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Estrutura Atómica :

Da teoria atómica de Dalton à teoria moderna da


Mecânica Quântica.

MEng Abelardo G. Banze Disciplina: Química Básica


abelbanze@gmail.com Curso: Licenciatura em ensino de Quimica
Ano Lectivo: 2022
1. Teoria Atómica de Dalton

Em 1808, um cientista e
professor inglês, John
Dalton, formulou uma
definição precisa dos
blocos indivisíveis
constituintes da matéria
aos quais denominamos
átomos.
O trabalho de Dalton
marcou o início da era
moderna da química.
1. Teoria Atómica de Dalton

1. A matéria é constituída de pequenas partículas esféricas maciças e


indivisíveis denominadas átomos.
2. Um conjunto de átomos com as mesmas massas e tamanhos apresenta
as mesmas propriedades e constitui um elemento químico.
3. Elementos químicos diferentes apresentam átomos com massas,
tamanhos e propriedades diferentes.
4. A combinação de átomos de elementos diferentes, numa proporção de
números inteiros, origina substâncias diferentes.
5. Os átomos não são criados nem destruídos: são simplesmente
rearranjados, originando novas substâncias.
1.Teoria Atómica de Dalton
2. O modelo de Thompson
Em 1897, Joseph John Thomson (1856-
1940) conseguiu demonstrar que o
átomo não é indivisível, utilizando uma
aparelhagem denominada tubo de raios
catódicos.
Dentro do tubo de vidro havia, além de
uma pequena quantidade de gás, dois
eléctrodos ligados a uma fonte eléctrica
externa. Quando o circuito era ligado,
aparecia um feixe de raios provenientes
do cátodo (elétrodo negativo), que se
dirigia para o ánodo (elétrodo positivo).
Esses raios eram desviados na direcção
do polo positivo de um campo eléctrico.
2. O modelo de Thompson
Com base nessa experiência, Thomson
concluiu que:
a) os raios eram partículas (corpúsculos)
menores que os átomos;
b) os raios apresentavam carga eléctrica
negativa. Essas partículas foram
denominadas electrões.
Thomson propós então um novo modelo,
denominado pudim de passas:
―O átomo é maciço e constituído por um
fluido com carga eléctrica positiva, no qual
estão dispersos os electrões‖. Como um
todo, o átomo seria electricamente neutro.
3. O modelo de Rutherford
Em 1886, o físico alemão Eugen Goldstein, usando
uma aparelhagem semelhante à de Thomson,
observou o aparecimento de um feixe luminoso no
sentido oposto ao dos electrões.
Concluiu que os componentes desse feixe deveriam
apresentar carga eléctrica positiva.

Em 1904, Ernest Rutherford, usando uma


aparelhagem semelhante à de Thomson, realizou
uma experiência com o gás hidrogénio, onde
detectou a presença de partículas com carga
eléctrica positiva ainda menores, as quais ele
denominou protões (p). A massa de um protão é
aproximadamente 1 836 vezes maior que a de um
electrão.
3. O modelo de Rutherford
Para verificar se os átomos eram maciços, Rutherford bombardeou uma
finíssima lâmina de ouro (de aproximadamente 0,0001 cm) com pequenas
partículas de carga eléctrica positiva, denominadas partículas alfa (α),
emitidas por um material radioativo.
3. O modelo de Rutherford
Observação Conclusão

a) A maior parte das partículas α atravessava A maior parte do átomo deve ser vazio. Nesse
a lâmina sem sofrer desvios. espaço (eletrosfera) devem estar localizados os
eletrões.

b) Poucas partículas (1 em 20 000) não Deve existir no átomo uma pequena região onde
atravessavam a lâmina e voltavam. está concentrada sua massa (o núcleo).

c) Algumas partículas α sofriam desvios de O núcleo do átomo deve ser positivo, o que provoca
trajetória ao atravessar a lâmina uma repulsão nas partículas α (positivas).
3. O modelo de Rutherford

