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A família das bebidas destiladas

A produção de bebidas por fermentação antecede a civilização, mas é


muito menos claro quando se seguiu a destilação. Quando é que
aprendemos a fazê-la?

Na Natureza, a fermentação dá-se de forma espontânea, graças a


fermentos selvagens na atmosfera.

Alguns pássaros e animais comem regularmente fruta podre e parecem


gostar de se embebedar. Humanos forrageadores tiveram as mesmas
experiencias, e aprenderam com a natureza a fazer vinho.

Bebidas à base de grão têm uma história diferente. Cereais com a forma
de ervas selvagens eram muito duros, secos e espinhosos para comer, mas
quando encharcados pelas águas tornavam-se estaladiços e comestíveis,
depois de secos pelo sol.

O grão tinha de se encharcar para se tornar solúvel, tal como hoje em dia
tem de se maltar para fazer cerveja e whisky.

Pictogramas sumérios mostram grão a ser usado para fazer uma cerveja
que seria parecida com cervejas tradicionais que ainda hoje se fazem em
África. Vêem-se os Sumérios a beber cervejas por palhinhas, como o
fazem os clientes habituais de lojas de cerveja tradicionais africanas. Na
sua aparência leitosa e turva, e nota frutada e láctea, as cervejas
tradicionais africanas podem parecer o conteúdo de uma cuba de
fermentação numa destilaria de whisky.

Monges alemães que sobreviveram durante a quaresma à base de cerveja


grossa e pesada chamavam-lhe “pão liquido”, coloquialismo que ainda
hoje é usado. “Pão” e “fermentado” têm a mesma origem etimológica.

Na fermentação e na destilação, acrescentar fermento é conhecido pela


invulgar palavra pitching. Isto está relacionado com pizza e com pitta da
família dos pães ázimos. Um produtor de cerveja ou um destilador que
tenta conseguir um arejamento adequado do seu mosto apreciaria os
esforços e malabarismos do padeiro com a massa.

Origens da destilação
Sob o calor do sol, uma maré vaza pode deixar sal na areia. Será mais um
desígnio da natureza?

Aristóteles refere que os marinheiros fenícios destilavam a água do mar


para retirar o sal.

A palavra destilação, tal como álcool, tem raízes árabes. Podem ter sido os
Mouros a trazer a técnica pelo estreito de Gibraltar, tendo as bebidas
destiladas começado a surgir na Europa no início do Renascimento.

O uso da destilação na alquimia e na medicina medieval pode ter dado


origem à expressão aqua vitae, ou água da vida como um termo para
bebidas espirituosas. Vodka é um diminutivo da palavra água em eslavo
(“da vida”). Aquavit ou akwavit dá ao termo o nome que está a
desaparecer na Escandinávia.

Eau-de-Vie pode ser o nome deste tipo mais usado, no mundo francófono.

Porque se chamam Bebidas “espirituosas”??

A destilação implica o aquecimento de líquidos para criar vapor, que pode


ter um aspecto pálido. Em Alemão, o sufixo-geist, que partilha, que
partilha a sua etimologia com a palavra inglesa ghost(fantasma), aparece
nos nomes de algumas bebidas espirituosas. Mas outro grupo de termos,
que inclui aguardente em Espanhol e brandy em Inglês, refere o uso de
fogo para vaporizar o liquido. Em holandês, brandy era brandewijn ou
vinho queimado.
Por muito românticos que fossem estes nomes, nada dizia ao consumidor
sobre a origem de cada bebida “ espirituosa”. Poucos especificavam qual
era a matéria-prima: uvas nos brandies da Espanha, da Gasconha e de
Cognac; pêras e maçãs no calvados da Normandia; e frutas suaves nos
“alcoois brancos” da Alsácia.

Dando o grão lugar à fruta, os Países Baixos acrescentaram aromas,


incluindo o zimbro - junípero – genièvre em francês, dando origem ao
jenever em holandês, e na Inglaterra, ao gin).

O Norte da Alemanha tem as suas próprias versões de gin, tal como o


schnapps (espécie de genebra alemã) de grão puro, enquanto os
Escandinavos usam ervas invernais, como funcho e alcaravia, para
temperar a sua aquavit.

A turfa

A turfa é um dos aromas e sabores mais distinto e assertivo que se


encontra no whisky escocês.

No conjunto, os whiskies escoceses tornaram-se muito menos turfosos


nas ultimas décadas do século XX, uma vez que foram desenvolvidas
fontes de combustível alternativas, mas o novo milénio viu algumas
destilarias regressarem à tradição – ou até exceder as glórias do passado.

O que é a turfa??
A turfa é uma acumulação de plantas parcialmente carbonizadas, que se encontra por normas
me zonas alagadas; se for sujeita ao calor e à pressão durante milhões de anos, a turfa
eventualmente transformar-se-ia em carvão. As áreas de terra turfosa e lodaçais cobrem entre
5 a 8 por cento da massa de terra mundial, estando 90 por cento nos climas temperados e frios
do hemisfério norte. Na Escocia, as terras turfosas representam mais de um milhão de
hectares, ou 12 por cento da área de superfície total.

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