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Plantas invasoras

Rogério Rondinelli Nóbrega


Médico Veterinário da EAFMz
Bovinocultura de Corte
Definição de plantas invasoras

1- plantas indesejáveis e causadoras de prejuízos (Dantas & Rodrigues).

2- plantas que interferem com os objetivos do homem numa determinada situação


específica (Vitória Filho).

Nomes vulgares:

Ruderais, silvestres, mato, incó, erva daninha, infestante, nativas, nocivas, secundária,
erva má, inço e juquira

Cipó prata

Assa-peixe
Aparecimento de plantas invasoras em pastagens

Elas invadem as pastagens principalmente por erros de manejo, tais como:

 superpastejo,
 roçada inadequada, em número ou época das roçadas,
 queda da fertilidade do solo ( menor poder de competição por parte da pastagem ),
 plantio de gramíneas não adaptadas as condições em que foram plantadas

Ou ainda por:

 erros na formação de pastagens;


 excesso ou deficiência de água;
 sementes de plantas invasoras presentes no trato digestivo de animais
recém chegados de outras áreas.
Prejuízos causados por plantas invasoras

Os prejuízos podem ser :

competição com pastagem, reduzindo a sua capacidade de suporte;

toxicidade aos animais (erva de rato, coerana, camará, timbó);

hospedagem de parasitos (carrapatos, berneiras);

danos físicos aos animais (espinhos);


Marajá (espinhos)
alelopatia;

parasitismo;

hospedagem de inimigos naturais das pastagens;

diminuição da qualidade das forragens armazenadas ( silagem, fenos );

problemas no manejo dos animais e a manutenção de cercas.


Controle de plantas invasoras em pastagens

Os principais métodos de controle são:

Cultural;

Mecânico ou Físico;

Químico

Rabo de burro
Controle cultural de plantas invasoras

Este é o método de controle mais barato das plantas daninhas, pois trata-se de
um conjunto de práticas que procuram evitar o aparecimento das invasoras.

Estas práticas podem ser:

ajustar a carga animal de acordo com a disponibilidade de pastagem;


divisão de pastos para melhor aproveitamento;
formação de pastagens utilizando espécies e ou variedades adaptadas
as condições locais;
deixar o gado em quarentena (48 horas), quando vier de local com alta
infestação de espécie invasora estranhas a pastagem destino;
utilizar sementes puras, livres de sementes invasoras;
uso de adubações de reposição.

Exemplos:
1) O uso de aveia preta na rotação de culturas promove redução significativa de
plantas daninhas, devido ao seu efeito alelopático sobre as daninhas

2) Para o controle de plantas tóxicas deve-se tomar algumas medidas gerais, tais como:

* melhoria da pastagem para evitar que os animais recorram ao uso de plantas não
comuns a sua dieta.
* e evitar a superlotação (super-pastejo).
Controle físico de plantas invasoras

Os controles denominados de físicos ou mecânicos podem ser:

capina e roçada manual;

Queima controlada;

emprego da mecanização:

* roçadeira;
* rolo-faca
* correntão ou link
* triângulo
* trilho;
* mata-broto;
* arado e grade aradora (na formação)
Controle físico de plantas invasoras
Capina e roçada manual

O corte da parte aérea, ou seja a roçada (uso de foice e machado) é precário, pois
a maioria das plantas roçadas rebrota com vigor (ex: vassouras, guanxumas, alecrins,
assa-peixe, erva-de-rato, etc).
Para que as roçadas tenham resultados mais satisfatórios é importante que sejam realizadas
antes das invasoras amadurecerem suas sementes.

Mamona

Roçada precoce- iniciada em agosto

Não se recomenda a roça das pastagens no fim das


chuvas. Em função do capim não possuir poder de
competição com as daninhas de folhas largas.
Portanto, o melhor momento para se aplicar esta
técnica é no início das chuvas.
Roçada manual
Capina e roçada manual
O uso da capina (enxada ou enxadão), é mais eficaz que a roçada. É um processo mais
lento e difícil e mais oneroso que a roçada.

