Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Vasconcelos
BAR
Manual de Apoio
Re
Serviço de vinhos preparação e execução
18
Serviço de vinhos preparação e execução
Conceito de Enologia
Enologia é a ciência que estuda todos os aspetos relativos ao vinho, desde o plantio, escolha
do solo, vindima, produção, envelhecimento, engarrafamento e venda.
Existem pouquíssimas faculdades de enologia, estando as principais na França e Itália. Em
Portugal a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ministra a única Licenciatura em
Enologia deste país.
A enologia é uma ciência moderna que reúne o conhecimento científico sobre as diversas áreas
para se estudar as questões relacionadas com o vinho. As disciplinas de base para a formação
do enólogo incluem a entomologia, fisiologia, matemática, estatística, geologia, botânica,
microbiologia, física, marketing, economia, climatologia, química, entre outras. Além das
disciplinas voltadas para a prática da enologia como a vinificação, viticultura, marketing de
vinhos, operações unitárias relacionadas a elaboração dos vinhos, controle de qualidade e
análise sensorial.
Não confundir com viticultura, que estuda somente o cultivo da uva para o vinho e vinicultura,
que concentra os aspetos culturais em torno do vinho.
O VINHO
Até que ponto a história corresponde à realidade e em que momento o homem começa a
preencher as lacunas trabalhando com a imaginação os fragmentos de fatos narrados pelos
seus antepassados?
Quando se fala de história, quanto mais remoto for o período, mais nebulosos se tornam os
acontecimentos, mas acho que se pode dizer que a história do vinho se confunde com a do
homem civilizado.
A civilização nasce no período do Neolítico, com a agricultura, logo que os primeiros nómadas
semearam grãos são obrigados a instalarem-se para aguardar pela colheita. Como a videira
necessita de pelo menos quatro anos para dar os seus frutos, o período em que ela começa a
ser cultivada corresponde à época de transição social, quando os homens aos poucos
abandonam a vida nómada para se fixar em determinados locais, pois de outra forma não
estariam presentes para colher a uva quando a videira começasse a produzir.
O vinho, sem dúvida, teve origem no Oriente, na região do Cáucaso onde hoje se encontram a
Geórgia e a Arménia, cerca de 7 000 anos a.C., espalhando-se depois para a Mesopotâmia,
Síria, Palestina e Egipto. Via Chipre e Creta, as parreiras conheceram a Europa; primeiro a
Grécia, onde a vitivinicultura conheceu grande desenvolvimento, cabendo aos gregos difundi-la
por todo o Mediterrâneo, depois pela Itália, pela França e por outros países mais.
18
Serviço de vinhos preparação e execução
rituais de celebração, e o vinho segue os passos das diversas religiões que se vão formando e
transformando no correr da história.
Segundo a tradição judaica transcrita no Pentateuco, a parreira teria sido a primeira planta
cultivada por Noé depois do Dilúvio, e de seguida há a descrição de como ele bebeu o vinho e
apareceu nu na sua tenda, numa alusão à bebedeira tomada por tão ilustre personagem.
Coincidência ou não, a arca de Noé parou nas "montanhas do Ararat", num ponto entre a
Turquia e Arménia atuais, reforçando a teoria que o vinho surgiu no Cáucaso, mesmo que se
considere lenda a história de Noé.
18
Serviço de vinhos preparação e execução
Acrescentava-se muitas vezes água salgada durante a fermentação para realçar a maciez do
vinho e para evitar o gosto de bolor. Já por volta de 169 d.C., os vinhos especiais continuavam
a ser os brancos, mas bebia-se vinho tinto no dia-a-dia romano. Dioniso é adotado pelos
romanos com o nome de Baco (como Dioniso era conhecido na Lídia). As bacanais eram as
18
Serviço de vinhos preparação e execução
A VIDEIRA
A Ampelografia é o estudo do cultivo da videira, que, num sentido mais amplo, é definida como
uma planta arbustiva trepadeira, com ramos longos e flexíveis chamados sarmentos,
compreendendo milhares de variedades, sendo que pelo menos 5.000 delas estão catalogadas
e menos de 50 delas interessam aos enófilos. Apesar de sua imensa variedade, destacam-se
duas grandes espécies de plantas produtoras de uva:
A europeia, do gênero botânico Vitis e nome específico vinifera, é a videira que produz o fruto
com teor de açúcar e elementos ácidos em proporções ideais para se chegar a um bom vinho.
