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Unidades VI e VII
2021
FERTILIDADE DO SOLO
Autores
Dr. Marcos André Piedade Gama (Prof. Fertilidade do Solo, UFRA – ICA Belém)
Dr. Gilson Sergio Bastos de Matos (Prof. Fertilidade do Solo, UFRA – ICA Belém)
Organizadores
1. NITROGÊNIO
Então é possível notar que em solos mais ácidos o processo de amonificação é dificultado.
Fonte: Autores
Nitrificação
Processo pelo qual o N-amoniacal é transformado em N-nítrico (Figura 6), que é outra
principal forma de absorção desse elemento pelas plantas. Fatores importantes para sua ocorrência
em solos e suas consequências que podem ser destacados:
A presença de oxigênio é essencial. Por isso é um processo típico de solos bem
drenados. Ou seja, em ambientes com déficit de O2, como solos alagados,
dificilmente ocorre nitrificação.
pH – solos mais ácidos prejudicam a proliferação de bactérias que atuam no processo;
as principais bactérias são as Nitrosomonas e Nitrobacter;
A nitrificação proporciona acidificação do solo (formação de íons H+);
O nitrato (𝑁𝑂 ) formado é um ânion de fácil lixiviação nos solos arenosos em
períodos de alta precipitação.
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Fonte: Autores
Desnitrificação
É um processo de transformação no N − NO para formas de N2 para atmosfera
(Figura 7). Fatores importantes para sua ocorrência em solos e suas consequências que podem ser
destacados:
Ocorre na ausência de O2. Logo, é típico de solos sujeitos a alagamento;
Possibilita a perda de N − NO – por isso, recomendação básica é evitar a utilização
de adubações com fertilizantes nitrogenados nítricos em solos sujeitos a alagamento,
como, por exemplo, nos Gleissolos;
Em função da desnitrificação é sempre aconselhável utilizar fontes amoniacais em
ambientes alagados.
Figura 7 - Equação da Desnitrificação.
Fonte: Autores
e) Perdas no solo
As principais perdas de nitrogênio no solo ocorrem por: lixiviação de nitrato,
volatilização de amônia, e a exportação pelas culturas.
Como os solos em geral possuem predominância de cargas eletronegativas nas
camadas superficiais, geradas pelos coloides do solo, o ânion nitrato (𝑁𝑂 ) não é atraído facilmente
aos coloides, ficando livre na solução do solo. Dessa forma, o nitrato é facilmente lixiviado para as
camadas mais profundas do solo, podendo contaminar lençóis freáticos. Portanto a pluviosidade da
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Pelo fato da reação de hidrólise consumir íons H+, ela provoca elevação do pH ao redor
das partículas, com isso a ureia está sujeita a perdas de N pela volatilização de NH3 (tabela 1) sendo
que esse processo pode ser intensificado com a calagem recente e com altas temperaturas (Scheid,
1998).
Tabela 1 - Perdas anuais de nitrogênio por volatilização de amônia em pomar de
laranja adubado com ureia ou nitrato de amônio, aplicados na superfície do solo.
NH3 volatilizada
Fonte de N Dose de N
1995/96 1996/97 1998/99
kg ha-1 % do N aplicado
20 26 17 19
Ureia
100 31 16 25
260 44 17 33
A exportação pelas culturas para muitos não é considerada como uma perda, porém, se retirar
e não repor aquilo que a cultura utilizou, irá gerar um déficit no solo. Dependendo da necessidade da
cultura, esse valor de exportação pode variar (Tabela 2).
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Tabela 3 - produtividade de grãos e estimativa dos aportes de C e N pela cultura da soja sob plantio
convencional e plantio direto com diferentes tempos de implantação no cerrado piauiense.
Aporte (kg ha-1)
Produtividade de
Sistema Raiz Parte aérea Total
grãos kg ha-1
C N C N C N
PC 2.733 b 1.041 52 2.603 130 3.644 b 182 b
PD2 3.203 a 1.220 61 3.051 153 4.271 a 214 ab
PD4 3.200 a 1.219 61 3.048 152 4.267 a 213 ab
PD6 3596 a 1.370 69 3.425 171 4.795 a 240 a
Fonte: Leite et al. (2010)
IMPORTANTE
Sistema de plantio convencional
Caracterizado pelo revolvimento do solo durante o preparo para plantio com uma aração, para
inversão de camadas, e duas gradagens, para destorroamento e nivelamento da área anualmente.
