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Fertilizantes ou Adubos (sintéticos ou orgânicos)

São qualquer tipo de substância aplicada ao solo ou tecidos vegetais (geralmente as folhas)
para prover um ou mais nutrientes essenciais ao crescimento das plantas. São aplicados na
agricultura com o intuito de melhorar a produção.
É comum referir-se aos fertilizantes como “adubo sintético” e, simplesmente “Adubo”, ou
esterco animal para fertilizantes de origem orgânica.

As plantas necessitam de diversos elementos químicos:


 Macronutrientes:
Carbono, hidrogénio, oxigénio, nitrogénio, fósforo, enxofre, cálcio, magnésio e potássio;
 Micronutrientes:
Boro, cobalto, cobre, ferro, manganês, molibdénio e zinco.
Alguns desses elementos estão fartamente disponíveis no meio ambiente do nosso planeta e
são directamente assimiláveis pelas plantas, como carbono, hidrogénio e oxigénio. Outros
como nitrogénio, apesar de fartamente disponível na atmosfera, não são directamente
absorvíveis pelas plantas, ou o processo de absorção é muito lento face à demanda produtiva.
Aos elementos necessários e que são normalmente adicionados pelo agricultores a suas
plantações para suprir essas deficiências e aumentar a produtividade, chamamos adubo.

Impactos sociais e ambientais dos adubos químicos

Segundo Antonio S. Hendges (2010) os adubos químicos sugiram como alternativa de


aproveitamento dos estoques de armas não utilizadas durante a 2ª Guerra mundial,
substituindo os métodos agrícolas que necessitavam dos processos naturais para a produção
de alimentos pela adição em grandes quantidades de fertilizantes, especialmente os
nitrogenados, garantindo a afirmação de um modelo agrícola baseado nas monoculturas
extensivas, concentrando as propriedades das terras, inviabilizando as actividades agrícolas
familiares e comunitárias, estabelecendo o êxodo e a migração rural e criando reservas de
mão-de-obra para o desenvolvimento industrial de grandes centros urbanos em que se
estabeleceram as indústrias multinacionais associadas directa ou indirectamente com a
implantação do novo modelo agro-industrial.

A erosão dos solos, além de destruir a capacidade produtiva destes, levou para os rios,
estuários, lagos e mares grandes quantidades de fertilizantes nitrogenados, estimulando a
proliferação de algas que ao se decomporem consomem o oxigénio da água e causam a
alteração total dos ciclos bióticos relacionados com as plantas e animais aquáticos. Na
decomposição, as algas emitem dimetil sulfito que combinado ao oxigénio do ar forma
dióxido de enxofre, o principal componente da chuva ácida, as águas subterrâneas também
foram (e estão) contaminadas por adubos.

Portanto, os impactos sociais e ambientais da agricultura industrial e do uso de fertilizantes


químicos na produção de alimentos são altamente negativos para os espaços naturais e a
saúde humana, afectando a flora, a fauna e os recursos hídricos de modo dramático, ao
mesmo tempo em que concentra os lucros em algumas poucas corporações e distribui os
prejuízos à sociedade. É indispensável revisar-se este modelo agrícola e substituí-lo por
alternativas que contribuam para a produção de alimentos de qualidade, que estimulem a
autonomia dos produtores e consumidores e garantam a preservação da fertilidade dos solos
para as futuras gerações de seres vivos.

O uso de fertilizantes químicos é uma resposta imediata para a correcção de problemas de


fertilidade e qualidade do solo. No entanto, os efeitos dessa prática vão muito além disso e
podem representar um grande perigo para o meio ambiente, impactando a qualidade do solo,
água, ar e até mesmo a saúde humana.

Contaminação do solo

Vários tipos de fertilizantes usados na adubação mineral são grandes acidificadores do solo,
causando a perda gradual de nutrientes e contribuindo para que o solo seja cada vez mais
improdutivo. Com isso, gera-se um ciclo vicioso: com um solo pouco fértil, utiliza-se uma
quantidade maior de fertilizante nas próximas plantações.

Além disso, os fertilizantes químicos – principalmente os fosfatados e nitrogenados – são


biocidas, ou seja, destroem a microvida presente no solo. Com a morte dos microrganismos
benéficos para a plantação, o resultado é um solo mais pobre que acaba dificultando o correto
desenvolvimento das plantas.

Contaminação da água

A maior parte dos fertilizantes aplicados penetra directamente no solo, mas uma parte é
levada pelo processo de lixiviação. Como resultado, os compostos químicos presentes nos
fertilizantes causam a contaminação de rios, lagos e lençóis freáticos.

