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A cultura do maracujazeiro 59

Irrigação da cultura do maracujazeiro


Édio Luiz da Costa 1
Valdemício Ferreira de Sousa 2
Luís Carlos Nogueira 3
Heloísa Mattana Saturnino 4

Resumo - A irrigação, em certas regiões como no Nordeste, é um fator decisivo no


processo de desenvolvimento da agricultura local, sem a qual seria economicamente
inviável o cultivo de fruteiras tropicais. É uma prática ainda pouco estudada para a
cultura do maracujazeiro, no entanto, quando aliada às condições climáticas como
temperatura e luminosidade, pode alongar o período de produção, aumentar a
produtividade e melhorar a qualidade dos frutos, garantindo bons rendimentos ao
produtor. São apresentados os principais aspectos sobre a irrigação da cultura do
maracujazeiro com o objetivo de auxiliar o agricultor na condução de seus pomares
irrigados.
Palavras-chave: Maracujá; Água; Manejo.

INTRODUÇÃO capazes de proporcionar um manejo de irri- (Malavolta, 1994). Como efeito da redução
gação adequado. Todavia, considerando a do teor de água no solo, o maracujazeiro
A produção agrícola, independente da
irrigação como um complemento tecnoló- produz ramos menores com menor núme-
espécie cultivada, está relacionada com a
gico capaz de garantir a produção agrícola ro de nós e comprimento de internós, re-
intensidade e a freqüência das condições
e obter altas produtividades, envolvendo fletindo conseqüentemente no número de
climáticas locais.
altos custos de instalação e manutenção, a botões florais e flores abertas (Manzel et
A água, na maioria das plantas, está
aplicação de água deve ser feita em quan- al., 1986).
presente em sua constituição em 80% a
tidade certa no momento exato. Trabalho realizado por Martins (1998)
90%. Esta variação é devida, em parte, ao
O maracujazeiro é uma frutífera que mostrou que a máxima produtividade do
tipo e à idade dos órgãos (Araújo, 1998).
responde bem à irrigação. Nas regiões onde maracujazeiro irrigado por gotejamento
No consumo de água pelas culturas,
é cultivado, o uso da irrigação é indispen- (39.009kg ha-1) foi obtida com a aplicação
normalmente faz-se referência a toda água de uma lâmina total anual de 1.328mm.
sável, pois esta prática aumenta a produti-
transpirada pelas plantas e evaporada da vidade, permite a obtenção de produção O uso adequado da irrigação no ma-
superfície do solo, mais a água retida nos de forma contínua e uniforme, com frutos racujazeiro requer conhecimentos das pro-
tecidos vegetais. Como a parcela retida nos de boa qualidade. A falta de umidade no priedades físicas e químicas do solo, de-
tecidos vegetais situa-se em torno de 1% solo provoca a queda das folhas e dos senvolvimento e profundidade do sistema
do total evaporado durante todo o ciclo de frutos, principalmente no início de seu radicular, condições climáticas da região,
crescimento, as necessidades das plantas desenvolvimento e, quando se forma, po- além das características morfológicas e
referem-se apenas à evapotranspiração dem crescer com enrugamento, prejudi- fisiológicas inerentes à própria cultura e
(Sousa et al., 1997). cando a qualidade da produção (Manica, cultivar.
A irrigação tem como objetivo básico 1981 e Ruggiero et al., 1996). O maracujazeiro desenvolve-se em dife-
fornecer água ao solo, a fim de atender à O destaque para teor ótimo de umidade rentes tipos de solos. Todavia os mais pro-
demanda hídrica necessária ao ótimo de- no solo para o maracujazeiro está muito fundos e bem-drenados são os mais ade-
senvolvimento e produção das culturas. relacionado com a absorção de nutrien- quados para a cultura. Não se recomenda a
Isto deve ser alcançado da maneira mais tes. O estresse hídrico provoca redução utilização de baixadas, solos pedregosos
eficiente possível, adotando-se medidas no acúmulo de nutrientes na parte aérea ou com possibilidade de encharcamento,

