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Equilíbrio químico em meio aquoso

Disciplina: Química geral


MEng. Abelardo G. Banze Curso: Licenciatura em Ensino de Quimica
Ano Lectivo: 2022
1. Conceitos de ácidos e bases
Arrhenius:
ácidos: libertam apenas H+
(H3O+) como catião
bases (ÁLCALIS): libertam
apenas OH- como anião;
ácido + base  sal + água
problema: definição limitada
exclusivamente às soluções
aquosas.
1. Conceitos de ácidos e bases
Brønsted-Lowry:
• ácidos: doadores de H+;
• bases: recebedores H+ (não precisam ter
OH-);
Substâncias Anfóteras: podem ter
comportamento ácido ou básico,
dependendo da situação.
Pares conjugados (ácido-base):

HA(aq) + H2O(ℓ) ⇄ H3O+(aq) + A(aq)


ácido + base ⇄ ácido + base
Ácido: Toda substância que doa um protão;
HCl(g) + H2O(l) H3O+(aq) + Cl- (aq)

HF(g) + H2O(l) H3O+(aq) + F- (aq) CARÁTER


Bronsted-Lowry ANFÓTERO DA
(1923): Base: Toda substância que recebe um protão; ÁGUA.
NH3(g) + H2O(l) NH4+(aq) + OH- (aq)
CH3NH2(aq) + H2O(l) CH3NH3 +(aq) + OH-(aq)

HCl(aq) + NH3(aq) NH4+(aq) + Cl-(aq)

- Formação de um par Ácido - Base Conjugada. SEMPRE QUE O ÁCIDO FOR FORTE A BASE CONJUGADA
É FRACA; ÁCIDO FRACO BASE CONJUGADA FORTE.

CH3COOH(aq) + H2O(l) CH3COO-(aq) + H3O+(aq)


1. Conceitos de ácidos e bases
Lewis:
• ácidos: receptores de par de
electrões;
• bases: doadores de par de
electrões;
ácido + base  sal + água
• obs.: ácidos e bases de Lewis não precisam conter
protões (definição mais geral que as de Arrhenius
e Brønsted-Lowry).
2. EQUILÍBRIO IÓNICO

O equilíbrio
O que você deve iónico
saber sobreé um caso isolado de equilíbrio químico,
em que o sistema em estudo é uma solução aquosa
contendo iões em contacto com moléculas ou compostos
iónicos pouco solúveis. Dependendo da quantidade de iões
livres que a solução apresentar, ela pode ser classificada
como electrólito forte ou fraco. Existem vários tipos de
equilíbrios iónicos produzidos pela dissolução de
electrólitos fracos em água, e cada um desses equilíbrios
recebe um nome específico.
2.1. Constante de ionização dos ácidos e das
bases (Ka e Kb)
+ –
+

+ –

+ –
+

+ –
2.1. Constante de ionização dos ácidos e das
bases (Ka e Kb)
Quanto maior o valor da constante, maior a força do ácido ou da base.
2.2. Lei da diluição de Ostwald
No final do século XIX, Friedrich Wilhelm Ostwald, químico
de origem russo-germânica, deduziu pela primeira vez uma
expressão matemática relacionando a constante de
ionização, a concentração em mol/L e o grau de ionização
para monoácidos e monobases.

Grau de Ionização (α) – Capacidade que o ácido, ou a base,


apresenta de se dissociar em água. Quanto maior esta
capacidade mais forte é considerado o ácido ou a base.
2.2. Lei da diluição de Ostwald

α= número de moles ionizadas


número de moles iniciais

Ácidos fracos: 0< a < 5%

Ácidos moderados: 5%  a 50%

Ácidos fortes : 50% < a < 100%


2.2. Lei da diluição de Ostwald

Para eletrólitos fracos (em solução aquosa, pequena


quantidade de iões livres), a constante de ionização é
calculada por:

Ki = constante de
ionização
Ki = M  α 2

M = concentração α = grau de
molar (mol/L) ionização
2.2. Lei da diluição de Ostwald
Exemplo:
O ácido acetilsalicílico, mais conhecido como aspirina, é
um ácido orgânico fraco, cuja fórmula será representada
por HAsp. Uma solução aquosa é preparada dissolvendo-
se 0,1 mol de HAsp por litro. A concentração de H+ nessa
solução é 0,004 M. Calcule o Ka da aspirina.
2.3. PRODUTO IÓNICO DA ÁGUA
• um caso muito particular de equilíbrio químico é o equilíbrio iónico
da água;
• a água sofre autoionização, mas, como é um eletrólito muito fraco,
estabelece o equilíbrio abaixo:
2 H2O(ℓ) ⇄ H3O+(aq) + OH-(aq)
ou simplesmente:
H2O(ℓ) ⇄ H+(aq) + OH-(aq)

H20 (l) H+ (aq) OH- (aq)


2.3. PRODUTO IÓNICO DA ÁGUA
• Tipos de soluções (a 25°C)
a) Água pura (solução neutra):

[H+] = [OH-] = 10-7 mol/L


b) Solução ácida:

[H+] > 10-7 mol/L


[OH-] < 10-7 mol/L
c) Solução básica (alcalina):

[H+] < 10-7 mol/L


[OH-] > 10-7 mol/L
2.4.Escala de pH Alguns valores comuns de pH
Substância pH
• Sabemos que, em água pura, estabelece-se o equilíbrio
abaixo: Ácido de bateria <1.0
Suco gástrico 2.0
H2O(ℓ) + H2O(ℓ) ⇄ H3O+(aq) + OH-(aq) Suco de limão 2.4
• Na maioria das soluções aquosas, temos: Cola (refrigerante) 2.5

0 < [H+] < 1 mol/L Vinagre


Suco de laranja ou maçã
2.9
3.5
• A escala de pH foi definida de modo a expressar essas Cerveja 4.5
concentrações:
Café 5.0
pH = -log[H3O+]= -log[H+] Chá 5.5
pOH = -log[OH-] Chuva ácida <5.6

– Água neutra (25°C) pH = pOH = 7,0 Saliva de pacientes com cancro 4.5-5.7
Leite 6.5
– Sol. ácidas, [H+] > 1,0 x 10-7  pH < 7,0 Água pura 7.0

– Sol. básicas, [H+] < 1,0 x 10-7  pH > 7,0 Saliva humana 6.5-7.4
Sangue 7.34-7.45
• Em água (a 25°C), temos: Água do mar 8.0

pH + pOH = 14 Sabonete de mão


Amônia caseira
9.0-10.0
11.5
Cloro 12.5
Hidróxido de Sódio caseiro 13.5
2.4.Escala de pH
Como medir o pH de soluções aquosas?
• O método mais preciso (exato) é usar um medidor de pH (potenciômetro ou
pHmetro);
• Entretanto, para processos em que não seja adequado usar o medidor de pH
(uma reacção com reagentes tóxicos, por exemplo) ou por simplicidade, são
usados frequentemente alguns corantes que mudam de cor em diferentes
faixas de pH (indicadores), que são menos precisos (menos exatos) que os
medidores de pH.
Indicadores de pH
• A primeira teoria sobre
indicadores de pH foi elaborada
por Wilhelm Ostwald (em 1894),
tendo como base a teoria da
dissociação eletrolítica iónica dos
indicadores.
• W. Ostwald é considerado o pai
da físico-química. Recebeu o
Nobel de Química de 1909 por
seu trabalho sobre catálise.
• Ele também desenvolveu um
processo de fabrico de ácido
nítrico por oxidação do amoníaco:
– 4 NH3 + 5 O2 → 4 NO + 6 H2O
– 2 NO + O2 → 2 NO2
– 3 NO2 + H2O → 2 HNO3(aq) + NO
Indicadores de pH
• Para Ostwald, em sua “teoria
Indicador
Intervalo de Viragem
em unidades de pH
Mudança de cor de
ácido para base
iónica dos indicadores”, os
Vermelho para
indicadores são bases ou ácidos
Alaranjado de metila 3,1 a 4,6
amarelo alaranjado fracos cuja cor das moléculas não
Verde de
bromocresol
3,8 a 5,4 Amarelo para azul dissociadas difere da cor dos
respectivos iões;
Vermelho para
Vermelho de metila 4,2 a 6,3
amarelo
• São substâncias químicas que
Azul de bromotimol 6,0 a 7,6 Amarelo para azul fornecem indicação visual
Vermelho de fenol 6,6 a 8,6
Amarelo para
vermelho
dependendo da acidez (pH) do
Incolor para
meio;
Fenolftaleína 8,0 a 9,8
vermelho
• São usados actualmente tanto em
Timilftaleína 9,8 a 10,6 Incolor para azul
solução aquosa quanto em outras
situacoes (papel indicador, por
exemplo).
Como os indicadores mudam de cor?
fenolftaleína

