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Agricultura irrigada ideal e produtiva

Marcelo Santoro > 2021-03-16 16:27:27

Agricultura irrigada: quais os principais fatores que interferem no seu planejamento,


principais métodos de irrigação e muito mais!

A irrigação nada mais é do que o ato de fornecer água às plantas para que possam se
desenvolver e produzir.

Quando molhamos um jardim, um gramado, vasos ou qualquer outra planta, de certa forma
estamos trabalhando com agricultura irrigada.

Porém, devido à simplicidade dessa atividade, não nos damos conta de sua importância na
agricultura e acaba passando despercebida no dia a dia do campo.

Mas apesar de simples, agricultura irrigada é uma atividade complexa que requer elevados níveis
de tecnificação, planejamento e investimento.

Ficou curioso? Quer saber um pouco mais sobre a agricultura irrigada, como é feito o manejo da
água na agricultura e os principais métodos de irrigação? Confira a seguir!

Irrigação e agricultura irrigada


Podemos definir, de uma forma mais técnica, a irrigação como a prática agrícola capaz de suprir a
deficiência total ou parcial de água para as plantas.

Dessa forma, por meio do uso de equipamentos e técnicas específicas, a irrigação fornece de
forma artificial a água que não foi obtida de forma natural, através da chuva.

Por sua vez, agricultura irrigada é o termo utilizado para designar as áreas agrícolas onde se
faz uso da irrigação.

Mas apenas o fornecimento de água às plantas não é garantia de uma lavoura de sucesso!

Uma boa agricultura irrigada é feita com planejamento, monitoramento e gestão da irrigação. E
esse planejamento está relacionado a uma série de fatores.

Desde os fatores relacionados à cultura, ao solo e clima, às necessidades do produtor até as


particularidades dos diferentes métodos de irrigação.

Combinados, definem e ajudam a dimensionar os sistemas de irrigação para satisfazer as


necessidades das plantas e do produtor rural.

A seguir, vamos nos aprofundar um pouco mais em cada um destes fatores.

Tipo de cultura
Cada cultivo agrícola necessita de uma determinada quantidade de água para completar seu
ciclo, ou seja, crescer e produzir.

Essa quantidade varia entre os cultivos e, também, entre as etapas do desenvolvimento de cada
cultura.

Esquema dos estágios de necessidade de água das plantas na agricultura irrigada


(Fonte: Atlas da Irrigação, 2017)

As fases de desenvolvimento vegetativo, florescimento/frutificação exigem mais água do que as


etapas iniciais e finais do ciclo.

Dessa forma, a agricultura irrigada se faz necessária quando a quantidade de água no solo
(oriunda da chuva) for menor do que as necessidades das plantas.

O solo e o clima
Aspectos importantes como as características físicas e químicas do solo e a declividade das
áreas devem ser levados em consideração na agricultura irrigada.

Diferentes terrenos e solos influenciam no manejo da água das culturas, sendo diferente para
cada região.
Influência da textura do solo no alcance da água em sistema de irrigação por gotejamento
(Fonte: Pizarro Cabelo, 1990)

O clima está associado às diferentes regiões, variando de acordo com as coordenadas


geográficas de sua propriedade.

Regiões cujas condições climáticas são de escassez de chuvas durante grande parte do ano,
por exemplo, é imprescindível que a agricultura seja irrigada.

A região Nordeste (de clima semiárido) é a mais afetada por essa escassez, apresentando
poucas chuvas em grande parte do ano (coloração vermelha/alaranjada na figura).

Média das chuvas mensais no território brasileiro


(Fonte: Agência Nacional das Águas, 2014)

Em outras regiões (Sul, Sudeste e Centro-Oeste) a escassez é limitada a determinadas épocas


do ano, normalmente de abril/maio até setembro/outubro (estações de outono e inverno).

Nessas situações, a irrigação não apresenta caráter essencial e pode ser utilizada apenas para
complementação.

Necessidades do produtor
Um bom projeto de agricultura irrigada deve levar em consideração o manejo geral das lavouras.

Com isso, levar em conta a setorização da área quanto aos manejos de solo e cultura para
otimizar recursos, principalmente, água e fertilizantes.

Sendo o recomendado para permitir ao produtor integrar o monitoramento da irrigação aos


demais manejos, facilitando a verificação dos resultados.
Principais métodos de irrigação
Na agricultura irrigada ainda existe muita confusão no uso dos termos métodos e sistemas de
irrigação.

Mas para simplificar, tenha em mente que método é o modo de agir ou fazer a irrigação enquanto
que sistema se relaciona com a disposição e funcionamento das partes dos métodos.

Com base nessa definição, vamos falar sobre 4 métodos de irrigação diferentes, sendo eles:
aspersão, superfície, localizada e subsuperfície (ou subterrânea).

