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POLIGRAFO DE VERMECOMPOSTAGEM

ELABORADO POR: TEC. AGR. MARCIO DOS SANTOS OLIVEIRA

ALEGRETE

2010

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Vermicompostagem

É o processo de compostagem de resíduos orgânicos utilizando minhocas para


acelerar o processo de degradação da matéria transformando-á em húmus.

A minhoca é um animal invertebrado, aeróbio, pertencente à classe dos


anelídeos, visto possuir um corpo segmentado em partes iguais; tem
respiração cutânea (respira pela pele) e, apesar de hermafrodita (possui os
dois sexos), a minhoca não se autofecunda, necessitando de outra minhoca
para se reproduzir.

A boca da minhoca está situada na extremidade que fica mais perto do clitelo
(a parte mais espessa do corpo) e como não tem dentes (não morde), só se
pode alimentar de material de pequeno tamanho, amolecido pela umidade e
pelos microorganismos.

As minhocas são saprófagas, isto é, alimentam-se de matéria orgânicas


morta, especialmente vegetais, que normalmente transportam para dentro
das suas galerias.
Estes saprófagos podem viver 5 anos ou mais, em condições favoráveis, e
quando adultos pesam 1 g, podendo chegar ao tamanho máximo (12 a 20 cm)
aos 7 meses. Quando uma minhoca morre, o corpo é rapidamente degradado.

Existem milhares de espécies de minhocas, mas são poucas as espécies que


proliferam em ambientes de alta concentração orgânica como na
vermicompostagem. São criadas 3 espécies comercialmente: Eisenia
Phoetida (minhoca vermelha da Califórnia), que se reproduz rapidamente,
Lumbricus Rubellus (minhoca dos resíduos orgânicos) e Eudrilus Eugeniase
(minhoca Gigante Africana), sendo as duas primeiras as mais utilizadas pelos
criadores.
A Eisenia Phoetida é reconhecida facilmente como minhoca vermelha da terra.
Encontra-se em terrenos úmido e é muito freqüente nas zonas rurais
Portuguesas. Uma minhoca vermelha gera, em condições ótimas, cerca de
1500 crias por ano.

Para fazer vermicompostagem deverá cumprir os seguintes passos:

1. Escolha local
O vermicompostor (recipiente para minhocas) deve ser colocado num sítio
propício ao desenvolvimento das minhocas, ou seja, com as seguintes
características:
- Grau de umidade da cama das minhocas que deve ser em torno
dos 30% (verificar regularmente);
- Abrigado da luz, frio e calor, temperatura entre 16 e 22 ºC,
podendo suportar até 30 ºC;

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- Área levemente inclinada para evitar encharcamentos na época
das chuvas (cuidado a ter para compostores ao ar livre);
- Facilidade de acesso a água potável, energia elétrica e matéria
orgânica;
- Arejado;
- Solo com pH entre 5 e 9;
- Longe do barulho de máquinas.

2. Escolha vermicompostor

A escolha do vermicompostor deve ser feita tendo em atenção a sua


capacidade, adequada à produção de resíduos que pretende eliminar; ao
espaço disponível; à durabilidade; à garantia e ao custo.
Poderá construir manualmente o seu próprio vermicompostor ou adquiri-lo
comercialmente, existindo diferentes tipos de vermicompostores:

 Canteiros de alvenaria, os mais usados na criação de minhocas.


Possuem um 1m de largura, 30 cm de altura e o comprimento
desejado. O piso deve ser revestido de terra batida e o local deve ter
um pequeno declive para evitar encharcamento.

 Ninho box, que consiste em caixas suspensas em prateleiras, não


necessitando de separar o húmus, pois as minhocas migram de uma
caixa para outra. Cada caixa tem 50 cm de comprimento, 25cm de
altura e a parte inferior de cada caixa deve ter uma tela que só
permita a passagem de minhocas para a caixa inferior.

