Você está na página 1de 7

ENTENDENDO A

DEGRADAÇÃO
DAS PASTAGENS
Minicurso - Entendendo a degradação das pastagens

APRESENTAÇÃO
A degradação das pastagens é um processo com-
plexo, e envolve várias causas e consequências
em diferentes níveis ou graus de intensidade.
A principal consequência é a queda na produção
de forragem.
Conhecendo as características desse processo,
você poderá escolher alternativas para evitar a
degradação das pastagens, e, consequentemen-
te, aumentar a capacidade de suporte do pasto
ao longo do tempo.

CONSEQUÊNCIAS DA DEGRADAÇÃO DAS PASTAGENS

DETERIORAÇÃO DESGASTE DA ENTRADA DE


ESTRUTURA PLANTAS
DA FERTILIDADE DO SOLO INVASORAS

A degradação se agrava com o passar do tempo e com a manutenção das práticas


inadequadas de manejo. À medida que são descidos os degraus da degradação, as
práticas de manejo e os custos de recuperação aumentam. Nos primeiros degraus,
fazem-se necessárias práticas mais simples de correção.
Na degradação da pastagem, é necessário empregar práticas de recuperação ou re-
novação de pastagens mais complexas para evitar o agravamento. Já a fase de de-
gradação do solo culmina com perdas de solo e nutrientes por erosão, além de danos
ambientais. Nessa fase, são necessárias práticas de recuperação muito mais com-
plexas e onerosas, além de demandarem mais tempo da parte do produtor.
Observe as imagens a seguir, e aprenda a identificar as características dos diferentes
níveis de degradação dos pastos:

2
Minicurso - Entendendo a degradação das pastagens

Nível 1: é a fase caracterizada pela redução


nos níveis e não reposição de macronutrien-
tes e do manejo inadequado da pastagem.
Nessa fase, geralmente não há presença de
invasoras, tampouco de pragas ou morte de
plantas forrageiras. Através do diagnóstico, é
possível perceber pastos baixos e demora na
rebrota. É uma fase de fácil reversão e recu-
peração dos indicadores de produtividade. A
melhor forma de retornar os bons índices pro-
dutivos na área é por meio da reposição de
nutrientes com adubação de cobertura, além
do ajuste da taxa de lotação e carga animal.

Nível 2: caso não seja feita nenhuma inter-


venção ou haja erros no manejo dos animais
durante a fase de manutenção, inicia-se na
área a degradação de fato, quando há perda
de produtividade e de qualidade e grande pre-
sença de plantas invasoras, notadamente as
brotações de espécies nativas do bioma local
e da grama-mato-grosso, ou “gramão”.

Nível 3: nessa fase, o déficit nutricional é


grande, o que resulta em grande mortalidade
de plantas forrageiras, e as que sobram es-
tão malnutridas, consequentemente, frágeis,
tornando-se muito suscetíveis às pragas (ci-
garrinha, percevejo-castanho, cupins) e às
doenças, especialmente a mancha foliar por
Phytum, foma, cersospora (Cercospora fusi-
maculans) e carvão (Tilletia ayersii). Nota-se
ainda a presença de erosões laminares, perce-
bidas principalmente pelo início da exposição
das raízes das forrageiras.

3
Minicurso - Entendendo a degradação das pastagens

Nível 4: nessa fase, notam-se os primeiros


sinais de erosão do solo, principalmente pela
falta de plantas da espécie forrageira, au-
mentando a exposição do solo. A produtivi-
dade da área está gravemente comprometida
(QCS pode atingir 50% a 80%). A recuperação
da pastagem, nessa fase, exige mecanização
total da área, com construção de terraços, de
acordo com a declividade, preparo do solo com
grade pesada, correção da acidez e nutrientes
do solo, e reposição da forrageira por meio de
uma nova semeadura.

As tendências de estágios da pastagem podem variar de acordo com as condições


de clima e solo de cada região. Cada um dos estágios tem um grau de degradação
que, consequentemente, representa um índice de Queda na Capacidade de Suporte
(QCS), o qual mede quantos animais a área pode suportar em uma pressão de pastejo
ótima durante um determinado tempo, obtendo-se o máximo ganho por área sem
degradar a pastagem. Observe a tabela abaixo:

4
Minicurso - Entendendo a degradação das pastagens

A degradação das áreas de pastagem sofre influência


também da estacionalidade na produção das forrageiras
tropicais. Ao longo do ano, as plantas de capim exprimem
diferentes produtividades, sendo altas produtividades nas
águas (coincidindo com o verão no Cerrado) e menores
produtividades na seca (inverno).
Essas observações sobre a estacionalidade fazem-se
importantes por estarem atreladas à degradação das
pastagens, uma vez que o principal impacto negativo nas
mesmas é o superpastejo, que ocorre principalmente no
inverno, quando a oferta de forragem diminui muito e o
produtor não tem outra fonte de alimento para seus animais.

Dentre as causas da degradação de pastagens, é possível observar alguns aspectos


em relação a:

• Estabelecimento inadequado das forrageiras: práticas culturais inadequadas,


tais como: preparo da área; uso de sementes de baixo valor cultural; semeadura
inadequada; plantio em época inadequada; escolha errônea do cultivar.

• Práticas inadequadas de manejo da pastagem: ausência de adubações de ma-


nutenção; uso do fogo; uso de taxas de lotação inadequadas à espécie ou cultivar
da forrageira utilizada.

• Fatores bióticos: pragas e doenças que podem ser contornadas com a escolha
de cultivares resistentes para a formação das pastagens.

• Fatores abióticos: falta ou excesso de água; fertilidade do solo; drenagem do solo.

5
Minicurso - Entendendo a degradação das pastagens

MÃO NA TERRA
É possível interromper o processo de degradação dos pastos nas
duas fases iniciais realizando duas ações em conjunto: a adubação
de manutenção e o ajuste da taxa de lotação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL. Recuperação de pastagens degra-
dadas: módulo único. In: SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL. Projeto
ABC Cerrado: tecnologias sustentáveis de produção agropecuária no Bioma Cerra-
do. Brasília: SENAR, 2017.

MACEDO, M. C. M.; ZIMMER, A. H. Sistemas pasto-lavoura e seus efeitos na produti-


vidade agropecuária. In: FAVORETTO, V.; RODRIGUES, L. R. A.; REIS, R. A. (Eds.). Sim-
pósio sobre ecossistemas das pastagens, ano 2. Jaboticabal. Anais... Jaboticabal:
Funep; Unesp, 1993, p. 216-245.

DIAS-FILHO, M. B. Degradação de pastagens: processos, causas e estratégias de


recuperação. 4 ed. rev. atual. e ampl. Belém: Ed. do Autor, 2011. 216 p.

Você também pode gostar