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Descargas elétricas: O N2 atmosférico pode combinar-se com o oxigênio e formar NO 3- mediante energia
gerada pelas descargas elétricas durante tempestades. Além disso, na atmosfera podem ocorrer outras
formas combinadas de N, como amônia e formas orgânicas em resíduos finamente subdivididos. As chuvas
carrearam para o solo o NH3, o NO3- e outras formas existentes na atmosfera, principalmente em áreas
industriais. O NH4+ e o NO3- podem ser prontamente absorvidos pelas plantas. Muitas vezes a proximidade
de um parque industrial pode proporcionar maior concentração de gases, ou mesmo de particulados, que
apresentam o nitrogênio em sua composição.
Fixação Industrial: Apesar de, quantitativamente, a fixação industrial do N ser muito menor do que a fixação
natural, sob o ponto de vista agrícola ela é de grande importância devido a necessidade do uso de
fertilizantes nitrogenados para atender a necessidade do N pelas culturas. Existem três processos básicas
pelos quais o N atmosférico é fixado industrialmente: oxidação direta, pelo processo de cianamida e pelo
processo Claude - Harber.
Síntese de Amônia
Para a produção de amônia três componentes são necessários: gás natural (metano - CH 4), vapor e
ar. O método atual de produção de amônia é uma combinação dos métodos de Harber e Claude, daí a
denominação Claude-Harber. Por este processo, o N reage com o H na presença de catalizadores (ósmio
ou ferro) sob alta temperatura (400 - 500ºC) e pressão (200 - 1000 atmosferas).
O processo que vem sendo utilizado atualmente pela Fábricas de Adubos e Fertilizantes
Nitrogenados - FAFEN (antiga NITROFERTIL, pertencente ao grupo PETROBRAS) apresenta pequenas
variações do processo anterior, mas basicamente o princípio é o mesmo, ou seja, parte da reação de gás
natural (basicamente o metano - CH4) com a água.
Os produtos dessa reação recebem a injeção de ar quente (N2 + O2) sob pressão (1000 ºC e 27 atm)
para formar a amônia.
A amônia pode ser usada para produzir vários fertilizantes nitrogenados, notadamente a ureia,
sulfato de amônia, monoamônio fosfato (MAP) e diamônio fosfato (DAP), bem como para a formulação de
rações para animais.
Mineralização
A mineralização de compostos orgânicos nitrogenados ocorre por meio das reações sucessivas de
aminação e amonificação, que são processadas por microrganismos heterotróficos que utilizam o substrato
orgânico como fonte de energia.
Aminação: por meio da ação de peptidases extracelualares microrganismos heterotróficos do solo
promovem a quebra de proteínas liberando pepítidios e aminoácidos. Tal processo é realizado por
numerosos grupos de bactérias e fungos, como alaternativa para obtenção de energia.
Nesta etapa conclui-se o processo de mineralização. Parte da NH 3 produzida será assimilado pelos
microrganismos, isto é, sofrerá aminação e constituirá uma nova proteína. Isto se dá por meio da aminação
com ácido α-cetoglutárico ou fumarato do ciclo dos ácidos tricarboxílico formando ácido aspártico e
glutâmico, que serão empregados na síntese dos aminoácidos e proteínas das novas células. A porção do
NH3 que não é assimialada é excretada para o meio externo, onde em contato coma solução do solo
converte-se no íon amônio.
A molécula de ureia, que está presente nos resíduos animais, e excreções vegetais e microbianas,
contém o N forma orgânica (amídica). A mineralização desta forma orgânica do N se dá pela hidrólise da
ureia que é catalizada pela enzima urease, produzindo NH4+. O NH4+ formado pode ser: convertido para NO2-
e NO3- por meio da nitrificação; ser absorvido pelas plantas; adsorvido por forças eletrostáticas da fração
argila tomando parte do complexo sortivo do solo; fixado por minerais de argilas do tipo 2:1; ou imobilizado
por microrganismos heterotróficos na mineralização dos substratos orgânicos.
Nitrificação: corresponde a oxidação biológica do amônio, sendo realizada por diversos grupos de bactérias
quimiautotróficas. São bactérias da família Nitrobacterizaceae, também denominadas de bactérias
oxidadntes do N. Trata-se de um processo em duas etapas. Na primeira, denominada de nitritação, o NH 4+ é
convertido para NO2- por bactérias, por exemplo, do genero Nitrosomonas. Na segunda, denominada de
nitritação, o NO2- é oxidado para NO3- por bactérias do gênero Nitrobacter.
