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INFORMAÇÕES

AGRONÔMICAS
Número 15
ISSN 2311-5904
Setembro 2022

EFICIÊNCIA DA ADUBAÇÃO NITROGENADA COMBINADA


À CALAGEM EM SISTEMAS COM SEMEADURA DIRETA
Ciro Antonio Rosolem1
Carlos Felipe dos Santos Cordeiro2

RESUMO 1. INTRODUÇÃO

O
O nitrogênio, em função das quantidades que são exigidas nitrogênio (N) é um dos nutrientes extraídos
pelas plantas e de seu papel fundamental no crescimento e meta- e exportados em maiores quantidades pelas
bolismo das plantas, assim como na qualidade do produto, tem culturas. O N utilizado pelas plantas é prove-
sido utilizado na maioria das regiões agrícolas do mundo, muitas niente da deposição atmosférica, da mineralização da matéria
vezes em quantidades até acima do que seria recomendado, o orgânica e da fixação biológica de nitrogênio (leguminosas),
que leva a perdas importantes e contaminação do ambiente, seja mas, em sistemas de produção agrícola, a principal fonte é
pela emissão de óxido nitroso, seja pela volatilização de amônia a adubação mineral. Na maioria das vezes a eficiência da
ou lixiviação de nitrato. Desta forma, é fundamental o melhor adubação nitrogenada é baixa. Por exemplo, há estimativas
entendimento do comportamento deste nutriente no ambiente de que somente 33% do N aplicado é recuperado nos grãos
agrícola, principalmente em sistemas de produção. Neste artigo colhidos (RAUN; JOHNSON, 1999). Desta forma, grande
são discutidos meios para diminuir as perdas de N dos sistemas quantidade de N fica disponível no solo, podendo ser perdido
agrícolas, melhorando a eficiência de uso do nutriente, bem como por erosão, volatilização de amônia, desnitrificação e emissão
o papel da correção da fertilidade e da acidez do solo e subsolo de óxido nitroso, e ainda lixiviação, contaminando o ambiente
na resposta e na utilização de N pelas culturas. (ROSOLEM et al., 2017).

Abreviações: Ca = cálcio; CTC = capacidade de troca de cátions; IBN = inibição biológica da nitrificação; K = potássio; Mg =
magnésio; N = nitrogênio; NH4+ = amônio; NO3- = nitrato; EUN = eficiência no uso de nitrogênio; SSD = sistema de semeadura direta;
SPD = sistema plantio direto.

1
Engenheiro Agrônomo, Dr., Faculdade de Ciências Agronômicas – UNESP, Botucatu, SP; e-mail: ciro.rosolem@unesp.br
2
Engenheiro Agrônomo, Me., Faculdade de Ciências Agronômicas – UNESP, Botucatu, SP; e-mail: cordeirocfs@gmail.com

NUTRIÇÃO DE PLANTAS CIÊNCIA E TECNOLOGIA (NPCT)


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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS PATROCINADORES

ISSN 2311-5904

Publicação trimestral gratuita da


NPCT – Nutrição de Plantas Ciência e Tecnologia
O jornal publica artigos técnico-científicos elaborados pela
comunidade científica nacional e internacional visando
o manejo responsável dos nutrientes das plantas.

COMISSÃO EDITORIAL
Editor
Luís Ignácio Prochnow
Editora Assistente
Silvia Regina Stipp
Gerente de Distribuição
Evandro Luis Lavorenti

PATROCÍNIO
Os interessados em patrocinar o Jornal Informações Agronômicas podem
entrar em contato com: ELavorenti@npct.com.br ou LProchnow@npct.com.br

No 15 SETEMBRO/2022

CONTEÚDO
Eficiência da adubação nitrogenada combinada à calagem
em sistemas com semeadura direta
Ciro Antonio Rosolem, Carlos Felipe dos Santos Cordeiro ...................... 1
Tecnologia de inibição de urease em fertilizante nitrogenado
e seu efeito na produtividade do milho segunda safra no
Cerrado brasileiro
Danilo Ramos Sério et al. ...................................................................... 14
Microrganismos benéficos e compostos microbianos na
agricultura: um overview sobre as possibilidades de seu emprego
na fertilidade dos solos e nos adjuvantes de uso agrícola
Taise Bijora et al. ................................................................................... 20
Divulgando a Pesquisa:
Calagem e silicato de cálcio-magnésio causam estratificação
de atributos químicos em campos sob plantio direto
João Arthur Antonangelo et al. .............................................................. 32
Painel Agronômico ................................................................... 33
Cursos, Simpósios e outros Eventos ....................................... 34
Publicações Recentes ............................................................... 36
Publicação do IPNI/NPCT ...................................................... 37
Ponto de Vista ........................................................................... 38

NOTA DOS EDITORES


As opiniões e as conclusões expressas pelos autores nos artigos não
refletem necessariamente as mesmas dos editores deste jornal.

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A dinâmica do N no solo depende muito do nível de aci- NH3 pode aumentar, por isso deve-se ter cuidado com a apli-
dez, que afeta diretamente a dinâmica populacional dos micror- cação de altas doses de calagem (acima da dose recomenda)
ganismos que atuam nas transformações do nutriente. Desta superficialmente, sem incorporação (CRUSCIOL et al., 2022).
forma, fica clara a importância da correção da acidez do solo A calagem superficial, como normalmente executada
na dinâmica do N no perfil do solo, com consequência direta em sistemas com semeadura direta, resulta em pH próximo
nas perdas e, portanto, na eficiência da adubação nitrogenada. à neutralidade nas primeiras camadas do solo, favorecendo a
Por outro lado, foi demonstrado que algumas rotações multiplicação e a atividade dos microrganismos nitrificadores.
de culturas, principalmente em sistemas com semeadura Porém, quando a calagem é associada à adubação nitrogenada,
direta, têm efeitos importantes no acúmulo de carbono e na principalmente com fontes amoniacais (sulfato de amônio)
capacidade de armazenamento de N no solo (CASTRO et al., ou amídicas (ureia), que têm N na forma de amônio, esse
2014). Além disso, a utilização de gramíneas exigentes em efeito pode ser amenizado. Com a aplicação de NH4+ no solo
nitrogênio, com sistemas radiculares vigorosos e profundos, ocorre o processo natural de nitrificação, que é a transforma-
podem prevenir a lixiviação profunda do N e a contaminação ção de NH4+ em NO3-, e nesse processo há liberação de H+
do lençol freático (ROSOLEM et al., 2017). (acidificação), reduzindo o pH nos primeiros centímetros do
Algumas espécies têm a capacidade de inibir a nitrifi- perfil do solo. Entretanto, o NO3- fica disponível na solução
cação no solo através da exsudação radicular de compostos do solo – uma parte é absorvida pelas plantas, podendo
como a brachialactona e a sorgoleona (SUBBARAO et al., também ser imobilizada na matéria orgânica, e outra parte
2009), o que se convencionou chamar de inibição biológica pode ser lixiviada para camadas mais profundas do solo. O
da nitrificação (IBN). Inúmeras espécies foram identificadas NO3- atrai fortemente as bases trocáveis no solo (Ca2+, Mg2+
e K+), transportando os pares iônicos para camadas mais
com essa capacidade, tais como sorgo, milheto, amendoim
profundas do solo, e isso aumenta a saturação por bases no
e algumas braquiárias (SUBBARAO et al., 2007), embora
perfil do solo e reduz a saturação por alumínio, melhorando as
o processo seja muito influenciado pelo meio, inclusive pela
condições para o crescimento radicular das culturas. A curto
concentração de N e pelo pH do solo (CASTOLDI et al., 2013).
prazo, a nitrificação do amônio aplicado é favorecida mesmo
Com o objetivo de melhor compreender as interações quando o calcário é incorporado, e a concentração de nitrato
da adubação nitrogenada com a correção da acidez do solo na solução do solo é aumentada com o tempo (FOLONI et
em sistemas de produção em semeadura direta, neste artigo al., 2006). Esses resultados foram confirmados, em condição
será discutido o efeito da calagem nas formas de N do solo, de campo, por Crusciol et al. (2021), como pode ser visto
no crescimento radicular e na eficiência de uso do N. na Figura 1, que mostra o efeito sinérgico da calagem com
a aplicação de N na correção da acidez em subsuperfície.
2. O NITROGÊNIO NO SOLO E O pH Embora o ânion SO42- apresente maior afinidade do que o
No solo, mais de 95% do N está presente na forma NO3- na formação de pares iônicos com os cátions básicos da
orgânica, e menos de 5% em formas inorgânicas (CORDEIRO solução do solo, as concentrações de Ca, Mg e K da solução
et al., 2022b). O N inorgânico, a principal forma absorvida do solo em profundidade são incrementadas pela adubação
pelas plantas, está no solo principalmente nas formas de de cobertura com sulfato de amônio (FOLONI et al., 2006).
amônio (NH4+) e de nitrato (NO3-). O N inorgânico é pro- Segundo Rosolem et al. (2003), a calagem aumenta a
veniente da mineralização da matéria orgânica do solo, que mineralização da matéria orgânica e a nitrificação do N no
é mediada pelos microrganismos, da deposição atmosférica solo, independentemente do modo de aplicação de calcário,
ou da aplicação de fertilizantes. Em solos tropicais, há um aumentando a sua disponibilidade à planta e também a possi-
consenso de que a forma predominante de N no solo é o NO3-, bilidade de lixiviação. A princípio, a maior nitrificação parece
devido à alta atividade microbiana no solo durante a maior ser algo negativo, visto que o NH4+ poderia ser armazenado
parte do ano, e isso ocorre com maior intensidade em solos na CTC do solo, havendo menores riscos de perdas por lixi-
corrigidos – pH entre 5,5 e 6,5 na superfície, que favorece a viação, principalmente em solos arenosos com baixo aporte
atividade microbiana. Assim, é na faixa adequada de pH para de raízes. Porém, quando utilizado o sistema com semeadura
a produção agrícola que a mineralização da matéria orgânica direta (SSD) com plantas de cobertura, as raízes podem
e a nitrificação do NH4+ são mais intensas, aumentando a dis- explorar melhor o perfil do solo e são capazes de realizar a
ponibilidade de N no solo na forma de NO3-, que é passível ciclagem do N, que, a princípio, é retido nos resíduos das
de lixiviação e de desnitrificação. plantas na forma orgânica. Com a mineralização dos resíduos,
O pH do solo afeta de forma direta a dinâmica do N e a o nutriente volta ao solo de forma paulatina, não havendo
eficiência da adubação nitrogenada. Em solos com pH ácido perdas significativas por lixiviação, mesmo em solo arenoso
há maior saturação por alumínio, e isso inibe o crescimento (CORDEIRO et al., 2022a).
radicular e, portanto, a capacidade da planta em absorver Além disso, em SPD isso pode ser uma estratégia para
nutrientes. Por outro lado, quando o pH fica próximo de 7 na corrigir o solo em profundidade, através da descida do NO3-
camada superficial do solo (0-5 cm), a perda de N na forma de associado a íons acompanhantes (CRUSCIOL et al., 2022).

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Figura 1. Lixiviação de bases no solo em função da adubação nitrogenada na presença e ausência de calagem. Letras maiúsculas e
minúsculas diferentes mostram diferenças significativas entre doses de N e calagem, respectivamente (Teste t, p < 0,05). As
barras representam o desvio padrão da média.

Atualmente, uma das principais discussões se refere uma estratégia no SPD para melhorar a correção do solo em
à capacidade da calagem, aplicada em superfície no SPD, profundidade, devendo sempre ser associada a plantas de
em realizar a correção do solo em profundidade, devido cobertura com bom crescimento radicular.
à baixa solubilidade e mobilidade do calcário no perfil do Outros estudos também reportam que as partículas
solo, ciclagem do N e tolerância à seca (BOSSOLANI et do calcário descem no perfil do solo por meio dos canais
al., 2021). Dessa forma, a lixiviação do NO3- no perfil do deixados no solo pelas raízes das plantas de cobertura, rea-
solo, que é vista como algo negativo em sistemas de preparo lizando correção em profundidade e aumento do pH do solo
convencional do solo ou sem plantas de cobertura, pode ser (TIRITAN et al., 2016).

