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SOCIEDADE CULTURAL EDUCACIONAL DE ITAPEVA FACULDADE DE

CIÊNCIAS SOCIAIS E AGRÁRIAS DE ITAPEVA

ANDRÉ MATHEUS CARDOSO DE ALMEIDA

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA COMO FERRAMENTA PARA AS MEP’s

Itapeva/SP - Brasil
2023
ANDRÉ MATHEUS CARDOSO DE ALMEIDA

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA COMO FERRAMENTA PARA AS MEP’s

Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências


Sociais e Agrárias de Itapeva como parte das
obrigações para obtenção do título de Bacharel em
Administração.

Prof. Adriano Augusto de Souza

Itapeva/SP - Brasil
2023
Dedico essa conquista primeiramente a
minha família e amigos que me
incentivaram nessa jornada, bem como
aos professores que me auxiliaram em
especial aos professores Adriano Augusto
de Souza e Fabiano Ramos Santos.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelas forças para a conclusão desse


trabalho. Sem ele nada seria possível.
Aos Familiares por todo apoio e compreensão e auxilio.
Aos meus professores Adriano Augusto de Souza e Fabiano Ramos Santos
por todas as orientações e a Coordenadora de Curso Prof. Dra. Maria Emília Silveira
Camargo por todo o apoio e consideração.
Aos meus amigos que não me deixaram desistir no meio da Jornada.
Aos membros da Banca que enriqueceram o presente trabalho de conclusão
de curso.
Enfim, agradeço a todas as pessoas que fizeram parte em algum momento de
minha jornada como acadêmico.
RESUMO

Para a composição do presente trabalho que tem como principal objetivo trazer à
tona a discussão acerca dos benefícios da utilização da administração financeira e
seus recursos por micro e pequenas empresas no contexto nacional, do qual, no
atual cenário não se demonstra favorável para a composição de empresas de
pequeno porte, tendo em vista os altos índices de insolvência que enfrentam as
micro e pequenas empresas , principalmente pela falta de gestão e dos poucos
recursos disponíveis por essa modalidade de organização. Mediante isso, se utilizou
de um modelo de pesquisa exploratório que buscava se aprofundar no tema
abordado se utilizando da revisão bibliográfica para a reunião de material
bibliográfico.

Palavras chaves: administração financeira; pequenas empresas; organização


ABSTRACT

This study aims to assess the benefits of applying financial administration for micro
and small entrepreneurs in national scale, which, in the current scenario, is not an
advantage, given the high insolvency rates that micro and small companies face,
mainly due to the lack of management and the few resources available for this type
of organization. Therefore, an exploratory research approach was used to retrieve
information on this matter through bibliographic review to gather
bibliographic material.

Keywords: financial administration; small businesses; organization


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

MEP’S Micro e pequenas empresas


Sebrae Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................5
2 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA COMO FERRAMENTA PARA AS MEP’S.............7
2.1 Micro e Pequenas Empresas (MEP’S)..............................................................7
2.1.1 História no Brasil........................................................................................ 7
2.1.2 Administração e a Gestão Financeira.........................................................9
2.1.3 Desafios Financeiros................................................................................13
2.2 Ferramentas Financeiras Relevantes para MEP’S..........................................18
2.2.1 Fluxo de Caixa..........................................................................................18
2.2.2 Índices de Liquidez...................................................................................22
2.3 Participação no PIB Nacional..........................................................................25
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................................27
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................28
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................30
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 31
9

1 INTRODUÇÃO

A administração financeira é parte importante do processo de decisão das


empresas, segundo Pimentel e Braga (2005) essa diz a respeito, principalmente, da
utilização de recursos de maneira otimizada e bem estabelecida, buscando reunir e
gerir o capital de maneira a maximizar o lucro.
Porém, no sentido dessa conjuntura, Pinheiro e Neto (2019) em uma pesquisa
sobre os altos índices de mortalidade de empresas, abordam que a falta da
administração financeira e gestão financeira, fica explicita como um dos fatores mais
preocupantes, em especial para as empresas de micro e pequeno porte, pois são as
mais prejudicadas dada suas dificuldades de capital de giro.
Mesmo que no contexto geral as micro e pequenas empresas sejam uma
alternativa para a melhora na economia nacional e segundo Silva et al. (2017) são
parte importante do atual contexto empresarial nacional, sendo então a alta taxa de
mortalidade um problema tendo em vista a larga geração de empregos, bens e
serviços por essas.
Dessa maneira, o tema aqui abordado, sendo ele relacionado a utilização da
administração financeira como uma importante ferramenta para as micro e pequenas
empresas, se faz importante, tendo em vista a participação dessas na economia
nacional como supracitado, e suas grandes dificuldades financeiras, que aqui serão
abordadas com ênfase em suas possíveis causas e soluções.
Com essa importância de escala nacional em relação as MEP’s, o presente
trabalho projeta como hipótese que a baixa utilização da administração financeira
como ferramenta, por parte das micro e pequenas empresas, implica o alto índice de
mortalidade empresarial de organizações desse porte no Brasil.
Portanto para investigar essa hipótese, a pesquisa tem como objetivo geral
relacionar as dificuldades financeiras, os altos índices de mortalidade à não
utilização da administração financeira. Sendo que os objetivos específicos, por sua
vez, são estabelecer a história e o conceito de administração financeira; bem como a
importância desta dentro das micro e pequenas empresas, listando suas principais
ferramentas de gestão; e por fim, dimensionar a relevância das MEP`s para a
economia nacional.
Já o problema de pesquisa a ser desenvolvido será: qual a importância da
administração financeira para as MEP’s?
10