1
Engo Agrícola, M.Sc., Pesq. EPAMIG-CTNM, Caixa Postal 12, CEP 39440-000 Janaúba - MG. E-mail: epamig@nortecnet.com.br
2
Engo Agro, M.Sc., Pesq. Embrapa Meio Norte, Caixa Postal 1, CEP 64006-220 Teresina - PI.
3
Engo Agro, M.Sc., Pesq. Embrapa Tabuleiros Costeiros, Caixa Postal 44, CEP 49025-040 Aracaju - SE.
4
Enga Agra, M.Sc., Pesq. EPAMIG-CTNM, Caixa Postal 12, CEP 39440-000 Janaúba - MG. E-mail: epamig@norte
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pois favorece a incidência de doenças no 800mm e 1.750mm, baixa umidade relativa, faz com que a planta tenha necessidades
sistema radicular. (Manica, 1981, Souza & período de brilho solar em torno de 11 horas hídricas diferenciadas ao longo de seu pe-
Meletti, 1997 e Rizzi et al., 1998). Além dis- e ventos moderados (Medina et al., 1980 e ríodo vegetativo. As respostas para essas
so, Piza Júnior (1991) acrescenta que o so- Ruggiero et al., 1996). questões devem-se basear em parâmetros
lo ideal para o maracujazeiro deve ser rico A cultura não tolera geada, ventos for- locais determinados pela pesquisa, e não
em matéria orgânica, de topografia ligei- tes, frios e longos períodos de temperatura em generalizações práticas específicas que
ramente inclinada e com bom nível de fer- abaixo de 16oC. No período de floresci- tiveram sucesso em outras regiões (Costa
tilidade. mento e de frutificação, há necessidade de et al., 1999).
A profundidade efetiva do sistema ra- calor, dias longos e umidade no solo. As A questão de como irrigar é definida
dicular das culturas é fator importante no baixas temperaturas e dias curtos inter- pelo método e pelo sistema de irrigação
estabelecimento da capacidade de arma- rompem a produção, o que define uma safra proposto no projeto, devendo-se observar
zenamento de água no solo, porque deter- de sete a dez meses por ano. As chuvas as recomendações técnicas, com vistas a
mina a altura da lâmina de água que o solo intensas e freqüentes reduzem a polini- um melhor aproveitamento da água e a uma
pode armazenar na zona de concentração zação e as secas prolongadas provocam a maior eficiência.
das raízes (Sousa et al., 1997). queda dos frutos (Souza & Meletti, 1997 e Nas condições atuais, em que se defen-
Segundo Urashima, citado por Araújo Rizzi et al., 1998). Em condições de baixa de o melhor aproveitamento e a economia
(1998), o sistema radicular do maracujazeiro precipitação, precisa-se de irrigação (Mani- dos recursos hídricos, os sistemas de irri-
está assim distribuído: ca, 1981 e Ruggiero, 1998). gação localizada devem ter preferência
a) o maior volume de raízes finas do sobre os demais, em função de suas carac-
maracujá-amarelo encontra-se a uma ASPECTOS INERENTES terísticas e suas vantagens em termos de
profundidade de 10cm atingindo até AO SISTEMA eficiência.
30cm; ÁGUA-SOLO-PLANTA-ATMOSFERA O quando irrigar e o quanto aplicar de
água podem mudar em relação ao previsto
b) 73% das raízes encontram-se na pro- A tecnologia de produção procura apli-
no projeto, em conseqüência das condi-
fundidade de 20cm; car parâmetros criteriosos na tomada de
ções edafoclimáticas que estiverem preva-
c) em relação ao tronco, as raízes en- decisão, para obter uma produção satisfa-
lecendo. Quanto aos aspectos climáticos,
contram-se num raio de 60cm. tória e altos rendimentos. Para isso, são
na fase de elaboração do projeto, são consi-
necessários conhecimentos adequados
derados sempre os valores médios de um
sobre o efeito da água nos diferentes es-
A CULTURA DO MARACUJÁ longo período, para estimar as necessida-
tádios de crescimento das culturas, bem
des de água da cultura em seus diversos
O Brasil, com uma área plantada em como sobre sua relação com o solo e clima,
estádios de desenvolvimento, utilizando-
torno de 24 mil hectares, destaca-se como e também sobre as características do equi-
se, normalmente, um valor crítico para di-
o principal produtor mundial de maracujá. pamento de irrigação recomendado.
mensionamento hidráulico do sistema. Já
Dentre os Estados produtores destacam- De forma geral, um programa de irriga-
na fase de operação, o estádio de desenvol-
se Pará, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e ção deve conciliar sempre um bom retorno
vimento da cultura, as condições climáticas
Rio de Janeiro (Ruggiero et al., 1996). O es- financeiro com aumento de produção,
e as possíveis alterações que as caracterís-
tado de São Paulo aparece com a maior economia de água, mão-de-obra, nutrientes
ticas físico-hídricas do solo podem sofrer,
expansão da área cultivada, por ser uma e sem prejuízos para a estrutura do solo.
devido ao manejo imposto a ele, irão modi-
atividade bastante atrativa para peque- Para tanto, devem-se dar condições para
ficar a programação das irrigações.
nos produtores, uma vez que oferece um que a planta tenha um máximo crescimen-
retorno econômico rápido com receitas to vegetativo, mantendo suas atividades
ALGUNS MÉTODOS
distribuídas quase o ano inteiro (Souza & fisiológicas na sua capacidade potencial,
DE MANEJO DE IRRIGAÇÃO
Meletti, 1997). Há necessidade de pes- de acordo com as condições climáticas
quisas para definir com acerto tecnologias reinantes. Existem vários procedimentos que po-
de adubação, de irrigação e de manejo da Para promover uma irrigação racional, dem ser adotados como critérios adequa-
cultura, capazes de proporcionar aumento deve-se atentar às seguintes questões: co- dos para a realização do manejo da água de
da produtividade e qualidade dos frutos mo irrigar, quando irrigar e quanto de água irrigação. De maneira geral, os critérios
para competir no mercado, tanto nacio- aplicar. Para isso, é necessário conhecer existentes baseiam-se em medidas do status
nal quanto internacional (Ruggiero et al., alguns fatores envolvidos no processo, da água em um ou mais componentes do
1996). tais como, características e capacidade do sistema solo-planta-atmosfera. Assim sen-
O maracujazeiro adapta-se melhor em sistema de irrigação, características físico- do, as medidas que levam a uma avaliação
regiões com temperaturas médias mensal hídricas do solo e necessidade hídrica da do potencial de água no solo, na planta
entre 21oC e 32oC, precipitação anual entre cultura com base em sua fisiologia, o que ou na atmosfera podem perfeitamente ser