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3. PERDAS DE NITROGÊNIO DO SISTEMA et al., 2022). Entretanto, quando a calagem foi associada à
gessagem, a perda de nitrato por lixiviação foi diminuída na
Uma porção considerável do N aplicado (20-60%)
presença de adubação nitrogenada (BARCELOS et al., 2022).
não é recuperado no sistema solo-planta, sendo considerado Portanto, a perda de N por lixiviação pode ser minimizada
perdido (ROSOLEM et al., 2017), o que, além do prejuízo por boas práticas agrícolas que preveem o acúmulo excessivo
econômico, se constitui, em algumas regiões, em problemas de N no perfil do solo, além da introdução de espécies de
ambientais, como eutrofização e aquecimento global (SHEL- plantas de cobertura, ou em rotação, que consigam absorver
TON et al., 2018). Por outro, uma vez que a relação N/C do o N em profundidade e, com o tempo, funcionem como um
solo é relativamente constante (RAPHAEL et al., 2016), as fertilizante de liberação lenta. Foi sugerido que a introdução
perdas de N e de C estão interligadas. Ou seja, a perda cons- de espécies capazes de inibir a nitrificação através da exsu-
tante de N diminui a qualidade do solo por perda de matéria dação radicular (SUBBARAO et al., 2009), ou seja IBN,
orgânica, e o manejo inadequado da matéria orgânica implica poderia diminuir as perdas de nitrato por lixiviação ou mesmo
em maiores perdas de N. O N pode ser perdido do sistema de por desnitrificação, uma vez que ficaria maior quantidade de
produção por lixiviação de nitrato e de N orgânico dissolvido, amônio no solo. Isso realmente ocorre em sistemas naturais
emissão de óxido nitroso e N2 durante a desnitrificação e e com pastagens degradadas. Entretanto, foi posteriormente
nitrificação, volatilização de amônia dos fertilizantes e dos observado que esse processo, embora possa estar presente
tecidos vegetais, e ainda através do carreamento via erosão. na rizosfera, não tem importância em regiões com solo mais
Perdas de N2 dos fertilizantes e adubos são difíceis de ricos em nitrogênio e com pH corrigido (CASTOLDI et al.,
serem avaliadas, portanto, não existem estimativas consoli- 2013, CANISARES et al., 2021).
dadas (ZAMAN et al., 2012). Perdas significativas de N-NH3 podem ocorrer após a
Em países como o Brasil, a lixiviação de nitrato não aplicação de fertilizantes como a ureia ou estercos em solos
parece ser um grande problema (GHIBERTO et al., 2015). com pH alto, ou ainda pode ocorrer emissão de NH3 pelos
Embora haja perdas entre 15 e 25 kg ha-1 de N via volatiliza- estômatos das plantas (FRANCO et al., 2008). Embora
ção de amônia (MINATO et al., 2020), e se tenha observado tenham sido estimadas perdas de NH3 da ordem de 15% da
lixiviação da ordem de até 33 kg ha-1 ano-1 mesmo sem apli- dose aplicada ao milho (FRANCIS, 1997), foi demonstrado
cação de fertilizante nitrogenado (ROSOLEM et al., 2018), que essas perdas estão relacionadas à quantidade de N acu-
o mais comum é que a lixiviação abaixo de 80 cm de pro- mulada no tecido vegetal (CASTOLDI et al., 2014). Foi
fundidade seja baixa, muitas vezes menor que 1,0 kg ha-1 em demonstrado que a calagem aumenta as perdas de N-NH3
sistemas com milho em consórcio com gramíneas (ROCHA (HOLLAND et al., 2018; SMITH et al., 2009). Quando a
et al., 2020). Isso porque em solos tropicais o estoque de calagem foi associada à aplicação de nitrogênio, mesmo
N inorgânico (NH4+ e NO3-) no solo é baixo, variando de como sulfato de amônio, foi aumentada a volatilização de
80 a 150 kg ha-1 em solos argilosos (CRUSCIOL et al., 2021) amônia, uma vez que a produtividade do sistema foi maior
e de 30 a 40 kg ha-1 em solos arenosos (CORDEIRO et al., (BARCELOS et al., 2022), e as perdas estão correlacionadas
2022b) na camada arável (0-20 cm). De fato, a lixiviação de à concentração de N no tecido vegetal (CASTOLDI et al.,
nitrogênio, pelos menos em solos tropicais, parece não estar 2014) e à produção de matéria seca (DAMIN et al., 2008).
correlacionada diretamente à dose de fertilizante aplicada ou Entretanto, se for considerada a perda de NH3 por kg de grão
à quantidade de chuva (ROSOLEM et al., 2017), mas parece produzido, a perda é menor na presença de calagem e aduba-
haver correlação com a quantidade de N mineral no perfil do ção nitrogenada (GRASSMANN et al., 2020). Por outro lado,
solo, incluindo aquele derivado da mineralização do N orgâ- Rocha et al. (2020) observaram perdas totais de N menores
nico (ROCHA et al., 2020). Além disso, muitos oxisolos tropi- que 14 kg ha1, considerando a lixiviação, emissão de óxido
cais profundos apresentam cargas positivas em profundidade, nitroso e volatilização de amônia em um sistema onde o milho
especialmente em pH baixo, o que é importante na retenção do foi cultivado em consórcio com três gramíneas forrageiras.
nitrato no perfil do solo. É importante separar os conceitos de Normalmente, maior perda de N-NH3 é observada logo após a
lixiviação de nitrato e perdas de nitrogênio. Mesmo ocorrendo semeadura e na folhagem por ocasião da senescência da planta
lixiviação do N aplicado próximo à superfície, isso pode não (GRASSMANN et al., 2020). Das perdas de N, a volatilização
implicar em perda do nutriente, desde que existam raízes em de amônia é a mais difícil de ser controlada.
profundidade para absorver e ciclar o nitrogênio. Isso pode Mundialmente, a perda de N por desnitrificação, como
ser conseguido com a correção do perfil do solo com calagem óxido nitroso, é estimada na ordem de 25 Tg ano-1 (BILLEN
e gessagem, como será discutido adiante. et al., 2013). As perdas por desnitrificação são relevantes em
Quando o calcário e o nitrogênio são aplicados na solos com alta umidade e drenagem pobre, sob condições
superfície do solo, o aumento do pH intensifica a nitrifica- anaeróbicas, como campos de arroz irrigado (SUBBARAO
ção. Nesta situação, com a ocorrência de chuvas pesadas e et al., 2013). Pode ocorrer, ainda, em agregados de solo
sem raízes em profundidade, pode ser aumentada a perda de em solos aerados, ou em solos compactados. Tipicamente,
nitrato com a calagem (HOLLAND et al., 2018; BARCELOS as perdas aumentam logo após a aplicação de fertilizantes

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(GRASSMANN et al., 2020). Entretanto, as perdas na forma sas o acúmulo de N se correlacionou com a massa radicular e
de óxido nitroso têm sido pequenas em condições de solo a taxa de crescimento da planta durante o estádio vegetativo
bem drenado, menores que 1,0 kg ha-1 ano-1 em pastagens inicial, nas gramíneas a absorção de N se correlacionou com
e sistemas com milho adubado com até 210 kg ha-1 de N a taxa de crescimento da planta, mas não com o tamanho do
(CARMO et al., 2005; ROCHA et al., 2020). A adubação sistema radicular. Desta forma, o acúmulo de N estaria sendo
nitrogenada aumenta a emissão de N2O (KUNHIKRISH- controlado pelo crescimento da copa. Entretanto, Thorup-
NAN et al., 2016). Embora os fluxos tenham sido baixos, isso Kristensen (2001) não encontrou correlação entre qualquer
foi observado por Grassmann et al. (2020) em um sistema medida feita acima ou na camada superficial do solo com o
com milho e forrageiras intercaladas. Entretanto, a correção esgotamento de nitrato no perfil do solo. Entretanto, o cultivo
do pH via calagem disponibiliza mecanismos que mitigam as tanto do milheto como do sorgo na primavera resultou em
emissões, o que foi observado por Barcelos et al. (2022) com menor lixiviação de N porque a concentração de nitrato na
adubação nitrogenada na presença de calagem, associada ou solução do solo foi mais baixa durante o cultivo da soja, logo
não à gessagem, possivelmente em função de menor nitrifi- após a dessecação destas espécies. Na primavera, a crotalária
cação na presença da calagem. resultou em maior lixiviação porque houve maior acúmulo de
A eficiência no uso de nitrogênio (EUN) pode ser N no perfil do solo. O milheto tem mostrado bom crescimento
altamente melhorada em solos mal drenados com a escolha radicular mesmo quando as condições de pH ou de resistência
adequada de fertilizantes, época de aplicação e colocação à penetração não são ideais (ROSOLEM et al., 2017). Além
(LINQUIST et al., 2013), mas para evitar perdas em solos do milheto, foi demonstrado que a introdução de gramíneas
aerados sujeitos a práticas de manejo de anaerobismo variável forrageiras nas entrelinhas do milho reduz a concentração
e parcial essas medidas nem sempre são fáceis de se estabe- de nitrato na água de drenagem profunda durante o inverno,
lecer. Na verdade, também é difícil estimar as perdas reais de quando comparadas com plantas de cobertura ou pousio
N2 em solos bem drenados (HOFSTRA; BOUWMAN, 2005). (WHITMORE; SHRODER, 2007).
Perdas de N do sistema por erosão certamente existem, Desta forma, fica claro que a eficiência de uma espé-
embora em menor quantidade em sistemas sob semeadura cie em evitar perdas de N por lixiviação depende de sua
direta. Entretanto, não se encontra informação sobre o efeito da capacidade de acumular grandes quantidades do nutriente e
adubação nitrogenada ou calagem sobre a magnitude das perdas. também da colonização radicular profunda no perfil do solo.
Colonização radicular em profundidade somente é possível
É importante ainda salientar que a economia de N nos
com a correção do solo, feita normalmente com a gessagem
sistemas de produção agrícola depende da economia do car- associada à calagem.
bono, uma vez que a relação C/N do solo é aproximadamente
constante. Ao contrário do que reportam algumas publicações Assim, com o controle da acidez do solo em subsuperfície
internacionais, a correção da acidez do solo com calagem, ocorre o aprofundamento do sistema radicular, aumentando a
principalmente quando associada à gessagem e à adubação EUN e a produtividade (CAIRES et al., 2006; QUAGGIO et
nitrogenada, favorece a fixação de C no solo por meio de al., 1991). De acordo com os autores, a melhoria da EUN foi
uma alta produção de biomassa vegetal, ou seja, adição de observada em razão do maior crescimento radicular em pro-
fundidade em função da aplicação do gesso, de modo que foi
C ao sistema, enquanto a emissão de CO2-C não é afetada,
aumentada a absorção de NO3- do subsolo. Embora o Ca seja
resultando em aumento do C do solo. No mesmo trabalho
fundamental para o crescimento radicular (HANSON, 1984), a
observou-se que houve aumento do N do solo na rotação da
neutralização do Al e o enriquecimento do perfil em Ca raramente
soja com milho de segunda safra, provavelmente devido à
é conseguido somente com a aplicação de calcário (CAIRES et
fixação biológica de N (BARCELOS et al., 2022).
al., 2006). Desta forma, a aplicação de gesso é considerada uma
De fato, foi demonstrado que a calagem e/ou gessagem, alternativa importante para melhorar a distribuição do sistema
é fundamental para aumentar o sequestro de C no solo, uma radicular (ROSOLEM et al., 2017), e sua associação ao calcário
vez que, enquanto o C lábil do solo tem correlação com a tem melhorado o teor de Ca2+ no perfil. Mas, por outro lado, foi
quantidade de palha adicionada, o C estável só é aumentado demonstrado que não só o gesso, mas também a aplicação de
na presença de pontes catiônicas. Ou seja, o Ca e/ou Mg do N associado ao calcário pode aumentar a lixiviação de bases
calcário e/ou do gesso são fundamentais para aumentar o C no solo (ROSOLEM et al., 2003; CRUSCIOL et al., 2011),
do solo (CASTRO et al., 2014), assim como o nitrogênio. melhorando o crescimento radicular, conforme pode ser visto
na Figura 2, adaptada de Souza (2022).
4. CRESCIMENTO RADICULAR Esse resultado pode ser explicado, pois o nitrato for-
Há um consenso de que a absorção de nutrientes está mado nas camadas mais superficiais do solo se pareia com as
correlacionada ao crescimento radicular, mas isso nem sempre bases, no caso o Ca. Esse par iônico, então, segue a infiltração
é verdade, pois depende da espécie e do local de crescimento da de água no solo, o que é facilitado no sistema de semeadura
raiz. Comparando oito espécies gramíneas e sete leguminosas, direta devido à menor evaporação e melhor estruturação do
Shinano et al. (1994) concluiram que, enquanto nas legumino- solo, como maior conectividade dos poros (GALDOS et

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Figura 2. Densidade de comprimento radicular do milho consorciado com Tanzânia nas linhas (A) e entrelinhas (B) em função da apli-
cação de nitrogênio, de calcário e de calcário + gesso.

al. 2019). Espera-se que a resposta do sistema radicular ao no estudo pode estar relacionada aos teores de Ca, uma vez
Ca seja baixa quando os níveis no solo estiverem acima de que a aplicação de gesso associada à adubação com N foi
12 mmolc dm-3 (ROSOLEM et al., 1995), mas a resposta eficiente em aumentar seus teores no subsolo em relação aos
foi significativa neste caso com maiores teores de Ca nas observados apenas com a aplicação de calcário. Em média,
camadas mais profundas do solo. Isso pode ser devido às o teor de Ca no subsolo aumentou neste estudo, chegando a
condições climáticas, em resposta a períodos de seca. Isso é 20,0 mmolc dm-3 na camada de 0,2-0,6 m.
corroborado pelo fato de ter ocorrido melhor enraizamento Outra evidência interessante da interação da aduba-
no subsolo com a sua associação ao gesso (Figura 2). Por- ção nitrogenada com a calagem no crescimento radicular
tanto, a melhor distribuição radicular no subsolo observada se encontra na Figura 3, adaptada de Barcelos et al. (2018).

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incorporação, normalmente em períodos
de alta precipitação e alta temperatura
do ar, utilizando com fonte a ureia. Isso
pode reduzir a eficiência da adubação
nitrogenada, principalmente se aplicada
com solo úmido e não ocorrer chuva logo
após, para que ocorra a incorporação do
fertilizante. Para melhorar a eficiência da
adubação nitrogenada uma estratégia é o
uso de fertilizantes de liberação contro-
lada, porém, essa tecnologia tem um custo
adicional e a eficiência é dependente do
sistema de produção, sendo mais eficiente
em sistemas com maior diversidade de
plantas (CORDEIRO et al., 2022a). Uma
segunda opção seria o parcelamento em
maior número de vezes, porém isso pre-
judica o manejo operacional das fazendas,
aumenta o custo e, em algumas culturas,
a entrada tardia na área com maquinários
não é possível (milho e algodão). Dessa
forma, a principal forma de melhorar a efi-
ciência da adubação nitrogenada é por meio
Figura 3. Crescimento radicular e resposta do milho à aplicação de calcário incor- da adoção do SPD e manejo da calagem.
porado e nitrogênio em profundidade. Cores diferentes mostram diferentes No Brasil, a prática da calagem é
tempos de amostragem.
amplamente difundida, sendo relatados
Fonte: Adaptada de Barcelos et al. (2018).
inúmeros benefícios, como aumento do
pH, neutralização do alumínio e forneci-
Pode-se ver que, mesmo com calcário incorporado, a aplica- mento de cálcio e magnésio. Em SPD é aplicada superficial-
ção de nitrogênio em profundidade (15 cm) resultou em maior mente sem incorporação, tendo bons resultados quando asso-
crescimento radicular do milho não só em profundidade, mas ciada a uso de culturas de cobertura com alto aporte de raízes
também na superfície. (TITIRAN et al., 2016). Com isso, há melhorias na exploração
do solo por meio do melhor crescimento radicular das culturas
5. ADUBAÇÃO NITROGENADA E CALAGEM e absorção de água e nutrientes, incluindo de N. Além disso,
a calagem é importante estratégia para melhorar o estoque de
Na China, em uma rotação milho/trigo, foi demons-
carbono particulado do solo e carbono da biomassa microbiana
trado que a adubação nitrogenada, por 8 anos, sem calagem,
e, consequentemente, o teor de matéria orgânica em SPD, sendo
resultou em diminuição do pH, menor saturação do solo por
essa a principal reserva de N no solo (FERRARI NETO et al.,
bases, menor produtividade e menor eficiência de utilização
2021), além de aumentar a disponibilidade de NO3- no solo
do N aplicado, ao contrário do que foi observado quando a
devido à correção do pH do solo (BARCELOS et al., 2021).
adubação nitrogenada foi acompanhada de calagem (DABA
et al., 2021). Os autores relacionaram esse efeito também à Atualmente, tem-se discutido no meio científico se a
melhor retenção da matéria orgânica do solo, incorporação dose de calagem aplicada com base nos boletins de recomen-
de maior quantidade de palha e menores perdas de N. Na dação disponíveis é suficiente, havendo a hipótese de que as
verdade, isso não é novo, mas chama a atenção para os casos doses devem ser aumentadas. Entretanto, estudos recentes
em que a calagem fica negligenciada, principalmente em apontam que não há necessidade de aumentar a dose recomen-
sistemas com semeadura direta. Além disso, o nitrato gerado dada de calagem para cultivo de cereais (culturas que têm alta
em superfície, além de carrear as bases para o subsolo, dimi- demanda por adubação nitrogenada). Nesses casos, a maior
nuindo a saturação por Al, normalmente é absorvido pelas produtividade das culturas, maior eficiência no uso do N, é
plantas, resultando no enriquecimento da rizosfera em ânions, com a dose recomendada de calagem, aplicada em superfí-
e a consequente alcalinização do subsolo ácido. cie em SPD, sendo realizada a recomendação para elevar a
saturação por bases a 60% na camada de 0-20 cm (Figura 4).
No SPD, tanto a adubação nitrogenada quanto o calcá-
rio são aplicados na superfície do solo, e isso requer técnicas Entretanto, a ausência de calagem reduz o potencial de
para melhorar a eficiência dessas práticas. Na maior parte dos resposta do milho e do arroz de terras altas à adubação nitro-
casos, a adubação nitrogenada é aplicada em superfície sem genada, além de reduzir a eficiência no uso do N (Figura 5).

