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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ– UFPA

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO TOCANTINS/CAMETÁ

Disciplina:
Manejo e Conservação do Solo
Profa. Elessandra Laura Nogueira Lopes

Agronomia
2. Técnicas de manejo de solos tropicais

✓ Sistemas de Manejo do Solo

• Produção das culturas

• Ação de diversos fatores

• Aumentar a produtividade de culturas / introduzir os sistemas de

manejo que visa a:

manutenção da fertilidade dos solos,

o controle à erosão e a

redução dos custos operacionais.


2. Técnicas de manejo de solos tropicais

✓ Rotação de culturas

✓ Preparo do solo

✓ Plantio Direto ou Nenhum Preparo

✓ Subsolagem e

✓ Pousio
2. Técnicas de manejo de solos tropicais

2.1 Rotação de culturas


É um sistema de manejo utilizado com vistas à manutenção da
fertilidade do solo. Ela consiste em fazer um rodízio de culturas, ou
seja, é uma sequência de duas ou mais culturas que alternadamente
plantadas em uma mesma área de acordo com um plano previamente
definido.
As culturas escolhidas que deverão entrar em rotação, terão que levar
em conta:
as condições de solo, a topografia, o clima e a disponibilidade de
mercado.
2. Técnicas de manejo de solos tropicais

Rotação de culturas

ALGODÃO ou CAUPI ou
MANDIOCA MILHO
AMENDOIN

ALGODÃO ou CAUPI ou
MILHO MANDIOCA AMENDOIN

CAUPIvou ALGODÃO ou
MILHO
AMENDOIN MANDIOCA

Esquema de rotação de culturas utilizando três áreas em três anos.


2. Técnicas de manejo de solos tropicais

2.1 Rotação de culturas

Deve ser organizada segundo princípios como:


• O efeito da cultura sobre a estrutura do solo;
• Exigências de nutrientes e exploração do solo;
• Efeito das excreções radiculares;
• Esgotamento do solo em água;
• Doenças e pragas proporcionadas pelas culturas;
• O valor econômico das culturas que fazem parte do rodízio.
Rotação de culturas: Efeito das excreções radiculares

As espécies diferentes podem enraizar o mesmo espaço de solo


por terem exigências nutricionais diferentes e excreções radiculares
também diferentes, que até podem ser absorvidas diretamente pela
outra espécie, contribuindo, assim, para o seu melhor desenvolvimento,
como é o caso do milho e do feijão de porco, ou do milho e o guandu.
Além disso, a rotação de culturas é uma das melhores medidas para
combater as invasoras persistentes.
Rotação de culturas: Doenças e pragas proporcionadas pelas culturas

Cada planta, através de suas excreções radiculares e da MO que


desenvolve ao solo, cria uma microflora específica toda especializada
em decompor essas substâncias. Esta microflora, por sua vez, permite
a proliferação de uma ou várias espécies de animais terrícolas que a
usam como alimento. As raízes das plantas também podem servir de
hospedeiro para pragas, como por exemplo, para os nematóides que
preferem as leguminosas, mas que atacam muitos outros vegetais.
Rotação de culturas: Doenças e pragas proporcionadas pelas culturas

Distingui-se, por isso, dois tipos de cultura:


a. Compatíveis em relação a doenças. Ex: trigo-sorgo; e
b. Incompatíveis. Ex: trigo-cevada, fumo-batatinha, etc.

O cansaço do solo por uma cultura é devido, em grande parte, à


multiplicação excessiva de nematóides, que tem o seu combate
bastante difícil, pois podem sobreviver a condições adversas em forma
desidratada por até 35 anos. Com uma inteligente rotação de culturas
criam-se predadores que podem eliminá-los.
Rotação de culturas: Doenças e pragas proporcionadas pelas culturas

Para controlar doenças e pragas pela rotação de culturas, necessitam de


aproximadamente:
a. 2 a 3 anos para doenças fúngicas;
b. 3 a 5 anos para nematóides instalado no solo; e
c. 5 a 6 anos para insetos.

