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02/05/2020
Número: 0833441-34.2015.8.15.2001
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 1ª Vara Cível da Capital
Última distribuição : 27/11/2015
Valor da causa: R$ 575,00
Assuntos: Obrigação de Fazer / Não Fazer, Cobrança de Aluguéis - Sem despejo
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
REAL CONSULTORIA E SOLUCOES LTDA - ME (AUTOR) THIAGO SILVEIRA GUEDES PEREIRA (ADVOGADO)
LUIZ CARLOS ERNESTO DE BARROS (ADVOGADO)
HILTON SOUTO MAIOR NETO (ADVOGADO)
ALEXANDRE SOARES DE MELO (ADVOGADO)
SEAPORT SERVICOS DE APOIO PORTUARIO LTDA (REU) ADRIANO DE MATOS FEITOSA (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
25205 27/11/2015 16:34 Vol 3 Outros Documentos
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arquitetônico, documental, etnológico, histórico e popular, sendo este último constituído
de folclore artesanato e arte popular, entre outros. Desta forma, pode-se compreender a
importância do turismo cultural que é compreendido da seguinte forma:
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ferroviário, sem com isso prejudicar sua colocação de terceiro maior PIB do Estado e o
primeiro em relação ao PIB per capita.
Contudo, não se observa uma infraestrutura compatível com esses
dados. Vários problemas urbanos que afetam diretamente o turismo foram identificados,
entre eles a limpeza urbana deficiente, principalmente nos pontos turísticos. Outro fator
negativo é a ausência de ordenamento do transporte marítimo e fluvial em Areia
Vermelha e Jacaré. A falta de organização e infraestrutura precária dos equipamentos
turísticos.
Á partir da identificação desses problemas, a iniciativa pública nas
esferas municipal, estadual e federal através do Ministério do Turismo, desenvolveu
programas para incentivo do turismo interno e de estrangeiros no Brasil. Uma das ações
trata da construção de um berço de atracação para navios de passageiros com estrutura
para receptivo ligada à Fortaleza de Santa Catarina.
O princípio almeja uma ação integrada entre as secretarias de
Infraestrutura (Seinfra), Meio Ambiente, Pesca e Aquicultura (Semapa), Receita
Municipal, Indústria Comércio e Portos, Mobilidade Urbana (Semob), Esporte
Juventude e Lazer, Segurança Pública, Cultura, Comunicação Institucional e Turismo,
além da Vigilância Sanitária e Capitania dos Portos.
Outro projeto público trata da desocupação da lâmina dágua onde
funcionam alguns bares, entre eles o Bar do Jacaré. Trata-se de uma reintegração de
posse já que a área pertence ao Patrtrimônio da União.
Desta forma, os diversos setores que envolvem o turismo serão
agentes de transformação. Com o investimento, o Ministério do Turismo, através do
Plano Nacional do Turismo, visa, entre outros pontos, garantir a qualidade e a
sustentabilidade dos destinos turísticos e criar condições para implantação de
equipamentos turísticos no município.
Pode-se afirmar então que o potencial turístico da AID é
potencialmente forte em atrativos para o turismo cultural. As Unidades de Conservação
do Amém e de Areia Vermelha, a Ilha da Restinga, o Santuário da Guia, as Ruínas do
Bonsucesso, as Ruínas de Forte Velho, a Fortaleza de Santa Catarina, as Ruínas do
Almagre contam com uma estrutura primária de transporte, aluguel de embarcações,
pousadas, restaurantes, informações turísticas (centro turístico e guias).
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De acordo com Souza (2000, p.04) o impacto turístico constitui-se
pela gama de modificações ou pela sequência de eventos provocados pelo processo
turístico nas localidades. Esses impactos podem ser econômicos, ambientais e
socioculturais. Dentre os impactos causados pelo turismo na AID estão a influência na
descaracterização das manifestações culturais e o maior desgaste dos recursos naturais.
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4. distribuição de energia elétrica e iluminação pública;
5. recolhimento de resíduos sólidos urbanos;
6. tratamento de resíduos sólidos urbanos;
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público e privado para o desenvolvimento culturalmente sustentável, no qual deve se
estabelecer uma comunicação entre os membros da sociedade para a distribuição e
implementação das medidas propostas.
Deve haver investimentos na melhoria da circulação e fluxo de
entrada e saída do município. Em relação à circulação de automóveis, embarcações e
transeuntes, da linha férrea que atenderá o Complexo Portuário Seaport, além dos
vagões e estações que servem à população que se utilizará desses serviços.
Caso seja instalado o Complexo Portuário, o fluxo de tráfego fluvial
de passageiros entre os percursos habituais citados acima, terão que ser monitorados
permanentemente a fim de evitar acidentes com o tráfego comercial portuário.
