Você está na página 1de 19

Frutas do Brasil, 33 Melão Produção

-
IRRIGAÇAO

Waldir A. Marouelli
José Francismar de Medeiros
Washington LuiZ de Carvalho e Silva
José Maria Pinto

INTRODUÇÃO em publicações específicas, por isso não


serão abordados neste capítulo.
A irrigação, quando realizada ade-
quadamente, é a prática agrícola que
Irrigação por gotejamento
mais favorece o desenvolvimento e a
produtividade do meloeiro. Assim, a es-
Por proporcionar maior produtivi-
colha correta do sistema de irrigação e o
dade e frutos de melhor qualidade, a irri-
suprimento de água às plantas no mo-
~ gação do meloeiro, nas principais regiões
I
mento oportuno e na quantidade correta
produtoras do Brasil, é realizada quase que
são decisivos para o sucesso da cultura.
exclusivamente por gotejamento.
Entre os principais problemas rela-
cionados com a utilização de sistemas de No gotejamento, a água é aplicada
irrigação não apropriados e com o mane- de forma localizada junto às raízes das
plantas, sem que a parte aérea e a faixa
jo inadequado da irrigação destacam-se:
entre fileiras de plantio sejam molhadas.
menor eficiência no uso de água, de ener-
O sistema apresenta como principais
gia e de nutrientes, maior incidência de
vantagens a economia de água (50%-60%
doenças fúngicas e bacterianas, baixa pro-
do sistema por sulco) e de mão-de-obra
dutividade e pior qualidade de frutos.
(0,1-0,5 h/ha/irrigação), a alta eficiência
de irrigação (80%-95%) e a facilidade da
fertirrigação. Pode ser utilizado nos mais
SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO
diversos tipos de solo, topografia e clima,
minimizando a incidência de doenças
A escolha do sistema de irrigação deve foliares e de plantas daninhas.
basear-se na análise criteriosa dos seguintes As principais restrições ao sistema
fatores: tipo de solo, topografia, clima, são o maior custo inicial por unidade de
custo do equipamento, uso de mão-de-obra área (R$2.500-5.000/ha), problemas de
e de energia, quantidade e qualidade de água entupimento e a necessidade de remoção
disponível e incidência de pragas e doenças. das tubulações de gotejadores (linhas late-
Para que o sistema de irrigação aten- rais) distribuídas no campo ao final de
da com eficiência às necessidades hídri- cada safra.Apesar disso, este sistema tem se
cas da cultura, ele deve ser devidamente mostrado viável para o cultivo do meloeiro.
dimensionado, levando-se em conside- Uma variação do gotejamento super-
ração aspectos hidráulicos, agronômi- ficial, em que a linha lateral é colocada
cos e operacionais. Procedimentos para sobre o solo, é o subterrâneo, no qual a
o dimensionamento de diferentes siste- lateral é enterrada junto da linha de plan-
mas de irrigação podem ser encontrados tio a uma profundidade de 20-30 em. As
...
Melão Produção Frutas do Brasil, 33

principais vantagens do sistema são: zir custos e facilitar o rebobinamento da


aplicação de água e nutrientes junto às lateral,ao final de cada safra, as laterais com
raízes, redução da evaporação, não espessura entre 0,1 e 0,6 mm são as mais
contato do fruto ou partes da planta utilizadas. A vazão por gotejador pode
com água de irrigação, não necessida- variar desde menos de 0,5 L/h até mais de
de de remoção das linhas laterais ao 4,0 L/h, sendo aqueles com vazões inferio-
final de cada ciclo da cultura, o que res a 2,5 L/h os mais utilizados atualmente.
reduz a mão-de-obra e aumenta a vida Gotejadores do tipo autocompensante apre-
útil do material. A principal dificulda- sentam pequena variação de vazão quando
de, principalmente em solos arenosos, submetidos a variações de pressão, permi-
é que poderá haver a necessidade de tindo ao sistema maior uniformidade na
irrigar por aspersão, na fase inicial da distribuição da água.
cultura (10 a 15 dias). Os gotejadores devem ser espaça-
O sistema de irrigação por goteja- dos de modo que se forme uma faixa
mento é composto pelo conjunto moto- molhada ao longo da linha de plantio. O
bomba, cabeçal de controle (sistema de espaçamento entre gotejadores depende
filtragem e de injeção de fertilizantes, vál- do diâmetro do bulbo molhado forma-
vulas e chave de partida) e sistema de do pelo gotejador e este, por sua vez,
distribuição de água (tubulação adutora, depende principalmente do tipo de solo.
de distribuição, gotejadora ou linha late- Como regra geral, pode ser adotado um
ral e acessórios). Para maior eficiência de espaçamento de 20-30 em para solos de
irrigação e bom funcionamento do siste- textura grossa e de 40-60 cm para solos de
ma, podem ser utilizados os seguintes texturas média e fina. A linha de plantio
acessórios: reguladores de pressão, válvu- deve ser posicionada junto da linha late-
las antivácuo e de final de linha. ral, e as plantas, a 5-10 cm do gotejador.
O sistema também pode ser auto- Para evitar problemas de saturação para
matizado por meio de painéis controla- a planta, principalmente em solos de
dores, válvulas solenóides ou hidráuli- textura fina, alguns produtores costu-
cas, e sensores. Nos controladores bási- mam deslocar a tubulação em 15-25 em
cos são programados os horários e a com relação à linha de plantio, após o
duração das irrigações, devendo ser re- estabelecimento inicial da cultura.
programados, manualmente, para ajus- No Brasil, a elaboração do projeto
tar variações na demanda de água da (agronômico e hidráulico), a qualidade do
cultura. Em painéis mais sofisticados, equipamento e a implantação do sistema
ficam, na maioria das vezes, sob a respon-
este ajuste pode ser todo realizado dire-
sabilidade das empresas revendedoras dos
tamente pelo controlador por meio de
equipamentos de irrigação. Assim, o pro-
sensores de umidade de solo e/ou climá-
dutor deve procurar, na região, empresas
ticos. Os sistemas automatizados têm
idôneas e de reconhecida competência
maior custo inicial, mas reduzem a uti-
que ofereçam equipamentos de qualidade
lização de mão-de-obra, os erros de ope-
e assistência técnica adequada. Para a esco-
ração e, por permitirem que o sistema
lha do projeto mais viável é desejável que
de irrigação funcione 24 horas por dia,
o produtor seja auxiliado por um técnico
possibilitam economia significativa no
especializado e autônomo.
dimensionamento hidráulico.
As linhas laterais podem ser agru-
padas nas categorias de fitas e tubos. Irrigação por sulco
O diâmetro varia de 16 a 20 mm e a
espessura de parede entre 0,1 e 1,2 mm. Dentre os sistemas superficiais de
As de maior espessura apresentam, via irrigação, o por sulco é o mais indicado
de regra, maior durabilidade. Para redu- para o cultivo do meloeiro. É utilizado,
+
Frutas do Brasil, 33 Melão Produção

