

consideração termos interativos entre as medidas dos fatores de contração e os índices de

opacidade fiscal.

Os resultados descritos na tabela 5 mostram que a inclusão do termo interativo

nos modelos não alterou a essência da análise. Portanto, ainda é possível observar a

presença de um efeito assimétrico no crescimento econômico em resposta a uma redução

da desigualdade de renda devido ao uso de tributação direta progressiva. Os sinais dos

coeficientes em IND(q1) são positivos e em IND(q3) são negativos. Além disso, o sinal

do coeficiente em OPACV,h é negativo, pelo menos em metade dos modelos.

Com base no termo interativo, o resultado das regressões mostra que os

coeficientes em IND(qk)OPACV,h amplificam o efeito assimétrico da redução da

desigualdade de renda entre famílias de renda alta e mediana, bem como entre famílias

de renda mediana e de baixa renda, no crescimento econômico. É possível observar que

a soma dos coeficientes em IND(q1) e IND(q1)OPACV,h são maiores que IND(q1), bem

como a soma dos coeficientes em IND(q3) e IND(q3)OPACV,h são inferiores a IND(q3).

No entanto, é importante notar que na maioria dos modelos existe significância estatística

dos coeficientes em IND(q3)OPACV,h e não em IND(q1)OPACV,h. Essa observação

sugere que, embora o efeito benéfico no crescimento econômico devido à redução da

desigualdade de renda entre famílias de renda mediana e famílias de baixa renda, por

meio da tributação direta progressiva, associada à opacidade fiscal, não seja significativa,

75
o efeito negativo no crescimento econômico decorrente de um aumento na opacidade

fiscal e uma redução da desigualdade de renda entre famílias de renda mediana e famílias

de renda alta, por meio da tributação direta progressiva, é significativo. Em resumo,

existem evidências de que o efeito assimétrico no crescimento causado pela redução da

desigualdade de renda, por meio de política tributária progressiva, é amplificado na

presença da opacidade fiscal do déficit orçamentário do governo.

76
Tabela 5
Efeito dos fatores de contração, opacidade fiscal e variáveis interativas sobre o crescimento (PIB per capita) – FGLS (1998-2016)
Economic Outlook da OCDE World Economic Outlook do FMI
h: current year h: next calendar year h: current year h: next calendar year
Model 1 Model 2 Model 3 Model 4 Model 1 Model 2 Model 3 Model 4
Regressors: (v=1) (v=2) (v=1) (v=2) (v=1) (v=2) (v=1) (v=2)
IND(q1)i,t 0.092** 0.110*** 0.043 0.001 0.118*** 0.118*** 0.019 0.024
(0.038) (0.035) (0.042) (0.040) (0.034) (0.035) (0.041) (0.037)
IND(q3)i,t -0.118** -0.127*** -0.040 -0.050 -0.126** -0.114** -0.020 -0.018
(0.046) (0.039) (0.059) (0.046) (0.051) (0.049) (0.062) (0.056)
𝑂𝑃𝐴𝐶 , , -0.023*** -0.020*** 0.001 -0.010 -0.006 0.003 0.011 0.002
(0.004) (0.005) (0.009) (0.010) (0.007) (0.008) (0.008) (0.005)
MTAXi,t -0.006 -0.015 -0.003 -0.008 -0.018 -0.017 0.003 0.005
(0.029) (0.026) (0.024) (0.023) (0.025) (0.023) (0.028) (0.028)
GCEi,t -0.007*** -0.007*** -0.005*** -0.005*** -0.008*** -0.008*** -0.005*** -0.005***
(0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001)
Inc(q2)/Inc(q1)i,t -0.006 -0.009 0.008 0.004 0.002 -0.001 -0.001 -0.00001
(0.022) (0.020) (0.018) (0.009) (0.021) (0.023) (0.024) (0.021)
Inc(q3)/Inc(q2)i,t -0.020 -0.022 -0.005 -0.009 -0.031 -0.025 -0.005 -0.003
(0.018) (0.019) (0.016) (0.015) (0.023) (0.025) (0.024) (0.021)
GDPi,t-1 -0.086*** -0.086*** -0.084*** -0.086*** -0.070*** -0.076*** -0.087*** -0.083***
(0.015) (0.017) (0.014) (0.011) (0.017) (0.018) (0.017) (0.015)
EDUCi,t 0.0003*** 0.0002*** 0.0002*** 0.0002* 0.0003*** 0.0003*** 0.0002*** 0.0002**
(0.0001) (0.0001) (0.0001) (0.0001) (0.0001) (0.0001) (0.0001) (0.0001)
,
𝐼𝑁𝐷(q1)𝑂𝑃𝐴𝐶 ,
0.077 0.162 0.095 0.215* 0.038 0.055*** 0.179** 0.107
(0.084) (0.114) (0.078) (0.122) (0.058) (0.157) (0.081) (0.078)
,
𝐼𝑁𝐷(q3)𝑂𝑃𝐴𝐶 ,
-0.072 -0.168* -0.208** -0.287** -0.066 -0.115** -0.301*** -0.211***
(0.074) (0.098) (0.091) (0.132) (0.072) (0.177) (0.087) (0.081)
N. Obs. 234 234 234 234 234 234 234 234
Adj. R² 0.529 0.484 0.629 0.650 0.480 0.445 0.600 0.627
Nota: Níveis de significância marginal: (***) denota 0,01, (**) denota 0,05, e (*) denota 0,1. Matriz de covariância consistente com
heterocedasticidade de White foi aplicada nas regressões. Os erros padrão estão entre parênteses. FGLS - Mínimos Quadrados Generalizados
Factíveis com pesos dos países e correção de erros padrão para heterocedasticidade (metodologia de White). A constante é incluída nos
modelos, mas não é relatada por conveniência. A amostra compreende um painel de 13 países, no período de 1998 a 2016.
77
6. Resultados empíricos: efeito da opacidade fiscal na desigualdade de renda, por

meio da tributação

6.1 Introdução

Esta tese tem como objetivo analisar como uma redução da desigualdade de renda

entre famílias heterogêneas (pobres, ricas e medianas), por meio da tributação direta

progressiva e da opacidade fiscal relacionada à subestimação do déficit orçamentário do

governo, afeta o crescimento econômico em 13 países membros da OCDE. Para tanto,

este capítulo tem o objetivo de apresentar os resultados da análise referente ao efeito sobre

o crescimento econômico decorrente do indicador que captura o impacto da opacidade

fiscal na desigualdade de renda, por meio da tributação direta progressiva

(INDOPAC(qk)), a partir de distintos bancos, metodologias e períodos de tempo.

Este capítulo está dividido em três seções, além desta introdução. A segunda seção

apresenta uma análise das estimativas de FGLS que são resultantes de uma amostra do

período de 1980 a 2016, e têm por intuito analisar como o efeito da opacidade fiscal na

tributação direta progressiva impacta a desigualdade de renda e, por conseguinte, o

crescimento econômico. Além disso, com o intuito de dar maior robustez à análise

apresentada no capítulo anterior, são apresentadas evidências a respeito do indicador que

avalia a redução da diferença de renda sem o efeito da opacidade fiscal. A terceira seção,

apresenta os resultados de regressões FGLS, descritas na seção anterior, mas decorrem

do indicador de opacidade fiscal que foi construído a partir de duas bases de dados

diferentes (FMI e OCDE) para período de 1998 a 2016. A quarta seção, considera os

efeitos das mudanças na opacidade fiscal graças às medidas de mitigação adotadas após

a crise financeira global. Para tal, a partir dos modelos apresentados nas seções anteriores,

as amostras são divididas em duas subamostras temporais (1998 a 2009 e 2010 a 2016) e

os modelos são reestimados por meio do método Sys-GMM. Por último, ao final segunda

78
e terceira seção, são apresentados os resultados da análise referente ao efeito no

crescimento econômico médio causado por um choque de 1% em relação à média dos

coeficientes significativos dos indicadores INDOPAC(qk).

79
6.2. Evidências empíricas sobre o crescimento econômico: 1980 a 2016

Os resultados das tabelas 6 e 7 mostram a estimação da equação (10) e da variável

INDOPAC(qk), derivada de (OPACV,h), que é construída a partir das previsões divulgadas

pelo Economic Outlook da OCDE, no horizonte corresponde ao ano corrente e a um ano

à frente, assim como nos vintages associados a cada um dos horizontes. Em relação à

variável de interesse, é possível observar que os coeficientes são positivos em

INDOPAC(q1), enquanto os coeficientes INDOPAC(q3) são negativos. Embora não seja

possível ver mudanças significativas nos coeficientes resultantes das estimativas

correspondentes aos vintages 1 e 2, o uso de diferentes horizontes é relevante. Por um

lado, as estimativas do horizonte referente ao ano corrente mostram que o efeito positivo

de uma redução na desigualdade de renda, medido por INDOPAC(q1), é maior do que

para o ano posterior. Por outro lado, o efeito negativo no crescimento econômico de uma

redução na desigualdade de renda, medida por INDOPAC(q3), no horizonte do ano

corrente, é inferior ao horizonte de um ano à frente. Esse resultado é coerente com o fato

de que a opacidade fiscal parece afetar mais o crescimento econômico por meio do efeito

causado por uma redução na desigualdade de renda entre as famílias pertences ao quartil

superior de renda e as famílias de renda mediana, do que entre as famílias de renda

mediana e as famílias do quartil inferior de renda. Em outras palavras, quando a opacidade

fiscal parece ser relevante (caso de INDOPAC(q3)), horizontes de tempo mais longos

implicam menos informação e, portanto, o efeito sobre o crescimento econômico

aumenta.