Para a compreensão dos diversos aspectos referentes a justificativa,


hipótese, e aos objetivos alvos, se utilizou da metodologia exploratória, para que
fosse possível se aprofundar inteiramente na temática contemplada e estabelecer as
relações supracitadas.
11

2 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA COMO FERRAMENTA PARA AS MEP’S

2.1 Micro e Pequenas Empresas (MEP’S)

2.1.1 História no Brasil


De acordo com o Capítulo ll e artigo 3° da Lei complementar Nº 123, de 14
de dezembro de 2006, se define como microempresa a pessoa jurídica ou firma
individual que não ultrapassa a arrecadação máxima de R$ 360.000,00 por ano
(Brasil, 2006).
Já as empresas de pequeno porte são, por sua vez, definidas pelo Capítulo ll
do artigo 3° dessa mesma lei complementar, como sendo a pessoa jurídica ou firma
individual, que não estejam enquadradas como microempresas e ultrapassem a
arrecadação anual bruta de R$ 360.000,00 ou tenham receita bruta anual inferior ou
igual a R$ 4.800.000,00 (Brasil, 2006).
As micro e pequenas empresas fazem parte do ambiente econômico do país
e possuem fundamental importância. Porém, a valorização dessas se deu apenas na
constituição de 1988, ação defasada em relação ao restante do mundo, onde as
principais economias globais já apresentavam alternativas de porte para essa
categoria de empresa a 30 anos, as auxiliando desde a década de 50 (Sebrae,
2023). Dentre os diversos princípios da economia nacional, a Constituição
menciona, em referência às micro e pequenas empresas no art. 170 que a livre
iniciativa tem por objetivo assegurar a existência digna dos indivíduos, de maneira a
preservar alguns princípios sendo eles a soberania nacional, propriedade privada
função social da propriedade, livre concorrência e a defesa do consumidor (Brasil,
1988, [n.p]).
Por meio disso a Carta Magna instituía a livre concorrência, os princípios de
funcionamento e diretrizes, onde o Estado fica responsável por auxiliar na
implementação de alternativas que tratassem de maneira privilegiada as empresas
de pequeno porte em algumas considerações, devido ao princípio de livre mercado,
que beneficia a entrada de pequenas empresas no mercado e dificulta a formação
de monopólios. Mais adiante o art. 179 da Constituição aponta o seguinte em
relação a dispensação das microempresas e empresas de pequeno porte de
algumas obrigações, tais como a facilitação tributaria, administrativa previdenciária e
de crédito, proporcionando um tratamento privilegiado a essas categorias de
12

empresa com o objetivo de incentivar a atividade empreendedora e facilitar suas


obrigações (BRASIL, 1988, [n.p])
Por meio destes ficava então instituído as obrigações fiscais simplificadas das
micro e pequenas empresas, que por sua vez buscava suscitar o aparecimento de
novas empresas, por meio de diminuir sua carga tributária e chances do fechamento
por excesso de obrigações para com o Estado.
Era então estabelecida a necessidade de auxílios as empresas de pequeno
porte, onde, segundo SEBRAE (2022), as primeiras regulamentações a respeito das
resoluções 170 e 179 da Constituição foi o Simples Federal, que era uma ferramenta
que visava a diminuição da burocracia relacionada a arrecadação do Estado,
facilitando para as pequenas empresas. No entanto, ainda de acordo com Sebrae
(2022), os estados da federação não aceitaram bem as novas normativas e decidiram
não adotar o sistema de tributação, resultando em 27 sistemas de tributações
diferentes em todo o país, estendendo para os municípios que também desprezaram
as novas regras, e em muitos casos ignorando as necessidades especiais das micro
e pequenas empresas.
Já no ano de 2003 foi estabelecido o chamado Estatuto da MEP, que consistiu
em uma modificação no sistema tributário que beneficiava as micro e pequenas
empresas, facilitando o regime tributário e diminuindo as tributações (SEBRAE,
2022).
De acordo com Silva (2019) a definição de Microempreendedor individual
(MEI), apareceu em 14 de dezembro 2006 por meio da lei complementar n° 123 e
acabou sofrendo inúmeras modificações até o ano de 2008, onde foi alterada pela lei
complementar n° 128, e só mais tarde no ano de 2009 finalmente começava os
primeiros registros de empresas com a categorização de Microempreendedor
individual.
Microempreendedor Individual passou a valer a partir do dia 1 de julho de
2009, e ao final de 31 de dezembro, foram realizados mais de 49 mil cadastros de
novas pessoas adeptas ao novo modelo de empreendedorismo (Sebrae, 2022).
Para Silva (2019) a criação dessa categoria de empresa foi de grande
importância pois tirou inúmeros indivíduos da informalidade e trouxe novas
oportunidades de crescimento para as pequenas empresas que agora conseguiam
realizar dentro da lei seus negócios, assim sem se preocupar com a informalidade.
13

