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Tribunal de Justiça da Paraíba

PJe - Processo Judicial Eletrônico

02/05/2020

Número: 0833441-34.2015.8.15.2001
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 1ª Vara Cível da Capital
Última distribuição : 27/11/2015
Valor da causa: R$ 575,00
Assuntos: Obrigação de Fazer / Não Fazer, Cobrança de Aluguéis - Sem despejo
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
REAL CONSULTORIA E SOLUCOES LTDA - ME (AUTOR) THIAGO SILVEIRA GUEDES PEREIRA (ADVOGADO)
LUIZ CARLOS ERNESTO DE BARROS (ADVOGADO)
HILTON SOUTO MAIOR NETO (ADVOGADO)
ALEXANDRE SOARES DE MELO (ADVOGADO)
SEAPORT SERVICOS DE APOIO PORTUARIO LTDA (REU) ADRIANO DE MATOS FEITOSA (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
25204 27/11/2015 16:34 Vol 2 Outros Documentos
75
grande
Tachycineta albiventer (Boddaert,
andorinha-do-rio R IND B IN LC
1783)
Troglodytidae Swainson, 1831
Troglodytes musculus Naumann, 1823 corruíra R IND B IN LC
Turdidae Rafinesque, 1815
Turdus leucomelas Vieillot, 1818 sabiá-barranco R SMD B ON LC
Turdus rufiventris Vieillot, 1818 sabiá-laranjeira R IND B ON LC
Thraupidae Cabanis, 1847
Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) cambacica R SMD B ON LC
Thlypopsis sordida (d'Orbigny e
saí-canário R SMD B ON LC
Lafresnaye, 1837)
Tachyphonus rufus (Boddaert, 1783) pipira-preta R DEP B FR LC
Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) sanhaçu-cinzento R SMD B ON LC
Tangara palmarum (Wied, 1823) sanhaçu-do-coqueiro R SMD B IN LC
Tangara cayana (Linnaeus, 1766) saíra-amarela R IND M ON LC
Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) saí-azul R SMD B ON LC
Cyanerpes cyaneus (Linnaeus, 1766) saíra-beija-flor R SMD M ON LC
Conirostrum bicolor (Vieillot, 1809) figuinha-do-mangue R SMD B IN LC
Fringillidae Leach, 1820
Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) fim-fim R SMD B FR LC
Passeridae Rafinesque, 1815
Passer domesticus (Linnaeus, 1758) pardal R IND B ON LC
Legenda: C (espécie cinergética); R (residente); VN (visitante sazonal oriundo do hemisfério norte); 1 (independente de
ambientes florestais ou arbóreos); 2 (semi-dependente de ambientes florestais ou arbóreos); 3 (dependente de ambientes
florestais ou arbóreos); A (alta sensitividade a distúrbios ambientais); B (baixa sensitividade a distúrbios ambientais); M
(média sensitividade a distúrbios ambientais); IN (insetívoro); ON (onívoro); GR (granívoro); CA (carnívoro); PI
(piscívoro); HE (herbívoro); NE (nectarívoro), FR (frugívoro); LI (limícola); NC (necrófago); LC (pouco preocupante).

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Pluvialis squatarola Butorides striata

Numenius hudsonicus Arenaria interpres

Charadrius semipalmatus Fregata magnificens

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Sterna hirundo Nyctanassa violacea

Egretta thula Egretta caerulea

Falco peregrinus Cathartes aura

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Jacana jacana Buteogallus aequinoctialis

Mivalgo chimachima Chlorocerylr amazona

Tachycineta albiventer Progne chalybea

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Tachyphonus rufus Cyanerpes cyaneus

Dacnis cayana Tangara cayana

Diopsittaca nobilis Tyrannus melancholicus

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Myiarchus tyrannulus Machetornis rixosa

Fluvicola nengeta Euphonia chlorotica

Figura 217. Registros fotográficos de algumas das espécies de aves realizados na ADA e AID da obra de implantação do
Complexo Portuário Seaport, no estuário do rio Paraíba do Norte, em Cabedelo-PB. (Fonte: Real Soluções).

4.3.5.6.2.1. ÁREAS DE INFLUENCIA


Área de Influência Indireta - AII

Na Área de Influência Indireta (AII) o inventário avifaunístico foi realizado a


partir dos dados disponíveis na literatuta específica. A paritr dos trabalhos encontrados para a
referida área foi possível identificar 120 espécies de aves, pertencentes a 98 gêneros e 39 famílias
(Tabela 45), das quais as famílias Thraupidae e Tynarnnidae foram as mais representativas com 11
espécies cada. Em seguida, destacaram-se as famílias Ardeidae (9 espécies), Scolapacida (7
espécies) e Columbidae (6 espécies).