Independente do horizonte e do vintage adotado em cada modelo, existe

significância estatística nos coeficientes associados a uma redução da desigualdade de

renda entre as famílias de renda mais alta e as famílias de renda mediana. Ademais, a

comparação dos coeficientes de IND(qk) (última coluna - tabela 7) com os modelos que

80
incluem o efeito de opacidade fiscal (INDOPAC(qk)) revela que o uso de um indicador

que mede a desigualdade de renda entre as famílias de quartil superior de renda e famílias

de renda mediana, bem como entre as famílias do quartil inferior de renda e famílias de

renda mediana, por meio da tributação direta progressiva, é relevante. Enquanto os

coeficientes de INDOPAC(q1) não são consideravelmente diferentes do observado para

IND(q1), isto é, não há significância estatística na maioria dos modelos, os coeficientes

de INDOPAC(q3) aumentam o efeito negativo sobre o crescimento econômico. Em

resumo, os resultados indicam que o efeito de uma redução na desigualdade de renda é

diferente quando consideramos famílias heterogêneas.

81
Tabela 6
Efeito do indicador INDOPAC(qk) no GROWTH (PIB per capita) –– horizonte do ano corrente –– FGLS (1980-2016)
Vintage 1 Vintage 2
Regressores: Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5
INDOPAC(q1)i,t 0.036 0.035 0.033 0.039* 0.048** 0.036 0.035 0.031 0.038 0.049**
(0.024) (0.023) (0.021) (0.021) (0.020) (0.027) (0.025) (0.024) (0.025) (0.024)
INDOPAC(q3)i,t -0.083*** -0.081*** -0.077*** -0.075*** -0.081*** -0.052** -0.047* -0.043** -0.036 -0.042*
(0.023) (0.022) (0.020) (0.019) (0.016) (0.025) (0.024) (0.022) (0.024) (0.023)
MTAXi,t 0.074*** 0.074*** 0.074*** 0.069*** 0.071*** 0.059*** 0.059*** 0.060*** 0.052** 0.053***
(0.022) (0.021) (0.020) (0.021) (0.018) (0.021) (0.020) (0.020) (0.021) (0.017)
GCEi,t -0.007*** -0.007*** -0.006*** -0.006*** -0.006*** -0.007*** -0.007*** -0.007*** -0.006*** -0.006***
(0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001)
Inc(q2)/Inc(q1)i,t 0.010 0.014 0.013 0.020* 0.013 0.004 0.009 0.007 0.015 0.008
(0.009) (0.010) (0.011) (0.012) (0.016) (0.008) (0.009) (0.010) (0.011) (0.015)
Inc(q3)/Inc(q2)i,t -0.013 -0.021 -0.019 -0.033** -0.020 0.001 -0.010 -0.007 -0.022 -0.008
(0.015) (0.017) (0.015) (0.015) (0.015) (0.018) (0.018) (0.016) (0.015) (0.014)
GDPi,t-1 -0.024*** -0.028*** -0.027*** -0.029*** -0.034*** -0.024*** -0.030*** -0.029*** -0.031*** -0.036***
(0.004) (0.004) (0.004) (0.005) (0.005) (0.004) (0.004) (0.005) (0.006) (0.005)
POPi,t 0.020 0.019 0.004 0.004 0.027 0.026 0.011 0.011
(0.021) (0.022) (0.023) (0.023) (0.020) (0.021) (0.021) (0.020)
INVi,t 0.0004 0.001 0.001 0.001 0.001 0.001
(0.001) (0.001) (0.0005) (0.001) (0.001) (0.0005)
EDUCi,t 0.0003*** 0.0003*** 0.0003*** 0.0003***
(0.0001) (0.0001) (0.0001) (0.0001)
GEFi,t 0.019*** 0.020***
(0.007) (0.008)
N. Obs. 468 468 468 468 468 468 468 468 468 468
Adj. R² 0.354 0.354 0.355 0.375 0.388 0.333 0.334 0.337 0.360 0.374
Nota: Níveis de significância marginal: (***) denota 0,01, (**) denota 0,05, e (*) denota 0,1. Matriz de covariância consistente com heterocedasticidade de White foi
aplicada nas regressões. Os erros padrão estão entre parênteses. FGLS – Mínimos Quadrados Generalizados Factíveis com pesos dos países e correção de
erros-padrão para heterocedasticidade (metodologia de White). A amostra compreende um painel de 13 países, no período de 1980 a 2016. A constante é
incluída nos modelos, mas não é relatada por conveniência.

82
Tabela 7
Efeito do indicador INDOPAC(qk) no GROWTH (PIB per capita) –– horizonte de um ano à frente –– FGLS (1980-2016)
Vintage 1 Vintage 2
Regressores: Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 6
INDOPAC(q1)i,t 0.029 0.028 0.027 0.027 0.032* 0.020 0.019 0.017 0.020 0.027 0.056**
(0.022) (0.021) (0.021) (0.019) (0.016) (0.026) (0.026) (0.024) (0.022) (0.019) (0.026)
INDOPAC(q3)i,t -0.113*** -0.111*** -0.110*** -0.104*** -0.109*** -0.108*** -0.107*** -0.104*** -0.099*** -0.103*** -0.044*
(0.024) (0.024) (0.024) (0.020) (0.018) (0.027) (0.027) (0.026) (0.023) (0.019) (0.023)
MTAXi,t 0.092*** 0.093*** 0.092*** 0.091*** 0.091*** 0.084*** 0.084*** 0.084*** 0.082*** 0.082*** 0.051**
(0.020) (0.021) (0.020) (0.021) (0.020) (0.021) (0.021) (0.020) (0.020) (0.019) (0.020)
GCEi,t -0.005*** -0.005*** -0.005*** -0.005*** -0.005*** -0.006*** -0.006*** -0.005*** -0.005*** -0.005*** -0.006***
(0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001)
Inc(q2)/Inc(q1)i,t 0.017** 0.019** 0.019* 0.025** 0.018 0.016** 0.017* 0.015 0.021* 0.015 0.008**
(0.008) (0.009) (0.010) (0.010) (0.013) (0.008) (0.009) (0.010) (0.011) (0.015) (0.016)
Inc(q3)/Inc(q2)i,t -0.015 -0.021 -0.019 -0.031** -0.021 -0.027* -0.030* -0.027* -0.036** -0.024 -0.007**
(0.014) (0.017) (0.015) (0.016) (0.016) (0.014) (0.017) (0.016) (0.016) (0.017) (0.015)
GDPi,t-1 -0.023*** -0.026*** -0.026*** -0.028*** -0.032*** -0.024*** -0.025*** -0.024*** -0.025*** -0.030*** -0.036***
(0.005) (0.004) (0.005) (0.005) (0.005) (0.005) (0.004) (0.004) (0.005) (0.005) (0.005)
POPi,t 0.014 0.014 0.001 0.001 0.007 0.005 -0.006 -0.005 0.010
(0.023) (0.023) (0.024) (0.023) (0.020) (0.021) (0.023) (0.023) (0.020)
INVi,t 0.0001 0.0003 0.0003 0.0004 0.001 0.0005 0.0006
(0.001) (0.0005) (0.0005) (0.0005) (0.0005) (0.0005) (0.0005)
EDUCi,t 0.0003*** 0.0003*** 0.0002** 0.0002*** 0.0003***
(0.0001) (0.0001) (0.0001) (0.0001) (0.0001)
GEFi,t 0.015** 0.016** 0.021***
(0.007) (0.007) (0.008)
N. Obs. 468 468 468 468 468 468 468 468 468 468 468
Adj. R² 0.435 0.434 0.433 0.448 0.453 0.418 0.417 0.418 0.426 0.433 0.375
Nota: Níveis de significância marginal: (***) denota 0,01, (**) denota 0,05, e (*) denota 0,1. Matriz de covariância consistente com heterocedasticidade de White foi aplicada nas
regressões. Os erros padrão estão entre parênteses. FGLS – Mínimos Quadrados Generalizados Factíveis com pesos dos países e correção de erros-padrão para
heterocedasticidade (metodologia de White). A amostra compreende um painel de 13 países, no período de 1980 a 2016. A constante é incluída nos modelos, mas não é
relatada por conveniência. O Modelo 6 corresponde ao caso em que as regressões substituem as medidas de redução de desigualdade de renda, com opacidade fiscal,
INDOPAC(q1) e INDOPAC(q3), por medidas de redução de desigualdade de renda, sem opacidade fiscal (ver equação 7), IND(q1) e IND(q3).

