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Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – CESCAGE

www.cescage.edu.br/publicacoes/scientiarural
21ª Ed./ JAN – JUL /2020
ISSN 2178 – 3608

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO AGROPECUÁRIO PARA UMA


PROPRIEDADE RURAL PRODUTORA DE ALFACE CRESPA (Lactuca sativa L.)
ORGÂNICA NO MUNICIPIO DE TIBAGI – PARANÁ

THIAGO MARCONDES TEBECHERANI ¹; PATRICIO HENRIQUE VASCONCELOS ²

RESUMO: O presente trabalho objetivou: propor um planejamento estratégico agropecuário


para uma fazenda produtora de alface crespa orgânica, situada na região Tibagi – Paraná.
Considerou-se nesse trabalho o espaço temporal para o plantio da safra 2020/2020. Utilizou-se
ainda, o método Agro performance: um método de planejamento e gestão estratégica para
empreendimento agro visando alta performance, proposto por Frederico Fonseca Lopes (2012).
Os resultados e discussões indicam que a proposta do planejamento estratégico agropecuário
em questão trouxe uma possível probabilidade de aplicação na empresa rural estudada,
indicando orientações estratégicas ao alcance de resultados positivos do investimento a ser
realizado na produção de alface crespa orgânica.

PALAVRAS-CHAVE: PLANEJAMENTO, AGROPECUÁRIO, PROPRIEDADE RURAL,


ALFACE CRESPA, ORGÂNICA.

AGRICULTURAL STRATEGIC PLANNING FOR AN ORGANIC


ORGANIC RURAL PROPERTY PRODUCING CRESPA LETTUCE
(LACTUCA SATIVA L.) IN THE MUNICIPALITY OF TIBAGI –
PARANÁ

ABSTRACT: This work aimed to: propose an agricultural strategic planning for a farm
producing organic crisp lettuce, located in the Tibagi - Paraná region. In this work, the time
frame for planting the 2020/2020 harvest was considered. The Agro performance method was
also used: a method of strategic planning and management for an agro enterprise aiming at high
performance, proposed by Frederico Fonseca Lopes (2012). The results and discussions
indicate that the proposed agricultural strategic planning in question brought the possible
likelihood of application in the studied rural company, indicating strategic guidelines for
achieving positive results of the investment to be made in the production of organic crisp
lettuce.

KEYWORDS: PLANNING, AGRICULTURAL, RURAL PROPERTY, CURD LETTUCE,


ORGANIC.
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1 INTRODUÇÃO

A alface é uma planta anual, originária de clima temperado, pertencente à família


Asteracea, cuja provável origem ocorreu na região do mediterrâneo e foi introduzida no Brasil
pelos portugueses certamente é uma das hortaliças mais populares e consumidas no Brasil e no
mundo. Delicada e sensível às condições climáticas como temperatura, luminosidade,
concentração de dióxido de carbono. É uma hortaliça cujas folhas estão presas a um pequeno
caule, a coloração das folhas tem um espectro variado de cores desde diversos tons de verde até
o roxo. As alfaces comercializadas no Brasil podem ser classificadas em seis grupos de acordo
com o tipo de folha. A alface preferida e mais consumida no Brasil é a alface crespa,
representando cerca de 70% do mercado. Por não formarem cabeça e pelas suas folhas crespas,
o manuseio e o transporte desta são facilitados. O ciclo de produção da alface é curto (45 a 60
dias) o que permite que sua produção seja realizada durante o ano inteiro, e com rápido retorno
de capital.
Em uma perspectiva produtiva, ressalta-se que um dos maiores desafios para as
organizações é o desenvolvimento e a execução de um planejamento estratégico eficiente (uso
adequado dos meios) e eficaz (atingir os resultados almejados) simultaneamente. O
planejamento estratégico consiste em uma abordagem gerencial, cuja função é orientar o
funcionamento de uma organização na busca do alcance de objetivos, inclusive para
maximização de receitas.
Esse desafio aplica-se também a empresa rural, uma unidade em que são exercidas
atividades agrícolas como lavouras ou atividades pecuárias como a criação de animais. E, assim
como outras organizações do mercado, possuem um conjunto de processos e recursos que
devem ser utilizados por seus gestores (produtores rurais) para que essas propriedades
obtenham o máximo de resultado positivo possível.
Dessa forma, quando se realiza um planejamento estratégico em uma empresa rural deve
se levar em conta alguns pontos importantes: mercado, clima, solo, mão de obra, capital,
créditos, safra, demanda de mercado, dentre outros fatores analisados através de um diagnóstico
ambiental. Pois o planejamento estratégico agropecuário é um processo de construção de uma
ferramenta para a gestão rural a qual analisa- se aspectos do futuro, envolvendo as tomadas de
decisões a serem impostas na propriedade, a partir da obtenção de objetivos, as metas a serem
alcançadas com o planejamento e estratégias impostas para assegurar a implantação de todo o
processo, onde será possível conhecer os pontos fortes e fracos do seu negócio e saber lidar
com a incerteza no futuro.
Assim, as decisões estratégicas numa propriedade rural serão mais racionais, sendo
possível escolher as atividades que serão implantadas em empresas rurais, tais como: fazenda,
sítios, engenhos, dentre outras. Determinando ainda, estratégias, objetivos, metas, ações,
formas de controles, importantes na hora de se elaborar um planejamento estratégico.
Nesse contexto, uma empresa rural que não elabora um planejamento estratégico
pode vir a ter alguns problemas na hora de alcançar o sucesso. Se a empresa adota um
planejamento estratégico bem estruturado ela caminha para a maximização de seus lucros e o
topo de sucesso no negócio. Pois a produtividade está relacionada ao planejamento, que
dimensiona demandas do mercado, unidades de produtividade e capacidade de produção,
suficientes para atender o mercado tornando-se, portanto relevante aos produtores rurais
visando a alto performance.
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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ADMINISTRAÇÃO RURAL