O custo da roçada e da capina é determinado por:

intensidade da infestação;
tipos de plantas invasoras;
tamanho da área;
valor da mão-de-obra regional.

Quanto menor for o grau de infestação e maior a percentagem de plantas daninhas


herbáceas, maior será o rendimento do trabalhador e menor o custo de limpeza.

Guanxuma, Juá Bravo.


Herbácea.

Assa-peixe
Arbustiva.
Controle físico de plantas invasoras
Queimada controlada

O uso do fogo é prática comum em nosso meio, usado cada vez menos, devido ação
mais efetiva dos órgãos governamentais e mesmo pela consciência por parte dos
produtores, pelos danos causados pela sua aplicação.

Causas:

Eliminação da M.O do solo;


Diminui as possibilidades de acúmulo de nutrientes no solo;
Decréscimo na fertilidade do solo;
Aumento das erosões;
Conseqüentemente degradação das pastagens.
Controle físico de plantas invasoras

Gradagem

O uso excessivo de gradagens na descompactactação e recuperação das pastagens provoca


danos semelhantes ao uso do fogo, pois com revolvimento do solo a ação dos microrganismos
é intensificada com conseqüente mineralização da M.O no solo. Ocorrendo uma maior
disponibilidade de nutrientes, em especial do nitrogênio, que provoca o crescimento da
pastagem. Porém esse efeito é passageiro e num curto período a pastagem volta a degradar.

Quando o uso da grade for no período seco, o efeito é grave, causando morte das plantas
devido a destruição das raízes.

O único uso realmente efetivo da grade aradora no controle de plantas daninhas ocorre durante
a formação de pastagem , pois naquela ocasião pode controlar a invasão oriunda de sementeira
de plantas invasoras ou mesmo rebrote, quando a aração não tiver sido efetiva na inversão
da leiva.
Controle físico de plantas invasoras

Arado

inversão da leiva superficial do solo;

enterrio das plantas e sementes de invasoras;

incorporação do calcário;

controle mais eficaz do que a grade aradora


no controle das ervas daninhas.

Aração em área de gramão


Roçadeira

Assim como o correntão, a roçadeira é o implemento mais utilizado pelos pecuaristas.

Promove controle sobre plantas herbáceas e lenhosas de pequeno diâmetro (ex. assa peixe).
Mas, também promove corte das pastagens, ocorrendo regeneração mais rápida por parte
das daninhas caso as condições de baixa fertilidade e/ou déficit hídrico estiverem acontecendo

A utilização das roçadeiras quando as pastagens estiverem com grande massa de forragem
promoverá grande perda de nitrogênio do solo em função da decomposição da massa de
forragem sobre o solo.

Recomendação:
Antes da roçada, utilizar alta pressão de pastejo para abaixar a altura do pasto e
sim fazer uso da roçadeira.
Roçada com deposição de palhada sobre o solo
Arranha gato roçado por 5 vezes consecutivas
Rolo-faca

Assim como a roçadeira ele também promove corte em função do seu peso mas ocorrendo
gasto de nitrogênio pelo solo pela decomposição em matéria orgânica. Portanto seu uso é
recomendado depois de uma pressão de pastejo executada.

Por ser mais robusto, promove o controle onde arbustos ou touceiras muito grosseiras,
onde, geralmente, a roçadeira não poderá ser efetiva.

Demanda menor manutenção que a roçadeira. No entanto possui rendimento menor.


Colonião antes do uso do Rolo-faca

Colonião depois do uso do Rolo-faca


triângulo
Quando arrastado promove o arranquio
das plantas invasoras

Promove também consumo de nitrogênio


pelo solo.

Sua utilização se restringe também as ervas


herbáceas e pequenos arbustos.

Terrenos ondulados ou com pouca depressões tem pouca eficiência, impedindo sua
distribuição sobre o solo, é o que mais danifica as plantas forrageiras, em especial
capins que formam touceiras (Panicuns e Elefante).