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utilizadas para se estabelecerem critérios suas características fisiológicas e de cresci- diferentes (Barbieri, 1981), o que requer
racionais que permitam definir, adequada- mento influenciam de forma proporcional bastante critério na escolha e na utilização
mente, o momento da irrigação e a quanti- na evapotranspiração. As condições de do método, precisando ajustar-se bem às
dade de água a ser aplicada. meio ambiente e de umidade do solo, o uso condições locais.
Basicamente, os métodos de manejo de de fertilizantes, infestações de pragas e Em condição da propriedade agrícola,
irrigação consistem em manter a planta doenças, práticas culturais são fatores que tem-se observado que o manejo de água,
exposta a uma determinada quantidade de podem também influenciar na taxa de cresci- com base na evaporação medida do tanque
água no solo suficientemente necessária mento e na evapotranspiração (Doorenbos classe “A”, pode ser adotado pelo produ-
para suas atividades fisiológicas. O con- & Pruitt, 1997). Assim, o estudo da evapo- tor sem grandes dificuldades, pois o ins-
trole dessa quantidade de água pode ser transpiração de uma região ou de uma de- trumental requerido é relativamente simples
feito com base no balanço de água no solo terminada cultura requer o conhecimento e de baixo custo. Nesse caso, calculam-se
pelo monitoramento do clima e pelo moni- dos fatores que influenciam no processo os requerimentos de água da cultura, uti-
toramento da umidade do solo, por tensio- evapotranspirativo, sejam climáticos, edá- lizando-se os coeficientes apropriados, para
metria e pelo método do turno de rega. A ficos, morfológicos, fisiológicos ou cultu- transformar as leituras de evaporação de
escolha do critério a ser seguido vai de- rais. A taxa de evaporação da água depen- uma superfície livre de água do tanque em
pender, principalmente, da disponibilidade de da demanda atmosférica, podendo ser estimativas de consumo de água da cultura
de informações relacionadas com o sistema estimada, de acordo com Tanner (1960), ao longo de seu ciclo de desenvolvimento,
solo-água-planta-clima, de equipamentos através de métodos micrometeorológicos, contemplando tanto a evaporação da água
para medições e também do grau de conhe- empíricos ou diretos (Sousa et al., 1997). do solo quanto a transpiração das plantas,
cimento do irrigante. Para avaliarem-se as necessidades hídri- ou seja, a evapotranspiração.
cas de uma cultura, podem-se utilizar vários O consumo de água da cultura ou eva-
Manejo de irrigação pelo critérios com base nas medições climáticas. potranspiração da cultura (ETc) pode ser
monitoramento do clima As variáveis climáticas mais utilizadas são determinado, conforme a Equação 1:
A quantidade de água a ser aplicada radiação solar, temperatura, umidade re-
Equação 1
varia de acordo com o tipo de planta, com a lativa do ar, velocidade do vento e evapora-
sua fase de desenvolvimento e com a de- ção de água do solo. Com essas informa- ETc = Kt.Kc.ECA
manda climática do local ao longo do ano. ções, pode-se determinar a evapotrans-
Entretanto, pode variar também em função piração (consumo de água em uma área Em que:
da qualidade da água, do tipo de solo, da cultivada) de uma cultura de referência ETc = evapotranspiração da cultura, em
pluviometria local, da eficiência do siste- (ETo) e, em seguida, através de coeficien- mm.dia-1;
ma de irrigação utilizado e da adoção de tes de cultivo (Kc) apropriados, estimar o
Kt = coeficiente de tanque, adimensio-
práticas culturais que permitam o aumento consumo de água da cultura.
nal;
da eficiência de uso da água pelo cultivo Após o plantio e a germinação de uma
(cobertura morta, controle de plantas da- determinada cultura, a exigência em água Kc = coeficiente de cultura, adimensio-
ninhas, controle integrado de pragas e para suas atividades fisiológicas aumenta nal;
doenças, utilização de quebra-ventos etc.) proporcional a seu crescimento vegetativo ECA = evaporação de água do tanque clas-
(Nogueira et al., 1998). e diminui ao entrar em senescência. Essa se A, em mm.dia-1.
O consumo de água pelas plantas nor- necessidade hídrica diferenciada ao longo
malmente refere-se a toda água transpira- do ciclo da cultura denomina-se evapo- A ETc é estabelecida, quando se têm
da através dos estômatos e evaporada da transpiração da cultura (ETc). A determi- ótimas condições de umidade e nutrientes
superfície do solo. Ao processo de perda nação ou conhecimento da ETc é importante no solo, de modo que possibilita a produ-
simultânea de água do solo e das plantas no dimensionamento e no manejo de proje- ção potencial da cultura, nas condições de
para a atmosfera, Thornthwaite (1948) tos de irrigação, uma vez que quantifica a campo.
denominou de evapotranspiração. Poste- água a ser reposta ao solo para atender às O Kc é um valor que varia de cultura
riormente, Tanner (1960) generalizou mais necessidades hídricas da cultura. para cultura, do estádio de desenvolvi-
o termo, definindo-o como sendo a conver- O Kc representa a relação entre ETc e a mento desta, do comprimento do ciclo
são da água líquida existente na superfície ETo, que varia com a cultura e seu estádio vegetativo, com as condições climáticas
da terra para a forma de vapor e sua mistura de desenvolvimento. Os valores de Kc locais. Por isso, valores desse coeficiente
com a atmosfera. dependem da taxa de evapotranspiração devem ser determinados preferencialmente
O clima é um dos fatores mais importan- potencial ou de referência e do conteúdo para cada região. Na literatura ainda não
tes na determinação do consumo de água de umidade do solo. Dependendo do méto- encontramos os valores de Kc para todas
pelas plantas. Todavia, a própria planta e do de estimativa de ETo, o Kc tem valores as culturas, necessitando, portanto, de
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pesquisas nesta área.