principalmente, por pequenos produ- b) As irrigações devem apresentar vazão


tores no Vale do São Francisco (Petroli- máxima que não cause erosão no sulco
na/Juazeiro). O baixo investimento ini- até a frente de avanço de água ter atingi-
cial (R$700,00-1.500,00/ha) e o menor do o seu final, para, em seguida, reduzi-
requerimento de energia (0,3-3,0 kWh/ Ia ao mínimo capaz de manter todo o
mm/ha) são as principais vantagens des- sulco com água.
te sistema. Adapta-se à maioria dos tipos
de solos, com exceção daqueles com alta
Irrigação por aspersão
taxa de infiltração, como os arenosos.
Requer terrenos planos ou sistematiza-
Existem diferentes sistemas por as-
dos. Quando a sistematização envolve
persão, cada qual apresentando caracte-
grande movimentação de terra, os cus-
rísticas próprias, com vantagens e des-
tos de implantação podem ser inviáveis.
vantagens. Os sistemas mais comuns são
Comparativamente ao gotejamen-
o convencional portátil e semiportátil,
to, a irrigação por sulco requer maior
autopropelido e pivô central. O uso de
quantidade de água e de mão-de-obra
água e de mão-de-obra requerido pelos
(1,0-3,0 h/ha/irrigação), favorece a inci- sistemas por aspersão é menor que na
dência de doenças, pode reduzir a produ- irrigação por sulco e maior que no gote-
tividade e a qualidade de frutos. Em jamento.
comparação com a aspersão, apresenta Os sistemas por aspersão podem, de
a vantagem de não molhar a parte aérea um modo geral, ser utilizados em solos de
das plantas e, assim, não lavar o agrotó- diferentes texturas, em terrenos declive-
xico aplicado à folhagem, o que reduz a sos e, embora com menor flexibilidade
incidência de doenças foliares. que no gotejamento, para a aplicação de
A irrigação por sulco consiste na fertilizantes via água de irrigação. No
condução de água por meio de pequenos entanto, sofrem grande interferência do
canais paralelos às linhas de plantio, vento e, sob clima seco e quente, a efici-
• durante o tempo necessário para que a ência de aplicação de água é prejudicada.
água se infiltre no solo e umedeça a zona Em razão das desvantagens em rela-
radicular da cultura. Os sulcos devem ção a outros sistemas, a irrigação por
ser construídos em áreas com declive aspersão não é recomendada para a cul-
uniforme ou previamente sistematiza- tura do meloeiro. A irrigação por asper-
das. Eles não devem ter declividade aci- são favorece a incidência de doenças
foliares, como micosferela, antracnose,
ma de 2% para evitar erosão excessiva. Em
alternária e míldio, que reduz drastica-
áreas sujeitas a chuvas mais intensas, a
mente a produtividade e a qualidade dos
declividade não deve exceder 0,5%.
frutos. Além disso, a água aspergida so-
A distribuição de água pode ser feita por
bre as plantas lava os agrotóxicos.
meio de sifões, tubos janelados ou com-
portas. A mais comum, mas não recomen-
dada, é a abertura manual de "passagens na
QUALIDADE DA ÁGUA PARA
parede" dos canais de distribuição para IRRIGAÇÃO
que a água adentre nos sulcos.
Para a irrigação eficiente por sulco, o A água encontrada na natureza pode
dimensionamento envolve dois pontos conter impurezas que inviabilizam o seu
emprego para fins de irrigação, caso não
básicos: a) o comprimento dos sulcos deve
seja devidamente tratada. As impurezas
ser tal que o tempo de avanço (tempo para
dependem da procedência da água e po-
a água atingir o final do sulco) seja menor
dem estar em suspensão ou dissolvidas.
ou igual a um quarto do tempo de opor-
Em dissolução podem ser encontrados
tunidade (tempo para infiltrar a lâmina
gases, sais, metais pesados e agrotóxicos.
média de água necessária por irrigação);
As impurezas em suspensão podem ter

t

(
I
54 Melão Produção Frutas do Brasil, 33

origem mineral, como areia, silte e argila,ou irrigação, também pode causar sérios
orgânica, constituída por matéria morta e problemas de obstrução dos gotejado-
organismos vivos. A matéria orgânica mor- res. A proliferação de algas, que depende
ta pode ter origem animal ou vegetal, como de energia luminosa, é estimulada por
folhas, galhos e outros detritos. Dentre os excesso de nutrientes, como nitrogênio
organismos vivos presentes na água, desta- e fósforo. As bactérias não requerem luz
cam-se bactérias, vírus e protozoários. para desenvolvimento e, na presença de
O principal problema de qualida- substâncias como ácido sulfídrico, fer-
de de água na irrigação por gotejamen- ro, manganês e argila, produzem massas
to está relacionado com a obstrução mucilaginosas (lodo) que podem facil-
de gotejadores pelas impurezas em sus- mente obstruir os gotejadores. Baixíssi-
pensão, a formação de precipitados e a mas concentrações (a partir de 0,2 mg/L)
atividade microbiológica. Na Tabela 12 de ferro, manganês e sulfetos são sufici-
é apresentado um critério para avalia- entes para propiciar ativo desenvolvi-
ção do risco potencial de obstrução de mento de bactérias. As ferro-bactérias
gotejadores em função da qualidade físi- filamentosas, no seu processo metabóli-
ca, química e biológica da água. co, transformam o ferro solúvel reduzi-
do (Fe+2) em ferro insolúvel oxidado (Fe"')
Aspectos sanitários produzindo um lodo mucilaginoso. As
sulfo-bactérias produzem um lodo bran-
Águas superficiais contaminadas por co gelatinoso de enxofre.
organismos patogênicos podem servir de Um dos métodos mais utilizados
veículo para a transmissão de doenças aos em todo o mundo para controle de algas
agricultores e aos consumidores, como e bactérias é a adição de cloro na água de
amebíase, giardíase, verminoses, febre ti- irrigação. Todavia, o tratamento é caro
fóide e cólera, quando utilizadas para irri- e requer manejo cuidadoso. O cloro
gação. Felizmente, o cultivo do meloeiro residual livre medido no final da linha
é, em geral, realizado longe dos centros lateral deve ser mantido a 0,5-2,0 mg/L,
urbanos, onde as águas disponíveis para se injetado de forma contínua durante a
irrigação ainda apresentam baixos índices irrigação, ou entre 10-20 mg/L, se inje-
de contaminação por tais patógenos. tado 1-2 vezes por semana durante os
O desenvolvimento microbiano, últimos 30 minutos da irrigação. Graves
como de algas e bactérias, na água de problemas de obstrução podem, muitas

Tabela 12. Risco potencial de entupimento de goteja dores em função da qualidade da


água de irrigação.
Qualidade Risco de entupimento
Pequeno Médio Alto
Física
Sólidos suspensos (mg/L) < 50 50 - 100 > 100
Química
pH < 7,0 7,0 - 8,0 > 8,0
Sólidos dissolvidos (mg/L) < 500 500 - 2.000 > 2.000
Manganês (mg/L) < 0,1 0,1 - 1,5 > 1,5
Ferro total (mg/L) < 0,1 0,1 - 1,5 > 1,5
Ácido sulfídrico (mg/L) < 0,5 0,5 - 2,0 > 2,0
Biológica
Bactérias (ns/ml) < 10.000 10.000 - 50.000 > 50.000
Fonte Gilbert & Ford (1986).
Frutas do Brasil, 33 Melão Produção

vezes, ser minitnizados por meio de su- gotejadores recomendam filtros de 75-
percloração (100-500 mg/L) e manuten- 150 11m (100-200 mesh'). A recomenda-
ção da solução por 24 horas dentro da ção geral é remover todas as partículas
f' tubulação, Para maior eficiência, o cloro maiores que 10% do diâmetro do orifício
deve ser usado em água com pH entre ou de passagem de fluxo do gotejador.
5,5-6,5, Algumas das fontes de cloro são Os problemas com os detritos vege-
~(
J
o hipoclorito de sódio, hipoclorito de tais podem ser facilmente minimizados
cálcio, gás cloro e ácido hipocloroso. com o uso de telas na própria captação.

r
,l.
Aspectos físicos
Os filtros tipo ciclone, centrífugos e tan-
ques de sedimentação são próprios para
eliminar areia grossa, mas não são indica-
As características físicas da água in- dos para sólidos orgânicos. Os filtros de
cluem a totalidade de sólidos em suspen- disco e tela são indicados para eliminar
são e as substâncias orgânicas dissolvidas. praticamente quaisquer tipos de sólidos
Partículas em suspensão podem restringir suspensos, mas são obstruídos com faci-
o uso da água para irrigação,caso não seja lidade por materiais orgânicos. Os filtros

L devidamente tratada. As tubulações e, princi-


palmente, as bombas hidráulicas podem ter
de areia podem eliminar grandes quanti-
dades de sólidos suspensos e materiais
sua vida útil reduzidaquando a água apresen- orgânicos antes de serem obstruídos. Ape-
L tar quantidades excessivas de materiais de sar de eliminar partículas menores que
origem mineral e vegetal em suspensão. 100 11m, os filtros de areia devem ser
Esses materiais, em especial a areia, atuam seguidos por um filtro secundário de tela
de forma abrasiva danificando as partes ou discos para evitar que, durante a retro-
internas de bombas e tubulações. lavagem, partículas de areia do filtro
Os fatores físicos da água que podem entrem no sistema de irrigação. Águas
causar obstrução de emissores são as par- com quantidade excessiva de materiais
ciculas inorgânicas suspensas (argila, silte em suspensão requerem lavagem freqüen-
e areia), os materiais orgânicos (fragmen- te do elemento filtrante para não provo-
tos de plantas, resíduos animais, algas, car perdas excessivas na pressão de servi-
insetos, etc.) e combinações entre eles. ço do sistema. N esse caso, filtros com
Tal problema, que é crítico em goteja- retrolavagem automática são desejáveis.
mento, pode ser minitnizado pela filtra- A seleção do tipo de filtro, em função da
gem da água e pela lavagem periódica das origem e da concentração do material em
laterais. A maioria dos fabricantes de suspensão, é mostrada pela Tabela 13.