Entre as diversas áreas da Administração surgiu a Administração Rural tendo como


objetivo, através de suas teorias e ferramentas, orientar a gestão das organizações que são
denominadas de empresa rural, destacando-se um campo dinâmico, buscando obtenção de
resultados satisfatórios ao conduzir uma propriedade rural (SILVA, 2017).
A administração de uma propriedade rural se torna tão difícil como administrar qualquer
empresa do setor da economia, pois ela necessita que seus gestores obtenham conhecimentos e
habilidades administrativas (ZENARO; MORAIS; ALBERICI, 2015).
Atualmente a administração rural está ligada com a necessidade de controlar e
administrar um número maior de atividades que podem ser desenvolvidas em uma propriedade
agrícola (MAYER; WERLANG, 2017).
O controle e o gerenciamento de atividades rurais, mantendo o negócio ativo e
lucrativo, com a finalidade de cobrir gastos, gerando reservas para investimentos necessários,
podem ser denominados como a administração rural (GRÄF, 2016).
É fundamental para a administração da atividade rural, a compreensão das atividades
desenvolvidas e o conhecimento de gestão financeira para obter boa produtividade e atingir os
resultados econômicos esperados (SUSKI; BRAUM; BRAUN, 2014).
Por meio do planejamento e do controle de investimentos, a administração rural
proporciona para a propriedade rural e para o produtor, a alternativa de diminuir os riscos nas
atividades desenvolvidas (SPAGNOL; PFÜLLER, 2010).
Salume et al. (2014) dizem que uma empresa rural deve ser considerada uma empresa
que tem como objetivo alcançar resultados positivos, sendo esta orientada pela administração,
concluindo que a administração rural surge pela combinação de fatores de produção que estão
relacionados ao conceito de atividade administrativa empresária, sendo estas: capital, insumos,
tecnologia e mão de obra.
Como processo de gestão, a administração rural depende unicamente dos produtores,
por meio do planejamento, das decisões tomadas, do controle de custos, sendo uma das
possibilidades aplicadas para analisar o retorno que essas atividades podem ofertar ao produtor
rural (SPAGNOL; PFÜLLER, 2010).
Zenaro, Morais e Alberici (2015) por meio de um estudo de caso realizado em uma
pequena propriedade, desenvolvido na área de administração rural, concluiu que é necessário
melhorar o gerenciamento da empresa rural, utilizando-se das ferramentas de planejamento e
controle.

2.2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO AGROPECUÁRIO

O planejamento é a principal função desenvolvida dentro de um processo


administrativo. Planejar significa pensar em objetivos e ações antes de definir um projeto, pois
através do planejamento os objetivos finais serão alcançados (SALUME et al., 2014).
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O planejamento estratégico irá definir os rumos da empresa, levando em consideração


seus objetivos e metas, a fim de compreender as decisões orientadas para o seu futuro e analisar
as oportunidades e ameaças do ambiente (SILVA, 2017).
De acordo com Marchi, Vacella e Bressan (2013), o planejamento estratégico é um
processo administrativo que desenvolve e mantem a viabilidade entre os objetivos, as
oportunidades e os recursos de mercado em constante mudança.
A ferramenta primordial para o sucesso de uma empresa é o planejamento estratégico,
este tem a capacidade de oferecer a direção a ser percorrida. Seu principal objetivo é o avanço
de estratégias para assegurar o desenvolvimento da organização, através de objetivos
elaborados e o desenvolvimento de ações estratégicas para que a empresa se adapte ao mercado
que está em constante mudança (SILVA et al., 2016).
O planejamento estratégico agropecuário, é utilizado por muitos gestores nos dias atuais,
ele tem a capacidade de preparar a empresa preparada as incertezas e surpresas que poderão
surgir (SOUZA; AMBONI; ORSSATTO, 2017).
Ching (1987) na elaboração de um planejamento estratégico aplicado á uma indústria
de defensivos agrícolas seguindo as seguintes etapas: diagnóstico ambiental externo,
diagnóstico ambiental interno, fatores de pressão ambiental e uso de cenário, definição dos
objetivos, formulação de estratégias, análise dos riscos e do impacto das incertezas, pode
concluir que qualquer empresa necessita de um modelo de planejamento bem estruturado
remetendo-se a um plano estratégico.
Concluiu através do seu trabalho que uma empresa tem capacidade de melhorar sua
capacidade produtiva através do planejamento estratégico que aponta os pontos fortes e fracos,
as oportunidades e as ameaças da empresa em questão, ajudando o produtor a se organizar e
melhorar sua capacidade de decisão (SILVA et al., 2016).
Pagliarin et al. (2015) ao realizar um planejamento estratégico em uma organização de
insumos agrícolas baseado no modelo do Balanced Scorecard, conclui que o planejamento se
faz necessário para formalizar os objetivos estratégicos, os planos de ação e indicadores de
desempenho.
Através do modelo de gestão de organização, o planejamento estratégico é moldado,
sendo com isso a própria ferramenta de controle, pois em função dos objetivos estabelecidos,
são desenvolvidos padrões de controle necessários ao monitoramento dos resultados (MAUSS;
SANTOS, 2007).
Com base nos dados fornecidos pelo planejamento estratégico de uma empresa rural,
Taliarine e Ramos (2015) atesta que o produtor rural tem condições se programar em relação
as decisões tomadas em suas atividades desenvolvidas na empresa rural, diminuindo os riscos
que a mesma oferece.