8
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
Figura 4. Produtividade de grãos de milho e de arroz de sequeiro e eficiência no uso do N em função das doses de calagem [0, 1.500,
3.000 (dose recomendada) e 6.000 kg ha-1] em ausência e presença de adubação nitrogenada. ** = significativo a 1%.
Fonte: Adaptada de Crusciol et al. (2022).

Dessa forma, a calagem é uma forma efetiva para dade do N orgânico do solo para a cultura subsequente. De
melhorar a produtividade das culturas e a eficiência da aduba- fato, Souza (2022) observou que a quantidade total de N
ção nitrogenada em SPD, podendo ser aplicada em superfície proveniente do fertilizante recuperado no solo foi aumentada
sem incorporação, não sendo necessário aumentar a dose com a aplicação de calcário e gesso nos três anos avaliados.
recomendada, em SPD consolidados. Porém, ainda existe uma Mesmo com a correção da acidez do solo, parte do N pro-
lacuna no conhecimento científico sobre o efeito de maiores veniente do fertilizante pode não ser utilizada pela cultura
doses de calagem sobre a produtividade das culturas e sobre a na qual o fertilizante foi aplicado, e ficar disponível para a
eficiência da adubação nitrogenada em áreas de implantação cultura subsequente.
do SPD, sobretudo em ambientes com solos arenosos.
A correção da acidez do solo afeta a eficiência de
6. CONCLUSÃO
absorção de N pelo milho, que apresentou maior porcentagem A eficiência da adubação nitrogenada é dependente
de recuperação quando o solo foi corrigido, acumulando, em principalmente do sistema de produção e da correção do solo
média, cerca de 41,6% mais N do fertilizante que no trata- em profundidade. A correção do subsolo tem sido feita com
mento controle (SOUZA, 2022). Com maior recuperação do a gessagem, apresentando excelentes resultados, entretanto,
nutriente proveniente do fertilizante a eficiência no uso de quando a correção é associada à aplicação de fertilizante nitro-
nitrogênio pelo sistema aumenta, conforme pode ser visto genado, os resultados podem ser melhores. A calagem acelera
na Figura 6. Desta forma, com maior recuperação do N do a mineralização da matéria orgânica do solo e a nitrificação
fertilizante, menor quantidade de N orgânico do solo seria do N, por meio da elevação do pH e da atividade microbiana
absorvida pelas plantas, o que pode aumentar a disponibili- do solo, de modo que a calagem superficial em sistemas em

9
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
Figura 5. Produtividade de grãos de milho e de arroz de sequeiro, eficiência agronômica do N e eficiência no uso do N em função das
doses de nitrogênio e ausência e presença de calagem. ** = significativo a 1%.
Fonte: Adaptada de Crusciol et al. (2021).

Figura 6. Nitrogênio na planta proveniente do fertilizante (NPPF) nas plantas de milho e eficiência no uso de nitrogênio (EUN) em
função da aplicação de corretivos de acidez do solo.
Fonte: Adaptada de Souza (2022).

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
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13
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
TECNOLOGIA DE INIBIÇÃO DE UREASE
EM FERTILIZANTE NITROGENADO E SEU EFEITO NA PRODUTIVIDADE
DO MILHO SEGUNDA SAFRA NO CERRADO BRASILEIRO
Danilo Ramos Sério1 Antonio Carlos Papes Filho4
Carlos Henrique Eiterer de Souza2 Matias L. Ruffo5
Rodrigo Pengo Rosa3

1. INTRODUÇÃO rança alimentar (ONU, 2019). Nesse contexto, no início da

A
década anterior, estudos apontaram aumento de 50 a 70%
produção de alimento de forma sustentável e na produção de cereais no decorrer das próximas décadas,
suficiente para a humanidade figura entre os sendo o milho responsável por 45% do incremento no mesmo
principais desafios enfrentados ao longo dos período (HUBERT et al., 2010).
tempos. Em nível global, o milho (Zea mays L.) passou a
ser o cereal mais cultivado no mundo, e a produção mundial No Brasil, estimativas realizadas para a safra 2021/22
tem sido superior a 1 bilhão de toneladas (USDA, 2022), apontam a participação do cereal em 42,3% (115 milhões de
principalmente devido à sua versatilidade, com mais de toneladas) da produção de grãos no país, sendo o Cerrado
3.500 aplicações diretas e indiretas como fonte de matéria- responsável por aproximadamente 60% da produção de
prima, desde a alimentação humana até a produção de polí- milho (CONAB, 2022). Logo, potencializar a produtividade
meros biodegradáveis (MÔRO; FRITSCHE-NETO, 2017). do milho no Cerrado brasileiro de forma sustentável para a
Aliado a isso, o crescimento populacional, estimado em promoção da segurança alimentar global é uma necessidade e
11 bilhões de pessoas até o final do século XXI, coloca a um desafio. Nesse sentido, a adubação nitrogenada é um dos
cultura do milho como peça-chave para promover a segu- fatores que mais contribui para o aumento de produtividade

Abreviações: Al = alumínio; Ca = cálcio; CIT = Centro de Inovação e Tecnologia; CTC = capacidade de troca catiônica; EUN =
eficiência no uso de nitrogênio; H = hidrogênio; K = potássio; Mg = magnésio; MO = matéria orgânica; N = nitrogênio; NBPT =
N-(n-butil) tiofosfórico triamida; N-NH3 = amônio; SB = soma de bases.

1
Engenheiro-Agrônomo, Koch Fertilizantes do Brasil, Barueri, São Paulo, SP; e-mail: danilo.serio@kochind.com
2
Engenheiro-Agrônomo, Dr., Professor Adjunto e Pesquisador, Centro Universitário Patos de Minas – UNIPAM, Patos de Minas, MG.
3
Engenheiro-Agrônomo, Me., Pesquisador, Fundação Rio Verde, Lucas do Rio Verde, MT.
4
Engenheiro-Agrônomo, Dr., Diretor de Especialidades, Koch Fertilizantes do Brasil, Barueri, São Paulo, SP.
5
Engenheiro-Agrônomo, PhD., Diretor da América Latina e África do Sul da Koch Agronomic Services, Montevidéu, Uruguai.

14
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
do milho (DRIVER et al., 2019). Na planta, o nitrogênio NBPT, projetada para ser mais estável em diversas faixas de
(N) é o nutriente demandado em maiores quantidades e o temperatura e pH do solo, apresentando maior eficiência na
que mais limita a produção, por ser responsável pela síntese inibição da urease e ampliando a janela de proteção da ureia,
de aminoácidos, proteínas, enzimas e processos fotossintéti- reduzindo, assim, as perdas por volatilização de N-NH3 (CAS-
cos (TAIZ et al., 2017). A ureia é o fertilizante nitrogenado SIMIRO et al., 2021; CASSIM et al., 2021). Dessa forma,
mais utilizado para fornecer N às plantas, pois tem diversas as maiores reduções das perdas por volatilização de N-NH3
vantagens, como alta concentração de N (45 a 46%) e custos podem aumentar as chances de aumentos de produtividade
de produção mais baixos, em comparação com outros fertili- significativos nas culturas produzidas, em função da maior
zantes nitrogenados (CANTARELLA et al., 2018), gerando quantidade de nutriente disponível para as plantas, colabo-
economia de frete e maior agilidade na aplicação em campo, rando para a manutenção da sustentabilidade ambiental e da
fator essencial para grandes áreas de plantio direto, encon- segurança alimentar da população global. Por exemplo, em
tradas no Cerrado brasileiro. trabalhos recentes desenvolvidos por Cassimiro et al. (2021)
Entretanto, uma vez aplicada ao solo, a ureia é hidro- e Carlos et al. (2021), os autores concluíram que a maior esta-
lisada pela ação da enzima urease, produzindo amônia bilização da ureia sob condições de campo proporcionadas
(N-NH3), que rapidamente é perdida para a atmosfera na pelo uso de Duromide foram importantes para aumentar a
forma de gás, podendo representar mais de 50% do N aplicado produção de massa seca do capim Marandu e a produtividade
(STAFANATO et al., 2013), gerando prejuízos econômicos de grãos de arroz irrigado, respectivamente.
aos produtores. Apesar dessas consequências indesejadas, a No mercado dos fertilizantes de eficiência aumentada,
aplicação de fertilizantes continuará sendo importante para o SuperN®PRO é o nome comercial da ureia que contém dois
aumentar a produtividade das culturas, porém, sendo neces- inibidores da atividade da enzima urease: o Duromide, que é o
sário torná-la mais eficiente. principal ingrediente ativo e o que promove proteção por maior
Uma das tecnologias mais eficazes para aumentar a tempo, e o NBPT, que está presente em menor quantidade,
eficiência no uso do N (EUN) é tratar a ureia com inibidor de porém é o responsável pela proteção imediata. Os dois inibido-
urease, sendo o N-(n-butil) tiofosfórico triamida (NBPT) o res, atuando em conjunto, promovem maior janela de proteção
composto mais estudado e comercializado em todo o mundo para a ureia, quando aplicada sobre a superfície do solo.
(CANTARELLA et al., 2018). O NBPT tem como objetivo Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi comparar o
inibir temporariamente a enzima urease do solo, reduzindo a efeito da nova tecnologia ureia+Duromide com a ureia con-
velocidade de hidrólise da ureia e, consequentemente, dimi- vencional no rendimento do milho segunda safra cultivado
nuindo as perdas por volatilização de N-NH3 (TRENKEL, em diferentes locais no bioma do Cerrado brasileiro.
2010). O grande sucesso do NBPT se deve aos bons resulta-
dos obtidos na diminuição das perdas por N-NH3 desde seu 2. MATERIAIS E MÉTODOS
lançamento, em 1995 (SILVA et al., 2017). Isso é reforçado
por estudos realizados por Pan et al. (2016) e Silva et al. 2.1. Descrição do local e do solo
(2017), que mostram que a ureia tratada com NBPT reduz,
Os experimentos foram conduzidos em sete locais
em média, 52 a 54% as perdas por volatilização de N-NH3,
pertencentes ao bioma Cerrado, dos quais o primeiro é loca-
quando comparada com a ureia convencional.
lizado no Centro de Inovação e Tecnologia – CIT (GAPES)
Porém, sob certas condições, o NBPT perde eficiên- (17°52,11’S; 50°55,62’O), no município de Rio Verde-GO; o
cia na redução das perdas de N-NH3. Tasca et al. (2011) segundo e o terceiro localizados no Centro de Aprendizagem
observaram aumento de 12 vezes na volatilização da ureia e Difusão – Fundação Mato Grosso (FMT), no município
tratada com NBPT causado pela elevação da temperatura do de Nova Mutum-MT (13°40’S; 56°01’O) e Sorriso, MT
ambiente de 18 °C para 35 °C. Já Soares (2011) observou que (16°26’S; 55°53’O), respectivamente; o quarto e o quinto
o NBPT reduziu a volatilização de N-NH3 em 52 e 53%, em localizados na Fundação de Pesquisa e Desenvolvimento
comparação com a ureia, em solos com pH 5,6 e 6,4, respec- Tecnológico Rio Verde (FRV) (13°00’S; 55°58’O), no
tivamente; no entanto, a redução foi de apenas 18% em solo município de Lucas do Rio Verde, MT; o sexto conduzido na
com pH 4,5. Assim, os possíveis problemas de degradação área experimental da De Lollo Pesquisa e Experimentação
do NBPT, somados aos baixos ganhos de produtividade, Agrícola (17°47’S; 50°58’O), no município de Rio Verde,
geram a necessidade de novas tecnologias que melhorem a GO, e o sétimo conduzido na Fazenda Experimental Escola
estabilização dos fertilizantes nitrogenados. Agrotécnica Afonso de Queiroz, Campus II, do Centro Uni-
Nesse sentido, o novo inibidor Duromide é uma nova versitário de Patos de Minas (UNIPAM) (18°36’S; 46°29’O),
tecnologia estabilizadora, recentemente desenvolvida pela no município de Patos de Minas, MG. Os solos das áreas
Koch Agronomic Services, com função química similar à experimentais foram classificados como Latossolo (SANTOS
encontrada na molécula de NBPT, que lhe confere a proprie- et al., 2018) e amostras de solo da camada 0-0,20 m foram
dade de inativar o sítio ativo da enzima urease. No entanto, coletadas para caracterização química e granulométrica das
o Duromide apresenta uma estrutura química diferente do áreas experimentais (Tabela 1). O clima das áreas de estudo

15
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
Tabela 1. Análise química e granulométrica das áreas experimentais no Cerrado brasileiro para a camada superficial do solo (0–0,20 m)*.