A nitritação produz 65 kcal por mol de NH 4+ oxidado e a nitritação 17,8 kcal por mol de NO 2- oxidado,
energia esta que é utilizada nos processos vitais dos microrganismos. Três aspectos devem ser ressaltados
sobre a nitrificação:
1) Por se tratar de um processo oxidativo requer oxigênio molecular, sendo, por tanto, mais intensa
em solos bem aerados;
2) A reação libera 4 mol de H+ cada molécula de NH4+ oxidado, sendo portanto, um processo
acidificante do solo;
3) O NH4+, que por sua interação com a CTC do solo é convertido em uma forma menos adsorvida
pelo solo, e por isso, maior mobilidade no solo.
Além de micorganismos quimiautotróficos, alguns quimiorganotróficos (heterotróficos) são capazes
de produzir NO3-, denominando-se assim nitrificação heterotrófica. São eles bactérias dos gêneros:
Pseudomonas, Bacillus, Corynebacterium e Achromobacter e os fungos Aspergillus flavus, assim como
espécies de Penicillium e Cephalosporium. Os heterotróficos além de produzir nitrato a partir do NH 4+, o
fazem a partir de substrato orgânico, o que ocorre em especial com fungos por meio da oxidação de aminas
ou amidas para hidroxilamina.
Entre os fatores que afetam a nitrificação destacam-se:
1) Condições ambientais: em termos de temperatura e umidade e aeração do solo. A nitrificação é
favorecida por temperatura entre 25-35ºC. A umidade do solo tem que ser suficiente para atender a
necessiade dos microrganismos, mas não comprometer a aeração do solo. Por se tratar de um processo
oxidativo ela é favorecida por uma adequada pressão de O 2. A umidade na condição da capacidade de
campo, portanto, é mais favorável à nitrificação.
2) Suprimento de NH4+ que é o substrato: intensa mineralização ou a aplicação de NH4+ na forma de
fertilizantes químicos são favoráveis a maior nitrificação;
3) Reação do solo: embora a nitrificação ocorra geralmente entre pH 5,5 a 10,0 a condição ótima
está em torno de pH 8,5. No entanto, verifica-se nitrificação em pH 3,8 a 4,5;
4) Adequado suprimento de Ca, P e um balanço adequado de Fe, Cu, Mn e outros nutrientes;
5) População de organismos nitrificantes: sob mesmas condições ambientais, a capacidade de
nitrificação dos solos pode ser diferente devido a uma variação na população.
Considerando que a atividade dos nitrificantes quimiautotróficos é comprometida em condições mais
ácidas, o processo de nitrificação por heterotróficos pode justificar a presença de teores de nitrato em solos
tropciais com elevada acidez.
Normalmente há correlação entre a concentração de NO 3- no solo, ao longo do ano, e a pluviosidade.
Durante o período seco, há baixa nitrificação, mas com o início das chuvas a concentração de NO 3- aumenta
no solo. Com a continuidade do período chuvoso, pode existir uma queda na concentração deste íon em
decorrência da sua lixiviação.
Balanço entre as formas orgânicas e inorgânicas do nitrogênio no solo
Este balanço depende do equilíbrio entre os fluxos de mineralização e imobilização. Sob o ponto de
vista da diponibilidade do N, o equilíbrio entre estes fluxos determina ou não a mineralização líquida do N.
A biomassa do solo, responsável pela mineralização dos substratos orgânicos (resíduos orgânicos e matéria
orgânica do solo), tem, em média uma relação C/N de 10:1. Com isto, têm-se a necessidade de uma
unidade de nitrogênio para cada 10 unidade de C asssimilado.
Assim, a relação C/N do substrato (resíduos orgânicos ou matéia orgânica do solo) é um dos fatores
que determinará se o fluxo líquido será de mineralização ou imobiliação de N. Relação igual ou menor que
20:1 condiciona, em termos gerais mineralização líquida de N. Por outro lado relação acima de 30:1 indica o
predomínio de imobilização e entre 20 e 30:1 predomina o equilíbrio entre imobilização e mineralização,
quando não haverá liberação de formas inorgânicas do N para o solo.
Além da relação C/N ser satisfatória, o N tem que estar em biologicamente disponível, o que nem
sempre ocorre. Quando a ligação entre o N no composto orgânico é muito estável os processos enzimáticos
dos microrganismos nem sempre são eficientes o suficiente para clivar esta ligação. Compostos fenólicos,
que são comuns nas plantas, por exemplo, podem complexar o N, mantendo-o em estado não biodisponível.
