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Produção Vegetal – Olericultura

Prof. Mágno S. F. Valente – IFAM – CPRF 73

10. IRRIGAÇÃO NA OLERICULTURA

10. IRRIGAÇÃO NA OLERICULTURA

Objetivos:
Ao final desta lição, você deverá ser capaz de:
• Entender a importância e as dificuldades da implantação de sistemas de
irrigação;
• Identificar os diferentes métodos de irrigação;
• Entender as principais características, vantagens e desvantagens dos
diferentes métodos de irrigação;
• Reconhecer algumas práticas de manejo da irrigação.

10.1. Irrigação: Importâncias e limitações

Você já se perguntou porque as hortaliças são tão exigentes em água? Porque elas
são, em geral, plantas tenras, com mais de 90% de água na constituição das partes
comestíveis, tais como folhas, frutos, tubérculos e raízes; apresentam ciclo curto; e
possuem sistema radicular superficial. De modo geral, as hortaliças folhosas – como
acelga, agrião, alface, almeirão, cebolinha, chicória e rúcula –, o alho, a cebola, a cenoura
e o morango estão entre as hortaliças que exigem maior disponibilidade de água no solo
para se desenvolverem.
A ocorrência de período sem chuvas ou com irrigações muito aquém da
necessidade das hortaliças compromete consideravelmente tanto a produtividade quanto
a qualidade delas, principalmente daquelas mais exigentes em água. Ainda que as plantas
se desenvolvam e produzam, a qualidade das folhas, inflorescências e frutos pode ser
prejudicada de tal forma que inviabiliza sua comercialização.
E o excesso de água, isto prejudicaria as hortaliças? A resposta é sim, o excesso
prejudica a produtividade e a qualidade delas, porque favorece o surgimento de uma série
de doenças e compromete a aeração do solo, prejudicando a respiração das raízes.
Antes de avançarmos neste conteúdo é importante ficar claro que irrigação não é
o mesmo que molhar. Molhar é apenas fornecer água de modo irregular sem se
preocupar com a quantidade fornecida. Irrigação é um método artificial pelo qual se
calcula a quantidade de água aplicada na planta, com o objetivo de suprir as necessidades
hídricas totais ou suplementares da planta na falta de chuva. Como vantagens da irrigação
podemos citar:
• A irrigação viabiliza o cultivo de espécies de plantas em locais onde sem
sua aplicação seria impossível, como em locais áridos ou até em locais
onde não há uma disposição regular de chuvas;
• Garantia de produção e redução dos riscos na produção de alimentos;
• Aumento de produtividade das culturas e melhoria da qualidade do
produto;
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• Geração de empregos permanentes: com a irrigação, e necessário pessoal


para instalação, manutenção e operação dos sistemas de irrigação;
10.2. Métodos de irrigação

• Aumento no número de safras agrícolas: dependendo da cultura, o


produtor terá um aumento de safras. Um exemplo é o feijão-caupi, que
terá 3 safras durante o ano;
• Desenvolvimento socioeconômico: com a implantação da irrigação,
ocorreram mudanças socioeconômicas como, por exemplo, o aumento da
renda per capita, crescimento dos estabelecimentos comerciais e
industriais, melhoria das condições de saúde.
Dentre as grandes limitações do uso da irrigação por parte do produtor podemos
citar:
• Alto consumo de água.
• Alto custo de implantação.
• Falta de mão-de-obra especializada.
• Salinização de solos inadequadamente manejados.
• Impactos ambientais  Resíduos, mosquitos, alteração de ecossistemas.
• Disponibilidade hídrica.
Uma vez identificada a grande necessidade de fornecer água em quantidades e
épocas adequadas as plantas pode-se fazer uso de diferentes sistemas de irrigação que
serão discutidos nos próximos tópicos.

10.2. Métodos de irrigação

O método de irrigação é a forma pela qual a água pode ser aplicada as culturas.
Há basicamente quatro tipos: aspersão, localizada, superfície e subterrânea. Para cada
método, podem ser empregados dois ou mais sistemas de irrigação. A existência de
diferentes sistemas se deve a grande variação de solo, clima, culturas, disponibilidade de
energia e condições socioeconômicas para as quais a irrigação deve ser adaptada. Em
nossos estudos iremos abordar apenas aqueles sistemas de irrigação mais utilizados por
pequenos e médios produtores. Veja esquema a seguir:
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Figura. Métodos e sistemas de irrigação


10.2.1. Aspersão

10.2.1. Aspersão

Aspersão é o método de irrigação pressurizado em


que a água é aplicada às plantas ou ao solo na forma de
chuva artificial, utilizando, por exemplo, dispositivos
emissores denominados aspersores. Este é o método em
que a aplicação de água na superfície do terreno
assemelha-se a uma chuva.

Algumas vantagens deste método são:


• Não é necessário o nivelamento do solo
• Permite um bom controle da lâmina (quantidade) de água a ser aplicada
• Pode ser usada em combate a geadas, aumentar a umidade relativa, reduzir
o aumento da temperatura e descarte de resíduos.
• Permite a fertirrigação

Como desvantagens podemos citar:


• Alto custo de implantação e gastos de funcionamento.
• Favorece desenvolvimento de algumas doenças.
• Imprópria para água com alto teor de sais.
• Afetada pelo vento

O regador é um exemplo de aspersão. Outros sistemas por aspersão são o pivô


central e o autopropelido, muito usados no cerrado e em outras áreas mais planas e para
cultivos em áreas maiores (normalmente acima de 10 ha).
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Tome nota: Microaspersão é todo e qualquer sistema de irrigação


que utilize microaspersores (até 5 m de raio de alcance) ou outro
dispositivo de pequeno porte para aplicar água às plantas ou ao solo
na forma de chuva. Desse modo, mangueiras e regadores dotados de
crivo na ponta podem ser enquadrados como microaspersão, da
mesma forma que mangueiras (artesanais e comerciais) com
microfuros ao longo de sua extensão. Sistemas por microaspersão,
quando utilizados para irrigar toda a superfície do solo, devem ser
classificados como aspersão convencional. Já quando usados para
irrigar plantas individuais ou em faixas, deixando parte do solo sem molhar, devem ser
considerados como sistemas localizados, a exemplo do gotejamento.