Tabela 13. Critério para seleção do tipo de filtro para sistema de irrigação por
gotejamento.

. -'
Material orgânico Material inorgânico Tipo de filtro*

< 5 mg/L Tela manual


< 5 mg/L 5a10mg/L Disco manual
> 10 mg/L Tela ou disco automático

< 5 mg/L Tela ou disco automático


5 a 10 mg/L 5 a 10 mg/L Areia manual
> 10 mg/L Areia manual

> 10 mg/L Areia automático


'Se filtro de areia for recomendado, deve-se usar um filtro de tela ou disco em série para evitar que areia da filtro atinja
os gotejadares.
Fonte: Lima & Silva (2000).

I Mesh é o número de aberturas na área de uma polegada quadrada.


Melão Produção Frutas do Brasil, 33

Aspectos químicos
Equação 1

Os aspectos relacionados com a qua- P = 100 - 7,25 x (CEe - 2,20)


lidade química da água envolvem a salini- Emque:
dade, a permeabilidade do solo, a toxicida-
P = produtividade relativa (%)
de e a obstrução de gotejadores. Na Tabe-
la 14 estão apresentadas regras para inter- CEe = condutividade elétrica
pretação da qualidade química da água do extrato de saturação
quanto às restrições de uso para irrigação. do solo (dS/m).
A concentração de sais dissolvidos na
água de irrigação não é, geralmente, sufi- Os valores 7,25 e 2,20, apresentados
ciente para prejudicar o meloeiro. Os na equação 1, representam a declividade
danos são devidos, quase sempre, aos sais da reta de redução de produtividade e a
que vão se acumulando no solo e salinizan- máxima condutividade elétrica do extra-
do-o gradativamente. Este problema é to de saturação do solo que não causa
mais freqüente na Região Nordeste, onde redução de produtividade, respectivamen-
é comum a presença de sais solúveis na te. Estes valores são indicados, sobretudo,
água e/ou no solo, e a evapotranspiração para cultivares do tipo Amarelo e Pele-de-
é maior que a precipitação pluviométrica, sapo. Cultivares do tipo Gália e Cantalou-
o que provoca o acúmulo de sais no solo. pe toleram, em geral, níveis de salinidade
O meloeiro apresenta tolerância mo- mais elevados.
derada à concentração de sais na solução do A quantidade de água em excesso reque-
solo. Irrigação com água ligeiramente sali- rida para manter a salinidade do solo dentro
na, desde que bem manejada e em solo com do nível de tolerância da planta (lixiviaçâo)é
excelente drenagem, produz frutos mais determinada a partir da salinidade da água a
doces, com alto teor de sólidos solúveis. ser usada na irrigaçãoe na tolerânciada planta
Todavia, durante o crescimento inicial, a à salinidade do solo. Para irrigação por sulco,
planta é sensível à salinidade.Para se calcular o cálculo da lixiviacâo mínima requerida é
o efeito da salinidade na produtividade da feito usando-se a equação de Rhoades (Ayers
cultura utiliza-se a equação 1 (Cuenca, 1989). & Westcot, 1991) equação 2 .

Tabela 14. Restrições de uso do águo poro fins de irrigação de acordo com os aspectos
químicos.
Restrição de uso
Problema Nenhum Moderado Severo
Salinidade
CEa (dS/m) <0,7 0,7 - 3,0 >3,0
STD (mg/L) <450 450 - 2000 >2.000
Permeabilidade do solo
RAS = 0-3 e CEa (dS/m) = >0,7 0,7 - 0,2 <0,2
RAS = 3-6 e CEa (dS/m) = >1,2 1,2 - 0,3 <0,3
RAS = 6-12 e CEa (dS/m) = >1,9 1,9 - 0,5 <0,5
RAS = 12-20 e CEa (dS/m) = >2,9 2,9 - 1,3 <1,3
RAS = 20-40 e CEa (dS/m) = >5,0 5,0 - 2,9 <2,9
Toxidez
Sódio (RAS) <3,0 3,0 - 9,0 >9,0
Cloreto (meq/L) <4,0 4,0 - 10,0 >10,0
Boro (mg/L) <0,7 0,7 - 2,0 >2,0
NH4 e N03 (mg/L) <5,0 5,0 - 30,0 >30,0
CEa = condutividade elétrica da ógua; STO = sólidos totais solúveis; RAS = razõo de absorçõo de sódio.
Fonte: Ayers & Westcot (1991).
Frutas do Brasil, 33 Melão Produção

...
rais que aumentem a infiltração e redu-
Equação 2
'.• zam a evaporação de água do solo, rea-
CEa
LR=----- lização de manejo adequado de irrigação
5 X CEe - CEa e seleção de cultivares mais adaptadas
Emque: aos níveis de salinidade existentes.
O sódio, quando em excesso na
LR = lixiviação mínima requerida
água, pode interagir com o solo, redu-
(decimal)
zindo sua permeabilidade e, assim difi-
CEa = condutividade elétrica da cultar a infiltração de água e a oxigena-
água de irrigação (dS/m). ção do solo, prejudicando o desenvol-
vimento das plantas. As medidas preven-
Para aplicações praticas, utilizar tivas ou corretivas são: aplicação de cor-
"
um valor de CEe entre 2,2-3,6 dS/m, que retivos ao solo e à água, como o gesso, e
corresponde a 90%-100% da produtivi- rompimento da crosta superficial do solo,
dade potencial do meloeiro. como a escariftcação, aração profunda e
Para irrigação por gotejamento com uso de materiais orgânicos, para propi-
alta freqüência, a fração de lixiviação é ciar melhor infiltração de água.
calculada pela média das equações 3 e 4 As águas com pH acima de 7,5 e alta
(Smith & Hancock, 1986; K.eller & Bli- concentração de bicarbonato (acima de
esner, 1990). 2 meq/L) podem provocar a obstrução
gradual dos gotejadores, pela precipita-
ção de sais. Água rica em cálcio dificulta,
Equação 3 principalmente, o manejo de fertilizan-
CEa tes fosfatados. A obstrução pode ainda
LR=----
2 X CEemax se dar pela oxidação de ferro e manga-
Em que:
nês, que é favorecida por pH e tempera-
turas elevadas. Ferro e manganês em
CEemax = salinidade do extrato de satura- solução podem também formar preci-
ção do solo que o rendimento é pitados insolúveis quando na presença
reduzido em 100% (para melão de sulfetos.
usar 16,0 dS/m). A solução mais utilizada para redu-
zir a precipitação de sais em tubulações
é a redução do pH da água para a faixa
Equação 4
entre 5,5 e 7,0 por meio da injeção de
ácidos, como o sulfúrico, o muriático, o
CEe = O,5xCEa Xln(_1_)
1-LR LR nítrico ou o cítrico. A quantidade de
ácido necessária varia entre 0,02% e
No caso da equação 4, a determina- 0,2% da capacidade do sistema, sendo
ção de LR é feita por tentativa erro, ou função da qualidade da água, temperatu-
seja, assume valores de LR até que o valor ra e tipo de ácido. O ácido fosfórico,
computado de CEe seja igual ao valor além de fonte de fósforo, pode ser utili-
associado ao nível de produção desejado. zado também para o tratamento da água.
Por exemplo, para obtenção de produti- Cuidados devem ser tomados para não
vidade máxima (P =100%), obtém-se injetar fertilizantes fosfatados em águas
pela equação 1 CEe =
2,2 dS/ m. ricas em cálcio, sob risco de formação de
.. As principais medidas para preve-
nir ou minimizar problemas de salinida-
precipitados insolúveis.
Nas principais regiões produto-
de são instalação de sistemas de drena- ras, parte da água utilizada para irrigação
gem em solos que não têm boa drena- é subterrânea de origem calcária, com
.. gem natural, a adoção de práticas cultu- teores de cálcio e bicarbonato acima de