83
Em relação às variáveis de controle nos modelos, de forma geral, os resultados

estão em consonância com o que se espera do ponto de vista teórico. Existem coeficientes

negativos para: (i) GCE – esse resultado está de acordo com a ideia de que quando países

com grandes governos aumentam suas despesas, a consequência é prejudicial sobre o

crescimento econômico; e (ii) Inc(q3)/Inc(q2) – o efeito negativo dessa variável no

modelo pode ser entendido com base na interpretação padrão da visão keynesiana, isto é,

um aumento na desigualdade de renda diminui a propensão média ao consumo, o que,

por sua vez, pode desencorajar o crescimento econômico. Os coeficientes positivos estão

relacionados a: (i) MTAX - sugere que o uso de impostos governamentais aumenta a

situação socioeconômica do país, por exemplo, por meio de uma melhoria na

infraestrutura pública, para promover o crescimento; (ii) Inc(q2)/Inc(q1) – uma possível

explicação para esse resultado é que a distribuição de renda em favor da classe média

aumenta o consumo; (iii) POP, INV, e EDUC – conforme documentado na literatura,

existe um efeito positivo no crescimento econômico devido a um aumento na população,

capital ou educação causado por melhorias nos fatores de produção; e (iv) GEF - a

qualidade da formulação e implementação de políticas é importante para um ambiente

propício ao crescimento.

Com o intuito de observar como o efeito da opacidade fiscal na tributação direta

progressiva, impacta a desigualdade de renda e, por conseguinte, o crescimento

econômico, é considerado o efeito de um choque de 1% do valor relativo à média de

INDOPAC(q3) e INDOPAC(q1) em GROWTH (ver tabela 8). Em particular, a média dos

coeficientes estatisticamente significativos, no primeiro e segundo vintage, da variável

INDOPAC(q3), mostra que no horizonte do ano corrente, uma redução de 1% na

desigualdade de renda produz uma redução média de 0,93 p.p. sobre a média do

crescimento econômico, e no horizonte de ano um ano à frente, este mesmo efeito produz

84
uma redução média de 1,69 p.p. sobre a média do crescimento econômico. A respeito da

variável INDOPAC(q1), a média dos coeficientes estatisticamente significativos, no

primeiro e segundo vintage, mostra que no horizonte do ano corrente, uma redução de

1% na desigualdade de renda produz um aumento médio de 0,62 p.p. sobre a média do

crescimento econômico, e no horizonte de um ano à frente, este mesmo efeito produz um

aumento médio de 0,46 p.p. sobre a média do crescimento econômico. Em suma, embora

a redução da desigualdade de renda revele efeitos opostos sobre o crescimento

econômico, quando a análise considera o caráter heterogêneo das famílias, o efeito

negativo sobre o crescimento econômico é maior do que o benefício.

Tabela 8
Choque de 1% de INDOPAC(q3) e INDOPAC(q1) sobre GROWTH (p.p.) – 1980-2016
Horizonte Vintage Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5
Ano corrente:
INDOPAC(q1)i,t 1 0.49 0.48 0.45 0.53* 0.66*
2 0.48 0.46 0.41 0.51 0.66*
INDOPAC(q3)i,t 1 -1.26* -1.23* -1.17* -1.13* -1.24*
2 -0.77* -0.69* -0.64* -0.53 -0.62*
Um ano à frente:
INDOPAC(q1)i,t 1 0.42 0.41 0.39 0.38 0.46*
2 0.28 0.27 0.23 0.29 0.38
INDOPAC(q3)i,t 1 -1.81* -1.78* -1.76* -1.67* -1.74*
2 -1.68* -1.66* -1.61* -1.53* -1.61*
Nota: Efeitos calculados a partir dos valores médios das variáveis e do 𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞 ) , , médio,
utilizando-se os coeficientes obtidos na estimação FGLS. (*) indica variáveis com
significância estatística na estimação considerada. (ver tabelas 6 e 7).

85
6.3. Evidências empíricas sobre o crescimento econômico: 1998 a 2016

A partir das amostras do Economic Outlook da OCDE e do World Economic

Outlook do FMI, usadas para compilar os indicadores OPACV,h em uma amostra curta

(1998 a 2016), a presente seção tem por objetivo apresentar a reestimação dos modelos

anteriores. Sob a perspectiva das variáveis de interesse, INDOPAC(q1) e INDOPAC(q3),

é possível observar que, em linhas gerais, as principais características dos resultados

apresentados na seção anterior (amostra de 1980 a 2016) foram preservadas (ver tabelas

9, 10, 11 e 12).

No entanto, embora haja uma persistência nos sinais dos coeficientes de

INDOPAC(q1) e INDOPAC(q3), os coeficientes de ambos efeitos, positivos e negativos,

aumentaram e são estatisticamente significativos (ver tabelas 9, 10, 11 e 12). Em outras

palavras, independente do banco de dados usado para INDOPAC(qk), o efeito da

opacidade fiscal parece ser mais relevante no caso de uma redução da desigualdade de

renda entre famílias pertencentes ao quartil superior de renda e famílias de renda mediana,

em comparação com uma redução de desigualdade de renda entre famílias do quartil

inferior de renda e famílias de renda mediana. Conforme observado na seção anterior, o

efeito negativo no crescimento econômico, associado aos coeficientes de INDOPAC(q3),

aumenta quando é considerado o horizonte mais longo (um ano à frente) nas regressões.

Além disso, o efeito positivo sobre o crescimento econômico INDOPAC(q1) é maior no

horizonte correspondente ao ano corrente. Além disso, os resultados do primeiro e

segundo vintage não são consideravelmente diferentes.

86
Tabela 9
Efeito do INDOPAC(qk) no GROWTH (PIB per capita) –– horizonte do ano corrente –– World Economic Outlook do FMI – FGLS (1998-2016)
Vintage 1 Vintage 2
Regressores: Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5
INDOPAC(q1)i,t 0.115*** 0.117*** 0.111*** 0.105*** 0.107*** 0.137*** 0.138*** 0.128*** 0.121** 0.123**
(0.033) (0.033) (0.036) (0.036) (0.038) (0.043) (0.044) (0.047) (0.048) (0.051)
INDOPAC(q3)i,t -0.153*** -0.153*** -0.145*** -0.141*** -0.142*** -0.173*** -0.170*** -0.154** -0.150** -0.153**
(0.044) (0.045) (0.049) (0.048) (0.048) (0.059) (0.060) (0.065) (0.065) (0.065)
MTAXi,t -0.012 -0.015 -0.015 -0.012 -0.012 -0.011 -0.016 -0.018 -0.013 -0.014
(0.025) (0.025) (0.026) (0.027) (0.025) (0.023) (0.023) (0.025) (0.026) (0.024)
GCEi,t -0.007*** -0.007*** -0.006*** -0.006*** -0.006*** -0.007*** -0.007*** -0.007*** -0.007*** -0.006***
(0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001)
Inc(q2)/Inc(q1)i,t -0.001 0.010 0.009 0.008 0.004 -0.002 0.009 0.008 0.006 0.001
(0.025) (0.026) (0.028) (0.027) (0.027) (0.024) (0.026) (0.028) (0.026) (0.026)
Inc(q3)/Inc(q2)i,t -0.042** -0.057*** -0.060*** -0.052** -0.054** -0.042* -0.058** -0.061*** -0.052** -0.054**
(0.021) (0.019) (0.020) (0.020) (0.021) (0.023) (0.023) (0.023) (0.023) (0.025)
GDPi,t-1 -0.076*** -0.093*** -0.096*** -0.089*** -0.099*** -0.079*** -0.096*** -0.099*** -0.092*** -0.101***
(0.018) (0.031) (0.032) (0.029) (0.027) (0.020) (0.033) (0.033) (0.030) (0.029)
POPi,t 0.042 0.040 0.022 0.043 0.045 0.043 0.024 0.045
(0.031) (0.030) (0.032) (0.036) (0.032) (0.031) (0.032) (0.038)
INVi,t 0.001* 0.001* 0.001 0.001* 0.001* 0.001
(0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001)
EDUCi,t 0.0002*** 0.0003*** 0.0002*** 0.0003***
(0.0001) (0.0001) (0.0001) (0.0001)
GEFi,t 0.012 0.013
(0.009) (0.010)
N. Obs. 234 234 234 234 234 234 234 234 234 234
Adj. R² 0.456 0.457 0.458 0.463 0.465 0.441 0.441 0.441 0.446 0.448
Nota: Níveis de significância marginal: (***) denota 0,01, (**) denota 0,05, e (*) denota 0,1. Matriz de covariância consistente com heterocedasticidade de White foi
aplicada nas regressões. Os erros padrão estão entre parênteses. FGLS – Mínimos Quadrados Generalizados Factíveis com pesos dos países e correção de erros-
padrão para heterocedasticidade (metodologia de White). A amostra compreende um painel de 13 países, no período de 1998 a 2016. A constante é incluída nos
modelos, mas não é relatada por conveniência.

