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Fixação biológica de

Nitrogênio
• A fixação biológica de nitrogênio (FBN) é considerada, após a
fotossíntese, o mais importante processo biológico do planeta. É
baseada no fato de que alguns microrganismos, conhecidos como
diazotróficos, são capazes de quebrar a ligação que une os dois
átomos de nitrogênio atmosférico (N2), transformando-o em amônia
(NH3), que é assimilável pelas plantas.
• Se a associação entre estes microrganismos e as plantas for eficiente,
o N fixado pode suprir as necessidades do vegetal, dispensando o uso
de fertilizantes nitrogenados e oferecendo, assim, vantagens
econômicas e ecológicas
• O exemplo mais conhecido consiste na simbiose de bactérias da ordem
Rhizobiales, denominadas rizóbios, com plantas da família Leguminosae a
qual pertencem a soja e o feijão.

Dentre os nutrientes minerais essenciais às plantas, o nitrogênio (N) é o mais


caro, o que consome mais energia para sua produção industrial e,
potencialmente, o mais poluente, sendo geralmente o mais limitante à
produção vegetal.
• O processo industrial que transforma o N2 atmosférico em NH3 demanda por
volta de seis barris de petróleo por tonelada de N fixado. Devemos encontrar
caminhos para reduzir a utilização de combustíveis fósseis, por razões não
apenas econômicas, mas também geo-políticas e ambientais. 
• Não podemos negar que a utilização dos fertilizantes nitrogenados industriais é
essencial para a produção de alimentos requisitada pela população humana nos
dias atuais, assim sendo, surge o desafio de otimizar o uso do nitrogênio para
sustentar a vida humana enquanto minimizamos os impactos negativos sobre a
saúde dos homens e do meio-ambiente.

Um dos problemas com a utilização dos fertilizantes nitrogenados industriais


reside na baixa eficiência de sua utilização pelas plantas quando aplicado ao solo,
raramente ultrapassando 50%. Isso significa que ao aplicarmos 100Kg de N, 50kg
podem ser perdidos por diferentes processos que ocorrem no solo. Em se
tratando da FBN, é esperado que o aporte de N não exceda as necessidades dos
agro-ecossistemas, ocorrendo poucas perdas e, portanto, não causando poluição.
• A lixiviação, que é lavagem no perfil do solo por percolação ou escorrimento
superficial da água de chuva ou irrigação, pode resultar no acúmulo de
formas nitrogenadas, particularmente nitrato (NO3-), nas águas de rios, lagos
e aquíferos subterrâneos, podendo atingir níveis tóxicos aos peixes e ao
homem. Diversas doenças como câncer e problemas respiratórios têm sido
associadas ao consumo de águas contaminadas com nitrato e representam
um problema preocupante em alguns países da Europa. Já a desnitrificação,
ou seja, redução do NO3 pela ação de microrganismos do solo, é responsável
pelas perdas decorrentes da transformação do N fertilizante para formas
gasosas, como NO e N2O, que contribuem para a degradação da camada de
ozônio e para o aquecimento global.
• Existem também evidências de que a FBN pode auxiliar no seqüestro
de carbono, tendo impacto positivo na mitigação do aquecimento
global. Em situações onde o balanço de N é positivo, a formação e a
manutenção da matéria orgânica são estimuladas, levando a
incorporação de carbono ao solo e diminuindo seu retorno para a
atmosfera. Estudos indicam que a fixação biológica de 90 milhões de
toneladas de N é equivalente ao seqüestro adicional de 770 a 990
milhões de toneladas de carbono por ano.
• Podemos concluir que é muito importante a busca por uma melhor eficiência de
uso dos fertilizantes nitrogenados industriais, evitando ao máximo suas perdas
por lixiviação e/ou transformações para formas gasosas, que contribuem para a
poluição de cursos e mananciais d’água, a degradação da camada de ozônio e o
aquecimento global. Nesse contexto, a exploração e a utilização da FBN em
sistemas agrícolas visando à substituição ou, ao menos, a complementação do N
fornecido por meio de fertilizantes industriais é uma estratégia interessante. O
investimento na pesquisa e difusão da FBN, através de estudos multidisciplinares
e integrados em áreas como microbiologia, ciência do solo, melhoramento de
plantas, manejo de culturas, etc., pode trazer um grande benefício para o
planeta, aumentando a produção de alimentos, reduzindo o uso de combustíveis
fósseis e a contaminação dos recursos hídricos e da atmosfera.

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