Além da matéria orgânica do solo e do sistema de cultivo adotado (plantio direto ou plantio
convencional) outros fatores podem afetar a disponibilidade de N no solo, como:
Relações C/N do solo e dos resíduos orgânicos;
pH do solo;
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Classe de solo
Textura do Solo;
Método de preparo de área
- Corte e queima da vegetação – menor conteúdo de MO.
- Corte e trituração da vegetação - maior conteúdo de MO.
Tipo de fertilizante;
Época de aplicação de fertilizantes;
Temperatura.
Umidade do solo;
g) Fertilizantes nitrogenados
Os fertilizantes nitrogenados minerais são adquiridos por meio de fixação sintética do
nitrogênio atmosférico em amônia, processados posteriormente em outros compostos (Scheid, 1998).
Os principais fertilizantes nitrogenados e seus teores, que estão disponíveis no mercado atualmente
estão listados na tabela 4.
Tabela 4 - Fertilizantes nitrogenados solúveis mais comuns.
Teor de nutriente
Fertilizante Forma de N
N P2O5 K2O S
%
Ureia amídica 45-46
Nitrato de amônio amoniacal e nítrica 33
Sulfato de amônio amoniacal 21 23
Nitrocálcio amoniacal e nítrica 21-28
DAP amoniacal 16-18 42-48
MAP amoniacal 11 52
Amônia anidra amoniacal 82
Uran amídica 28-32
Nitrato de sódio nítrica 16
Nitrato de cálcio nítrica 15-16
Nitrato de potássio nítrico 13 46
Nitrosulfato amoniacal e nítrica 26 15
Nitrofosfatos amoniacal e nítrica 13-26 6-34
Fonte: IFDC (1979); Raij et al. (1997). In: Cantarella et al. (2007)
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2. FÓSFORO
O fósforo é o 11º elemento mais abundante da crosta terrestre e sua concentração total no
solo varia de 200 a 300 mg kg-1, porém na solução do solo é encontrado por volta de 0,1% desse total.
Outro fator agravante é que a aplicação de P via fertilizantes tem eficiência muito baixa, variando de
20 a 30%, em função da elevada retenção desse elemento na fase sólida do solo.
Em contrapartida sua importância para as plantas está em diversas reações que exigem um
elevado gasto de energia que são suportadas pelo fósforo como componente essencial do trifosfato
de adenosina (ATP). Além disso, o P é componente do DNA, RNA e fosfolipídios (Brady e Weil,
2009).
No Brasil a maioria dos solos possui alto grau de intemperismo, o que proporciona
problema na disponibilidade de P. Com o aumento no grau de intemperismo o solo passa por uma
mudança gradual nas suas características químicas, como a perda nas cargas negativas. Com o
intemperismo o solo se torna menos eletronegativo e mais eletropositivo, diminuindo assim a sua
capacidade de troca catiônica e aumentando a sua capacidade de adsorção aniônica (Novais et al.
2007). Tal processo aumenta a retenção de ânions como o fosfato, indisponibilizando o nutriente para
as plantas.
a) Ciclo do Fósforo
O ciclo do fósforo (Figura 8) evidencia uma forte interação solo – planta e também
demonstra que a matéria orgânica é um fator chave na disponibilidade deste elemento nos solos.
Evidencia ainda que o P possui forte interação com partículas minerais do solo, principalmente, com
os óxido e hidróxidos de Fe e Al, típicos dos solos de regiões tropicais.
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O fósforo inorgânico é encontrado na solução do solo como íons ortofosfatos (Raij, 2011) e
esses em solução dissociam-se, como mostra a reação a seguir:
𝐻 𝑃𝑂 ↔ 𝐻 + 𝐻 𝑃𝑂
𝐻 𝑃𝑂 ↔ 𝐻 + 𝐻𝑃𝑂
𝐻𝑃𝑂 ↔ 𝐻 + 𝑃𝑂
Essas três formas podem ser absorvidas pelas plantas e ocorrem nos solos. No entanto,
o pH influencia na forma predominante nos solos e, portanto, na forma que é mais absorvida. Em
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solos ácidos as plantas absorvem em maior proporção a forma 𝐻 𝑃𝑂 , que predomina nessa faixa.
