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INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS – CAMPUS SATUBA

DISCIPLINA: SISTEMA DE PRODUÇÃO ANIMAL II


PROFº: RUBEM RAMOS ROCHA FILHO

CONSERVAÇÃO DE FORRAGENS

1. INTRODUÇÃO

Um dos grandes problemas da exploração animal é a produção sazonal de forragens. Na


época das águas existe alta disponibilidade de forragens de boa qualidade, no entanto, na estação
seca, esta disponibilidade deixa de existir, trazendo enormes prejuízos ao processo produtivo e,
consequentemente, aos resultados econômicos. Para minimizar este problema, deve-se adotar
práticas de suplementação alimentar durante a estação seca do ano.

2. SILAGEM

Silagem é o alimento obtido através do processo de ensilagem, que consiste em armazenar


alimento fresco em ambiente anaeróbio (silos), resultando em fermentações que permitem a
conservação deste material por longo período de tempo, mantendo seu valor nutritivo.

2.1. Características desejáveis da silagem


A forragem ensilada deve sofrer fermentação anaeróbia (tipo láctica), resultando em uma
silagem com bom aspecto, coloração clara, cheiro agradável.
Caso as condições de armazenamento não sejam boas predominará a fermentação butírica,
gerando um material de cor escura, mal cheiroso, de baixa palatabilidade e com potencial de
intoxicação caso o animal o consuma.

2.2. Condições para obtenção de boa silagem


A) Presença de carboidratos fermentecíveis.
Servem de substrato para fermentação láctica contribuindo, portanto, para a boa qualidade
da silagem. O ideal é que o teor de carboidratos fermentecíveis esteja em torno de 13 a 15% da
matéria seca do material. Seriam os açúcares e o amido.

B) Teor adequado de matéria seca


A forragem deve apresentar teor de matéria seca em torno de 30 a 35%. Teor de matéria seca
inferior tende a favorecer fermentação do tipo butírica, prejudicando a qualidade final do material.
Teor de matéria seca superior também não é desejável, pois pode favorecer a presença de fungos e
toxinas, podendo intoxicar os animais que a consumam.

C) Ausência de ar
A condição de anaerobiose é fundamental para que ocorra a fermentação láctica em
detrimento da fermentação butírica.

2.3. Principais forragens utilizadas


As forragens que mais atendem às condições acima descritas são aquelas que apresentam
grãos em sua estrutura: milho, sorgo, milheto, etc.
Os capins também podem ser utilizados, destacando-se aqueles do grupo elefante. A
dificuldade é que apresentam alto teor de umidade e baixo teor de carboidratos fermentecíveis em
sua composição.
2.4. Passos para produção da silagem
1O) Escolher variedades ou cultivares que permitam grande produção/ha. Atualmente
procura-se utilizar variedades de milho e sorgo de porte mais baixo (dupla aptidão), porém com alta
produção de grãos e que permita alta densidade no plantio (folhas menores e mais eretas).
2o) Colheita no ponto correto: matéria seca da planta entre 30 e 35%. Para o milho e sorgo,
na prática, considera-se o ponto “farináceo duro” do grão.
3o) Picagem do material: o ideal é que o material seja picado em partículas de 1 a 2 cm, o
que permite melhor compactação e favorece a fermentação do material.
4o) Enchimento do silo e compactação: o silo deve ser cheio em camadas e a forragem bem
compactada, para retirada do ar presente. A compactação pode ser feita utilizando trator, animais,
etc.
5o) Fechamento do silo: deve-se fechar o silo com lona plástica, evitando qualquer entrada
de ar. Cobrir a lona com terra.
6o) Abertura do silo: O processo de fermentação do material dura em torno de 30 dias,
quando o silo pode ser aberto. A retirada de silagem deve ser feita em camadas uniformes,
superiores a 10-15 cm de largura, para evitar aeração do material e perda de qualidade.

3. FENO
O processo de fenação consiste em eliminar o máximo possível de água das forragens para
que elas possam ser conservadas por longos períodos, sem que haja perda na qualidade. Neste
processo busca-se diminuir o teor de água da forragem verde, que está em torno de 80 a 85%, para
níveis próximos de 15%.

3.1. Fatores que interferem na qualidade do feno


Espécie utilizada: utilizar forragem que tenha bom potencial produtivo (ton/ha) e que
apresente bom valor nutritivo na época do corte. As gramíneas mais utilizada são o coast-cross,
pangola, transvala, tifton, estrela africana, etc. As braquiárias também podem ser utilizadas, no
entanto, em geral apresentam valor nutritivo inferior aos capins citados inicialmente.
Idade na colheita: o corte deve ocorrer antes que a planta emita flores e sementes. Em
geral, o corte de gramíneas tropicais é feito em torno de 30 dias de desenvolvimento.
Época de corte: no período das águas existe melhor potencial produtivo e material de
melhor qualidade nutritiva.. A dificuldade está na ocorrência de dias de sol que permitam a
realização do processo. Uma alternativa é trabalhar na época seca, em campos irrigados.
3.2. Processo de fenação

1O) Corte:
No corte manual o rendimento é baixo (0,1 ha/homem/dia) o que muitas vezes inviabiliza o
uso de áreas maiores para produção de feno. O corte mecanizado, feito com ceifadeiras atreladas ao
trator, possibilita o uso de campos de feno de maior dimensão.
O corte deve ser feito durante as horas mais quentes do dia. Na prática, inicia-se logo que o
orvalho tenha dissipado, para melhor aproveitamento das horas de sol.
2o) Secagem:
Consiste em espalhar o material no campo para que haja a desidratação. O material deve ser
revirado 2 a 3 vezes durante o dia para favorecer uma desidratação mais rápida e uniforme.
3o) Enleiramento:
No final da tarde o material deve ser enleirado, para evitar que o material umedeça durante a
noite. Na manhã seguinte as leiras são desfeitas para liberar a umidade da noite e reiniciar a
desidratação do material.
O processo deve seguir até o feno estar pronto. Em geral, ocorrerá após 10 a 30 horas de
exposição ao sol. Na prática isto ocorre quando o material não contiver mais água disponível (ao
torcer o colmo não apresenta água livre).
O feno de boa qualidade apresenta cor esverdeada e é macio ao toque. Fenos de cor marrom
e escuros (devido a fermentação) demonstram qualidade inferior.
4o) Armazenamento:
Os problemas no armazenamento decorrem do feno não estar com teor adequado de matéria
seca, ou seja, com muita água em sua composição. Neste caso observa-se elevação da temperatura
devido a ocorrência de fermentação, podendo, inclusive, ocorrer combustão espontânea e presença
de mofo (fungos).

3.3. Formas de armazenamento:


⇒ Medas: o feno é armazenado em montes, no campo, cobertos com lona apenas na parte
superior. Neste método ocorre perda de qualidade do feno, pois este fica exposto ao vento e sol, e
grande perda de material no momento de fornecimento aos animais.
⇒ Granel: existe as desvantagens de ocupar grande volume para armazenagem, devido a
baixa densidade do feno, e de distribuição difícil aos animais, havendo muitas perdas.
⇒ Fardos: é a forma mais indicada, pois ocupa menos espaço para armazenagem e facilita o
transporte. O manuseio e a distribuição dos animais também fica facilitado.

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