Equipamentos/componentes necessários:
Horta pequena: Para hortas pequenas, pode ser utilizado apenas um simples
regador ou mangueira com crivo na ponta. No caso de mangueira, deve-se utilizar um
crivo do tipo de regador ou com um tubo perfurado, na largura do canteiro, acoplado na
10.2.2. Irrigação localizada: Gotejamento

ponta. O crivo deve ser fino, para melhor distribuição da água, não compactar a superfície
do solo e não prejudicar hortaliças mais sensíveis.
Horta maior: Para hortas maiores, irrigadas por sistemas convencionais, é
necessário um conjunto motobomba, que inclua tubulação de sucção, tubulação para a
condução (linha principal), pelo menos uma tubulação de distribuição (linha lateral) e
aspersores. São ainda necessários acessórios, como válvulas e registros, e conexões. O
material das tubulações, conexões e acessórios frequentemente utilizado é o PVC.
Tubulações de polietileno também podem ser usadas no caso de aspersores de pequeno
porte (raio de alcance até 10 m). Existe uma infinidade de modelos de aspersores, de
diferentes tamanhos e materiais de fabricação (plásticos e metais). Apesar de ser possível
construir alguns modelos simples de aspersores é, em geral, mais econômico adquirir um
modelo comercial. Ademais, aspersores comerciais possibilitam melhor distribuição da
água sobre o solo.

Meios de aplicação da aspersão:


• Para irrigação com regador é requerida uma torneira, reservatório ou pequeno
curso de água na área. Para irrigação usando mangueira é indispensável
disponibilidade de água pressurizada na área, que pode ser alcançada conectando
a mangueira à rede pública de água, a reservatório a pelo menos 5 m de altura ou
a pequena bomba hidráulica. A bomba pode ser manual ou estar conectada a um
motor elétrico ou de combustão interna.
• A aspersão convencional somente poderá ser adotada caso exista água com
pressurização. Para tal, é necessária uma bomba hidráulica. É mais econômico e
prático utilizar um motor elétrico para acionamento da bomba; todavia, quando
não se dispõe de energia na área, pode-se usar um motor de combustão interna de
baixa potência.
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• O bombeamento da água, em geral, é feito diretamente para os aspersores.


Contudo, para hortas pequenas, a água pode ser bombeada para um reservatório
de água elevado (caixa d’água) e, a partir daí, pode ser conduzida para os
aspersores. Nesse caso, podem ser utilizados dispositivos, como o carneiro
hidráulico ou as bombas de água movidas por roda d’água. O fundamental, neste
caso, é que o reservatório esteja numa altura mínima suficiente para descarregar
água com pressão suficiente nos aspersores.

10.2.2. Irrigação localizada: Gotejamento

Gotejamento é um sistema de irrigação localizado, em que a


água é conduzida sob pressão por tubulações e distribuída ao solo, por
meio de gotejadores, diretamente sobre a zona da raiz da planta, com
alta frequência e baixa intensidade, sem molhar a parte aérea das
plantas. A água aplicada pelos gotejadores é geralmente na forma de
gotas, daí o nome gotejamento.

As principais vantagens do gotejamento são:


10.2.2. Irrigação localizada: Gotejamento

• Reduzir a superfície do solo molhada.


• Não molhar as folhas.
• Reduzir plantas invasoras.
• Alta eficiência de aplicação.
• Permitir a fertirrigação.
• Operar em baixas pressões. Figura. Gotejamento
em morango

Desvantagens:
• Alto custo implantação.
• Sensível a entupimentos.

Equipamentos/componentes necessários:
Os componentes necessários são um conjunto motobomba, em que se incluem
tubulação de sucção, sistema de filtragem (filtros de areia, de discos ou tela), tubulação
de condução (principal e secundária) e mangueiras com os gotejadores (geralmente
denominadas de tubo gotejador ou fita gotejadora). Também são essenciais alguns
acessórios, como válvulas e registros, e conexões. Caso a água a ser utilizada esteja
armazenada em um reservatório localizado pelo menos 10 m acima da área a ser irrigada,
não se faz necessário o uso de uma motobomba para pressurizar a água. Existe no
mercado uma grande variedade de modelos de gotejadores. Embora seja possível
construir alguns tipos de gotejadores caseiros, é, em geral, mais econômico adquirir um
modelo comercial. Ademais, gotejadores comerciais possibilitam melhor precisão e
uniformidade na aplicação da água.
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Meios de aplicação do gotejamento:


Para uma boa irrigação, é necessário que se forme uma faixa contínua molhada na
superfície do solo ao longo dos tubos gotejadores. Para isso, os gotejadores devem estar
devidamente espaçados. Os espaçamentos comerciais mais frequentemente utilizados são
os de 20 cm, 30 cm, 40 cm e 50 cm; sendo os menores indicados para solos com baixa
capacidade de movimentação lateral da água, como os arenosos. Para a aplicação do
gotejamento:
• O espaçamento entre tubos gotejadores depende do tipo de hortaliça e da
capacidade de movimentação lateral da água no solo. Para hortaliças com
espaçamento entre fileiras acima de 60 cm, geralmente é recomendado utilizar um
tubo gotejador por fileira de plantas. Para hortaliças com menor espaçamento entre
fileiras, os tubos gotejadores devem ser espaçados de forma que as faixas de
molhamento se encontrem. Nesse caso, o espaçamento entre tubos gotejadores
deve ser igual ou ligeiramente superior ao espaçamento entre gotejadores ao longo
do tubo gotejador.
• O comprimento e diâmetro das tubulações e mangueiras dependem do tamanho
da área a ser irrigada e da quantidade e vazão dos gotejadores. As tubulações, que
podem ser de PVC ou polietileno, geralmente têm entre 25 mm e 75 mm (1” e 3”)
para hortas de até 2 ha. Já os tubos gotejadores, todos de polietileno, apresentam
diâmetro entre 12 mm e 20 mm (½” e ¾”).
10.2.3. Irrigação por superfície: sucos

• A pressão necessária na tubulação para o funcionamento adequado dos


gotejadores é de cerca de 1 kgf/cm2, o que corresponde a um reservatório com 10
m de altura.

10.2.3. Irrigação por superfície: sucos

Um sistema de irrigação superficial no qual a condução e a distribuição da água


para as plantas são feitas por gravidade, diretamente sobre a superfície do solo por meio
de sulcos, geralmente construídos entre ou junto às fileiras de plantas.

Vantagens:
• Simplicidade operacional.
• Baixo custo.
• Independe da altura das plantas.

Desvantagens:
• Requer nivelamento da superfície do
solo.
• Exige maior mão-de-obra.
• Não permite a fertirrigação.
• Apresenta baixa eficiência de aplicação (em média 50%).
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Como devem ser construídos os sulcos?


A forma do sulco depende da cultura a ser irrigada, sendo mais comum o formato
em “V”. A largura do sulco varia entre 20 cm e 30 cm e a profundidade entre 15 cm e 25
cm. Os sulcos devem ter declividade inferior a 1% (1 cm para cada 1 m de sulco) para
não causar problemas de erosão.
O espaçamento entre sulcos depende da hortaliça a ser cultivada e da capacidade
de movimentação lateral da água no solo (menor em solos arenosos). Para hortaliças com
espaçamento entre fileiras de plantas acima de 60 cm, deve ser utilizado um sulco por
fileira de plantas. Para hortaliças com pequeno espaçamento entre fileira de plantas, os
sulcos podem ser espaçados em torno de 80 cm a 100 cm, sendo o maior valor para solos
mais argilosos.
O comprimento do sulco depende da declividade do terreno e principalmente do
tipo de solo. Para solos com alta taxa de infiltração (arenosos), o comprimento não deve
ultrapassar 20 m, enquanto, para solos pouco permeáveis (argilosos), o comprimento
pode ser superior a 100 m.

10.2.4. Irrigação Subterrânea (Subsuperficial)

Este sistema é pouco empregado em hortaliças, sendo utilizado basicamente em


tomates, melão, gramados e jardins. Abaixo são listadas algumas de suas características.
• Sistema totalmente enterrado.
10.3. Algumas questões sobre manejo da irrigação

• Permite a aplicação de água residuária.


• Reduz perdas por evaporação na superfície do solo.
• Reduz a incidência de plantas invasoras.
• Estimula crescimento do sistema radicular.
• Alto custo de instalação.
• Dificuldade de manutenção.
• Apresentas problemas com intrusão radicular.

Figura. Sistema de irrigação subterrânea em tomate

10.3. Algumas questões sobre manejo da irrigação


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Como utilizar o critério da aparência visual da planta para determinar o momento de


irrigar?
Deve-se realizar diariamente uma observação visual das hortaliças cultivadas,
preferencialmente ao final do período matinal. As irrigações devem ser realizadas quando
for observado algum sintoma de murchamento das folhas. Para algumas hortaliças é
possível ver uma ligeira alteração na tonalidade da coloração das folhas quando sob
condições de déficit de água no solo.
O problema desse método é que, quando o sintoma de murchamento ocorre, a
produtividade já pode ter sido prejudicada. Por sua vez, em solos arenosos e condições
de clima quente e seco, as plantas podem apresentar sintoma de murcha temporária nas
horas mais quentes do dia mesmo quando a umidade no solo é adequada.

Como avaliar a aparência do solo para determinar o momento de irrigar?


Na avaliação do solo, deve-se verificar tanto a aparência visual quanto a
consistência. Para a avaliação, coleta-se uma amostra de solo e observam-se a cor do solo,
quando seco ou úmido, e a consistência ao manuseio.
O exame é feito assim: um punhado de solo deve ser comprimido na palma da
mão e esfregado entre os dedos polegar e indicador, para avaliação da consistência do
torrão e da plasticidade do solo (facilidade de moldagem).
As hortaliças mais sensíveis à falta de água devem ser irrigadas quando
apresentarem as seguintes condições:
• Solos de textura grossa (arenosos): o solo tende a se manter coeso, mas o
torrão pode se romper facilmente.
• Solos de textura média: forma torrão maleável que desliza facilmente entre
os dedos.
10.3. Algumas questões sobre manejo da irrigação

•Solos de textura fina (argilosos): ao ser comprimido desliza entre os dedos


na forma de lâmina escorregadiça.
Já as hortaliças menos sensíveis devem ser irrigadas quando apresentarem as
seguintes condições:
• Textura grossa: aspecto seco e não formar torrão.
• Textura média: forma torrão, algo plástico, que às vezes desliza entre os
dedos ao ser comprimido.
• Textura fina: forma torrão que desliza entre os dedos

Como determinar a necessidade de água para cada tipo de hortaliça?