Em solos alcalinos a principal forma de absorção é de 𝐻𝑃𝑂 , que predomina nessa faixa (figura 9).
Figura 9 - Formas de íons ortofosfato em relação ao pH.
química (covalente), diferentemente da que ocorre para os outros íons, onde a adsorção é do tipo não
específica (complexo de esfera externa – com H2O entre ânion-coloide) mediante atração
eletrostática: Na+, K+, Ca2+, Mg2+ e Al3+. Os processos de retenção do fosfato podem ser resumido
assim:
Precipitação
Reação de P com Fe e Al (em solos ácidos) e Ca (solos alcalinos) formando
um novo composto definido. A precipitação ocorre do contato do P com
Fe, Al ou Ca livres em solução.
d) Disponibilidade de fósforo
A disponibilidade do fósforo inorgânico no solo pode ser representada também por três
formas usuais: o fósforo em solução, o fósforo lábil e o fósforo não lábil. De forma prática ao ser
aplicada uma fonte de fosfato solúvel, em cerca de horas maior parte passa para fase sólida (fósforo
lábil), com o tempo e mais lentamente (dias ou ano) o fósforo passa para a fração não lábil (Figura
10). Se estima que ao final de um ano após aplicação de fosfato cerca de 70 a 90% do fosfato solúvel
aplicado está na fase não lábil. É importante ressaltar que a forma lábil de P, principalmente, confere
a fertilização fosfatada uma característica residual, ou seja, de permanência do nutriente no solo por
um período maior.
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Fósforo em solução
Fósforo prontamente acessível para as raízes dos vegetais, consiste no
menor compartimento (quantidade) de P no solo.
Fósforo Lábil
P retido por precipitação com Fe e Al que estavam livres na solução bem
como P adsorvido nos óxidos de Fe e Al sendo que essa adsorção (inicial) é
de forma eletrostática (relativamente reversível). O P-lábil esta em grande
parte em equilíbrio com o P-solução constituindo uma reserva de fosfato.
Fonte: Autores adaptado de Isma (1978) e Raij (2011). Detalhe para a muda de açaizeiro.
16
f) Mobilidade do fósforo
No solo o fósforo é mobilizado pelo processo de difusão, que consiste do caminhamento do
elemento de um meio de maior concentração para um de menor contração. Esse movimento é lento e
depende de um gradiente de concentração, levando a necessidade da aplicação de fósforo via
fertilização ser localizada, na área de solo com maior concentração do sistema radicular, ou seja,
próximo a planta. Em função da sua baixa mobilidade do P (coeficiente de difusão D = 10-11 cm2 s-
1
), sua perda por lixiviação é mínima comparado ao 𝑁𝑂 e 𝑁𝐻 (D = 10-6 cm2 s-1) que são muito
móveis no solo.
g) Perdas no solo
Diferente do que ocorre com o nitrogênio, o fósforo não se perde no solo na forma
gasosa. Isso acontece devido à forte interação que o fosforo possui com as superfícies dos minerais
(Brady e Weil, 2009). A interação do P com minerais de argila é feita com ligações químicas fortes,
fazendo a adsorção ser um fator ou tipo de “perda” de disponibilidade do elemento às plantas, mas
não no solo. A perda do fósforo por lixiviação também é muito pequena devido a retenção do P nos
coloides, dessa forma a perda mais comum pelo processo de erosão do solo.
h) Fertilizantes fosfatados
As fontes industrializadas de maior solubilidade são: superfosfato simples,
superfosfato triplo, fosfato monoamônico (MAP), fosfato diamônico (DAP) e os termofosfatos, que
são obtidos a partir da fusão de fosfato natural com uma rocha magnesiana e posteriormente é
resfriado rapidamente. As concentrações (tabela 7), características e forma de obtenção desses e
outros fertilizantes fosfatados encontra-se em Raij (2001) nas páginas 311-315.