É necessário prever a logística de circulação entre as embarcações de
grande porte. Seu trânsito fluvial deverá ser planejado para que funcione sem prejudicar
a dinâmica de mobilidade fluvial da população usuária do transporte coletivo entre as
margens de Lucena e Cabedelo, realizadas atualmente pelo ferry boat e pela balsa.
As políticas públicas ambientais, sociais, urbanas, econômicas e
turísticas devem ser prementes, considerando que as transformações locais têm sido
muito rápidas, e por vezes irreversíveis. Deve-se considerar o aumento da população
fixa e volante da população em função das atividades do porto. Preparar o espaço
urbano para tal fim deve ser premissa. As vias de acesso a BR 230 devem ser largas e
desobstruídas, asfaltadas, com delimitações bem sinalizadas. Para desobstrução das vias
é necessário que o passeio ou calçamento esteja em bom estado para que o pedestre não
tenha necessidade de desviar-se. Devem existir áreas específicas para estacionamento
para que não se estacione nas faixas de automóveis. É necessário que se evite a
existência de becos estreitos, sem saída e sem calçamento no núcleo central, tendo em
vista a segurança, salubridade e fluidez da cidade.
Partindo do princípio que a sustentabilidade se dá principalmente pelo
uso, os bens turísticos deverão ser evidenciados através de políticas de divulgação e
preparados para a visitação através da equipagem com infraestrutura e políticas de
educação ambiental e patrimonial voltadas para o turismo nos municípios.
O aumento na quantidade e qualidade de serviços de hospedagem e alimentação é
necessário se considerada a demanda atual e o aumento que ocorrerá com a implantação
do Complexo Portuário.
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É necessária a articulação entre as secretarias de turismo, educação e
cultura dos municípios inseridos na AID com o fim de fortalecer as ações de valorização
dos grupos culturais e artistas locais. Um inventário e registro aprofundado de todas as
manifestações será a primeira etapa para a formulação de ações de incentivo à
perpetuação dos saberes e fazeres através das gerações.
4.5 - ARQUEOLOGIA
4.5.1 - INTRODUÇÃO
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Figura 270: Áreas do empreendimento, 2014 - Fonte: Real Consultoria
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ao setor a ser ocupado pelo ele. A área definida para a implantação deste novo porto
compreende 34,78 há, sendo 1,25 ha das atuais instalações da Seaport, 27,17 há de
Espelho D‟água e 6,36 ha da área vizinha à Seaport que compreende as comunidades
Marileide Teotônio e Nossa Senhora Aparecida e a área pertencente ao Grupo J.
Macedo com 3,04 há (Figura 271).
Área do
Empreendimento
(ADA)
4.5.1.1 - Legislação
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Tabela 113 - Respaldo Legal Patrimônio Cultural
Art. 216 da Constituição Identifica os bens patrimoniais, suas naturezas e tipos.
Federal de 1988
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Resolução n° 001, de 03 Que determina os procedimentos a serem observados na
de agosto de 2006. instauração e instrução do processo administrativo de
Publicada no DO de 23 de Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial.
março de 2007
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4.5.1.2 - Metodologia
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A metodologia empregada para este projeto de arqueologia preventiva
envolve a execução de trabalhos de campo e de laboratório. De modo geral, esta
metodologia não difere em muito daquela aplicada usualmente na Arqueologia. A sua
diferença básica diz respeito à forma de sua aplicação e a velocidade com que o trabalho
é executado. O aporte metodológico usado, bem como a sua fundamentação teórica, se
baseia em Chmyz (1995), Costa (1986) dentre outros, que, devido à sua experiência
neste tipo de atividade, já desenvolveram condições teórico-metodológicas adequadas
de atuação.
Como se trata de trabalhos realizados para a construção de um porto
de atracação e docagem, a utilização de pesquisas em meio aquático também são
necessárias para que o diagnóstico seja realizado de forma mais completa e abrangente.
Para os trabalhos de arqueologia subaquática a metodologia empregada está baseada nos
trabalhos de RAMBELLI, CAMARGO e CALLIPO e no Livro Amarelo (2004), o qual
tem como principal objetivo a divulgação da Arqueologia Subaquática no Brasil e,
essencialmente, diferenciá-la das práticas da caça ao tesouro e da caça ao suvenir.
A Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), através do
Núcleo de Estudos Estratégicos (NEE), acolhe desde Janeiro de 2004, o Centro de
Estudos de Arqueologia Náutica e Subaquática (CEANS).
O CENTRO DE ESTUDOS DE ARQUEOLOGIA NÁUTICA E
SUBAQUÁTICA (CEANS), preocupado com a depredação dos naufrágios, elaborou
um estudo que resultou no chamado “Livro Amarelo”, que se trata de um manifesto
com o objetivo principal da divulgação da Arqueologia subaquática no Brasil, buscando
diferenciar as práticas de “caça ao tesouro” e da caça ao suvenir, numa missão de
realizar levantamento, estudo, divulgação, conscientização, gestão, proteção e
preservação do patrimônio cultural náutico e subaquático brasileiro e internacional.