HO OH -O O O O OH
O

Br Br
C Br Br H+
O
OH-
C C OH
SO³ SO³

O O

Forma ácida Forma alcalina


incolor Vermelho - violácea

• Os indicadores de pH são, portanto, bases ou ácidos orgânicos fracos que


possuem formas com cores diferentes dependendo do pH do meio;
• A coloração se dá graças a um rearranjo molecular causado pela variação do pH
do meio, o que proporciona o surgimento ou desaparecimento dos grupos
cromóforos (responsáveis pela cor).
Ácidos fortes
• os ácidos fortes mais comuns são • em solução, o ácido forte é
HCl, HBr, HI, HNO3, HClO3, HClO4 geralmente a única fonte de H+.
e H2SO4; (Obs.: se a concentração do ácido for
menor que 10-6 mol/L, a
• os ácidos fortes sofrem ionização autoionização da água precisa ser
em solução aquosa: considerada);

HNO3(aq) +H2O(ℓ)  H3O+(aq) + NO3-(aq) • assim, o pH da solução é dado


pela concentração (em mol/L)
HNO3(aq)  H+(aq) + NO3-(aq) inicial do ácido.
[HNO3]= [H+] = 10-5mol/L  pH=5,0
Bases fortes
• a maioria dos hidróxidos iónicos
são bases fortes: NaOH, KOH e
Ca(OH)2; • para um hidróxido ser uma base,
• as bases fortes sofrem ele deve ser solúvel;
dissociação em solução aquosa; • as bases não precisam conter
necessariamente OH-:
• o pOH (e, consequentemente, o O2-(aq) + H2O(ℓ)  2 OH-(aq)
pH) de uma base forte é dado
pela concentração (molaridade) H-(aq) + H2O(ℓ)  H2(g) + OH-(aq)
inicial da base; N3-(aq) + 3 H2O(ℓ)  NH3(aq) + 3 OH-(aq)
(Obs.: Cuidado com a estequiometria)
Cálculo do pH para ácidos fracos
A partir de a (grau de ionização):
• a relaciona [H+]eq com [HA]0;
• quanto maior a, mais forte será o ácido;
• a para um ácido fraco diminui à medida que a
molaridade da solução aumenta;
– para o ácido acético, por exemplo, o grau de ionização é
bem menor que para uma solução de HCl.
2.5. HIDRÓLISE SALINA
Soluções ácidas ou básicas podem ser obtidas pela dissolução
de sais em água.
Nesses sistemas, os sais estão dissociados em catiões e aniões,
que podem interagir com a água por meio de um processo
denominado hidrólise salina, produzindo soluções com
diferentes valores de pH.
2.5.1 Constante de hidrólise
Equilíbrio que se estabelece entre o ião e moléculas de água, dando origem a um
ácido ou a uma base fracos.
ACIDEZ E BASICIDADE DAS SOLUÇÕES AQUOSAS DOS SAIS
1. Hidrólise salina de ácido forte e base fraca

Ao prepararmos uma solução aquosa de NH4NO3, verificamos


que seu pH é menor que 7. Esse facto pode ser explicado pela
análise da hidrólise do sal.