A espécie americana, cujo aroma desagradável (foxy - "raposa molhada") e o baixo teor
alcoólico alcançado na sua fermentação limitam a sua utilização na produção vinícola, sendo os
seus frutos empregues como uvas de mesa ou para a produção de vinhos de baixa qualidade. A
importância dessa espécie decorre da sua aplicação na enxertia, para o fortalecimento das
videiras, já que há mais de um século que não se faz mais o plantio em pé franco, ou seja,
deixou-se de lado a prática de retirar a vara de uma videira mais velha e enfiá-la diretamente
no solo para se conseguir uma planta nova, adotando-se a técnica chamada "cavalo".
18
Serviço de vinhos preparação e execução
A videira só dá bons frutos para a vinificação depois do quarto ou quinto ano do seu plantio,
produzindo por mais 25 ou trinta anos. No Chile, excecionalmente, existem videiras centenárias
ainda férteis, graças ao solo especial e porque as vinhas chilenas não foram
atingidas pela filoxera, protegidas que foram pelo clima excessivamente seco e pela barreira da
Cordilheira dos Andes.
REGIÕES VITIVINÍCOLAS
VINHOS VERDES
18
Serviço de vinhos preparação e execução
TRÁS-OS-MONTES
No extremo Nordeste de Portugal, a norte da região do Douro, existe a região
vitivinícola de Trás-os-Montes que se divide em três sub-regiões: Chaves, Valpaços e
DOURO
Há um vinho que caracteriza imediatamente a região do Douro, o vinho do Porto.
Este, embaixador dos vinhos portugueses, nasce em terras pobres e encostas
escarpadas banhadas pelo rio Douro. Além do Porto, esta região é cada vez mais
reconhecia pelos excelentes vinhos tintos e brancos.
BAIRRADA
A região da Bairrada é rica na produção de vinhos brancos e tintos, elaborados a
partir de castas tradicionais, como a abundante Baga, e outras importadas para
solos portugueses, como a internacional Cabernet Sauvignon.
DOURO
Nesta região as vinhas situam-se entre os 400 e os 700 metros de altitude e em
solos onde predominam os pinheiros e as culturas de milho. A região do Dão,
rodeada de serras que a protegem dos ventos, produz vinhos com elevada
capacidade de envelhecimento em garrafa.
LISBOA
Na região de Lisboa, região com longa história na viticultura nacional, a área de
vinha é constituída pelas tradicionais castas portuguesas e pelas mais famosas
castas internacionais. A Estremadura produz uma enorme variedade de vinhos,
possível pela diversidade de relevos e microclimas concentrados em pequenas zonas
da região.
RIBATEJO
Diversidade de solos e climas aliados a explorações vitivinícolas de grande dimensão
com baixos custos de produção são as principais características do Ribatejo. Esta
região fértil, outrora com elevadas produções que abasteciam o mercado interno e
18
Serviço de vinhos preparação e execução
Península de Setúbal
A Península de Setúbal é rodeada pelo oceano Atlântico e pelos rios Tejo e Sado. A
região, situada a sul de Lisboa, é essencialmente marcada pelo turismo e pelas
grandes explorações vitícolas. Desde as grandes explorações dominadas pela casta
Castelão até ao Moscatel, um dos vinhos generosos nacionais, esta região sempre
teve um lugar cimeiro na história dos vinhos portugueses.
ALENTEJO
O Alentejo é uma das maiores regiões vitivinícolas de Portugal, onde a vista se
perde em extensas planícies que apenas são interrompidas por pequenos montes.
Esta região quente e seca beneficiou de inúmeros investimentos no sector
vitivinícola que se traduziu na produção de alguns dos melhores vinhos portugueses
e consequentemente, no reconhecimento internacional dos vinhos alentejanos.