As atividades a serem realizadas pela equipe responsável pelo
levantamento do Patrimônio Cultural seguem os critérios abaixo:
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Tabela 114. Atividades a serem realizadas pela equipe responsável pelo levantamento do Patrimônio Cultural.
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testemunhos de atividades humanas (cultura material), isolados ou estruturalmente
associados, que se encontram submersos, soterrados ou na área de interface dos
ambientes marítimos, lagunares, fluviais ou em ambientes outrora submersos.
A pesquisa e a proteção do patrimônio cultural subaquático se
desenvolvem como uma especialidade da Arqueologia. A Arqueologia Subaquática não
está relacionada ao resgate de objetos e cargas que foram perdidas no mar através dos
anos durante naufrágios e outros modos de afundamentos existentes. Ela segue
princípios rigorosos da Arqueologia, utilizando conceitos e terminologias, e
empregando métodos e técnicas específicos para a área de estudo.
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Tem como princípios metodológicos o registro sistemático do
contexto arqueológico e a interpretação dessas informações. Ela se apoia em uma
tecnologia específica com a utilização do equipamento de mergulho, que exige o seu
aprendizado pelo arqueólogo.
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Esta primeira etapa consiste no levantamento dos possíveis naufrágios
existentes nesta área. Devido a isso, deve ser realizada uma exaustiva pesquisa
bibliográfica, consulta a órgãos como a Marinha do Brasil, documentação histórica,
informações levantadas por pescadores, etc.
Estas informações darão subsídios para que se possa plotar os
respectivos naufrágios ou qualquer outro tipo de evidência que possa ser encontrada no
fundo do mar ou ao longo do rio Paraíba, dentro das Áreas de Influência.
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dos documentos e das fontes orais. A concepção histórica será composta da experiência
de vida do historiador que se utilizará de uma compreensão anterior na gênese de sua
pesquisa. Dessa forma, a história se propõe a uma interpretação capaz de ser
contextualizada de modo objetivo, com o mínimo possível de universalidade para que
assim se possa reconstituir o passado sem recorrer em erros. E a partir dessa
interpretação do passado podemos levantar elementos que comprovem a identidade das
populações que ocuparam a área alvo de estudo.
Toda pesquisa histórica necessita de outras fontes para subsidiar a sua
pesquisa, pois o historiador não é capaz de reter todo conhecimento para realizar sua
pesquisa sem auxílio de outras áreas de conhecimentos e suas metodologias e métodos.
A área que se fará o estudo está localizada na região litorânea da
Paraíba, onde se de iniciou os primeiros passos para as etapas da colonização. O
processo de colonização da Paraíba ocorreu por vários caminhos, o que resultou na
formação de núcleos de povoamento isolados e que permaneceram nesta situação até o
século XVII. Na segunda metade deste século, novos colonos chegavam às terras
paraibanas através do Rio Capibaribe em Pernambuco e a partir da Bahia, pelo Rio São
Francisco até atingir o Rio Pajeú e, finalmente, o Piancó na Paraíba. (MONTEIRO,
1980)
Essa região foi habitada por três grupos indígenas. O primeiro grupo
que habitou essa área litorânea antes da colonização pertencia à grande tribo Carirí
oriunda da Região Amazônica, que também eram conhecidos como Tapuias devido à
sua agressividade. O segundo grupo foi os Potiguaras, pertencentes à Nação Tupi-
Guarani oriundos do litoral do Maranhão. Com a chegada dos Potiguaras os Carirí se
deslocam para o sertão. O terceiro grupo foi os Tabajaras de origem Tupi- Guarani. Sua
chegada foi no século XVI, período da conquista da Paraíba. (MONTEIRO, 1975).
De acordo com Monteiro (1975) foram quatro as tentativas de
conquista da Paraíba iniciadas a partir de 1574, sofrendo outras tentativas nos anos
1575, 1582 e 1584.
O seu processo de colonização é iniciado como forma de proteger o
território da presença dos franceses que exploravam o pau-brasil na região. Nestes
processos os portugueses se aliaram aos índios Tabajaras contra os franceses e aos
índios Potiguara. A conquista final contra franceses e Potiguaras ocorre com a criação
de um arraial na Ilha de Camboa (hoje Ilha da Restinga), com a construção do Forte de
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São Felipe e São Tiago (chamado de Forte Velho) na margem esquerda da foz do Rio
Paraíba em 1584, e da Fortaleza de Santa Catarina, na margem direita do Rio Paraíba,
em Cabedelo, no ano de 1586, Há controvérsia sobre o ano exato, mas o mais provável
e aceito por historiadores, é o de 1586, sendo Frutuoso Barbosa apontado como
responsável por sua fundação (PINTO, 2003).