Melão Produção Frutas do Brasil, 33

8 e 6 meq/L, respectivamente, apresen- ção) com relação às necessidades hídri-


tando alto potencial para obstrução de cas e manejo da água. A duração de cada
gotejadores e alcalinização do solo. Para estádio depende, principalmente, da
prevenir problemas de obstrução, deve- cultivar e das condições de clima e solo.
se reduzir o pH da água, adicionando-se
entre 0,02% e 0,05% de ácido nítrico e Estádio iniciol
evitando-se a injeção de ácido fosfórico.
Os problemas decorrentes da pre-
O estádio inicial da cultura compre-
sença de ferro, manganês e ácido sulfí-
ende o período que vai da semeadura até
drico são muitas vezes solucionados pela
as plantas atingirem 10% de cobertura do
cloração da água (1 mg/L de cloro resi-
solo, englobando a germinação e o desen-
dual livre). Os precipitados resultantes
volvimento inicial do sistema radicular e
da oxidação devem ser filtrados antes de
da parte aérea. Na Região Nordeste, de-
sua introdução no sistema de irrigação.
pendendo da cultivar, da época de plan-
A obstrução parcial de gotejadores,
tio e do manejo do solo e da água, a
devido à precipitação de ferro e sais de
duração desta fase varia de 18 a 25 dias.
cálcio, pode ser minimizada pela inje-
Irrigações em excesso neste estádio
ção de ácido durante 30 a 60 min numa
favorecem a maior incidência de fungos
concentração que reduza o pH da água
de solo, podendo comprometer o estan-
para 4,0. Problemas mais sérios podem de final. A deficiência de água também
ser resolvidos injetando ácido para bai-
pode prejudicar a germinação, enquanto
xar o pH da água para 2,0. Após a apli- a baixa uniformidade de irrigação pode
cação do ácido, irrigar com água normal
acarretar germinação desuniforme.
e com pressão mais elevada possível.
O plantio deve ser realizado em solo
As águas utilizadas para irrigação
úmido. Caso necessário, a lâmina de irri-
podem ainda estar contaminadas por agro-
gação a ser aplicada, antes da semeadura,
tóxicos e metais pesados, como o mercú-
deve ser o suficiente para elevar a umidade
rio, o chumbo e o cádmio, que causam
do solo até a capacidade de campo nos
problemas de fitotoxidez às plantas e, ao
primeiros 20 em de profundidade do solo.
serem absorvidas por elas, podem causar
Dependendo do tipo e da umidade inicial
doenças ao consumidor final.
do solo, a lâmina líquida a ser aplicada está
entre 10 e 15 mm, para solos de textura
NECESSIDADE DE ÁGUA DA grossa, e entre 20 e 40 mm, para os de
CULTURA texturas média e fina. Para a formação do
bulbo molhado na irrigação por goteja-
A necessidade de água do meloeiro, mento, a lâmina total deve ser fracionada
do plantio até a colheita, varia de 300 a e aplicada durante 2 a 3 dias, fazendo-se
550 mm, dependendo das condições cli- duas irrigações por dia, no caso de solos
máticas, ciclo da cultivar e sistema de arenosos, e uma por dia, para solos argilosos.
irrigação. A necessidade diária de água, Após a emergência, as irrigações devem ser
também chamada de evapotranspira- leves e freqüentes, procurando manter a
ção da cultura (expressa em mm/dia), umidade da camada superficial do solo (O a
engloba a quantidade de água transpira- 10 em) próxima à capacidade de campo.
da pelas plantas mais a água evaporada Após a emergência, a freqüência da
do solo. Ela é afetada, principalmente, irrigação deve ser reduzida e a profundi-
pelo clima, estádio de desenvolvimento dade de molhamento do solo aumenta-
da cultura e sistema de irrigação. da para simular déficit de água na cama-
O meloeiro apresenta quatro está- da mais superficial e estimular o desen-
dios distintos de desenvolvimento (ini- volvimento radicular em profundidade
cial, vegetativo, frutificação e matura- e lateralmente.
~
I
Frutas do Brasil, 33 Melão Produção
i

..
A demanda de água nesta fase de- frutos, comprometendo a produtivida-
pende, sobretudo, da evaporação da água de, enquanto o excesso favorece a ocor-
da superfície do solo, a qual é função da rência de podridões do colo da planta e
fração de solo umedecido superficial- de frutos, e doenças foliares. Prolonga-
mente, freqüência de irrigação e deman- dos períodos de deficiência hídrica, se-
da evapotranspirativa da atmosfera. guidos de irrigação em excesso, podem
causar danos fisiológicos, como racha-
dura de fruto. Em condições em que as
Estádio vegetativo
doenças de fruto e foliares são proble-
máticas, irrigações freqüentes, especial-
Compreende o período entre o esta- mente por aspersão, devem ser evitadas.
belecimento inicial da cultura e o pega- N esse estádio, a necessidade hídrica da
mento dos frutos, o que corresponde a cultura é máxima e a umidade do solo
aproximadamente 80% do desenvolvi- deve permanecer próxima à capacidade
mento máximo da parte aérea. Na Re- de campo.
gião Nordeste, esta fase se estende até 38
a 45 dias após a semeadura. A deficiência
moderada de água no inicio desta fase Estádio de maturação
favorece o desenvolvimento do sistema
radicular, permitindo maior intervalo
É o período compreendido entre o
entre irrigações e melhoria na eficiência
início da maturação de frutos (5 a 10
da absorção de nutrientes. As limitações
dias antes da primeira colheita) e a
no desenvolvimento vegetativo das plan-
última colheita. Neste estádio há uma
tas, resultantes da ocorrência de déficits
sensível redução da necessidade de água
hídricos moderados, têm pequeno efeito
pela cultura (20%-30%). Irrigações ex-
na produção, desde que o suprimento de
cessivas prejudicam a qualidade dos fru-
água no estádio de florescimento e fruti-
tos, reduzindo o teor de sólidos solú-
ficação seja adequado: Irrigações excessi-
veis e de açúcares, e a conservação,
vas, tanto neste quanto nos estádios sub-
além de favorecerem doenças, especial-
seqüentes, favorecem maior incidência
mente se realizadas por aspersão.
" de doenças, além de lixiviação de nutrien-
As irrigações devem ser paralisadas
tes, em especial, de nitrogênio. Pequenos
cerca de 3 à 5 dias antes da última colhei-
déficits hídricos no início do floresci-
ta para solos arenosos e 5 a 7 dias para
mento propiciam maior aparecimento
solos de texturas média e fina. No goteja-
.. de flores femininas.
mento, paralisar de 1 a 3 dias antes da
última colheita para solos arenosos e 2 a
Estádio de frutificação 4 dias para solos de texturas média e fina.

o estádio de frutificação, que vai do


MANEJO DA ÁGUA DE
pegamento dos frutos até o início da
maturação, é o mais crítico do meloeiro
IRRIGAÇÃO
quanto à deficiência de água no solo. O
manejo inadequado da irrigação nesse O manejo da água de irrigação envol-
estádio afeta a produtividade e a qualida- ve uma série de procedimentos que obje-

de de frutos. Irrigações excessivas, espe- tivam responder quando e quanto irrigar.
cialmente por aspersão, podem aumen- A reposição da água ao solo no momento
tar a queda de flores e reduzir o pega- oportuno e na quantidade adequada envol-
mento de frutos. A deficiência de água ve parâmetros relacionados com a planta,
reduz o pegamento e o tamanho de o solo e o clima. Os métodos disponíveis

