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História do vinho

A criação dessa bebida é ainda um mistério e não tem um país e um ano exato de sua criação,
mas historiadores estimam que os primeiros vinhos a serem feitos foram em 6000 a.C. já que
nessa época as pessoas começaram a se dedicar ao cultivo e a domesticação de animais.

Há uma fábula Persa que já dá indícios da criação do vinho,em que a história de uma princesa
que, depois de perder o apreço do rei, sentiu-se tão mal que decidiu cometer suicídio
envenenando-se com uma taça de suco de uva “estragado”.
Só que, em vez de morrer, ela notou que, depois de ingerir as tais uvas, seu humor melhorou
tanto que a princesa reconquistou o favor do rei. E assim se deu, para os persas, a descoberta
de que uvas fermentadas não produzem veneno, mas sim um elixir poderoso.

Antigo Egito

Por uma questão climática o vinho tenha aparecido primeiro justamente ali onde até hoje
ainda se concentra a maior parte de seu cultivo: a zona temperada do Velho Continente, isto é,
o Mediterrâneo
Os mais antigos traços do vinho no mundo foram encontrados em fósseis na região do
Cáucaso, as primeiras prensas e equipamentos vinícolas de que se tem notícia foram achadas
na Armênia.
Não muito longe, o Egito, como centro das Civilizações do Vale do Nilo e um dos mais
importantes polos econômicos e culturais da época, teve um papel fundamental na expansão
do vinho pelo mundo Antigo.
o consumo do vinho no Antigo Egito era reservado quase exclusivamente aos faraós e suas
famílias. Eles tinham a tradição de guardar algumas garrafas em seus sarcófagos para
continuar brindando na outra vida.

Hieróglifos da era pré-dinástica dos faraós mostram como a bebida era preparada na época:

1. As parreiras eram plantadas em treliças e ficavam à sombra, devidamente protegidas do


sol.

2. Depois de colhidas, as uvas eram prensadas primeiro com os pés (a pisa sobre os frutos
permitia espremê-los bem delicadamente).

3. O próximo passo era extrair mais suco usando uma lona de linho esticada em uma
moldura de madeira.

4. Uma última prensagem usando pedras podia ser realizada, mas o vinho produzido assim
ficaria com um sabor mais amargo, por causa do esmagamento dos caules e das sementes.

5. A bebida extraída dessas três prensagens poderia ser então armazenada separadamente
ou misturada para criar vinhos mais doces ou secos.
O processo da fermentação egípcia é um processo natural e acontece espontaneamente, em
especial nas frutas como maçãs ou uvas, com alto teor de açúcar. Inclusive, o pão levedado
foi inventado no próprio Egito, na mesma época , e até hoje se usa maçãs como gatilho para
fazer pães fermentados naturalmente.Embora a fermentação das uvas aconteça naturalmente ,
como na fábula Persa, o segredo para a produção do vinho é justamente manejar esse
processo, e é isso o que os antigos egípcios começaram a fazer, inaugurando as bases do
método que usamos ainda na atualidade.

Os vinhos mais leves eram guardados para fermentar por apenas alguns dias. Já os mais
alcoólicos podiam passar semanas fermentando, sendo às vezes aquecidos para acelerar o
processo. Para produzir os tintos, as uvas prensadas eram fermentadas com casca, caule e
sementes ,esmagadas ou não, e depois filtradas com tiras de linho.

Pouco antes de a mistura avinagrar, o vinho era então guardado em ânforas e selado com
barro. Às vezes, o fabricante imprimia sua marca no recipiente, com cera, como se fazia nas
cartas.

Além disso, na época costumava-se produzir vinho também com outras frutas, como figo,
romãs ou tâmaras. O método, nesse caso, é quase igual àquele do vinho produzido a partir de
uvas, mas geralmente é preciso acrescentar açúcar ao suco das frutas para acelerar o processo
de fermentação.

Grécia
Acredita se que o vinho foi introduzido na Grécia por mercadores fenícios em torno de 3000
a.C, e a bebida foi ganhando a atenção e o amor de toda Europa ocidental pelas conquistas de
Alexandre, o Grande, da Macedônia.
As vinícolas logo tomaram conta da Grécia, e o povo helênico,gregos, se aperfeiçoou tanto na
arte da fabricação do vinho que, até hoje, muitas das variedades de uvas viníferas cultivadas
no mundo vieram, originalmente, de mudas trazidas de lá.

Além disso, o que os gregos trouxeram para a produção do vinho foi o envelhecimento da
bebida. Eles costumavam forrar as ânforas com resina de madeira para dar ao vinho um sabor
distinto, técnica que logo se transformou nos famosos barris de carvalho.

Nos livros de Homero, principalmente Odisseia, já havia evidências de que os gregos sabiam
produzir vinho. Há uma parte da história que o personagem Ulisses tem que enganar o
ciclope Polifemo e ele usa a bebida de Dionísio para adormecer o gigante.
Dionísio também é um grande exemplo já que ele é o deus do vinho, das festas, da alegria, do
teatro na mitologia grega
Roma

Quando o vinho chegou da Grécia pela primeira vez, em mais ou menos 1000 a.C., os
romanos não se interessaram muito pela bebida. O negócio deles, na época, era a cerveja, e o
pouco vinho produzido era logo exportado para os bárbaros que viviam depois dos Alpes.