GAPES1 FMT2 FMT3 FRV4 DeLollo5 FRV6 UNIPAM7


Propriedades do solo
2018-2019 2018-2019 2019-2020 2019-2020 2020-2021 2020-2021 2020-2021
pH CaCl2/H2O* 5,13 4,90 4,90 5,70* 5,80 5,70* 5,80*
H + Al (cmolc dm ) -3
3,36 6,20 4,80 3,40 3,17 3,27 4,90
Al3+ (cmolc dm-3) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06 0,10
Ca2+ (cmolc dm-3) 3,43 2,80 2,10 3,10 1,62 2,77 3,50
Mg (cmolc dm )
2+ -3
1,13 1,00 0,70 0,90 0,45 0,11 0,90
K+ (cmolc dm-3) 0,19 0,29 0,27 0,16 0,24 0,18 0,37
SB (cmolc dm-3) 4,75 4,09 3,07 4,16 2,31 3,06 4,77
CTCpH7 (cmolc dm-3) 8,11 10,29 7,87 7,56 5,48 6,33 9,67
V (%) 59 40 39 55 42 48 49
CO (g dm-3) 19,93 27,32 18,50 13,92 19,14 15,08 23,20
MO (%) 3,43 4,70 3,19 2,4 3,30 2,60 4,00
Areia (%) 51 15 29 53 - 51 35
Silte (%) 7 26 16 7 - 7 11
Argila (%) 42 59 55 40 - 42 54

* pH (CaCl2) (0,01 mol L-1) na relação solo/solução de 1: 2,5; H + Al determinado pelo método Shoemaker-McLean-Pratt (SMP);
Ca2+, Mg2+ e Al3+ extraídos com KCl 1 mol L-1; MO: teor de matéria orgânica do solo obtido por carbono orgânico × 1,724 (Walkley-Black);
P e K+ extraídos pelo método Mehlich-1; soma de bases (SB): Ca2+ + Mg2+ + K+; CTC em pH 7 (SB + H + Al); V%: saturação por bases
[(SB/CTC) × 100] e distribuição de tamanho de partícula (areia, silte e argila): método do densímetro.
1
Centro de Inovação e Tecnologia – CIT GAPES, Rio Verde, GO.
2
Centro de Aprendizagem e Difusão – Fundação Mato Grosso, Nova Mutum, MT.
3
Centro de Aprendizagem e Difusão – Fundação Mato Grosso, Sorriso, MT.
4
Fundação de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico Rio Verde, Lucas do Rio Verde, MT, safra 2019-2020.
5
De Lollo Pesquisa e Experimentação Agrícola, Rio Verde, GO.
6
Fundação de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico Rio Verde, Lucas do Rio Verde, MT, safra 2020-2021.
7
Fazenda Experimental Escola Agrotécnica Afonso de Queiroz, Campus II do Centro Universitário de Patos de Minas, Patos de Minas,
MG.

foi classificado como tropical de savana (Aw) de acordo com de produtividade do milho para cada área experimental: a
o sistema de classificação Köppen-Geiger, apresentando duas dose inferior variou de 45 a 92 kg ha-1 e a dose superior de
estações bem definidas, chuvosa de outubro a abril e seca 90 a 120 kg ha-1, conforme recomendação de Souza e Lobato
de maio a setembro (PEEL et al., 2007; BECK et al., 2018). (2004). Tanto a ureia quanto a ureia+Duromide possuem
garantia de 46% de N. As áreas das unidades experimentais
2.2. Delineamento experimental, tratamentos variaram de 25,9 a 76,5 m2, de acordo com a disponibilidade
e manejo da cultura de área para a condução de cada experimento, de forma
O delineamento experimental foi realizado em blocos separada, no Cerrado brasileiro. O milho foi semeado após
casualizados, com cinco tratamentos e ao menos quatro repe- a cultura da soja, entre os anos de 2018 e 2021, sempre
tições por experimento. Os tratamentos foram constituídos nos meses de janeiro a fevereiro, caracterizando-se como
de (a) controle, sem aplicação de N em cobertura, (b) ureia e milho de segunda safra. Os híbridos de milho utilizados
(c) ureia+Duromide, aplicados em 2 doses (inferior e foram P3898, DKB 310 PRO3, DKB 290 PRO3, DKB 360
superior). Os fertilizantes nitrogenados foram aplicados PRO 3, MG 580 PWU, K9960 VIP 3 e AG 8088 VT PRO,
em cobertura, entre os estádios fenológicos V3 (três folhas para os experimentos do GAPES, FMT, FMT, FRV safra
totalmente expandidas) e V6 (seis folhas totalmente expan- 2019-2020, De Lollo, FRV safra 2020-2021 e UNIPAM,
didas). As doses foram calculadas com base na expectativa respectivamente.

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
A semeadura foi caracterizada por dis- 8.500
tribuição de 2,7 sementes por metro linear,
com espaçamento de 0,45 m, totalizando
60.000 plantas ha-1, com exceção do experi- 8.000
mento realizado pela UNIPAM, que contou
com população de 70.000 plantas ha-1. A
adubação de semeadura foi calculada com
base nas propriedades químicas dos solos, 7.500
apresentadas na Tabela 1.

2.3. Avaliação do rendimento 7.000


do milho
Após a maturação fisiológica do
milho, no estádio fenológico corres- 6.500
pondente ao R6, foi realizada a colheita
manual dos grãos nas duas linhas centrais
de cada unidade experimental, totalizando 6.000
5,4 m2 de área útil. Posteriormente, a umi-
dade foi corrigida para 13% e a massa de
grãos extrapolada para se obter a produti-
vidade em kg ha-1.

2.4. Análise estatística


Os dados foram submetidos aos Figura 1. Produtividade do milho segunda safra (kg ha-1) após aplicação em
testes de homogeneidade de variância cobertura de ureia+Duromide no bioma Cerrado. Médias seguidas da
(Bartlett) e normalidade dos erros (Shapiro- mesma letra na barra não diferem entre si pelo teste LSD a 10% de
Wilk), atendendo, assim, aos pressupostos probabilidade.
da análise de variância (BANZATTO;
KRONKA, 2015). Posteriormente, os dados foram submeti- seis experimentos, dentre os sete conduzidos no bioma Cerrado,
dos à análise de variância (ANOVA), e quando o valor do teste a aplicação de ureia+Duromide aumentou a produtividade do
F foi significativo (p < 0,05), as médias foram comparadas milho segunda safra em mais de 220 kg ha-1. O aumento em
pelo teste LSD ao nível de 10% de significância. produtividade, em relação à ureia, seguiu os incrementos
crescentes de 19, 222, 224, 225, 363, 386 e 584 kg ha-1, para
3. RESULTADOS os locais FMT safra 2018-19, FRV safra 2020-21, DeLollo
safra 2020-21, GAPES safra 2018-19, FRV safra 2019-20,
Os fertilizantes nitrogenados ureia e ureia+Duromide
FMT safra 2019-20 e UNIPAM safra 2020-21, respectiva-
aumentaram a produtividade do milho em relação ao tratamento
mente (Figura 2).
controle independentemente da dose aplicada em cobertura.
Dessa forma, ureia e ureia+Duromide proporcionaram aumen- 4. DISCUSSÃO
tos de 942 kg ha-1 (14,6%) e 1.230 kg ha-1 (19,0%) com a dose
inferior e 1.327 kg ha-1 (20,5%) e 1.616 kg ha-1 (24,9%) com A cultura do milho é altamente responsiva à adubação
a dose superior em relação ao controle, respectivamente nitrogenada, pois o N é o nutriente demandado em maiores
(Figura 1). Por outro lado, ao comparar os dois fertilizantes quantidades pela planta. Segundo o Manual de Adubação e
nitrogenados ureia e ureia+Duromide, a nova tecnologia de Calagem para o Estado do Paraná – SBCS/NEPAR (2019),
estabilização aumentou a produtividade do milho em relação para a produção de 1 tonelada de grãos de milho por hectare
à ureia em ambas as doses aplicadas em cobertura, na ordem são necessários 21,5 kg de N, dos quais 14,4 kg são exportados
de 288 kg ha-1 (3,9%) e 289 kg ha-1 (3,7%) com as doses para os grãos. Logo, o tratamento controle, que não recebeu
inferior e superior, respectivamente (Figura 1). Observou-se adubação nitrogenada em cobertura, apresenta limitação da
também que o tratamento ureia+Duromide na dose inferior expressão máxima do potencial produtivo, mostrando, assim,
foi estatisticamente igual ao tratamento ureia convencional menores produtividades, quando comparado aos tratamentos
na dose superior. que receberam ureia ou ureia+Duromide em cobertura.
A taxa de sucesso nos experimentos foi de 100%, con- A maior produtividade do milho segunda safra pro-
siderando-se os aumentos de produtividade no milho segunda porcionada pela aplicação de ureia+Duromide (Figura 1) é
safra com o uso da nova tecnologia Duromide, visto que em atribuída à eficiência do produto em inibir a enzima urease

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
ácidos – mais de 70% do território nacional
Taxa de sucesso da ureia+Duromide comparada à da ureia apresenta solos ácidos (CRUSCIOL et al.,
2017) – há dificuldade em se obter incre-
mentos de produtividade com o uso de ini-
bidores de urease, como o NBPT. Por outro
lado, a nova tecnologia contendo a molécula
Duromide aumentou a produtividade do
milho de forma consistente em relação à
ureia, por apresentar uma estrutura química
com radicais que tornam a molécula mais
estável sob condições de baixo pH do solo
e altas temperaturas (CASSIM et al., 2021),
condições presentes no experimento, nos
solos que apresentavam pH abaixo de 5,8.
Em relação à taxa de sucesso do
produto ureia+Duromide no aumento
de produtividade, comparada à da ureia
isolada, apenas no experimento da FMT,
localizado no município de Nova Mutum,
ela não foi significativa (Figura 2). A razão
Figura 2. Aumento da produtividade (kg ha ) do milho segunda safra com o uso da
-1 para esse resultado é que após a aplicação
nova tecnologia de estabilização ureia+Duromide em relação ao tratamento dos fertilizantes nitrogenados em cobertura
ureia nos experimentos conduzidos no bioma do Cerrado brasileiro. ocorreu elevado volume de precipitação
pluviométrica na região, totalizando mais
de 80 mm de chuva, sendo responsável por
por um período mais longo de tempo, decorrente da alta esta- reduzir o contato entre o grânulo do fertilizante e a enzima
bilidade da nova molécula Duromide contida no fertilizante. urease. Nessa situação, o potencial da tecnologia Duromide
Isso se torna vantajoso, uma vez que permite mais tempo para não pôde ser explorado. Ausências de perdas de N por volati-
a incorporação do fertilizante nitrogenado, por precipitação lização via incorporação de fertilizantes nitrogenados ao solo
ou irrigação, diminuindo, consequentemente, as perdas de N foram observadas por Viero et al. (2017) que, trabalhando
por volatilização de N-NH3. Dessa forma, o N incorporado ao com lâminas de irrigação de 20 mm de água, observaram
solo, que não foi perdido na forma gasosa (N-NH3), se torna que estas foram suficientes para incorporar os fertilizantes
disponível para a absorção pelas plantas, contribuindo para nitrogenados ao solo e reduzir as perdas por N-NH3 em
maiores incrementos de produtividade. A maior eficiência na mais de 80%, mostrando que, nessas condições, a ureia e os
redução das perdas por volatilização de N-NH3 com o uso de fertilizantes de eficiência aumentada tendem a ter a mesma
ureia+Duromide foi demonstrada no trabalho de Cassim et al. eficiência agronômica.
(2021), em que os autores observaram que a nova tecnologia Em resumo, o aumento significativo de produtividade
de estabilização da ureia tratada com Duromide reduziu as per- e a taxa de sucesso em seis dos sete experimentos conduzidos
das de N-NH3 em 55% e 33% em relação à ureia convencional a campo no Cerrado brasileiro com o uso de ureia+Duromide
e ureia tratada com NBPT, respectivamente. Para ganhos em evidenciam resultados promissores para a obtenção de uma
produtividade, trabalhos recentes desenvolvidos por Cassimiro agricultura mais sustentável e produtiva nos sistemas de pro-
et al. (2021) e Carlos et al. (2021) mostram incrementos de dução de milho em solos tropicais com pHs ácidos.
37% e 23% na produção do capim Marandu e 7,7% e 6,6%
na produtividade dos grãos de arroz irrigado proporcionados 5. CONCLUSÕES
pelo uso de ureia+Duromide em relação à ureia convencional A nova tecnologia de estabilização Duromide aumentou
e ureia tratada com NBPT, respectivamente. a produtividade do milho segunda safra em até 288 kg ha-1
O NBPT, em condições adversas de campo, passa por (3,8%) em relação à ureia convencional, independentemente da
um processo de rápida degradação. Por exemplo, Suter et al. dose aplicada nos experimentos conduzidos no bioma Cerrado.
(2011) observaram que a eficiência do NBPT diminuiu com A taxa de sucesso da aplicação de ureia+Duromide foi
o aumento da temperatura. Engel, Towey e Gravens (2015) positiva e consistente, pois em seis dos sete experimentos con-
mostraram que o tempo de meia-vida do NBPT é maior em duzidos no bioma Cerrado a aplicação do inibidor Duromide
solos alcalinos, sendo 0,07; 0,59; 2,70 e 3,43 dias em pH aumentou a produtividade de milho segunda safra em mais
5,1; 6,1; 7,6 e 8,2, respectivamente. Logo, nas condições de 220 kg ha-1 em relação à ureia convencional, provando a
climáticas brasileiras, com solos altamente intemperizados e eficácia do Duromide em diferentes condições de solo e clima.