Em muitos casos, pode ocorrer a morte de toda a vida presente em rios e lagos, uma vez que
o excesso de nutrientes depositados no local estimulam o crescimento de algas e roubam o
oxigénio disponível. Em outros casos, os poluentes, como dioxinas e metais pesados
presentes nos fertilizantes contaminam os animais e plantas que vivem na água.

Salientar que o fornecimento e a qualidade da água nos centros urbanos também foram
drasticamente afectados, visto que a agricultura industrial passou a utilizar mais recursos
hídricos, diminuindo através do uso directo e do assoreamento os reservatórios de água
potável disponíveis. A contaminação por nitratos (provenientes dos fertilizantes
nitrogenados) das águas fornecidas aos centros urbanos é um problema de saúde pública que
apresenta graves consequências. Os nitratos são transformados nos organismos animais em
nitritos que capturam a hemoglobina e reduz a capacidade do sangue no transporte de
oxigénio, causando metahemoglobinemia, uma desordem sanguínea que afecta
principalmente crianças. Os nitratos quando combinados nos aparelhos digestivos com
aminas, formam nitrosaminas que são substâncias altamente cancerígenas.

Contaminação do ar

Há, ainda, uma terceira parte dos fertilizantes que sofre o processo de evaporação,
principalmente no caso dos fertilizantes nitrogenados. A evaporação de substâncias, como o
óxido nitroso, é prejudicial à camada de ozónio e contribui com o agravamento do
aquecimento global.

Extracção de recursos naturais

Para a produção de fertilizantes utilizados na adubação mineral é necessário extrair recursos


naturais que, muitas vezes, são aproveitados de forma desregulada e sem preocupação com o
futuro das próximas gerações. A fabricação desses fertilizantes demanda uso intenso de
energia e combustíveis fósseis, principalmente o gás natural e o carvão mineral. A emissão do
dióxido de carbono resultando do processo de produção favorece o agravamento do efeito
estufa e, consequentemente, do aquecimento global.

Propriedades químicas dos Adubos

Concentração e forma do nutriente: a composição química de uma substância fertilizante


afecta tanto o seu teor como forma como se encontram. Com excepção do nitrogénio, os
teores de nutrientes são normalmente expressos na forma de óxidos (exemplo: K 2O, CaO,
SO3). Os teores de N e K2O referem-se aos nutrientes solúveis em água. Já o teor de P2O5
pode ser expresso como teor total, fósforo solúvel em água, citrato neutro de amónio ou ácido
cítrico 2%. No caso dos fertilizantes NPK, estes devem ter no mínimo 18% de nutrientes, e os
fertilizantes binários (NP, NK ou PK) devem ter um teor mínimo de 15%;

Poder acidificante ou alcalinizante: os fertilizantes possuem capacidade de acidificar ou


alcalinizar o solo. Estas propriedades são medidas em kg necessários de CaCO 3 necessárias
para reverter a acidez gerada por uma tonelada do fertilizante. Dentre os diferentes
fertilizantes, os nitrogenados são os que apresentam maiores potenciais de acidificar o solo.
Já os potássicos são neutros, e os fosfatados possuem reacção neutra ou pouco alcalinizante.

Compostos indesejados: alguns fertilizantes podem possuir a presença de compostos


tóxicos, que podem causar prejuízo às plantas, pessoas, ambiente ou animais. Por exemplo,
em fertilizantes fosfatados pode ocorrer a presença indesejada de metais pesados (como o
chumbo, mercúrio ou arsénio), ou na ureia podemos ter a presença de biureto. Resíduos
industriais e lodos de esgoto devem receber atenção especial à presença de compostos
indesejados.

Propriedades físicas dos Adubos

Natureza física: os fertilizantes podem ser sólidos, líquidos ou gasosos. Os fertilizantes


sólidos representam a maioria dos produtos usados no Brasil. Em fertirrigação e adubação
foliar, é bastante comum o uso de fertilizantes líquidos na forma de solução ou suspensão. O
único fertilizante gasoso é a amónia anidra.

Granulometria: determinada através da análise granulométrica, refere-se à distribuição das


partículas do fertilizante por tamanho. As partículas são classificadas, na ordem decrescente
de tamanho, como: grânulo > farelo > pó. A granulometria afecta a solubilidade (quanto
menor o tamanho da partícula, maior a solubilidade), higroscopicidade (quanto menor o
tamanho da partícula, maior higroscopicidade), tendência ao empedramento e segregação
(separação das partículas por tamanho durante o transporte, manuseio e aplicação, resultando
em desuniformidade na lavoura). A influência do tamanho das partículas nas características
dos fertilizantes sólidos ocorre porque a subdivisão de um material aumenta sua superfície de
exposição por unidade de massa, afectando as características citadas acima.

