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O enxofre (S) é o décimo elemento mais abundante na terra, faz parte da constituição de
aminoácidos (cisteína e metionina), de vitaminas, hormônios e de coenzimas e possui vários estados de
oxidação, desde seu estado de maior redução (S 2- sulfeto) até seu estado de maior oxidação (SO 42- Sulfato).
Na natureza, ele compõe aproximadamente 1% da matéria seca da célula bacteriana. O segundo grande
reservatório está na forma de sulfato, encontrado nos oceanos. Possui grande importância nas reações
químicas e biológicas nos diferentes ecossistemas, e seu ciclo se baseia na redução dissimilativa do sulfato,
redução assimilativa (imobilização), respiração do enxofre elementar, oxidação e mineralização.
No solo, o enxofre pode ser encontrado sob a forma de minerais primários (sulfeto de ferro e gesso),
pirita (FeS2), gipsita (CaSO4), e ainda associado a combustíveis fósseis, deposição atmosférica (poeira), nas
chuvas (chuva ácida), nos resíduos vegetais e animais, pesticidas, fertilizantes ou na forma de íons sulfato.
Essas diferentes formas são o reflexo da variabilidade no potencial redox apresentada por esse elemento,
indo do -2 (completamente reduzido) ao +6 (completamente oxidado).
De modo geral, o sulfato (SO42-) é a forma presente na solução do solo e assimilável por plantas e
microrganismos. No entanto, outras formas oxidadas e reduzidas são características deste elemento no
solo, sendo o conhecimento de como se originam essas formas de fundamental importância para o manejo
de culturas agrícolas e florestais.
O Brasil importa 90% do enxofre elementar (S0) que consome, devido à pequena produção nacional.
O S é altamente utilizado na agricultura brasileira (aproximadamente 53% do total), seguido das indústrias
químicas, que utilizam os outros 47% para a produção de ácido sulfúrico (parcialmente empregado na
produção de fertilizantes).
No solo, o enxofre sofre uma série de transformações biogeoquímicas, a maioria promovida por
microrganismos, que resultam na ciclagem do enxofre. O ciclo do enxofre vem recebendo mais atenção
devido aos possíveis problemas ambientais decorrentes da intensa utilização de combustíveis fósseis,
gerando formas ácidas para a atmosfera, as quais têm causado grandes problemas.
É um elemento essencial às plantas, cujas deficiências têm-se tornado mais freqüentes devido aos
fatores abaixo:
a) maior uso de fertilizantes em fórmulas sem S; b) redução na quantidade de S usado como
pesticida; c) rendimentos mais altos das culturas e perdas da matéria orgânica do solo; d) redução na
quantidade de S que atinge o solo em água de chuva ou deposição seca, pela adoção de sistemas de
controle de emissão de dióxido de S na atmosfera, oriundos da queima de combustíveis fósseis e pelas
usinas e indústrias.
O enxofre no solo
O enxofre pode ser encontrado em grandes quantidades na crosta terrestre, em rochas sedimentares
e na água do mar, mas o maior reservatório é o solo. No solo este pode ocorrer sob formas orgânicas e
inorgânicas, sendo a sua disponibilidade dependente das características físicas e químicas do solo, como:
pH, drenagem, composição mineralógica, teor de matéria orgânica, quantidade e qualidade de resíduos
orgânicos e profundidade do perfil do solo.
As formas orgânicas do enxofre correspondem a 85-90% do total de S encontrado nos solos,
principalmente na biomassa e em resíduos orgânicos. Entre os principais compostos temos os ésteres de
sulfato (-O-SO3H) e os radicais sulfidrilas (-SH ou –S-S). Uma alta quantidade de S é encontrada na
biomassa microbiana, representando de 1 a 3% do total do S orgânico no solo. Nos microrganismos o teor
de S varia de 1 a 10 mg kg-1 de matéria seca e a relação C/S de 60 a 85 para as bactérias e de 180 a 230
para fungos. Aproximadamente 90% do S-org estão ligados ao carbono em forma de aminoácidos (C-S) ou
na forma de éster (C-O-S). Os aminoácidos representam 30% do S-org do solo e os ésteres sulfatados
constituem entre 20 e 65% do S orgânico total. A relação carbono/enxofre (C/S) da matéria orgânica varia
de 100 a 200:1, sendo esta variação relacionada ao tipo de solo. Para os resíduos vegetais pode ser
encontrada uma relação C/S de 150 a 450 nas áreas florestais e nos solos agrícolas uma relação C/S média
de 90:1.
Já as formas inorgânicas correspondem a 10-15% do enxofre total do solo, onde grande quantidade
deste elemento ocorre sob a forma de sulfeto de ferro ou pirita (FeS 2), gipsita (CaSO4) ou sulfato (SO42-),
este último presente na solução do solo. Nos solos, o S-inorgânico pode se apresentar em vários estados de
oxidação (2-, 0, 2+, 4+ e 6+), com maior frequência dos estados 2-, 0 e 6+, sendo estes correspondentes às
formas de S-2, S0 e SO42-. Nos solos bem drenados, nos calcários de regiões áridas e semiáridas, em cinzas
vulcânicas e na solução do solo a maior parte de S-inorgânico encontra-se na forma de SO 42-. Nas áreas de
pântano ou adsorvidas às partículas de argila ou nos complexos organominerais encontram-se formas
reduzidas como dióxido de enxofre (SO2), SO32- (tóxico para os organismos). Em condições anaeróbias, o
SO42- é reduzido a S2-, sendo o H2S a forma principal, um gás altamente volátil e caracterizado com odor
forte.
O ciclo do enxofre
O SO42- é usado como aceptor final de elétrons pelos microrganismos redutores de SO 42- durante a
degradação da matéria orgânica (1). A redução de SO 42- produz S2-e posteriormente sulfeto de hidrogênio
(H2S) (2). Como produto da redução de SO42-, o S-2 pode ser posteriormente oxidado pelos organismos
quimiolitotróficos para enxofre elementar (S0) (3) e adicionalmente até SO42- (4). O SO42- também pode ser
derivado da deposição atmosférica de óxidos de enxofre (5) que são formados da oxidação química de H 2S
(6). Subsequentemente, o SO42- pode ser absorvido como um nutriente requerido pelos muitos seres vivos
(plantas e microrganismos) para formar S-org. (7) ou pode ser novamente reduzido pelos microrganismos
redutores de sulfato para S-2 (2). Outra biotransformação no ciclo do S inclui a redução do S 0 para S-2 (8)
e/ou a oxidação para SO42-.