3. POTÁSSIO
O potássio possui diversas funções metabólicas nas plantas como ativador e regulador
de enzimas, regulação osmótica, bem como síntese de proteínas, carboidratos e de ATP, entre outras
funções. O K como fertilizante é o segundo nutriente mais utilizado no Brasil, ficando atrás somente
do fósforo. O principal adubo utilizado de fonte potássica é o cloreto de potássio (KCl) (Raij, 2011).
a) Ciclo do potássio
As principais formas de entrada de potássio no ciclo (Figura 12) são através dos
fertilizantes e dos minerais primários que contém o K na sua estrutura, como as micas (biotita e
muscovita) e os feldspatos potássicos. As principais formas de perda do K no solo são através da
lixiviação, erosão e a exportação pelas culturas, não ocorrendo perdas por formas gasosas como
ocorre com o nitrogênio (Brady e Weil, 2009).
Figura 112 - Ciclo do potássio no solo.
Fonte: Autores
(Ernani et al. 2007). Portanto, a disponibilidade de K no solo, está intimamente ligada ao material de
origem e ao grau de intemperismo do solo.
Outra forma de potássio é aquele presente na matéria orgânica, porém a quantidade é
extremamente baixa, pois se restringe ao K na fração orgânica viva (Ernani et al. 2007).
Existe também o potássio fixado, presente nas entrecamadas dos minerais do tipo 2:1,
como a illita e a vermiculita. Porém ocorre também em baixíssimas quantidades.
A forma de potássio disponível para as plantas é a catiônica (K+), caracterizada por baixa
capacidade de adsorção aos coloides e, portando, facilmente perdida via lixiviação. De forma geral
na solução do solo, a concentração de bases trocáveis segue a ordem Ca2+ > Mg2+ > K+.
Portanto, várias formas de potássio podem ocorrer no solo, porém de grande
importância destaca-se apenas o K presente nos minerais, K trocável e o K em solução (figura 13).
Figura 13 - Formas de potássio no solo.
4. MACRONUTRIENTES SECUNDÁRIOS
para fornecimento desses nutrientes. O Ca também pode ser fornecido ao solo a partir da utilização
de alguns fertilizantes fosfatados.
O S pode ser fornecido ao solo via utilização do gesso agrícola, que é um subproduto
da produção de fertilizante fosfatado. Outra alternativa é fornecer via utilização de alguns fertilizantes
que os contém em sua composição, como é o caso do Sulfato de amônio e superfosfato simples, que
são respectivamente, fontes nitrogenadas e fosfatadas.
Tabela 9 – Fertilizantes fontes de Ca, Mg e S.
Garantia mínima
Fertilizante
K2O Cálcio Magnésio Enxofre
Sulfato de cálcio - 16 - 13
Cloreto de cálcio - 24 - -
Sulfato de magnésio - - 9 11
Óxido de magnésio - - 45 -
Carbonato de magnésio - - 25 -
Enxofre - - - 95
Fonte: Raij (2011).
Para mais informações sobre os elementos Ca, Mg e S, recomenda-se (V. Alvarez,
2007); (Brady e Weil, 2009); (Raij, 2011).
5. MICRONUTRIENTES
a) Boro
24
6. INTRODUÇÃO
A avaliação da fertilidade do solo tem como objetivo diagnosticar o estado atual dos
atributos químicos do solo e auxiliar no processo de recomendações técnicas de calagem e adubação
em ambientes agrícolas e florestais.
Embora pareça uma atividade simples, a avaliação da fertilidade do solo, no entanto,
envolve a capacidade do responsável técnico em inter-relacionar as informações químicas dos solos,
com outros aspectos importantes, como exigências e características das plantas, além das condições
ambientais envolvidas.
A análise dos tecidos vegetais da planta, também utilizada para avaliação do estado
nutricional pode ser um método auxiliar na avaliação da fertilidade do solo, sendo aplicada apenas
para áreas com plantios estabelecidos. Além disso, é geralmente complementar a análise de solo.
Maiores detalhes estão descritos no “Módulo II” da disciplina nutrição mineral de plantas,
no item 1.2.
A análise química do solo é o principal método utilizado para avaliação da fertilidade dos
solos que podem ser utilizados para plantios de culturas agrícolas, florestais e formação de pastagens.