Cada um desses métodos pode apresentar vários sistemas:

Principais métodos de irrigação e seus sistemas


(Fonte: Testezlaf, 2017)

É importante lembrar que não existe um método nem um tipo de sistema perfeito, cada um
apresenta vantagens e desvantagens.

Sem dúvidas, o melhor será sempre aquele que sem desperdícios e exageros apresenta os
melhores resultados a um custo acessível.

Irrigação por superfície

A irrigação por superfície é aquela na qual a água é aplicada diretamente sobre a superfície do
solo.

Seja no sistema de sulcos ou de inundação, sua principal vantagem está relacionada à


simplicidade, pois requer poucos equipamentos e seu custo é baixo comparado aos demais.

Entretanto, tratam-se de sistemas que utilizam muita água e tem elevada dependência da
declividade e textura do solo, não podendo ser implementado em qualquer região.
Exemplo de irrigação em sulcos
(Fonte: Rede Agronomia)

Irrigação por aspersão

Diferente do método anterior, jatos de água fazem com que seja aplicada a irrigação na forma de
gotas, imitando a chuva sobre as plantas e o solo.

Os sistemas de aspersão podem ser o convencional por aspersores comuns ou mecanizado, em


autopropelidos ou pivôs (mais tecnificado).

Sendo assim, é um método que se adapta bem a diferentes relevos, porém seu custo aumenta
conforme o nível de mecanização e de tecnologia aplicada.

Condições climáticas como ventos fortes podem interferir no processo, prejudicando-o. Além
disso, o processo pode acarretar em um aumento na incidência de doenças foliares na lavoura.
Exemplo de irrigação em aspersão
(Fonte: Embrapa)

Irrigação localizada

Neste método, a água é aplicada em áreas restritas da lavoura, normalmente próximas do


caule e abaixo da área sombreada das plantas.

Pode ser em sistemas de baixa pressão, com gotejadores, ou de maior pressão, com
microaspersores.

Assim como a aspersão mecanizada, o custo é elevado e requer mão de obra especializada,
podendo apresentar problemas de entupimento de mangueiras.

Por outro lado, a parte aérea não é molhada evitando o aparecimento de doenças e apresenta
facilidade de instalação e reparos.
Exemplo de sistema de irrigação por gotejamento (esquerda) e microaspersão (direita)
(Fonte: Embrapa)

Irrigação por subsuperfície

A irrigação por subsuperfície é uma técnica um pouco menos comum, pois envolve o
fornecimento da água abaixo do solo, quase que diretamente às raízes.

Pode ser aplicada para produção de algumas hortaliças em ambiente protegido.

Quando em condições adequadas, seu custo é reduzido, mas para isso é necessário também de
regiões mais planas.

Ao contrário do gotejamento convencional, a manutenção é difícil pelo fato da irrigação estar


abaixo do solo.

Esquema de subirrigação
(Fonte: Hidro Sistemas)

Agricultura irrigada: desafios e oportunidades


Atualmente, o Brasil está entre os 10 países do mundo com as maiores áreas equipadas para
irrigação, com quase sete milhões de hectares.

Destes, cerca de 50% está destinado ao cultivo de arroz irrigado e cana-de-açúcar.


Detalhe das áreas irrigadas por municípios (em hectares) no Brasil
(Fonte: Agência Nacional das Águas, 2015)

Por isso, as projeções futuras para a agricultura irrigada no Brasil são as melhores, sendo
esperado um crescimento de 47% até 2030, passando para 10 milhões de hectares.

Estimativas de incremento na área de agricultura irrigada no Brasil para 2030


(Fonte: Atlas da Irrigação, 2017)

Porém, a agricultura irrigada apresenta também alguns aspectos negativos preocupantes.

Com o aumento da agricultura irrigada, a demanda por água que é um recurso limitado e
essencial para nossa sobrevivência também aumentará.

Portanto, é importante a busca constante por métodos eficientes no uso racional da água para
evitar desperdícios.
Além disso, a associação da aplicação de fertilizantes com a irrigação ou fertirrigação pode com o
passar do tempo levar à salinização e deterioração dos solos.

Por isso, técnicas sustentáveis de manejo da irrigação devem ser pensadas e colocadas em
prática.

Conclusão
Os cultivos agrícolas, assim como nós, dependem de água para sobreviver e sistemas de
irrigação sempre trarão benefícios às lavouras.

Porém, o estudo prévio de cada situação para um planejamento adequado é fundamental para
que o produtor não tenha problemas financeiros e nem no campo.

Dessa forma, a escolha do melhor método de irrigação depende das necessidades pessoais do
agricultor e das lavouras.

A agricultura irrigada é uma alternativa brilhante para o futuro dos cultivos agrícolas e cabe a nós
usá-la da melhor maneira possível.

E você, trabalha com agricultura irrigada? Qual método de irrigação e em que sistema
utiliza? Conte pra gente nos comentários abaixo!

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