A necessidade de água varia de hortaliça para hortaliça e é em função do ciclo de
desenvolvimento das plantas. Depende também do sistema de irrigação, do sistema de
cultivo e, principalmente, das condições climáticas locais.
Plantas na fase inicial consomem menos água, enquanto aquelas na fase de
produção demandam mais água para manter os processos fisiológicos. Calcular o
consumo diário de água em uma lavoura, denominado de evapotranspiração da cultura
(evaporação do solo + transpiração das plantas), não é uma tarefa simples. A
evapotranspiração da cultura é normalmente determinada por meio de equações, com
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base em variáveis climáticas, ou de tanques de evaporação e de coeficientes de cultura,


que podem ser obtidos em livros específicos da área.

Quanto de água, em média, é preciso por dia para o cultivo de hortaliças?


Na Tabela a seguir, são apresentados valores médios diários de evapotranspiração
(em milímetros por dia) para hortaliças em geral, conforme a temperatura e a umidade
relativa média do ar na região. Tais valores devem ser usados com reserva, pois dependem
também do tipo de hortaliça, das fases de desenvolvimento das plantas e do sistema de
irrigação.

Tabela. Valores médios diários de evapotranspiração para hortaliças.

Qual o volume de água necessário para aplicar, por exemplo, 5 mm de água em uma
horta de 1.000 m2?
Em irrigação, a quantidade de água é geralmente expressa em milímetros (mm),
da mesma forma que chuva. Para aplicar uma lâmina de 1 mm de água em uma área de
1 m2, é necessário 1 L de água. Portanto, para aplicar uma lâmina de 5 mm de água em
1.000 m2, serão necessários 5.000 L de água.
10.4. Exercícios de Fixação

Qual o melhor horário do dia para irrigar as hortaliças?


De modo geral, o horário da irrigação tem pequena influência sobre o rendimento
das culturas. No caso da aspersão, as regas devem ser realizadas em horários sem vento
ou de baixa intensidade.
Irrigações durante períodos de ventos intensos e temperatura elevada, além de
favorecerem a maior evaporação de água, prejudicam demasiadamente a distribuição de
água, o que compromete a produtividade.
Para reduzir as perdas de água por evaporação, é mais indicado irrigar pela manhã,
bem cedo, ou no final da tarde. Contudo, no caso da aspersão, o horário da irrigação pode
afetar a incidência e severidade de algumas doenças da parte aérea. Visando minimizar
tal risco, especialmente em regiões sujeitas à formação de orvalho, as regas por aspersão
devem ser realizadas preferencialmente depois das primeiras horas da manhã e antes das
últimas horas da tarde, a fim de diminuir o tempo que a água permanece sobre a folha.

É necessário irrigar as hortaliças até no dia da colheita?


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Apenas as hortaliças folhosas devem ser irrigadas até a colheita. Para as demais,
isso não é necessário, porque o solo pode fornecer água às plantas por vários dias sem a
necessidade de irrigação. A interrupção das irrigações depende do tipo de solo, do clima
e da hortaliça cultivada. Em solos argilosos e em clima ameno (temperatura baixa e
umidade relativa alta), as irrigações podem ser paralisadas bem antes do que em solos
arenosos e regiões de clima quente e seco.
Em cultivos de cebola, batata e alho, por exemplo, pode-se paralisar de 5 a 10 dias
antes da colheita. No caso de hortaliças do tipo fruto, como tomate e pimentão, paralisar
entre 3 e 7 dias antes da última colheita. No caso de gotejamento, a última irrigação deve
ser realizada mais próxima do momento da colheita.

Como manter a umidade do solo?


É possível manter parte da água das chuvas e da irrigação no próprio solo por
meio da melhoria da estrutura física do solo, do aumento do teor de matéria orgânica e da
adoção de práticas que permitam maior aprofundamento das raízes das plantas. Esse tipo
de armazenamento não será suficiente para abastecer de água as plantas durante todo o
ciclo de desenvolvimento, mas contribuirá para diminuir a demanda de água para
irrigação.
Para aumentar o armazenamento de água no subsolo, o produtor deve adotar, na
propriedade práticas conservacionistas que aumentem a infiltração de água no solo, como
a construção de “barraginhas”, a revegetação de áreas degradadas e todas aquelas
relacionadas à conservação do solo. Tais práticas possibilitam aumentar a quantidade de
água em poços rasos e profundos e as vazões de minas de água.

10.4. Exercícios de Fixação

1. Irrigação é a mesma coisa que molhar? Explique.


10.4. Exercícios de Fixação

• Molhar é apenas fornecer água de modo irregular sem se preocupar com a


quantidade fornecida. Irrigação é um método artificial pelo qual se calcula a
quantidade de água na planta._

2. Fale sobre a importância da irrigação para a agricultura (Citar pelo menos 2


justificativas).
• Aumenta no número de safras agrícolas, desenvolvimento socioeconômico.

3. Quais são os principais métodos de irrigação?


• Gotejamento, micro aspersão, sulcos inundação convencional/ mecanizado.

4. Cite pelo menos três componentes de um sistema de aspersão convencional?


• Para uma horta pequena uma mangueira ou um regador.

5. Quais as vantagem e desvantagem da irrigação por gotejamento?


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• Vantagens: reduzir a superfície do solo molhado, não molhar as folhas, plantas


invasoras, alta eficiência de aplicação.
• Desvantagens: alto custo implantação, sensível a equipamentos

6. Que sistema de irrigação faz a distribuição da água para a cultura por gravidade através
da superfície do solo?
• Irrigação a superfície
7. Existe algum horário do dia mais indicado para efetuar a irrigação em hortaliças?
Comente.

• As irrigações devem ser realizadas no período da manha .