2.3 GESTÃO DA EMPRESA RURAL

É considerado como empresa, as propriedades rurais, independentemente de seu


tamanho, uma vez que elas também visam como meta principal o lucro, de forma a otimizar os
fatores de produção, remunerando o empresário eficientemente (BREITENBACH, 2014).
Graf (2016) diz que uma empresa rural pode ser considerada como uma unidade de
produção que, com alto nível de capital de exploração e comercialização, com o objetivo de
sobrevivência e crescimento de lucro.
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De acordo Suski, Braum e Braun (2014), a empresa rural é caracterizada por uma
unidade de produção com grande nível de exploração e alto grau de comercialização, sendo o
objetivo técnico a sobrevivência e o lucro.
Faz-se necessário para uma empresa rural, independente do seu tamanho ou do ramo de
atuação, a implantação de um método de custeamento para objetivar, identificar e solucionar
falhas que possam estar ocorrendo (SASSO; BERNARDI, 2018).
Para que o agricultor tenha uma boa gestão da empresa rural, se faz necessário um
pensamento sistêmico com um aprendizado de organização, liderança, sempre na busca por
resultados e conhecimentos do mercado, pois produzir com inovação, oferece ao agricultor uma
garantia de sustentabilidade econômica e capacidade de lucro (GRAF, 2016).

3 MATERIAL E MÉTODOS

O material de estudo desse trabalho tem como base uma propriedade rural que produz
alface crespa orgânica, em situação de desenvolvimento de um planejamento agropecuário
visando a alta performance.
A propriedade rural tem como denominação Fazenda Esperança, sendo localizada na
área rural do município de Tibagi, cujas coordenadas geográficas são - -24.671210”S, -
50.213060”W, a propriedade conta com uma área total de 36 alqueires (87,12 hectares) sendo
destinados 0,5 hectares para a cultura de alface crespa orgânica na safra 2020/2020.

Figura 1 - Mapa da localização da fazenda e das áreas destinadas a cultura de alface crespa.

Fonte: Adaptado de Google Earth, 2020.

A propriedade rural é de médio porte com área total de 36 alqueires, a família é


responsável pela produção, colheita e distribuição da produção. Tem uma expertise no
agronegócio de mais de uma década na produção, porém na produção de alface crespa orgânica
é o segundo ano de operação, requerendo planejamento e orientação agronômica quanto ao
desenvolvimento dessa cultura.
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No desenvolvimento do planejamento estratégico agropecuário para o objeto de estudo,


os dados foram coletados de forma secundária, através informações existentes sobre a produção
na referida unidade rural, cedidos livremente pelo gestor da fazenda Esperança, oferecendo
subsídios para as análises e discussões nesse trabalho, somadas ainda as informações de fontes
bibliográficas citadas nas referências como: livros, artigos, órgãos governamentais e sites sobre
gestão do agronegócio e propriedades rurais.
Esses dados foram sistematizados em informações de aspectos financeiros, de produção
e de mercado visando obtenção de uma maior compreensão sobre o objeto pesquisado.
Para operacionalização desse estudo utilizou-se como método o modelo de
planejamento estratégico agropecuário que visa Agro Performance, autoria de Lopes (2012),
que se mostrou mais adequado as finalidades desse trabalho e ao seu objeto de estudo: a Fazenda
Esperança.
Metodologicamente o Agro Performance constitui-se de três etapas, conforme
apresenta-se no quadro a seguir:

Quadro 1 - Método Agro Perfomance.


Método Agro Performance
Diagnóstico Visão e Implementação
Direcionamento

Análise do Missão, Visão, Valores Implementação de projetos


Macro ambiente e Macro Objetivos

Análise do Macrodefinições estratégicas Gestão e Controles


Ambiente Imediato

Análise Interna Elaboração de Projetos

Consolidação das Análises Priorização dos Projetos

Fonte: Lopes (2012).

Etapa 1 - Diagnóstico da propriedade rural estudada, que concerne nas análises: do


macro ambiente, do ambiente imediato, do ambiente interno e, em seguida a consolidação
dessas análises.
Etapa 2 - “Visão e Direcionada” da propriedade rural estudada, que concerne em
determinar: missão, valores, macro objetivos e visão, bem como as macrodefinições
estratégicas, incluindo a elaboração de projetos e também a priorização de projetos.
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Etapa 3 - “Implementação” na propriedade rural estudada, que concerne em aplicar a


implementação de projetos e gestão e controle.
Considera – se que o planejamento em questão, está direcionado para a área financeira,
de produção, marketing e recursos humanos em suas formulações de objetivos e metas,
conforme as orientações do planejamento Agro performance (LOPES, 2012).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esta seção destina-se a apresentação dos resultados e discussões, situação em que são
demonstradas as três etapas do planejamento estratégico agropecuário, sugestionado a uma
fazenda de produção de alface crespa orgânica, por intermédio do método Agro Performance
cuja autoria é de Lopes (2012).

