18.7.
2012 13
“O maior mistério do ser humano é tentar tirar da cabeça
o que não se pode tirar do coração.” (Dani)
Dialogando no café sobre cocktails
Gil Gilardino
O Gin Tónico foi, durante
muito tempo, a minha bebida
preferida, uma bebida que foi
sempre considerada um “Long
Drink”, e a sua história possui
um certo carisma.
Bebida para acalmar a sede,
saboreando-a lentamente, o
“Long Drink” possui outras
particularidades e faz deste
cocktail uma bebida “suis
generis”.
Prepara-se uma dose numa
“Flute” de espumante ou num
copo “Long Drink” com dois
dedos de Gin com “Schwe-
ppes” tónico. Compor com
fatia fina de limão ou de lima
para cortar a amargura, bo-
linhas de ananás, abacate,
melão maduro ou meloa e
decorado com hortelã.
Certas pessoas preferem
introduzir algumas gotas de
CIÊNCIA
Âmbar cinzento: Um aroma desconhecido
na história dos nossos oceanos
O âmbar cinzento está
tradicionalmente liga-
do aos cachalotes. A
sua origem ao longo da
história foi controversa,
apesar da sua utilização,
por exemplo, em Paris,
na indústria dos perfu-
mes. Mas afinal, qual a
origem deste raro âmbar
e misterioso?
Cristina Brito*
▲
A inegável ligação do âm-
bar cinzento às baleias (leia-
se, sempre, cachalotes) está
presente ao longo de toda a
sua história, apesar dos inú-
meros relatos contraditórios e
explicações mirabolantes.
Espuma do mar, nascido de
uma fonte submarina, fungo
aquático, esperma ou alimento
de baleias, alimento ou pro-
duto de peixes, ou ainda fruto
de uma árvore marinha, são
algumas das hipóteses histó-
ricas para a sua origem.
Surgem referências desde
Clusius (1605), que refere
pela primeira vez a origem do
âmbar cinzento no intestino
limão ou de lima mas acho que
uma fatia de limão lhe dá mais
graça. Servir como aperitivo
ou durante a tarde.
A história nos conduziu com
objetivos colonizadores aos
países africanos e indianos. Os
ocidentais europeus, unidos
aos ingleses, aventurarem-se
nesses países exóticos com o
“Gin Tónico” em 1783.
Na Africa, como na Índia,
sabia-se existir o perigo de ser
contaminado pelo paludismo,
uma doença que se evidencia
por crises febris muito inten-
sas e que podiam provocar a
morte quando os sintomas se
manifestavam.
Cocktails
em decadência
No “Gin Tónico Schwe-
ppes” havia a presença do
famoso quinino e este ajudava
a enfrentar o paludismo.
A “Água Tónica Schweppes
” foi invenção de um alemão,
Jooham Jacob Schweppe, em
das baleias como resultado da
digestão dos cefalópodes, até
Melville (1815), que se refere
às suas aplicações populares.
Foram também vários os
autores portugueses para o
Atlântico que descreveram e
discutiram as suas origens e
virtudes, de Gândavo (1550-
1570) a Frei Cristóvão de Lis-
boa (1647).
Mais recentemente, com
base na informação prove-
niente dos longos anos de
baleação costeira, foram vários
os naturalistas e cientistas por-
tugueses, de Osório (1906) a
Almaça (1998), que discutiram
a sua origem.
O âmbar cinzento é, efe-
tivamente, uma substância
gordurosa e odorífera, uma
concreção intestinal dos ca-
chalotes formada em redor dos
bicos e esqueleto interno dos
cefalópodes de que se alimen-
tam. Pode ser encontrado no
interior dos animais, flutuando
no mar ou arrojado nas costas
depois de ser expelido, um
pouco por todos os oceanos
onde vive esta espécie cos-
mopolita.
Quimicamente, o âmbar
cinzento (distinto do âmbar
Genebra, na Suiça, e fez a sua
fortuna.
Os militares ingleses, em
primeiro lugar para se prote-
gerem do paludismo, adota-
ram esta água tónica como a
bebida preferida na Índia.
O sucesso globalizou-se e
a mais-valia do quinino inci-
tava os militares a consumir,
conferindo-lhe prestígio pela
frescura e pelo poder em mi-
tigar a sede.