O tempo depende:
✓ Textura do solo;
✓ Teor de húmus;
✓ Riqueza em minerais
✓ Atividade microorgânica.
Em solos pobres e arenosos as pragas e doenças sempre serão mais
persistentes e em clima quente mais devastadoras.
Rotação de culturas: Doenças e pragas proporcionadas pelas culturas

O espaço onde vive um animal é modificado por sua simples existência,


especialmente pela ação de suas enzimas e dejeções. Esta modificação
pode beneficiar ou prejudicar outros animais, favorecendo ou limitando
sua proliferação. Se, por exemplo, uma espécie de animal é favorecida pelo
plantio de uma monocultura, ela modifica seu ambiente de tal maneira que
impossibilita a vida de seus predadores. Portanto, multiplica-se
ilimitadamente a ponto de tornar-se praga, como é o caso de certos
nematóides. Esses animais ficam sem seus inimigos que foram prejudicados
seriamente pela lavração e plantio contínuo da mesma cultura, sempre com
as mesmas excreções radiculares. Desta maneira, elimina-se do solo todo o
mecanismos de controle automático.
Rotação de culturas: Doenças e pragas proporcionadas pelas culturas

Sabe-se que a fauna do solo modifica-se rapidamente segundo a MO que


se acrescenta a ele, de maneira que o melhor método para mudar uma
associação no solo é plantar uma cultura diferente e incorporar
superficialmente seus restolhos.

A rotação de culturas quando acompanhada da incorporação superficial de


palha modifica rapidamente a fauna do solo, reduzindo consideravelmente,
as pragas.
Rotação de culturas: O valor econômico das culturas que fazem parte do rodízio

- Cultura economicamente justificável.


- Entretanto, em alguns casos é preferível plantar uma cultura
francamente recuperadora, apesar de se obter um menor preço no
mercado, mas que aumente a produção da cultura seguinte. Ex. crotalária
antes da cana-de-açúcar. Problema está no custo.
- Forrageiras são as mais vigorosas recuperadoras (bem manejadas);
- a forrageira que é plantada para produzir feno possui › efeito
recuperador do que a forrageira para pastagem, por apresentar um
sistema radicular melhor desenvolvido.
Rotação de culturas: O valor econômico das culturas que fazem parte do rodízio

Instalando-se uma rotação de culturas exige-se que as culturas:


a) Beneficiem-se mutuamente;
b) Aproveitem ao máximo o fertilizante aplicado, plantando-se uma
cultura exigente e uma cultura aproveitadora;
c) Usem preferivelmente as mesmas máquinas agrícolas;
d) Não coincidam os picos de trabalhos;
e) Mantenham o solo sempre coberto;
f) Recuperem o conteúdo de MO do solo;
g) Restrinjam as doenças, pragas e invasoras;
h) Conservem a bioestrutura do solo;
i) Mantenham a produção elevada; e
j) Sejam culturas de rotação que possuam mercado compensador.
2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Preparo do solo

2.2 Preparo do solo

A demanda crescente de produtos agrícolas para a alimentação e


como matéria prima para indústria leva o produtor rural não somente a
ampliar a área cultivada, como também a uma intensificação dos
trabalhos de preparo do solo, empregando cada mais vez mais o
sistema mecanizado como forma de baratear os custos de produção.

Vários tipos de máquinas e de sistemas de preparo do solo tem sido


desenvolvidos visando a maior:
- produção;
- proteção contra os efeitos da erosão;
- economia de trabalho.
2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Preparo do solo

Tabela: Efeitos do sistema de preparo do solo sobre as perdas por


erosão.
Sistemas de Perdas por erosão
preparo
Solo Água
t/ha % % da chuva %
Duas arações 14,6 122 5,7 100
Uma aração 12,0 100 5,5 97
Subsuperfície 8,6 72 5,0 94

Esses resultados evidenciam a necessidade de reduzido revolvimento


da camada arável, de maneira a limitar a desagregação das partículas
do solo.
2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Preparo do solo

2.2 Preparo do solo


• Preparo convencional;
• Preparo reduzido ou mínimo.