O Kt é um valor usado para converter a
evaporação da superfície de água do tanque
em evapotranspiração de referência (eva-
poração + transpiração). Seu valor é deter-
minado para as condições meteorológicas
da região (umidade relativa e velocidade
do vento) e o local em que o tanque está
instalado em relação ao meio circundante
(solo gramado ou nu).
Doorenbos & Kassam (1994) apresen-
taram uma tabela para a determinação dos
valores de Kt, reproduzida no Quadro 1.
Os valores de ECA podem ser obtidos
nos postos meteorológicos da região, nas
estações experimentais ou na própria fa- Figura 32 - Tanque U.S.W.B. classe A mostrando estrutura de suporte
zenda, através da leitura de altura d’água
em um tanque circular de chapa de aço
galvanizado (Fig. 32). Desta forma, a Equação 1 pode ser re- ponível (AFD) na faixa de tensão em que
Segundo Lopes, citado por Araújo escrita assim (Equação 2). ele atua (Fig. 33).
(1998), para a cultura do maracujazeiro,
pode-se substituir o valor de Kt e Kc mul- Equação 2
tiplicados por um fator de consumo de água
ETc = K.ECA
de 0,7, ou seja, aplicou-se a cada quatro
dias o volume de água correspondente a Em que:
70% da evaporação do tanque classe A. ETc = evapotranspiração da cultura, em
mm/dia-1;
K = fator de consumo; adimensional
QUADRO 1 -Valores de Kt para o tanque classe A
circundado por grama ECA = evaporação de água do tanque clas-
se A, em mm/ dia-1.
Posição Umidade Relativa
Vento do
(km/ dia) tanque Baixa Média Alta
(m) < 40% 40 -70% > 70% Método da tensão de água
1 0,55 0,65 0,75 no solo
10 0,65 0,75 0,85 Quando se realiza o manejo com base Figura 33 - Tensiômetro com vacuômetro
< 175 100 0,70 0,80 0,85 na tensão de água no solo, a irrigação se
1000 0,75 0,85 0,85 processa toda vez que a tensão chegar a O bom desempenho do tensiômetro, no
um determinado valor crítico sem que o de- entanto, depende de cuidados na sua ins-
1 0,50 0,60 0,65 sempenho da cultura seja afetado. talação e operação. Na instalação, deve-se
Moderado 10 0,60 0,70 0,75 assegurar que o contato do solo com a
O controle da tensão é, geralmente, rea-
175 - 425 100 0,65 0,75 0,80
lizado com o auxílio de tensiômetros, que cápsula porosa seja o mais perfeito possí-
1000 0,70 0,80 0,80
trabalham com valores na faixa de 0 a 0,80 vel, garantindo que não haja espaços va-
1 0,45 0,50 0,60
atm. O tensiômetro mede diretamente a zios, e, na operação, o cuidado é quanto ao
Forte 10 0,55 0,60 0,65 tensão com que a água está retida no solo limite de leitura, a escorva e acidentes com
425 - 700 100 0,60 0,65 0,75 e, indiretamente, com o auxílio da curva de o mercúrio, quando for o caso.
1000 0,65 0,70 0,75 retenção, pode-se obter a percentagem de A utilização desse método requer que
água no solo. se faça a transformação do valor da tensão
1 0,40 0,45 0,50 Apesar de ter seu limite de atuação res- matricial, correspondente para cada cultura,
Muito forte 10 0,45 0,55 0,60 trito a 0,8 atm (aproximadamente 80kPa), o em conteúdo de água do solo. Isso é obtido
> 700 100 0,50 0,60 0,65 tensiômetro é um instrumento bastante útil através da curva de retenção de água do
1000 0,55 0,60 0,65 no controle da irrigação, pois a maioria dos solo, também conhecida como curva ca-
FONTE: Doorenbos & Kassan (1994). solos agrícolas tem a água facilmente dis- racterística de umidade. Trata-se de uma
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das propriedades básicas no estudo dos