A presença do ião H+ justifica a acidez da solução (pH < 7).


Note que a hidrólise foi do catião, ou seja, do ião proveniente da base fraca.
ACIDEZ E BASICIDADE DAS SOLUÇÕES AQUOSAS DOS SAIS
2. Hidrólise salina de ácido fraco e base forte

Ao prepararmos uma solução aquosa de KCN, verificamos que


seu pH é maior que 7.
Vejamos, pela análise da hidrólise do sal, o que ocorreu nesta
preparação:

A presença do ião OH– justifica a basicidade da solução (pH > 7).


Note que a hidrólise foi do anião, ou seja, do íon proveniente do ácido fraco.
ACIDEZ E BASICIDADE DAS SOLUÇÕES AQUOSAS DOS SAIS
3. Hidrólise salina de ácido fraco e base fraca

Ao prepararmos uma solução aquosa de NH4CN, verificamos


que esta é ligeiramente básica. Esse facto também pode ser
explicado pela análise da hidrólise do sal.

No entanto, ao compararmos as constantes de ionização do ácido (Ka) e da base


(Kb), temos:
HCN: Ka = 4,9 · 10–10 NH4OH: Kb = 1,8 · 10–5
ACIDEZ E BASICIDADE DAS SOLUÇÕES AQUOSAS DOS SAIS
3. Hidrólise salina de ácido fraco e base fraca

Como o Kb é maior que o Ka, a base está mais ionizada que o


ácido; por isso, a solução é ligeiramente básica.
Assim, soluções aquosas desse tipo de sal originam soluções
ligeiramente ácidas ou básicas, dependendo do Ka e do Kb:
ACIDEZ E BASICIDADE DAS SOLUÇÕES AQUOSAS DOS SAIS
4. Hidrólise salina de ácido forte e base forte

Ao prepararmos uma solução aquosa de NaCl, verificamos que


seu pH é igual a 7.
Vejamos, pela análise da hidrólise do sal, o que ocorreu na
preparação:

Note que, nesse caso, não ocorreu hidrólise, pois tanto o catião como o anião são
provenientes de base e ácido fortes. A solução final é neutra (pH = 7)
Exercício