87
Tabela 10
Efeito do INDOPAC(qk) no GROWTH (PIB per capita) –– horizonte do ano corrente –– Economic Outlook da OCDE – FGLS (1998-2016)
Vintage 1 Vintage 2
Regressores: Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5
INDOPAC(q1)i,t 0.144*** 0.147*** 0.143*** 0.136*** 0.138*** 0.163*** 0.164*** 0.156*** 0.148*** 0.150***
(0.028) (0.028) (0.030) (0.031) (0.034) (0.039) (0.040) (0.049) (0.044) (0.048)
INDOPAC(q3)i,t -0.220*** -0.218*** -0.208*** -0.204*** -0.206*** -0.226*** -0.218*** -0.201*** -0.195*** -0.196***
(0.040) (0.042) (0.045) (0.045) (0.047) (0.051) (0.053) (0.047) (0.061) (0.065)
MTAXi,t -0.001 -0.006 -0.006 -0.002 -0.003 -0.012 -0.018 -0.019 -0.016 -0.017
(0.030) (0.031) (0.033) (0.033) (0.033) (0.029) (0.030) (0.047) (0.032) (0.031)
GCEi,t -0.007*** -0.007*** -0.007*** -0.007*** -0.006*** -0.007*** -0.007*** -0.007** -0.007*** -0.006***
(0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.003) (0.001) (0.001)
Inc(q2)/Inc(q1)i,t 0.004 0.013 0.013 0.012 0.008 0.003 0.014 0.013 0.011 0.007
(0.027) (0.027) (0.028) (0.026) (0.026) (0.027) (0.027) (0.017) (0.027) (0.027)
Inc(q3)/Inc(q2)i,t -0.054*** -0.067*** -0.068*** -0.060*** -0.062*** -0.055*** -0.070*** -0.072*** -0.063*** -0.065***
(0.018) (0.019) (0.019) (0.019) (0.020) (0.021) (0.022) (0.017) (0.022) (0.024)
GDPi,t-1 -0.086*** -0.098*** -0.100*** -0.094*** -0.103*** -0.084*** -0.099*** -0.102*** -0.095*** -0.105***
(0.019) (0.029) (0.030) (0.027) (0.025) (0.019) (0.030) (0.028) (0.028) (0.027)
POPi,t 0.033 0.034 0.017 0.037 0.043 0.043 0.026 0.046
(0.033) (0.030) (0.029) (0.034) (0.033) (0.041) (0.029) (0.036)
INVi,t 0.001 0.001* 0.001 0.001** 0.001* 0.001
(0.0005) (0.0005) (0.001) (0.0005) (0.001) (0.001)
EDUCi,t 0.0002** 0.0002** 0.0002** 0.0002**
(0.0001) (0.0001) (0.0001) (0.0001)
GEFi,t 0.011 0.011
(0.009) (0.010)
N. Obs. 234 234 234 234 234 234 234 234 234 234
Adj. R² 0.493 0.491 0.489 0.493 0.494 0.459 0.460 0.459 0.462 0.463
Nota: Níveis de significância marginal: (***) denota 0,01, (**) denota 0,05, e (*) denota 0,1. Matriz de covariância consistente com heterocedasticidade de White foi
aplicada nas regressões. Os erros padrão estão entre parênteses. FGLS – Mínimos Quadrados Generalizados Factíveis com pesos dos países e correção de erros-
padrão para heterocedasticidade (metodologia de White). A amostra compreende um painel de 13 países, no período de 1998 a 2016. A constante é incluída nos
modelos, mas não é relatada por conveniência.

88
Tabela 11
Efeito do INDOPAC(qk) no GROWTH (PIB per capita) –– horizonte de um ano à frente –– World Economic Outlook do FMI – FGLS (1998-2016)
Vintage 1 Vintage 2
Regressores: Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5
INDOPAC(q1)i,t 0.108*** 0.111*** 0.108*** 0.105*** 0.105*** 0.102*** 0.102*** 0.100*** 0.095*** 0.095***
(0.012) (0.013) (0.014) (0.014) (0.017) (0.013) (0.014) (0.015) (0.016) (0.020)
INDOPAC(q3)i,t -0.188*** -0.189*** -0.185*** -0.182*** -0.181*** -0.192*** -0.192*** -0.190*** -0.185*** -0.183***
(0.016) (0.016) (0.017) (0.018) (0.020) (0.018) (0.018) (0.019) (0.020) (0.022)
MTAXi,t 0.011 0.008 0.009 0.011 0.008 0.021 0.021 0.022 0.024 0.022
(0.025) (0.026) (0.026) (0.027) (0.027) (0.026) (0.027) (0.027) (0.028) (0.029)
GCEi,t -0.005*** -0.005*** -0.005*** -0.005*** -0.005*** -0.005*** -0.005*** -0.005*** -0.005*** -0.005***
(0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001)
Inc(q2)/Inc(q1)i,t 0.009 0.016 0.016 0.016 0.011 0.013 0.015 0.015 0.015 0.010
(0.024) (0.024) (0.024) (0.023) (0.024) (0.022) (0.022) (0.022) (0.022) (0.022)
Inc(q3)/Inc(q2)i,t -0.043** -0.054** -0.058** -0.052** -0.053* -0.051*** -0.052** -0.054** -0.048** -0.047*
(0.018) (0.023) (0.024) (0.025) (0.027) (0.017) (0.021) (0.023) (0.024) (0.026)
GDPi,t-1 -0.087*** -0.096*** -0.098*** -0.095*** -0.101*** -0.088*** -0.089*** -0.091*** -0.088*** -0.093***
(0.021) (0.025) (0.025) (0.023) (0.022) (0.019) (0.024) (0.023) (0.021) (0.019)
POPi,t 0.028 0.028 0.018 0.032 0.004 0.006 -0.006 0.006
(0.037) (0.037) (0.039) (0.042) (0.038) (0.038) (0.041) (0.043)
INVi,t 0.001 0.001 0.001 0.0005 0.001 0.0004
(0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001)
EDUCi,t 0.0001 0.0001 0.0001 0.0002
(0.0001) (0.0001) (0.0001) (0.0001)
GEFi,t 0.009 0.008
(0.010) (0.009)
N. Obs. 234 234 234 234 234 234 234 234 234 234
Adj. R² 0.593 0.592 0.592 0.591 0.584 0.621 0.620 0.619 0.619 0.610
Nota: Níveis de significância marginal: (***) denota 0,01, (**) denota 0,05, e (*) denota 0,1. Matriz de covariância consistente com heterocedasticidade de White foi
aplicada nas regressões. Os erros padrão estão entre parênteses. FGLS – Mínimos Quadrados Generalizados Factíveis com pesos dos países e correção de erros-
padrão para heterocedasticidade (metodologia de White). A amostra compreende um painel de 13 países, no período de 1998 a 2016. A constante é incluída nos
modelos, mas não é relatada por conveniência.

89
Tabela 12
Efeito do INDOPAC(qk) no GROWTH (PIB per capita) –– horizonte de um ano à frente –– Economic Outlook da OCDE – FGLS (1998-2016)
Vintage 1 Vintage 2
Regressores: Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5
INDOPAC(q1)i,t 0.104*** 0.105*** 0.102*** 0.099*** 0.099*** 0.105*** 0.106*** 0.103*** 0.099*** 0.099***
(0.015) (0.016) (0.016) (0.018) (0.020) (0.021) (0.022) (0.023) (0.024) (0.028)
INDOPAC(q3)i,t -0.205*** -0.205*** -0.202*** -0.198*** -0.197*** -0.222*** -0.222*** -0.217*** -0.213*** -0.214***
(0.022) (0.022) (0.023) (0.024) (0.025) (0.026) (0.026) (0.027) (0.028) (0.031)
MTAXi,t 0.013 0.013 0.014 0.015 0.014 -0.002 -0.003 -0.003 -0.001 -0.002
(0.022) (0.023) (0.023) (0.024) (0.025) (0.024) (0.025) (0.025) (0.026) (0.025)
GCEi,t -0.005*** -0.005*** -0.004*** -0.004*** -0.004*** -0.005*** -0.005*** -0.005*** -0.005*** -0.005***
(0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.001)
Inc(q2)/Inc(q1)i,t 0.014 0.016 0.016 0.016 0.014 0.017 0.020 0.020 0.020 0.016
(0.024) (0.023) (0.023) (0.022) (0.022) (0.021) (0.022) (0.022) (0.021) (0.021)
Inc(q3)/Inc(q2)i,t -0.046** -0.049** -0.050** -0.045** -0.045** -0.058*** -0.062*** -0.064*** -0.058*** -0.059**
(0.019) (0.021) (0.021) (0.022) (0.023) (0.017) (0.021) (0.021) (0.022) (0.024)
GDPi,t-1 -0.094*** -0.096*** -0.098*** -0.096*** -0.099*** -0.091*** -0.094*** -0.095*** -0.093*** -0.100***
(0.018) (0.022) (0.021) (0.020) (0.019) (0.016) (0.021) (0.021) (0.019) (0.02)
POPi,t 0.006 0.005 -0.004 0.005 0.011 0.009 -0.001 0.015
(0.033) (0.033) (0.035) (0.039) (0.034) (0.034) (0.036) (0.041)
INVi,t 0.001 0.001 0.001 0.001 0.001 0.0005
(0.001) (0.001) (0.001) (0.001) (0.0005) (0.001)
EDUCi,t 0.0001 0.0001 0.0001 0.0001
(0.0001) (0.0001) (0.0001) (0.0001)
GEFi,t 0.005 0.009
(0.009) (0.009)
N. Obs. 234 234 234 234 234 234 234 234 234 234
Adj. R² 0.626 0.624 0.624 0.622 0.617 0,612 0,611 0,610 0,608 0,605
Nota: Níveis de significância marginal: (***) denota 0,01, (**) denota 0,05, e (*) denota 0,1. Matriz de covariância consistente com heterocedasticidade de White foi
aplicada nas regressões. Os erros padrão estão entre parênteses. FGLS – Mínimos Quadrados Generalizados Factíveis com pesos dos países e correção de erros-
padrão para heterocedasticidade (metodologia de White). A amostra compreende um painel de 13 países, no período de 1998 a 2016. A constante é incluída nos
Modelos, mas não é relatada por conveniência.

