Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/304354615
CITATIONS READS
0 4,551
4 authors, including:
SEE PROFILE
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
SOIL TILLAGE AND CROP ROTATION FOR SUGARCANE CROPS “RENEWAL”: EFFECTS OF NITROGEN FERTILIZATION ON SUGARCANE RATOON CROPS View project
All content following this page was uploaded by Hugo Abelardo Gonzalez Villalba on 27 June 2016.
O
nitrogênio (N) é um nutriente importante para todos desnitrificação; volatilização de NH3 do solo; perdas gasosas de N
os organismos vivos da Terra, sendo, muitas vezes, do tecido das plantas; entre outras, o que explica a baixa EuN, sendo
o que mais limita a produtividade dos cultivos agrí- esta menor com o aumento das doses. Esses fatos podem resultar em
colas. Está presente em inúmeras moléculas orgânicas complexas e baixo desempenho produtivo das culturas e risco de contaminação
exerce papel extremamente importante no metabolismo das plantas ambiental, tendo implicações na sustentabilidade dos agrossistemas.
(MalavolTa e Morais, 2007). o N é absorvido pelas plantas
nas formas nítrica (No3-), amoniacal (NH4+), amídica [Co(NH2)2] a ureia é o fertilizante nitrogenado mais usado no brasil.
e gasosa (N2). as plantas absorvem predominantemente as duas Quando aplicada ao solo, pode sofrer hidrólise por ação da enzima
primeiras formas, sendo a última exclusiva das leguminosas. urease, convertendo o r-NH2 em NH4+. Por consumir H+ do meio,
essa reação promove elevação no pH do solo próximo aos grânulos
Três dos cinco tópicos de pesquisa de máxima priori- de fertilizantes, favorecendo a transformação do NH4+ em NH3, uma
dade na ciência do solo para o século 21 incluem: (a) impacto forma gasosa passível de perda por volatilização. rochette et al.
da adição de fertilizantes aos solos nas funções do ecossistema, (2013b) apresentaram um sumário de uma série de artigos científi-
na saúde pública e bem estar humano, e no ciclo de nutrientes, cos em que foram avaliadas as perdas de N na forma de NH3+, que
(b) processos de transporte e (c) interações entre planta-solo- variaram de 8% a 68% do total aplicado, em diversas condições de
microrganismos, segundo proposta de adewopo et al. (2014). o manejo e experimentação, em diversos lugares do mundo.
N derivado dos fertilizantes e que não é absorvido pelas plantas
pode ser perdido por processos de lixiviação, volatilização e erosão, segundo lara Cabezas et al. (2000), a aplicação de ureia em
causando sérios problemas ambientais (Galloway et al., 2008, superfície, sem incorporação ao solo, pode proporcionar perdas de
ausTiN et al., 2013). 31% a 78% do total de N aplicado. Entretanto, se a ureia for incor-
porada ao solo, as perdas por volatilização de NH3 diminuem sensi-
Pelos motivos citados, torna-se imperioso o aumento na velmente (TrivEliN et al., 2002), pois a amônia, ao se difundir no
eficiência de uso dos fertilizantes nitrogenados (EUN) visando o interior do solo em direção à atmosfera, encontra regiões com valores
incremento na produtividade das culturas, a redução de custos e a de pH mais baixo em relação aos valores próximos aos grânulos de
mitigação dos possíveis impactos ambientais negativos. ureia, sendo novamente convertida em NH4+ (ErNaNi et al., 2002).
além das perdas de N na forma de amônia, podem também
2. EFICIÊNCIA DOS FERTILIZANTES NITROGENADOS
ocorrer remoções significativas de N do sistema solo-planta por lixi-
a demanda por fertilizantes nitrogenados tem aumentado viação, principalmente na forma de No3-. a lixiviação é um processo
proporcionalmente ao incremento da população mundial nos últi- de arraste do N nos solos com o movimento descendente da água,
mos 50 anos. o aumento na demanda por fertilizantes nitrogenados, para fora da zona de absorção das raízes, com potencial de chegar ao
associado ao aumento do custo do fertilizante devido ao preço do lençol freático e, em certas condições favoráveis, contaminar as águas
gás natural, intensificarão a procura por maior eficiência de uso dos subterrâneas (ErNaNi et al., 2002). o íon nitrato não é retido em
fertilizantes em culturas comerciais, que atualmente situa-se entre solos com predominância de cargas negativas, porém, nas condições
30% e 40% (rauN e JHoNsoN, 1999; DobErMaNN, 2007). brasileiras, como muitos dos solos apresentam horizontes subsuperfi-
o N adicionado na forma de fertilizantes ao solo e que não é ciais com cargas positivas, estas poderiam retardar consideravelmente
absorvido pelos vegetais, pode sofrer ação de processos microbioló- a lixiviação do nitrato (alCÂNTara e CaMarGo, 2005).
gicos (nitrificação, desnitrificação, imobilização), químicos (trocas, De acordo com raun e Johnson (1999), a lixiviação é um
fixação, precipitação, hidrólise) e físicos (lixiviação, volatilização). processo que ocorre na natureza e pode ser menos intensa do que
Todos esses processos afetam a disponibilidade do nutriente para comumente reportado, considerando que vários pesquisadores
as plantas. o uso de altas doses de fertilizantes nitrogenados pode superestimam as perdas de N por não realizarem sua medição direta.