É possível observar que a criação do Microempreendedor individual foi um


importante marco para a história das empresas de pequeno porte, pois fez então a
devida distinção tributária das empresas de menor e maior porte, estimulando o
aparecimento de inúmeras microempresas como também a saída da informalidade
de vários dos indivíduos, que não possuíam as condições necessárias para manter
uma empresa de porte maior, em detrimento da grande carga tributária e incertezas
de mercado.
Dados mais recentes, apontam que no primeiro quadrimestre de 2022 foram
criadas mais de 1,3 milhão de empresas (ME, 2022) sendo um número de grande
expressividade e relevância. Segundo o Ministério da Economia (2022), as micro e
pequenas empresas representam cerca de 99% das empresas do cenário nacional,
empregando cerca de 62% dos trabalhadores, ou seja, mais da metade dos
empregos são gerados por empresas de pequeno porte, que ainda são responsáveis
por cerca de 27% do PIB nacional.

2.1.2 Administração e a gestão financeira

De acordo com o tópico anterior, é nítido que as pequenas empresas são de


grande importância para o cenário empresarial brasileiro, sendo essas, de acordo
com Barbosa (2010), os “pilares” da economia nacional, devido ao fato de
representarem grande parte dos postos de trabalho e as movimentações financeiras
de tributos pagos a união, estados e municípios. Tal constatação por parte do autor,
aponta ainda mais o elevado número de mortalidade de empresas no Brasil como
sendo algo preocupante.
No estudo realizado pelos autores Pinheiro e Neto (2019), que tinha como
objetivo visualizar as principais causas da mortalidade das micro e pequenas
empresas, concluiu que uma das principais causas de insolvência das pequenas
organizações é justamente o despreparo dos administradores e o não conhecimento
de diversos pontos cruciais para o desenvolvimento da atividade empreendedora,
como conhecimento de mercado, capital de giro, ausência de planejamento
estratégico e tático.
Barbosa (2010) ainda destaca que o atual cenário mercadológico no país é
extremamente competitivo e dinâmico, isto é, está a todo momento sofrendo
influências tanto externas quanto internas, cabendo as organizações se adaptarem
14

as novas demandas, competitividade, tendências, ameaças e oportunidades, sendo


que quando essas não conseguem uma perspectiva constante de melhoria, podem
ficar alienadas no mercado, o que por sua vez se torna um risco.
Dado isso, Barbosa (2010) ainda define algumas implicações acerca da
realização dos objetivos empresariais no país, tais como o planejamento financeiro,
que deve ser feito de maneira segura e eficaz, sendo assim a empresa deve saber o
momento de captar recursos, gerir pagamentos por clientes, reduzir custo de
compras e lidar com as possíveis mudanças mercadológicas.
Nesse sentido as micro e pequenas empresas, acordo com Schuster e
Friedrich (2017), possuem sérios problemas de gestão, sendo um deles a falta de
expertise em alguns assuntos relevantes ao desenvolvimento da empresa, como em
relação à contabilidade, gestão e economia, todos esses objetos de estudo da
administração financeira.
Segundo Ross et al. (1998), a administração financeira está presente na
concepção de toda e qualquer empresa, uma vez, que no ato de criação de uma
nova organização três questionamentos são levantados, o primeiro sendo a respeito
de quais investimentos a longo prazo devem ser feitos; o segundo acerca de quais
as fontes de financiamento a serem utilizadas para se realizar o empreendimento; e
por último como fazer a gestão básica do negócio compondo seus elementos mais
cotidianos, por exemplo, como quitar suas dívidas com fornecedores e fazer o
recebimento dos clientes. Sendo que a resposta para essas, surgem somente por
meio da administração financeira, auxiliando no desenvolvimento da organização
(Ros et al, 1998).
Já segundo Gitman (2002), a administração financeira se relaciona
intimamente com a economia e a contabilidade, sendo ela uma área extremamente
importante para a organização, pois fica a cargo da gerência dos demais setores,
negociando e trabalhando as considerações financeiras que dizem respeito a esses,
como a necessidade de compra de material, contratação de novos colaboradores,
negociações de novos financiamentos e avaliação dos resultados financeiros e
operacionais.
Com isso podemos perceber que o papel da administração financeira dentro
da organização e justamente equilibrar, juntamente à contabilidade, as finanças da
empresa, visando a maior lucratividade e estabelecendo relações entre as
demandas e necessidades dos demais setores.
15

De acordo com Ross (1998), o administrador financeiro por sua vez, está
sempre associado a um alto executivo que exerce controle sobre os setores abaixo
na hierarquia e está denominado de maneira frequente como diretor financeiro ou
vice-presidente de finanças, tendo uma série de estruturas organizacionais, abaixo
de seu nível hierárquico, às quais é responsável, conforme indicado na Figura 1:

Figura 1- Organograma estrutural

Fonte: Ross (1998)

Já na ótica de Barbosa (2010) o administrador financeiro é aquele


responsável pela orientação das atitudes tomadas pelos dirigentes da empresa.
Segundo Gitman (2002) a administração financeira tem seu papel
estabelecido de acordo com a dimensão da organização, ou seja, em
organizações de menor porte esta função normalmente é exercida pelo responsável
pela contabilidade, em contrapartida nas empresas de maior porte há a existência de
um setor específico para o gerenciamento financeiro, qual é de grande importância
para a saúde financeira da organização.
Nesse contexto, compreendendo os lucros como sendo uma consequência
dos resultados positivos da empresa, de acordo com Fromm (1991), a visão limitada
em relação a esses faz com que o planejamento a longo prazo fiquem em segundo
plano, sacrificando a estratégia em detrimento de resultados imediatos que
mascaram uma falsa boa saúde financeira.
16

No entanto, ainda segundo Fromm (1991) esse exemplar de focalização na


lucratividade de curto prazo desconsiderando os eventos futuros, caracterizam uma
gestão míope que pode exibir resultados imediatos, mas que consequentemente
afeta toda a estrutura da companhia.
Trazendo essas considerações para o atual cenário nacional das empresas,
facilita o entendimento fácil de como o conceito de empresa e lucro é deturpado,
pois popularmente essa visão futura é pouca explorada pelas empresas,
principalmente os pequenos empresários que não destinam tempo ao planeamento
e a entender a real natureza de uma empresa, buscando somente os lucros sem
conhecer os reais desafios empresariais.
Dentre esses desafios do primeiro período da empresa no mercado, que
tendem a ser os mais difíceis no quesito de estabelecimento dos conceitos
necessários para sua sobrevivência, considerando como um ecossistema o
ambiente empresarial, a sobrevivência das empresas depende unicamente da sua
adaptação a esse ecossistema e um dos principais componentes para essa
adaptação é justamente o requisito financeiro, onde se enquadra a administração
financeira, muito embora seja realidade que os requisitos financeiros sejam um
subproduto da atividade empresarial, a lucratividade ainda é o motivo principal para
se manter uma empresa em funcionamento. Quando relacionado ao pequeno
empreendedor a falta de lucratividade tem um papel ainda maior no fechamento de
empresas, por não perceber suas próprias dificuldades, sejam elas gerenciais,
financeiras ou no aspecto do planejamento.
Dado isso como um problema gerencial em pequenas empresas, quando
contextualizado pelo microempreendedor individual que fica a cargo de todo o
gerenciamento de sua empresa, o cenário fica ainda mais preocupante, pois
considerando a falta de planejamento de finanças e da overdose de informações em
referência a atividade da empresa, a mesma fica fadada ao fracasso, se não
implementadas ferramentas que contribuam no dia a dia do controle das atividades
do gestor.
Sendo que a administração financeira, de acordo com a literatura apresentada
até aqui, aparece como uma dessas ferramentas. Que visa a obtenção de recursos
capazes de auxiliar o empresário a manter sua empresa sem maiores problemas
17

financeiros e de mercado, sendo então uma alternativa clara para as Micro e


pequenas empresas em sua jornada em busca da estabilidade.

2.1.3 Desafios financeiros

É visto que o empreendedorismo é uma das grandes alternativas de


crescimento de uma economia, não sendo diferente no Brasil, onde os
empreendedores ocupam um papel extremamente relevante.
De acordo com Rocha (2016) o ato de empreender é a busca incessante por
oportunidades, feita por pessoas com perfil desafiador e que não temem correr
riscos em prol da realização de suas metas e objetivos.
Já na ótica de Dornelas (2016) o empreendedorismo consiste em um conjunto
de pessoas envolvidas na transformação de ideias em verdadeiras oportunidades de
mercado, quais, quando bem implementadas, levam ao sucesso do negócio.
Para complementar, os autores Hisrich e Peters (2004), dissertam que a
atividade empreendedora não assume apenas uma definição, mas pode variar
dependendo da ótica pela qual é observada, o que gera uma abrangência enorme
ao termo empreendedorismo, do qual, não se limita ao conceito de formação de
empresas e nem geração de riquezas, mas pode representar algo bem mais
complexo e individual.
O empreendedorismo não é exclusividade da administração ou áreas
relacionadas a empresas, mas sim, segundo Hisrich e Peters (2004), uma coisa
comum encontrada em todas as profissões. Sendo assim, uma coisa que fica
esclarecida é que os riscos e problemas enfrentados pelos empreendedores, são
comuns entre todos, independentemente de seu nicho ou área de atuação.
Segundo Santos et al. (2009) a gestão financeira de curto prazo é um dos
fatores determinantes e uma das principais causas de insucesso entre as micro e
pequenas empresas, estando relacionada as dificuldades de liquidez, que tem alta
relevância pelo descaso de alguns empreendedores.
A liquidez ou solvência de acordo com Pimentel e Braga (2005) diz respeito a
habilidade da organização de liquidar seus compromissos financeiros em
determinado período, ou prazos contratados, onde a manutenção de uma liquidez
correta é o diferencial essencial para a sobrevivência das empresas
18