De 1585 a 1822 ocorreu o processo de formação dos territórios municipais
da Paraíba com o crescimento de cinco áreas urbanas. Contudo, as demais localidades
continuaram isoladas e se tornaram dependentes dessas áreas urbanas. Esta situação persistiu até
meados do século XX (CAVALCANTI, 1996).
Através da historiografia e da cultura material foi possível obter
informações sobre os grupos indígenas que habitam o litoral da Paraíba. Esses grupos,
conforme pesquisas realizadas eram seminômades, coletores, pescadores e caçadores. A
presença indígena foi muito importante no processo histórico de formação da nação e da
identidade brasileira.
Para entender uma área específica, onde um empreendimento será
implantado em que a sua área encontra-se definida é necessário considerar estudos que
extrapolem os limites da área de influência, de forma que é necessário entender os
grupos indígenas que habitaram não só a área em questão, mas, também, o entorno do
empreendimento.
Segundo Pompeu Sobrinho (1950) o grupo Cariri pertencia ao tronco
linguístico formado por quatro línguas independente: carirbi, tupi, aurau e araruaque. A
Nação Cariri dividia-se em várias tribos das quais citaremos apenas as que existiam em
território paraibano e proximidades. Esses grupos na Paraíba eram os seguintes:
Paiacus, Icós, Sucurus, Ariús, Panatis, Canindés, Pegas, Janduis, Bultrins e Carnoiós.
Conforme as pesquisas de Cruz Pires (2002) Cariri é a denominação
da principal família de línguas indígenas do sertão nordestino brasileiro, e vários grupos
locais ou etnias foram ou são referidos como pertencentes ou relacionados a ela. Na
literatura especializada, existe uma larga discussão sobre os pertencimentos dos grupos
indígenas do sertão à família cariri ou a outras famílias como o Tarairiú. Além dessas,
existem várias línguas isoladas. Historicamente, esses grupos aparecem denominados de
modo genérico como Tapuia e podem ser vinculados ao tronco Macro-Jê.
Os grupos Potigura e Tabajaras pertenciam ao tronco linguístico da
famíla Tupi-Guarani. São caracterizados como grupos ceramistas porque possuíam uma
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cerâmica denominada, tradicionalmente, de Tupiguarani. Existem referências sobre a
produção, uso e as características técnicas dessa cerâmica. Jean de Lery (1972) ressalta
a variedade de formas das vasilhas fabricadas pelos grupos que habitavam o litoral. A
costa do Litoral nordestino, era ocupado basicamente pelos Tupinambás, que
dominavam o recôncavo baiano até a foz Rio São Francisco; pelos Caeté, que se
estendiam desde a margem norte do São Francisco até os limites entre os estados de
Pernambuco e Paraíba e por fim, pelos Potiguar, que se estendiam desde a costa
Paraibana até o Maranhão (CUNHA, 1992).
O grupo Caeté, habitantes da costa de Pernambuco como da Paraíba
estiveram presentes nas conquistas territoriais e nos conflitos durante a época colonial.
Esses grupos eram inimigos dos Potiguaras e dos Tupinambá e impediam as
comunicações entre as capitanias de Pernambuco e Paraíba. Os Caetés ocupavam a
faixa litorânea entre o rio São Francisco e o rio Paraíba.
Parece que bem não passemos adiante do Rio de S. Francisco sem dizermos
que gentio é este Caité, que tanto mal tem feito aos portugueses nesta costa
(...) Este gentio nos primeiros anos da conquista deste estado do Brasil
senhoreou desta costa da boca do Rio de S. Francisco até o rio Paraíba, onde
sempre teve guerra cruel com os Pitiguares, (...) (SOUZA, 2000, p.24).
São estes Caités muito belicosos e guerreiros, mas muito atraiçoados e sem
nenhuma fé nem verdade, o qual fez os danos, que fica declarado, à gente da
nau do bispo, a Duarte Coelho, e a muitos navios e caravelões, que se
perderam nesta costa, dos quais não escapou pessoa nenhuma, que não
matassem e comessem (...) (SOUZA, 2000, p.25).
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Os Caetés, segundo Souza (2000), teriam sido responsáveis pela
execução do primeiro Bispo do Brasil, D. Pero Fernandes Sardinha, nas margens do
Rio São Francisco, fato que muito contribuiu para a demonização deste grupo que
foram considerados “inimigos da civilização”. Esse grupo, durante o início da ocupação
da Capitania de Pernambuco, impôs forte resistência aos colonos portugueses, como o
conhecido episódio em que sitiaram as Vilas de Olinda e Igarassu, narrados por Frei
Vicente Salvador (1965) e Hans Staden (1974). O fato ocorrido entre os Caetés e o
Bispo Sardinha teria sido um forte motivador para que houvesse uma cisão entre os
índios Caeté. As aldeias que haviam se aliado aos portugueses, teriam buscado se
diferenciar através de uma nova denominação, os Tabojara, que significa “aliado”.