processos de movimentação e retenção de
água no solo, e representa a relação entre a
percentagem de umidade e potencial ma-
tricial ou a tensão da água no solo. Ela pode

umidade
ser obtida em laboratórios ou em campo
(Gráfico 1).
Para o caso do maracujazeiro, a tensão
na qual se deve iniciar a irrigação é o valor
que, na curva característica de água no so-
lo, corresponde a uma umidade relativa ao pote ncial
consumo de 30% da água disponível no argila areia
solo. Caso não se disponha da curva, reco-
menda-se, para solo arenoso, que os teores
de água devam corresponder a valores de Gráfico 1 - Curva característica de água no solo
potencial matricial e próximo de 6 kPa e para
solo de textura média a argilosa, próximo
de 20 kPa. Stavely & Wolstenholme (1990) podem resultar em aplicações deficientes para controle da irrigação, e outro a 45cm,
concluíram que o potencial de água no solo e em turnos de rega muito pequenos representando a camada de 30cm a 60cm,
para a cultura do maracujá não deve exceder (Marouelli et al., 1996). para verificar se não está havendo perdas
a 20 kPa durante aos períodos críticos de Quanto ao número de tensiômetros a de água por percolação profunda (Fig. 34).
diferenciação de flores e pegamento de fru- ser utilizado, toma-se como referência Caso ocorra percolação, deve-se ajustar a
tos. instalar pelo menos três baterias compostas lâmina aplicada. Quanto à distância em re-
Conhecendo-se o quando irrigar, deter- de dois tensiômetros cada em pontos re- lação à planta, o tensiômetro pode ser ins-
minado pelo potencial da água no solo, presentativos da área, fazendo-se o con- talado a 25cm até 1,0m do caule, de acordo
através do tensiômetro, estabelece-se o trole da irrigação pela média das leituras com a idade da planta e com o raio de alcan-
quanto aplicar de água pela Equação 3. desses aparelhos. A profundidade de ins- ce do emissor (Fig. 35 e 36, p.48).
talação deve ser tal que a cápsula porosa Esse método, no entanto, traz algumas
Equação 3 fique na região de maior concentração das complicações operacionais como a dificul-
raízes, o que dependerá da situação local dade de programar previamente a irrigação,
LRN = [ (CC - Ui) / 10 ].da.z
do perfil do solo. Como recomendação, requerendo que se disponha de um equi-
Em que: pode-se instalar um tensiômetro a 15cm, pamento de irrigação que cubra toda a área,
LRN = lâmina real necessária, em mm; representando a camada de 0cm a 30cm, simultaneamente.
CC = umidade do solo na capacidade de
campo, em % de peso;
Ui = umidade do solo correspondente à
tensão crítica para início de irriga-
ção, em % de peso;
da = densidade do solo, em g / cm3;
z = profundidade efetiva do sistema ra-
dicular, em cm.
Em irrigação, normalmente não se con-
sidera todo o perfil do solo explorado pelo
sistema radicular das plantas, mas apenas
a profundidade efetiva (z), que deve ser tal
que 80% a 90% do sistema radicular esteja
nela contido. Sua determinação para fins
de manejo da irrigação é fundamental, pois Tensiômetro
a adoção de valores maiores que os reais
pode resultar em aplicação de grandes
quantidades de água com conseqüências
indesejáveis, enquanto valores menores Figura 34 - Instalação de tensiômetro na área de abrangência do sistema radicular