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
AGRADECIMENTOS ONU. United Nations. Department of Economic and Social
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19
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
MICRORGANISMOS BENÉFICOS E COMPOSTOS MICROBIANOS NA AGRICULTURA:
UM OVERVIEW SOBRE AS POSSIBILIDADES DE SEU EMPREGO NA
FERTILIDADE DOS SOLOS E NOS ADJUVANTES DE USO AGRÍCOLA

Taise Bijora1 Adailson Feitoza de J. Santos4


Ariane Narumi Koga2 Leonardo Régis Pereira5
Erika Wakida3

1. INTRODUÇÃO a saúde humana e com eficiência técnica, tanto industrial

C
quanto agronômica (REIS, 2017).
onsiderando a economia mundial nas últimas Na busca pelo desenvolvimento de uma agricultura
décadas, é possível notar as intensas transfor- regenerativa, que apresente como um dos seus pilares o uso
mações que ocorreram nos sistemas produtivos de insumos provenientes de fontes renováveis com baixa ou
agrícolas, desde a mecanização do cultivo até a intensificação nenhuma toxicidade aos ambientes terrestres e aquáticos,
da adoção da tecnologia da informação, que levou conectivi- esbarramos frequentemente nos bioprodutos. Estes produtos
dade ao campo, passando pelo desenvolvimento de defensivos de origem biológica são grandes aliados no manejo integrado
e fertilizantes químicos, pela biotecnologia e sua aplicação no na agricultura, tornando-se eficientes ferramentas alternativas
melhoramento genético (MONTOYA; FINAMORE, 2020). e complementares aos produtos convencionais. Nos últimos
No Brasil, a expansão agrícola tem sido pautada na anos, essa classe de insumos de origem microbiana, princi-
utilização de insumos de natureza sintética ou advindos de palmente, tem gerado grande interesse devido à sua baixa
fontes não renováveis de matéria-prima, tanto para a adu- toxicidade, biodegradabilidade e eficiência de aplicação
bação quanto para o controle de pragas e doenças. Atual- (JOSHI; GEETHA; DESAI, 2015). Assim, tem havido um
mente, um dos grandes desafios da agricultura brasileira é grande interesse pela prospecção de novos microrganismos
o desenvolvimento de sistemas agrícolas sustentáveis, que com potencial uso agrícola, para posterior desenvolvimento
priorizem o manejo para produzir alimentos, fibras, proteínas, de novos bioprodutos em escala industrial (JOSHI; GEE-
entre outros, em quantidade e qualidade suficientes, mas que THA; DESAI, 2015), como bioadjuvantes, inoculantes e
apresentem reduzido impacto sobre os recursos naturais e biodefensivos.

Abreviações: AIA = ácido indolacético; DIC = delineamento experimental inteiramente ao acaso; MELs = manosileritritol lipídeos;
P = fósforo; PGPR = rizobactérias promotoras de crescimento de plantas; TS = tratamento aplicado via semente.

1
Engenheira Agrônoma, Dra., FortGreen Paiçandu, PR, e-mail: taise.bijora@fortgreen.com.br
2
Bioquímica, Bela., FortGreen, Paiçandu, PR, e-mail: Ariane.koga@fortgreen.com.br
3
Bioquímica, M.Sc, FortGreen, Paiçandu, PR, e-mail: erika.wakida@fortgreen.com.br
4
Biólogo, Dr., Universidade do Estado da Bahia, Paulo Afonso, BA, e-mail: afsantos@uneb.br
5
Engenheiro Agrônomo, M.Sc, FortGreen, Paiçandu, PR, e-mai: leonardo.pereira@fortgreen.com.br

20
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
2. BIOADJUVANTES Os biosurfactantes produzidos pelos microrganis-
mos podem ser de baixo ou de alto peso molecular. Os de
Na busca pela otimização das atividades agrícolas, os
baixo peso molecular são os glicolipídeos ou lipopeptídeos,
adjuvantes entram como participantes do manejo, auxiliando
enquanto os de alto peso molecular podem ser lipopolissa-
no direcionamento, retenção, penetração e na atividade
carídeos, lipoproteínas (Figura 1B) ou combinações destes
geral de um produto agrícola utilizado via aplicação foliar.
(DESAI; BANAT, 1997). De acordo com Langer et al. (2006),
Atualmente, tornou-se praticamente indispensável o uso dos
os biosurfactantes mais estudados são os glicolipídeos,
adjuvantes e o entendimento de seus modos de ação para
que contém os açúcares ramnose ou trealose, produzidos
aumentar as taxas de sucesso da aplicação e reduzir o impacto
por microrganismos tais como os pertencentes aos gêneros
ambiental dos pesticidas (SMITH, 2019).
bacterianos Pseudomonas, Corynebacterium, Nocardia,
De acordo com Tchaker et al. (2016), os adjuvantes de
Rhodococcus e Arthrobacter.
uso agrícola podem ser divididos em dois grandes grupos:
i) os modificadores das propriedades de superfície dos líqui- As bactérias e as arqueias são as principais produtoras
dos, os surfactantes (espalhantes, umectantes, detergentes, de compostos tensoativos, e os biossurfactantes produzidos
dispersantes e aderentes, entre outros) e ii) os aditivos (óleo por microrganismos na indústria, atualmente, são obtidos
mineral ou vegetal, sulfato de amônio e ureia, entre outros) por meio de processos relativamente simples, derivados de
que atuam diretamente na absorção de moléculas devido à fermentação, com utilização de substratos de baixo custo.
sua ação direta sobre a cutícula das plantas. Estes compostos, que são ecologicamente seguros, tornam os
biossurfactantes produtos vantajosos em relação a toxicidade
Dentre estes, os surfactantes, que são moléculas anfi-
e biodegradabilidade, inocuidade ambiental, estabilidade em
fílicas, ou seja, possuem uma região hidrofílica e uma região
prateleira e adaptabilidade às condições adversas, como pH
lipofílica, são, juntamente com os óleos minerais e vegetais,
e temperatura (GUDIÑA et al., 2015; PEREIRA et al., 2007;
alguns dos adjuvantes mais amplamente utilizados na agri-
REIS, 2017).
cultura (REIS, 2017) e, devido à sua estrutura molecular,
apresentam tendência em acumular-se nas interfaces entre Ensaios em laboratório foram realizados a fim de
as fases de fluidos com polaridades diferentes (por exemplo, se avaliar o potencial de um biossurfactante na redução
óleo-água ou óleo-ar) e reduzem a tensão superficial e inter- de deriva da calda de pulverização. Os resultados estão
facial entre estes fluidos (GUDIÑA et al., 2015). ilustrados na Figura 2. Nesta avaliação foram comparadas
A grande gama de funcionalidades dos surfactantes, a aplicação de duas doses de um biossurfactante (0,05% e
especialmente seu emprego como adjuvantes na agricultura, 0,10% v/v) com a aplicação de água sem nenhum adjuvante.
bem como a busca por fontes renováveis de moléculas com A avaliação foi realizada utilizando-se um túnel de vento
alto poder de surfactação, tem movimentado a sua prospecção de 1 m de comprimento com angulação relativa de 30o,
na natureza. A seleção busca surfactantes superiores, mas sendo que a ponta de pulverização, posicionada ao final
que impliquem na redução dos prejuízos ao ambiente e que do túnel de vento, é do tipo cone vazio, JA (0,15 gal/min).
possuam elevada compatibilidade com “tecnologias verdes” A velocidade do vento foi estimada com um anemômetro,
(MAO et al., 2015; WAGHMODE et al., 2014). sendo estimada em 21 km/h, e a coleta do volume de água
Os biosurfactantes são moléculas químicas similares aos foi realizada com o auxílio de uma canaleta de 0,5 m2, em
surfactantes sintéticos que apresentam capacidade de reduzir um período de 60 segundos.
a tensão superficial entre substâncias polares e apolares (por Observou-se redução na perda por deriva de 21,28%
exemplo, a cutícula da folha e uma solução aquosa aplicada via e de 22,14% nas duas doses, respectivamente, quando
foliar), além de apresentarem elevada atividade emulsificante. comparadas à pulverização sem nenhum adjuvante. Estes
Estes compostos são produzidos como metabólitos secundários resultados corroboram com os resultados obtidos por Santos
resultantes de processos fermentativos mediados por micror- et al. (2019), os quais observaram que a utilização de sur-
ganismos, facilmente isolados de solos contaminados ou não factantes químicos, como nonilfenol etoxilado e nonilfenoxi
por hidrocarbonetos (MARCHANT; BANAT, 2012a; MNIF polietanol, reduzem a perda da calda por deriva em apro-
et al., 2013). ximadamente 20%. Desta forma, é possível observar que o
Existem muitos microrganismos relatados na litera- biossurfactante em estudo apresenta potencial semelhante
tura que são capazes de produzir biosurfactantes, como, por aos surfactantes químicos quando avaliado o potencial de
exemplo, alguns glicolipídios, os soforolipídios, produzidos redução de deriva.
por leveduras do gênero Candida, lipídios, entre eles os Além do potencial de redução de deriva foram reali-
manosileritritol lipídeos (MELs), produzidos por levedu- zados testes sobre o potencial redutor de espuma do biossur-
ras do gênero Pseudozyma e fungos do gênero Ustylago factante em estudo. A avaliação foi realizada pela adição de
(Figura 1A), os ramnolipídios, produzidos por bactérias do detergente, na concentração de 1%. Observou-se o controle
gênero Pseudomonas (MARCHANT; BANAT, 2012b) e as da formação de espuma pela adição de 0,10% de biossurfac-
surfactinas e lipopeptídeos, produzidos por diversas cepas de tante em relação à testemunha, sem adição de surfactante.
bactérias da espécie Bacillus subtilis (Figura 1B). As soluções foram agitadas por 15 segundos e a espuma foi

21
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A

MEL triacilado MEL diacilado MEL monoacilado

tipo diastereômero de MEL MEL monoacilado e triacetilado manosilmanitol lipídio (MML)

manosilarabitol lipídio (MAL) manosilribitol lipídio (MRL)

Figura 1. Exemplos de biosurfactantes. MEL = lipídeo de manosileritritol. (A) Estrutura química de glicolipídios produzidos por linhagens
de leveduras do gênero Pseudozyma. (B) Estrutura primária da surfactina.
Fontes: Morita et al. (2015); Carrillo et al. (2003).

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3. INOCULANTES MICROBIANOS
Os microrganismos, quando aplicados à agricultura,
podem induzir inúmeros benefícios às plantas cultivadas.
Sabendo disso, a pesquisa e a indústria têm se associado
na busca pelo desenvolvimento de uma série de inovações
na área da microbiologia, visando a geração de tecnologias
biológicas aplicáveis ao campo. Entre os benefícios trazidos
por estas tecnologias podemos citar aqueles que incorrem na
nutrição dos cultivos, resultantes de interações probióticas,
simbióticas, prebióticas ou pós-bióticas (Figura 4) entre os
microrganismos e as plantas (VASSILEVA; MALUSÀ, 2021).
No manejo prebiótico são preconizados os produtos que
aumentam a diversidade microbiana e a saúde microbiológica
do solo, promovendo o crescimento de microrganismos já
presentes no sistema solo-planta, podendo ser empregada
uma gama de produtos naturais, entre eles o bio-carvão, lodo
de esgoto, compostagem, húmus, esterco animal e resíduos
Figura 2. Porcentagens relativas do volume de calda aplicada que contendo quitina, entre outros. Estes produtos podem melho-
foram captadas pelo sistema. rar a estrutura do solo, sua atividade bioquímica e aumentar
a população e a diversidade microbiana, principalmente em
solos degradados (BAKER et al., 2011; VASSILEV et al.,
registrada fotograficamente (Figura 3). É possível observar 2013; STRACHEL et al., 2017; VASSILEVA et al., 2020).
que a utilização do surfactante reduziu a formação de espuma Entretanto, a compostagem e o esterco animal também podem
no sistema. O potencial anti-espumante de um composto está ser considerados produtos simbióticos (ADAM et al., 2016)
relacionado com a redução da tensão superficial (DENKOV et por conterem microrganismos, alguns deles também com
al., 2014), desta forma, podemos inferir que o biossurfactante propriedades benéficas às plantas.
em estudo possui capacidade de redução da tensão superficial No manejo probiótico são utilizados produtos compos-
de uma solução. tos por microrganismos benéficos, que exercem atividade como
protetores das plantas e mobilizadores de nutrientes (HAAS;
KEEL, 2003). Entre eles, destacamos as bactérias com alta
atividade enzimática (atividade da enzima ACC-desaminase),
grandes produtoras de fitohormônios (auxinas, citocininas,
giberelinas) e metabólitos osmolíticos (trealose, glicina
betaína, entre outros) (SCHILEV et al., 2019). Visando a
consolidação das tecnologias probióticas, as pesquisas atuais
estão focadas em prospectar e caracterizar os microrganismos
benéficos e em desenvolver processos biotecnológicos pas-
síveis de exploração econômica para obtenção de biomassa
ou esporos, bem como na formulação de produtos que sejam
economicamente viáveis para desenvolver e impactar este
mercado (BASHAN et al., 2016; PARNELL et al., 2016).
O manejo pós-biótico do sistema solo-planta-micror-
ganismo é caracterizado pelo uso de produtos à base de
compostos oriundos de processos metabólicos de microrga-
nismos benéficos às plantas, os quais exercem efeitos bastante
específicos na promoção do crescimento e/ou no biocontrole
de pragas. Alguns exemplos de metabólitos de microrganis-
mos incluem os fitohormônios, os compostos voláteis e os
compostos quorum sensing (uma espécie de mecanismo de
comunicação bacteriana) (SCHIKORA et al., 2016; VASSI-
Figura 3. Ensaio sobre a prevenção na formação de espuma. LEVA et al., 2020).
Garrafas contendo água e detergente na dose de 1%. Dentre os microrganismos benéficos às plantas, alguns
À esquerda, não foi adicionado surfactante; à direita, deles podem ser aplicados à agricultura como “biofertili-
adicionou-se o biosurfactante na dose de 0,10%. zantes”, podendo receber também o nome de “inoculantes

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Tabela 1. Classificação dos inoculantes microbianos, seus mecanismos de ação e exemplos de microrganismos.

Inoculantes
Mecanismo Grupos Exemplos Referências
microbianos

Azotobacter, Anabaena,
Clostridium, Aulosira
Bejerinkia, Nostoc, Klebsiella,
Vida livre
Stigonema, Desulfovibrio,
Rhodospirillum e
Rhodopseudomonas
Aumentam o conteúdo de
Fixação de nitrogênio do solo fixando o N Rhizobium, Frankia, CHOUDHURY; KENNEDY
nitrogênio atmosférico e tornando-o disponível Simbiótico Anabaena azollae e (2004)
para as plantas Trichodesmium
Azospirillum spp.,
Herbaspirillum spp.,
Simbiótico
Alcaligenes, Enterobacter,
associativo
Azoarcus spp. e
Acetobacter diazotrophicus
Bacillus circulans, B. subtilis,
Solubilizam as formas insolúveis Pseudomonas striata,
de P no solo em formas solúveis, Bactérias B. polymyxa, B. megaterium,
Solubilização de Microccocus, Agrobacterium,
secretando ácidos orgânicos e BOARD (2004)
fósforo Aereobacter e Flavobacterium
diminuindo o pH do solo para
dissolver os fosfatos ligados Penicillum spp., Aspergillus
Fungos
awamori e Trichoderma

Micorriza arbuscular,
Transferem o fósforo do solo para o
Glomus spp., Gigaspora spp.,
Mobilização de córtex radicular. Estes são
Micorriza Acaulospora spp., CHANG; YANG (2009)
fósforo inoculantes microbianos de
Scutellospora spp. e
amplo espectro
Sclerocystis spp.