Assim como, para o uso do Rolo-faca e roçadeira, deve-se promover o rebaixamento


da pastagens antes do seu uso.
Remanga de curral, logo após o uso do triângulo
Mata broto

Este equipamento promove o controle de plantas de raízes pivotantes, através do corte


em sub-superfície do sistema radicular de plantas daninhas.

Possui grande eficiência. No entanto só poder ser utilizado em solos arenosos. Seu uso
em solos argilosos é proibitivo.

Assim como danifica as raízes das plantas daninhas também danificam as gramíneas,
principalmente quando em solos com alta umidade.

Caso não haja umidade suficiente para a planta se recuperar o seu uso pode causar
a morte da pastagem.

Em áreas adequadas pode atingir o rendimento de 10 ha/dia (8 a 10 horas de trabalho


por dia).

A veda pós uso do implemento é imprescindível para plena recuperação da pastagem.


Controle físico de plantas invasoras

Mata-broto controlando plantas típicas


de cerrado que invadem a pastagem.
O sucesso no controle das ervas daninhas dependem:

escolha adequada do implemento de controle;

o controle mecânico deve ser feito no período chuvoso, pois só assim a pastagem
terá plenas condições de se recompor a ponto de recobrir os espaços deixados pelas
invasoras.

a eficiência e o custo da operação escolhida dependerá de:

# condições de relevo (obstáculos)


# vegetação (obstáculos e resistência ao equipamento).
# regulagens adequadas.
# condições de uso do trator e implemento.
# experiência do tratorista.
# dimensões do equipamento.
Controle químico das plantas invasoras
Trata-se do uso de produtos denominados de herbicidas, que pode ser definido “como
qualquer produto químico que mata ou inibe grandemente o desenvolvimento
de uma planta” (Lorenzi).

È o método que promove as menores taxas de rebrotes. Quando bem empregado,


elimina definitivamente as plantas invasoras.

Os produtos disponíveis para o controle de plantas invasoras podem ser utilizadas


em três situações:

no auxilio de formação de pasto;

na recuperação das pastagens

na manutenção da limpeza da pastagem.


Para uso de herbicidas as seguintes informações devem ser levantadas:

 Levantamento das espécies invasoras mais importantes da região, bem como do local;

 verificar sensibilidade das plantas daninhas em relação aos herbicidas de mercado;

 realizar a escolha envolvendo os custos do produto;

 verificar a disponibilidade do equipamento para aplicação;

 conhecer os impactos do herbicida em relação ao ambiente;

 verificar as condições da pastagem. Estágios avançados de degradação é vantajoso


fazer a reforma. É fundamental importância analisar se a gramínea preencherá as lacunas
após o controle das invasoras.
Controle químico das invasoras

Apresentação do produto no mercado

solução em água ou óleo


emulsões;
pó molhável;
granulado;
cápsula ou pó seco.

De acordo com o modo de ação podem ser:

 herbicida de contato – indicados para controle das plantas que apresentam


reprodução por sementes.

 herbicida sistêmicos – indicados para plantas que possuem capacidade de rebrota.


Controle químico das invasoras
De um modo geral, tanto os herbicidas de contato ou sistêmicos atuam sobre as células
em multiplicação, diferenciação ou distensão, bem como em processos fisiológicos
do metabolismo, tais como:

* fotossíntese;
* respiração;
* síntese de proteina;
* transpiração.

Os herbicidas podem ainda se dividir em:

 seletivos: são aqueles que matam ou paralisam o crescimento de certas plantas,


enquanto causam pouco ou nenhum dano a outra plantas. Entretanto,
em altas dosagens podem se tornar “não seletivos”

 não seletivos: são aqueles que exercem sua toxicidade sobre qualquer vegetação.

OBS.: os herbicidas para pastagens na grande maioria dos casos são sistêmicos e seletivos,
controlando efetivamente as plantas daninhas de folhas largas, eliminando tanto a
parte aérea como o sistema radicular, sem afetar as gramíneas forrageiras.
Controle químico das invasoras
Métodos de aplicação de herbicidas em pastagens:

a) aplicação foliar;
b) aplicação no tronco;
c) aplicação via solo;
d) aplicação basal;
e) aplicação em anel.