t__ J~ _
Melão Produção Frutas do Brasil, 33

para o controle da irrigação, apresentam tipo de solo da reglao. A seguir apre-


vantagens e desvantagens. Aqueles que senta-se um método simplificado que
permitem um controle criterioso, como não requer a utilização de equipamen-
o do balanço hídrico e o da tensão da água tos para manejo da irrigação. O método
do solo, baseiam-se no conhecimento de proposto possibilita estimar valores de
características físico-hídricas do solo, ne- turno de rega e lâmina de irrigação, para
cessidades hídricas específicas da cultura cada estádio de desenvolvimento do me-
e fatores climáticos associados à evapo- loeiro, em função das condições climá-
transpiração. Entretanto, estes métodos ticas médias da região (temperatura e
requerem equipamentos para o monito- umidade relativa do ar), tipo de solo,
ramento da umidade do solo (tensiôrne- profundidade efetiva do sistema radicu-
tros, blocos de resistência elétrica, etc.) lar da cultura e sistema de irrigação.
e/ ou equipamentos para a estimativa da Do ponto de vista do irrigante, é
evapotranspiração (Tanque Classe A, altamente desejável a possibilidade de
termômetros, higrômetros, radiôme- antever as prováveis datas e lâminas de
tros, etc.), além de pessoal qualificado.
água necessárias, visto que as práticas
Por acreditar que são caros e de uso
culturais e as necessidades de trabalho
complicado, a grande maioria dos pro-
podem ser previamente planejadas.
dutores não utiliza qualquer método de
A seguir é apresentado o procedimen-
manejo, preferindo irrigar de forma
to da utilização do método simultane-
empírica. Como resultado, as irriga-
amente com um exemplo de cálculo
ções são muitas vezes realizadas de for-
para cada sistema de irrigação.
ma inadequada, comprometendo a pro-
dutividade e a qualidade dos frutos. Exemplo de cálculo para goteja-
Dentre as vantagens da adoção de mento: deseja-se determinar o turno de
um programa adequado de manejo des- rega e o tempo de irrigação para a
tacam-se: aumento da produtividade, seguinte condição:
melhor qualidade de fruto, maior ren- • Local: Mossoró/RN.
tabilidade da cultura e otimização no • Solo: textura grossa (arenoso).
uso de água, de energia, de nutrientes • Mês: setembro.
e de agrotóxicos e, portanto, maior • Temperatura média do ar: 28°C.
sus ten ta bilidade am bien tal. • Umidade relativa média do ar: 60%.
A seguir são apresentados três mé- • Estádio: frutificação.
todos, com diferente grau de precisão, • Condutividade elétrica da água - CEa:
para manejo da irrigação na cultura do 0,6 dS/m.
meloeiro.
Passo 1- determinar pela Tabela 15
a evapotranspiração de referência (ETo)
Método do turno de rega em função de dados históricos médios de
simplificado temperatura e umidade relativa do ar
disponíveis na região. Valores aproxima-
o cultivo do meloeiro é realiza- dos podem ser obtidos nos mapas climato-
do, principalmente, em regiões semi- lógicos mensais disponibilizados pelo Ins-
áridas ou em períodos em que a ocor- tituto Nacional de Meteorologia no site
rência de chuvas é pouco significativa. http://ww.inmet.gov.br/index.html.
Sob tais condições, a variabilidade da Dados climáticos diários, contendo va-
evapotranspiração de ano para ano é lores de evapotranspiração de referên-
pequena, o que torna possível manejar cia, para as regiões produtoras do Rio
a irrigação a partir de dados climáticos Grande do Norte, podem ser obtidos no
históricos (normais climatológicas) e site http://www.esam.br/serviços.
Frutas do Brasil, 33 Melão Produção

••

Pela Tabela 15, para a temperatura Pela equação 5, para Kc = 1,00 e


de 28°C e umidade relativa de 60%, ETo= 6,7 mm/dia, obtém-se:
obtém-se ETo = 6,7 mm/dia. ETc = 1,00x 6,7mm/dia = 6,7mm/dia.
Passo 2 - determinar pela Tabela Passo 4 - determinar a profundida-
16 o coeficiente de cultura (Kc) para de efetiva do sistema radicular (Z) para
cada estádio de desenvolvimento. cada estádio da cultura.
Pela Tabela 16, para o estádio de Não se deve considerar todo o perfil
frutificação, solo nu e irrigação por go- do solo explorado pelas raízes, mas apenas
tejamento, tem-se Kc = 1,10. a profundidade efetiva, que corresponde à
• Passo 3 - determinar a evapotrans- camada em que se encontra cerca de 80% do
,. piração da cultura (ETc) para cada está- sistema radicular. Na Tabela 16 são apre-
I dio de desenvolvimento, pela equação 5. sentados intervalos de profundidade nos
diferentes estádios do meloeiro. Entre-
Equação 5
tanto, diversos fatores, tais como textura de
ETc = Kc x ETo solo, fertilidade, práticas culturais, solos
rasos, irrigações muito freqüentes e hori-
Em que:
zontes fortemente diferenciados podem
ETc = evapotranspiração da cultura afetar o desenvolvimento das raízes. Para
(mm/dia). melhor estimativa da profundidade efetiva
Kc = coeficiente de cultura é aconselhável avaliar o sistema radicular
(adimensional). no próprio local de cultivo. A abertura de
t:
urna trincheira perpendicular à linha de
ETo = evapotranspiração de referência
plantio permite urna avaliação visual da
(mm/dia).
:> profundidade a ser considerada.

Tabela 15. Evapotranspiração de referência (ETo), em mm/dia, em função da


temperatura e umidade relativa média do ar.
Temp. (DC) Umidade relativa (%)
40 45 50 55 60 65 70 75 80
20 7,3 6,7 6,1 5,5 4,9 4,3 3,6 3,0 2,4
22 8,0 7,3 6,6 6,0 5,3 4,6 4,0 3,3 2,7
24 8,6 7,9 7,2 6,5 5,8 5,0 4,3 3,6 2,9
26 9,4 8,6 7,8 7,0 6,2 5,5 4,7 3,9 3,1
28 10,1 9,3 8,4 7,6 6,7 5,9 5,1 4,2 3,4
30 10,9 10,0 9,1 8,2 7,3 6,4 5,4 4,5 3,6
.•.
, 32 11,7 10,7 9,7 8,8 7,8
8,4
6,8 5,8 4,9 3,9
'r 34 12,5 11,5 10,4 9,4 7,3 6,3 5,2 4,2
Obs.: Valores de ETo nas intervalos de umidade relativa e temperatura apresentadas podem ser obtidos por interpolação
linear.
Fonte: Computado a partir da equação de Ivanov (Jensen, 1973).

Tabela 16. Coeficiente de cultivo (Kc)e profundidade efetiva do sistema radicular (Z)
nos diferentes estódios de desenvolvimento do meloeiro, em função do sistema de
irrigação.

Estádio Kc
Gotejamento
Sulco/aspersão Z(cm)
Solo nu Plástico*

Inicial (I) 0,45 0,35 0,20 5 - 10
Vegetativo (11) 0,75 0,70 0,60 15 - 30
Frutificação (111) 1,00 1,00 0,90 25 - 40
.,.
Maturação (IV) 0,70 0,80 0,70 25 - 40
• Plantio em solo com cobertura plástica (Mulch).
Fonte: Adaptado de Marouelli et 01. (1996). Allen et 01. (1998) e Sousa et 01. (1999b).
Melão Produção Frutas do Brasil, 33