O preparo convencional do solo, para maioria das culturas,


compreende uma aração e duas gradagens e tem por finalidade deixar
a superfície apta para receber a semente.
A inversão da leiva por ocasião por ocasião da aração faz com que
a vegetação de cobertura fique enterrada. Dessa maneira, a massa
vegetal que fica enterrada sofre a decomposição, criando assim
condições favoráveis ao crescimento e desenvolvimento das plantas e
ao melhoramento das condições físicas do solo, especialmente daquelas
que favorecem a aeração.
2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Preparo do solo

A aração, quando em terrenos inclinados, deve ser feita em


contorno, obedecendo sempre as linhas mestras previamente traçadas.

A gradagem deve ser feitas tantas vezes quantas necessárias, o que


irá depender, por outro lado, do teor de umidade e da textura do solo.
2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Preparo do solo

Este preparo é efetuado mais ou menos um mês antes da


semeadura. A segunda gradagem é levada a efeito às vésperas da
semeadura e tem a finalidade de deixar o solo em condições
satisfatórias e favoráveis à germinação das sementes e emergência
das plantas.
O preparo do solo assim executado, mesmo estando orientado de
acordo com os princípios conservacionistas e consequente manutenção
da sua fertilidade, não prescinde de outras técnicas conservacionistas,
como as faixa de retenção, terraços, etc. Como resultado cresce
também o desgaste da fertilidade, obrigando a técnicas
conservacionistas cada vez mais amplas e intensivas.
O problema está em ser conciliado economicamente o aumento da
produção agrícola com a preservação do solo.
2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Preparo do solo

A função do preparo do solo é, por conseguinte, a de deixá-lo


suficientemente solto para permitir a colocação das sementes na
profundidade adequada, conter as ervas daninhas e descompactar as
camadas impermeáveis.
2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Preparo do solo

O preparo reduzido ou mínimo do solo

Atualmente a experiência tem demonstrado não haver necessidade


dessa total mobilização superficial (inversão total da superfície do
solo).
As modalidades de preparo reduzido mais considerados são:
a) Pulverização do solo com enxada rotativa (rotavação);
b) Uma gradagem niveladora; e
c) Duas gradagens pesadas e uma niveladora.
2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Preparo do solo

O preparo reduzido, que proporciona o revolvimento mínimo da


superfície do solo, tem a finalidade de evitar os problemas de erosão e
outros a ela relacionados com o manejo intensivo do solo, com a
deterioração da estrutura e a formação de camadas endurecidas ou
compactadas. Este tipo de cultivo tem sido realizado com cereais,
algodão e forrageiras, com bons resultados na conservação do solo,
pois a sua superfície fica protegida pelos restos culturais aí mantidos.
2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Plantio Direto ou Nenhum Preparo

2.3 Plantio Direto ou Nenhum Preparo

Plantio realizado sem qualquer preparo do solo, ou apenas com


preparo suficiente para permitir a colocação e cobertura a semente.
As ervas daninhas são controladas com herbicidas e os corretivos e
fertilizantes são aplicados em superfície.
Diminuir o efeito da impacto das gotas de chuva na superfície do
solo é, por conseguinte mantê-lo vegetado ou com os restos da
vegetação.
2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Plantio Direto ou Nenhum Preparo

Manutenção da Vegetação

Dissipada a energia das gotas de chuva.

> <
Infiltração da água escorrimento superficial

reduzindo as perdas do solo e da água


2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Plantio Direto ou Nenhum Preparo

O sistema de plantio direto apresenta, sobre o preparo convencional, as seguintes