ALGARVE
Muitas vezes considerado o paraíso turístico de Portugal, o Algarve é uma região
onde a área de vinha decresceu nos últimos anos. A indústria turística ocupou
grande parte da área dos terrenos agrícolas e o vinho algarvio esteve próximo da
extinção. Hoje, há de novo interesse vitivinícola na região e investe-se no
desenvolvimento deste sector.
MADEIRA
Na ilha apelidada “pérola do Atlântico”, produz-se o vinho generoso “Madeira”. Este
vinho possui uma longevidade fora do comum, aromas complexos e um sabor
distintivo que ganhou notoriedade mundial
AÇORES
As nove ilhas do arquipélago dos Açores apresentam condições climáticas pouco
favoráveis à plantação de vinha. Contudo, a vinha
tem uma longa tradição na região, pois é cultivada As primeiras vinhas
desde o século XV. Os Açores destacam-se na
produção de vinho generoso da região do Pico e O arquipélago dos Açores,
Graciosa. Na ilha Terceira produz-se um vinho descoberto em 1427 por Diogo
branco leve e seco Alves, é constituído por nove
ilhas. Em meados de 1427,
chegaram os primeiros colonos
SERVIÇO DE VINHOS às ilhas e iniciaram o cultivo da
vinha.
O serviço de vinhos constitui um aspeto determinante no
sucesso de um Restaurante.
A importância de que se reveste, desde a escolha dos vinhos que constituem a carta até ao
serviço em si, implica um conhecimento profundo sobre a matéria, e para qual se exige
formação especifica.
18
Serviço de vinhos preparação e execução
Nesta perspetiva, existem alguns conceitos e procedimentos base no serviço de vinhos que
importa saber desde já e que deverão ser do domínio de qualquer profissional de um
estabelecimento de restauração e bebidas.
O cumprimento destes procedimentos revela profissionalismo, ajuda a tirar o melhor partido do
vinho que se quer servir e, com certeza, contribuirá de forma determinante para o sucesso de
toda uma equipa de trabalho e por conseguinte do Estabelecimento.
Contudo, importa ter sempre presente que o vinho existe para dar prazer a quem o bebe e,
como tal, o gosto pessoal deve estar sempre acima das rígidas leis impostas pelos manuais e
pretensos conhecedores.
Para alem dos elementos base que deverão constar na Nota de Encomenda de vinhos, esta
pode ser feita, essencialmente, de duas formas:
Indicação de código
(Indicação do código, previamente definido, para o vinho escolhido)
Transporte de garrafas para a sala de restaurante
Os vinhos encontram-se na Cave do dia (principalmente nas unidades hoteleiras) que é a
secção de apoio/abastecedora do Restaurante para o serviço de bebidas.
As garrafas com vinhos de mesa brancos, roses, espumantes naturais, “champanhes” e verdes
tintos ou brancos, são apresentadas dentro de baldes
próprios, contendo gelo e agua.
Esse balde devera ser transportado para a sala de Restaurante com um prato raso com
guardanapo por baixo.
Nos vinhos tintos novos pega-se com a mão esquerda no fundo da garrafa, deitando-se esta
ligeiramente através do braço
18
Serviço de vinhos preparação e execução
Depois da apresentação da garrafa ao cliente , procede-se a sua abertura. Este trabalho e feito
a vista do cliente.
Como proceder:
Vinho tinto novo
Segura-se na garrafa com a mão esquerda; com a faca na direita, corta-se a capsula pelo fundo
do “anel”.
Introduz-se o saca-rolhas bem ao meio da rolha, fazendo rolar este para a direita, tendo o
cuidado de não a perfurar, evitando que pequenos bocados de cortiça se juntem ao vinho; ao
retirar a rolha, deve evitar-se o “estalo” que esta produz normalmente.
Limpa-se a boca da garrafa com um pano de serviço.
Apos retirar a rolha deve-se limpar novamente a boca da garrafa.