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Tabela 45. Lista das espécies de aves encontradas na Área de Influência Indireta (AII) da obra de
implantação do Complexo Portuário Seaport, no estuário do rio Paraíba do Norte, em Cabedelo-
PB segundo observações e consulta a bilbiografia.
Araujo et al
N Táxon Souza (2000)
(2009)
1 Actitis macularius X X
2 Amazilia fimbriata X
3 Amazilia leucogaster X X
4 Antrostomus rufus X X
5 Aramides cajaneus X
6 Aramides mangle X
7 Ardea alba X
8 Ardea cocoi X
9 Arenaria interpres X
10 Asio clamator X
11 Bubulcus ibis X
12 Buteo brachyurus X
13 Buteogallus aequinoctialis X
14 Butorides striata X X
15 Cacicus cela X
16 Calidris alba X
17 Calidris pusilla X
18 Camptostoma obsoletum X
19 Caracara plancus X X
20 Cathartes aura X X
21 Cathartes burrovianus X
22 Charadrius collaris X
23 Charadrius semipalmatus X
24 Chiroxiphia pareola X
25 Chloroceryle aenea X X
26 Chloroceryle amazona X
27 Chloroceryle Americana X X
28 Chrysolampis mosquitus X
29 Cochlearius cochlearius X
30 Coereba flaveola X X
31 Colaptes melanochloros X X
32 Columbina minuta X X
33 Columbina passerine X X
34 Columbina picui X
35 Columbina squammata X
36 Columbina talpacoti X X
37 Conirostrum bicolor X X
38 Conirostrum speciosum X
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39 Coragyps atratus X X
40 Crotophaga ani X X
41 Cyanerpes cyaneus X
42 Cyanocorax cyanopogon X
43 Cyclarhis gujanensis X X
44 Dacnis cayana X
45 Dendrocygna autumnalis X
46 Dendrocygna viduata X
47 Dendroplex picus X
48 Dryocopus lineatus X
49 Egretta caerulea X
50 Egretta thula X
51 Elaenia cristata X
52 Elaenia flavogaster X X
53 Estrilda astrild X
54 Eupetomena macroura X X
55 Euphonia chlorotica X
56 Euphonia violacea X X
57 Falco sparverius X
58 Fluvicola nengeta X X
59 Formicivora grisea X X
60 Forpus xanthopterygius X
61 Fregata magnificens X
62 Furnarius figulus X
63 Gallinula galeata X
64 Geranoaetus albicaudatus X
65 Guira guira X X
66 Hemitriccus margaritaceivente X
67 Herpsilochmus pileatus X
68 Hydropsalis albicollis X
69 Icterus pyrrhopterus X
70 Leptotila rufaxilla X X
71 Limnodromus griseus X
72 Megaceryle torquata X X
73 Megascops choliba X
74 Milvago chimachima X X
75 Myiarchus ferox X
76 Myiarchus swainsoni X
77 Myiarchus tyrannulus X
78 Myiodynastes maculates X X
79 Myiothlypis flaveola X
80 Myiozetetes similis X

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81 Neopelma pallescens X

82 Numenius phaeopus X
83 Nyctibius griseus X X
84 Nycticorax nycticorax X
85 Nystalus maculates X X
86 Pandion haliaetus X X
87 Passer domesticus X
88 Picumnus exilis X X
89 Pitangus sulphuratu X X
90 Pluvialis squatarola X
91 Podilymbus podiceps X
92 Polioptila plumbea X
93 Progne chalybea X
94 Progne tapera X
95 Rupornis magnirostris X X
96 Sicalis flaveola X
97 Stelgidopteryx ruficollis X
98 Sterna hirundo X
99 Synallaxis frontalis X
100 Tachornis squamata X
101 Tachybaptus dominicus X
102 Tachycineta albiventer X X
103 Tangara cayana X X
104 Tangara palmarum X X
105 Tangara sayaca X X
106 Thlypopsis sordida X
107 Tigrisoma lineatum X X
108 Todirostrum cinereum X X
109 Tringa semipalmata X
110 Troglodytes musculus X X
111 Turdus leucomelas X X
112 Turdus rufiventris X
113 Tyrannus melancholicus X X
114 Tyto furcata X
115 Urubitinga urubitinga X
116 Vanellus chilensis X
117 Veniliornis passerinus X X
118 Vireo chivi X X
119 Volatinia jacarina X X
120 Zonotrichia capensis X

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Área de Influência Direta - AID

Na Área de Influência Direta (AID) foram realizados os registros de 84 espécies


de aves, pertencentes a 73 gêneros e 33 famílias (Tabela 46), das quais a família Tynarnnidae foi a
mais representativa com 11 espécies. Em seguida, destacaram-se as famílias Thraupidae (9
espécies), Columbidae (5 espécies) e Cuculidae (4 espécies).

Tabela 46. Lista das espécies encontradas na Área de Influência Direta


(AID) da obra de implantação do Complexo Portuário Seaport, no estuário
do rio Paraíba do Norte, em Cabedelo-PB.
N Táxon Nome Popular
1 Actitis maculariu Maçarico-pintado
2 Amazilia fimbriat Beija-flor-de-garganta-verde
3 Amazilia leucogaste Beija-flor-de-barriga-branca
4 Aramides cajaneus Saracura-três-potes
5 Ardea alba Garça-branca-grande
6 Arenaria interpres Vira-pedras
7 Bubulcus ibis Garça-vaqueira
8 Buteogallus aequinoctialis Caranguejeiro
9 Butorides striata Socozinho
10 Calidris alba Maçarico-branco
11 Calidris himantopus Maçarico-pernilongo
12 Calidris Maçariquinho
13 Camptostoma obsoletum Risadinha
14 Caracara plancus Caracará
15 Cathartes aura Urubu-de-cabeça-vermelha
16 Cathartes burrovianus Urubu-de-cabeça-amarela
17 Chaetura meridionalis Andorinhão-do-temporal
18 Charadrius semipalmatus Batuíra-de-bando
19 Chiroxiphia pareola Tangará-falso
20 Chloroceryle amazona Martim-pescador-verde
21 Chloroceryle americana Martim-pescador-pequeno
22 Cnemotriccus fuscatus Guaracavuçu
23 Coccyzus melacoryphus Papa-lagarta-acanelado