A comparação do número de partículas


que atravessavam a lâmina com o número
de partículas que voltavam levou
Rutherford a concluir que o raio do átomo é
10 mil vezes maior que o raio do núcleo.
A partir dessas conclusões, Rutherford
propôs um novo modelo atômico,
semelhante ao sistema solar.
3. O modelo de Rutherford

Em 1932, Chadwick, durante experiências


com material radioativo descobriu o
neutrão.
Os neutrões estão localizados no núcleo e
apresentam massa muito próxima à dos
protões, mas não têm carga eléctrica.

Modelo atómico de Rutherford, com a inclusão


dos neutrões no núcleo
4. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO ÁTOMO

NÚMERO ATÓMICO (Z)


Em 1913, ao realizar experiências de bombardeamento de vários elementos
químicos com raios X, Moseley percebeu que o comportamento de cada
elemento químico estava relacionado com a quantidade de cargas positivas
existentes no seu núcleo.
Assim, a carga do núcleo, ou seu número de protões, é a grandeza que
caracteriza cada elemento, sendo este número denominado número
atómico.
4. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO ÁTOMO

NÚMERO DE MASSA (A)


soma do número de protões (p) com o número de neutrões (n) presentes
no núcleo de um átomo.
A=Z+n
5. ELEMENTO QUÍMICO

Elemento químico: é o conjunto formado por


𝐴
𝑋
átomos de mesmo número atômico (Z).
A cada elemento químico corresponde um
número atômico (Z) que o identifica. 𝑍
De acordo com a IUPAC ao representar um  X → Símbolo químico do
elemento;
elemento químico, devem-se indicar, junto
ao seu símbolo, seu número atómico e seu  Z → Número atómico;
número de massa.  A → Número de Massa.

Exemplo:
Indique o número de protões, de neutrões e de eletrões, em cada uma das
40 56 23
seguintes espécies: 20𝐶𝑎 , 26𝐹𝑒, 11𝑁𝑎
6. Iões
Os átomos apresentam a capacidade de ganhar ou perder electrões,
formando novos sistemas, eletricamente carregados, denominados iões.
Ião: a espécie química que apresenta o número de protões diferente do
número de electrões.
Os iões positivos (catiões), formam-se quando um átomo perde um ou
mais eletrões, resultando num sistema electricamente positivo, em que o
número de protões é maior que o número de eletrões.
6. Iões
Iões negativos (aniões) formam-se quando um átomo ganha ou recebe
um ou mais electrões, resultando num sistema eletricamente negativo,
em que o número de protões é menor que o número de eletrões.
7. SEMELHANÇAS ATÓMICAS
Isótopos: são átomos que apresentam o mesmo número atómico (Z), por
pertencerem ao mesmo elemento químico, mas diferentes números de
massa (A).
A maioria dos elementos químicos é constituída por uma mistura de
isótopos, os quais podem ser encontrados, na natureza, em proporção
praticamente constante.
7. SEMELHANÇAS ATÓMICAS
Isóbaros: são átomos que apresentam diferentes números atómicos (Z),
mas mesmo número de massa (A).

Isótonos: são átomos que apresentam o mesmo número de neutrões (n),


mas diferentes números atômicos (Z) e de massa (A).