A profundidade efetiva pode variar estar igualmente espaçados ao longo da


entre 30 e 40 cm durante o estádio de lateral, incluindo-se o primeiro e o últi-
frutificação (Tabela 16). Para a maioria mo, assim como as laterais em relação
dos solos da Região Nordeste, a profundi- ao setor avaliado. A uniformidade de
dade efetiva neste estádio é de Z= 30 cm. emissão é computada pela equação 6.
Passo 5 - determinar pela Tabela
17 o turno de rega para cada estádio da Equação 6
cultura, em função da evapotranspira-
Eu = =q25%
ção da cultura, da profundidade efetiva q100%
do sistema radicular e da textura do solo.
Em que:
A Tabela 17 indica que para ETc =
6,7 mm/ dia, Z = 30 em, solo de textura Eu = uniformidade de emissão
..•.
grossa e irrigação por gotejamento, o (decimal).
turno de rega recomendado na fase de q25% = média das 25% menores
frutificação no mês de setembro é de TR vazões medidas.
= 2 vezes por dia = 0,5 dia.
Q100% = média das vazões de todos
Passo 6 - determinar a eficiência de os gotejadores.
irrigação do sistema.
Para sistemas por gotejamento de-
Perdas por percolação profunda não
vidamente dimensionados, a eficiência
controlável, para irrigação de alta fre-
de irrigação varia entre 80% e 90%.
qüência, podem ocorrer mesmo em sis-
Todavia, é comum observar, no campo,
temas adequadamente manejados. A efi-
sistemas com eficiência entre 60% e
ciência associada a estas perdas (Es) é
80%, seja em razão de dimensionamen-
função principal do tipo de solo, sendo
to hidráulico inadequado, equipamento
de baixa qualidade ou manutenção defi-
recomendada para textura grossa Es =
0,90, para textura média Es = 0,95 e para
ciente (principalmente entupimento).
A eficiência de irrigação é função
textura fina Es 1.=
Para este exemplo, considerar uma
principal da uniformidade de emissão e
das perdas devido à percolação profun-
uniformidade de emissão de Eu 0,90 =
(gotejadores autocompensantes). Para
da não controlável. É função, também,
solo de textura grossa, a eficiência asso-
de perdas menores como escoamento
ciada às perdas por percolação profunda
superficial, vazamentos e perdas resul-
não controlável é de Es = 0,90.
tantes do manejo inadequado da irriga-
Passo 7 - determinar a lixiviação
ção. Porém, sistemas devem ser projeta-
mínima requerida para controle de salini-
dos, mantidos e manejados para minimi-
dade. Para irrigação por gotejamento, LR
zar todas as perdas controláveis.
Em projetos de irrigação com gote- deve ser determinado como a média dos
jadores autocompensantes é comum di- valores computados pelas equações 3 e 4.
mensionar as unidades de irrigação com Os valores de LR, para obtenção
uniformidade de emissão de 0,90. Toda- de produtividade máxima (CEemax =
via, em vez de utilizar valores de unifor- 16,0 dS/m; CEe = 2,2 dS/m) e água de
midade fornecidos pelo fabricante, re- irrigação com condutividade elétrica
comenda-se sua determinação direta- de CEa = 0,6 dS/m, computados pelas
mente no campo a cada safra. Isto pode equações 3 e 4, são de:
ser feito medindo a vazão dos gotejado- 0,6 dS/m
res em condições normais de operação. LR = = 0,02
2x16,0 dS/m
Um critério simples e preciso é o de me-
dir a vazão de 10 gotejadores de 6 linhas 2,2 dS/m = 0,5~~'~RdS/m x In ( L~) ~ LR=O,OO
laterais, nas quais os gotejadores devem
• , .• t-_ " ,, ...•' ." , . .. f-. "
• .' ,
.)-. } r ~ .
, 'i---._4 .
, • ' i ••

...•
"11
C
a11I
Q.
Irrigação por gotejamento ' o
Profundidade efetiva de raízes (em)
a
..
m

ETe 10 20 30 40
~
(mm/dia) Textura do solo Textura do solo Textura do solo . Textura do solo w
w
Grossa Média Fina Grossa Média Fina Grossa Média Fina Grossa Média Fina
2 2 x dia 1 1 1 2 3 1 3 5
3 2 x dia 2 x dia 1 2 x dia 1 2 1 2 3 1 3 4
4 3 x dia 2 x dia 2 x dia 2 x dia 1 1 2 x dia 1 2 1 2 3
5 3 x dia 2 x dia ,2 x dia 3 x dia 2 x dia 1 2 x dia 1 2 2 x dia 1 2
6 4 x dia 3 x dia 2 x dia 3 x dia 2 x dia 1 2 x dia 1 1 2 x dia 1 2
7 5 x dia 3 x dia 2 x dia 3 x dia 2 x dia 2 x dia 2 x dia 1 1 2 x dia 1 1
8 - - - 4 x dia 2 x dia 2 x dia 2 x dia 2 x dia 1 2 x dia 1 1
9 - - 4 x dia 3 x dia 2 x dia 3 x dia 2 x dia 1 2 x dia 1 1
10 - - 4 x dia 3 x dia 2 x dia 3 x dia 2 x dia 1 3 x dia 2 x dia 1
11 - - - 5 x dia 3 x dia 2 x dia 3 x dia 2 x dia 1 3 x dia 2 x dia 1
12 - - - 5 x dia 3 x dia 2 x dia 3 x dia 2 x dia 2 x dia 3 x dia 2 x dia 1
Irrigação por sulco
Profundidade efetiva de raízes (em)
ETe 10 20 30 40
(mm/dia) Textura do solo Textura do solo Textura do solo Textura do solo
Grossa Média Fina Grossa Média Fina Grossa Média Fina Grossa Média Fina
2 4 5 7 10 - - -
3 3 3 4 7 7 10 9 13
4 2 3 3 5 5 8 7 1.0
5 2 2 3 4 4 6 6 8
6 1 2 2 3 4 5 5 6
7 1 2 2 3 3 4 4 5
~
8 2 2 3 4 3 5 ID
ã.
9 1 2 3 3 3 4 o
10
11
1
1
2
2
2
2
3
3
3
2
4
3
..
"D
oQ.
12 1 1 2 2 2 3 c
"'"a·
Obs.l: Textura grossa: areio, areia franca, franco arenoso.
o
Textura média: franco, franco siltoso, franco argila-arenoso, silte.
Textura fina: franco argilo-siltoso, franco argiloso, argila arenosa, argila siltoso, argila, muito argiloso.
Obs.2: Não irrigar por sulco em solos de textura grossa,
Fonte: elaboração pelos autores do capítulo,

" ,
Melão Produção Frutas do Brasil, 33

Portanto, a lixiviação miruma re- Considerando um espaçamento


querida, dada pela média de LR forneci- entre as linhas laterais de 2,0 m, espaça-
do pelas duas equações, é de LR 0,01. = mento entre gotejadores de 0,30 m e
Passo 8 - determinar o volume vazão de gotejador de 2 L/h, o tempo de
total de água a ser aplicado por irrigação cada irrigação, após a completa pressu-
para cada estádio de desenvolvimento mação do sistema, é de:
pela equação 7.

3
Equação 7 T·1= 6 x 83m x2,OmO,3m =
75
mtn.
2 ha x 2,0 Uh
ETc x TR x Ai
Vt=10x------------
Eu x E'
Exemplo de cálculo para sulco: deseja-
se determinar o turno de rega e o tempo
Em que:
Vt = volume total de água a ser aplicado
de irrigação para a seguinte condição:
por irrigação (rn"). • Local: Juazeiro/BA.
TR = turno de rega (dia). • Solo: textura fina.
Ai = área irrigada por vez (ha). • Período: dezembro.
E' = Es, se Es > (1 - LR) ou E' = (1 - LR),
• Temperatura média do ar: 28°C.
• Umidade relativa média do ar: 55%.
se Es < (1 - LR).
• Estádio: floração.
Conforme computado anterior- • Condutividade elétrica da água - CEa:
mente, Es =
0,90 e LR =
0,01, ou seja, 0,06 dS/m.
Es>(l - LR) e desta forma E' = Es = 0,90.
Passo 1- calcular ET o como reco-
Assim, para uma área irrigada de
mendado no "passo 1" de "Irrigação por
Ai = 2 ha, ETc =
6,7 mm/dia, TR 0,5 = gotejamento".
dia, Eu =0,90 e E' =
0,90, o volume de
Pela Tabela 15, para a temperatura
água a ser aplicado por irrigação é de:
de 28°C e umidade relativa de 55%,
obtém-se ETo = 7,6 mm/dia.
Passo 2 - determinar, pela Tabela 16,
Vt =1 Ox 6,7 mm/dia x 0,5 diax2 ha 83 m3
o coeficiente de cultura (Kc) para cada
0,90 x 0,90
estádio de desenvolvimento.
Pela Tabela 16, para o estádio vege-
Passo 9 - calcular o tempo de irri-
tativo e irrigação por sulco, tem-se
gação para aplicação do volume de água
Kc = 0,75.
necessário, pela equação 8. Passo 3 - determinar a evapo-
transpiração da cultura (ETc) para cada
Equação 8
estádio de desenvolvimento utilizan-
. VtxSlxSg do a equação 5:
T1 = 6 x ---------"c-
Pela equação 5, para Kc = 0,75 e
Ai xVg
ETo = 7,6 mm/dia, tem-se:
Em que: ETc = 0,75 x 7,6 mm/dia =
Ti = tempo de irrigação (min). 5,7 mm/dia
Passo 4 - determinar a profundida-
SI = espaçamento entre laterais (m).
de efetiva do sistema radicular da cultu-
Sg = espaçamento entre emissores (m). ra (Z) para cada estádio de desenvolvi-
mento.
Ai = área irrigada (ha).
Pela Tabela 16 a profundidade efetiva
Vg = vazão do gotejador (Uh). durante o estádio de florescimento varia
Frutas do Brasil, 33 Melão Produção