90
Assim como na seção anterior, é realizado um choque de 1% do valor relativo à

média dos coeficientes significativos de INDOPAC(q3) e INDOPAC(q1) em GROWTH

(ver tabela 13). Com base nos dados do World Economic Outlook do FMI, a média dos

coeficientes estatisticamente significativos, no primeiro e segundo vintage, das variáveis

INDOPAC(q3) e INDOPAC(q1), mostram que no horizonte do ano corrente, uma redução

de 1% na desigualdade de renda produz um efeito médio de -3,07 p.p. e 2,20 p.p. sobre a

média do crescimento econômico, e no horizonte de um ano à frente, este mesmo efeito

médio se altera para -4,14 p.p. e 2,10 p.p. Em alternativa, com base nos dados do

Economic Outlook da OCDE, a média dos coeficientes estatisticamente significativos, no

primeiro e segundo vintages, das variáveis INDOPAC(q3) e INDOPAC(q1), mostra que

no horizonte do ano corrente, uma redução de 1% na desigualdade de renda produz um

efeito médio de -3,97 p.p. e 2,57 p.p. sobre a média do crescimento econômico, e no

horizonte de um ano à frente, este mesmo efeito médio se altera para -4,24 p.p. e 1,87 p.p.

91
Tabela 13
Choque de 1% de INDOPAC(q3) e INDOPAC(q1) sobre GROWTH (p.p.) – 1998-2016
Horizonte Fonte Vintage Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5
Ano corrente:
INDOPAC(q1)i,t IMF-WEO 1 2.14* 2.18* 2.06* 1.95* 1.98*
IMF-WEO 2 2.48* 2.50* 2.32* 2.20* 2.23*
INDOPAC(q3)i,t IMF-WEO 1 -3.12* -3.12* -2.96* -2.86* -2.89*
IMF-WEO 2 -3.41* -3.35* -3.04* -2.97* -3.02*
INDOPAC(q1)i,t OECD-EO 1 2.50* 2.56* 2.48* 2.36* 2.40*
OECD-EO 2 2.79* 2.82* 2.67* 2.55* 2.57*
INDOPAC(q3)i,t OECD-EO 1 -4.21* -4.17* -3.99* -3.90* -3.95*
OECD-EO 2 -4.25* -4.11* -3.78* -3.67* -3.69*
Um ano à frente:
INDOPAC(q1)i,t IMF-WEO 1 2.21* 2.26* 2.21* 2.14* 2.15*
IMF-WEO 2 2.06* 2.06* 2.03* 1.93* 1.92*
INDOPAC(q3)i,t IMF-WEO 1 -4.18* -4.20* -4.12* -4.04* -4.03*
IMF-WEO 2 -4.26* -4.26* -4.20* -4.10* -4.06*
INDOPAC(q1)i,t OECD-EO 1 1.96* 1.97* 1.93* 1.86* 1.78*
OECD-EO 2 1.90* 1.91* 1.86* 1.79* 1.79*
INDOPAC(q3)i,t OECD-EO 1 -4.25* -4.25* -4.18* -4.10* -3.93*
OECD-EO 2 -4.42* -4.42* -4.32* -4.25* -4.26*
Nota: Efeitos calculados a partir dos valores médios das variáveis e do 𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞 ) , médio, utilizando-se os
coeficientes obtidos na estimação FGLS. (*) indica variáveis com significância estatística na estimação
considerada. (ver tabelas 9 a 12). FMI-WEO – World Economic Outlook do FMI e OCDE-EO - Economic
Outlook da OCDE.

Portanto, o efeito líquido da redução da desigualdade de renda no crescimento

econômico é negativo. Em resumo, o efeito positivo sobre o crescimento econômico

causado por uma redução da desigualdade de renda entre famílias de renda mediana e

famílias pertencentes ao quartil inferior de renda, decorrente do impacto da opacidade

fiscal sobre a tributação direta progressiva, é menor do que o efeito negativo de uma

redução na desigualdade de renda entre famílias pertencentes ao quartil superior de renda

e famílias de renda mediana, decorrente do impacto da opacidade fiscal sobre a tributação

direta progressiva.

92
6.4. Evidências empíricas sobre o crescimento econômico: pré-crise e pós-crise

A partir dos modelos da seção anterior, esta seção apresenta estimativas Sys-

GMM e divide a amostra em duas subamostras: pré-crise (1998-2009) e pós-crise (2010-

2016). Os resultados das tabelas 14 e 15 mostram que todas as regressões aceitam a

hipótese nula nos testes de Sargan (estatística-J) e, portanto, as restrições de

superidentificação estão corretas. Além disso, o teste de autocorrelação serial (AR (2))

indica que não há presença de autocorrelação serial. Os resultados das regressões Sys-

GMM mostram que há coerência com a ideia de que a redução da desigualdade de renda,

por meio da opacidade fiscal e da tributação, é importante para o crescimento econômico.

Ambos os coeficientes de INDOPAC(q1) e INDOPAC(q3) são significativos em todos os

modelos. Além disso, como observado anteriormente, os coeficientes de INDOPAC(q1)

são positivos enquanto em INDOPAC(q3) são negativos.

Em especial, há uma preocupação com a diferença do efeito de uma redução da

desigualdade de renda, impulsionada pelo impacto da opacidade fiscal na tributação direta

progressiva, sobre o crescimento econômico, entre o período antes e depois da crise

financeira global. Os resultados são inequívocos, independentes de banco de dados (FMI

ou OCDE), horizontes temporais e vintages. Os efeitos positivos e negativos associados

aos coeficientes INDOPAC(q3) e INDOPAC(q1), respectivamente, são maiores no

período anterior à crise. Esse resultado é coerente com a visão de que, após a crise

financeira global, a preocupação com a opacidade fiscal aumentou e vários governos

adotaram medidas para mitigá-la. Em outras palavras, os resultados permitem pressupor

que o efeito causado pela opacidade fiscal diminuiu devido às boas práticas adotadas

pelos governos, que por sua vez suavizam o efeito líquido negativo no crescimento

econômico proveniente de uma redução da desigualdade de renda, por meio da tributação

direta progressiva, entre famílias com diferentes percentis de renda.

93
Tabela 14
Efeito do INDOPAC(qk) no GROWTH (PIB per capita) – World Economic Outlook do FMI – SysGMM
pré-crise pós-crise
ano corrente um ano à frente ano corrente um ano à frente
Regressores: Vintage 1 Vintage 2 Vintage 1 Vintage 2 Vintage 1 Vintage 2 Vintage 1 Vintage 2
INDOPAC(q1)i,t 0.808* 0.535** 0.758** 0.482** 0.568* 0.458* 0.586* 0.427*
(0.449) (0.236) (0.343) (0.220) (0.310) (0.254) (0.330) (0.223)
INDOPAC(q3)i,t -0.875* -0.628** -0.797** -0.587** -0.654* -0.501* -0.662* -0.466*
(0.486) (0.254) (0.335) (0.249) (0.355) (0.282) (0.365) (0.220)
MTAXi,t 2.044 -0.016 1.131 0.444 1.190 1.634 1.613 0.809
(2.888) (1.436) (1.088) (1.682) (1.511) (1.548) (1.795) (1.370)
GCEi,t 0.001 0.0001 -0.002 0.0005 -0.00004 0.0007 0.0002 -0.0001
(0.008) (0.002) (0.005) (0.003) (0.002) (0.001) (0.002) (0.001)
Inc(q2)/Inc(q1)i,t 0.120 -0.064 0.082 -0.078 0.053 0.061 0.054 0.075
(0.231) (0.132) (0.119) (0.100) (0.055) (0.052) (0.040) (0.076)
Inc(q3)/Inc(q2)i,t -0.090 0.067 -0.054 0.056 -0.057 -0.068 -0.043 -0.101
(0.241) (0.220) (0.114) (0.144) (0.087) (0.066) (0.063) (0.115)
GDPi,t-1 -0.006 0.002 -0.001 0.006 0.002 0.0001 -0.001 0.004
(0.016) (0.019) (0.013) (0.014) (0.013) (0.006) (0.009) (0.010)
N. Obs. 91 78 91 78 26 26 26 26
N. Inst./N. cross sec. 0.85 0.77 0.92 0.77 0.85 0.92 0.92 0.92
J-stat. 0.32 0.79 0.77 0.75 2.05 3.92 2.58 2.02
p-value 0.96 0.67 0.94 0.69 0.56 0.42 0.63 0.73
AR(2) 1.08 0.40 1.57 0.50 0.37 0.51 0.55 0.24
p-value 0.28 0.69 0.12 0.62 0.71 0.61 0.58 0.81
Nota: Níveis de significância marginal: (***) denota 0,01, (**) denota 0,05, e (*) denota 0,1. Matriz de covariância consistente com heterocedasticidade
de White foi aplicada nas regressões. Os erros padrão estão entre parênteses (Windmeijer, 2005). Sys-GMM utiliza dois estágios de Arellano e
Bover (1995). Teste AR (2) para verificar a presença de correlação serial de segunda ordem nos resíduos de primeira diferença. A amostra
compreende um painel de 13 países, no período de 1998 a 2009 (pré-crise) e 2010 a 2016 (pós-crise). A variável dependente defasada em um
período é incluída nos Modelos, mas não é relatada por conveniência.