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6. SEMEIO, PROPAGAÇÃO E PREPARO DA ÁREA PARA

6. SEMEIO, PROPAGAÇÃO E PREPARO DA ÁREA PARA


IMPLANTAÇÃO DA HORTA

Definimos anteriormente diversas características da produção de olerícolas como


as exigências climáticas das espécies. Conversamos também sobre os sistemas de cultivo
e os principais pontos no planejamento e na execução de projetos em Olericultura. Agora
podemos dar mais um passo na construção do conhecimento sobre esse universo.
Abordaremos, nesta lição, as etapas que envolvem o semeio, a propagação e o
preparo da área para a implantação da horta.
Vamos conhecer mais sobre essas práticas na Olericultura?

Objetivos:
Ao final desta lição, você deverá ser capaz de:
• conhecer as características mais relevantes na escolha do local ideal para
implantação da horta;
• entender melhor sobre a escolha das espécies e das variedades de
olerícolas, a sua propagação e a correta produção de mudas; • relacionar
as principais práticas de implantação de uma horta;
• compreender o significado de semeio direto e transplantio.

6.1. Escolha do local ideal para implantação da horta

Que local escolher para implantar a


horta? Essa é uma questão que todo
olericultor ou iniciante na Olericultura
se faz ao iniciar um projeto, seja ele em
campo aberto ou em cultivo protegido.

Sabemos que a horta é o local onde serão cultivadas as olerícolas. O local de sua
implantação depende principalmente da finalidade, do sistema de produção e da
disponibilidade de área. Ou seja, se a horta tem como finalidade a produção para a
subsistência, deve ser o mais próximo possível da residência. Por outro lado, se a horta
tem a finalidade comercial em cultivo protegido, deve ser próxima de fontes de água e
energia, podendo inclusive localizar-se dentro do perímetro urbano. No sistema
convencional ou campo aberto, o olericultor deve observar características do solo, da
água, da infraestrutura geral na zona rural, entre outros aspectos.
Quais são os critérios gerais para escolha do local para horta?

a) Solo: solos devem ser férteis, com abundante matéria orgânica, boa drenagem,
boa textura e estrutura. Se possível, em áreas de solo de consistência média
(arenoargilosa), evitar os solos muito argilosos ou arenosos.
b) Água: deve ser de boa qualidade e boa quantidade, não salina e isenta de resíduos
tóxicos químicos ou microbiológicos.
6.2. Escolha da espécie e da variedade de olerícolas
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c) Terreno: terrenos planos ou com leve inclinação para facilitar o escoamento.


Terrenos com inclinação acima de 15% acarretam perdas do solo por erosão.
d) Clima: conforme vimos anteriormente na disciplina, existe uma série de aspectos
que devem ser considerados em relação ao clima, exigindo-se atenção à espécie e
às variedades a serem escolhidas.
e) Exposição ao sol e ao vento: devem-se evitar áreas expostas às rajadas de ventos
ou locais sombreados.
Tome nota: A maioria das olerícolas não suporta muitas horas de
sombra, levando ao seu estiolamento, à perda da coloração e à
redução na produtividade. Sugere-se que a área receba luz solar
direta por, no mínimo, 6 horas diárias. Seu tamanho dependerá da
disponibilidade de área, do objetivo da produção, do número de pessoas envolvidas, da
disponibilidade de tempo dessas pessoas, dos recursos existentes, entre outros aspectos.
Lembre-se de planejar o plantio em relação ao consumo ou ao mercado consumidor.

6.2. Escolha da espécie e da variedade de olerícolas

Devemos ficar atentos, pois essa etapa é muito importante na Olericultura. As


espécies de olerícolas possuem diferentes exigências climáticas, especialmente com
relação à temperatura, à luz e umidade. A escolha de espécies e cultivares adaptados às
condições locais e às épocas de plantio é prática fundamental na olericultura.
Algumas espécies se desenvolvem melhor em períodos mais quentes (primavera
e verão), algumas, em períodos mais amenos e frios (outono e inverno), e outras possuem
cultivares adaptados ao ano todo (ex.: alface de verão e alface de inverno; cenoura de
verão e cenoura de inverno, etc.).

6.3. Propagação de olerícolas

A propagação das espécies olerícolas pode ser feita pelo próprio olericultor ou,
em alguns casos, por produtores especializados nessa atividade. Algumas olerícolas são
multiplicadas por partes vegetativas da própria planta, como é o caso do alho, da
batatabaroa, batata, do moranguinho e outras olerícolas de reprodução assexual.
Devemos destacar que, dependendo da espécie, é necessário comprar as sementes
de empresas especializadas, pois em alguns casos a produção de semente em condições
tropicais não é possível sem algumas técnicas especiais. Outras podem ser produzidas
pelo próprio olericultor, como é o caso das sementes de alface, tomate, quiabo, entre
outros. No entanto, essa semente pode carregar alguns problemas e ser de baixa
produtividade.
O custo da semente adquirida em empresas sementeiras idóneas compensa na
maioria das vezes. No entanto, no momento da compra, o olericultor, juntamente com o
6.3. Propagação de olerícolas

técnico, deve fazer à escolha correta, com cuidado, para não adquirir sementes em
excesso. Sementes guardadas têm seu poder germinativo reduzido, alterando o seu vigor.
A propagação vegetativa é uma modalidade de reprodução assexuada típica dos
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vegetais. Na agricultura, é comum a reprodução de plantas através de pedaços de caules