Solubilizam o potássio (silicatos) Bacillus mucilaginosus,


produzindo ácidos orgânicos que Bactérias B. mirculanscan, B. edaphicus
Solubilizante de e Arthrobacter spp.
decompõem os silicatos e ajudam na ETEMASI et al. (2017)
potássio
remoção de íons metálicos e os
disponibilizam às plantas

Fungos Aspergilus niger

Bactérias Bacillus spp.


Mobilização de Mobilizam as formas inacessíveis
JHA (2017)
potássio de potássio no solo
Fungos Aspergilus niger

Promovem a oxidação de enxofre


Oxidação de Oxidantes de
em sulfatos que são utilizáveis Thiobacillus spp. ITELIMA et al. (2018)
enxofre enxofre
pelas plantas
Solubilizam o zinco por prótons,
Solubilizantes Mycorhiza, Pseudomonas spp.
Micronutrientes ligantes quelados, acidificação e KAMRAN et al. (2017)
de zinco e Bacillus spp.
por sistemas oxidorredutores
Pseudomonas spp.,
Produzem hormônios que promovem Rizobactérias Agrobacterium, Pseudomonas
Promotores do
o crescimento das raízes, melhoram promotoras de fluorescens, Arthrobacter,
crescimento das BACKER et al. (2018)
a disponibilidade de nutrientes e crescimento Erwinia, Bacillus, Rhizobium,
planta
melhoram o rendimento das culturas vegetal (PGPR) Enterobacter, Streptomyces e
Xanthomonas

Fonte: Adaptada de Nosheen et al. (2021).

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Figura 4. Diagrama apresentando as três estratégias para o manejo microbiano em um sistema agrícola com base em abordagens pre-
bióticas, probióticas e pós-bióticas. As linhas mostram o efeito direto, as linhas tracejadas mostram as interações e as linhas
pontilhadas os processos de formulação/produção.
Fonte: Adaptada de Vassileva et al. (2020).

microbianos”. Estas aplicações nos sistemas agrícolas são estresses abióticos, tais como seca, alcalinidade dos solos,
realizadas por meio de produtos orgânicos que contêm micror- altas temperaturas, geadas, entre outros, com a vantagem,
ganismos específicos, derivados principalmente da rizosfera ainda, de apresentar custo relativamente baixo (NOSHEEN
de plantas de onde são extraídos. Estes produtos têm sido et al., 2021; YOUSSEF; EISSA et al., 2014).
constantemente desenvolvidos pela indústria e têm induzido Assim, é importante ressaltar que a interação biológica
a melhora no crescimento e na produtividade da planta em até e química dos inoculantes microbianos com as plantas cultiva-
40% (KAWALEKAR, 2013). Os microrganismos presentes das e o solo em que eles são aplicados é muito complexa, por
nestes produtos colonizam a região da rizosfera e também o isso, o conhecimento da composição dos inoculantes micro-
interior da planta, promovendo seu crescimento, com poten- bianos é fundamental para explorar a sinergia das relações
cial para serem utilizados via tratamento de sementes, via entre o solo, a planta e os microrganismos. Essas interações
foliar ou via solo (NOSHEEN et al., 2021). costumam ser afetadas pelas características ambientais do
Os inoculantes microbianos estão agrupados em sistema em que elas estão inseridas, tais como umidade, pH,
diferentes classes, divididos de acordo com suas funções e temperatura, composição do solo, oxigenação do solo, salini-
seu modo de ação (Figura 5). Os inoculantes microbianos dade do meio, entre outras, que acabam por afetar a eficácia
mais amplamente difundidos na agricultura são os fixado- dos inoculantes microbianos (MALUSÀ et al., 2016). Desta
res de nitrogênio (N-fixer), os solubilizadores de potássio forma, uma boa compreensão das inter-relações entre plantas
(K-solubilizer), os solubilizadores de fósforo (P-solubilizer) e e microrganismos é obrigatória, de forma que, se as condições
as rizobactérias promotoras de crescimento de plantas (PGPR) ambientais não estiverem adequadas para o desenvolvido dos
(MAHDI et al., 2010; NOSHEEN et al., 2021). microrganismos e funcionamento de seu metabolismo, suas
Os inoculantes microbianos têm sido foco de desen- populações poderão se esgotar (YOUSSEF; EISSA, 2014) e
volvimento na indústria de produtos biológicos e têm comprometer de maneira decisiva a manutenção dos sistemas
sido muito bem posicionados na agricultura na busca de naturais e agrícolas.
maiores rendimentos das culturas, por meio de suas diversas Com o intuito de conhecer os efeitos dos microrga-
funcionalidades, tornando possível a transformação gradual nismos empregados no manejo biológico da cultura da soja,
de um solo pobre e conducivo em um o solo mais rico em visando estimular o crescimento das plantas, foram avaliados
nutrientes e supressivo às adversidades. A tecnologia bioló- os resultados da aplicação de inoculantes à base de consór-
gica desponta como uma complementação ou uma alternativa cios microbianos, oriundos de combinações entre diferentes
aos fertilizantes químicos, podendo proporcionar, inclusive, espécies de bactérias do gênero Bacillus e combinações entre
maior proteção das plantas contra algumas doenças, contra bactérias do gênero Bacillus + fungos do gênero Trichoderma,

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
Figura 5. Principais funções dos microrganismos aplicados como inoculantes microbianos no crescimento e desenvolvimento das plantas.
Fonte: Adaptada de Nosheen et al. (2021).

aplicados via tratamento de sementes, aplicação em sulco de benéfico sobre o crescimento das plantas de soja, com resul-
semeadura ou via foliar, conforme Tabela 2. tados expressivos também no rendimento em grãos. Dentre
O experimento foi conduzido no cultivo de soja, os tratamentos avaliados, os tratamentos com o consórcio
durante 70 dias, em vasos contendo 10 kg de solo, acondicio- entre as três espécies de Bacillus somadas a uma espécie
nados em casa de vegetação. O delineamento experimental de Trichoderma via sulco de semeadura (T4), e o consórcio
foi inteiramente ao acaso (DIC), com cinco repetições. As entre as três espécies de Bacillus aplicado via tratamento de
sementes cujos tratamentos eram aplicados via semente (TS) sementes (T5) e via sulco de semeadura (T6) foram os que
foram tratadas e, após, foram semeadas no solo contido nos apresentaram os melhores resultados na maioria dos atribu-
vasos. Os tratamentos via sulco de semeadura foram aplicados tos avaliados (Figura 6), comprovando o potencial dos dois
simulando uma taxa de aplicação de 40 L ha-1, e as sementes produtos em questão (produto C e produto D) para uso como
foram depositadas no sulco de semeadura simulado. Os trata- inoculantes biológicos na cultura da soja, visando a promo-
mentos via foliar foram aplicados nos estádios determinados ção do crescimento das plantas desta espécie e consequente
na Tabela 2 (V2, V6 e R2). Após a emergência e o crescimento aumento de produtividade.
das plantas, elas foram cultivadas por 70 dias, com reposição
hídrica efetuada por sistema de gotejamento, mantendo-se Os resultados estão em concordância com o que tem
o solo com cerca de 80% da capacidade de campo e, após sido demonstrado pelas pesquisas com microrganismos apli-
esse período, foram efetivadas as análises para quantificação cados à agricultura nos últimos anos. O potencial das espécies
da biomassa e rendimento de vagens e grãos, quantificação do gênero Bacillus spp. como promotoras de crescimento
de nódulos de plantas e avaliação da arquitetura radicular, em plantas tem sido atribuído a uma série de mecanismos
utilizando-se o software Winrhizo®. Parte dos resultados estão que podem ser indiretos (também referidos como controle
apresentados na Figura 6. biológico) (RUIZ-SÁNCHES et al., 2014) e diretos, tais
As avaliações realizadas demonstraram que a utiliza- como a fixação de nitrogênio (MARTÍNEZ et al., 2013), a
ção dos consórcios de microrganismos aplicados em todas as solubilização de fosfato (ANGULO et al., 2014) e a produção
modalidades testadas, seja no tratamento via semente, seja de hormônios vegetais (POVEDA; GONZÁLEZ-ANDRÉS,
via sulco de semeadura ou via foliar, induziu grande efeito 2021).

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Tabela 2. Tratamentos, microrganismos e modo de aplicação preconizados no ensaio de avaliação dos efeitos da aplicação de micror-
ganismos benéficos sobre o crescimento de plantas de soja.

Tratamento Descrição Microrganismos Modo de aplicação

T1 Testemunha - -

T2 Produto A 2 sp.* Trichoderma + 1 sp. Bacillus Semente + Foliar

T3 Produto B 3 sp.* Bacillus Semente + Foliar

T4 Produto C 3 sp.* Bacillus + 1 sp. Trichoderma Sulco de semeadura

T5 Produto D 3 sp.* Bacillus Semente

T6 Produto D 3 sp.* Bacillus Sulco de semeadura

* Número de espécies do gênero do microrganismo em questão presente no consórcio microbiano.

Estudos relatam o uso de Bacillus firmus, uma rizobacté- ciados, principalmente, à produção de compostos promotores
ria promotora de crescimento, como potente produtora de ácido de crescimento, bem como à melhoria na nutrição das plantas,
indolacético (AIA), uma auxina, como metabólito secundário. principalmente pela solubilização de P (OLIVEIRA et al.,
A auxina é um hormônio vegetal ligado ao aumento do compri- 2012; SILVA et al., 2012) e síntese de auxinas (OLIVEIRA
mento e do número de pelos radiculares, bem como da área de et al., 2012; CHAGAS et al., 2016). Estas propriedades dos
superfície radicular, ambas características que conferem maior fungos do gênero Trichoderma podem corroborar com os
potencial de absorção de água e nutrientes minerais do solo efeitos visualizados no trabalho em questão, somando-se aos
(HUANG et al., 2021), além de atuar como um forte solubili- resultados proporcionados pelas bactérias do gênero Bacillus
zador de fosfatos, capaz de promover o aumento na disponibi- nos produtos estudados.
lidade de fósforo (P) para as plantas, principalmente através da
produção de ácidos orgânicos (DATTA et al., 1982; QARNI et 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
al., 2021), tais como acetato, ácido lático, ácido oxálico, ácido
succínico, ácido tartárico e ácido glucônico, configurando-se As previsões de aumento da população mundial e a
como um dos principais mecanismos bioquímicos envolvidos crescente busca por uma agricultura mais sustentável do ponto
na solubilização de P, cuja atuação reside em dissolver direta- de vista ecológico, bem como a procura por novas alternativas
mente o fosfato e/ou quelar cátions que acompanham o ânion para incremento da produtividade nos sistemas agrícolas e a
fosfato (CHEN et al., 2006). tentativa de contornar as altas nos preços dos insumos têm
influenciado grandemente a geração de tecnologias biológicas
Mattos et al. (2020) e López-Bucio et al. (2006) obtive-
inovadoras. Não obstante, uma série de grupos de micror-
ram resultados semelhantes com a inoculação de plantas com
ganismos têm sido amplamente utilizados na indústria de
Bacillus megaterium. Em seus trabalhos, os autores atribuíram
produtos biológicos, dado seu grande potencial na agricultura,
os ganhos em crescimento das plantas de sorgo e de Arabidop-
associado às suas características industriais e à sua eficácia
sis thaliana, respectivamente, à solubilização de fosfato, com
que tem sido comprovada dia após dia (VARY et al., 2007).
ganho significativo em acúmulo de biomassa e seu conteúdo
de P, além da produção e do teor de P nos grãos em campo Entre as tecnologias que tem repercutido no campo
colhido, assim como na promoção de crescimento das plantas encontramos os inoculantes microbianos – seja para pro-
de A. thaliana, em vias supostamente independentes de auxinas moção de crescimento, seja para aumento da tolerância aos
e etileno. Diversos outros autores associam ganhos semelhantes estresses, seja para melhoria na fertilidade dos solos – e alguns
ao observado no trabalho em questão a vias reguladas por fito- adjuvantes oriundos de processos fermentativos geradores de
hormônios, principalmente às auxinas, giberelinas, citocininas metabólitos, em especial os surfactantes.
e ao ácido abscísico (KARADENIZ et al., 2006). Existem muitos microrganismos relatados na literatura,
Adicionalmente, o uso de fungos como inoculantes por exemplo, que são capazes de produzir biosurfactantes,
também tem sido bastante difundido na agricultura. O gênero podendo ser derivados de moléculas de baixo ou alto peso
Trichoderma tem sido amplamente utilizado visando a pro- molecular, e as bactérias e arqueias são as principais produ-
moção do crescimento vegetal. Este fungo pode influenciar toras de compostos tensoativos e de biossurfactantes. Estes
de forma positiva desde a germinação das sementes e o compostos, que são ecologicamente seguros, tornam os bios-
desenvolvimento radicular até o rendimento final da cultura surfactantes produtos vantajosos em relação à toxicidade e à
no período de colheita. Seus efeitos benéficos tem sido asso- biodegradabilidade, bem como à sua eficácia em aplicação.

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
Figura 6. Resultados das avaliações realizadas em plantas de soja tratadas com os consórcios microbianos 70 dias após a
semeadura: (a) comprimento médio de raiz por planta; (b) classes de comprimentos médios de raiz por planta
de acordo com os diâmetros radiculares; (c) massa de nódulos formados por Bradyrhizobium spp. por planta;
(d) massa média de raízes por planta; (e) número médio de vagens por planta; e (f) peso médio de grãos por planta.
Letras diferentes sobre as colunas representam diferenças significativas pelo teste de Tukey (5%). (*) representa
diferença significativa, em comparação à testemunha, pelo teste de Tukey (5%).

No campo dos inoculantes microbianos, estas tecnologias Estas tecnologias têm, portanto, impulsionado a pro-
têm despontado como uma complementação ou uma alternativa dutividade no campo e têm gerado uma revolução na agri-
aos fertilizantes químicos, podendo proporcionar, inclusive, cultura e no manejo integrado do sistema agrícola como um
maior proteção das plantas contra algumas doenças e contra todo, trazendo novos horizontes para o uso de tecnologias no
estresses abióticos, tais como seca, alcalinidade dos solos, altas campo, focadas na tendência da sustentabilidade, buscando
temperaturas, geadas, entre outros, com a vantagem, ainda, de suprir as necessidades da geração presente, mas de forma
apresentarem custo relativamente baixo. que não afete o suprimento da demanda das gerações futuras.