Obs:
• Para a abertura de uma garrafa de vinho branco esta deve manter-se dentro do balde
Vinhos Espumantes
18
Serviço de vinhos preparação e execução
Obs:
• A garrafa de espumante deve manter-se
dentro do balde.
Se numa refeição se escolher apenas um vinho deve optar-se pelo mais indicado para a iguaria
principal.
• Acontece, por vezes, o cliente prescindir da sua prova, pois tem absoluta confiança
no profissional.
• Como os copos se encontram do lado direito dos clientes, é por este lado que
o vinho deve ser servido.
A harmonia de vinhos e alimentos: Princípios básicos
• Os vinhos novos servem-se diretamente da garrafa para o copo. Para evitar que caiam pingos
na toalha, gira-se um pouco a garrafa, sem a agitar.
18
Serviço de vinhos preparação e execução
• Durante o serviço do vinho os rótulos nunca se devem tapar, antes pelo contrario devera
promover- se a visualização do rotulo por parte do cliente.
Não existem regras definidas no que respeita a harmonia entre vinho e iguarias.
Apresenta-se, assim, uma tabela que pretende ser o mais consensual possível:
18
Serviço de vinhos preparação e execução
TIPO DE VINHO BRANCO BRANCO ROSÉS TINTO TINTO JOVEM TINTO ESPUMANTES LICOROSOS
SECO SECO JOVEM ENCORPADO VELHO NATURAIS GENEROSOS
JOVEM MACIO LIGEIRO
IGUARIAS
18
Serviço de vinhos preparação e execução
Mariscos X X
Charcutaria, X X X X
Patês, Terrinas
Foie-Gras X X X
Cosommés X
Cremes X X
Sopas X X
Ovos X X
Massas X
Peixes Grelhados X
Peixes Assados X X X X
Peixes fritos X X
Bacalhau X X X
Carnes Brancas X X X X
Carnes X X X
Vermelhas
Carnes X X X
vermelhas
c/molho
Caça de penas X
Caça de pêlo X X
Queijos Suaves X X X X
Queijos Fortes X X X
Sobremesas X X X
Mudança de copos
Quando, por exemplo, um cliente esta a beber vinho branco, e a seguir, para acompanhar outra
iguaria, vai ser servido de vinho tinto, o copo do primeiro só e levantado depois de se ter
servido o segundo vinho.
Quando a garrafa termina, e se abre outra, mesmo que seja da mesma marca, o ideal e os
copos serem substituídos.
Vinhos Generosos
São considerados vinhos generosos todos os licorosos que são produzidos em regiões
demarcadas.
As regiões demarcadas dos vinhos generosos são as seguintes e produzem estes tipos de
vinho:
O que é uma região demarcada? É uma região vinícola onde se produz uma grande quantidade
de vinho, de alta qualidade e com características próprias bem vincadas.
Só os vinhos produzidos nas regiões demarcadas têm o direito de usar a designação de origem.
18
Serviço de vinhos preparação e execução
Os vinhos produzidos nas regiões demarcadas têm de apresentar selo de garantia, concedido
pelo organismo respetivo.
Vinhos Licorosos
Os vinhos licorosos são vinhos de elevada força alcoólica, provenientes de mostos cuja
fermentação foi interrompida pela adição de aguardente vínica.
Os vinhos não generosos podem ser produzidos em todas as regiões vinícolas do país.
Definição
O espumante é um vinho cuja efervescência resulta de uma segunda fermentação alcoólica, em
garrafa ou outros recipientes fechados, produzidos pelos processos tecnológicos clássicos e
admitidos por lei.
Processo de fabrico
Os espumantes naturais podem preparar-se por três processos:
3.º Método Contínuo - aquele cuja fermentação se vai operando na passagem de um para os
vários depósitos seguintes.
Carta de Vinhos
A carta de vinhos é o cartão de visita de qualquer restaurante. Embora existam muitas formas
de se montar uma, com frequência é melhor que seja simples e de fácil manuseio, tanto por
parte do cliente como por parte do sommelier. Além disso, deve sempre vir separada do menu
e passar por revisão e atualização a cada quatro a seis meses.