Dessa forma, foram os Tabajaras ou Tabojaras, que estiveram junto aos portugueses
nas lutas de conquista do território da Capitania da Paraíba contra os Potiguara.
Para a etnohistória da Paraíba há muitas informações sobre os
Potiguaras. Estes estavam espalhados pelo litoral das capitanias de Itamaracá, Paraíba e
Rio Grande e já eram conhecidos historicamente desde 1501. Na Paraíba ocupavam
todo o vale do rio Mamanguape, desde a Baia da Tradição até a atual Serra da Raiz
(chamada anteriormente de Serra da Copaoba). Já de acordo com Moonen e Mariz
(1992) a área de dispersão dos Potiguaras era maior. Os Potiguaras no século XVI
habitavam o litoral do Nordeste do Brasil, entre João Pessoa, na Paraíba, e São Luís, no
Maranhão. A denominação do grupo possui variação e pode ser encontrada nos
documentos como: Potygoar, Potyuara, Pitiguara, Pitagoar, Petigoar, entre outros.
A palavra Potiguara significa “pescadores de camarão”, “comedores
de camarão”, ou “criadores de camarão”. Esses índios tiveram importante papel na
conquista da Paraíba. Após os conflitos envolvendo os Potiguara e os portugueses, a
região compreendida entre os Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e
Ceará foi conquistada (DANTAS et all, 1992). De acordo com Salvador (1965) havia
cinquenta aldeias na „terra do caju azedo‟, também conhecido como Acajutibiró, hoje
Baía da Traição. Souza (2000, p.17) relata que "Chama-se esta baía pelo gentio
Potiguara Akajutibiró, e os portugueses, da Traição, por com ela matarem uns poucos
castelhanos e portugueses que nesta costa se perderam".
Este gentio senhoreia esta costa do Rio Grande até a Paraíba, onde se
confinaram antigamente com outro gentio, que chamamos os Caités, que são
seus contrários, e se faziam cruelíssima guerra uns aos outros, e se fazem
ainda agora pela banda do sertão onde agora vivem os Caités, e pela banda do
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Rio Grande são fronteiros dos Tapuias, que é gente mais doméstica, com
quem estão às vezes de guerra às vezes de paz, e se ajudam uns aos outros
contra os Tabajaras, que vizinham com eles pela parte do sertão. (SOUZA,
2000, p.17).
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aliou alguns guerreiros Potiguaras nas tropas holandesas e escreveu cartas eloquentes
no sentido de persuadir outros chefes a se aliarem aos holandeses.
Durante a invasão holandesa ao Nordeste, as relações entre indígenas
e europeus foram alteradas, principalmente quando nos referimos aos grupos do sertão;
a política empreendida por Maurício de Nassau proporcionou muitas alianças com os
indígenas, proibindo a escravização destes; isso se deve basicamente à concepção dos
flamengos de que os índios eram aliados indispensáveis para a manutenção da posse do
território ocupado. Dessa forma, os holandeses tiveram forte apoio dos Potiguaras, e de
grande parte dos “Tapuias”, índios do sertão; entre estes últimos, destacaram-se os
Tarairiú, ou Janduí, “terríveis” aliados, responsáveis por vários episódios de pilhagem.
Os holandeses permitiram a permanência dos chefes indígenas nas
vilas deixando também um comandante holandês com a tarefa de animar os índios para
o trabalho (HEMMING, 1978). Após a expulsão dos holandeses em 1654, ocorreu
definitivamente a conquista dos índios Potiguara. Em regime de aldeamento, o grupo
foi organizado nas aldeias de Baía da Traição (cujo protetor era São Miguel) e da
Preguiça no município de Mamanguape (sob a invocação de Nossa Sra. dos Prazeres),
ambas sob a responsabilidade espiritual da missão carmelita. Ainda nos dias atuais se
comemora a festa de São Miguel como o padroeiro dos Potiguaras. Ocorreu também
uma ampliação na migração de vários grupos, como os Potiguaras; muitos foram para o
Ceará e principalmente para o sertão.
Após a pacificação e o aldeamento dos Potiguaras da Paraíba, no
início do século XVII, não se encontram registros do grupo. Somente no séc. XX os
Potiguara "reaparecem" (VIEIRA, 2003).
Na segunda metade do século XIX houve a tentativa de demarcar as
terras indígenas dos Potiguaras. Contudo este processo não se efetivou plenamente.
Algumas terras foram demarcadas na aldeia de Monte-Mór. Outras terras já estavam no
domínio do grupo Lundgren, proprietário da Companhia de Tecidos Rio Tinto, filial da
Companhia de Tecidos Paulista do Estado de Pernambuco (MOONEN, 1986). Contudo
a maioria das terras não foi dividida em lotes e ficaram como de uso coletivo.