(estaquia), é assim que propagamos cana-de-açúcar, mandioca, batatas, bananeiras, etc.
Esse processo é possível porque o vegetal adulto possui tecidos meristemáticos
(embrionários). Nesse tipo de propagação, os descendentes são geneticamente iguais à
planta mãe. Os exemplos de reprodução vegetativa são:

i. Rebentos, brotos e ou perfilhos – são brotos laterais que surgem nas plantas
adultas ou ao redor delas. Exemplo: alcachofra, couve, cebolinha,
mandioquinhasalsa.
ii. Ramas – utilizam-se pedaços de 20-30 cm de comprimento das ramas ou hastes
de plantas adultas, enterrando-se inclinadamente mais da metade. Exemplo:
agrião, batata-doce, espinafre.
iii. Tubérculos – como é o caso da batata, cujos tubérculos devem ter de 3 a 4 cm de
tamanho e serem brotados (com brotos de 1 a 2 cm de tamanho).
iv. Bulbilhos – no caso do alho, em que chamamos o bulbilho de dente, devendo este
ter 1 a 2 gramas de peso.
v. Frutos – para o plantio do chuchu, usa-se o fruto com o broto de 15 a 20 cm de
altura.
vi. Estolhos – no caso do morango, utilizam-se os brotos que saem da planta-mãe
(caule rastejante que enraíza em contato com o solo).

A propagação por sementes – também chamada sexual ou seminífera, deve ser feita
obedecendo a certos critérios. É importante o conhecimento da espécie e do hábito de
reprodução da planta fornecedora das sementes a qual deve ter as melhores características
da espécie ou variedade em questão, tais como: alta produção, boas características dos
frutos, precocidade, sanidade e vigor.

6.4. Produção de mudas de olerícolas


Produção Vegetal – Olericultura
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6.4. Produção de mudas de olerícolas

Precisamos produzir muda? Essa pergunta é respondida após a escolha da espécie


a ser cultivada. Veja no quadro a seguir, alguns exemplos de plantas em que a produção
de mudas é necessária e outras em que se pode semear diretamente no canteiro.

Opções tecnológicas de produção de mudas de algumas espécies de olerícolas

Mudas (bandejas ou sementeiras) Semeio Direto

Alface, almeirão, agrião, beterraba*, Alho, batata, batata-baroa, cenoura,


couve*, repolho, berinjela, quiabo, cebola, feijão-de-vagem,
rúcula, tomate feijãocaupi e mandiocas

*Podem ser cultivadas por mudas ou por semeio direto

6.4. Produção de mudas de olerícolas


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Surge então a pergunta, onde produzir as mudas? As mudas de diferentes


espécies de olerícolas normalmente são produzidas em recipientes especiais, chamados
bandejas, ou em leito de solo especialmente preparados chamado sementeira.

Vamos conhecer melhor cada um desses recipientes?

a) Em recipientes (bandejas)
Devemos destacar que a produção de mudas de olerícolas em recipientes
especiais (bandejas de isopor ou descartável) é uma prática vantajosa, já que as
condições de produção podem ser controladas proporcionando mudas mais vigorosas.
Em recipientes as mudas são produzidas de forma individual.
Em geral, essas mudas são produzidas em locais protegidos contra o excesso de
chuvas e a exposição direta ao sol nas horas mais quentes
do dia. Pretende-se com a produção em recipientes uma
maior uniformidade da produção e um melhor controle de
pragas e doenças. Nas mudas produzidas em bandejas
também não ocorre o entrelaçamento das raízes vizinhas
no momento do transporte para o canteiro definitivo,
evitando-se, assim, a perda excessiva de torrão nessa fase.
O sistema de bandejas proporciona maior cuidado na fase de germinação e
emergência, fazendo com que, muitas vezes, uma semente origine uma planta, além de
proporcionar menor custo no controle de doenças e alto índice de pegamento após o
transplante. Outras vantagens importantes deste método é a economia de substrato e a
melhor utilização da área de viveiro.

b) Em sementeiras (leito de solo)

Podemos afirmar que esse é o tipo de produção de mudas mais comum entre os
pequenos agricultores. Nesse tipo de produção, as sementes são semeadas em linha ou a
lanço em canteiros preparados para essa finalidade. Depois de formadas, as mudas são
transplantadas para o canteiro definitivo.
A produção de mudas em sementeiras, em comparação à produção em recipientes,
é uma opção mais arriscada. Isso pelo fato de as mudas, ainda jovens, estarem mais
expostas ao mau tempo e ao ataque de pragas e doenças, como fungos causadores de
tombamento e apodrecimento dos talos das mudas. Adicionalmente, no momento do
transplante para o canteiro definitivo, pode ocorrer perda de raízes pelo entrelaçamento
das raízes de plantas vizinhas, o que exige maior cuidado.

Tome nota: A produção de mudas em bandejas vem sendo preferida


pelos olericultores de elevado nível tecnológico, certamente por ser
superior aos demais sistemas, observa-se que, por suas vantagens de
ordem agronómica e econômica, esse sistema de produção de mudas
tende a substituir os demais.

6.5. Preparo do local de plantio


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Para executar o plantio na sementeira, deve-se fazer a semeadura três dias após o
preparo da sementeira. Nunca semeie quando o adubo estiver mal curtido. A semeadura
pode ser feita a lanço ou diretamente na cova. Em cova deve-se colocar de 3 a 5 sementes
que serão distribuídas no centro dessa, não muito próximas uma da outra. Após a
semeadura, é necessário cobrir as sementes com o substrato utilizado e, em seguida,
podese cobrir a sementeira com capim e palha para evitar o sol e o excesso de chuvas.

6.5. Preparo do local de plantio

Como deve ser o preparo do local para o plantio


definitivo das mudas? Nessa fase devemos ficar atentos
ao preparo dos canteiros. Esse preparo possuiu algumas
etapas anteriores como a limpeza da área, o preparo do
solo, a demarcação dos canteiros, entre outros requisitos.
Vamos conhecer melhor essas etapas?