Pulverizador de barras – aplicação


foliar em área total
Controle químico das invasoras
É o mais utilizado, podendo ser realizada em área total ou localizada.

Em área total:

Utilizada quando a densidade das invasoras e seu hábito de crescimento impossibilitam o


tratamento individual das plantas ou manchas de daninhas nas pastagens. È recomendada
para áreas onde há grande infestação de invasoras herbáceas ou para áreas extensas.

Utiliza-se pulverizadores tratorizados (jatão ou barra) ou aeronaves agrícola.

Os volumes de calda recomendados para aplicação em área total são de 200 a 300 l/ha
para pulverizadores tratorizados e não inferior a 400 l/ha no caso de usar aeronaves.

Localizada:

Recomenda-se para áreas pequenas ou com infestação inferiores a 40%, com plantas
distribuídas isoladamente ou em reboleiras.

Neste caso, a aplicação deverá ser feita utilizando um pulverizador costal, adaptáveis ao
lombo do animal ou equipamentos tratorizados. Recomenda-se molhar a planta daninha
até próximo ao ponto de escorrimento.
Controle químico das invasoras

Eficiência do herbicida depende:

o Aplicações foliares deverão ser efetuadas em períodos chuvosos (solos úmidos);


o Temperaturas abaixo de 32°C e com umidade relativa do ar em torno de 62%;
o Usar espalhante adesivo quando suspeitar da ocorrência de chuva antes de 4 horas
pós aplicação.

Aplicação no toco ou pincelamento:

Utilizadas para plantas resistentes às aplicações foliares ou para plantas de porte muito
elevado.
Roçar a planta daninha ao solo, rachando o toco se possível, para aumentar a eficiência da
aplicação com pulverizador costal, com bico cone.

Não há necessidade de aditivos.


aplicação em duplas, um trabalha cortando outro fazendo aplicação.

Utilizar sempre um corante na calda para a identificação correta das plantas controladas.

A aplicação no toco pode ser executada durante todo o ano.


Controle químico das invasoras

Trabalho em equipe: um roça e outro pulveriza.

Tocos pulverizados, identificados pelo corante


do produto (roxo).
Controle químico das invasoras
Aplicação via solo:

Utiliza-se herbicidas de formulação granulada.

Colocado ao redor do caule da invasora ou a lanço, quando se pretende controlar plantas


espinhosas que ocorrem em reboleiras, ou ainda no caso do controle de Grama Batatais.

Seu efeito se dá quando a água da chuva dissolve os grânulos do herbicida, que é


absorvido pelas raízes das invasoras.

Para o seu uso as plantas invasoras devem apresentar bom desenvolvimento foliar,
a aplicação não deve ser realizada em plantas roçadas ou queimadas recentemente.
Controle químico das invasoras

Aplicação basal:

Utilizada para o combate de invasoras muito desenvolvidas e que possuem pequena


área foliar, cuja raízes brotam em torno do tronco, ou quando este brota sempre após
algum corte.

Pincele-se o herbicida ou pulveriza-se ao redor do tronco a uma altura de 25 a 30 cm do solo.

A aplicação também pode ser feita com uma injeção do herbicida ao redor do tronco
a intervalos de 10 cm.

Aplicação em anel:

Quando não é possível eliminar a parte aérea, realiza-se cortes ao redor do tronco
Aplicando em seguida o herbicida, pincelando-se as partes descascadas
Controle químico das invasoras

O sucesso no controle de plantas invasoras depende de inúmeros fatores,


entre eles podemos destacar:

1) Correta formação da pastagem (correção da fertilidade e escolha da forrageira);

2) Manejo da pastagem (pressão de pastejo, descanso após o pastejo e controle


da fertilidade);

3) Identificação do tipo e nível de infestação;

4) Escolha correta do método e da época de sua aplicação.

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