Ainda de acordo com Pimentel e Braga (2005), a liquidez comumente tem


valores acima de 1,0 retratados como ideias, no entanto sua análise é bem mais
complexa e envolve uma série de outras implicações, pois, nem sempre liquidez
abaixo de 1,0 representarão uma incapacidade de pagamento das contas, mas sim,
também pode servir como indicação da independência do capital de terceiros para o
pagamento de tais contas.
Uma empresa com baixa liquidez e pouca rentabilidade tende a levantar
empréstimos que aumentam suas despesas financeiras, sendo essa elevação
devido as taxas crescentes, uma vez que as fontes de financiamento mais baratas
são facilmente esgotadas (Pimentel; Braga, 2005). Além disso, com o nível de
endividamento amplamente aumentado, a empresa começa a perder credibilidade, o
que afeta sua habilidade de conseguir financiadores para suas atividades,
prejudicando também seu fluxo de caixa e recursos, onde se fica cada vez mais
difícil manter as contas em dia, obrigando a empresa a pegar mais crédito, pagar
mais juros e arcar com preços mais elevados, prejudicando a saúde financeira da
organização. Com isso podemos perceber os malefícios da má utilização de
recursos financeiros, em especial quando comprometem a liquidez no curto, médio e
longo prazo, pois interferem diretamente na relação da organização com seus
fornecedores e demais stakeholders (Pimentel; Braga, 2005)
Outra dificuldade encontrada em micro e pequenas empresas, também
relacionada a liquidez, é a não utilização de fluxo de caixa. Segundo Bernardino
(2021), a deficiência na utilização do fluxo de caixa que pode ser prejudicial para
diversos setores dentro de uma organização, pois esse é uma ferramenta
extremamente importante dentro da administração financeira e serve principalmente
para determinar a liquidez da empresa, também fazendo previsões acerca de
possíveis problemas futuros de caixa.
Bernardino (2021) ainda complementa que muitas das empresas, embora
tenham bons lucros e resultados, vão a falência devido à falta de caixa,
contextualizando para as micro e pequenas empresas, das quais a grande parte não
faz uso de tais estratégias para a determinação do seu fluxo de caixa e de suas
taxas de liquidez. Essa fragilidade no controle de entradas e saídas de caixa, pode
ser um fator extremamente relevante principalmente para as MEP’S, que tem um
fluxo de caixa normalmente mais rápido e volátil.
19

Dessa maneira de acordo com Silva (1995), o fluxo de caixa é conceituado


como um dos principais instrumentos de análise financeira, fazendo uma
demonstração da circulação de dinheiro no caixa da organização, no entanto, muitas
das transações não envolvam o caixa propriamente dito, ainda assim é uma das
ferramentas mais importantes de posicionamento para os gestores.
Segundo Bernardino (2021) o fluxo de caixa facilita a análise e a verificação
do cumprimento dos objetivos organizacionais anteriormente idealizados pelo
planejamento de operações da empresa, fazendo um paralelo das entradas e saídas
de caixa, auxiliando no controle das entradas e saídas da empresa.
Para contextualizar melhor o uso dos demonstrativos financeiros, segundo
Schuster e Friedrich (2017), em sua pesquisa realizada com cerca 40 empresas
mediante um questionário, no qual fazia uma série de perguntas relacionadas a
utilização ou não de demonstrativos financeiros, teve os seguintes resultados
representados na Figura 2:

Figura 2- Resultado de parte da pesquisa

Fonte: Shuster e Friedrick (2017)

Como observado na Figura 2 a utilização dos demonstrativos financeiros


ainda é pouco difundida em comparação a sua utilidade para a organização, sendo
que cerca de 20% disseram utilizar sempre, 35% frequentemente, 23% disseram
utilizar raramente, e 20% alegaram nunca ter se utilizado desses demonstrativos
financeiros.
20

O cenário fica ainda mais preocupante quando abordado o fato de 65% dos
entrevistados alegarem utilizar somente por obrigações fiscais, enquanto que
apenas 35% dizem ter alguma função estratégica para os demonstrativos
financeiros.

Em relação a adoção do planejamento estratégico e de objetivos futuros,


Souza e Correa (2014), elaboraram uma pesquisa mediante questionário, realizada
com 450 empresas do setor calçadista na região do Vale do Rio Tijucas (SC), que
teve como um de seus resultados as informações presentes na Tabela 1 a seguir:

Tabela 1-Praticas estratégicas

Fonte: Souza e Correa (2014)


21

Como demonstrado pela Tabela 1, onde 37,3% dos entrevistados disseram


não adotar nenhum planejamento e 26,5% alegaram quase nunca, ou seja, cerca de
63,8% das empresas do estudo não usufruem dos benefícios do planejamento
estratégico.