Isoeletrónicos: átomos e iões que apresentam a mesma quantidade de


eletrões.
EXERCÍCIOS
41 41
1. X é Isótopo do 20𝐶𝑎 e Isótono do 19𝐾 . Determine o número de massa de
X.
2. O numero atómico, numero de massa e numero de neutrões de um
átomo são expressos, respectivamente por (3x +5), (8x) e (6x – 30).
Determine os números de protões e neutrões desse átomo.
8. Da Física Clássica à Teoria Quântica
As primeiras tentativas para compreender os átomos e as
moléculas não tiveram muito êxito. Supondo que as moléculas se
comportam como bolas elásticas, os físicos conseguiram prever e
explicar alguns fenómenos macroscópicos. No entanto, esse
modelo não era adequado para justificar a estabilidade das
moléculas, pois não explicava as forças que mantêm a coesão
dos átomos. Foi preciso muito tempo para perceber - e ainda
mais tempo para aceitar - que as propriedades dos átomos e das
moléculas não são governadas pelas mesmas leis físicas que se
aplicam tão bem aos objectos macroscópicos.
8. Da Física Clássica à Teoria Quântica
Em 1900, Max Planck, físico alemão, enquanto analisava os
dados da radiação emitida por sólidos aquecidos a várias
temperaturas, descobriu que os átomos e as moléculas emitiam
energia apenas em determinadas quantidades discretas, ou
quanta. Os físicos sempre haviam considerado que a energia era
contínua, o que implicava que qualquer quantidade de energia
podia ser libertada em um processo envolvendo radiação.
8. MODELO ATÓMICO DE BOHR

Modelo atómico de Bohr: electrões orbitam ao redor do núcleo


atómico em orbitais distintos, onde a posição de qualquer
electrão em particular é mais ou menos bem definida em
termos do seu orbital;

ELECTRÃO EM
ÓRBITA

NÚCLEO
8. MODELO ATÓMICO DE BOHR
ELECTRÃO EM
ÓRBITA

NÚCLEO

O modelo baseia-se nos seguintes postulados:

1. Os eletrões descrevem órbitas circulares ao redor do núcleo;

2. Cada uma dessas órbitas tem energia constante (órbita estacionária). Os electrões
que estão situados em órbitas mais afastadas do núcleo apresentarão maior
quantidade de energia;
3. Quando um electrão absorve certa quantidade de energia, salta para uma órbita
mais energética. Quando ele retorna à sua órbita original, liberta a mesma quantidade
de energia, na forma de onda eletromagnética (luz).
8. MODELO ATÓMICO DE BOHR
O modelo de Bohr permite relacionar as órbitas (níveis de energia) com os espectros
descontínuos dos elementos.
8.1. Camadas Electrónicas ou Níveis
de Energia
A electrosfera está dividida em 7 níveis ou camadas designadas por K, L, M, N, O, P, Q
ou pelos números: n = 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, respectivamente.
O número de camada é chamado número quântico principal (n).
Número máximo de electrões em cada nível de energia:

1. Teórico:
Equação de Rydberg: x = 2n2
K L M N O P Q
2 8 18 32 50 72 98

2. Experimental:
O elemento de número atómico 112 apresenta o seguinte número de electrões nas
camadas energéticas:

K L M N O P Q
2 8 18 32 32 18 2
8.2. OS SUBNÍVEIS
Em 1916, Sommerfield supôs que os níveis de
energia estariam divididos em regiões ainda
menores, por ele denominadas subníveis de
energia.
Esses subníveis são representados pelas letras
s, p, d, f, g, h, …

 Existe uma ordem crescente de energia nos


subníveis;
s<p<d<f
 Os electrões de um mesmo subnível contêm a
mesma quantidade de energia;
Os electrões se distribuem pela eletrosfera
ocupando o subnível de menor energia
disponível.
8.2. OS SUBNÍVEIS

A criação de uma representação gráfica para os


subníveis facilitou a visualização da sua ordem
crescente de energia. Essa representação é
conhecida como diagrama de Linus Pauling.
8.2. OS SUBNÍVEIS
O preenchimento da electrosfera pelos electrões em
subníveis obedece à ordem crescente de energia
definida pelo diagrama de Pauling:
8.2.1. DISTRIBUIÇÃO ELETRÓNICA POR
SUBNÍVEL
Como num átomo o número de protões (Z) é igual
ao número de electrões, conhecendo o número
atómico pode se fazer a distribuição dos electrões
nos subníveis.