4.1 PRIMEIRA ETAPA – DIAGNÓSTICO

De acordo com Lopes (2012), essa etapa consiste em uma breve análise do macro
ambiente, análise do ambiente imediato, análise interna para que haja a consolidação das
análises.

4.1.1 Análise do macro ambiente

Nessa etapa relaciona-se fatores internos e externos que incidem sobre o processo de
produção de alface crespa no contexto em que a propriedade rural está inserida, a fim de se
realizar uma análise que minimize impactos negativos e potencialize aspectos positivos.
Produtores rurais devem estar sempre atentos as informações oferecidas pelos
ambientes de produção em que estão inseridos e de que forma eles afetam o negócio a tempo
de haver prevenção (SOUZA, LISBOA E ROCHA, 2003).
Essa visão também é compartilhada por Lopes (2012) quando afirma que os fatores
que influenciam na análise do macro ambiente são: fatores políticos legais, fatores
socioculturais, fatores econômicos e naturais e fatores tecnológicos, como está descrito no
quadro 2.

Quadro 2 - Matriz PEST.


Fatores Político-legais Fatores Socioculturais
Legislação; Estilo de produção;
Estabilidade; Concentração da população Consumidora do
Estrutura legislativa; produto orgânico;
Barreira; Disponibilidade de consumidores para pagar
Política tributária; mais caro por um produto orgânico;
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Políticas econômicas internas; Apelo ambiental do produto orgânico;


(Regulamentação) incentivo/agricultura Atenção à qualidade do produto produzido;

Fatores Econômicos e Naturais Fatores Tecnológicos


Velocidade de transferência de tecnologia;
Taxa de juros; Ciclo de vida dos produtos;
Linha de crédito; Vida útil dos equipamentos utilizados;
Inflação; (insumos/produção/preço) Aperfeiçoamento dos equipamentos;
Níveis investimento; Tecnologia de aplicação de defensivos
Custos; agrícolas orgânicos;
Blocos comerciais; Informações meteorológicas;
Concentração de fornecedor e comprador; Introdução de implementos mecanizados;
Taxa pluviométrica; Aprimoramento no estudo de HF;
Poder de compra da população. Tecnologia e conservação ao produto.

Fonte: o autor.

O primeiro quadrante relacionado aos fatores políticos-legais são os fatores relacionados


à política agrícola, tais fatores são de extrema importância a se analisar, pois influenciam na
metodologia de produção orgânica, sendo obrigados a cumprir a legislação.
Orienta-se ao produtor rural estar atento a qualidade da alface crespa a ser
produzida/comercializada e ao cumprimento dos aspectos da legislação devendo buscar a
obtenção de certificação de conformidade orgânica e organizar-se em grupo, como exemplo de
associação, para cadastrar-se junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA) e assim poder realizar venda direta da alface sem essa certificação. É valido ressaltar
que apenas a emissão de nota fiscal com a referida descrição de alface crespa orgânica não é
garantia de procedência do mesmo, portanto se faz necessário a obtenção de certificação.
Ao tempo que a legislação pode representar uma oportunidade, pode também impor
barreiras. Proporcionar o selo de garantia orgânica demanda custos, pois o produtor rural
precisa pagar taxas e submeter-se a fiscalizações por órgãos competentes. Para sua
comercialização, os produtos orgânicos deverão ser certificados por organismo reconhecido
oficialmente, segundo critérios estabelecidos em regulamento (BRASIL, 2020).
Também o custo de produção inicial, sendo relativamente alto em comparado ao manejo
de produção orgânica, como já citado, com a burocracia além de compra de mudas autorizadas
e reconhecidas, preparo do solo e demais manejos iniciais do processo.
O segundo quadrante relacionado aos fatores socioculturais são fatores ligados ao estilo
de vida do consumidor, ou seja, a acessibilidade do consumidor ao produto, por se tratar de um
produto diferenciado agregando um valor também diferenciado ao produto o que depende da
renda do consumidor.
Ou seja, os produtos orgânicos são considerados diferenciados e, portanto, o cliente tem
a percepção que pode pagar mais caro por produtos dessa natureza, o que pode representar uma
indicação de estabilidade de vendas junto a esse grupo específico de consumidores. Uma
pesquisa encomendada pela Organis, entidade que reúne empresas, produtores e fornecedores
do setor demonstrou que houve um aumento de consumidores de produtos orgânicos de 15%
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para 19% entre 2017 e 2019, enfatizando que a região Sul do país é a que mais consome
produtos orgânicos, cerca de de 23% dos entrevistados (LIMA,2019).
Esse aspecto aumenta mais ainda a responsabilidade do produtor rural com a produção
de alface crespa orgânica. Pois, além do cultivo de orgânicos poderá haverá a produção animal
de ovinos e bovinos para corte de modo orgânico ou não, ampliando a diversidade de produtos
vendidos pela propriedade.
No terceiro quadrante estão os fatores econômicos e naturais, sendo um dos fatores que
mais influência o ambiente externo, pois apresenta uma relação direta com a qualidade e com
o preço do produto.
A região dos Campos Gerais está situada no clima Cfb, o que representa que mesmo em
períodos de seca se tem uma pluviosidade relativamente alta, sendo assim favorável a cultura
da Alface Crespa (Lactuca sativa L), oferecendo condições de bom de desenvolvimento da área
foliar, que no tocante é a principal característica para adequação de mercado e exigência dos
consumidores.
O quarto e último quadrante apresenta os fatores tecnológicos, ou seja, a utilização de
todos os recursos necessários para o melhor andamento da produção, utilizando dos
conhecimentos explanados por pesquisas de campo quanto laboratoriais no âmbito da produção
de Hortaliças e Fruticultura (HF).
A tecnologia está aplicada cada vez mais na questão de biofertilizantes, substratos,
compostos de farelos e compostos orgânicos que são liberados por normativas. Também a
questão de mudas das cultivares de alface, que por estudos da Embrapa Hortaliças pesquisam
qual as melhores para a produção orgânica em questão de produção de folhas por cabeça.
Insere-se a tecnologia nos manejos a serem usados na produção, desde implementos
agrícolas aos sistemas de irrigação. Entre todas as diversas formas de termos essa informação,
damos ênfase aos aplicativos de Smartphone que são de mais fácil acesso nos tempos de hoje.
Assim, na região dos Campos Gerais se tem o aplicativo da Fundação ABC pelo qual está ligada
principalmente à região, informando questões climáticas à informativos de incidência de praga
para diversas culturas da região.
Para Marchi, Vacella e Bressan (2013) a tecnologia é um dos fatores fundamentais para
a atuação das empresas no mercado, e devido a velocidade com que estes evoluem, cabe ao
produtor buscar a mão de obra capacitada para as novas tecnologias.