Para o cultivo de azaléias, o pH ideal é entre 4,0 e 5,0. A análise


do solo de um jardim mostrou que o mesmo apresenta um pH
igual a 6,0. O composto ideal para adequar o solo ao plantio das
azaléias é:
a) Al2(SO4)3. b) CaCO3. c) CaO. d) NH3. e) NaOH.
Exercício
1. O estômago produz suco gástrico a) 2
constituído de ácido clorídrico,
b)4 [H+] = 1,0 x 10-2 mol/L
muco, enzimas e sais. O valor de
pH no interior do estômago c) 5 pH = -log(1,0 x 10-2)
deriva, principalmente, do ácido
clorídrico presente. Sendo o
d)7 pH = 2,0
ácido clorídrico um ácido forte, a e) 9
sua ionização é total em meio
aquoso, e a concentração de H+
em quantidade de matéria nesse
meio será a mesma do ácido de
origem. Assim, uma solução
aquosa de ácido clorídrico em
concentração 0,01 mol L-1 terá
pH igual a:
Exercício
3. Uma área agrícola foi [OH-] = 8.10-5 mol/L
adubada com amónia, pOH = -log (8.10-5) = 5 – 0,9 = 4,1
nitrato e fosfato de amónio.
pH + pOH = 14
Na amostra das águas
pH = 14 – 4,1
residuais da irrigação dessa pH = 9,9
área, verifica-se que a
concentração de iões OH- é
igual a 8.10-5 mol/L. Qual o
pH da amostra?
CONSTANTE DO PRODUTO
DE SOLUBILIDADE (Ks)
Muitos processos naturais dependem da precipitação
e da dissolução de sais pouco solúveis. Os rins, por exemplo,
excretam continuamente substâncias pouco solúveis, tais
como fosfato de cálcio e oxalato de cálcio. Quando a urina
torna-se saturada por essas substâncias, elas se cristalizam,
originando os cálculos renais. O tempo médio para a formação
de um cálculo renal é de dois a três anos.
CONSTANTE DO PRODUTO
DE SOLUBILIDADE (Ks)
• Devido à sua capacidade de • Em termos de concentração em
dissolver um grande número de quantidade de matéria, uma
substâncias, a água é considerada
um “solvente universal”. substância será considerada:
• Então, com relação a um dado – Insolúvel:
solvente, as substâncias podem ser S < 0,01 mol/L
classificadas como: insolúveis,
parcialmente solúveis ou solúveis. – Moderadamente solúvel:
0,01 < S < 0,1 mol/L
– Solúvel:
S > 0,1 mol/L
• A solubilidade em água é mais
comumente apresentada em termos
de massa de soluto por 100 g de
água (relação massa/massa).
CONSTANTE DO PRODUTO
DE SOLUBILIDADE (Ks)

Substância Solubilidade (mol/L) (20°C) Solubilidade (g/100g de H2O)


(20°C)
FeCl2 5,05 64
NaCl 6,15 36
CaSO4 0,047 0,2
AgCl 0,0000976 0,0014
Curva de solubilidade
• Na figura ao lado estão as curvas
de solubilidade do nitrato de
potássio (KNO3), do cromato de
potássio (K2CrO4), do cloreto de
sódio (NaCl) e do sulfato de cério
(Ce2(SO4)3).
• A primeira diferença que
observamos é que três são
ascendentes e uma é
descendente.
• Curvas ascendentes representam
as substâncias cuja dissolução é
endotérmica. Já as descendentes
representam as substâncias cuja
dissolução é exotérmica.
Curva de solubilidade
• Em alguns casos, as curvas podem
apresentar inflexões, que representam
as substâncias que sofrem
modificações em sua estrutura com a
variação da temperatura.
• O sulfato de sódio (Na2SO4), ao lado,
até a temperatura de 32,4°C apresenta
em sua estrutura dez moléculas de
água (Na2SO4.10H2O).
• Em temperatura acima de 32,4°C, o
sulfato de sódio perde sua "água de
cristalização“, e a curva de solubilidade
sofre uma inflexão, indicando um
comportamento diferente, em termos
de solubilidade, em função da
temperatura.
Curva de solubilidade
• Vamos observar agora a curva de
dissolução do KNO3 separadamente.
• Podemos destacar três regiões
distintas no gráfico:
– A região abaixo da curva corresponde
às soluções insaturadas.
– Nos pontos da curva, a solução está
saturada.
– A região acima da curva corresponde
às soluções supersaturadas.
• Abaixo da curva, ainda é possível
dissolver mais soluto.
• Acima da curva, a quantidade máxima
de soluto que, a princípio, poderia ser
dissolvida na temperatura dada, foi
ultrapassada, e a solução está
supersaturada.
Regras gerais de solubilidade para sais