vantagens e desvantagens:
Vantagens Desvantagens
1. Reduz o tempo no estabelecimento das culturas; 1. Exige semeadeiras especiais
2. Proporciona economia de custos das operações, ou devidamente adaptadas
considerando o nº de horas trabalhadas; para o sistema; e
3. Proporciona < gastos de combustíveis e de mão-de-obra; 2. Exige emprego de
4. Conserva a umidade e a MO do solo devido a herbicidas e bons
permanência da palha na sua superfície; conhecimentos de manejo dos
5. Possibilita excelente controle à erosão pela proteção mesmos, e no que diz respeito
(cobertura morta) oferecida ao solo contra a ação das ao tipo, época de aplicação e
fortes chuvas; espécies de ervas daninhas.
6. ↓ pela metade as perdas de água pela evaporação;
7. Mantém o solo em boas condições físicas por não haver
destruição dos agregados;
8. ↓ a poluição da água dos rios causada por pesticidas e
fertilizantes e arraste de partículas do solo anualmente; e
9. Proporciona a produção de mais de uma colheita por
ano, com o aumento da utilização do solo.
2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Plantio Direto ou Nenhum Preparo

• Utilização da água pelas Culturas;


• Eficiência do Uso de Fertilizantes na Agricultura sem preparo;
• Problemas de Pragas e Doenças.
2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Plantio Direto ou Nenhum Preparo

• Utilização da água pelas Culturas;

O conteúdo de água no solo é quase sempre mais alto no sistema sem


preparo do que na aração convencional.

Porquê?????????
2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Plantio Direto ou Nenhum Preparo

• Eficiência do Uso de Fertilizantes na Agricultura sem preparo;

- Não há mobilização do solo;


- Quase não existe diferença na assimilação do K quando aplicado à
superfície do solo ou incorporado a ele;
- Aplicação superficial do P tem uma leve vantagem sobre o
colocado em sulcos rasos, ou mesmo quando é misturado à terra,
por duas razões:
2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Plantio Direto ou Nenhum Preparo

• Eficiência do Uso de Fertilizantes na Agricultura sem preparo;

a) O solo mais úmido na camada superficial do que nas camadas


mais profundas. Quanto > essa umidade, melhor a proporção
de difusão do fósforo para as raízes que proliferam nesta
zona; e
b) A aplicação superficial do fertilizante fosfatado
efetivamente alcança os mesmos resultados que a aplicação
do P em sulcos. Isso quer dizer que o contato bastante
limitado do fertilizante fosfatado com o solo resulta em >
solubilidade P.
2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Plantio Direto ou Nenhum Preparo

• Eficiência do Uso de Fertilizantes na Agricultura sem preparo;

Aplicação de calcário na superfície é eficiente por que no sistema

sem preparo a superfície do solo é a zona de > probabilidade de tornar-


se ácida, devido a nitrificação deixar resíduos ácidos nos pontos de
aplicação do fertilizante e a não incorporação dos resíduos, o que
poderá diluir os efeitos dessa acidez.
2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Subsolagem

2.4 Subsolagem

A subsolagem é um processo mecânico utilizado para soltar e


quebrar o material do subsolo, de maneira a aumentar a infiltração da
água da chuva e proporcionar > aeração e > penetrabilidade das raízes.

Objetivo: Conservar a água através do melhoramento das condições


físicas do solo e da redução das perdas de terra pela diminuição das
enxurradas.
2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Subsolagem

> zona de aeração e destrói a crosta formada pelo tráfego de


máquinas agrícolas.

Problemas: solos pouco permeáveis a água da chuva absorvida muito


lentamente, há limitação da oxigenação necessária à respiração das
raízes.

-Custo elevado
- nem sempre apresenta um aumento compensador das
colheitas
- casos particulares apresenta melhores resultados.
2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Pousio

2.5 Pousio

- O pousio está caracterizado pela manutenção temporária do solo sem


cultivo.
- Refazer as propriedades físicas e fertilidade;
- Agricultura nômade ou de constantes mudanças de local, o solo é
cultivado por períodos menores do que aqueles em que fica de repouso.
- Não dispõe de maquinário e fertilizantes;
- Caracterizado como variação da rotação de cultura;

Na rotação, entretanto, os agricultores ficam permanentemente no


mesmo lugar, enquanto na agricultura nômade (migratória) as áreas a
utilizar são sistematicamente mudadas.
2. Técnicas de manejo de solos tropicais: Pousio

O solo mantém um ciclo muito fechado;


Os nutrientes são armazenados pela biomassa e pelo solo e são
reciclados.
Redução do uso de fertilizantes

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