Abreviações: Ag = prata; BPUFs = Boas práticas para uso eficiente de fertilizantes; CDU = ureia crotonaldeído; Cu = cobre; Cd = cádmio; DAP = fosfato
diamônico; DCD = dicianodiamida; DMPP = 3,4-dimetil pirazol fosfato; EUN = eficiência de uso do nitrogênio; FBN = fixação biológica do nitrogênio;
FEA = fertilizantes de eficiência aumentada; FLC = fertilizantes de liberação controlada; FLL = fertilizantes de liberação lenta; ISBD = ureia isobutilaldeído;
K = potássio; MAP = fosfato monoamônico; Mn = manganês; N = nitrogênio; NA = nitrato de amônio; NAC = nitrato de amônio e cálcio; NBPT = tiofosfato
de N-(n-butil) triamida; Ni = níquel; P = fósforo; S = enxofre; SA = sulfato de amônio; UF = ureia formaldeído; URP = ureia recoberta com polímeros;
URS = ureia recoberta com enxofre; URSP = ureia recoberta com enxofre + polímeros; Zn = zinco.
1
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Solos e Nutrição de Plantas, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, ESALQ/USP;
email: hugoabelardo1988@usp.br, jmleite@cena.usp.br
2
Professor Doutor do Departamento de Ciência do Solo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, ESALQ/USP; email: rotto@usp.br
3
Professor Associado 3, Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo, CENA/USP; email: pcotrive@cena.usp.br
Tabela 1. Estimativas da lixiviação1 de nitrogênio total e proveniente do 15N-fertilizante, em diferentes condições edafoclimáticas, de cultivo e pluvio-
sidade no brasil.
N lixiviado
Solo Cultura Ciclo Fonte (15N) Dose de N Pluviosidade Referência
Total N-fertilizante
(dias) (kg ha-1) - - - - - - (kg ha-1) - - - - - - - (mm)
Alfisol Feijão 120 ureia 120 6,7 Traços 661 1
oxisol Milho 130 sulfato de amônio 80 9,2 0,4 717 2
Alfisol Feijão 365 sulfato de amônio 100 15 1,4 1.382 3
Alfisol Milho 150 ureia 100 32,4 11 620 4
Alfisol Feijão 86 sulfato de amônio 42 Traços Traços 423 5
oxisol Cana-de-açúcar 102 ureia 100 87,0 34 667 6
oxisol Cana-de-açúcar 102 aquamônia 100 29 7 667 6
oxisol Milho 170 ureia 60 84,6 2,3 1.100 7
oxisol Trigo 120 ureia 90 38 1,7 524 8
oxisol Cana-de-açúcar 330 ureia 90 4,5 Traços 1.255 9
Alfisol Milho 55 ureia 120 1,1 Traços 339 10
Alfisol Milho 55 ureia 250 1,2 Traços 339 10
oxisol Milho 120 sulfato de amônio 120 18,5 0,5 615 11
oxisol aveia Preta 80 sulfato de amônio 120 0,7 Traços 146,15 11
oxisol Milho 120 sulfato de amônio 120 5,8 Traços 656 11
Alfisol Café 366 sulfato de amônio 280 30 6,5 1.300 12
oxisol Milho 130 ureia 150 Não mostrado 1,1 1.523 13
oxisol Milho 123 sulfato de amônio 180 Traços Traços 96,8 14
oxisol braquiária 80 sulfato de amônio 180 9 0,6 439 14
oxisol Milho 118 sulfato de amônio 180 5,2 Traços 419 14
oxisol Cana-de-açúcar 180 ureia 120 1,1 Traços 1.174 15
oxisol Café 365 ureia 400 Não mostrado 14,7 2.232 16
oxisol Café 365 ureia 800 Não mostrado 104,5 2.232 16
1
Com base nas tabelas de urquiaga e Zapata (2000), Gava (2003) e Cantarella (2007).
2
1 = libardi e reichardt (1978); 2 = reichardt et al. (1979); 3 = Meirelles et al. (1980); 4 = araujo silva (1982); 5 = urquiaga et al. (1986); 6 = Ca-
margo (1989); 7 = Coelho et al. (1991); 8 = spolidorio (1999); 9 = oliveira et al. (2002); 10 = Gava (2003); 11 = Fernandes et al. (2006); 12 = Fenilli
(2008); 13 = almeida (2008); 14 = Fernandes e libardi (2009); 15 = Ghiberto et al. (2011); 16 = bortolotto et al. (2012).
DESNITRIFICAÇÃO
Tabela 4. Perdas de NH3 por volatilização em sete áreas experimentais comparando nitrato de amônio (Na) ou sulfato de amônio (sa) com ureia (ur)
ou ureia tratada com NbPT, aplicados em áreas de cana-de-açúcar com palhada.