Camada de valência (C.V.) ou nível de


valência é o nível mais externo, isto é,
última camada do átomo e pode contar no
máximo 8 electrões.
Camada de Valência é o último nível de
uma distribuição electrónica, normalmente
os electrões pertencentes à camada de
valência, são os que participam na ligação
química.
8.2.1. DISTRIBUIÇÃO ELETRÓNICA POR
SUBNÍVEL
8.2.1. DISTRIBUIÇÃO ELETRÓNICA POR
SUBNÍVEL

21 Sc 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d1


Perceba que o subnível 4s2 aparece antes do
subnível 3d1, de acordo com a ordem crescente de
energia. No entanto, pode-se escrever essa mesma
configuração electrónica ordenando os subníveis
pelo número quântico principal. Assim, obteremos a
chamada ordem geométrica ou ordem de distância:

21 Sc 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d1 4s2

Note que, na ordem geométrica, o último subnível — mais externo do núcleo — é o


4s2, sendo que esse subnível mais distante indica a camada de valência do átomo.
8.2.1. DISTRIBUIÇÃO ELETRÓNICA POR
Exemplo: Arsénio (As): Z = 33
SUBNÍVEL
Ordem energética (ordem de preenchimento): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p3

Ordem geométrica é a ordenação crescente de níveis energéticos, ou seja, pelas camadas.

Ordem geométrica (ordem de camada): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d10 4s2 4p3

―Visualizando‖ a distribuição por ordem geométrica e usando as letras dos níveis (camadas),
teremos as camadas energéticas: K = 2; L = 8; M = 18; N = 5

A camada de valência (C.V.) do As é a camada N, pois é o último nível que contém electrões,
no caso um total de 5 electrões.

O subnível mais energético, último subnível usado na distribuição por ordem energético.
Pode estar incompleto ou não. No caso é o 4p3 que contém electrões um total de 3 electrões.
8.2.1. DISTRIBUIÇÃO ELETRÓNICA POR
SUBNÍVEL
Distribuição Eletrónica em iões

 Átomo neutro (estado fundamental) : nº de protões = nº de electrões;

 Íão: nº de protões (p) ≠ nº de electrões;

 Íão positivo (catião): nº de p > nº de electrões, pois perdeu electrões;

 Íão negativo (anião): nº de p < nº de electrões, pois ganhou electrões.


8.2.1. DISTRIBUIÇÃO ELETRÓNICA POR
SUBNÍVEL
Distribuição Electrónica em Catião

Retirar os electrões mais externos, isto é, da última camada do átomo correspondente.

Exemplo: Ferro (Fe)

Ordem energética: Z = 26 → 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d6 (estado fundamental = neutro)

Ordem geométrica: Z = 26 → 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d6 4s2

4s2 é a última camada (C.V.)

Desta forma a distribuição para o catião ferro II ficará: (catião perde 2 electrões)

Fe2+ → 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d6 (estado iónico)


8.2.1. DISTRIBUIÇÃO ELETRÓNICA POR
SUBNÍVEL
Distribuição Electrónica em Anião

Exemplo: Oxigénio (O)

Ordem energética: Z = 8 → 1s2 2s2 2p4 (estado fundamental = neutro)

Desta forma a distribuição para o anião bivalente oxigénio, que recebe 2


electrões ficará:

O2- → 1s2 2s2 2p6


8.3. Exercícios
1. Faça distribuição eletronica por subníveis nas ordens energética e geométrica para
cada um dos itens abaixo relacionados.
a) 38Sr b) 74W c) 51Sb d) 85At
2. Dê a distribuição eletrônica por subníveis de energia para os íons.
a) Sr2+ b) W+ c) Sb3- d) At1-
3. Indique o número total de electrões da C.V. para átomos no estado fundamental e de
seus respectivos iões.

4. Indique o número total de electrões do subnível mais energético para átomo


no estado fundamental e de seus respectivos iões.

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