Tipo Compostos solúveis Excepção


Metais alcalinos
Solúvel ---
(Grupo IA)
NH4+, NO3-, ClO4-, ClO3- e
Solúvel ---
CH3COO-
Solúvel Cl-, Br- e I- Ag+, Pb2+ e Hg22+
2- Pb2+, Ca2+, Sr2+, Hg22+ e
Solúvel SO4
Ba2+
Metais alcalinos,
Insolúvel OH-
Ca2+, Sr2+ e Ba2+
Grupo IA
Insolúvel PO43-, CO32-, SO32- e S2-
NH4+
Equilíbrio de sais pouco solúveis
• Consideremos uma solução
saturada de cloreto de prata
(AgCl).
• Se continuarmos a adicionar AgCl a
uma solução saturada, ocorrerá
formação de precipitado, e
passamos a ter uma solução
heterogênea com uma fase líquida
e uma fase sólida. • O momento em que a velocidade
• Nestas condições, ocorre um de dissolução iguala-se à
equilíbrio entre estas duas fases velocidade de precipitação,
representado por: corresponde ao instante em que
se estabelece o equilíbrio de
AgCl(s) ⇄ Ag+(aq) + Cl-(aq) solubilidade do sal em estudo.
Equilíbrio de sais pouco solúveis
• Constante do Produto de
Solubilidade (Kps) é a constante
de equilíbrio de uma solução de
um eletrólito pouco solúvel.
• A relação entre a solubilidade e
Kps de um sal depende da
estequiometria do mesmo.
• Vejamos, por exemplo, para o
• Assim sendo, podemos calcular a PbF2:
constante de equilíbrio para esse PbF2(s) ⇄ Pb2+(aq) + 2 F-(aq)
sistema:
Kps = [Pb2+] x [F-]2
Kps = [Ag+] x [Cl-] = S x S = S2
Kps = S x (2S)2 = 4S3
Equilíbrio de compostos pouco solúveis
• Quanto menos solúveis são os
Tipo de
sais, menores serão os valores de Situação
solução
O que pode ocorrer?
Kps.
Consegue-se
• Para verificar se um dado sistema Q < Kps Insaturada
dissolver mais soluto
atingiu o equilíbrio de Equilíbrio de
solubilidade, recorremos ao Q = Kps Saturada
solubilidade
produto iônico (Q).
O sal precipitará até
• Para se iniciar a precipitação de Q > Kps supersaturada que se atinja o valor
um composto é necessário que se de Kps
atinja a saturação (Q = Kps).
• Para reconhecer a precipitação,
devem-se calcular as
concentrações dos iões presentes
e, a partir destas, o valor de Q.
• Se Q > Kps, ocorre a formação de
precipitado.
Alguns valores de Kps a 25°C
Exercícios
1. Calcular a solubilidade do
AgCl em água destilada.
Kps (AgCl) = 1,7 x 10-10

Solubilidade = S = [Ag+] = [Cl-]


[Ag+] x [Cl-] = 1,7 x 10-10
[Ag+]2 = S2 = 1,7 x 10-10
S = 1,3 x 10-5 mol/L
Exercícios
2. A solubilidade (S) do Ag3PO4 é 4,8
x 10-6 mol/L. Calcular seu Kps.
Ag3PO4 ⇄ 3Ag+ + PO43-
[Ag+] = 3 x 4,8 x 10-6
[Ag+] = 1,44 x 10-5 mol/L
[PO43-] = 4,8 x 10-6 mol/L

Kps = [Ag+]3 x [PO43-]


Kps = (1,44 x 10-5)3 x (4,8 x 10-6)
Kps (Ag3PO4) = 1,4 x 10-20
Exercícios
3. O produto de solubilidade
do CaF2 é 4,0 x 10-11.
Calcule sua solubilidade (S).
CaF2 ⇄ Ca2+ + 2F-
S 2S