Foi só perto do século I a.C., depois da Batalha de Cartago, quando os romanos saquearam a
cidade ,localizada na atual Tunísia, e encontraram livros sobre a vinicultura, que o vinho
começou realmente a fazer sucesso na futura Itália.

Com o desenvolvimento da agricultura, os romanos começaram a se especializar no cultivo


das uvas e na produção do vinho. Eles foram responsáveis por catalogar e classificar diversos
tipos diferentes de uvas viníferas, inventaram o barril de madeira e descobriram o efeito do
tipo de madeira usada sobre o sabor do vinho no amadurecimento.

Além disso, os romanos também estudaram e catalogaram as doenças e pragas que afetavam
suas parreiras e foram os primeiros a usar garrafas de vidro para armazenar o vinho. Só que
apesar de a rolha já existir, eles preferiam usar um dedo de azeite de oliva para selar as
garrafas.

Idade Média e França

Com a queda de Roma, teve início a Era Medieval.Nesse período, o consumo do vinho já era
muito difundido em todo o Velho Continente, e como a potabilidade da água era sempre um
mistério nesses tempos remotos, o vinho era muitas vezes preferível para acompanhar os
banquetes.
Foi nessa época que a França começou a se desenvolver como a grande produtora de vinhos
de qualidade que é hoje. Tudo começou com Carlos Magno, primeiro imperador do Sacro
Império Romano-Germânico, expandindo o Reino Franco e promovendo várias leis agrárias e
normas para regulamentar a produção do vinho na região.
A consolidação do catolicismo e, consequentemente, do uso do vinho na comunhão, também
contribuiu para manter as vinícolas trabalhando a todo vapor durante a Idade Média.
Na França a situação foi especialmente favorável por vários fatores:
● No século XII, foi fundada na região da Borgonha a ordem dos monges cistercienses,
adeptos ferrenhos da vinicultura e conhecidos por terem trazido as primeiras mudas de
Chardonnay para Chablis, hoje principal região produtora do vinho branco feito com
aquela uva.
● Na mesma época, a região de Bordeaux conhece um desenvolvimento significativo na
produção de vinho, tornando-se, após o casamento do rei inglês Henrique II com a
viúva do Rei da França, Leonor de Aquitânia, principal fornecedora da bebida para a
Inglaterra.
● No século XIV, com a transferência da sede da Igreja Católica para a cidade de
Avignon, no sul da França, o cultivo das uvas cresceu ainda mais no país.
● No final do século XVI, o espumante foi descoberto acidentalmente em um mosteiro
na França por Dom Pérignon.
O hábito de manter um lugar no porão reservado para o armazenamento dos vinhos,
assim como a produção nos castelos também foi crescendo pelo Velho Mundo,
principalmente pelas regiões em que o clima era mais favorável ao cultivo, como
Espanha, Portugal, Itália e o sudoeste da Alemanha.

O vinho chega às Américas


O vinho chegou ao continente americano pela primeira vez no México, no século XVI,
trazido pelos missionários para a eucaristia, apenas para os colonizadores.
A produção mexicana teve tanto sucesso, por causa do clima do país, que se transformou em
uma grande concorrente no mercado europeu. Tanto é que o Rei da Espanha teve que mandar
parar a exportação de vinho pela colônia para não prejudicar o balanço econômico no velho
continente
Mesmo assim, a vinicultura continuou crescendo, e os europeus foram recompensados por
não ter destruído totalmente o cultivo das uvas nas Américas. Pois no final do século XIX,
uma onda violenta de Filoxera ,praga que ataca as folhas das parreiras, chegou à França,
causando uma crise sem precedentes na produção mundial de vinho.

A sorte foi que as plantas americanas eram muito mais resistentes à praga, por isso foi
possível combater o desastre plantando parreiras nativas da América junto às plantas
francesas para protegê-las. Essa prática, inclusive, deu origem a várias espécies híbridas, e
são usadas até hoje, sempre que a Filoxera volta para aterrorizar os vinicultores europeus.

África do Sul
O cultivo das uvas viníferas começou no século XVI, no Cabo da Boa Esperança, com a
chegada de colonizadores holandeses.
Até o final dos anos 1860, a maior parte da produção sul-africana era exportada para o Reino
Unido. Depois disso, acordos entre a Grã-Bretanha e a França prejudicaram esse cenário, e os
vinhos da África do Sul tiveram sua produção e circulação no mercado internacional
significativamente reduzidas por mais de um século, até o final do apartheid, em 1994.