Na atualidade os cocktails
estão em decadência, em par-
te pela moderação que temos
que ter no álcool, protegendo
a condução rodoviária.
Gerir o consumo do álcool
exige ponderação e a água
tónica assimila-se muito bem
com variados sumos de fruta
e xaropes, originando licores
com baixo teor alcoólico.
São possíveis composições
com a “água tónica” e os co-
cktails com álcool serão servi-
dos a quem não conduz.
Proporcionando alguns exem-
plos de cocktails à base de água
NO DIA
Pequeno pedaço de âmbar cinzento. Cortesia do Museu Botânico de Beja
(Prof. Luís Mendonça de Carvalho).
amarelo de origem vegetal)
é um sólido não volátil. His-
toricamente, pelo contrário, é
uma substância volátil. É um
material exótico, etéreo, difi-
cilmente encontrado no meio
natural e que deixou poucos
vestígios físicos em coleções
mantidas ao longo dos tempos.
Ainda assim, existem regis-
tos escritos da sua presença
geográfica, da utilização em
atualidade
tónica que, pela sua frescura,
pelo seu agradável sabor pro-
porcionam instantes de prazer
voluptuosos, encontro da doçura
com o amargo elixir com sensa-
ções de agradável frescura.
Variações deliciosas
com e sem álcool
LICOR DE AMEIXA - Co-
cktail elegante e refinado,
muito simples, servido numa
“flute” de espumante, três de-
dos de licor de ameixa, encher
com água tónica e gelo.
LICOR DE MIRTILO -
Sempre numa “flute”, três
dedos de licor de mirtilo, água
tónica com gelo, uma fatia de
laranja, uma espetadinha de
banana e amoras envolvidas
em açúcar mascavado.
LICOR DE CEREJAS -
Mais uma vez três dedos de
licor de cerejas numa “Flute”
para depois completá-la com
água tónica, umas espetadas
de cerejas Cherry, intercaladas
com fatias de bananas e cubos
A DIA
vários espaços oceânicos e
culturas, e da sua importân-
cia económica e ecológica.
Era usado no mundo antigo e
medieval como incenso, afro-
disíaco, laxante, condimento
em comida e bebidas, ingre-
diente de velas e cosméticos,
e no tratamento de inúmeras
dores e doenças.
Em Portugal, durante as dé-
cadas de capturas dos grandes
de laranja ou de ananás.
Existem vários xaropes sem
álcool e podem-se criar co-
cktails muito saborosos com
Água Tónica Schweppes.
O consumo dos cocktails
com álcool está a diminuir
e será prudente, quando se
conduzem automóveis, bem
como outros veículos, que
se exija absoluta clareza do
espírito.
Um cocktail é para sabo-
rear lentamente e não para
ingurgitá-lo, provocando a
sobriedade, pois quando não
temos condições para sabore-
ar, não temos prazer sensorial.
Retomaremos a temática
dos cocktails aprofundando
um pouco mais o tipo de rela-
cionamento que os seres hu-
manos devem ter com o álcool.
Os encontros sensoriais que
se podem efectuar com sumos
autentificam sabores delicio-
samente originais.
* www.gostoearomas.com
iga@gostoearomas.com
cetáceos, de meados do século
XIX a meados do XX, também
era considerado um produto
valioso, mas sempre raro, que
surgia apenas em 1% dos ca-
chalotes capturados.
Muito procurado devido à sua
principal aplicação como fixador
de aromas na indústria de per-
fumes, na década de 1920 todo
o âmbar obtido dos cachalotes
caçados ao largo de Portugal foi
exportado para Paris.
Hoje em dia, como resul-
tado dos mecanismos de con-
servação de cetáceos e com a
proibição mundial da captura
de cachalotes, e também tendo
sido substituído por produtos
químicos sintéticos, perdeu o
seu valor económico.
Agora apenas podemos es-
perar encontrar esta matéria
natural quando pedaços de
âmbar cinzento forem trazidos
pelas ondas, varridos pelo
vento e erodidos pela areia
das praias, e vierem parar às
mãos surpreendidas de um
veraneante numa qualquer
praia do Atlântico que dele
nos dê notícia.
*Ciência na Imprensa
Regional - Ciência Viva