Os teores de polifenois, portanto, é um dos fatores, que junto com a relação C/N, determina a intensidade da
mineralização.
É também pela baixa biodisponibilidade que a mineralização líquida de N a partir da matéria orgânica
estabilizada (ácidos fúlvicos, ácidos humicos e huminas) é pequena. O teor nas frações humificadas é de 5-
5,5 % e o de C de 50-58 %, o que proporciona uma relação C/N entre 9 e 12. Embora seja favorável a bixa
biodisponibilidade do N limita a mineralização líquida de N. As ligações que o N estabelece nestes
compostos são extremamente estáveis, sendo, portanto, um fator importante para a formação desta matéria
orgânica estabilizada.
Outras relações também têm efeito sobre a mineralização das formas orgânicas do N, tais como
como lignina/N e (lignina + polifenois)/N. Tem se constatado estreita correlação com a taxa de mineralização
de N-orgânico. A relação C/N/S, que apresenta ampla variação entre os solos, ou de acordo com o manejo
do solo também afeta a decomposição da matéria orgânica e consequentemente a mineralização do N.
A taxa de decomposição do material orgânico será maior quando essas relações forem mais
estreitas. Na tabela abaixo pode ser observado o efeito da relação C/N na mineralização do N.
Incorporação de palha de milho isolada e em mistura com ureia na quantidade de N inorgânico no solo.
Após um mês de incubação, a aplicação isolada da palha (alta relação C/N) reduziu os teores de N
inorgânico no solo, ou seja, houve imobilização de N. Por outro lado, o suprimento adicional de ureia não
permitiu a ocorrência de imobilização e sim, provavelmente, o estímulo à mineralização. Com o passar do
tempo, a relação C/N se estreita, e os teores de N inorgânico aumentam, indicando aumento na
mineralização no solo incubado com apenas a palha de milho. A mineralização do N no solo sem palha
também foi relaivamente pequena.
A concentração total de N em resíduos orgânicos a serem adicionados ao solo é um fator a ser
considerado quanto à expectativa de imobilização ou de liberação de N. Concentrações de N entre 1,5 e 1,7
% são normalmente suficientes para minimizar a imobilização de N do solo.
Dada a importância desse processo para o ciclo geoquímico de N e sua dinâmica no sistema solo-
planta, os principais fatores que regulam a desnitrificação são comentados a seguir:
a) umidade e aeração do solo: a quantidade de água no solo regula sua disponibilidade de oxigênio
neste e, assim, a desnitrificação. A variação das taxas de desnitrificação no campo pode ser explicada pela
umidade, existindo forte relação entre o espaço poroso do solo, preenchido com água, e a desnitrificação,
como mostra a figura 7.18. A desnitrificação ocorre a partir de 60% de saturação do espaço poroso do solo
com água, acentuando-se a partir de 80%. A desnitrificação e a nitrificação na faixa de 60-90% ocorrem
devido à individualização de microssítios no solo. Assim, devido à existência de microssítios anaeróbios, a
desnitrificação pode ocorrer mesmo em solos aerados e vice-versa;
b) pH e temperatura: as bactérias desnitrificantes crescem melhor em pH 6 a 8. A desnitrificação é
lenta em pH menor que 5,0 e geralmente ausente em pH muito ácido, menor que 4,0. A temperatura do solo
afeta diretamente a desnitrificação. A temperatura afeta também O 2 solúvel e sua difusão na água. Em solos
com temperatura entre 15 e 20ºC, a relação temperatura e potencial de desnitrificação é mais linear que
exponencial, portanto, como acontece com a decomposição, esse processo também deverá ser acelerado
pelo aquecimento global. A temperatura mínima para que a desnitrificação ocorra é acima de 5ºC e, a
máxima, de 75ºC. Acima de 50ºC, pode haver decomposição química do nitrato, que se torna significativa
em regiões muito quentes;
c) teor de nitrato e de carbono: os principais desnitrificadores são os heterotróficos, com elevada
demanda por carbono, que atua de várias maneiras na desnitrificação. Esses utilizam NO 3- como aceptor
alternativo de elétrons, sendo mais limitante que o carbono para essas bactérias. Em geral, a taxa de
desnitrificação é tão influenciada pela quantidade de carbono disponível para o metabolismo quanto pelo
nível de NO3- no solo. Geralmente, existe alta correlação positiva entre o teor de carbono e o potencial de
desnitrificação do solo. Além de fornecer elétrons, a decomposição da matéria orgânica consome O2,
aumentando a necessidade de NO3- como aceptor de elétrons para o crescimento microbiano.