entre 25 e 40 em, Para fins deste exemplo, infiltração básica de água no solo é, sem
a profundidade considerada será de dúvida, o mais significativo. Por serem
Z = 30 cm. altamente variáveis, tais valores devem
Passo 5 - determinar pela Tabela ser determinados na área a ser irrigada.
17 o turno de rega para cada estádio da Valores típicos de infiltração para solos de
cultura, em função da evapotranspira- textura fina variam entre 0,06 e
ção da cultura, da profundidade efetiva 0,30 L/min/m, para textura média entre
do sistema radicular e da textura do solo. 0,30 e 0,60 L/ min/ m e para textura grossa
Pela Tabela 17, para ETc 5,7 mm/dia, = entre 0,60 e 1,80 L/min/m.
Z = 30 em, solo de textura fina e irriga- O tempo em que a água deve perma-
ção por sulco, o turno de rega recomen- necer no sulco após chegar ao seu final,
dado na fase de floração no mês de de- ou seja, o tempo de oportunidade para
zembro, obtido por interpolação line- aplicar a lâmina de irrigação real necessá-
ar, é de TR = 5 dias. ria é determinado pela equação 10.
Passo 6 - determinar a necessidade
de lixiviação para salinidade pela equa-
Equação 10
ção 2. Desprezar o valor de LR caso este
seja menor que 0,01. To = Es x LRN
Pela equação 2, a fração de lixiviação 60 xv;
necessária para a obtenção de produtivi- Em que:
dade máxima (CEe =
2,2 dS/m) e água de
irrigação com condutividade elétrica
To = tempo de oportunidade (min).

CEa =
0,06 dS/m é de: Es = espaçamento entre sulcos (m).

0,06 dS/m Vib = velocidade de infiltração básica


LR = = 0,00
(Umin/m de sulco).
5 X 2,2 dS/m-0,06 dS/m

Passo 7 - determinar a lâmina de


O tempo total de irrigação é dado
água real necessária por irrigação pela
pela soma do tempo necessário para a
equação 9.
água atingir o final do sulco e do tempo
de oportunidade (equação 11).
Equação 9

LRN= TRxETc
Equação 11
1-LR
Em que:
Ti = Ta+ To
LRN = lâmina de água real necessária
Em que:
por irrigação (mm).
Ta = tempo de avanço (min).

Para TR 5 dias, ETc =5,7 mm/ =


dia e LR = °
obtém-se pela equação 9:
Passo 8 - calcular o tempo de irri-
Considerando o espaçamento en-
tre sulcos de 2,0 m e solo com velocidade
de infiltração básica de 0,12 L/s/m, pela
5 dias x 5,7 mm/dia
--=--'--'--'----"-'-----'...:....:.- = 28,5 mm
LRN equação 10, tem-se que o tempo de opor-
1 - O
tunidade para aplicar uma lâmina de
28,5 mm é de:
gação para aplicação da lâmina real de
água necessária. Vários fatores podem
afetar o tempo de irrigação no sistema
To = 2 m x 28,5 mn = 475 min
0,12Umin/m
por sulco. Dentre estes, a velocidade de
Melão Produção Frutas do Brasil, 33

Considerando sulcos com compri- Passo 2 - K.c 1,00. =


mento tal que o tempo de avanço seja Passo 3 - pela equação 5 tem-se
Ta = 100 min, o tempo total de irriga- ETc =1,00 x 8,8 mm/dia =
8,8 mm/dia.
ção, dado pela equação 11, será de: Passo 4 - Z =
30 em.
Passo 5 - pela Tabela 17, para
Ti·= 100 min + 475 min = 575 min ETc = 8,8 mm/dia, Z = 30 em, solo de
textura grossa e irrigação por goteja-
mento, o turno de rega recomendado na
Adequação do tempo fase de frutificação é de TR = 3 vezes por
de irrigação dia = 0,33 dia.
Passo 6 - Eu = 0,90 e Es = 0,90.
Variações climáticas bruscas ou ocor- Passo 7 - LR =
0.01.
rência de chuvas afetam a necessidade de Passo 8 - pela equação 7 para uma
irrigação. Desta forma, a quantidade de área irriga da de 2 ha, o volume de água
água a ser aplicada por irrigação calculada a ser aplicado por irrigação é de:
previamente, em função dos dados histó-
ricos médios, deve ser ajustada. Por exem-
plo, para períodos em que as condições
Vt =1 ° x 8,8 mm/dia x 0,33 dia x 2 ha = 72 m3
0,90 x 0,90
climáticas são muito mais amenas que a
normal histórica, ou seja, baixa tempera-
Passo 9 - pela equação 8 para espa-
tura e alta umidade relativa do ar, a evapo-
çamento entre as linhas laterais de 2,0 m,
transpiração da cultura pode ser reduzida
espaçamento entre gotejadores de 0,30 m
em mais de 50%. Caso ocorram chuvas
e vazão de gotejador de 2,0 L/h, tem-se:
acima de 5 mm no período entre duas
irrigações consecutivas, a data da próxima
irrigação deve ser prorrogada ou a quanti- Ti=6 x _7_2_m-::-3-:-x_2_m-,-x.,-0-:-,3-::-m-=
65 mi n
dade de água aplicada reduzida. 2 ha x 2,0 Uh
O ajuste no tempo de irrigação pode
ser feito recalculando-se a evapotranspira- Portanto, para esta nova condição
ção da cultura, considerando as condições climática, o tempo de cada irrigação deve-
climáticas (temperatura e umidade relati- rá passar de 75 min e 2 irrigações por dia
va) para o período específico. Tal ajuste para 65 min e 3 irrigações por dia. Retor-
deve ser realizado apenas para períodos em nar ao tempo de irrigação de 75 min e 2
que as condições climáticas sejam bastante irrigações por dia quando o clima voltar
diferentes das condições climáticas nor- as condições normais.
mais históricas. Pequenas variações climá-
ticas não devem ser consideradas, devendo
Método do tanque classe A
ser aplicada a quantidade de água calculada
a partir dos dados climáticos históricos.
com turno de rega fixo

Exemplo: na segunda semana do mês A precisão do "método do turno de


de setembro, o agricultor do exemplo apre- rega simplificado" pode ser sensivelmente
sentado para gotejamento, percebeu que a melhorada calculando-se a ETo em tem-
temperatura média do ar estava 4°C acima po real, e não com base em dados climáti-
do valor histórico de 28°C e a umidade cos históricos. Neste método, o turno de
relativa 5% abaixo do valor histórico de rega é computado utilizando-se a Tabela
60%. 17, como no método anterior. A adoção
Passo 1 - pela Tabela 15, para a de um turno de rega fixo, para cada estádio
temperatura de 32°C e umidade relati- de desenvolvimento da cultura, é con-
va de 55%, obtêm-se ETo = 8,8 mm/ dia. veniente para fins de controle da irri- Fc

L•• .m•••••••••••••••••• ~~ _
Frutas do Brasil, 33 Melão Produção

gação, uma vez que facilita a progra- Valores de Kp podem ser determi-
mação das irrigações, de pulveriza- nados a partir da Tabela 18, sendo
ções e outros tratos culturais. Toda- função da velocidade do vento, umi-
via, esta maior praticidade pode se dar dade relativa do ar e tamanho da bor-
em detrimento da eficiência no uso da dadura.
água. Isto ocorre porque a retenção de O tanque classe A consiste de um
água do solo a ser irrigado pode diferir recipiente circular de aço inoxidável
daquela utilizada para elaborar a Ta- ou ferro galvanizado, com 121 em de
bela 17, fazendo com que as plantas diâmetro interno e 25,5 em de profun-
possam sofrer com a falta de água, didade, instalado sobre um estrado de
mesmo se for aplicada a lâmina total madeira de 15 em de altura. O nível da
evapotranspirada no período. No caso . água deve ser mantido no tanque de tal
da irrigação por gotejamento, este . modo que o máximo fique a 5 em da
problema é minimizado em razão do borda superior e o mínimo não seja
turno de rega adotado ser freqüente- inferior a 7,5 cm. A evaporação é
mente inferior a 2 dias. medida diariamente com auxílio de
I O tanque classe A é um dos méto- um micrômetro de gancho dentro de