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Método do turno de rega partir de uma série de dados mensais mé- a cultura do maracujazeiro, considerando
O turno de rega é o intervalo de dias dios, admitidos como sendo igualmente dados do posto meteorológico do Instituto
entre duas irrigações sucessivas, determi- distribuídos durante o mês em considera- Nacional de Meteorologia (INMET), loca-
nado na fase de projeto. É função da ca- ção. Evidentemente, a variação de umidade lizado em Nova Porteirinha, visando de-
pacidade de armazenamento de água pelo do solo não poderá ser tal que todo o volu- monstrar a variação da quantidade de água
solo, das condições climáticas e da cultura. me de água armazenada no solo seja con- a ser aplicada ao longo do ano. Os dados
Sua determinação pode ser feita como mos- sumido. A planta consumirá apenas um apresentados são médias climatológicas
tra a Equação 4: percentual estabelecendo-se um valor míni- das variáveis: Precipitação (PP), em mm/
mo que pode ser atingido, sem que cause mês, e Evapotranspiração de referência
Equação 4 prejuízos à cultura. No caso de culturas cu- (ETo) em mm/dia. O valor da evapotrans-
TR = [(CC - PM)/10.ETc] . da . f . z jo sistema radicular é superficial, como o piração da cultura (ETc) foi feito conside-
maracujazeiro, o fator de disponibilidade rando kc = 0,8 para plantas adultas. A par-
Em que: de água no solo deve ser de 30% (f=0,30). tir dessas estimativas, foram calculados os
TR = turno de rega, em dias; A lâmina necessária pode ser estabe- volumes de água a aplicar por planta (V),
CC = umidade do solo na capacidade de lecida de acordo com a Equação 5: em L/dia/planta (L/dia/pl), equivalentes à
campo, em % de peso; Equação 5 lâmina líquida, considerando a área de
PM = umidade do solo no ponto de mur- influência por planta (12m2) e os percen-
LRN = TR.ETc
cha permanente, em % de peso; tuais de cobertura de solo de 20% e 40%.
Em que:
ETc = evapotranspiração da cultura, em Destaca-se o monitoramento da umida-
LRN = lâmina real necessária, em mm; de do solo, como atividade de suma impor-
mm/dia-1;
TR = turno de rega, em dias; tância, para orientar os ajustes necessários
da = densidade do solo, em g/cm-3;
ETc = evapotranspiração da cultura, em à quantidade de água. Sugere-se monitorar
z = profundidade efetiva do sistema ra-
mm/dia-1. a umidade do solo nas profundidades de
dicular, em cm;
15cm (camada de 0cm a 30cm) e de 45cm
f = fator de disponibilidade de água, ESTIMATIVA DE QUANTIDADE (camada de 30cm a 60cm). Essas profun-
adimensional. DE ÁGUA NECESSÁRIA didades devem ser adaptadas, conforme a
Estabelece-se a lâmina de água neces- AO LONGO DO ANO PARA A situação local do perfil do solo.
sária para a irrigação acompanhando-se a CULTURA DO MARACUJAZEIRO Segundo Ruggiero et al. (1996), na
variação da umidade do solo, devido à eva- No Quadro 2 apresenta-se um exemplo semeadura, 15 a 30 dias após o plantio, em
potranspiração, que deve ser estimada a de estimativa da quantidade de água para ambiente de viveiro, a irrigação deverá ser

QUADRO 2 - Estimativa da necessidade de água de irrigação para o maracujazeiro ao longo do ano

Variáveis Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

T max. (ºC) 34,2 32,8 34 31,7 32,4 30,2 29,4 31,3 32,7 33,9 32 30,9
T min. (ºC) 20,6 21,0 21,7 21,3 20,5 17,0 18,2 17,3 19,4 20,5 20,1 20,6
T med. (ºC) 27,4 26,9 27,8 26,5 26,4 23,6 23,8 24,3 26,0 27,2 26,0 25,7
UR (%) 77 73 75 73 68 66 64 59 59 58 77 79
U2 (km/dia) 40 40 35 36 48 54 69 78 81 73 57 37
PP (mm) 130,4 62,4 91,3 61,6 1,3 0 0 0 0 77,1 341,5 237,4
ECA (mm/dia) 6,36 5,44 6,15 5,56 5,24 6,58 5,79 6,89 8,06 7,36 5,46 4,75

Uso do método do tanque classe A

ETo (mm/dia) 5,41 4,62 5,23 4,73 3,93 4,94 4,34 5,17 6,05 5,52 4,64 4,04

Kc = 0,8

ETc (mm/dia)(1) 4,32 3,70 4,18 3,78 3,14 3,95 3,47 4,13 4,84 4,42 3,71 3,23

Área de influência da planta = 12 m2

V20 (L/dia/pl) 10,38 8,88 10,04 9,07 7,55 9,48 8,34 9,92 11,61 10,60 8,91 7,75
V40 (L/dia/pl) 20,76 17,76 20,07 18,15 15,09 18,95 16,68 19,8 23,21 21,20 17,82 15,50

(1) ETc não está considerando a precipitação.

Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.21, n.206, p.59-66, set./out. 2000


A cultura do maracujazeiro 65

feita com freqüência de duas a quatro vezes comparado com o de superfície, desta- presentando um uso mais racional (Vieira,
por dia, conforme as condições climáticas cando-se entre elas a possibilidade da 1995). Outras vantagens são a possibili-
do local até a emergência total. Após esta prática da fertirrigação, que é uma alterna- dade de aplicação de nutrientes via água
fase, irriga-se uma a duas vezes ao dia, po- tiva muito mais adequada que a adubação de irrigação junto ao tronco da planta, onde
dendo ser até em dias alternados, conforme convencional, devendo-se, entretanto, to- há maior concentração das raízes, o baixo
o armazenamento de água no solo, contro- mar os devidos cuidados, quando empre- consumo de energia (relação cv/ha menor);
lando-se a quantidade de água, para evitar gado na irrigação do maracujazeiro. não provocamento de umidade excessiva
encharcamento, percolação dos nutrientes Nesse aspecto, Araújo (1998) destaca na parte aérea, o que reduz incidência de
ou desenvolvimento vegetativo excessivo. duas preocupações deste método: doenças e poder irrigar sem prejuízo à po-
a) o molhamento de toda parte aérea linização. Como desvantagens apresentam
MÉTODOS DE IRRIGAÇÃO das plantas, associado a tempera- a necessidade de um bom sistema de filtra-
turas elevadas, favorece o apareci- gem e o custo inicial alto, por tratar-se de
O maracujazeiro pode ser irrigado por
mento de doenças, requerendo maior um sistema fixo. Teoricamente, a irrigação
qualquer método de irrigação, seja por
controle com aplicações mais fre- localizada é a melhor opção.
superfície, seja por aspersão ou localizada.
qüentes de defensivos agrícolas; A irrigação localizada diz respeito a sis-
Não existe um método mais indicado e sim
b) de acordo com a forma como a água temas de irrigação (gotejamento e micro-
vantagens e desvantagens dos métodos
é lançada sobre as plantas, os grãos aspersão), que aplicam água na região de
que precisam ser superadas com um manejo
de pólen podem ser lavados pela maior concentração das raízes, proporcio-
adequado.
água de irrigação, uma vez que, na nando economia de água e de energia. Co-
Em virtude da preocupação, em nível
abertura das flores e em contato com nhecidos como sistemas de alta freqüência,
mundial com a questão do gerenciamento,
conservação e economia dos recursos hí- a umidade, ocorre um arrebenta- os sistemas de microirrigação são caracte-
dricos, tem sido recomendado, para a gran- mento dos grãos (Ruggiero, 1987). rizados por aplicarem pequenas quanti-
de maioria das culturas, o uso de sistemas Neste caso, deve-se evitar a irrigação dades de água por longos períodos em
de irrigação localizada, tanto para novas por aspersão nos picos de floresci- turnos de rega muito pequenos, geralmente
áreas quanto para a substituição dos siste- mento, ou, se utilizada, atentar para diários (Nogueira et al., 1997).
mas de irrigação por superfície e por asper- a realização de irrigações à noite, A microaspersão é o sistema no qual a
são, por serem mais eficientes na aplicação quando não há flores abertas. água é aspergida sobre a superfície do solo
de água e de fertilizantes (fertirrigação) nas a baixa intensidade de aplicação e alta
Para mostrar a influência da precipitação
mais diversas condições ambientais (No- freqüência. As linhas de microaspersão são
na polinização das flores, trabalhos foram
gueira et al., 1998). geralmente colocadas no centro de duas
desenvolvidos no Havaí, onde os estigmas
O método de irrigação por superfície, foram molhados artificialmente, em inter- fileiras, com um microaspersor fornecendo
basicamente definido pelos sistemas de valos de 30 minutos, mostrando a neces- água para duas plantas.
inundação, sulco e faixas, é caracterizado sidade de permanecer secos por no mínimo O gotejamento é o sistema de irrigação
pela necessidade de nivelamento da área e 2 horas após a polinização, para que hou- no qual a água chega à superfície do solo
a aplicação de água em alto volume, devido vesse o desenvolvimento dos grãos de através de gotas que passam por emissores
a sua baixa eficiência. Dentre os sistemas pólen. Pode-se dizer que nos picos de flo- chamados gotejadores (Fig. 35 e 36, p.48).
de irrigação deste método, o sulco é o mais rescimento, quando as flores estiverem Quando houver opção por este sistema
utilizado. Este, além de necessitar do nivela- abertas, o uso da irrigação por aspersão de irrigação, é importante a preocupação
mento ou sistematização da área, não per- provocará uma diminuição da frutificação com a distribuição de água em torno da
mite uma adubação adequada, principal- devido à diminuição da presença de insetos planta. Uma alternativa para o sistema de
mente pela fertirrigação, pois a água carreia polinizadores na cultura (Araújo, 1998). irrigação por gotejamento é instalar uma
os adubos postos na superfície do solo A irrigação localizada destaca-se na fru- linha lateral por fileira de plantas, e a dis-
depositando-os nos drenos. ticultura nacional como um dos sistemas tância da linha lateral da planta dependerá
A irrigação por aspersão é o método de maior sintonia com a atual política nacio- do tipo de bulbo úmido formado no solo
em que a água é transportada sob pressão nal de recursos hídricos (Brasil, 1999), pois (área de molhamento na superfície do solo
através de tubulações e lançada ao ar em utiliza a água com maior eficiência, per- e profundidade atingida pela frente de mo-
forma de chuva, atingindo as culturas. É mitindo um melhor controle da lâmina apli- lhamento, fatores dependentes do tipo de
representado pelo pivô central, autoprope- cada. Sua economia caracteriza-se pela solo), devendo a planta estar dentro do
lido e aspersão convencional. Este método significativa redução das perdas por eva- bulbo molhado. Outra opção seria distri-
permite uma maior eficiência de irrigação poração, percolação e escoamento super- buir os emissores em forma de semicírcu-
que o de superfície, e exige menos mão-de- ficial. A água aplicada diretamente sob a lo (loop) ou em círculo completo. Quando
obra para sua condução. Este tipo de irri- copa das plantas reduz as perdas e propicia utilizar a distribuição dos emissores em
gação tem uma série de vantagens, quando eficiência de, aproximadamente, 90%, re- semicírculo, deve-se alternar periodica-
Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.21, n.206, p.59-66, set./out. 2000
66 A cultura do maracujazeiro