No início do século XX o governo da Paraíba colocou à venda as
terras dos índios Potiguaras. Mas por meio da intervenção de José Campelo Galvão as
terras não foram vendidas, pois seriam terras de índios. Este fato tornou visível que
existiam índios na Paraíba (VIEIRA, 2003).
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Na década de 1930 foi criado o posto indígena de Nísia Brasileira,
instalado na aldeia São Francisco, e posteriormente transferido para a aldeia do Forte.
Na década de 1960 com o fim do SPI e a criação da FUNAI o PI Nísia Brasileira
passou a denominar de PI Potiguara, hoje é PIN Potyguaras. Seus remanescentes vivem
atualmente nos municípios de Baía da Traição e Rio Tinto, no litoral setentrional da
Paraíba.
Os Potiguaras têm uma população estimada em torno de seis mil
habitantes, distribuídos em três Terras Indígenas (TI): TI Potyguaras, TI Jacaré de São
Domingos e a TI Potyguara de Monte-Mór, constituindo ao todo trinta e duas aldeias
(VIEIRA, 2003).
Verifica-se a partir destes dados que a zona da mata/litoral foi uma
área com concentração de ocupações indígenas, no momento da conquista portuguesa.
Através dos documentos do período colonial foi constatado que o plantio da cana-de-
açúcar também utilizou o trabalho indígena, tanto nas lavouras de subsistência, como
em tarefas complementares ao funcionamento da produção açucareira (SCHWARTZ,
1995). Consequentemente o indígena estava presente em vários locais da zona litoral-
mata e em diferentes fases da implantação do sistema açucareiro, em Pernambuco,
Paraíba e Rio Grande do Norte. Seja como inimigo dos portugueses, nas disputas pela
terra, seja como trabalhador escravo nos Engenhos, seja como aliado dos portugueses,
ele assume um importante papel na construção da História do Nordeste.
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de um grupo humano ou sociedade. Essa construção é simbólica, e responsável por
guiar toda ação humana.
A cultura, nesse sentido amplo, engloba a língua que falamos, as
ideias de um grupo, as crenças, os costumes, os códigos, as instituições, as ferramentas,
a arte, a religião, a ciência, enfim, toda as esferas da atividade humana. Mesmo as
atividades básicas de qualquer espécie, como a reprodução e a alimentação, são
realizadas de acordo com regras, usos e costumes de cada cultura particular.
Os rituais de namoro e casamento, os usos referentes à alimentação (o
que se come, como se come), o preparo dos alimentos, o tipo de roupa que vestimos a
língua que falamos, as palavras de nosso vocabulário, tudo isso é regulado pela cultura à
qual pertencemos.
A sua função é tornar a vida segura e contínua para a sociedade
humana. Ela é o elemento que dá unidade a certo grupo de pessoas que divide os
mesmos usos e costumes, os mesmos valores. Deste ponto de vista, portanto, podemos
dizer que tudo o que faz parte do mundo humano é cultura.
A memória surge como um processo de retenção de informações no
qual nossas experiências são arquivadas e recuperadas quando as chamamos. É uma
função cerebral superior relacionada ao processo de retenção de informações obtidas em
experiências vividas.
O termo memória tem sua origem etimológica no latim e significa a
faculdade de reter e /ou readquirir ideias, imagens, expressões e conhecimentos
adquiridos anteriormente reportando-se às lembranças, reminiscências.
A memória é uma faculdade cognitiva extremamente importante
porque ela forma a base para a aprendizagem. Se não houvesse uma forma de
armazenamento mental de representações do passado, não teríamos uma solução para
tirar proveito da experiência. Assim, a memória envolve um complexo mecanismo que
abrange o arquivo e a recuperação de experiências, portanto, está intimamente associada
à aprendizagem, que é a habilidade de mudarmos o nosso comportamento através das
experiências que foram armazenadas na memória; em outras palavras, a aprendizagem é
a aquisição de novos conhecimentos e a memória é a retenção daqueles conhecimentos
aprendidos.
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Esta intrigante faculdade mental forma a base de nosso conhecimento,
estando envolvida com nossa orientação no tempo e no espaço e nossas habilidades
intelectuais e mecânicas.
Assim, aprendizagem e memória constituem o suporte para todo o
nosso conhecimento, habilidades e planejamento, fazendo-nos considerar o passado, nos
situarmos no presente e prevermos o futuro.
A identidade cultural é um sistema de representação das relações entre
indivíduos e grupos, que envolve o compartilhamento de patrimônios comuns como a
língua, a religião, as artes, o trabalho, os esportes, as festas, entre outros. É um processo
dinâmico, de construção continuada, que se alimenta de várias fontes no tempo e no
espaço.
Como consequência do processo de globalização, as identidades
culturais não apresentam hoje contornos nítidos e estão inseridas numa dinâmica
cultural fluida e móvel.