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24 Coereba flaveola Cambacica
25 Columbina minuta Rolinha-de-asa-canela
26 Columbina picui Rolinha-picui
27 Columbina talpacoti Rolinha-roxa
28 Conirostrum bicolor Figuinha-do-mangue
29 Coragyps atratus Urubu-de-cabeça-preta
30 Crotophaga ani Anu-preto
31 Cyanerpes cyaneus Saíra-beija-flor
32 Cyclarhis gujanensis Pitiguari
33 Dacnis cayana Saí-azul
34 Dendrocygna viduata Irerê
35 Dendroplex picus Arapaçu-de-bico-branco
36 Diopsittaca nobilis Maracanã-pequena
37 Egretta caerulea Garça-azul
38 Egretta thula Garça-branca-pequena
39 Elaenia flavogaster Guaracava-de-barriga-amarela
40 Euphonia chlorotica Fim-fim
41 Falco peregrinus Falcão-peregrino
42 Fluvicola nengeta Lavadeira-mascarada
43 Formicivora grisea Papa-formiga-pardo
44 Fregata magnificens Tesourão
45 Guira guira Anu-branco
46 Hydropsalis albicollis Bacurau
47 Jacana jacana Jaçanã
48 Leptotila verreauxi Juriti-pupu
49 Machetornis rixosa Suiriri-cavaleiro
50 Manacus manacus Rendeira
51 Megaceryle torquata Martim-pescador-grande
52 Milvago chimachima Carrapateiro
Maria-cavaleira-de-rabo-
53 Myiarchus tyrannulus
enferrujado
54 Myiodynastes maculatus Bem-te-vi-rajado
Bentevizinho-de-penacho-
55 Myiozetetes similis
vermelho

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56 Neopelma pallescens Fruxu-do-cerradão
57 Numenius hudsonicus Maçarico-de-bico-torto
58 Nyctanassa violacea Savacu-de-coroa
59 Nyctibius griseus Mãe-da-lua
60 Pachyramphus polychopterus Caneleiro-preto
61 Penelope superciliaris Jacupemba
62 Phaeomyias Bagageiro
63 Piaya cayana Alma-de-gato
64 Pitangus sulphuratus Bem-te-vi
65 Pluvialis squatarola Batuiruçu-de-axila-preta
66 Progne chalybea Andorinha-doméstica-grande
67 Rupornis magnirostris Gavião-carijó
68 Sterna hirundo Trinta-réis-boreal
69 Tachornis squamata Andorinhão-do-buriti
70 Tachycineta albiventer Andorinha-do-rio
71 Tachyphonus rufus Pipira-preta
72 Tangara cayana Saíra-amarela
73 Tangara palmarum Sanhaçu-do-coqueiro
74 Tangara sayaca Sanhaçu-cinzento
75 Thlypopsis sordida Saí-canário
76 Todirostrum cinereum Ferreirinho-relógio
77 Troglodytes musculus Corruíra
78 Turdus leucomelas Sabiá-barranco
79 Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira
80 Tyrannus melancholicus Suiriri
81 Urubitinga urubitinga Gavião-preto
82 Vanellus chilensis Quero-quero
83 Veniliornis passerinus Picapauzinho-anão
84 Vireo chivi Juruviara

Área Diretamente Afetada - ADA

Na Área Diretamente Afetada (ADA) foi possível realizar cinco pontos de escuta
e observação (Figura 218). Neles foi possível identificar 14 espécies de aves (Tabela 47),

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pertencentes a 14 gêneros e 11 famílias. Do total de espécies registrados na ADA, duas ocorreram
somente nessa área: Columba livia (pombo-doméstico) e o Passer domesticus (pardal). Ambas são
espécies introduzidas e bastante comuns em áreas urbanizadas.

Figura 218. Pontos de escuta e observação para inventário da avifauna na Área Diretamente Afetada (ADA) da obra de
implantação do Complexo Portuário Seaport, no estuário do rio Paraíba do Norte, em Cabedelo-PB. (Fonte: Real
Soluções).

Tabela 47. Lista das espécies encontradas na Á Área Diretamente Afetada


(ADA) da obra de implantação do Complexo Portuário Seaport, no estuário do
rio Paraíba do Norte, em Cabedelo-PB.
Espécies da Avifauna registradas na ADA
Nome Científico Nome Popular
Actitis macularius Maçarico-pintado
Amazilia leucogaster Beija-flor-de-barriga-branca
Butorides striata Socozinho
Charadrius semipalmatus Batuíra-de-bando
Coereba flaveola Cambacica
Columba livia Pombo-doméstico
Columbina talpacoti Rolinha-roxa
Passer domesticus Pardal
Pitangus sulphuratus Bem-te-vi
Tachornis squamata Andorinhão-do-buriti
Tachycineta albiventer Andorinha-do-rio
Tangara palmarum Sanhaçu-do-coqueiro

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Troglodytes musculus Corruíra
Tyrannus melancholicus Suiriri
Curva Acumulativa de Espécies e Estimativa da Riqueza

A curva acumulativa de espécies, obtida com os dados de ponto-de-escuta, não atingiu a


assíntota, demonstrando que não houve uma estabilização no número de espécies registradas na
amostragem de campo (Figura 219). Utilizando a técnica de estimativa de riqueza Jacknife,
estimou-se uma riqueza de 111 espécies para a área da Restinga de Cabedelo - PB.
A estimativa de riqueza do Jacknife demonstrou um número esperado de espécies de aves
superior ao amostrado na área de estudo (Figura 219).

Figura 219. Curva de rarefação e riqueza de espécies estimadas por Jacknife, com base
no método de ponto-de-escuta, registrado na ADA e AID da obra de implantação do
Complexo Portuário Seaport, no estuário do rio Paraíba do Norte, em Cabedelo-PB.
(Fonte: Real Consultoria).