Sem duvida é importante que o nome, o produtor, a colheita e a área de procedência dos
vinhos propostos sejam claramente identificáveis pelo cliente.
Os formatos de uma carta de vinhos mudam muito de um restaurante para outro e variam de
acordo com o profissional responsável por ela.
18
Serviço de vinhos preparação e execução
Por regra, algumas normas devem ser respeitadas ao se elaborar uma carta.
1º- Divididas por países de origem dos vinhos, vindo primeiro o país de cuja cozinha o
restaurante é dedicado.
2º - Do país onde o restaurante está localizado se não for a cozinha típica de um determinado
país.
4º- Demais países do mundo cujos vinhos fazem parte da carta, grupados por continente.
Nesse caso a regra não é rígida, mas em geral os estabelecimentos colocam primeiro os países
do velho mundo e depois do novo mundo, pela tradição vinícola dos primeiros.
5º Dentro de cada país os vinhos são listados na ordem em que são servidos, iniciando em
geral com os espumantes (em ordem de doçura crescente, com os brancos antes dos rosés e
esses antes dos tintos e com os DOC antes dos não DOC, em geral com os Champagnes
antecedendo a todos).
Depois os vinhos tranquilos, primeiro os brancos, depois os rosés e por último os tintos.
Ao final os vinhos de sobremesa doces naturais. - Alguns restaurantes colocam os fortificados
secos (aperitivos) antes dos espumantes, outras preferem listar todos os fortificados (secos e
doces, com os secos antes dos doces) após os de sobremesa (se forem brancos ou tintos, como
os Portos, listar os brancos antes dos tintos). - Algumas cartas listam ainda depois dos
fortificados os brandies (nesse caso os com DOC devem vir antes dos não DOC, em geral os
Cognacs antecedendo a todos).
No caso dos fortificados e brandies, em geral não se faz a separação por país, mas procura-se
colocar juntos por país na sequência, tanto quanto possível, após todos os vinhos.
Para cada vinho de cada secção / país, já agrupados como brancos, rosés ou tintos, deve ser
descrito no mínimo o nome completo do vinho, a sua DOC ou blendagem, se for o caso, e a
colheita.
Opcionais o nome do produtor e outras informações sobre o vinho, como graduação alcoólica,
explicitar que é blend / assemblage, indicar castas, etc.
Se houver muitos vinhos de um dado país, eles podem opcionalmente ser sub agrupados na
secção por região, DOC ou outro critério, para facilitar a analise do cliente.
Alguns estabelecimentos optam por três vinhos de cada país, um de preço popular, um de
preço médio e um de preço e qualidade superior. Este critério apresenta algumas falhas.
Outra opção é encurtar a carta com poucos países e menos escolhas, abrindo o leque apenas
nos países mais relevantes para o estabelecimento.
18
Serviço de vinhos preparação e execução
“ Lembre-se: é melhor uma carta com poucos vinhos listados, mas todos presentes na adega e
em certa quantidade do que uma carta gigantesca onde dois terços dos vinhos estão para
chegar...”
Nada irrita mais um cliente que uma longa seleção com muito carinho e atenção, muitas vezes
procurando uma harmonização ideal, só para receber do empregado ou do sommelier a
informação de que o vinho está em falta. O mínimo que se espera de uma casa ou dum
sommelier, digno de sua função é avisar logo no início o cliente quais os vinhos listados na
carta que estão em falta. Melhor ainda, trabalhar com um sistema onde a casa coloca uma
marca ou um selo indicando na carta quais vinhos que estão em falta ou/e quais os que têm
menos de duas garrafas na adega.
Uma boa carta nunca deixa de mudar a colheita indicada quando muda a colheita do vinho na
adega. Isso é um detalhe importante e mostra o cuidado existente no estabelecimento.
Lembre-se, a não ser que o restaurante tenha uma pessoa responsável pelo controle das
colheitas dos vinhos que chegam é melhor não indicar a colheita na carta, apenas aponte
“consultar colheita”. Algumas dicas e cuidados ao se elaborar uma carta de vinhos.
- A primeira questão é o tipo de restaurante para qual ela será elaborada.
