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 Controle de plantas espontâneas em açaizais, porquê fazer?

Você já deve ter ouvido falar em plantas daninhas, infestantes, invasoras,


espontâneas ou ervas daninhas, sendo todos esses termos utilizados para designar as
plantas que não são a cultura destaque e de interesse econômico no campo de
produção. Dessa forma, em determinados períodos, a depender do ciclo em que
estiverem, acarretarão em prejuízos ao desenvolvimento, pois competirão diretamente
por água e nutrientes.
O crescimento inicial de açaizeiros ocorre lentamente, sendo assim, nessa fase
a prevalência e competição de plantas daninhas é alta, comprometendo o
desenvolvimento das plantas se não houver adoção de medidas de controle. E
conforme um trabalho executado pela Embrapa Acre, as principais espécies invasoras
em cultivo de açaí-solteiro (Euterpe precatoria) foram as de crescimento rápido e que
se propagam por sementes e rizomas, anuais e herbáceas. Por isso, veremos a seguir
os métodos de controle que podem ser empregados.
O que acha de colocarmos fotos das principais daninhas em cultivo de açaizeiro
conforme essa tabela de um artigo da Embrapa? Seria mais legal, pras pessoas
visualizarem e reconhecerem?

1) Controle preventivo
Visando diminuir os impactos negativos advindos de uma infestação de plantas
espontâneas, o primeiro passo consiste no preparo de solo, caso seja realizado
gradagens na área inteira, pode-se deixar a área em pousio por alguns dias, e em
seguida eliminar as plantas que germinarem do banco de sementes do solo. Como a
maioria das sementes são pequenas, e podem facilmente ser disseminadas através de
movimentação de máquinas de um lugar a outro, é indicado a limpeza de tratores e
implementos na entrada da propriedade.
2) Controle mecânico
Essa prática consiste na utilização de algum instrumento para a retirada das
plantas, por isso a denominação “mecânico”. O mais primitivo e menos tecnológico é a
“monda”, assim chamada devido ser a retirada manual com as mãos, arrancando-se ou
fazendo-se o corte. Não é recomendado e nem muito utilizado para grandes áreas,
tendo em vista, o tempo, bem como a mão-de-obra, sendo mais aplicado em áreas
pequenas por agricultores familiares.

Foto: horta biológica.

A capina é o corte ou arranque por meio de instrumentos como enxada,


enxadeco, enxadão, isso tratando-se da capina manual, que é a realizada com auxílio
das mãos. E a capina mecânica é com a utilização de um animal ou uma máquina,
acoplando-se uma enxada ou enxadas-rotativas. É mais viável do que a monda,
entretanto, o rendimento é baixo, adequado também para áreas pequenas. Importante
salientar que a manual pode ser efetuada apenas em torno dos açaizeiros, deixando-os
livre de competidoras e acrescentando cobertura morta das mesmas para não decair a
umidade do solo na base da planta tão rapidamente, porém é preciso ter cuidado para
não haver cortes nas raízes e no caule da cultura.
A roçada, empregará o uso de roçadeiras elétricas, motorizadas, tratorizadas,
foice, rolo-faca, entre outras, em vista do controle por meio do corte. Manualmente a
mesma será eficiente para locais que sejam difíceis de acessar com tratores, que a
inclinação do terreno seja maior, sendo viável para áreas menores, e o rendimento é
médio, entretanto, um dos entraves é a mão-de-obra. Já a roçada mecânica é mais
viável quando comparada as outras, indicado para áreas com açaizeiros, tendo em
vista o espaçamento grande entre linhas possibilitando a entrada de máquinas, o custo
dependerá das horas necessárias para a limpeza, pois acarretará em consumo de
combustível e na manutenção de trator e implemento.
3) Controle físico
Como o próprio nome já diz, esse método é relacionado à atividade que impacta
fisicamente as plantas espontâneas retardando o desenvolvimento das mesmas. O
controle ocorre através do impedimento de germinação de sementes do solo por não
chegar luz a superfície em função da cobertura, além disso há benefícios extras como
melhoria das condições químicas e biológicas do solo, melhorando a nutrição do solo e
a manutenção da umidade por maior tempo.
Para cobertura morta vegetal podem ser utilizados palhadas secas, serragem,
cascas de arroz, capim proveniente de roçadas. Esse material pode ser colocado em
volta das plantas de açaí, com atenção para essa camada não exceder 15 cm de
altura, não pode ficar sufocando o caule do açaizeiro, tendo alguns dedos de distância.
Outra atenção requerida é quando ao resíduo vegetal que não pode ser verde, precisa
ser seco e sem sementes pra não haver infestação de daninhas.
4) Controle químico
Essa forma de controle é o emprego de defensivos agrícolas denominados de
herbicidas para ocasionar a morte das plantas espontâneas. Apresenta como
benefícios o menor uso de mão-de-obra, pode ser efetuado de forma rápida prática e
eficiente, e controla as plantas em diferentes estádios de desenvolvimento. Como
desvantagens o emprego desse método exige mão-de-obra qualificada, pode causar
poluição ambiental sendo usado inadequadamente, há risco de deriva para culturas
vizinhas, e resíduos no solo.
Para utilização dessa prática é importante entender a biologia das espécies que
são infestantes, pois os produtos disponíveis comercialmente baseiam-se
principalmente no tipo de folha, hábito de crescimento, ciclo da planta. Além disso, a
aplicação deve ser criteriosa, com equipamento de proteção individual (EPI), como
luvas, botas, máscaras. Antes do plantio, após a gradagem e posterior germinação das
sementes um pulverizador acoplado em trator pode realizar a aplicação, dessa forma,
deixando a cultura livre por um tempo no período inicial. Já após plantio, a melhor
forma de aplicação é com um pulverizador costal, já que não há um produto seletivo ao
açaizeiro.
Para um bom resultado devem ser evitados horários de alta insolação, dias
chuvosos, dias com ventanias fortes, e as plantas devem estar num bom período
vegetativo. Plantas iniciando a floração ou na fase de floração, vão destinar as
substâncias para os frutos e apresentarem menos mortalidade.

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, U. O. de; ANDRADE NETO, R. de C.; MARINHO, J. T. de S.; GOMES, R.
R.; OLIVEIRA, J. R de; SANTOS, R. S. dos; TEIXEIRA JÚNIOR, D.; ARAÚJO, J. C. de.
Fitossociologia de plantas daninhas em cultivo de açaizeiro. Revista Brasileira de
Agropecuária Sustentável (RBAS), v.9, n.3, p.59-67, Setembro, 2019.

CARVALHO, L. B. de. Plantas daninhas. Editado pelo autor, Lages, SC, 2013. 82 pg.
OLIVEIRA, M. F. de; BRIGHENTI, A. M. Controle de Plantas Daninhas: métodos
físico, mecânico, cultural, biológico e alelopatia. Embrapa, Brasília, D, 2018. 198 pg.

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