Volatilização: a volatilização de amônia a partir do amônio se deve a instabilidade deste cátion em condições
alcalinas. Assim, em solos com elevados valores de pH ou que sofreram uma calagem excessiva, a
existência de N-NH4+ ou sua aplicação como fertilizante resultará em considerável perda de N. A volatização
da amônia é influenciada por fatores do solo como pH, teor de carbonato de cálcio, CTC, concentração de
cátions trocáveis, textura, temperatura, umidade e espécies contendo amônia ou sais que formam amônia,
além de aspectos de manejo de adubação como taxa de aplicação de NH4+ e profundidade de
incorporação.
Adubos químicos
As fontes químicas de N apresentam maiores vantagens no que se referem à sua concentração,
transporte, manuseio e aplicação, em relação as fontes orgânicas. A maior parte delas são derivadas da
amônia (NH3).
Amônia anidra - NH3 - (82 % N) - tem que ser armazenada sob pressão na forma líquida. Sua
aplicação no campo exige o uso de tanque sob alta pressão e é injetada diretamente dentro do solo. As
chances de perda do gás NH3 são elevadas. Este composto é tóxico e retarda a nitrificação e tem ação
acidificante no solo. Seu uso é pouco difundido no Brasil, embora na região canavieira de São Paulo
algumas usinas já façam uso dessa fonte de N.
Nitrato de amônio - NH 4NO3 - (33 % N) - é produzido pela reação do ácido nítrico com amônia. Tem
metade do seu N na forma amoniacal e metade na forma nítrica, ou seja, formas prontamente disponíveis
para as plantas. Como desvantagens para seu uso tem-se o difícil manuseio e armazenagem, devido sua
elevada higroscopicidade; ao tomar contato com a umidade do ar ou qualquer fonte de carbono oxidável,
forma mistura explosiva.
Sulfato de amônio - (NH4)2SO4 - (20 % N) - pode ser obtido pela reação do NH 3 com H2SO4 ou pode-
se reagir NH3 com CO2 para formar (NH4)2CO3, que é posteriormente combinado com gesso, obtendo-se
CaCO3 + (NH4)2SO4. O sulfato de amônio é pouco higroscópico e também boa fonte de enxofre, com 24 %
do elemento. Sua reação no solo é ácida, sendo desaconselhável para solos que sofreram calagem, além
de apresentar maior custo por kg de N, devido ao baixo teor do elemento.
Ureia - CO (NH2)2 - (45 % N) - é produzida pela reação do NH 3 com CO2 sob pressão e temperatura
elevadas. Para seu uso eficiente, é necessário o conhecimento de suas propriedades e de seu
comportamento no solo. Após sua aplicação no solo, a ureia é atacada pela enzima urease e se hidroliza
para a forma instável de carbonato de amônio, o qual se decompõem em NH 3 e CO2, formando, por fim,
NH4+.
Sua hidrólise é rápida em condições favoráveis para o crescimento de plantas. Temperaturas
maiores que 37 ºC favorecem a atividade da urease. Com sua reação alcalina, pode desenvolver microsítios
em torno da partícula de grande alcalinidade (pH 8 - 9,0), podendo criar condições desfavoráveis para a
atividade da urease (acúmulo de NH3+ livre; pH > 7,0), e favorecendo a volatização da amônia.
Alguns aspectos agronômicos: ureia seria mais interessante para solos ácidos, sua aplicação junto
com a calagem pode aumentar a NH3 livre. Solos com maior CTC podem reter a amônia. Como o maior
problema, tem-se a alcalinização após sua hidrólise. Para melhorar sua eficiência, a incorporação é
recomendada ⇒ sua reação alcalina na superfície do solo permite a volatilização da amônia, sua
incorporação minimiza. A sua forma granular seria mais eficiente.
Mono - e diamônio fosfato - MAP e DAP (11-48-0 e 18-48-0) - são considerados mais como fontes de
P do que de N, mas sob certas condições podem ser utilizados com vantagem para suprimento deste último
elemento.
Nitrato de sódio - NaNO3 - (16 % N) - existe uma fonte natural deste fertilizante no Chile e, por isso, é
também conhecido como salitre do Chile. O produto químico é obtido pela reação do ácido nítrico com o
cloreto de sódio ou carbonato de sódio.
Nitrato de potássio - KNO3 - (13 % N e 44 % K2O) - pode ser obtido pela reação de cloreto de
potássio com ácido nítrico ou nitrato de sódio.