Frequência de Ocorrência (FO)

Do total de 86 taxa, oito (8) deles estiveram presentes em todas as saídas (100%)
destas, sete (7) espécies são consideradas pouco sensíveis a alterações ambientais (SILVA et al.,
2003). Esta alta incidência de espécies tolerantes a alteração pode ser considerada como um
indicador de áreas que já passaram ou passam por algum tipo de impacto ou alteração ambiental.
Algumas espécies de aves foram observadas apenas uma vez ao longo de todo o
monitoramento (29) e podem demonstrar a presença de habitats específicos na área de estudo. Um
exemplo desses habitats é a presença de corpos d’água doce, formados na estação chuvosa. Esse
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tipo de ambiente favorece espécies dependentes de ambientes aquáticos, que encontram nesses
locais, alimento, abrigo para descanso, área para reprodução e outros fatores que
influenciamdiretamente em seus ciclos de vida (Weller, 1999), como aAramides cajaneus, espécie
de alta sensitividade e registrada apenas uma vez e a Jacana jacana observada em apenas duas
saídas, ambas visualizadas no período úmido.
Sobre a Frequencia de Ocorrência (FO), 19 espécies apresentaram FO alta, 23
espécies FO média e 44 apresentaram baixa FO (Figura 220).

Frequência de ocorrência (FO)


50
44
45
40
35
30
25 23
19
20
15
10
5
0
Baixa Média Alta

Figura 220. Frequência de ocorrência com base no método de ponto-de-escuta, registrado


na ADA e AID da obra de implantação do Complexo Portuário Seaport, no estuário do rio
Paraíba do Norte, em Cabedelo-PB. (Fonte: Real Consultoria).

As principais espécies que apresentaram alta FO foram Actitis macularius, Ardea


alba, Caracara plancus, Coragyps atratus, Megaceryle torquata e Pitangus sulphuratus (Figura
221). Estas espécies foram observadas em todos os dias de amostragem e apresentam de baixa a
média sensibilidade a distúrbios do habitat.
Dentre as espécies que apresentaram baixa FO destacaram-se Aramides cajaneus,
Manacus manacus, Dendroplex picus, Penelope superciliares, Urubitinga urubitinga, e Falco
peregrinus, que foram registrados apenas em um ou dois dias do período de amostragem.

Índice Pontual de Abundância (IPA)

Nos 85 Pontos de Escuta estabelecidos ao longo das transecções foram obtidos


1137 contatos de 67 espécies. O Índice Pontual de Abundância (IPA) apresentou variação de 0.01

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(1 contato) à 1.09 (93 contatos), com uma média aproximada de 0.19, que equivale
aproximadamente a 16.5 contatos/espécie (Figura 220).

A B

C D

E F

Figura 221. Espécies da avifauna que apresentaram maior Frequencia de Ocorrencia na ADA e AID da obra de
implantação do Complexo Portuário Seaport, no estuário do rio Paraíba do Norte, em Cabedelo-PB: A - Actitis
macularius, B - Ardea alba, C - Caracara plancus,D - Coragyps atratus,E - Megaceryle torquata e F - Pitangus
sulphuratus. (Fonte: Real Consultoria).

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Índice Pontual de Abundância (IPA)
1,2

0,8

0,6

0,4

0,2

0
1 3 5 7 9 1113151719212325272931333537394143454749515355575961636567

Figura 222. Índice Pontual de Abundância com base no método de ponto-de-escuta, registrado na
ADA e AID da obra de implantação do Complexo Portuário Seaport, no estuário do rio Paraíba do
Norte, em Cabedelo-PB, nos meses de março e maio de 2014. (Fonte: Real Consultoria).

A curva cumulativa do número de espécies por ordem decrescente de


abundância mostra que existem 37.31% das espécies com índice de detecção maior ou igual à média
(n=16.5 espécies) e 62.69% das espécies (n=42) com índice de detecção menor que a média de
contatos.
As espécies com maiores valores de IPA foram Calidris minutilla (1.09), Coereba
flaveola (0.72), Pitangus sulphuratus (0.64), Formicivora grisea (0.63), Actitis macularius e
Numenius hudsonicus ambos com 0,61 e Egretta caerulea (0.60).

Espécies Cinegéticas

Foram registradas oito espécies de importância cinegética (Tabela 47). Com


ressalvas para Penelope superciliares e Aramides cajaneus que além de serem alvos de caça devido
a sua carne, são enquadradas como tendo respectivamente, média e alta sensitividade a distúrbios
ambientais, o que amplia a importância conservacionista dessas espécies.

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Classificação Quanto ao Uso do Habitat

Das 86 espécies registradas, 48.84% são independentes de áreas florestadas, 39.53% são
semi-dependentes e 11.63% são classificadas como dependentes de áreas florestadas (Figura 223).

Dependência de Ambientes Florestais


45 42
40
34
35

30

25

20

15
10
10

0
Independente Semi-dependente Dependente

Figura 223. Dependência de Ambientes Florestais das espécies registradas na ADA e AID da
obra de implantação do Complexo Portuário Seaport no estuário do rio Paraíba do Norte em
Cabedelo-PB, nos meses de março e maio de 2014. (Fonte: Real Consultoria).