 Caixas de madeira, plástico ou vidro, a opção mais barata e que


também ocupa pouco espaço. A caixa poderá ser uma gaveta velha
ou um aquário que já não tenha uso, devendo ter cerca de 60 x 30
cm de base e 25 cm de altura.
 Solo vermicompostor, são canteiros feitos no interior no interior de
um mato fechado, onde é aberto um buraco na terra com
aproximadamente 50 cm de profundidade, de 0,90-1,20m de largura
e se comprimento é de acordo com a área e a quantidade de
resíduos orgânicos que se produz, deve ser forrado com madeira ou
plástico e coberto com uma lona.
Os vermicompostores devem ter uma grande superfície relativamente à
altura, para melhor arejamento e distribuição de comida.
3. Construção do vermicompostor (tipo caixas de madeira, plástico ou vidro).

Para trabalhar com minhocas, sem as ferir, deve escolher ferramentas sem
arestas vivas. Irá precisar dos seguintes utensílios:
 Peneira ou coador, para obter o chá de composto (ler método balde);

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 Luvas de borracha, para manuseio de minhocas (proteção contra
patogênicos);
 Ancinho, para revolver a cama;
 Pá, para recolher o húmus;
 Regador, para molhar a cama;
 Termômetro, para medir a temperatura da cama;
 Pulverizador, para molhar as minhocas.

4. Alimentação de minhocas

a) Coloque as minhocas (vermelhas da Califórnia) por cima da terra (ou da


cama) do vermicompostor. No mínimo deverá ter ¾ de litro de minhoca por
m2 e no máximo 4 litros ou junte 300 g de minhocas para cada kg de lixo
produzido por semana.
b) Rasgue folhas de jornal em tiras de 1 a 2 cm de largura. Evite papel com
tintas de cor porque os metais pesados são prejudiciais às minhocas e
contaminam o composto.
c) Mergulhe as tiras rapidamente em água para umedecê-las (não é
recomendável que fiquem demasiado molhadas) e, em seguida, amarrote-
as sem compactar demasiado.
d) Coloque comida, cortada em pedaços pequenos, para facilitar a
decomposição, junto das minhocas.
e) Deixe a caixa de minhocas em repouso, sem adicionar comida durante 2
a 3 semanas, para que as minhocas se possam habituar ao novo ambiente
e comecem a decompor os restos de comida.
f) Após as semanas iniciais, adicione comida à caixa 3 ou 4 vezes por mês:
afaste um pouco a cama e espalhe uniformemente os restos de comida;
cubra novamente com a cama. Revolva cuidadosamente o material com um
ancinho.

Adicione tiras de jornal umedecido sempre que seja necessário manter a


comida tapada ou o teor de umidade e evitar atrair moscas.

Feche a caixa com a tampa após cada operação de adição de minhocas,


comida ou tratamento da cama.

5. Recolha do composto

Existem vários métodos para recolher o composto ou para renovar a cama


(a renovação deve ser feita 3 a 4 vezes por ano) da caixa de minhocas, tais
como:
 Método da migração – arraste o conteúdo do vermicompostor para
um dos lados da caixa. Na parte que fica vazia, coloque uma nova
cama e adicione comida só a esse lado. Ao fim de algum tempo, as

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minhocas já migraram do composto para o lado fresco (1 a 2
semanas); este método é lento mas exige pouco trabalho, sendo o
mais aconselhável para principiantes. A adição de borras de café à
cama nova acelerará o processo.
 Método do balde – despeje todo o conteúdo do vermicompostor num
balde e adicione um pouco de água fria. Em seguida, coe o conteúdo
do balde para outro balde. O líquido coado, chá de composto, pode
ser usado para regar as plantas, após diluição numa proporção de
1:10, substituindo os líquidos sintéticos. O chá de composto pode ser
guardado em garrafas de plástico. As minhocas, a cama e a comida
são colocadas de novo no vermicompostor.
 Método da luz – faça pilhas do composto e incida uma luz forte por
cima durante alguns minutos; ao sentirem luz, as minhocas movem-
se para o interior da pilha, pelo que a parte mais superficial fica sem
minhocas e pode ser retirada. Repita o processo até só ficar um bolo
central de minhocas, que volta para o vermicompostor, com nova
cama.
 Método de separação manual – espalha-se o conteúdo do
vermicompostor em cima de um plástico/folha de jornal. Colhem-se
as minhocas até que a maior parte destas tenha sido separada do
composto e adicionam-se à caixa de minhocas, já com a nova cama.
O composto separado deve estar à temperatura ambiente quando aplicado
em plantas ou incorporado no solo. Uma boa forma de aplicar o composto
no solo é dissolvê-lo em água.
Perda de atividade/fuga das minhocas

A existência de condições desfavoráveis ao desenvolvimento das minhocas,


como: grandes ruídos (exemplo: trovoadas), falta de alimento,
superpopulação, temperatura, pH e umidade da cama inadequados, pode
conduzir à fuga das minhocas do vermicompostor (normalmente realizada à
noite) ou a sua perda de atividade, que pode conduzir à morte. Algumas das
soluções para estas perdas de atividade ou fugas podem ser consultadas
na tabela 1.