É importante porque pode influenciar diretamente o manejo químico do solo já que as
técnicas de calagem, gessagem e adubação dependem da adequada avaliação da fertilidade do solo.
A análise química do solo não deve ser considerada como a solução para todos os problemas
dos engenheiros, técnicos, agricultores e pecuaristas, isso porque o sucesso da avaliação da fertilidade
do solo depende de outras etapas e técnicas que devem ser aplicadas de forma específica para cada
cultura, propriedade e tipo de solo. No entanto, deve-se ter consciência de que sem a análise química
do solo, menores são as possibilidades de melhoria da fertilidade do solo em áreas produtivas.
Para análise química do solo é sempre importante considerar alguns aspectos, como
disponibilidade de laboratórios na região, qualidade das análises laboratoriais, uso de métodos
laboratoriais adequados às tabelas de interpretação dos resultados e de recomendações, qualidade do
sistema de amostragem e coleta de solos, além da existência de profissionais habilitados com a
interpretação dos resultados.
No Brasil os dois programas com ampla atuação na certificação de qualidade de análises
laboratoriais de amostras de solo para fins de avaliação da fertilidade são: Ensaio de proficiência IAC
para laboratórios de análises de Solos - Programa interlabotorial do IAC (Instituto Agronômico de
Campinas), e o Programa de análise de qualidade de laboratórios de fertilidade (Paqlf) da EMBRAPA
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Detalhes quanto a métodos de análises laboratoriais
utilizados no Brasil podem encontrados em trabalhos como os de Raij et al. (2001); Silva et al. (2009);
Raij (2011).
A análise química do solo é parte integrante de um programa de recomendação de calagem
e adubação (Figura 16), cuja qualidade dos resultados é dependente, por exemplo, do planejamento
inicial e do sistema de amostragem e coleta de solos.
27
Figura 16- Diagrama ilustrativo das etapas do programa de análise química do solo
Fonte: Autores.
Risco de Tomada de
erros no decisão
projeto em
função da
operação
Interpretação
dos resultados
Análises
laboratoriais
Amostragem do
solo
Fonte: Autores
28
A etapa de amostragem do solo é considerada com umas das mais críticas, sendo fonte de
erros para o programa de avaliação da fertilidade do solo. Importante salientar que os laboratórios de
análise não conseguem corrigir os erros gerados na coleta. Envolve quatro fases (figura 18), que são
explicadas a seguir:
Figura 158 - Procedimentos importantes na elaboração do plano amostral.
Fonte: Autores
Definição da Localização
Para iniciar o processo de amostragem, a identificação geral do terreno a ser avaliado deve
ser efetuada, preferencialmente mediante a visita e aplicação de questionário de reconhecimento do
local, junto ao responsável ou proprietário. Na visita prévia verificar coordenadas, clima
predominante, tipo de solo, vegetação, topografia e geologia. Alguns desses itens estão disponíveis
em literaturas da região. No formulário ou questionário levantar uso anterior do solo (floresta primária
ou secundária, pastagem, agricultura, manejo, etc.). Posteriormente, na posse da maior quantidade de
informações possíveis, é delineado o plano amostral
Estratégia de Amostragem do Solo
Após a definição do local de cultivo, este deverá ser dividido em áreas homogêneas de no
máximo 10 hectares cada uma. Estas áreas, dependendo da região, podem ser denominadas de glebas,
quadras ou talhão (Figura 19). O tamanho máximo (10 ha) poderá ser alterado (para mais ou para
menos) em função de condições específicas de cada propriedade.
Os critérios que podem ser utilizados para a divisão homogênea são:
- Tipo de Solo (textura, cor, topografia);
- Histórico da área (plantios ou usos anteriores)
- Histórico do plantio atual, quando for o caso (idade, espaçamento, variedade, produção) –
importante quando o objetivo são recomendações de manutenção de plantios perenes existentes.
29
Fonte: Autores
31
Figura 171 - Amostragem em grid (A) e variabilidade espacial de nutrientes (B) em cultivo de teca
(Tectona grandis L.f.) no estado do Pará.