Dos taxa registrados, oito espécies (Fregata magnificens, Calidris alba, Calidris
himantopus, Columba livia, Diopsittaca nobilis, Cyanerpes cyaneus e Passer domesticus) tiveram
suas classificações obtidas com base em observações em campo, devido à falta de informações
precisas na literatura consultada.
Pôde-se observar que a proximidade entre o número de espécies independentes e
semi-dependentes de ambientes florestais obtidos em campo, condiz com as características vegetais
da área de estudo, que apresenta em sua maioria áreas semi-florestadas e abertas. Outro ponto
importante é que grande maioria das espécies mantém parte de seus ciclos vitais em ambientes
florestais, porém sem depender exclusivamente destes locais, mesmo sendo beneficiadas com a
presença de ambos os habitats.
O menor número de aves dependentes de ambientes florestais encontradas no
estudo, corrobora com a classificação feita por Silva et al. (2003). Segundo estes autores, aves
exclusivamente “dependentes” de ambientes florestais são raras e se restringem a um reduzido
número de espécies. Ainda é válido ressaltar que duas espécies (Actitis macularius e Amazilia
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leucogaster) registradas em campo demonstraram possuir maior afinidade com o status “semi-
dependente” do que “dependente”.

SENSIBILIDADE A DISTÚRBIOS DO HABITAT

Segundo a classificação de sensibilidade das aves a distúrbios, elaborada por Stotz


et al. (1996) 66 espécies do total de aves registradas (n=86), apresentaram baixa sensibilidade a
distúrbios do habitat, perfazendo 76,74%, ao passo que 17 taxa (19,77%) apresentam média
sensibilidade e três espécies possuem alta sensibilidade (3,49%) (

Figura 224).

Sensibilidade a Distúrbios do Habitat


3%

20%
Alta
Média
Baixa

77%

Figura 224. Sensibilidade a distúrbios ambientais das espécies registradas na ADA e AID da obra
de implantação do Complexo Portuário Seaport no estuário do rio Paraíba do Norte em Cabedelo
- PB, nos meses de março e maio de 2014. (Fonte: Real Consultoria).

O grande número de espécies encontradas com baixa sensibilidade, possivelmente


ocorreu devido à área em questão ter sofrido e ainda sofrer de forma pontual como visto em
campanha, pressões antrópicas como o extrativismo, pecuária e ocupação humana ilegal, o que
tende a causar uma elevação deste grupo localmente.
Contudo a presença de espécies com média e alta sensibilidade a distúrbios
ambientais registradas no presente estudo,ressaltam a importância da conservação da diversidade
biológica presente nos remanescentes de Mata de Restinga em Cabedelo-PB. Trabalhos de Lyra-
Neves (2004), Magalhães et al. (2007) também exaltam a importância da proteção ou da criação de
planos de conservações em áreas com a presença de espécies sensíveis a fragmentação.
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Guildas Tróficas

Dentre as guildas tróficas os mais representativos foram: onívoros, somando


33,72% das espécies encontradas, insetívoros (26,74%), limícolas (10,47%) e frugívoros,
granívoros e piscívoros, cada um apresentando 5,81% do total das guildas analisadas (Figura 225).

Guildas Tróficas
35
29
30
25 23

20
15
9
10
5 5 5 4
5 3 2 1
0

Figura 225. Guildas Tróficas das espécies registradas na ADA e AID da obra de implantação
do Complexo Portuário Seaport no estuário do rio Paraíba do Norte em Cabedelo - PB, nos
meses de março e maio de 2014. (Fonte: Real Consultoria).

Em estudo feito por Scherer et al. (2005) também foi visualizado maiores
números de espécies onívoras seguida de insetívoras. A alta ocorrência de aves onívoras
encontradas na área de estudo era esperada. Segundo Willis (1979) em fragmentos vegetativos esta
guilda trófica tem efeito tampão contra flutuações na disponibilidade de alimento.
O baixo número de espécies especialistas como dendrocolaptídeos e pica-paus
(escaladores de troncos) e formicarídeos (seguidores de correição) também reflete as características
da área estudada. Segundo Bierregaard et al. (1992) esses grupos tendem a diminuir suas
populações em fragmentos pequenos.
Já a presença de aves piscívoras, herbívoras e limícola ocorreram apenas devido a
extensa área de mangue e a algumas formações de lagos temporárias de água doce presentes na
Ilha da Restinga.

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Espécies Ameaçadas

Conforme a Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção


publicada pelo Ministério do Meio Ambiente, por meio da Instrução Normativa nº 03, de 26 de em
maio de 2003, nenhuma das espécies registradas consta em algum grau de perigo (Tabela 48).

Espécies Colonizadoras

Três espécies exóticas e/ou colonizadoras foram registradas: Bubulcus ibis (garça-
vaqueira), Columba livia (pombo-doméstico) e Passer domesticus (pardal), as duas últimas,
consideradas espécies exóticas invasoras trazidas ao Brasil (SICK, 2001). A Columba livia
introduzida no país no século XVI como ave doméstica e o Passer domesticus introduzido em 1906
no Rio de Janeiro a partir da soltura de 200 indivíduos, havendo outras subsequentes solturas em
diversas regiões (SICK, 2001).
Já a Bubulcus ibis provavelmente colonizou o Brasil de maneira natural na década
de 1970, expandindo sua distribuição por todo território nacional (SICK, 1983; SICK 1997).
Nenhumas das aves exóticas foram encontradas na Ilha da Restinga, o que sugere
que apesar da ilha apresentar perturbações antrópicas, o grau de conservação da ilha não permite a
invasão dessas espécies que são dependentes de áreas mais urbanas.