94
Tabela 15
Efeito do INDOPAC(qk) no GROWTH (PIB per capita) – Economic Outlook da OCDE– SysGMM
pré-crise pós-crise
ano corrente um ano à frente ano corrente um ano à frente
Regressores: Vintage 1 Vintage 2 Vintage 1 Vintage 2 Vintage 1 Vintage 2 Vintage 1 Vintage 2
INDOPAC(q1)i,t 0.643* 0.504* 0.646* 0.301* 0.571* 0.247*** 0.634* 0.243*
(0.353) (0.258) (0.363) (0.158) (0.302) (0.065) (0.336) (0.129)
INDOPAC(q3)i,t -0.673* -0.637* -0.840* -0.705** -0.646* -0.358*** -0.720* -0.398*
(0.362) (0.342) (0.467) (0.245) (0.361) (0.099) (0.406) (0.198)
MTAXi,t -0.588 1.500 0.561 2.647 1.400 1.106 1.857 0.143
(3.427) (2.805) (2.972) (1.525) (1.501) (0.725) (1.810) (0.605)
GCEi,t -0.0022 0.001 0.0003 0.007 -0.0001 0.001 0.0001 0.002
(0.007) (0.008) (0.008) (0.007) (0.002) (0.002) (0.002) (0.003)
Inc(q2)/Inc(q1)i,t -0.044 0.0002 -0.044 -0.138 0.056 0.012 0.048 -0.013
(0.155) (0.058) (0.180) (0.085) (0.050) (0.016) (0.047) (0.045)
Inc(q3)/Inc(q2)i,t 0.048 -0.026 -0.062 0.118 -0.058 -0.048 -0.047 0.055
(0.38) (0.114) (0.220) (0.134) (0.079) (0.036) (0.077) (0.059)
GDPi,t-1 0.002 0.005 0.018 0.002 0.002 0.005 0.001 -0.005
(0.042) (0.012) (0.044) (0.016) (0.011) (0.005) (0.011) (0.010)
N. Obs. 78 78 78 91 26 26 26 26
N. Inst./N. cross sec. 0.77 0.92 0.77 0.92 0.85 0.92 0.92 0.92
J-stat. 1.11 0.3 2.28 0.82 2.62 3.35 2.38 2.9
p-value 0.574 0.99 0.32 0.936 0.454 0.502 0.666 0.574
AR(2) 0.97 0.65 0.54 1.23 0.6 0.37 0.63 -1.17
p-value 0.334 0.515 0.588 0.217 0.549 0.713 0.531 0.243
Nota: Níveis de significância marginal: (***) denota 0,01, (**) denota 0,05, e (*) denota 0,1. Matriz de covariância consistente com
heterocedasticidade de White foi aplicada nas regressões. Os erros padrão estão entre parênteses (Windmeijer, 2005). Sys-GMM utiliza dois
estágios de Arellano e Bover (1995). Teste AR (2) para verificar a presença de correlação serial de segunda ordem nos resíduos de primeira
diferença. A amostra compreende um painel de 13 países, no período de 1998 a 2009 (pré-crise) e 2010 a 2016 (pós-crise). A variável
dependente defasada em um período é incluída nos Modelos, mas não é relatada por conveniência.

95
7. Conclusão

Este estudo introduz uma novidade a respeito da análise que considera o efeito da

opacidade fiscal e da tributação direta progressiva na redução da desigualdade de renda

entre famílias heterogêneas e, por conseguinte, no crescimento econômico. Com este

intuito, são desenvolvidas diferentes análises a respeito do efeito sobre o crescimento

econômico, por meio de distintos indicadores, bases de dados e períodos de tempo. A

primeira análise refere-se ao efeito decorrente de uma redução da desigualdade de renda

entre famílias heterogêneas, por meio da tributação direta progressiva, medida pela

função do fator de contração. A segunda, refere-se ao efeito decorrente de um aumento

da opacidade fiscal relacionada à subestimação dos déficits orçamentários do governo,

medida pela razão ruído-sinal. A terceira, refere-se ao efeito decorrente da interação entre

a medida de redução da desigualdade de renda entre famílias heterogêneas, por meio da

tributação direta progressiva, e a medida de opacidade fiscal relacionada à subestimação

dos déficits públicos. A quarta, refere-se ao efeito decorrente de um indicador de redução

da desigualdade de renda que combina o uso da função dos fatores de contração e a razão

ruído-sinal, que foi originalmente desenvolvido nesta tese.

Com base em uma amostra de 13 países da OCDE para o período de 1980 a 2016,

são apresentadas evidências que confirmam a suposição de Biswas, Chakraborty e Hai

(2017) quanto à existência de uma natureza assimétrica das políticas tributárias

redistributivas sobre o crescimento econômico. Em relação ao efeito proveniente da

medida de ignorância do público em relação ao déficit fiscal do orçamento no crescimento

econômico, as regressões de dados em painel, baseadas em diferentes bancos de dados,

horizontes temporais e vintages, mostram que a opacidade fiscal reduz o crescimento

econômico. Finalmente, encontrou-se evidências que sustentam a suposição de que um

aumento na opacidade fiscal pode amplificar o efeito assimétrico sobre o crescimento

96
econômico, decorrente de uma redução na desigualdade de renda, por meio da tributação

direta progressiva.

Os resultados referentes ao indicador que captura o impacto da opacidade fiscal

na desigualdade de renda entre famílias heterogêneas, por meio da tributação direta

progressiva, sobre o crescimento econômico, indicam que a opacidade fiscal aumenta o

efeito da redistribuição de renda, por meio da tributação direta progressiva

(INDOPAC(qk)), sobre o crescimento econômico. A partir de diferentes métodos, bancos

de dados, horizontes temporais e subamostras dividias em períodos de tempo distintos, é

possível observar que o resultado das regressões indicam que o efeito de uma redução da

desigualdade de renda, entre famílias do quartil superior de renda e famílias de renda

mediana, sobre o crescimento econômico é negativo e maior do que o efeito positivo

gerado por uma redução da desigualdade de renda entre famílias pertences ao quartil

inferior de renda e famílias de renda mediana. Ademais, os resultados referentes à

investigação que corresponde aos efeitos antes e depois da crise financeira global,

apontam que os coeficientes do indicador de redução da desigualdade de renda, por meio

do impacto da opacidade fiscal na tributação direta progressiva, desenvolvido nesta

análise, diminuíram no período após a crise. O que permite pressupor que o efeito causado

pela opacidade fiscal diminuiu devido às boas práticas adotadas pelos governos, que por

sua vez suavizam o efeito líquido negativo no crescimento econômico proveniente de

uma redução da desigualdade de renda, por meio da tributação direta progressiva, entre

famílias com diferentes quartis de renda.

Além disso, foram adotados controles relacionados a vários aspectos do

crescimento econômico nas diferentes regressões (tributação, desigualdade de renda,

gastos do governo, população, investimento, educação e eficácia governamental). Os

resultados apontam que independentemente do modelo, metodologia, base de dados e

97
período de tempo: i) existe um efeito assimétrico no crescimento econômico quando são

consideradas políticas tributárias que reduzem a desigualdade de renda entre as famílias

de renda mediana e as famílias pertencentes ao quartil inferior de renda (IND(q1)), bem

como entre as famílias de renda mediana e as famílias pertencentes ao quartil superior de

renda (IND(q3)); ii) existe um efeito negativo no crescimento econômico quando aumenta

a medida de opacidade fiscal, relacionada à subestimação dos déficits públicos

(OPACV,h); iii) a inclusão dos termos interativos entre a medida de redução da

desigualdade de renda entre famílias heterogêneas, por meio da tributação direta

progressiva, e a medida de opacidade fiscal, relacionada à medida de ignorância do

verdadeiro tamanho do déficit orçamentário do governo (IND(qk)OPACV,h), amplifica o

efeito assimétrico sobre o crescimento econômico, decorrente de uma redução da

desigualdade de renda, por meio da tributação direta progressiva, entre famílias de renda

alta e mediana, bem como entre famílias de renda mediana e de baixa renda; e, iv) a

construção do indicador que tem por objetivo avaliar como o efeito da opacidade fiscal,

por meio do imposto direto progressivo, impacta a desigualdade de renda e, por

conseguinte, o crescimento econômico, reitera a existência de um efeito assimétrico sobre

o crescimento econômico, decorrente de uma redução da desigualdade de renda entre as

famílias de renda mediana e as famílias pertencentes ao quartil inferior de renda

(INDOPAC(q1)), bem como entre as famílias de renda mediana e as famílias pertencentes

ao quartil superior de renda (INDOPAC(q3)).