4.1.2 Análise do ambiente imediato

A análise do ambiente imediato do planejamento em questão se refere à análise da


propriedade que irá executar o projeto de produção de alface crespa orgânica e sua relação
com o mercado, se a mesma já tem contato com o mercado em questão, além da sua relação
com fornecedores e compradores.
Essas relações ocorrem em virtude da barganha, do poder de negociação que a empresa
rural exerce sobre os seus clientes, concorrentes e fornecedores, conforme apresentado na
figura a seguir:

Figura 2 - Análise setorial.


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Poder do fornecedor

Ameaça de novos Competições Ameaça produtos


Entrantes no setor Substitutos

Poder dos clientes

Fonte: Lopes (2012).

Deve-se manter a atenção que o número de fornecedores delimita uma vantagem


competitiva a fazenda, porém, também pode delimitar uma desvantagem, tendo em vista que
os preços da matéria prima e dos insumos oscilam pela relação oferta e demanda, afetando
diretamente os custos do negócio, podendo encarecer demais a produção, ou contribuir para a
redução de custos.
Portanto, se faz necessário buscar barganhar, ou seja, negociar com fornecedores,
clientes, e demais stakeholders (públicos de interesses) da fazenda.
Para Lopes (2012) através do quadro 3, é possível que o produtor faça uma análise
setorial da sua empresa rural, especificando os fatos e o impacto de cada fato para a empresa,
para desta forma elaborar uma ação para melhorar esse cenário.
No quadro a seguir, apresenta-se análise dos setores em que a empresa rural irá atuar,
evidenciando o fator problemático da aréa de atuação, seu respectivo impacto, e o ato (ação)
que será desenvolvida para minimizar efeitos negativos aos negócios da empresa/propriedade.

Quadro 3 - Determinantes, fatos, impactos e atos.


Determinante Fato Impacto Ato
Fator poder de Montante de Qualidade no produto
Competição no compra da compradores; de acordo com os
setor população; Maior trabalho padrões;
Pouca mecanização. manual.
Maior volume de
Pouco produto Aumento de pragas e
Concorrência trabalho manual que
registrado; daninhas;
direta incide nos custos;
Rotação de culturas.
Fornecedores: quem Dificuldade para
Programação;
são? Onde estão? obter certificação;
Poder dos Pedidos com
Quantos são? Dificulta obter os
fornecedores antecedência;
Produtos específicos. produtos e demora na
Cumprir legislação.
Logística. entrega;
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Falta de produto;
Alternativa de inserção
Compradores; Quem Produto caro, alto
no mercado, buscando
Poder dos são? Onde estão? valor aquisitivo,
sempre novos
compradores Quantos são? acesso da população.
compradores;
Prazo Inserção no mercado.
Fonte: o autor.

Observa-se no quadro apresentado, que as ações apresentadas visam gerar efeito


estratégico vantajoso na propriedade o qual será aplicado o projeto, visando diminuir os efeitos
negativos e aumentar os efeitos positivos no que diz respeito ao poder de negociação que a
empresa exerce sobre os seus clientes, concorrentes e fornecedores.

4.1.3 Análise interna

Nesta etapa é realizado a análise dos pontos fracos e fortes da propriedade em


considerado à área disponível, maquinário, mão de obra, visando as ameaças e oportunidades
que permitem o produtor a se programar e melhorar aspectos interferentes.
Para Silva et al., (2016) a matriz de analise SWOT permite com que o produtor possa
se organizar e melhorar a sua capacidade de decisão através dos pontos fortes e fracos, ameaças
e oportunidades da empresa rural.