Dados Secundários

Dentre os trabalhos que se basearam com dados mais recentes acerca da avifauna
litorânea da Paraíba, podemos citar Souza (2000) e Araújo et al., (2009). Souza (2000) em
levantamentos preliminares a respeito da fauna, realizados pela equipe do CEMAVE/NE na Mata
do Amém em Cabedelo-PB, relatou 66 espécies de aves pertencentes a 23 famílias, distribuídas nos
diferentes ambientes que compõem a Floresta Nacional da Restinga de Cabedelo.
Araújo et al., (2009) seis anos depois, realizaram um inventário localizado na
Área de Proteção Ambiental da Barra do rio Mamanguape e no complexo estuário-manguezal do rio
Paraíba do Norte–PB, no qual registraram um total de 101 espécies de representantes para a
ornitofauna.
Se compararmos ao presente estudo, realizado nos fragmentos de Mata de
Restinga no munícipio de Cabedelo-PB, o número de espécies em comum registradas chega a 66
espécies e juntos totalizam um total de 140 espécies que habitam o litoral Paraibano (Tabela 48)

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Tabela 48. Lista das espécies da ornitofauna com ocorrência registrada para a área estudada e na área
de estudo da obra de implantação do Complexo Portuário Seaport no estuário do rio Paraíba do Norte
em Cabedelo – PB.

Araujo et
al (2009)
SeaPort

(2000)
Souza
Total
Táxon

Anseriformes Linnaeus, 1758


Anatidae Leach, 1820
Dendrocygna viduata (Linnaeus, 1766) X X X
Dendrocygna autumnalis (Linnaeus, X X
Galliformes Linnaeus, 1758
Cracidae Rafinesque, 1815
Penelope superciliaris Temminck, 1815 X X
Podicipediformes Fürbringer, 1888
Podicipedidae Bonaparte, 1831
Tachybaptus dominicus (Linnaeus, X X
Podilymbus podiceps (Linnaeus, 1758) X X
Suliformes Sharpe, 1891
Fregatidae Degland & Gerbe, 1867
Fregata magnificens Mathews, 1914 X X X
Pelecaniformes Sharpe, 1891
Ardeidae Leach, 1820
Tigrisoma lineatum (Boddaert, 1783) X X X
Cochlearius cochlearius (Linnaeus, X X
Nycticorax nycticorax (Linnaeus, 1758) X X
Nyctherodius violaceus (Linnaeus, 1758) X X
Butorides striata (Linnaeus, 1758) X X X X
Bubulcus ibis (Linnaeus, 1758) X X X
Ardea cocoi Linnaeus, 1766 X X
Ardea alba Linnaeus, 1758 X X X
Egretta thula (Molina, 1782) X X X
Egretta caerulea (Linnaeus, 1758) X X X
Cathartiformes Seebohm, 1890
Cathartidae Lafresnaye, 1839
Cathartes aura (Linnaeus, 1758) X X X X
Cathartes burrovianus Cassin, 1845 X X X
Coragyps atratus (Bechstein, 1793) X X X X
Accipitriformes Bonaparte, 1831
Pandionidae Bonaparte, 1854
Pandion haliaetus (Linnaeus, 1758) X X X
Accipitridae Vigors, 1824

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Buteogallus aequinoctialis (Gmelin, X X X
Urubitinga urubitinga (Gmelin, 1788) X X X
Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) X X X X
Geranoaetus albicaudatus (Vieillot, X X
Buteo brachyurus Vieillot, 1816 X X
Gruiformes Bonaparte, 1854
Rallidae Rafinesque, 1815
Aramides mangle (Spix, 1825) X X
Aramides cajaneus (Statius Muller, X X X
Gallinula galeata (Lichtenstein,1818) X X
Charadriiformes Huxley, 1867
Charadriidae Leach, 1820
Vanellus chilensis (Molina, 1782) X X X
Pluvialis squatarola (Linnaeus, 1758) X X X
Charadrius semipalmatus Bonaparte, X X X
Charadrius collaris Vieillot, 1818 X X
Scolopacidae Rafinesque, 1815
Limnodromus griseus (Gmelin, 1789) X X
Numenius hudsonicus Latham, 1790 X X
Numenius phaeopus (Linnaeus, 1758) X X
Actitis macularius (Linnaeus, 1766) X X X X
Tringa semipalmata (Gmelin, 1789) X X
Arenaria interpres (Linnaeus, 1758) X X X
Calidris alba (Pallas, 1764) X X X
Calidris pusilla (Linnaeus, 1766) X X
Calidris minutilla (Vieillot, 1819) X X
Calidris himantopus (Bonaparte, 1826) X X
Jacanidae Chenu & Des Murs, 1854
Jacana jacana (Linnaeus, 1766) X X
Sternidae Vigors, 1825
Sterna hirundo Linnaeus, 1758 X X X
Columbiformes Latham, 1790
Columbidae Leach, 1820
Columbina passerina (Linnaeus, 1758) X X X
Columbina minuta (Linnaeus, 1766) X X X X
Columbina talpacoti (Temminck, 1811) X X X X
Columbina squammata (Lesson, 1831) X X
Columbina picui (Temminck, 1813) X X X
Columba livia Gmelin, 1789 X X
Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855 X X
Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, X X X
Cuculiformes Wagler, 1830
Cuculidae Leach, 1820

