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NITROGÊNIO NO SOLO E NA PLANTA

I. INTRODUÇÃO
Nitrogênio é o elemento essencial requerido em maior quantidade pelas plantas.
É constituinte de muitos compostos das plantas, incluindo todas as proteínas
(formadas por aminoácidos) e ácidos nucleicos. Assim, a deficiência de N inibe
rapidamente seu crescimento.
 PRINCIPAL FONTE DE NITROGÊNIO NO SOLO
A principal fonte de N no solo para as plantas é a matéria orgânica (MOS).
Contudo, nem todo nitrogênio presente na matéria orgânica do solo está
prontamente disponível para as plantas, ele é liberado lentamente e depende da
atividade microbiana do solo. O nitrogênio é facilmente redistribuído no floema,
apresentando alta mobilidade na planta. No solo, ele também apresenta alta
mobilidade, sendo facilmente lixiviado e necessitando de adequado aporte nos
estádios de maior resposta das culturas.
 FORMAS DE ABSORÇÃO
O nitrogênio pode ser absorvido por diferentes formas na planta, sendo que sua
absorção pode ser oriunda da atmosfera, ou solo nas formas N2, NH4+ e NO3–.
A principal forma de absorção na maioria das culturas é NO3– por conta do
processo de nitrificação que ocorre no solo. Para as culturas com capacidade de
realizar a fixação biológica de nitrogênio (FBN), como a soja por exemplo, a maior
absorção do elemento se dá na forma de N2.
 USO DO NITRATO
Indicadores de solo e de planta têm sido usados para monitorar a disponibilidade
de N e auxiliar na decisão sobre a dose e a época de sua aplicação. Entre as
características de solo utilizadas como indicadores do nível de N no solo, tem-se
destacado o teor de N mineral, especialmente o de nitrato. O uso do nitrato é
facilitado pela disponibilidade de testes rápidos para sua determinação (ROTH et
al., 1991; SIMS et al., 1995) e pelo fato de que parte do n mineral no solo está sob
a forma de nitrato (SIMS et al., 1995; MA & DWYER, 1999).
Por sua vez, o íon nitrato é, normalmente, muito móvel no perfil do solo,
especialmente em sistemas de semeadura direta, pois com menor evaporação e
melhor estruturação ao longo do perfil, a taxa de infiltração de água tende a ser
maior. O íon nitrato acompanha esse fluxo para camadas mais profundas
(MUZILLI, 1983).
 ESCOLHA DA FONTE DE N
Normalmente, só o Nitrogênio presente no solo não capaz suprir as necessidades
de uma cultura agrícola para atingir altas produtividades. Para garantir o
suprimento adequado de Nitrogênio e boa produtividade, é necessário que se
realize adubação nitrogenada nas culturas que não realizam FBN. Os fertilizantes
nitrogenados comerciais são amplamente utilizados em lavouras comerciais,
várias fontes de Nitrogênio podem ser utilizadas, mas a mais conhecida é a ureia.
A escolha da fonte de nitrogênio a ser utilizada deve levar em consideração fatores
econômico, agronômicos e práticas de manejo. Além de fontes minerais, fontes
orgânicas como esterco animal, em geral de aves e suínos também são opções na
utilização da adubação nitrogenada, contudo é necessário ter cautela para não
utilizar incorretamente os fertilizantes nitrogenados, resultando em custo
desnecessário e contaminação de águas.
Nas plantas com capacidade de realizar a FBN, é utilizado o nitrogênio
atmosférico através do processo de nitrogenase. O processo consiste na conversão
do N2 atmosférico, para formas combinadas pela ação de microrganismos
FAQUIN (2005). Os principais microrganismos responsáveis por esse processo
são as bactérias do gênero bradyrhizobium. As bactérias podem ser inseridas no
sistema por meio da inoculação de sementes com o bradyrhizobium, auxiliando
as bactérias já presentes no solo e aumentar a formação de nódulos e fixação
biológica de nitrogênio.
 CULTIVO DE LEGUMINOSAS
As leguminosas destacam-se como plantas de cobertura ou adubos verdes pela
redução da erosão do solo, conservação da água no solo e reciclagem de
nutrientes. Porém, o grande benefício do cultivo de leguminosas no aumento do
rendimento das culturas tem sido atribuído ao aumento da disponibilidade de N
às culturas cultivadas em sucessão (FUGITA et al., 1992; da ROS & AITA, 1996;
RAO & MATHUVA, 2000; AITA et al., 2001), permitindo a redução dos custos
com fertilizantes nitrogenados minerais (BOHLOOL et al., 1992) e dos impactos
ambientais gerados pela produção industrial desses fertilizantes, o que envolve
alto consumo de combustíveis fósseis, com significativa emissão de gases para a
atmosfera (AMADO et al., 2001; ZANATTA et al., 2007). A utilização de
leguminosas em sistemas de culturas associada ao sistema plantio direto também
contribui para o aumento dos estoques de n total do solo (POUDEL et al., 2001;
DIEKOW et al., 2005) como resultado da maior entrada de n no solo pela fixação
biológica realizada pelas leguminosas somada à menor taxa de mineralização do
n orgânico em sistema plantio direto (BAYER & MIELNICZUK, 1997; LOVATO
et al., 2004), podendo recuperar a capacidade de fornecimento de n pelo solo às
culturas.

REFERENCIAS
ROSOLEM, Ciro Antônio; FOLONI, José Salvador Simoneti; DE OLIVEIRA, Rosa Honorato.
Dinâmica do nitrogênio no solo em razão da calagem e adubação nitrogenada, com
palha na superfície. Dinâmica do nitrogênio no solo, SP, p. 301-310, 4 dez. 2002.

WEBER, Mirla Andrade; MIELNICZUK, João. Estoque e disponibilidade de nitrogênio


no solo em experimento de longa duração. Parte da Dissertação de Mestrado do
primeiro autor. Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, p. 429-436, 2009.

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