Quadro 4 - Análise SWOT.


FORÇAS FRAQUEZAS
Fertilidade da terra para maior produção;
Mão de obra qualificada; Custo de produção, enfraquecendo o lucro;
Áreas disponíveis para fazer rotação; Número de compradores.
Maquinário específico para a prática
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
Clima desfavorável;
Conhecer novos compradores e Oscilação do mercado;
fornecedores; Aparecimento de doenças e pragas;
Planejamento das atividades; Aumento no custo de produção;
Diminuição da produção;
Produto sazonal.
Fonte: o autor.

No quadrante denominado forças do quadro acima, está discriminado pontos positivos


em relação à empresa rural estudada. Após a colheita da alface não necessariamente precisa-se
fazer pousio, porém seria um fator positivo se o produtor obtivesse de uma área extra para dar
continuidade à produção da alface para que se faça ou pousio ou uma rotação de cultura para
que se diminua a incidência de doenças na cultura.
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Outro ponto positivo inserido no primeiro quadrante é o maquinário específico para a


cultura produzida no sistema orgânico, uma vez que nesse sistema a utilização de mecanização
é baixa, porém a mão de obra se torna qualificada e de intensa necessidade.
Almeida et al. (2017) por meio de um planejamento estratégico baseado no agro
performance, afirma através da análise SWOT, é possível definir a missão, cuja, é a identidade
da empresa.
Mais uma vez observa-se a importância do planejamento estratégico para que o produtor
possa avaliar os seus pontos positivos quanto negativos para se sobressair na produção,
buscando melhorar a sua empresa.
Fraquezas e ameaças são definidas como os pontos fracos que existem na empresa rural,
fatores que ameaçam a produtividade e a lucratividade, como clima desfavorável
principalmente no início da safra e falta de produtos específicos para a cultura pode ocasionar
no surgimento de pragas e doenças, colocando em risco a produção, assim como a oscilação de
preço do produto e o aumento no custo de produção também pode representar uma ameaça e
vir a enfraquecer os lucros.

4.1.4 Consolidação das análises

Depois de feita as análises de macro ambiente, ambiente imediato e a análise interna,


nesta etapa de consolidação das análises são realizadas um fechamento das etapas (LOPES,
2012).

Quadro 5 - Tabela PAR (Pontos de melhoria-Ação-Resultados).

AMBIENTE EXTERNO
Pontos de Melhorias
Dimensões Ações Resultados Esperados
na Atuação
Certificação de Estar de acordo com Legalizar a propriedade
Político-Legal
Produtos orgânicos normativas ambientalmente
Investimento em Aumento a qualidade e
Tecnológico Tecnologia específica
tecnologia produção
Atividade Aumentar a venda com
recente na área Atratividade baixa Consolidar a produção valor agregado ao
de atuação produto
Barganha Maior pesquisa no Redução custo de
Preços pelos insumos
Fornecedores mercado produção
Barganha Agregar valor no Busca por novos
Valorização do produto
Clientes produto clientes
AMBIENTE INTERNO
Pontos de
Dimensões Melhorias na Ações Resultados Esperados
Atuação
Máquinas/ Maquinário em boas Investimento em
Maior eficiência
Implementos condições para o melhorias de
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trabalho a ser maquinários (se


realizado necessário)
Eficiência na
aplicação; Maior produção e menor
Insumos Análise de solo e foliar
Aplicações custo
parceladas
Planejamento Melhor a eficiência;
Gestão da
antecipado de gastos; disponibilidade de
Financeiro propriedade como
Aplicação racional de produtos;
um todo
recursos Baixo custo
Fonte: o autor.

Ao fechamento dessas etapas o produtor realizará um balanço dos pontos a serem


melhorados para a produção e pontos positivos que estão auxiliando no processo. A etapa em
questão está relacionada a visão do ambiente interna e externa tornando-se mais ampla,
auxiliando o produtor a ter maior possibilidades na tomada de decisões, visando obter resultados
satisfatórios

4.2 SEGUNDA ETAPA - VISÃO E DIRECIONAMENTO

Para Souza, Amboni e Orssatto (2017), esta etapa orienta as ações estratégicas da
empresa em questão, de forma a guiar seus planos de ação e os mecanismos de implementação,
avaliação e controle.
A seguir, apresenta-se a proposta de visão e direcionamento aos negócios da fazenda
estudada.

4.2.1 Missão

Produzir alface crespa de boa qualidade, atendendo as necessidades do mercado para


melhor suporte nutritivo e de qualidade de vida ao consumidor.

4.2.2 Valores

a) Respeito ao meio ambiente;


b) Produto com qualidade;
c) Respeito aos consumidores;
d) Referência na produção de alface crespa.

4.2.3 Visão

Ser uma propriedade modelo de produção orgânica da região, com qualidade e


sustentabilidade de produção.
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4.2.4 Macro objetivo

Propor o planejamento estratégico agropecuário para o plantio de alface crespa


orgânica, visando a agro performance em seus negócios.Com isso, espera-se ter uma produção
sustentável de alface crespa refletida na quantidade de produção e qualidade diferenciada,
conforme exigências mercadológicas, custos de produção reduzido, respeito ao meio
ambiente, comercialização lucrativa, ao final da safra.