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Piaya cayana (Linnaeus, 1766) X X
Coccyzus melacoryphus Vieillot, 1817 X X
Crotophaga ani Linnaeus, 1758 X X X X
Guira guira (Gmelin, 1788) X X X X
Strigiformes Wagler, 1830
Tytonidae Mathews, 1912
Tyto furcata (Temminck, 1827) X X
Strigidae Leach, 1820
Megascops choliba (Vieillot, 1817) X X
Asio clamator (Vieillot, 1808) X X
Nyctibiiformes Yuri, Kimball, Harshman, Bowie,
Braun, Chojnowski, Han, Hackett, Huddleston, Moore,
Reddy, Sheldon, Steadman, Witt & Braun, 2013
Nyctibiidae Chenu & Des Murs, 1851
Nyctibius griseus (Gmelin, 1789) X X X X
Caprimulgiformes Ridgway, 1881
Caprimulgidae Vigors, 1825
Antrostomus rufus (Boddaert, 1783) X X X
Hydropsalis albicollis (Gmelin, 1789) X X X
Apodiformes Peters, 1940
Apodidae Olphe-Galliard, 1887
Chaetura meridionalis Hellmayr, 1907 X X
Tachornis squamata (Cassin, 1853) X X X
Trochilidae Vigors, 1825
Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) X X X
Chrysolampis mosquitus (Linnaeus, X X
Amazilia leucogaster (Gmelin, 1788) X X X X
Amazilia fimbriata (Gmelin, 1788) X X X
Coraciiformes Forbes, 1844
Alcedinidae Rafinesque, 1815
Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766) X X X X
Chloroceryle amazona (Latham, 1790) X X X
Chloroceryle aenea (Pallas, 1764) X X X
Chloroceryle americana (Gmelin, 1788) X X X X
Galbuliformes Fürbringer, 1888
Nystalus maculatus (Gmelin, 1788) X X X
Piciformes Meyer & Wolf, 1810
Picidae Leach, 1820
Picumnus exilis (Lichtenstein, 1823) X X X
Veniliornis passerinus (Linnaeus, 1766) X X X X
Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788) X X X
Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) X X

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Falconiformes Bonaparte, 1831
Falconidae Leach, 1820
Caracara plancus (Miller, 1777) X X X X
Milvago chimachima (Vieillot, 1816) X X X X
Falco sparverius Linnaeus, 1758 X X
Falco peregrinus Tunstall, 1771 X X
Psittaciformes Wagler, 1830
Psittacidae Rafinesque, 1815
Diopsittaca nobilis (Linnaeus, 1758) X X
Forpus xanthopterygius (Spix, 1824) X X
Passeriformes Linnaeus, 1758
Thamnophilidae Swainson, 1824
Formicivora grisea (Boddaert, 1783) X X X X
Herpsilochmus pileatus (Lichtenstein, X X
Dendrocolaptidae Gray, 1840
Dendroplex picus (Gmelin, 1788) X X X
Furnariidae Gray, 1840
Furnarius figulus (Lichtenstein, 1823) X X
Synallaxis frontalis Pelzeln, 1859 X X
Pipridae Rafinesque, 1815
Neopelma pallescens (Lafresnaye, 1853) X X X
Manacus manacus (Linnaeus, 1766) X X
Chiroxiphia pareola (Linnaeus, 1766) X X X
Tityridae Gray, 1840
Pachyramphus polychopterus (Vieillot, X X
Rhynchocyclidae Berlepsch, 1907
Tolmomyias flaviventris (Wied, 1831) X X X
Todirostrum cinereum (Linnaeus, 1766) X X X X
Hemitriccus margaritaceiventer X X
d'Orbigny & Lafresnaye, 1837)
Tyrannidae Vigors, 1825
Camptostoma obsoletum (Temminck, X X X
Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) X X X X
Elaenia cristata Pelzeln, 1868 X X
Phaeomyias murina (Spix, 1825) X X
Myiarchus swainsoni Cabanis & Heine, X X
Myiarchus ferox (Gmelin, 1789) X X
Myiarchus tyrannulus (Statius Muller, X X X
Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) X X X X
Machetornis rixosa (Vieillot, 1819) X X
Myiodynastes maculatus (Statius Muller, X X X X
Myiozetetes similis (Spix, 1825) X X X
Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 X X X X

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Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766) X X X X
Cnemotriccus fuscatus (Wied, 1831) X X
Vireonidae Swainson, 1837
Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) X X X X
Vireo chivi (Vieillot, 1817) X X X X
Corvidae Leach, 1820
Cyanocorax cyanopogon (Wied, 1821) X X
Hirundinidae Rafinesque, 1815
Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817) X X
Progne tapera (Vieillot, 1817) X X
Progne chalybea (Gmelin, 1789) X X X
Tachycineta albiventer (Boddaert, 1783) X X X X
Troglodytidae Swainson, 1831
Troglodytes musculus Naumann, 1823 X X X X
Polioptilidae Baird, 1858
Polioptila plumbea (Gmelin, 1788) X X
Turdidae Rafinesque, 1815
Turdus leucomelas Vieillot, 1818 X X X X
Turdus rufiventris Vieillot, 1818 X X X
Passerellidae Cabanis & Heine, 1850
Zonotrichia capensis (Statius Muller, X X
Parulidae Wetmore, Friedmann, Lincoln,
Miller, Peters, van Rossem, Van Tyne &
Zimmer 1947
Myiothlypis flaveola Baird, 1865 X X
Icteridae Vigors, 1825
Cacicus cela (Linnaeus, 1758) X X
Icterus pyrrhopterus (Vieillot, 1819) X X
Thraupidae Cabanis, 1847
Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) X X X X
Thlypopsis sordida (d'Orbigny & X X X
Tachyphonus rufus (Boddaert, 1783) X X
Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) X X X X
Tangara palmarum (Wied, 1823) X X X X
Tangara cayana (Linnaeus, 1766) X X X X
Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) X X X
Cyanerpes cyaneus (Linnaeus, 1766) X X X
Conirostrum speciosum (Temminck, X X
Conirostrum bicolor (Vieillot, 1809) X X X X
Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) X X
Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) X X X
Fringillidae Leach, 1820
Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) X X X
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Euphonia violacea (Linnaeus, 1758) X X X
Estrildidae Bonaparte, 1850
Estrilda astrild (Linnaeus, 1758) X X
Passeridae Rafinesque, 1815
Passer domesticus (Linnaeus, 1758) X X X