Fonte: Autores
32
OBSERVAÇÃO
e) Profundidade
A coleta de amostras de 0 a 20 cm de profundidade é a básica a ser realizada. Contudo, é
importante que na medida do possível e principalmente para culturas de sistema radicular profundo
(fruteiras, reflorestamento, etc.), sejam feitas coletas de amostras de 20 a 40, e até 40 a 60 cm de
profundidade (Figura 23). Neste caso deverá se carregar 2 ou 3 baldes ao mesmo tempo e depositar
em cada um deles as sub-amostras da respectiva profundidade.
Figura 193 - Recomendações para coleta de solo em função das culturas implantadas
Fonte: Autores
f) Procedimento
Limpar a superfície de cada ponto escolhido retirando apenas o material orgânico ali
depositado;
Retirar a sub-amostra;
Caminhar e escolher um novo ponto para coleta;
Ao final das 15-20 sub-amostras, misturar bem toda a terra coletada, retirando então
uma porção de 300 a 500g. Acondicionar em saquinho limpo. Identificar e enviar ao
laboratório.
IMPORTANTE: As amostras devem ser enviadas para laboratórios confiáveis e que
utilizem métodos analíticos compatíveis aos solos e com as tabelas de interpretação (quando houver)
de sua região.
34
OBSERVAÇÃO
Pontos georreferenciados podem ser tomados com uso de GPS portátil ou aplicativos gratuitos de
smartphones como o C7 GPS DADOS:
https://play.google.com/store/apps/details?id=com.crcampeiro.c7gps&hl=pt_BR
Coletar e analisar as amostras de um determinado tipo de solo pode não significar nada se
os resultados não forem interpretados de forma adequada.
A interpretação dos resultados da análise química do solo tem a função de diagnosticar o
nível de fertilidade do solo, ou seja, do observar potencial do solo em disponibilizar nutrientes
mediantes comparação com condições padrões locais, regionais ou nacionais.
A partir da interpretação dos resultados analíticos é possível a tomada de decisão sobre a
aplicação de fertilizantes. Outros usos desse diagnóstico é a avaliação ambiental de áreas degradadas
ou contaminadas. A interpretação da análise é composta por quatro passos descritos a seguir.
Passo 1: Obtenção do resultado analítico
Os resultados de s análises de solo são obtidos a partir de laudos (figura 24) emitidos por
laboratórios para os quais as amostras são enviadas. Importante sempre ter atenção a metodologia que
é utilizada pelo laboratório escolhido, garantido que seja a mesma considerada nos manuais de
calagem e adubação.
35
Fonte: Autores.
OBSERVAÇÃO
As análises de solo podem ser feitas em laboratórios sem certificação dos programas de qualidade, desde
que o estabelecimento seja de credibilidade.
Tabela 12 - Classes de interpretação da fertilidade do solo, com base na análise química de solo.
Muito
Parâmetro Unidade Baixo Baixo Médio Bom Muito Bom
Matéria orgânica % ou dag/kg ≤ 0,4 0,41 - 1,16 1,17 - 2,32 2,33 - 4,06 > 4,06
Cálcio trocável (Ca) cmolc/dm3 ≤ 0,4 0,41 - 1,20 1,21 - 2,4 2,41 - 4,0 > 4,0
Magnésio trocável (Mg) cmolc/dm3 ≤ 0,15 0,16 - 0,45 0,46 - 0,9 0,91 - 1,5 > 1,5
Potássio trocável (K) mg/dm3 ou ppm ≤ 15 16 - 40 41 - 70 71 - 120 > 120
CTC efetiva (t) cmolc/dm3 ≤ 0,8 0,81 - 2,3 2,31 - 4,6 4,61 - 8,0 > 8,0
CTC pH 7,0 (T) cmolc/dm3 ≤ 1,6 1,61 - 4,3 4,31 - 8,6 8,61 - 15 > 15
Saturação por bases (V) % ≤ 20 20,1 - 40 40,1 - 60 60,1 - 80 > 80
Tabela 13 - Classes de interpretação da acidez do solo, com base na análise química do solo.