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
REFERÊNCIAS DATTA, M.; BANIK, S.; GUPTA, R. K. Studies on the effi-
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29
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
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MEDRANO, S. M. A.; AGUILAR, J. R. P. Caracterización de Maria, RS, 2017.
rizobacterias aisladas de tomate y su efecto en el crecimiento
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n. 1, p. 63–69, 2013. TÓBAL-ALEJO, J.; VALENCIA-BOTÍN, A.; REYES-
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J. F.; GRIESANG, F.; POLANCZYK, R. A.; FERREIRA, M.
MNIF, I.; ELLEUCH, M.; CHAABOUNI, S. E.; GHRIBI, D. da C. Effect of addition of adjuvants on physical and chemi-
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uso, consumo, eficiência e intensidade. Revista Brasileira ventions in agriculture and environment: volume 1: Research
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30
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
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caster University, Lancaster, 2019.
VASSILEVA, M.; FLOR-PEREGRIN, E.; MALUSÁ, E.;
STRACHEL, R.; WYSZKOWSKA, J.; BAĆMAGA, M. VASSILEV, N. Towards better understanding of the interac-
The role of compost in stabilizing the microbiological and
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probiotics, postbiotics and synbiotics. Frontiers in Plant
Soil Pollution, v. 228, n. 9, 2017.
Science, v. 11, 1068, 2020.
TCHAKER, F. Z.; MERAH, O.; DJAZOULI, Z. E. Toxicity
WAGHMODE, S.; KULKARNI, C.; SHUKLA, S.; SUR-
Evaluation of Dittrichia viscosa L’s aqueous extracts in
combination with bio-adjuvant Silene fuscata on Chaitopho- SAWANT, P. VELHAL, C. Low cost production of biosur-
rus leucomelas Koch.(Hom., Aphididae) and on biocenotic factant from different substrates and their comparative study
resumption of functional groups. Jordan Journal of Agri- with commercially available chemical surfactant. Interna-
cultural Sciences, v. 12, n. 3, p. 797–814, 2016. tional Journal of Scientific & Technology Research, v. 3,
n. 3, p. 146–149, 2014.
VARY, P. S.; BIEDENDIECK, R.; FUERCH, T.; MEI-
NHARDT, F.; ROHDE, M.; DECKWER, W. D.; JAHN, D. YOUSSEF, M. M. A.; EISSA, M. F. M. Biofertilizers and
Bacillus megaterium – from simple soil bacterium to indus- their role in management of plant parasitic nematodes. Jour-
trial protein production host. Applied Microbiology and nal of Microbial & Biochemical Technology, v. 5, n. 1,
Biotechnology, v. 76, n. 5, p. 957–967, 2007. p. 1–6, 2014.

CURSO ON-LINE SOBRE NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO


DAS PRINCIPAIS CULTURAS COMERCIAIS
DO BRASIL

31
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
DIVULGANDO A PESQUISA

CALAGEM E SILICATO DE CÁLCIO-MAGNÉSIO CAUSAM ESTRATIFICAÇÃO


DE ATRIBUTOS QUÍMICOS EM CAMPOS SOB PLANTIO DIRETO1
João Arthur Antonangelo2, Jayme Ferrari Neto3, Carlos Alexandre Costa Crusciol4,
Hailin Zhang5, Luís Reynaldo F. Alleoni6

A
estratificação das propriedades químicas do Resultados:
solo sob plantio direto (PD) de longa duração, • As operações de PD provocaram a estratificação de
onde são utilizados diferentes regimes de pH todos os atributos químicos do solo estudados, independen-
do solo e em diferentes sistemas de cultivo (SC), ainda não temente do SC e da alteração do pH do solo.
foi estudada. Objetivou-se avaliar o efeito da aplicação super-
• A aplicação de calcário ou SCM diminuiu signifi-
ficial de corretivos do pH do solo sobre os atributos químicos
cativamente o alumínio trocável (Al) e a acidez potencial
do solo de amostras estratificadas de solo e sua relação com
(H+Al), e aumentou pH, cálcio (Ca), magnésio (Mg), silício
a produtividade da cultura da soja subsequente. O efeito da
(Si), a soma de bases (SB) e a saturação por bases (SB%) nas
aplicação superficial de calcário e silicato de cálcio-magnésio
camadas superiores do solo (até 10 cm) para a maioria dos
(SCM) sobre os atributos químicos de amostras de solo
SC estudados *(Figura 1).
com profundidade de incremento (0-5, 5-10, 10-20, 20-40
e 40-60 cm) foi avaliado. Além disso, suas relações com a • Os parâmetros de acidez do solo de 0 a 5 cm foram
produtividade subsequente de soja (Glycine max) em um solo relacionados à produtividade da soja, e a estratificação de
tropical ácido sob PD com quatro SC (SB: soja-Brachiaria H+Al levou a uma diferença de 2 t ha-1 de correção neces-
brizantha; SC: soja-Crotalaria spectabilis; SP: soja-pousio; sária (p < 0,001) quando o solo é amostrado de 0 a 5 cm em
e ST: soja-Triticum aestivum) foram comparadas. comparação com a amostragem de 0-20 cm.

NS
Profundidade do solo (cm)

NS
NS
NS

SB
NS SC NS

SP
ST
NS NS

Figura 1. Fósforo trocável (P), potássio (K) e enxofre (S) no perfil do solo em função de quatro sistemas de cultivo – SB: soja-braquiária
(Brachiaria brizantha), SC: soja-crotalária (Crotalaria spectabilis), SP: soja-pousio (sem cultivo rotativo) e ST: soja-trigo
(Triticum aestivum). Os pontos são a média de repetições (n = 4) compreendendo todas as correções do solo (n = 3) = Controle,
Calcário dolomítico (Cal) e Silicato de cálcio-magnésio (SCM) (n = 4 × 3 = 12). As barras horizontais indicam a Diferença
Mínima Significativa (DMS) em p ≤ 0,05. NS: não significativo. Observe as diferentes escalas no eixo X dos gráficos.

1
Publicado em: Soil & Tillage Research, v. 224,105522, 2022; https://doi.org/10.1016/j.still.2022.105522.
2
Engenheiro Agrônomo, Dr., Austin Peay State University, Department of Agriculture, Clarksville, EUA; e-mail: antonangeloj@apsu.edu
3
Engenheiro Agrônomo, Dr., Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, Campo Grande, MS.
4
Engenheiro Agrônomo, PhD, Professor Titular, Faculdade de Ciencias Agronomicas, FCA/UNESP, Botucatu, SP.
5
Engenheiro Agrônomo, PhD, Department of Plant and Soil Sciences, Oklahoma State University, Stillwater, EUA.
6
Engenheiro Agrônomo, PhD, Professor Titular, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, SP.

32
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
PAINEL AGRONÔMICO

EMPRESA CRIA CRIPTOMOEDA VINCULADA YARA REALIZA PRIMEIRA CABOTAGEM DE


À COTAÇÃO DE FERTILIZANTE FERTILIZANTES NO BRASIL
A Cibra, empresa do setor de fertilizantes, anunciou a O primeiro envio de fertilizantes a granel via cabotagem
criação de uma criptomoeda – a CibraCoin – para “estabilizar” do Brasil foi iniciado pela Yara Fertilizantes. Partindo do Rio
o mercado deste insumo tão volátil desde o início da guerra Grande do Sul, a embarcação, que carrega 15 mil toneladas de
entre Rússia e Ucrânia. Esta moeda digital é classificada como produtos, tem como destino a unidade misturadora de São Luís,
“stablecoin” (ou moeda estável, em português) justamente no Maranhão. A viagem, passano por toda a costa brasileira, sem
escalas, deve durar sete dias. O objetivo, segundo a empresa,
porque tem seu valor indexado ao preço internacional do MAP,
é atender aos agricultores da região do Matopiba (Maranhão,
fertilizante fosfatado mais usado na agricultura mundialmente. Tocantins, Piauí e Bahia), sobretudo da cultura de soja).
Na prática, uma CibraCoin vale uma tonelada de MAP e o
“O mercado da Fronteira Norte é o que mais cresce em ter-
agricultor pode convertê-la em produto no momento que mos de área plantada no país, e agora teremos mais uma opção de
desejar, independentemente da variação do preço no mercado, abastecimento para a região, com um produto nacional”, completou
ou, se preferir, vender o token valorizado. o executivo ao citar que a região do Matopiba, segundo a Conab,
Segundo a empresa, no caso dos produtores, as seguin- plantou cerca de 8,2 milhões de hectares na safra 2020/21.
tes vantagens são: liquidez, previsibilidade do preço do O vice-presidente da Yara definiu o transporte via cabotagem
fertilizante, menor risco de crédito e inclusão de pequenos como uma operação “rápida e segura e sustentável”, especialmente
produtores, por ser mais barato que o modelo hedge. na comparação com o transporte rodoviário. “Uma carga de 15 mil
toneladas, por exemplo, partindo de Rio Grande para São Luís,
Por outro lado, o token serve como veículo para o
precisaria de 405 caminhões para realizar o trajeto de mais de 3 mil
investidor obter exposição a um mercado alternativo de forma km via rodovias, o que passa a ser feito em aproximadamente sete
segura. Neste caso, as vantagens são investir nos crescentes dias por mar, com apenas um navio”, explica Maicon.
mercados dos fertilizantes e do agro com baixo custo, pouca “Em um contexto em que a logística é um dos grandes
burocracia e simplicidade. (Agrofy News) desafios para a entrega dos fertilizantes para a safra de verão,
contarmos com uma nova modalidade de transporte é fundamental
para a segurança alimentar”, destaca. (AgroFy News)
MANEJO DE FERTILIZANTES ORGÂNICOS PODE
OTIMIZAR O APROVEITAMENTO DO NITROGÊNIO
SETOR DE FERTILIZANTES ESPECIAIS
Uma pesquisa da Embrapa Agrobiologia identificou CRESCE 41,8% EM 2020
que a forma de fazer o manejo de fertilizantes orgânicos
no solo pode fazer toda a diferença no aproveitamento do O mercado de fertilizantes especiais no Brasil registrou
nitrogênio. O pesquisador Ednaldo Araújo estudou o uso em 2021 um crescimento recorde de 64,96%, com o total de
de diferentes fertilizantes orgânicos e explica que, antes, a R$ 16,6 bilhões em vendas, de acordo com a Associação
recomendação era incorporar o adubo ao solo para não per- Brasileira de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo). Os
der nitrogênio por volatilização de amônia. Mas agora, após indicadores compõem a nona edição do Anuário Brasileiro de
os experimentos, a recomendação de incorporar o material Tecnologia em Nutrição Vegetal 2022, publicado pela entidade.
ao solo passa a ser dependente do tipo de adubo disponível. “Os fertilizantes especiais já provaram ser alternativa
A prática é destinada especialmente aos produtores de tecnológica efetiva na busca do aumento da eficiência dos
hortaliças e frutíferas em sistemas orgânicos de produção, processos nutricionais e para o aumento da produtividade”,
que geralmente são bastante dependentes do aporte de fontes disse, em coletiva de imprensa, o presidente executivo da
nitrogenadas orgânicas. Os testes realizados apontam que, Abisolo, Clorialdo Roberto Levrero. Os resultados foram
no caso de adubos com alta concentração de nitrogênio, a impulsionados pelo aumento da percepção de valor dos
incorporação ao solo é fortemente recomendada, pois evita produtos da indústria pelos agricultores e da conscientização
perda do nutriente em forma de amônia em cerca de 40% do sobre a importância da recuperação dos solos, visando a maior
total aplicado. Já no caso de adubos orgânicos com baixa dis- eficiência dos processos nutricionais e da produtividade.
ponibilidade de nitrogênio, como é o caso do esterco bovino Neste cenário, a alta no faturamento do setor ocorreu em
e da biomassa de leguminosas, a incorporação ao solo pode todas as categorias de fertilizantes especiais, sendo que a maior
resultar em custo desnecessário, pois a perda de nitrogênio variação foi identificada em fertilizantes orgânicos, com alta de
por volatilização de amônia é baixa, o que permite que o 130,8%, seguidos pelos organominerais, com alta de 68,3%, e
material permaneça em cobertura. (Embrapa Agrobiologia) pelos minerais especiais, com crescimento de 57,9%. (Abisolo)

33
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
EVENTO DA NPCT

1º SIMPÓSIO ONLINE SOBRE


TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NA AGRICULTURA
Data: 8 a 10 de NOVEMBRO de 2022 Contato para patrocínio:
EVENTO GRATUITO Evandro Lavorenti
Inscrições: Somente pelo website da NPCT: Email: ELavorenti@npct.com.br
https://www.npct.com.br/TransformacaoDigital Telefone: (19) 98151-3548