Kps = [Ca2+]x[F-]2
Kps = S x (2S)2
Kps = 4S3
S = (4,0 x 10-11/4)1/3
S = 2,2 x 10-4 mol/L
Factores que influenciam a solubilidade
• A solubilidade de uma dada
substância num solvente pode ser
afectada por determinados
factores, dentre os quais
destacam-se:
– Temperatura;
– iao comum;
– pH da solução;
– Equilíbrios de complexação.
Efeito do ião comum
• Tomemos como exemplo a • Assim, quando se adiciona sulfato
dissociação do sulfato de de sódio (Na2SO4) a uma solução
alumínio: saturada de sulfato de alumínio
(Al2(SO4)3), aumentando assim a
Al2(SO4)3(s) ⇄ 2 Al3+(aq) + 3 SO42-(aq) concentração do ião SO42-, uma
parte do sulfato de alumínio em
• Se aumentarmos a concentração solução precipitará.
de um dos iões (sulfato, por
exemplo), o equilíbrio se
deslocará no sentido oposto
(Princípio de Le Chatelier).
• Este efeito é denominado efeito
do iao comum.
Influência do pH
• Num equilíbrio de dissolução em
que entrem iões OH-, tal como o
equilíbrio de dissolução do
hidróxido de cálcio, por exemplo,
o pH da solução afectará a
solubilidade do sólido.
Ca(OH)2(s) ⇄ Ca2+(aq) + 2 OH-(aq)
• Ao aumentar a concentração de
ioes OH- (aumentando o pH) na • Por outro lado, ao aumentar a
solução, o equilíbrio desloca-se concentração de ião H+
no sentido da formação de (diminuindo o pH) vamos reduzir
Ca(OH)2 sólido, reduzindo, então, a concentração, a solubilidade
a sua solubilidade. aumentará.
Influência dos equilíbrios de complexação

Zn(OH)2(s) ⇄ Zn2+(aq) + 2 OH-(aq) + 2 OH-(aq) ⇄ [Zn(OH)4]2-(aq)


Exercício

4. Determine a solubilidade do Para um pH = 13, temos:


hidróxido de cálcio, Ca(OH)2, em pOH = - log[OH-] = 14 - pH = 1
água pura e em um meio [OH-] = 0,1 mol/L
tampão cujo pH é 13.
Kps (Ca(OH)2) = 8 x 10-6 Com o valor do Kps, pode-se
calcular a concentração de Ca2+:
Kps = [Ca2+].[OH-]2 = 8 x 10-6
O equilíbrio de dissociação é:
[Ca2+] = S = 8 x 10-6/(0,1)2
Ca(OH)2(s) → Ca2+(aq) + 2 OH-(aq)
S = 8 x 10-4 mol/L (pH 13)
Para água pura, temos:
Confirmando que quanto maior o
[Ca2+].[OH-]2 = S x 2S2 = 4S3 = 8 x 10-6 pH menor a solubilidade, uma vez
S = (8 x 10-6/4)1/3 que o equilíbrio é deslocado para
S = 1,26 x 10-2 mol/L (água pura) a esquerda (formação do sólido).
Exercício
5. Foram misturadas soluções aquosas de Produto de
Composto cor
KCl, Na2SO4 e AgNO3, ocorrendo a solubilidade
formação de um precipitado branco no Cloreto de prata
fundo de um béquer. 1,6 x 10-10 Branca
(AgCl)
A análise da solução sobrenadante
Sulfato de prata
revelou as seguintes concentrações: 1,4 x 10-5 Branca
(Ag2SO4)
[Ag+] = 1,0 x 10-3M;
[SO4-2] = 1,0 x 10-1M e
[Cl-] = 1,6 x 10-7M. Ag2SO4  2 Ag+ + SO42-
[Ag+]2.[SO42-] = (1,0 x 10-3)2 . (1,0 x 10-1)
De que é constituído o sólido formado?
Justifique com cálculos. [Ag+]2.[SO42-] = 1,0 x 10-7 < Kps (Ag2SO4)

AgCl  Ag+ + Cl- Para o sulfato de prata (Ag2SO4), o Kps


não é alcançado (1,4x10-5), indicando
[Ag+].[Cl-] = (1,0 x 10-3) . (1,6 x 10-7) que a presença de íons Ag+ e Cl- é a
[Ag+].[Cl-] = 1,6 x 10-10 = Kps (AgCl) máxima possível na solução. Então o
precipitado formado é de cloreto de
prata (AgCl).

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