Por último, por meio de mudas trazidas do continente africano, o vinho chegou à Austrália e à
Nova Zelândia, no final do século XVIII. Ainda assim, até pouco tempo atrás, a produção
desses países era destinada quase exclusivamente ao consumo interno ou exportação para o
Reino Unido.
Brasil

Em 1532 Martim Afonso de Souza chegou com as primeiras mudas de videiras Vitis viníferas
que foram plantadas na Capitania de São Vicente, porém sem sucesso em função do clima e
do solo. Em 1551 consegue elaborar o primeiro vinho brasileiro com ajuda de Brás Cubas
membro da expedição de Martim Afonso de Souza que transfere as plantações do litoral para
o Planalto Atlântico, mas sem muito sucesso, sua iniciativa não teve sequência devido às
condições de solo e clima não serem adequados ao cultivo das videiras.

Em 1626 os Jesuítas chegaram à região das Missões e impulsionam a vinicultura no Sul do


Brasil. O Padre Roque Gonzales de Santa Cruz recebeu os créditos pela introdução das
videiras no Rio Grande do Sul, com ajuda dos Índios foi elaborado vinho utilizado nas
celebrações religiosas.Em 1640 foi promovida a primeira degustação no Brasil. A intenção
foi melhorar os vinhos comercializados no país.

Em 1732, os Portugueses da Região do Açores, povoaram o litoral do Rio Grande do Sul e


formaram-se colônias em Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande, plantaram mudas de videira
provenientes do Açores e da Ilha da Madeira, mas as plantações não se desenvolveram
adequadamente.
Em 1789 a corte portuguesa percebeu o grande interesse do Brasil pela vinicultura e proibiu o
cultivo de uva no país, como forma de proteger a sua produção em Portugal. A medida inibiu
a comercialização da bebida nas colônias e restringiu a atividade ao âmbito familiar.

Em 1808, quando da transferência da coroa portuguesa para o Brasil é derrubada a proibição


ao cultivo da uva e são estimulados os hábitos no entorno do vinho, inclusive degustá-lo junto
às refeições, encontros sociais e festas nas comunidades religiosas.

Em 1817, os gaúchos são considerados pioneiros na vinicultura e esse pioneirismo se


materializa no lendário Manoel Macedo, produtor da cidade de Rio Pardo, até o ano de 1835
todo o vinho que produzia era documentado, em um dos anos ficou registrado a elaboração de
45 pipas, o que lhe rendeu a primeira carta patente para a produção da bebida no país.

Em 1824 tem início a colonização alemã e os mesmos tinham muito interesse em vinhos. Na
mesma época o italiano João Batista Orsi se estabelece na Serra Gaúcha e recebe de Dom
Pedro I a concessão para o cultivo de uvas europeias, torna-se um dos precursores do ramo na
região.
Em 1840 pelas mãos do inglês Thomas Messiter, são introduzidas no Rio Grande do Sul as
uvas Vitis Lambrusca e Vitis Bourquina, de origem americana que são mais resistentes a
doenças. Inicialmente foram plantadas na Ilha dos Marinheiros, na lagoa dos Patos e logo se
espalharam pelo Estado.

Em 1860 a uva Isabel, uma das variedades americanas introduzidas no Rio Grande do Sul,
ganha rapidamente a simpatia dos agricultores. Há registros de que, por volta de 1860 a uva
Isabel formava vinhedos nas cidades de Pelotas, Viamão, Gravataí, Montenegro e municípios
do Vale dos Sinos.

Em 1875 ocorreu o grande salto na produção nacional de vinhos em função da chegada em


massa dos imigrantes italianos, pois trouxeram de sua terra natal o conhecimento técnico de
elaboração dos vinhos e a cultura do consumo, os italianos elevaram a qualidade da bebida e
conferem importância econômica à atividade.

Em 1881 foi elaborado 500 mil litros de vinho na cidade de Garibaldi no Rio Grande do Sul,
este número consta em um relatório feito em 1883 pelo cônsul da Itália, Enrico Perrod, após
sua visita à região.

Em 1928 é criado o Sindicato do Vinho, essa iniciativa foi articulada por Oswaldo Aranha,
então secretário estadual do Governador Getúlio Vargas.

Em 1929 o associativismo é adotado pelos agricultores e em um período de 10 anos, 26


cooperativas são fundadas, algumas como a cooperativa Garibaldi atuam até hoje. O modelo
da competitividade entre os pequenos produtores os direciona a uma situação de equilíbrio,
tal equilíbrio é alcançado na década seguinte.

Em 1951 a vinícola Georges Aubert é transferida da França para o Brasil e marca o início de
um novo ciclo. O interesse de empresas estrangeiras no país se consolida na década de 70 e
trouxe novas técnicas para os vinhedos e para as cantinas, além de ampliar as áreas de cultivo
da uva.

Em 1990 temos as vinícolas melhoradas, pois ao longo da década de 80 os vinhedos passaram


por uma tremenda reconversão, e a partir da abertura econômica do Brasil a produção de
vinho ganha impulso. O acesso a diferentes estilos de vinhos e a concorrência com os
importados levaram os produtores a melhorar a qualidade.

Em 2002 a vitivinicultura está consolidada em diferentes regiões, do Sul ao Nordeste do país,


cada zona produtiva investe no desenvolvimento de uma identidade própria. O pioneiro é o
Vale dos Vinhedos, que conquistou a Indicação de Procedência em 2002.
Como é feito o Vinho

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