PROGRAMA
8/NOVEMBRO/2022 – TERÇA-FEIRA MÓDULO 3 – PROTEÇÃO DE PLANTAS

MÓDULO 1 – ASPECTOS GERAIS SOBRE AGRICUL- 10:55-11:20 h Palestra 1: Aplicação localizada de agroquímicos
TURA DIGITAL NO BRASIL no Brasil: do autopropelido ao drone – Fabio
Baio, UFMS
Moderador: Dr. André Zabini, Laboratório Agronómico
11:20-11:30 h Espaço Técnico do Patrocinador Ouro, Ouro 04
09:00-09:10 h Abertura e boas-vindas
11:30-11:55 h Palestra 2: Estratégias para manejo de nematoi-
09:10-09:20 h Espaço Técnico do Patrocinador Ouro, Ouro 01 des com ferramentas de AP – Julio Franchini,
09:20-09:55 h Palestra 1: Panorama do uso de ferramentas digi- Embrapa Soja
tais nas lavouras - Fabrício Povh, Fundação ABC 11:55-12:30 h Debate
09:55-10:30 h Palestra 2. Manejo agrícola com uso intensivo
de dados – Leandro Gimenez, ESALQ/USP 10/NOVEMBRO/2022 – QUINTA-FEIRA
10:30-10:35 h Vídeo Institucional Patrocinador Prata, Prata 01 MÓDULO 4 – TECNOLOGIAS DE TRANSFORMAÇÃO
10:35-10:55 h Intervalo Moderador: Dr. Leandro Gimenez, ESALQ/USP
10:55-11:30 h Palestra 3: Desafios dos produtores na imple-
mentação das ferramentas de agricultura 09:00-09:10 h Introdução
digital - Charles Peeters, Agropecuária Peeters 09:10-09:20 h Espaço Técnico do Patrocinador Ouro, Ouro 05
11:30-11:40 h Espaço Técnico do Patrocinador Ouro, JACTO – 09:20-09:45 h Palestra 1: Estado da arte dos sistemas sensores
Palestra: em definição para caracterização do solo – Tiago Tavares,
11:40-12:30 h Discussão geral CENA/USP
09:45-10:10 h Palestra 2: Integração de dados meteorológicos
9/NOVEMBRO/2022 – QUARTA-FEIRA para manejo das lavouras – Rodrigo Tsukahara,
Fundação ABC
MÓDULO 2 – NUTRIÇÃO DE PLANTAS
10:10-10:15 h Vídeo Institucional Patrocinador Prata, Prata 03
Moderador: Dr. Luís Ignácio Prochnow, NPCT
10:15-10:40 h Debate
09:00-09:10 h Introdução 10:40-10:55 h Intervalo
09:10-09:20 h Espaço Técnico do Patrocinador Ouro, HINOVE
- Fertilizantes Especiais – Palestra: em definição MÓDULO 5: AGRICULTURA DIGITAL NO MANEJO
AGRÍCOLA
09:20-09:45 h Palestra 1: A lacuna entre os dados e a decisão,
estudo de caso para a aplicação localizada de 10:55-11:20 h Palestra 1: População de plantas em taxa variável
nitrogênio – André Colaço, CSIRO – Geomar Corasa, Cooperativa Central Gaúcha
09:45-10:10 h Palestra 2: Importância da variabilidade espa- 11:20-11:30 h Espaço Técnico do Patrocinador Ouro, Ouro 06
cial no manejo nutricional em sistemas de pro- 11:30-11:55 h Palestra 2: Sensoriamento Remoto aplicados
dução – Leandro Zancanaro, Raízes Consultoria em Ambientes de Produção – José Alexandre
10:10-10:15 h Vídeo Institucional Patrocinador Prata, Prata 02 Demattê, ESALQ/USP
10:15-10:40 h Debate 11:55-12:30 h Debate
10:40-10:55 h Intervalo 12:30-12:40 h Encerramento

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
CURSOS, SIMPÓSIOS E OUTROS EVENTOS

1. TREINAMENTO EM MANEJO DE FONTES 6. 30º SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM


ALTERNATIVAS E ESPECIAIS DE
Local: COPLACANA, Av. Comendador Luciano Guidotti,
FERTILIZANTES
n. 1937, Jardim Caxambú, Piracicaba, SP
Local: A distância Data: 5 e 6/NOVEMBRO/2022
Data: 29/SETEMBRO a 15/DEZEMBRO/2022 Informações: Secretaria Geral
Informações: FEALQ E-mail: smpesalq@gmail.com
E-mail: cdt1@fealq.com.br Website: https://smp2021.com.br
Website: https://fealq.org.br
7. I REUNIÃO BRASILEIRA DE
2. XIV REUNIÃO BRASILEIRA DE MICROMORFOLOGIA DE SOLOS
CLASSIFICAÇÃO E CORRELAÇÃO DE SOLOS
Local: Departamento de Ciência do Solo – ESALQ,
Locais: Goiás e Tocantins Piracicaba, SP
Data: 8 a 15/OUTUBRO/2022 Data: 11 a 15/NOVEMBRO/2022
Informações: EMBRAPA Informações: FEALQ
E-mail: sbcs@sbcs.org.br E-mail: fealq@fealq.org.br
Website: https://www.embrapa.br/en/solos/rcc Website: https://fealq.org.br

3. 45º TREINAMENTO SOBRE SISTEMA 8. XIV REUNIÃO SUL BRASILEIRA DE CIÊNCIA


ROTACIONADO INTENSIVO DE PRODUÇÃO DO SOLO
DE PASTAGENS PARA BOVINOS DE CORTE
Local: Oceania Park Hotel & Convention Center, Rua do
Local: Centro de Treinamento – Departamento de Zootecnia Marisco, 550, Ingleses ,Centro, Florianópolis, SC
da ESALQ/USP, Piracicaba, SP Data: 16 a 18/NOVEMBRO/2022
Data: 25 a 28/OUTUBRO/2022 Informações: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo
Informações: Centro de Treinamento do Departamento E-mail: sbcs@sbcs.org.br
de Zootecnia – CT-LZT Website: https://www.sbcs.org.br
Telefone: (19) 3429-4438
E-mail: ct.esalq@usp.br
9. VII ENCONTRO NACIONAL DA CULTURA DO
4. I SIMPÓSIO SOBRE CAFEICULTURA MILHO
REGENERATIVA: ALINHANDO Local: Centro de Cultura e Eventos Jatobá, Auditório do
SUSTENTABILIDADE COM LUCRATIVIDADE IF Goiano Campus Rio Verde, Rio Verde, GO, com
Local: A distância transmissão ao vivo
Data: 25 e 26/OUTUBRO/2022 Data: 7 e 8/DEZEMBRO/2022
Informações: FEALQ Informações: FEALQ
Telefone: (19) 3417-6600 Telefone: (19) 3417-6600
E-mail: fealq@fealq.org.br E-mail: fealq@fealq.org.br
Website: https://fealq.org.br Website: https://fealq.org.br

5. 7° CONGRESSO NACIONAL DAS MULHERES 10. COMPLEXOS E QUELATOS EM


DO AGRONEGÓCIO FERTILIZANTES ESPECIAIS E NUTRIÇÃO
DE PLANTA
Local: Transamerica Expo Center, Av. Dr. Mário Villas
Boas Rodrigues, 387, Santo Amaro, São Paulo, SP Local: A distância
Data: 26 e 27/OUTUBRO/2022 Data: 1 a 14/FEVEREIRO/2023
Informações: Secretaria Geral Informações: FEALQ
E-mail: contato@mulheresdoagro.com.br E-mail: fcdt@fealq.com.br
Website: https://www.mulheresdoagro.com.br Website: https://fealq.org.br

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
PUBLICAÇÕES RECENTES

1. MANUAL DE ENTOMOLOGIA - PRAGAS DAS 4. 19 LIÇÕES DE PEDOLOGIA - 2ª edição atualizada


CULTURAS - volume 1 e aprimorada

Autores: Adalton Raga et al.; 2022. Autor: Igo F. Lepsch; 2021.


Conteúdo: Esta obra é voltada para os aspectos científicos, Conteúdo: Histórico e fundamentos da Ciência do Solo;
técnicos e práticos no controle sustentável de rochas e seus minerais; intemperismo dos mine-
pragas, sem prejuízos para o ecossistema. Estas rais das rochas e formação dos argilominerais; os
têm tido um ambiente propício para sobrevivên- sólidos ativos do solo: argila e húmus; capacidade
cia em função do aumento de diferentes culturas de troca de íons; Física do solo: granulometria,
importantes no país, para alimentação humana densidade, consistência e ar do solo; caracte-
e animal. Este volume I (1ª edição) contempla rísticas e comportamento da água; composição
21 capítulos escritos por 50 autores e coautores, química e dinâmica da solução do solo; mor-
trazendo à comunidade agropecuária o manejo fologia: organização do solo como corpo natu-
de pragas em cereais, estimulantes, frutas, fibras, ral; acidez, alcalinidade e salinidade do solo;
oleaginosas, além de mandioca e tabaco. biologia do solo: organismos vivos e matéria
Preço: R$ 350,00 orgânica; análises químicas do solo e suas
Número de páginas: 477 (ricamente ilustrado) interpretações; processos e fatores de forma-
Informações: Editora Agronômica Ceres ção do solo; classificação dos solos; o Sistema
E-mail: contato@editoraceres.com.br Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS);
Website: https://www.editoraceres.com.br levantamentos de solos e suas interpretações;
solos do Brasil; solos do mundo; degradação
e conservação dos solos.
2. EDUCAÇÃO EM SOLOS
Preço: R$ 158,00
Organizadores: Fabiane Machado Vezzani et al.; 2022. Número de páginas: 310
Conteúdo: A obra é destinada aos interessados na Educação Venda: Livraria UFV
em Solos, nos diferentes espaços educacionais Website: https://www.editoraufv.com.br
formais ou não formais, nos diferentes níveis
da educação, na extensão universitária ou rural,
5. PLANEJAMENTO E MANEJO DA ÁGUA NA
nas ações de educação ambiental, e outros
AGRICULTURA IRRIGADA - 2a edição
campos que tenham interesse ou envolvimento
com esta temática. São 15 capítulos escritos por Autores: Daniel Fonseca de Carvalho, Luiz Fernando Cou-
34 autores de 18 diferentes instituições. tinho de Oliveira; 2022.
Preço: R$ 40,00 Conteúdo: Este livro aborda importantes aspectos rela-
Número de páginas: 342 cionados ao uso racional da água visando à
Venda: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo sustentabilidade da agricultura irrigada em
Website: https://www.sbcs.org.br/loja projetos agrícolas. Disponibiliza informações
que permitem planejar, avaliar e manejar ade-
quadamente sistemas de irrigação, com base
3. TÓPICOS EM CIÊNCIA DO SOLO - Volume X em aspectos relacionados à agrometeorologia,
Editores: Eduardo da Costa Severiano et al.; 2022. balanço de água no solo e resposta fisiológica
Conteúdo: A obra é composta de 12 capítulos, com des- da planta. Essas técnicas estão diretamente
taque para as áreas de física do solo, manejo e associadas à redução do desperdício de água
conservação do solo, microbiologia do solo e normalmente observado em áreas irrigadas,
fertilidade e nutrição de plantas. Esta obra será buscando aumentar sua eficiência pelas plan-
de grande utilidade para estudantes de graduação tas, além de possibilitar o equilíbrio susten-
e de pós-graduação, bem como para profissionais tável dos pontos de vista econômico, social
atuantes na área de Ciência do Solo. e ambiental.
Preço: R$ 200,00 Preço: R$ 120,00
Número de páginas: 728 Número de páginas: 372
Venda: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo Venda: Editora da Universidade Federal de Viçosa
Website: https://www.sbcs.org.br/loja Website: https://www.editoraufv.com.br

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PUBLICAÇÃO DO IPNI/NPCT

Conteúdo: Anais do Simpósio de Nitrogênio e Enxofre


na Agricultura Brasileira, realizado em
2006. Com 18 capítulos, o abrangente livro
começa detalhando a dinâmica destes dois
nutrientes na matéria orgânica -– fração do
solo com nova dimensão de importância
devido ao sistema plantio direto, discorre
sobre a fixação biológica do nitrogênio,
avalia os métodos de diagnóstico para
nitrogênio e enxofre no solo e na planta,
discute suas funções nas plantas, apresenta
os processos de produção industrial e faz
a recomendação de uso para as principais
culturas. (Edição 2007).
Preço: R$ 100,00
Número de páginas: 722
Pedidos: NPCT
Website: https://loja.npct.com.br

Autor: Arnaldo Antonio Rodella; 2018.


Conteúdo: O presente livro oferece uma visão
abrangente sobre os requisitos de
qualidade dos fertilizantes minerais
sólidos. Para tanto, são considerados
os fundamentos básicos, os métodos
de determinação e, sempre que
possível, o emprego desses
parâmetros em pesquisas envolvendo
a qualidade dos fertilizantes.
Preço: R$ 160,00
Número de páginas: 226
Pedidos: NPCT
Website: https://loja.npct.com.br

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT Nº 15 – SETEMBRO/2022
Ponto de Vista

PREÇO E UTILIZAÇÃO DE FERTILIZANTES

Luís Ignácio Prochnow

C
ommodities são materiais de consumo mundial, seu fertilizante, estando sujeito fundamentalmente às oscila-
em estado bruto ou de simples industrialização, ções de mercado. A sua margem de lucro é definida no final
cujo preço é definido pela conjuntura econô- do processo de produção, após a análise e ajuste dos custos
mica global, mais especialmente pelo balanço entre oferta e envolvidos, estando, ainda assim, sempre à mercê da concor-
demanda. São exemplos de commodities os minérios, tal como rência. Com isso, para as empresas que compram matéria-
o minério de ferro, os produtos de origem agrícola, tais como prima fertilizante, tais variações abruptas são indesejadas,
soja e milho, e vários insumos, entre eles os fertilizantes. pois, se a compra for realizada a preços muito elevados, a
Nos últimos meses, como consequência das alterações empresa poderá ter um balanço de caixa negativo ao ter que
da oferta e demanda, temos observado uma variação anormal vender mais adiante este mesmo produto a preços mais bai-
no preço dos fertilizantes, com aumentos da ordem de 200 a xos. Este é um dos fatores que fazem do ramo de fertilizantes
300%, em alguns casos. As barreiras alfandegárias impostas um setor complicado, e que demanda muita atenção para se
a alguns países, principalmente à Bielorússia, e a guerra entre manter ativo.
Rússia e Ucrânia – três importantes países fornecedores de Quanto aos agricultores, estes devem procurar o equilí-
fertilizantes ao mundo – geraram temor no setor agrícola com brio, ajustando-se às oscilações de mercado e aplicando os fertili-
a possibilidade da falta de fertilizantes e, com isso, os preços zantes de forma correta, de modo a obter o maior lucro possível.
subiram. Porém, com o tempo, verificou-se que o fluxo da O Jornal Informações Agronômicas, ao longo da sua
oferta de fertilizantes para os mercados agrícolas continuou história, tem cumprido o papel, entre outros serviços, de
ocorrendo com certa normalidade, e diante disto houve fornecer aos agricultores as melhores recomendações de
pressão no sentido contrário, ou seja, de declínio nos preços. adubação, com a indicação das melhores e mais econômicas
É importante notar que, por se tratar de uma commodity, doses de fertilizantes. E isto não tem sido feito em um único
uma empresa não tem o poder de definir o preço de venda do artigo, mas em muitos deles, há mais de 40 anos!

NUTRIÇÃO DE PLANTAS CIÊNCIA E TECNOLOGIA


Rua Ataulfo Alves, 352, sala 1 - CEP 13424-370 - Piracicaba (SP) - Brasil
Celular/Whatsapp: (19) 98181-3446

LUÍS IGNÁCIO PROCHNOW - Diretor Geral, Engo Agro, Doutor em Agronomia


E-mail: LProchnow@npct.com.br

EVANDRO LUÍS LAVORENTI - Diretor de TI, Analista de Sistemas


E-mail: ELavorenti@npct.com.br

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