4.2.5 Macrodefinições estratégicas

Trata-se da etapa essencial para as tomadas de decisões na empresa, desenvolvendo


passo a passo das atividades propostas, preparando a empresa para alcançar o seu objetivo.

4.2.6 Elaboração de projetos

Esta etapa tem como objetivo colocar em prática o planejamento estratégico


agropecuário, estabelecendo datas, planos de projeto, determinando como e por quem será
realizado, os recursos que serão utilizados para desenvolver o planejamento, bem como os
custos e lucros envolvidos.
Ressaltando, que a definição clara desses elementos facilitará a gestão e o controle, por
parte dos gestores da propriedade à alcance de objetivos, metas e ações, dentro do que foi
proposto pelo seu planejamento. Dessa forma, realizou-se a proposta dos planos táticos nas
áreas administrativas à saber:
a) Gestão da produção,
b) Gestão de marketing,
c) Gestão de custos,
d) Gestão de suprimentos;
e) Gestão financeira.

Os planos táticos são traduzidos em metas quantificáveis, e as ações em planos


operacionais, que são realizados com vistas ao alcance dos objetivos propostos dentro do
planejamento estratégico agropecuário da propriedade estudada, apresentados em formato de
quadros. Através do quadro 6 podemos observar o controle de planejamento para elevar a
produção de alface crespa orgânica, visando o custeio de valores no desenvolvimento da
produção.
Este plano considera o que deverá ser produzido na propriedade estabelecendo seus
elementos necessários. Esta produção considera a situação de oferta e demanda, as intenções
dos produtores rurais, e as prospecções de mercado, que são apresentadas no planejamento
tático mercadológico.
Portanto, para conseguir um melhor preço em relação ao produto, foi realizado um
planejamento mercadológico, como demonstra o quadro a seguir.
Os custos devem ser avaliados e controlados pelos gestores da propriedade, no contexto
de uma fazenda são imprescindíveis para o alcance da eficiência no que tange ao uso dos
recursos financeiros.
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Os fornecedores devem ser percebidos como parceiros dos produtores rurais, oferecendo
além de insumos de boa qualidade, vantagens para aquisição de suprimentos e materiais
necessários ao funcionamento do negócio e das etapas de produção
Além das preocupações com as demandas de mercado, clima, solo, mão de obra, capital,
créditos, safra, dentre outros fatores, os produtores rurais devem lidar com a concorrência.
Portanto, realizar contratos de pré-produção é uma boa alternativa para garantir o escoamento
da produção da alface crespa orgânica.
Afinal, quando se realiza um planejamento estratégico de uma empresa rural deve se
levar em conta todos os elementos quem envolvem o negócio, buscando desenvolvê-lo com
excelência.

4.3 TERCEIRA ETAPA – IMPLEMENTAÇÃO

Após realizado o planejamento estratégico agropecuário, deve ser feita a realização do


projeto, é nesta etapa que ocorrera a execução do planejamento.
Lopes (2012) aborda que esta etapa significa o desenvolvimento dos projetos que
foram realizados até o momento, colocando-os em prática na empresa rural com o intuito de
desenvolver o método.
Para Reis (2017) em curto prazo é estratégico desenvolver uma análise econômica
simplificada dos custos, listando-o e relacionando com os possíveis resultados da propriedade
rural.
Estima-se que com o desenvolvimento desse planejamento estratégico agropecuário, a
fazenda Esperança tenha compreensão de seus custos, previsão de receitas em diferentes
cenários e o retorno do investimento a ser realizado para o plantio de alface crespa de modo
orgânico, conforme dados apresentados na análise prévia a seguir:

Figura 3 – Descrição do Investimento

INVESTIMENTO PARA O PLANTIO DE ALFACE CRESPA


Área proposta a ser cultivada
0,50
(hectares):
Custo de Implantação de alface no sistema orgânico
Produtos
Valor
Insumos Unidade
Quantidade Unitário Total R$
Adubo mineral (termofosfato
sc (40kg)
magnesiano) 12,50 80,00 1.000,00
Adubo mineral (sulfato de potássio) sc (25kg)
5,00 140,00 700,00
Adubo tetraborato de sódio (boráx) sc (25kg)
1,00 105,00 105,00
Adubo mineral (sulfato de zinco) sc (25kg)
1,00 230,00 230,00
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Adubo orgânico (composto orgânico


kg
balancedo) 1,00 260,00 260,00
Inseticida Biológico (Metarhizium
kg
anisopliae) 0,50 260,00 130,00
Defensivo natural - Calda Bordalesa
L
(Sulfato de cobre) 1,00 10,50 10,50
Energia elétrica p/ irrigação KW/h
321,00 0,79 253,59
Mudas de alface bdja
225,00 22,00 4.950,00
R$
Subtotal
7.639,09
Serviços
Valor
Serviços Unidade
Quantidade Unitário Total R$
Adubação de cobertura d/h
3,00 70,00 210,00
Distribuição manual de adubo d/h
5,00 70,00 350,00
R$
Aplicação defensivo d/h
4,00 70,00 280,00
Capina manual d/h
70,00 70,00 4.900,00
Preparo do solo (Rotoencanteirador) h/m
4,00 150,00 600,00
Preparo do solo (Aração) h/m
3,00 110,00 330,00
Preparo do solo (Gradagem) h/m
2,00 110,00 220,00

-
R$
Subtotal
6.890,00
R$
INVESTIMENTO EM 1/2 HECTARE: 14.529,09
Fonte: O autor.