Dessa maneira é possível observar que o planejamento, embora seja um dos


princípios mais importantes para o desenvolvimento da atividade empreendedora
não é utilizado de maneira uniforme pelas micro e pequenas empresas, somadas ao
fato da pouca utilização dos demonstrativos financeiros por parte das organizações,
torna algo extremamente preocupante, tendo em vista que sem o planejamento e
controle financeiro a organização pode vir a tomar decisões equivocadas e muitas
vezes prejudiciais às suas finanças.
Não obstante, na pesquisa realizada por Schuster e Friedrich (2017), quando
questionado aos entrevistados, em relação ao planejamento estratégico de suas
empresas, cerca de 55% dos entrevistados alegaram fazer algum tipo de
planejamento estratégico em suas empresas, enquanto os 45% restante
responderam que não se utilizam de nenhum planejamento futuro de suas
operações no longo prazo, reforçando os resultados obtidos na pesquisa anterior.
Dessa maneira é perceptível o despreparo de grande parte das empresas em
relação a sua gestão financeira, uma vez que grande parte das mesmas não sabem
fazer uso dos indicadores básicos de saúde financeira, o que acaba por além de
potencializar os problemas já existente, criar outros desafios para os pequenos
empreendedores que já enfrentam as decorrentes das limitações orçamentarias.
Partindo dessas considerações, podemos perceber a tendência das
organizações de pequeno porte de não se utilizarem de demonstrativos ou qualquer
outra ferramenta de planejamento e gestão financeira, evidenciando uma fragilidade
contábil muito elevada das MEP’S, que pode ser um agravante muito relevante nas
possíveis causas dos altos índices de mortalidade nacional de empresas.

2.2 Ferramentas Financeiras Relevantes para MEP’S

2.2.1 Fluxo de caixa


22

É perceptível as dificuldades financeiras das empresas no atual cenário


nacional, em especial as empresas de pequeno porte que sofrem principalmente
com suas limitações financeiras e com o atual mercado globalizado. Mediante isso, é
extremamente necessário que as micro e pequenas empresas estejam prontas a
enfrentar o mercado, a capacitação e a utilização de ferramentas que auxiliem na
tomada de decisão acabam por ser um diferencial de extrema importância, e como
já abordado anteriormente, as principais dificuldades das MEP’s é justamente a
composição de seu fluxo de caixa e liquidez, os quais comprometem seus resultados
no curto, médio e longo prazo.
Dentre essas, o fluxo de caixa segundo Antunes (2014) é a ferramenta que
compreende as relações de entrada e saída do caixa das empresas, portanto faz o
registro dessas informações e estabelece a relação entre elas, servindo então, além
de ferramenta de registro de informações, como um importante indicador financeiro,
onde se é possível analisar o andamento do caixa e capital de giro da empresa,
podendo facilitar nas decisões do administrador financeiro.
Silva (1995) ainda complementa que o fluxo de caixa compreende mais que
apenas as movimentações de caixa, mas também o registro de todas as
movimentações financeiras da empresa, ou seja, não se limita apenas as flutuações
de caixa e suas entradas e saídas, mas pode contemplar as demais modificações de
recursos da empresa.
Pela ótica de Araújo, Teixeira e Licório (2015) o fluxo de caixa pode exercer
diversos fins, sendo uma ferramenta versátil de planejamento financeiro, destacando
que no contexto das Micro e Pequenas Empresas, ais quais não é obrigatório a
apresentação do fluxo de caixa, é comum essa modalidade não se utilizar do
mesmo, prejudicando todo o seu planejamento financeiro, uma vez que não se pode
ter uma gestão de fluxo de caixa eficiente sem sua utilização, considerando ainda
que sem isso a empresa pode enfrentar diversas outras problemáticas.
Para Pivetta (2005) a utilização do fluxo de caixa gera ainda, alguns
benefícios nos aspectos de planejamento de pagamentos, controle do fluxo e
equilíbrio entre entradas e saídas.
Gitman (2003) ainda disserta acerca do planejamento financeiro e sua
importância para as empresas, ao qual, fornece diretrizes importantes para o
funcionamento da organização, que dentro da administração são tidas como pilares
extremamente importantes, como planejar, orientar e controlar auxiliando nas ações
23

tomadas pelos gestores, o autor ainda define o fluxo de caixa como sendo uma das
mais importantes ferramentas de planejamento financeiro.
Mediante a tal, as micro e pequenas empresas necessitam de um melhor
controle financeiro e, consequentemente, também melhor controle de caixa.
A utilização dessa ferramenta juntamente à administração financeira, se faz
de extrema importância para o atual contexto do Micro empreendedor no país. Sua
utilização será demonstrada através da Tabela 2 abaixo:

Tabela 2-Demonstração (continua)


24

Tabela 2-Demonstração (conclusão)

Fonte: adaptado de Pivetta (2005)