Se for uma cantina italiana, o ideal é valorizar os rótulos da Itália, já no caso de um restaurante
de perfil moderno, pode-se utilizar vinhos do chamado “novo mundo” – australianos, sul-
africanos, norte-americanos, brasileiros, argentinos e chilenos.
- O segundo ponto a ser analisado é o grau de sofisticação dos pratos a serem servidos.
“Quanto mais sofisticado o menu, melhor podem ser os vinhos servidos e maior a faixa de
preços trabalhadas”. Para um restaurante mais simples não tem muito sentido trabalhar com
vinhos caros e diferenciados, o ideal aqui é descobrir vinhos de melhor relação custo/qualidade.
- O preço cobrado. Aqui a variação é imensa de estabelecimento para estabelecimento.
Os percentuais variam de 30 a 200% sobre o preço de compra. Acreditamos que um valor justo
seria uma margem de 50 a 70% sobre o preço de compra. Com certeza um estabelecimento
que possua bons profissionais ao seu serviço pode conseguir um maior volume de vendas, e,
mesmo que o valor ganho seja o mesmo ao se vender uma garrafa ou duas é ótimo ver todas
as mesas com uma garrafa aberta...
Normalmente vinhos mais baratos podem ser trabalhados com uma maior margem, vinhos de
valor inicial mais caro devem ser trabalhados com uma margem mais justa. Outro critério
interessante de se utilizar é trabalhar com percentuais diferentes para vinhos nacionais e
estrangeiros, pode-se utilizar um percentual um pouco menor sobre os vinhos nacionais
valorizando o nosso produto e dando hipótese de concorrer com os estrangeiros. A questão da
harmonização. Cada vez mais se procura a harmonização alimento-vinho, hoje em dia torna-se
imprescindível ao se elaborar uma carta escolher vinhos que harmonizem com os pratos da
casa, não faz muito sentido manter vinhos na carta que não indicaríamos para acompanhar os
nossos pratos. Caso o sommelier não possa estar presente em todos os momentos do
atendimento, é interessante colocar-se na carta a sugestão de harmonização, usando-se dicas
como: “O sommelier recomenda...” Vinhos a copo.
Pratica muito corriqueira em muitos países, esta é uma opção que deveria ser mais utilizada
nos nossos restaurantes. Além de poder oferecer um bom lucro ao estabelecimento cria
condições de melhores harmonizações com os pratos e a possibilidade de se harmonizar mais
pratos ao longo da noite. Um grande problema enfrentado é a questão do armazenamento do
vinho depois de aberto. Existem aparelhos conhecidos como “vacu vin” que possuem a
capacidade de conservar o vinho por vários dias, normalmente estes aparelhos são caros. Uma
opção mais barata são as bombas de extração de oxigénio que podem, sem dúvida, prolongar
em alguns dias a conservação do vinho. Outra opção utilizada por algumas casas são as bag-in-
box, ou vinho em caixa, estas embalagens são projetadas de tal forma que conforme o vinho
vai sendo consumido a embalagem interna vai diminuindo de tamanho reduzindo o contato do
líquido com o oxigénio, conservando o vinho por até 30 dias depois de aberto. O problema aqui
é a qualidade do vinho oferecido nestas embalagens e a resistência de alguns clientes a este
tipo de produto.
18
Serviço de vinhos preparação e execução
- Uma dica, caso a casa utilize garrafas tradicionais de 750 ml, o valor do copo nunca deve
custar mais de ¼ do valor da garrafa, desta forma caso a garrafa seja aberta, pelo menos o
custo será pago.
Bibliografia
Marques, J. Albano – Manual do Restaurante e do Bar, Civilização Editora.
Manual de Hotelaria, Sellers Editores.
Filipe, Mateus - Sebenta de Vinhos, Escola de Hotelaria do Estoril, 1985.
Batista, Paulo; Vicente, Eduardo; Brito, Fernando; Evora; Virgilio - Manual de Técnicas
de Serviço de Restauração e Bebidas - Volume 1, Turismo de Portugal, I.P.
Apontamentos Pessoais.
18