Considerar o caráter heterogêneo das famílias nos modelos produz consequências

dramáticas nas implicações políticas. É fato que a redução da desigualdade de renda entre

famílias de classe média e pobres pode melhorar o crescimento econômico. No entanto,

o efeito negativo sobre o crescimento econômico devido à redução da desigualdade de

renda entre famílias ricas e de classe média está associado a uma redução no crescimento

98
econômico, que mais do que compensou o benefício da redução da desigualdade de renda

entre famílias pobres e de classe média. Portanto, um resultado importante desta tese é

que, para o caso dos países desenvolvidos, o uso da tributação direta progressiva como

mecanismo de redução da desigualdade de renda implica em prejuízos para o crescimento

econômico. Então, qual é a melhor saída? A resposta parece ser simples. Em virtude dos

efeitos líquidos decorrentes do uso da tributação direta progressiva como mecanismo para

reduzir a desigualdade de renda, é aconselhável que políticas públicas, que buscam

melhorias no âmbito social, não sejam feitas via tributo, e sim por meio de investimentos

diretos em setores como educação, saúde e infraestrutura. Além disso, é imperativo que

os governos adotem uma postura de transparência fiscal a fim de suavizar o efeito

negativo das finanças públicas insustentáveis sobre o crescimento econômico.

99
8. Referências

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106
Apêndice

Tabela A.1
Correlação entre indicadores de desigualdade de renda (IND(qk), INDOPAC(qk) e GINI)
Horizonte: ano corrente Horizonte: um ano à frente
Desigualdade de
IND(q1) IND(q3) 𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(q1) 𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(q3) 𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(q1) 𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(q3) 𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(q1) 𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(q3) 𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(q1) 𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(q3) GINI
renda:
IND(q1) 1.00 0.91 0.90 0.75 0.93 0.80 0.84 0.69 0.87 0.71 -0.40

IND(q3) 0.91 1.00 0.83 0.85 0.85 0.89 0.75 0.77 0.79 0.80 -0.49

𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(q1) 0.90 0.83 1.00 0.92 0.95 0.87 0.88 0.79 0.94 0.84 -0.31

𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(q3) 0.75 0.85 0.92 1.00 0.84 0.93 0.78 0.85 0.84 0.91 -0.35

𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(q1) 0.93 0.85 0.95 0.84 1.00 0.92 0.86 0.75 0.91 0.79 -0.32

𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(q3) 0.80 0.89 0.87 0.93 0.92 1.00 0.77 0.81 0.83 0.87 -0.37

𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(q1) 0.84 0.75 0.88 0.78 0.86 0.77 1.00 0.92 0.93 0.84 -0.29

𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(q3) 0.69 0.77 0.79 0.85 0.75 0.81 0.92 1.00 0.85 0.91 -0.32

𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(q1) 0.87 0.79 0.94 0.84 0.91 0.83 0.93 0.85 1.00 0.92 -0.29

𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(q3) 0.71 0.80 0.84 0.91 0.79 0.87 0.84 0.91 0.92 1.00 -0.32
GINI (0.40) (0.49) (0.31) (0.35) (0.32) (0.37) (0.29) (0.32) (0.29) (0.32) 1.00
Nota: Esta tabela mostra a correlação entre os indicadores IND(qk) INDOPAC(qk) dos países 13 países da amostra de 1980 a 2016, e o coeficiente de Gini dos países da amostra. Os indicadores
IND(qk) INDOPAC(qk) são resultantes das equação 7 e 10. GINI é obtido da base do Luxembourg Income Study Database. q1= quartil inferior e q3= quartil superior. V1 = vintage 1 e V2 =
vintage 2.

107
Tabela A.2.1
Testes de Dependência de cross-section e Raiz Unitária
Teste de Dependência cross-section Teste de Raiz Unitária
1980-2016 1998-2016 1980-2016 1998-2016
Variável CD-test p-value CD-test p-value Statistic p-value Statistic p-value
GROWTH 26.80 0.00 26.73 0.00 100.11 0.00 54.22 0.00
𝑂𝑃𝐴𝐶 , OECD 10.11 0.00 12.27 0.00 121.10 0.00 83.70 0.00
𝑂𝑃𝐴𝐶 , OECD 18.77 0.00 19.32 0.00 138.31 0.00 95.56 0.00
𝑂𝑃𝐴𝐶 , OECD 4.05 0.00 6.37 0.00 111.38 0.00 103.01 0.00
𝑂𝑃𝐴𝐶 , OECD 13.91 0.00 15.46 0.00 138.07 0.00 79.76 0.00
𝑂𝑃𝐴𝐶 , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a 15.00 0.00 n/a n/a 83.87 0.00
𝑂𝑃𝐴𝐶 , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a 16.39 0.00 n/a n/a 83.11 0.00
𝑂𝑃𝐴𝐶 , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a 8.00 0.00 n/a n/a 73.16 0.00
𝑂𝑃𝐴𝐶 , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a 17.28 0.00 n/a n/a 77.58 0.00
IND(q1) 3.03 0.00 3.23 0.00 12.80 0.01 51.50 0.00
IND(q3) 7.49 0.00 7.34 0.00 45.45 0.01 61.77 0.00
MTAX 3.28 0.00 -0.14 0.89 49.99 0.00 100.58 0.00
GCE 11.92 0.00 19.41 0.00 43.25 0.02 54.46 0.00
INC(q2)/INC(q1) -1.95 0.05 0.18 0.86 89.36 0.00 75.44 0.00
INC(q3)/INC(q2) 14.67 0.00 3.76 0.00 90.11 0.00 52.46 0.00
GDP 51.86 0.00 29.62 0.00 508.12 0.00 35.94 0.09
POP 49.79 0.00 30.72 0.00 53.16 0.00 39.50 0.04
INV 16.36 0.00 6.57 0.00 44.78 0.00 45.33 0.01
EDUC 34.61 0.00 12.88 0.00 68.92 0.00 42.07 0.01
GEF 7.37 0.00 7.48 0.00 43.87 0.02 41.16 0.03
Nota: OCDE = Economic Outlook, OCDE. FMI = World Economic Outlook, FMI. q1= quartil inferior e q3= quartil superior.
V1 = vintage 1 e V2 = vintage 2. H=t é o horizonte: ano corrente. H=t+1 é o horizonte: um ano à frente. Teste de
Dependência de cross-section - hipótese nula de dependência de cross-section CD~N(0,1). Teste de Raiz Unitária –
ADF-Fisher Chi-Square pressupõe processo de raiz unitária individual. Hipótese nula: raiz unitária. Seleção
automática do número de lags baseada no critério de Schwarz. Intercepto e tendência são incluídos.

108
Tabela A.2.2
Testes de Dependência de cross-section e Raiz Unitária
Teste de Dependência cross-section Teste de Raiz Unitária
1980-2016 1998-2016 1980-2016 1998-2016
Variável CD-test p-value CD-test p-value Statistic p-value Statistic p-value
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , OECD 7.42 0.00 6.41 0.00 269.11 0.00 83.57 0.00
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , OECD 11.96 0.00 14.55 0.00 86.61 0.00 85.89 0.00
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , OECD 12.57 0.00 13.84 0.00 107.38 0.00 58.11 0.00
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , OECD 16.84 0.00 19.45 0.00 99.97 0.00 75.22 0.00
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , OECD 3.25 0.00 4.02 0.00 91.06 0.00 73.24 0.00
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , OECD 9.06 0.00 11.04 0.00 115.10 0.00 67.04 0.00
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , OECD 9.00 0.00 9.93 0.00 99.28 0.00 80.97 0.00
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , OECD 14.48 0.00 17.02 0.00 136.01 0.00 86.41 0.00
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a 10.27 0.00 n/a n/a 71.73 0.00
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a 14.87 0.00 n/a n/a 64.66 0.00
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a 11.58 0.00 n/a n/a 67.53 0.00
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a 15.69 0.00 n/a n/a 64.25 0.00
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a 6.77 0.00 n/a n/a 76.70 0.00
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a 11.01 0.00 n/a n/a 104.20 0.00
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a 12.48 0.00 n/a n/a 66.51 0.00
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a 16.85 0.00 n/a n/a 59.23 0.00
Nota: OCDE = Economic Outlook, OCDE. FMI = World Economic Outlook, FMI. q1= quartil inferior e q3= quartil superior.
V1 = vintage 1 e V2 = vintage 2. H=t é o horizonte: ano corrente. H=t+1 é o horizonte: um ano à frente. Teste de
Dependência de cross-section - hipótese nula de dependência de cross-section CD~N(0,1). Teste de Raiz Unitária –
ADF-Fisher Chi-Square pressupõe processo de raiz unitária individual. Hipótese nula: raiz unitária. Seleção
automática do número de lags baseada no critério de Schwarz. Intercepto e tendência são incluídos.