Com as observações feitas e a análise do modelo apresentado, é notável a


importância do fluxo de caixa para a visão do contexto financeiro de uma empresa,
se destacando aqui as micro e pequenas empresas, onde, através de sua utilização
o empreendedor ou gestor pode ter controle de suas contas a pagar e a receber, de
maneira cirúrgica, quando bem realizada a demonstração de fluxo de caixa pode e
deve ser um instrumento de tomada de decisão valioso para os gestores.
Dessa maneira, segundo Pivetta (2005) a administração financeira tem um
papel crucial na manutenção das micro e pequenas empresas, e nesse contexto o
fluxo de caixa devido a sua fácil compreensão deve ser disseminado entre as
MEP’S, para que sua utilização possa melhorar os resultados dessas e diminuir as
grandes estatísticas de insolvência entre empresas de pequeno porte.
25

2.2.2 Índices de Liquidez

Os índices de liquidez são ferramentas que devem ser utilizadas pelos


empreendedores para determinar sua capitalização de recursos, e analisar se essa
está sendo o suficiente para sanar suas dívidas.
Segundo Cunha e Silva (2019) os índices de liquidez têm como finalidade a
identificação da disponibilidade de recursos financeiros para o pagamento das
dívidas da empresa, indicando dessa maneira a condição liquida da empresa para
atender a demanda dos credores.
Para exemplificar a formulação dos índices de liquidez será utilizado o Quadro
1 a seguir:

Quadro 1-Índices de Liquidez

Fonte: do autor
26

Para melhor contextualizar o uso das medidas de liquidez foram elaborados


cálculos com dados fictícios de acordo com o exemplo do autor Silva (1995), do qual
se expressa:
Liquidez Geral:
Tabela 3- Primeiro cálculo

Fonte: do autor

Realizando o cálculo da Liquidez Geral, conforme o exemplo fictício


apresentado na Tabela 3, se tem obtém os seguintes resultados:
AC + RPL
LG=
PC + ELP
5.200 , 00+25 , 00
LG=
5.000 , 00+125 , 00
5.225 , 00
LG=
5.125 , 00
LG=R $ 1,019

Dessa forma é possível perceber que para cada R$ 1,00 de dívida a empresa
tem R$ 1,019 a disposição para saldar a dívida geral.

Liquidez Corrente:
Tabela 4-Segundo cálculo
27

Fonte: do autor

Com base nos dados fictícios da Tabela 4, realiza-se o cálculo:


AC
LC=
PC
5.200 ,00
LC=
5.000 ,00
LC=R $ 1 , 04

Com este se obtém o resultado de R$ 1,04. O que significa que a cada R$


1,00 de dívida no curto prazo a empresa conta com R$ 1,04 para saldar essas
dívidas.

Liquidez Seca
Tabela 5-Terceiro cálculo

Fonte: do autor

Com base na Tabela 5 o desenvolvimento da conta se apresenta a seguir:


AC−Estoques
LS=
PC
4.000 , 00−1.200 , 00
LS=
3.800 , 00
LS=0 , 73

O índice de Liquidez Seca segue a lógica dos dois anteriores e segundo Silva
(1995) seu resultado quanto maior, melhor para a organização.
28

2.3 Participação no PIB Nacional

Nesse tópico será trabalhado a participação das MEP’S na geração de


riquezas e fluxo de postos de trabalho, bens e serviços. Sendo assim, segundo
Cunha (2022), as Micro e Pequenas Empresas apresentam uma grande relevância
no cenário nacional, sendo responsáveis por cerca de 51% dos postos de trabalho
disponíveis no país, ou seja, as empresas de pequeno porte oferecem mais da
metade dos empregos disponíveis em âmbito nacional.
Complementando, segundo Sebrae (2023), as micro e pequenas empresas
foram responsáveis por cerca de 80% dos empregos criados no ano de 2022, sendo
assim 8 em cada 10 postos de trabalho foram criados por empresas de pequeno
porte, chegando a ser 4 vezes superior à média das grandes empresas.
Isso é extremamente benéfico para a economia do país e pode ser
considerado como uma das grandes beneficies da criação do aporte a essa
modalidade de empresa, como também destaca a importância de se manter as
micro e pequenas empresas no mercado.
Nesse contexto para destacar a participação das MEP’s também na geração
de riquezas, bens e serviços, segundo o Ministério da Economia (2022) essas são
parte extremamente importante da economia brasileira, representando 99% dos
negócios do país e 30% de tudo que é produzido, isto é, as micro e pequenas
empresas têm um papel fundamental no ambiente econômico nacional.
Dessa forma o marco da criação da categoria das MEP’S, junto a sua grande
participação na economia nacional, foi de grande auxílio e segundo Oliveira (2013) é
um dos grandes marcos para a economia tanto no âmbito nacional quanto no nível
estadual e municipal, onde esse também tiveram grandes benefícios.
29