1
, I
dos mais práticos para determinar a um poço tranquilizador, sempre pela
ETo em tempo real. Utilizando coefici-
entes empíricos, a ETo é estimada a
manhã (8 - 9h).
Para evitar que animais bebam a
1 partir da evaporação do tanque classe A
água do tanque e, assim, ocasionar
por meio da equação 12.
erros na estimativa da evaporação,
deve-se cercar uma área de aproxima-
...j Equação 12
damente 25 mZ (5 x 5 m) ao redor do
'.>
ETo = Kp x Eca tanque com uma tela de arame fino e
de malhagrande. A colocação da tela
• Em que:
diretamente sobre o tanque altera a
Kp= coeficiente de tanque taxa de eva-poração, restringindo a
(adimensional). utilização dos valores de Kp apresen-
',' Eca= evaporação do tanque classe A tados na Tabela 18.
(mm/dia).

Tabela 18. Coeficiente Kp para o Tanque Classe A.


Tanque circundado por grama ou tomateiro
Umidade relativa (%)
Baixa <40% Média 40-70% Alta >70%
I Vento (m/s) R (m)* R (m)* R(m)*
I 10 100 10 100 10 100
Leve«2) 0,65 0,70 0,75 0,80 0,85 0,85
Moderado(2-5) 0,60 0,65 0,70 0,75 0,75 0,80
Forte (5-8) 0,55 0,60 0,60 0,65 0,65 0,75

Tanque circundado por solo nu


Umidade relativa (%)
Baixa <40% Média 40-70% Alta >70%
Vento (m/s) R (m)* R (m)* R (m)*
10 100 10 100 10 100
Leve «2) 0,60 0,55 0,70 0,65 0,80 0,75
Moderado (2-5) 0,55 0,50 0,65 0,60 0,70 0,65

Forte (5-8) 0,50 0,45 0,55 0,50 0,65 0.60


• R: posição do tanque - menor distância do centro do tanque ao limite da bordadura (grama ou solo nu).
Fonte: Doorenbos & Pruit1 (1977).
Melão Produção Frutas do Brasil, 33

Procedimento para Método do tanque classe a


gotejamento com a com turno de rega
variável
Passo 1 - determinar diariamente a
evapotranspiração de referência (ETo)
No manejo da irrigação, pode ser
pelo método do tanque classe A.
alcançada melhor precisão por meio do
Passos 2 a 7 - seguir os mesmos
uso de tensiômetros para indicação do
passos do método do "Turno de rega
momento correto de realizar as irriga-
simplificado" para gotejamento.
ções. Tensiômetros são equipamentos
Passo 8 - determinar o volume
compostos de cápsula porosa, tubo,
total de água a ser aplicado por irrigação
manômetro e tampa, que medem a ten-
em cada estádio de desenvolvimento
são (força) com que a água é retida pelo
pela equação 13.
solo, a qual afeta diretamente a absorção
de água pelas plantas. São disponíveis
Equação 13 com manômetro tipo Bourdon ou de
n

AixIETc mercúrio. Os do tipo Bourdon são de


Vt=10x i=l
mais fácil instalação e manutenção, e
EuxE' mais seguros do ponto de vista ambien-
Em que: tal.

n = número de dias entre irrigações


Para irrigação por gotejamento, as
consecutivas (i ~ 1 dia). irrigações devem ser realizadas sempre
que a tensão de água no solo estiver entre
10 e 15 kPa para solos de textura grossa,
o caso de mais de uma irrigação 15 e 20 kPa para aqueles de textura
por dia, calcular Vt para um dia, para média e 20 e 25 kPa para os de textura
então dividir o valor calculado pelo fina. Para irrigação por sulco, deve-se
número de irrigações a serem realizadas adotar uma tensão crítica entre 40 e
por dia e determinar o volume de água 60 kPa. A lâmina de água a ser aplicada
a ser aplicado por irrigação. por irrigação é computada seguindo os
Passo 9 - calcular o tempo de irri- mesmos passos apresentados no método
gação pela equação 8. "Tanque classe A com turno de rega
fixo".
Procedimento para sulco Os sensores devem ser instalados na
região de maior densidade radicular,
Passo 1 - determinar diariamente a
entre 10 e 25 em de profundidade e
evapotranspiração de referência (ETo)
distanciado de 15 a 20 em do colo da
pelo método do Tanque Classe A.
planta e do gotejador. Devem ser coloca-
Passos 2 a 6 - seguir os mesmos
dos de 1 a 2 sensores em, pelo menos,
passos do método do "Turno de rega "
3 pontos representativos da área.
simplificado" para sulco.
Passo 7 - determinar a lâmina de
água real necessária por irrigação:
Passo 8 - calcular o tempo de irri-
gação pelas equações 7 e 8.
Equação 14

I
i=1
ETci
LRN=----
1 - LR

••
Frutas do Brasil, 33 Melão Produção

-
FERTIRRIGAÇAO

Waldir A. Maroue!li
José Maria Pinto
•• Henoque Ribeiro da S i/va
.
••r José Francismar de Medeiros

I"

.•I
(
INTRODUÇÃO gação do que convencionalmente. A
prática da fertirrigação ainda possibilita
r Fertirrigação é o processo de apli-
cação de fertilizantes nas plantas por
alocação do fertilizante de modo preci-
so, diretamente na zona radicular da
meio da água de irrigação, o qual se cultura, minimizando a volatilização de
adapta aos sistemas por aspersão e por nitrogênio, por exemplo, enquanto o
microirrigação, especialmente o goteja- parcelamento maximiza a absorção pe-
mento. Não é recomendo, todavia, para las raizes e minimiza a lixiviação de
sistemas por sulco ou qualquer outro nutrientes.
com eficiência de irrigação inferior a É preciso ter em mente que o suces-
70%. so da fertirrigação depende do bom pla-
A fertirrigação na cultura do melo- nejamento e execução da irrigação. Irri-
eiro pode induzir incrementos significa- gação em excesso pode incrementar
tivos tanto na produtividade quanto na acentuadas perdas de nutrientes, princi-
qualidade de frutos, sobretudo quando é palmente de nitrogênio, por causa da
r praticada via gotejamento. Em termos movimentação com a água de irrigação,
r práticos, o gotejamento sem aplicação
de fertilizantes via água de irrigação é
o que pode contaminar os aquíferos
~ subterrâneos e superficiais.
I
pouco eficiente, resultando em peque-
t no incremento na produtividade.
As principais razões para o uso da
COMPONENTES
1 fertirrigação são o menor custo de apli-
cação e maior eficiência quanto à absor- DO SISTEMA
ção de nutrientes pelas plantas. Por per-
mitir que os nutrientes sejam fornecidos Um sistema básico de fertirriga-
de forma parcelada, de acordo com a ção é composto de dispositivo de inje-
necessidade da cultura, a fertilidade do ção, tanque de solução e bico injetor.
solo pode ser mantida num nível próxi- Os componentes devem ser de materi-
mo do ótimo durante todo o ciclo de ais que não sofram ação corrosiva dos
desenvolvimento da cultura, possibili- fertilizantes em uso no sistema. Den-
tando máxima absorção pelas plantas. tre os materiais recomendados, desta-
Os nutrientes mais utilizados na cam-se o cloreto de polivinil (PVC) ,
li fertirrigação são aqueles com maior mo- polipropileno, polietileno, teflon, vi-
1..
bilidade no solo, como o potássio e, ton, nylon, etil-vinil-acetato (EV A) e
I

•• principalmente, o nitrogênio. O fósfo- aço inoxidável. Deve-se evitar a utili-


ro e os micronutrientes são em geral zação de componentes contendo neo-
aplicados em adubação de plantio. A premo, borracha de butadieno e esti-
eficiência do nitrogênio, por exemplo, é reno, ferro galvanizado, latão, alumí-
t maior quando aplicado via água de irri- nio e bronze.

Você também pode gostar