Tabela 2 – Descrição das Receitas com venda da Produção


Receitas com venda de produção
Produção esperada por ½ hectare: 80.000,00 cabeças
Área total a ser cultivada (hectares): 0,50
RECEITA DE VENDAS
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Prospecção para venda da produção total e perdas


Produto Qtde. Valor Total R$
Unitário
Vendas 1 uni. R$80.000,00 R$1,31 R$104.800,00

LUCRO BRUTO R$ 104.800,00


IMPOSTO PELO LUCRO REAL R$ 15.720,00
LUCRO LÍQUIDO R$ 89.080,00
Fonte: O autor.

Tabela 3 – Descrição do Fluxo de Caixa (FC) para o melhor cenário


FLUXO DE CAIXA PARA ANO COM CENÁRIO IDEAL
Nº DIAS R$ R$ R$
0 -R$ 14.529,09 -R$ 14.529,09
45 R$ 89.080,00 -R$ 14.529,09 R$ 74.550,91
90 R$ 89.080,00 -R$ 14.529,09 R$ 74.550,91
135 R$ 89.080,00 -R$ 14.529,09 R$ 74.550,91
180 R$ 89.080,00 -R$ 14.529,09 R$ 74.550,91
225 R$ 89.080,00 -R$ 14.529,09 R$ 74.550,91
270 R$ 89.080,00 -R$ 14.529,09 R$ 74.550,91
315 R$ 89.080,00 -R$ 14.529,09 R$ 74.550,91
360 R$ 89.080,00 -R$ 14.529,09 R$ 74.550,91
TIR 513,11% aa
Fonte: O autor.

Tabela 4 – Descrição do Fluxo de Caixa (FC) para o pior cenário


FLUXO DE CAIXA PARA ANO COM CENÁRIO IDEAL
Nº DIAS R$ R$ R$
0 -R$ 14.529,09 -R$ 14.529,09
90 R$ 89.080,00 -R$ 14.529,09 R$ 74.550,91
180 R$ 89.080,00 -R$ 14.529,09 R$ 74.550,91
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270 R$ 89.080,00 -R$ 14.529,09 R$ 74.550,91


360 R$ 89.080,00 -R$ 14.529,09 R$ 74.550,91

TIR 512,74% aa
Fonte: O autor.

Analisando o projeto na perspectiva financeira, percebe-se que o valor a ser investido


inicialmente é de R$ 14.529,09. Após mensurar a quantidade a ser produzida, percebe-se que a
cada colheita, o valor do fluxo de caixa, após o imposto de renda é de R$ 89.080,00.
A cada nova safra faz-se necessário um novo investimento, no valor de R$ 14.529,09.
No estudo desse projeto, fez-se a análise de um melhor cenário e de um cenário com
contingência.
Diante desses dados, percebe-se que o investimento é altamente atrativo, uma vez que,
apresenta uma taxa interna de retorno de aproximadamente de 513% ao ano para um cenário
ideal, ou seja, de 8 plantios ao ano.
Inclusive, mesmo considerando um cenário com contingências o investimento
permanece apresentando resultados atrativos. Dessa forma, pode-se propor a implementação
do investimento.
Portanto, conforme expõe Marion (2015) o papel do produtor rural concentra-se no
planejamento, controle, decisão e avaliação de resultados, visando maximizar lucros na
empresa rural. Além do mais, ressalta-se que a comercialização da alface orgânica é regida pela
pelas leis de oferta e demanda, desta forma, vale ressaltar que sem um bom planejamento
estratégico desenvolvido, o produtor rural se atenta somente em preço de custos de produção,
não obtendo um sucesso significativo e financeiro, por isso é importante a implantação do
planejamento estratégico agropecuário para a tomada de decisões estratégicas sobre o
investimento na cultura em que se deseja investir.

CONCLUSÃO

O planejamento estratégico agropecuário desenvolvido para a empresa rural produtora


de alface crespa orgânica ofertou como vantagem demonstrar o investimento e possíveis
retornos financeiros.
O modelo de planejamento estratégico agropecuário Agro performance proposto por
Lopes (2012) se mostrou eficiente para a empresa rural fazenda Esperança localizada no
município de Tibagi, sendo um processo continuo a ser desenvolvido na propriedade, buscando
atingir os melhores resultados no mercado.
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Muitos produtores rurais possuem dificuldades para elaboração de um planejamento


estratégico em suas propriedades. Mas é justamente nesse aspecto, que surgem oportunidades
de buscar ajuda especializada com consultores.
O produtor gestor da empresa rural deve ficar responsável pelas atividades propostas,
cumprindo as metas que foram planejadas para que a empresa rural possa assim atingir seu
objetivo estratégico.
Vale ressaltar ainda, que esse planejamento estratégico agropecuário apresentado é uma
proposta, fruto de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Agronomia, e cabe aos
gestores da propriedade rural estudada, fazer a implementação do mesmo e as adaptações que
julgar necessárias.

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