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Para composição do presente trabalho utilizou-se da pesquisa bibliográfica,


qual corresponde a um levantamento ou revisão de obras já publicadas em
concordância ao tema central da pesquisa (Souza et al, 2021).
O levantamento bibliográfico foi guiado, por sua vez, pela metodologia
exploratória, que de acordo com Révillion (2003) equivale a um contato inicial com o
tema, procurando, com base nos resultados obtidos, desenvolver o aprendizado por
este anteriormente desconhecido.
Todo o processo de pesquisa foi desenvolvido através de plataformas digitais
e abertas de pesquisa, sendo especificamente, o Google Acadêmico e a biblioteca
de revistas científicas SciELO. Através de palavras chaves como: definição de
MEP’S, administração financeira, gestão financeira em MEP’s, como evitar o
endividamento de micro e pequenas empresas.
Após a leitura e análise das diversas fontes secundárias que foram
catalogadas na pesquisa supracitada, se iniciou a construção da fundamentação
teórica. Esta consistiu na concatenação de ideias que contribuíssem para o alcançar
dos objetivos, o principal e os específicos, além de contextualizar a hipótese.
30

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Inicialmente, se salienta que a pesquisa trouxe uma certa compreensão


acerca do cenário que se deu a origem, em lei, das micro e pequenas empresas. Em
relação a isso, de acordo com a literatura apresentada no corpo do trabalho, se
entende que essa se deu tardia em termos de cenário internacional, além de
inicialmente ser alvo de uma não aceitação por parte dos estados e municípios.
Entretanto, esse cenário veio ser contornado em 2003, com o estabelecimento do
Estatuto da MEP (Sebrae, 2022) o que também antecedeu o surgindo, em 2009, do
Microempreendedor Individual o famigerado MEI (Silva, 2019).
Também, se dimensionou a importância das MEP’s no cenário nacional,
como, por exemplo, em relação a sua presença em termos de negócios que são
desenvolvidos no país, dos quais cerca de 99% decorre das micro e pequenas
empresas (ME, 2022).
Já o terceiro aspecto dos resultados, compreende de forma mais específica a
importância da administração financeira para as empresas desse porte e antecede o
principal resultado da pesquisa. Sendo que, neste, temos que há um aparente baixo
uso das ferramentas da administração financeira por parte das micro e pequenas
empresas, o que gera por sua vez uma maior dificuldade, em um cenário já de alta
competitividade e globalizado.
Por último, por tanto, se entende a partir das pesquisas apresentadas dos
autores Shuster e Friedrick (2017) e de Souza e Correa (2014), que há uma baixa
disseminação das ferramentas da administração financeira em relação as MEP´s. Tal
cenário, com base na importância, levantada pelos autores apresentados, dessa
esfera da administração na gestão financeira, pode estar sendo responsável pelo
alto índice de mortalidade das micro e pequenas empresas no Brasil.
Dessa maneira, com o desenvolvimento do presente trabalho foi possível
levantar dados acerca dos principais problemas financeiros e as ferramentas
utilizadas para mitigá-los, como também desenvolver um senso crítico acerca da
necessidade de sua utilização dando ênfase no fluxo de caixa e indicadores de
liquidez, sem desprezar outros indicadores não apresentados durante a elaboração
do trabalho como importantes.
31

Contudo se obteve como resultado geral, uma apresentação e


desenvolvimento do conceito de micro e pequenas empresas, o relacionamento de
alguns de seus problemas financeiros com a falta de administração financeira e
controle de seus índices financeiros, e uma breve apresentação dos indicadores
financeiros mais utilizados em relação aos problemas apresentados, constatando a
importância de sua utilização, bem como, de outros e da administração financeira de
maneira geral.
32

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho de conclusão de curso resultou na compreensão acerca do cenário


do surgimento das MEP’s, bem como a importância dessas para a economia
nacional. Além de demonstrar os problemas enfrentados por essas instituições, em
detrimento da baixa utilização das ferramentas que a administração financeira
fornece, quais algumas destas, as consideradas mais relevantes, foram
apresentadas na pesquisa, como o fluxo de caixa e os índices de liquidez, não
desconsiderando a importância das demais ferramentas.
Ademais, em relação aos objetivos, tanto o geral quanto aos específicos,
entende-se que ao longo da pesquisa e com o desenvolvimento dos capítulos, que
estes foram alcançados. Ainda, em relação a hipótese, como apresentado no
capítulo anterior, onde se relaciona a baixa disseminação da administração
financeira com o alto índice de mortalidade das micro e pequenas empresas, temos
que essa foi confirmada como parte dos resultados. Nessa mesma linha, o problema
de pesquisa também foi desenvolvido e respondido.
Dessa maneira, ao se analisar os conceitos aqui apresentados a administração
financeira e seus índices de análise, se fazem válidos como ferramentas práticas no
cotidiano das empresas de micro e pequeno porte como uma alternativa de melhoria
nos seus resultados e lucratividade, consequentemente como observado
anteriormente na mitigação de seus problemas financeiros auxiliando nas altas
estatísticas de mortalidade entre essa modalidade de empresa.
Para terminar, é valido acrescentar que o resultado dessa pesquisa, onde se
relaciona o não uso da administração financeira com o alto índice de mortalidade
das MEP’S, não necessariamente reflete esse aspecto como sendo o único
responsável pelo cenário supracitado, sendo que esse, provavelmente é um dentre
outros vários. Sendo que para identificar mais fatores que instiguem essa
problemática envolvendo as MEP’s no cenário nacional, faz necessário o
desenvolvimento de outros trabalhos e pesquisas.
33

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