A globalização é uma nova e intensa configuração do globo, a
resultante do novo ciclo de expansão do capitalismo não apenas como modo de
produção, mas como processo civilizatório de alcance mundial, abrangendo a totalidade
do planeta de forma complexa e contraditória. O Estado-nação, símbolo da
modernidade, entra em declínio.
Como consequência, os mapas culturais já não coincidem com as
fronteiras nacionais, fato acelerado pela intensificação das redes de comunicação que
atingem os sujeitos de forma direta ou indireta.
Grandes conceitos que informavam a construção das identidades
culturais, como nação, território, povo, comunidade, entre outros, e que lhe davam
substância, perderam vigor em favor de conceitos mais flexíveis, relacionais. Sabe-se
que as identidades, que eram achadas ou outorgadas, passaram a ser construídas.
Elas, que eram definitivas, tornaram-se temporárias. A diversidade
cultural que o mundo apresenta hoje, as múltiplas e flutuantes identidades em processo
contínuo de construção, a defesa do fragmentário, das parcialidades e das diferenças,
trouxeram, como corolário, uma volatilidade das identidades que se inscrevem numa
outra lógica: da lógica da identidade para a lógica da identificação. Da estabilidade e
segurança garantidas pelas identidades rígidas, à impermanência, mutabilidade e fluidez
da identificação.
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Não é mais possível fechar em torno de uma só questão as referências
da prática individual e coletiva. O que se impõe hoje, a partir da noção contingente,
contextualizada e relacional da identidade, é garantir que a multiplicidade e a
diversidade sejam preservadas, que a cultura, como uma longa conversa entre partes
distintas, permita que convivam sujeitos dos mais diferentes matizes.
Em vez disso, quando a cultura local parece esgarçar-se como
consequência da globalização, a afirmação de identidades duras parece funcionar, para
muitos sujeitos, como elemento apaziguador que busca deter e solidificar a fluidez
característica da época atual. Verificam-se, então, manifestações extremadas, em que
nacionalismos, fundamentalismos, xenofobias, preconceitos, são ressuscitados e lutas
sem fim são travadas em nome da preservação de identidades.
O patrimônio tem relação inerente com a ideia de cultura e que é
transmitido às gerações futuras como sendo um legado cultural. Por isso, podemos dizer
que se trata de uma herança cultural que se acumula ao longo do tempo pelo homem e
faz parte de sua história e do seu patrimônio cultural.
Entende-se Patrimônio Cultural como o conjunto de todos os bens,
materiais ou imateriais, que, pelo seu valor próprio, devam ser considerados de interesse
relevante para a permanência e a identidade da cultura de um povo. Segundo a definição
estabelecida pelos órgãos federais de preservação, o:
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O patrimônio cultural é constituído pelos bens materiais e imateriais
(patrimônio tangível e intangível) que se referem à identidade, à ação e à memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, como sejam:
as formas de expressão
os modos de criar, fazer, viver;
as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais;
os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
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parte do patrimônio histórico e cultural dos municípios de Cabedelo, Lucena e Forte
Velho em Santa Rita, na Área de Influência Direta do referido empreendimento.
Estas manifestações culturais em grande parte estão se perdendo e
podem ser incentivadas pela iniciativa privada e estimuladas com o crescimento do
turismo na região.
Movimentos teatrais, musicais, literários, pintores, escultores,
artesãos, feiras, etc, fazem parte deste patrimônio. Ele é dividido em Material e
Imaterial. Por se tratar de um empreendimento portuário existe a relevância de se
pesquisar o patrimônio subaquático da área.
As entrevistas realizadas na Área de Influência Direta apontam para o
reconhecimento de locais importantes para a cultura local. Foram registrados elementos
do Patrimônio Histórico e Cultural, apontando os bens de natureza Material e Imaterial
que fazem parte da história e cultura local.
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4.5.4 – LEVANTAMENTO PATRIMONIAL DO EMPREENDIMENTO
NAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA
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aquarteladas em Cabedelo. Durante o domínio holandês deram-lhe os batavos maiores
proporções e trocaram-lhe o nome para Margareta, em homenagem a uma dama da
família de Nassau.
Foi elevado à categoria de município e distrito com a denominação de
Cabedelo, pela lei estadual nº 10, de 05 de setembro de 1850, desmembrado de
Campina Grande. Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o distrito de
Cabedelo figura no município de João Pessoa, ex-Paraíba.
Elevado à categoria de município com a denominação de Cabedelo,
pela lei estadual nº 283, de 1703-1908, desmembrado de Paraíba.
Em divisão territorial datada de 1 de julho de 1960, o município é
constituído do distrito sede. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
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A atual cidade de João Pessoa teve seu início em 5 de Agosto de 1585.
Ela foi fundada numa colina, às margens do rio Sanhauá, um afluente do rio Paraíba.