Limpeza do terreno: essa etapa é importante, pois retiram-se todos os restos orgânicos,
com os troncos e galhos de árvores, arbustos, pedras de grande tamanho, entre outros.
Retira-se, também, todo o entulho resultante da ocupação humana, como lixo com objetos
não decompostos (vidros plásticos, materiais metálicos, restos de construções, etc.).
Nessa fase, ocorre a capina e, em seguida a deposição dos restos vegetais em um local
isolado do terreno (plantas infestantes), para posterior reincorporação desses restos
vegetais decompostos. Isso é o que conhecemos como composto orgânico.

Aração: essa etapa ocorre quando o plantio é feito principalmente em hortas comerciais
ou quando o olericultor possui máquinas agrícolas à disposição. Com a utilização de um
arado tracionado pelo trator, ocorre o revolvimento do solo e a incorporação dos restos
vegetais que ficaram da limpeza inicial ou mesmo daqueles que foram propositadamente
deixados na área para melhoria da matéria orgânica do solo.

Figura. Operação mecânica de preparo inicial do solo: araçãoArado de discos utilizado na


operação de aração

Gradagem: ocorre em sequência à aração, com o mesmo trator que foi utilizado nesta
operação, mas com o arado sendo substituído pela grade. Na operação de gradagem, o
solo é destorrado, e os restos vegetais são mais uma vez picados, isto é, as partículas de
solo e os restos são quebradas, facilitando o plantio.
6.5. Preparo do local de plantio
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Demarcação e preparo dos canteiros: A demarcação dos canteiros (local definitivo) é


feita com auxílio de 4 piquetes fincados na extremidade de retângulo com 1,20 m de
largura, 10 m de comprimento e 20 cm de altura de solo. Para hortas comunitárias ou
familiares, deixam-se livres entre os canteiros corredores de 30 a 50 cm; na horta
comercial (processo mecanizado), há necessidade de respeitar os espaços que as
máquinas precisam para circular, depois de delimitados os canteiros.
Para que um canteiro possa render boas hortaliças, algumas etapas precisam ser
respeitadas. Vamos entendê-las? Abaixo estão algumas recomendações/sugestões.

1. Faça a marcação do canteiro, colocando em cada extremidade um piquete e, logo após,


demarque a área com auxílio de um barbante.

2. Revolva o terreno numa profundidade de 25 a 30 centímetros com o auxílio de um


enxadão ou de outra ferramenta adequada.

3. Peneire a terra previamente para retirar pedras, metais e vidros do canteiro.

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Figuras. Adaptado de Matos (1996). Ilustrado por Amanda Duarte.

4. Aplique 200 gramas de cal hidratada por metro quadrado (é apenas uma sugestão
principalmente para cultivos orgânicos). Distribua e incorpore uniformemente a cal na
terra previamente revolvida, no mínimo 18 dias antes do plantio.

5. Depois de 7 dias de ter aplicado a cal, aplique 4 litros de esterco de galinha ou 12 litros
de esterco de curral (curtido) ou composto por metro quadrado. Distribua e incorpore
uniformemente o adubo orgânico bem curtido, de preferência previamente corrigido
com a cal.

6. Passados 7 dias da aplicação do adubo orgânico, aplique 100 a 200 gramas de adubo
químico 4-14-8 por metro quadrado (é apenas uma sugestão). Distribua e incorpore
uniformemente o adubo químico na terra previamente adubada com a matéria orgânica.

4 5 6

6.6. Transplante de mudas e semeadura direta


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7. Finalmente, nivele o canteiro com auxílio do ancinho. Essa etapa pode ser seguida de
um rastelamento, feita com a utilização de um rastelo, que auxilia no nivelamento do
canteiro e na retirada de possíveis torrões maiores, que restaram das etapas anteriores.
O rastelamento é realizado principalmente quando a área não foi trabalhada
mecanicamente no momento do encanteiramento

8. O espaço entre um canteiro e outro deve ser de 50 centímetros, para facilitar a


movimentação e o trabalho na horta.

7 8

Figuras. Adaptado de Matos (1996). Ilustrado por Amanda Duarte.

Para algumas hortaliças, não há necessidade de canteiros, bastando revolver e


destorroar o solo com auxílio de enxada e enxadão, ou mecanicamente, com o arado e a
grade. Em seguida deve-se abrir covas, adubar e plantar (ex.: abóbora, quiabo, berinjela,
jiló, couve, etc.).

6.6. Transplante de mudas e semeadura direta

As olerícolas podem ser divididas em dois grupos principais em relação ao


plantio: o primeiro grupo é composto por espécies que se faz o transplante, e o segundo
é composto por espécies que são semeadas diretamente no canteiro (ou solo).
O transplante é uma atividade realizada para aquelas espécies cujas mudas foram
feitas em local provisório, ou seja, em sementeira ou bandejas, e consiste na retirada das
mudas desses locais e no posterior replantio das mesmas no local definitivo (em canteiros
ou covas).
Esse transplante normalmente ocorre quando as mudas atingem o tamanho
tecnicamente indicado (variável entre espécies, em média quando as plantas apresentam
5 ou 6 pares de folhas ou 10 a 15 cm de altura). A idade das mudas em dias, a partir
da semeadura, é muito variável, por isso é menos utilizado para determinar o momento
do transplante.
O transplante, para os canteiros definitivos, é realizado em espaçamentos
determinados para cada espécie.

Tome nota: O transplante é uma operação muito importante dentro da


horta, pois o sucesso dessa fase garantirá o pegamento e o vigor das
plantas. Recomenda-se que o transplante seja realizado ao final da
tarde, em dias nublados ou chuvosos, pois as temperaturas mais baixas durante a noite
proporcionam menores murchamento das
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plantas. Deve-se ter cuidado máximo para não danificar as raízes,


reduzindo a perda de torrão e acomodando as plantas da melhor
forma possível no canteiro definitivo.