Parâmetro Unidade Muito Baixo Baixo Médio Alta Muito Alta
Acidez trocável (Al) cmolc/dm3 ≤ 0,2 0,21 - 0,5 0,51 - 1 1,01 - 2 > 2,0
Acidez potencial (H+Al) cmolc/dm3 ≤ 1,0 1,01 - 2,5 2,51 - 5 5,01 - 9 > 9,0
Saturação por Al (m) % ≤ 15 15,1 - 30 30,1 - 50 50,1 -75 > 75
Passo 3: Interpretação
Consiste em confrontar os resultados analíticos com as tabelas de referência, como mostra a
figura abaixo.
Figura 215 - Exemplo de interpretação de análise
38
Passo 4
Ao final da interpretação é possível gerar um relatório em tabelas ou gráficos com o
diagnóstico de todos os parâmetros avaliados, como demonstrado na figura 26.
Figura 226 - Interpretação dos parâmetros da fertilidade do solo com classificação e valores de
referência adaptados para localidade específica.
Fornecimento de S (40 kg ha-1): alternativa é fornecer junto com a fonte de N. Nesse caso é
só substituir a ureia pelo sulfato de amônio (20% de N e 24% de S).
1
Para detalhes sobre conceito e classificação geral dos tipos de fertilizantes, consultar material adicional no
portal.
40
A fertilização pode ser realizada com uso de fórmulas comerciais, tipo NPK.
Passo 1 - estabelecer a relação entre nutrientes na necessidade e encontrar uma fórmula com
a mesma relação (ou próxima desta).
Quantidade= (30 + 90 + 50) x 100 = 170 x 100 = 650 kg ha-1 da fórmula 4-14-8
(4 + 14 + 8) 26
41
Passo 3 –
O S pode constar da fórmula (se o N for fornecido com sulfato de amônio ou o P como
superfosfato simples).
OBSERVAÇÃO
Para detalhes em procedimentos operacionais de aplicação de corretivos e fertilizantes convencionais, onde os
princípios coincidem com a rochagem, vejam alguns vídeos:
Orientações calagem: correção de acidez do solo:
https://www.youtube.com/watch?v=ECGAzFgf4VU&list=PLofI9GrqIheFWYhCuRCGM3M73z3taE0_S&index=4
&t=81s
Correção e adubação na mandioca:
https://www.youtube.com/watch?v=i7kOgq2rcD8&list=PLofI9GrqIheFWYhCuRCGM3M73z3taE0_S&index=2
Adubação de cova em culturas perenes:
https://www.youtube.com/watch?v=87TI6G4ROrg&list=PLofI9GrqIheFWYhCuRCGM3M73z3taE0_S&index=5
Adubação de cobertura em culturas perenes:
https://www.youtube.com/watch?v=2GMt_FgE6As&list=PLofI9GrqIheFWYhCuRCGM3M73z3taE0_S&index=1
Correção e adubação em canteiros de hortaliças: https://www.youtube.com/watch?v=arVjUF-
zHUM&list=PLofI9GrqIheFWYhCuRCGM3M73z3taE0_S&index=3
Referências
ATER – ASSISTÊNCIA TÉCNICA RURAL: produtores – uma dica incrível para vocês, 2019.
Disponível em: http://ateragroambiental.com.br/sem-categoria/produtores-uma-dica-incrivel-para-
voces/
B. VAN RAIJ. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. Campinas:
IAC, 1997.
CANTARELLA, H. Nitrogênio. In: NOVAIS, Roberto Ferreira. et al. Fertilidade do solo. Viçosa –
MG: Sociedade Brasileira de Ciências do Solo, 2007. p. 375-470
ERNANI, P. R. et al. Potássio. In: NOVAIS, Roberto Ferreira. et al. Fertilidade do solo. Viçosa –
MG: Sociedade Brasileira de Ciências do Solo, 2007. p. 551 – 594.
LEITE, Luiz FC et al. Atributos químicos e estoques de carbono em Latossolo sob plantio direto no
cerrado do Piauí. Embrapa Meio-Norte-Artigo em periódico indexado (ALICE), 2010.
NOVAIS, R. F. et al. Fósforo. In: NOVAIS, Roberto Ferreira. et al. Fertilidade do solo. Viçosa –
MG: Sociedade Brasileira de Ciências do Solo, 2007. p. 471 – 550
RAIJ, Bernado Van. Fertilidade do Solo e Manejo de Nutrientes. 1. ed. Piracicaba - SP: IPNI -
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