mente a posição deste em relação ao tronco REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 207p. (ITAL. Frutas Tropicais, 9).
da planta. Isto permite uma melhor distri- ARAÚJO, J. A. C. de. Irrigando o maracujazeiro. NOGUEIRA, L.C.; NOGUEIRA, L.R.Q.;
buição de água e nutrientes e possibilita In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE A GORNAT, B.; COELHO, E.F. Gotejamento
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Recentemente, tem sido melhorada e 20p. (EMBRAPA-CPATC. Documentos, 6).
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tituídos por redes de tubulações fixas, ope- e Drenagem, 24).
RUGGIERO, C.; SÃO JOSÉ, A.R.; VOLPE, C.
rados com baixas vazões, suas subuni- LAMM, F. R. ; MANGES, H. L.; STONE, L. R.; A.; OLIVEIRA, J. C. de; DURIGAN, J. F.;
dades de rega são relativamente grandes, KHAN, A. H.; ROGERS, D. H. Water BAUMGARTNER, J. G.; SILVA, J. R. da;
requirement of subsurface drip-irrigated corn NAKAMURA, K.; FERREIRA, M.E.;
sofrem pouca influência de fatores ambi- in northwest Kansas. Transaction of the KAVATI, R.; PEREIRA, V. de P. Maracujá
entais, como o vento, e não interferem na ASAE, v.38, n.2, p.441-448, 1995. para exportação: aspectos técnicos da pro-
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devem ser tomados para não se permitir
A.; SOUSA, A. de P.; DANTAS NETO, J.
que as plantas sejam submetidas a estresse MANZEL, C. M.; SIMPSON, D. R.; PRINCE, G. Manejo de irrigação através do balanço
hídrico e nem a excesso de umidade. A umi- H. Effect of foliar applied nitrogen during de água no solo. Teresina: EMBRAPA-
winter on growth, nitrogen content and CPAMN, 1997. 34p. (EMBRAPA-CPAMN.
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favicarpa Deg.) a lâminas de irrigação e
excelente, para obter os rendimentos po- TANNER, C. B. Energy balance approach to
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devem ser empregadas, de forma coadju- (Doutorado) - Centro de Ciências e Tecno- Society of America Proceedings, Madison,
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pragas, doenças e plantas daninhas, a Ver., v.38, p.55-94, 1948.
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Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.21, n.206, p.59-66, set./out. 2000

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