Ao se realizar o transplante, aproveitamos para selecionar as mudas. Eliminamse


todas as mudas anormais, aproveitando-se, apenas, aquelas com as características
típicas do cultivar em boas condições de enfolhamento, cor, aspectos gerais e
sobretudo, ausência de ataque de pragas e sintomas de doenças. Não devemos
transplantar mudas "passadas", ou seja, fora do tamanho padrão para a espécie, pois
originarão plantas adultas tardias e menos produtivas. Outros cuidados ainda devem ser
observados como: molhar bem as mudas antes que elas sejam retiradas da
sementeira para facilitar o transplante, evitando possíveis danos às raízes das plantas;
molhar bem o local definitivo antes do recebimento das mudas e; as mudas devem
ser enterradas até a profundidade em que se encontravam na sementeira.
O semeio direto é feito para aquelas olerícolas que não regeneram raízes com
facilidade após uma operação de transplante ou mesmo como opção técnica para
evitarmos tal operação trabalhosa. No entanto, existem outras espécies em que é
necessário que as raízes se desenvolvam no mesmo lugar em que foram plantadas, como
é o caso da cenoura, das ervilhas, dos feijões (feijão-de-vagem, feijão-caupi, feijão fava),
da moranga (jerimum), do milho doce, do rábano, do rabanete, entre outros. Para outras
espécies, o semeio direto é mais recomendado por questões de custos ou de manejo,
como é o caso das abóboras rasteiras em geral, da acelga, do alho, do coentro, do quiabo
e da salsa.
A semeadura direta pode ser realizada manualmente ou utilizando-se semeadoras
mecanizadas. A semeadura mecanizada é uma opção tecnológica que vem sendo
adotada por produtores grandes e médios de algumas culturas, como é o caso da
cenoura, da beterraba, da cebola, do milho doce, entre outras culturas que são cultivadas
em grandes áreas.

6.7. Exercícios de Fixação

1. Diante do que foi visto sobre o local ideal para implantação de uma horta, veja as
opções abaixo e marque V para frases verdadeiras e F para falsas.
( V ) O local deve ser ensolarado e bem drenado, evitando-se lugares baixos que
acumulam água ou próximos a árvores que formam muita sombra.
( F ) A fonte de água não precisa se de boa qualidade, pois o mais importante é estar
próxima a horta.
( V ) A proximidade das estradas possui como vantagens a facilidade de escoamento
da produção, no entanto, pode produzir muita poeira ou fuligem nos períodos mais
secos do ano.
( F ) A escolha do local da horta não tem relevância quando se produz na zona rural,
sendo este um problema de quem produz na cidade, em escolas ou terrenos baldios.
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2. Sabemos que algumas olerícolas se adaptam melhor e produzem mais em determinados


períodos do ano relacionados às estações climáticas. Neste caso, qual seria uma opção
técnica do olericultor para manter a produção de olerícolas durante o ano todo?
• Usar estruturas de cultivo protegido, como estufas, elas ariam condições
controladas para o crescimento das plantas, permitindo cultivos fora das
estações normais.

3. Cite duas vantagens e duas desvantagens na produção de mudas em bandejas.


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4. A produção de mudas de olerícolas pode ser feita de duas formas principais: bandejas
ou sementeiras. A produção em cada uma dessas formas tem suas vantagens e
desvantagens. Com essa informação, assinale a alternativa correta.
a) A produção de olerícolas em bandejas tem a vantagem de se produzirem bandejas
na área da propriedade, utilizando restos de papelão e isopor.
b) A produção de olerícolas em bandejas tem a vantagem de se controlarem melhor
plantas invasoras próximas às mudas.
c) As mudas produzidas em bandeja são sempre mais frágeis que as mudas
produzidas em sementeiras.
d) As mudas produzidas em bandejas não requerem estrutura para sua utilização.

5. A produção de olerícolas pode ser realizada a partir do semeio direto ou por meio do
transplante de mudas. Diante disso, marque as espécies que não toleram o transplantio.
( x ) Alface ( x ) Cenoura ( x ) Pepino
( x ) Cebolinha ( ) Beterraba ( ) Feijão-de-vagem
( x ) Quiabo ( x ) Tomate ( x ) Milho doce

6. A propagação de plantas em geral pode ser feita por meio de sementes verdadeiras ou
propagação vegetativa (partes da planta). Várias espécies são multiplicadas por meio
da propagação vegetativa, entre essas podemos citar:

a) o alho, a batata-baroa e a batata.


b) o alho, a batata-baroa e a alface.
c) a batata-baroa, a alface e a beterraba.
d) nenhuma das anteriores é multiplicada por meio da propagação vegetativa.
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7. A água deve ser considerada como critério importante na escolha do local para
implantação da horta. Diante disso, escolha a alternativa correta.
a) A água para irrigação, utilizada em atividade de Olericultura, pode ser salina ou
possuir resíduos tóxicos, já que as raízes das olerícolas servem como filtro.
b) A água para irrigação utilizada em atividades de Olericultura não pode ser salina
nem possuir resíduos tóxicos e microbiológicos.
c) A quantidade de água disponível é a única preocupação que o olericultor deve ter
diante da utilização de água em Olericultura.
d) A água não deve ser uma preocupação para o olericultor, pois as diferentes
espécies de olerícolas são bem adaptadas à seca.

8. Quais cuidados precisam ser respeitados para que haja um transplantio eficiente?
• Preparação das mudas, hora do transplantio, preparo do solo, espaçamento
adequado, profundidade, manuseio cuidadoso

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