109
Table A.3.1
Estatística Descritiva
Amostra: 1980-2016 Amostra: 1998-2016
Variável Mean Med Max Min S.D. Mean Med Max Min S.D.
GROWTH 0.02 0.02 0.11 -0.09 0.02 0.01 0.01 0.10 -0.09 0.02
𝑂𝑃𝐴𝐶 , OECD 0.12 0.00 1.00 0.00 0.25 0.10 0.00 1.00 0.00 0.23
𝑂𝑃𝐴𝐶 , OECD 0.18 0.00 1.00 0.00 0.32 0.19 0.00 1.00 0.00 0.33
𝑂𝑃𝐴𝐶 , OECD 0.09 0.00 1.00 0.00 0.21 0.08 0.00 1.00 0.00 0.18
𝑂𝑃𝐴𝐶 , OECD 0.16 0.00 1.00 0.00 0.30 0.16 0.00 1.00 0.00 0.29
𝑂𝑃𝐴𝐶 , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a n/a n/a n/a 0.15 0.00 1.00 0.00 0.30
𝑂𝑃𝐴𝐶 , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a n/a n/a n/a 0.26 0.00 1.00 0.00 0.39
𝑂𝑃𝐴𝐶 , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a n/a n/a n/a 0.11 0.00 1.00 0.00 0.24
𝑂𝑃𝐴𝐶 , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a n/a n/a n/a 0.25 0.00 1.00 0.00 0.38
IND(q1) 0.22 0.22 0.48 0.01 0.10 0.22 0.22 0.43 0.01 0.10
IND(q3) 0.25 0.26 0.44 0.04 0.09 0.24 0.24 0.42 0.04 0.08
MTAX 0.29 0.30 0.61 0.04 0.13 0.00 0.00 0.17 -0.17 0.03
GCE 19.33 19.42 27.94 10.04 4.35 19.45 19.42 27.94 10.91 4.23
INC(q2)/INC(q1) 1.74 1.72 2.12 1.43 0.15 1.73 1.72 2.02 1.43 0.13
INC(q3)/INC(q2) 1.57 1.57 1.92 1.38 0.11 1.59 1.59 1.92 1.38 0.11
GDP 10.57 10.59 11.43 8.22 0.48 10.75 10.76 11.43 9.45 0.35
POP 3.08 2.93 5.78 1.41 1.23 3.13 3.05 5.78 1.49 1.23
INV 23.64 22.89 41.37 14.43 4.36 22.76 22.35 33.02 14.43 3.76
EDUC 105.67 101.07 158.15 71.96 17.91 112.21 103.18 158.15 90.22 18.15
GEF 1.66 1.77 2.35 0.20 0.45 1.69 1.82 2.35 0.20 0.45
Nota: OCDE = Economic Outlook, OCDE. FMI = World Economic Outlook, FMI. q1= quartil inferior e q3= quartil superior.
V1 = vintage 1 e V2 = vintage 2. H=t é o horizonte: ano corrente. H=t+1 é o horizonte: um ano à frente. Mean – média.
Med – mediana. n/a - não aplicável. Max = máximo. Min = mínimo. S.D. = desvio padrão.

110
Tabela A.3.2
Estatística Descritiva
Amostra: 1980-2016 Amostra: 1998-2016
Variável Mean Med Max Min S.D. Mean Med Max Min S.D.
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , OECD 0.24 0.24 0.59 0.01 0.12 0.23 0.23 0.52 0.01 0.10
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , OECD 0.27 0.27 0.62 0.04 0.11 0.25 0.25 0.50 0.04 0.09
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , OECD 0.26 0.25 0.81 0.01 0.13 0.25 0.24 0.75 0.01 0.12
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , OECD 0.29 0.28 0.69 0.04 0.12 0.27 0.27 0.69 0.04 0.11
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , OECD 0.24 0.23 0.60 0.01 0.11 0.23 0.23 0.55 0.01 0.10
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , OECD 0.26 0.26 0.62 0.04 0.10 0.25 0.25 0.52 0.04 0.09
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , OECD 0.25 0.24 0.67 0.01 0.12 0.24 0.24 0.67 0.01 0.11
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , OECD 0.28 0.27 0.64 0.04 0.12 0.26 0.26 0.62 0.04 0.10
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a n/a n/a n/a 0.25 0.23 0.75 0.01 0.13
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a n/a n/a n/a 0.27 0.25 0.69 0.04 0.12
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a n/a n/a n/a 0.27 0.24 0.79 0.01 0.15
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a n/a n/a n/a 0.29 0.28 0.73 0.04 0.14
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a n/a n/a n/a 0.24 0.23 0.63 0.01 0.12
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a n/a n/a n/a 0.26 0.25 0.59 0.04 0.11
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a n/a n/a n/a 0.27 0.24 0.76 0.01 0.15
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , 𝐼𝑀𝐹 n/a n/a n/a n/a n/a 0.29 0.27 0.71 0.04 0.14
Nota: OCDE = Economic Outlook, OCDE. FMI = World Economic Outlook, FMI. q1= quartil inferior e q3= quartil superior.
V1 = vintage 1 e V2 = vintage 2. H=t é o horizonte: ano corrente. H=t+1 é o horizonte: um ano à frente. Mean – média.
Med – mediana. n/a - não aplicável. Max = máximo. Min = mínimo. S.D. = desvio padrão.

111
Tabela A.3.3
Estatística Descritiva
Amostra: pré-crise (1998-2009) Amostra: pós-crise (2010-2016)
Variável Mean Med Max Min S.D. Mean Med Max Min S.D.
GROWTH 0.01 0.02 0.10 -0.09 0.03 0.01 0.01 0.06 -0.03 0.01
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , OECD 0.23 0.24 0.52 0.01 0.11 0.22 0.22 0.41 0.02 0.10
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , OECD 0.27 0.27 0.50 0.04 0.09 0.23 0.23 0.36 0.04 0.08
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , OECD 0.25 0.25 0.75 0.01 0.13 0.24 0.23 0.57 0.02 0.11
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , OECD 0.29 0.28 0.69 0.04 0.12 0.24 0.24 0.50 0.04 0.09
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , OECD 0.23 0.23 0.55 0.01 0.10 0.22 0.22 0.40 0.02 0.10
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , OECD 0.26 0.27 0.52 0.04 0.09 0.23 0.23 0.34 0.04 0.08
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , OECD 0.24 0.25 0.67 0.01 0.12 0.23 0.22 0.41 0.02 0.11
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , OECD 0.28 0.28 0.62 0.04 0.11 0.23 0.24 0.36 0.04 0.08
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , 𝐼𝑀𝐹 0.26 0.24 0.75 0.01 0.14 0.23 0.22 0.44 0.02 0.11
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , 𝐼𝑀𝐹 0.29 0.27 0.69 0.04 0.13 0.23 0.24 0.42 0.04 0.08
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , 𝐼𝑀𝐹 0.28 0.25 0.79 0.01 0.16 0.26 0.23 0.66 0.02 0.14
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , 𝐼𝑀𝐹 0.31 0.29 0.73 0.04 0.15 0.26 0.24 0.60 0.04 0.11
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , 𝐼𝑀𝐹 0.25 0.24 0.63 0.01 0.14 0.22 0.22 0.40 0.02 0.10
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , 𝐼𝑀𝐹 0.28 0.27 0.59 0.04 0.12 0.23 0.23 0.35 0.04 0.08
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞1) , 𝐼𝑀𝐹 0.28 0.26 0.76 0.01 0.16 0.25 0.23 0.73 0.02 0.13
𝐼𝑁𝐷𝑂𝑃𝐴𝐶(𝑞3) , 𝐼𝑀𝐹 0.32 0.29 0.71 0.04 0.15 0.25 0.24 0.63 0.04 0.11
IND(q1) 0.21 0.22 0.43 0.01 0.09 0.22 0.21 0.40 0.02 0.10
IND(q3) 0.24 0.26 0.42 0.04 0.08 0.22 0.23 0.34 0.04 0.08
MTAX -0.002 -0.001 0.17 -0.17 0.03 0.0002 -0.0001 0.07 -0.06 0.02
GCE 18.96 19.16 27.94 10.91 4.05 20.30 20.42 27.37 11.60 4.42
INC(q2)/INC(q1) 1.74 1.74 2.02 1.43 0.13 1.72 1.71 1.99 1.53 0.12
INC(q3)/INC(q2) 1.58 1.59 1.76 1.38 0.10 1.62 1.62 1.92 1.46 0.10
GDP 10.71 10.73 11.43 9.45 0.37 10.80 10.82 11.41 10.00 0.32
POP 3.11 2.99 5.73 1.49 1.23 3.17 3.15 5.78 1.59 1.23
INV 22.98 22.35 33.02 14.43 3.53 22.38 21.63 32.96 15.56 4.11
EDUC 110.79 102.25 156.55 90.22 17.84 114.64 108.26 158.15 91.96 18.52
GEF 1.72 1.87 2.35 0.20 0.47 1.64 1.77 2.24 0.37 0.43
Nota: OCDE = Economic Outlook, OCDE. FMI = World Economic Outlook, FMI. q1= quartil inferior e q3= quartil superior.
V1 = vintage 1 e V2 = vintage 2. H=t é o horizonte: ano corrente. H=t+1 é o horizonte: um ano à frente. Mean – média.
Med – mediana. n/a - não aplicável. Max = máximo. Min = mínimo. S.D. = desvio padrão.

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