Consistência ou dureza dos grânulos: refere-se à resistência que os grânulos possuem à


quebra (força compressiva) ou abrasão (atrito entre grânulos, ou dos grânulos com
equipamentos), que resultam em formação de pó ou grânulos desuniformes.
Fluidez: capacidade de um fertilizante em fluir livremente. Esta propriedade é afectada por
tamanho e forma dos grânulos (quanto mais irregular a forma, menor a fluidez), rugosidade,
umidade (quanto maior a umidade, menor a fluidez) e uniformidade granulométrica (quanto
mais uniforme, maior a fluidez). Esta característica possui influência na eficiência de
distribuição dos fertilizantes.

Densidade: calculada através da relação entre massa e volume, esta característica é


importante para o dimensionamento das unidades de armazenamento e transporte, bem como
a regulagem dos equipamentos de aplicação.

Propriedades físico-químicas

Solubilidade: indica a quantidade de fertilizante que é dissolvida em um determinado


solvente (geralmente água) em uma temperatura de 20ºC. Quanto maior a solubilidade, mais
rápida a liberação dos nutrientes e consequentemente o efeito do fertilizante. Alguns
fertilizantes que possuem alta solubilidade, por se tornarem rapidamente disponíveis, estão
susceptíveis à perda por lixiviação. Devido a este problema, começaram a surgir os
fertilizantes de liberação lenta ou controlada, que possuem uma liberação mais devagar dos
nutrientes, causada pelo revestimento do produto.

Classificação

Adubos minerais: São extraídos de minas e transformados em indústrias químicas. São


directamente assimilados pelas plantas ou sofrem apenas pequenas transformações no solo
para serem absorvidos. Podem conter apenas um elemento ou mais de um. Os principais
elementos fertilizantes são: nitrogénio, fósforo e potássio. Existem também os
micronutrientes como bórax, sulfato de zinco dentre outros que podem ser agregados nos
fertilizantes.
 Adubos nitrogenados;
 Adubos fosfatados;
 Adubos potássicos;
 Adubos mistos – contêm mais de um elemento nutritivo predominante (nitrogénio,
fósforo e potássio);
 Adubos calcários (ou correctivos).
Adubos orgânicos: São resíduos animais ou vegetais, sendo de acção mais lenta que os
minerais, visto que necessitam transformações maiores (serem desmontados em compostos
inorgânicos) antes de serem utilizados pelos vegetais. Promove o desenvolvimento da flora
microbiana e por consequência melhoram a condições físicas do solo; assim, a presença de
matéria orgânica acelera a actuação dos adubos químicos.
 Esterco de curral – para melhor aproveitamento dos fertilizantes contidos nesse adubo,
faz-se necessário que o adubo seja curtido, geralmente por trinta dias sob condições
especiais. O nitrogénio (N) não ultrapassa 1% da composição excepto no esterco de
galinha, onde pode atingir 1,5% a 2%.
 Resíduos de matadouros – são ossos, sangue seco ou farinha de sangue (extraído os
ossos e gordura em tanques a pressão), chifres e cascos. Esses dois últimos de difícil
assimilação.
 Resíduos oleaginosos – são subprodutos da indústria de óleos.
 Vinhaça – são subprodutos das usinas após a destilação do álcool. Apesar de ser solução
ácida, produz efeito alcalinizante.
 Resíduo de filtro prensa – é subproduto da usina de açúcar.
 Adubo verde – São cultivos que se praticam para serem enterrados no solo. Geralmente
leguminosas de enraizamento mais profundo. Num solo sem fertilidade pelo uso
excessivo e muito afectado pela erosão, às vezes, só pega no segundo ano, assim é
recomendado, nesses casos, sementes inoculadas com bactérias fixadoras de nitrogênio.
Alguns cultivos praticados: feijão de porco, feijão guandu, mucuna, feijão baiano e soja.

Adubos organominerais são compostos de substâncias minerais, bem como de substâncias


orgânicas de origem animal ou vegetal. É, portanto, uma mistura de fertilizantes minerais e
fertilizantes orgânicos, ou seja, têm um efeito complementar. Os elementos minerais
disponibilizarão rapidamente nutrientes às plantas, e os elementos orgânicos enriquecerão o
solo para fornecer nutrientes em um segundo momento.

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