Tabela 1 – Problemas, causas e soluções na vermicompostagem

Problema Causa possível Solução


Renove a cama; junte
Minhocas acumulam-se
mais tiras de jornal secas
nas camadas superiores
Excesso de água e não adicione comida
do minhocário; cama
com muita água, como o
muito úmida.
melão
Minhocas acumulam-se
Falta de água Borrife a cama com água
no fundo do minhocário;
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cama muito seca.
Interrompa a adição de
comida e revolva bem a
Cama pouco arejada
cama, se tiver cebolas e
Odores desagradáveis. Adição de comida em
brócolis, retire-os, pois
excesso estes não cheiram bem
quando decompostos.
Pouca comida
Minhocas começam a Pouca comida
comer os excrementos Cama precisa de ser
Cama precisa de ser
(que lhes são tóxicos) mudada mudada
Excesso de resíduos no Interrompa a adição de
Adição de comida em
canteiro ou presença de comida e revolva o
moscas excesso material.
Alimentos difíceis de
compostar, como carne, Não ponha esses
Cheiro a bafio
peixe, lacticínios e alimentos no canteiro.
gorduras
Não use alimentos
podres.
Dê comida suficiente,
variada e cortada aos
pedaços.
Enterre os alimentos na
Decomposição lenta "cama das minhocas".
Aparecimento de moscas Ambiente ácido (excesso Retire a comida em
de cítricos) decomposição.
Não exagere nos cítricos
Exponha o canteiro ao ar
sem luz direta durante
algumas horas.
Tire as minhocas e faça
nova cama.

Húmus
É um produto natural, produzido biologicamente, que não agride o meio
ambiente, mantendo a biologia dos solos intacta, alem de melhorar as
características físico-químicas e microbiológicas do solo.
Algumas das vantagens da utilização do húmus de minhoca como adubo
natural incluem:
 Não agressivo para o ambiente e fonte de nutrientes para as plantas,
especialmente de azoto, fósforo, potássio, cálcio e magnésio.
 Controlo da toxicidade do solo, corrigindo excessos de alumínio, ferro e
manganês.

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 Contribuição para um pH mais favorável ao desenvolvimento das
plantas.
 Redução da lixiviação e volatilização dos nutrientes das plantas.
 Entrada de água e ar facilitada.
 Drenagem controlada, evitando encharcamentos.
 Alteração da estrutura do solo, suavizando efeitos de erosão,
compactação, impermeabilização e desertificação.
 Promoção da agregação de solos arenosos.
 População microbiana fixadora de azoto abundante.
 Aumento da resistência das plantas a pragas e doenças.
 Absorção favorecida dos nutrientes pelas raízes das plantas.
 Aplicação possível em contacto direto com raízes, não queimando
plantas novas.

Conclusão

As minhocas nos favorecerem no processo de aceleração da degradação do


lixo orgânico, elas proporcionam o destino correto para estes resíduos, alem de
produzir um excelente adubo orgânico.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:

http://www.confagri.pt/Ambiente/AreasTematicas/Solo/Documentos/doc41.htm

http://www.confagri.pt/Ambiente/AreasTematicas/Solo/Documentos/doc40.htm

http://64.233.169.104/search?q=cache:TIaRAq1ATosJ:www.cpafro.embrapa.br/
embrapa/infotec/minhoca.PDF+vermicompostagem&hl=pt-
BR&ct=clnk&cd=3&gl=br

http://www.zeroresiduos.info/index.php?option=com_compostagem&task=blogc
ategory&sectionid=22&id=189&Itemid=142

http://www.esb.ucp.pt/gea/myfiles/compostagem/compost/vermi.html

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