Em 1588, adquiriu o nome de Filipéia de Nossa Senhora das Neves, em homenagem ao
rei Filipe durante a União Ibérica. Em 24 de dezembro de 1634 ela passou a denominar-
se Frederica, devido à dominação holandesa. Em 1654 passou a chamar-se Paraíba.
A capital chamou-se Paraíba do Norte até 4 de setembro de 1930,
quando teve seu nome mudado para João Pessoa, em homenagem ao Presidente do
Estado, assassinado no Recife, em plena campanha política. Sua morte foi uma das
causas imediatas da Revolução de 3 de outubro daquele ano.
Uma das cidades mais antigas do Brasil, João Pessoa, capital da
Paraíba, teve seu Centro Histórico tombado pelo IPHAN em 2009. O tombamento
abrange 502 edificações, a maior parte dos bairros do Varadouro (Cidade Baixa) e
Cidade Alta, em uma área de 370 mil m², em 25 ruas e seis praças, bem como o antigo
Porto do Capim, local de fundação da cidade. Na área demarcada, o traçado urbano
ainda se mantém original (Figura 272).
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Figura 272: Planta do Centro Histórico. Fonte: Prefeitura de João Pessoa. Fonte: Prefeitura Municipal de João
Pessoa – Secretaria de Planejamento
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O Patrimônio Cultural Material do município de João Pessoa compreende
locais de referência histórica na formação desta cidade. No levantamento cultural material de
João Pessoa, o primeiro local a ser apontado neste levantamento é a Casa da Pólvora
(Coordenadas: 0291847 / 9213172). Durante a instalação da colônia e a iminente necessidade
de defesa e ataque, foram construídos espaços direcionados à estocagem de armamentos e do
único material explosivo do período utilizado nos canhões: a pólvora a qual tem em sua
composição - carvão, enxofre e salitre – material inflamável. Estes espaços foram
denominados de Casa da Pólvora (Figura 273).
Na cidade de João Pessoa foram construídas três delas, porém apenas uma
resiste às ações do tempo. Esta se localiza na ladeira de São Francisco, sua construção teve
inicio em 1704 sendo concluída apenas em 1710. A localização estratégica era utilizada para a
observação do Porto do Capim. Na Carta Régia que recomendava a construção da casa é
subtendido que a metrópole temia uma invasão da França ou Espanha, visto que o território da
capitania era conhecido. O prédio histórico foi tombado pelo IPHAN em 24 de maio de 1938,
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atualmente passa por uma restauração. Faz parte do seu potencial patrimonial a vista
panorâmica da paisagem do rio Sanhauá e da várzea paraibana.
A Catedral Basílica abriga a padroeira da cidade, Nossa Senhora das Neves
(Coordenadas: 0291862 / 9213047), e é a igreja matriz de João Pessoa. O atual prédio foi
construído pelo vigário Francisco Melo Cavalcanti, é a quarta construção da igreja, a primeira
remonta a 1586, porém ao entrar no processo de arruinamento foi demolida e reconstruída por
mais três vezes. O seu valor histórico remete-se principalmente a carga de memória que esta
possui por representar, através do culto a Nossa Senhora das Neves, o inicio da cidade (Figura
274 e 275). Ela é tombada pelo IPHAN.
Figura 274. Fachada da Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, 2014. Fonte: Real Consultoria.
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Figura 275: Parte interna da Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, 2014. Fonte: Real
Consultoria.
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Os Franciscanos permaneceram no convento até 1885, assim o império
transformou, em 1894, o convento em uma Escola de Aprendizes Marinheiros e em um
Hospital Militar. Só com a criação da Diocese da Paraíba que o 1° bispo, Dom Adauto de
Miranda Henriques, conseguiu nele implantar o Seminário e Colégio diocesano. Em 1979
iniciou a restauração do conjunto, finalizada em 1990. Como centro cultural abre diariamente
às visitações, com guias para explicação histórica e também recebem, em alguns momentos,
eventos e mostras culturais (Figura 276, 277, 278).
Figura 276. Centro cultural de São Francisco, 2014. Fonte: Real Consultoria.
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Figura 277: Vista da Igreja e o Adro, 2014. Fonte: Real Consultoria
Figura 278: Painel de azulejo português localizado na muralha do Adro representa as estações da Paixão de
Cristo, 2014 (Fonte: Real Consultoria.)
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O Convento Igreja de Nossa Senhora do Carmo (Coordenadas
292061/9212940) tem a sua construção marca o século XVI, no estilo barroco romano.
Apresenta apenas uma torre e sua estrutura é toda em pedra. Já na secunda metade do século
XVII a igreja já havia passado por restauração. A ordem é a do Monte Carmelo registrada no
escudo. No altar é possível visualizar motivos de decoração esculpidos em pedra (Figura 279).
Figura 279. Fachada da Igreja Nossa Senhora do Carmo, 2014 Fonte: Real Consultoria.
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