Das 140 espécies registradas na área estudada, apenas 33 foram comum aos três
estudos, a saber: Butorides striata, Cathartes aura,Coragyps atratus,Rupornis magnirostris,Actitis
macularius, Columbina minuta, Columbina talpacoti,Crotophaga ani, Guira guira, Nyctibius
griséus,Amazilia leucogaster,Megaceryle torquata, Chloroceryle americana, Veniliornis
passerinus, Caracara plancus,Milvago chimachima, Formicivora grisea,Todirostrum cinereum,
Elaenia flavogaster,Pitangus sulphuratus,Myiodynastes maculatus,Tyrannus melancholicus,
Fluvicola nengeta,Cyclarhis gujanensis, Vireo chivi, Tachycineta albiventer, Troglodytes musculus,
Turdus leucomelas, Coereba flaveola, Tangara sayaca, Tangara palmarum, Tangara
cayana,Conirostrum bicolor.
O inventário realizado para o presente estudo revelou 18 espécies que não haviam
tido sua ocorrência registrada nos trabalhos anteriormente realizados, são elas: Penelope
superciliaris, Nyctherodius violaceus, Numenius hudsonicus, Calidris inutilla, Calidris himantopus,
Jacana jacana, Columba livia, Leptotila verreauxi,Piaya cayana, Coccyzus melacoryphus,Chaetura
meridionalis,Falco peregrinus,Diopsittaca nobilis, Pachyramphus polychopterus,Phaeomyias
murina,Machetornis rixosa,Cnemotriccus fuscatus, Tachyphonus rufus.

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4.3.5.7. QUELÔNIOS E CROCODILIANOS
4.3.5.7.1. Metodologia de Amostragem

O inventário referente aos quelônios e crocodialianos foi realizado através de


busca ativa oportunística durante os levantamentos faunísticos realizados para outros grupos
zoológicos inventariados, atendendo as especificações contidas no Termo de Referência Definitivo
da Fauna. Os trabalhos de campo foram realizados entre 11 e 15 de março de 2014, sendo
conduzidos a bordo de uma embarcação motorizada alugada portando três
pesquisadores/observadores. O percurso realizado foi indicado pela Comissão de EIA/RIMA da
SUDEMA (Figura 226). O esforço diário foi de 8 horas, totalizando 40 horas de esforço por
observador (*3 observadores = 120 hs).

Figura 226. Percurso em preto, estabelecido pela Comissão de EIA/RIMA da SUDEMA, para realizar a busca ativa de
quelônios e crocodilianos e mamíferos marinhos na ADA e AID da obra de implantação do Complexo Portuário
Seaport, em Cabedelo-PB. (Fonte: Real Consultoria).

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No momento da visualização dos animais foram registrados em ficha de campo:
horário inicial e final do encontro, condições climáticas, coordenadas geográficas (GPS Garmin E-
trex Summit HC) e número de indivíduos. Os registros fotográficos foram realizados com o auxílio
de máquinas digitais de alta resolução e lentes zoom de grande alcance.
Os dados coletados e anotados nas fichas de campo foram transferidos para
planilhas eletrônicas específicas. Como os dados aqui apresentados são referentes apenas à
Campanha 1 (período chuvoso), não foi possível, nem é estatísticamente recomendado, realizar a
análise dos parâmetros populacionais a partir dos dados obtidos.
Atendendo o Termo de Referência Definitivo da Fauna, as informações obtidas
em campo foram complementadas por meio de entrevistas com os pescadores, população ribeirinha
e pessoas ligadas a atividades que envolvam um contato próximo com o ambiente
estuarino/marinho, que habitam em um raio de cinco (5) km do empreendimento. Assim, foram
aplicados junto à comunidade da zona portuária de Cabedelo - PB, questionários semi-estruturados
para complementar as informações referentes ao inventário herpetofaunístico na região estudada.
O questionário foi elaborado com os objetivos principais de confirmar a presença
de ocorrências na região, além de buscar estimar a diversidade de espécies, os locais de ocorrência,
épocas de maior frequência e o grau de conhecimento dos entrevistados sobre as espécies.

4.3.5.7.2. RESULTADOS

Os quelônios marinhos são mais conhecidos como as tartarugas marinhas, tratam-


se de répteis da ordem Testudinata que se caracterizam pela presença de uma carapaça rígida
encobrindo todo o corpo. Esses animais podem viver até 150 anos (MARQUEZ, 1990) e a origem
das espécies teria ocorrido no Período Jurássico, há cerca de 180 milhões de anos de acordo com
registros fósseis (SANCHES, 1999 apud FERNANDES, 2006). Atualmente são reconhecidas sete
espécies no mundo das quais cinco ocorrem em toda extensão do litoral brasileiro e pertencem a
duas famílias: Cheloniidae (Chelonia mydas, Linnaeus 1758; Caretta caretta, Linnaeus 1758;
Eretmochelys imbricata, Linnaeus 1766; Lepidochelys olivacea, Eschscholtz 1829) e
Dermochelydae (Dermochelys coriacea, Vandelli, 1761) (MARCOVALDI e MARCOVALDI,
1999; PERES et al., 2011).
As tartarugas marinhas apresentam uma ampla variedade de estressores, naturais e
antrópicos (LUTCAVAGE et al., 1997; MILTON e LUTZ, 2003). Embora sejam fisicamente
robustas e capazes de suportar danos físicos graves, as tartarugas marinhas parecem ser vulneráveis
a insultos químicos e biológicos (LUTCAVAGE et al., 1997). Estressores de origem antropogênica
podem proporcionar impactos diretos ou indiretos sobre a saúde das tartarugas marinhas (MILTON
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e LUTZ, 2003). Impactos diretos podem ser derivados de diversos tipos de problemas, a saber:
ingestão acidental de sacolas plásticas, emaranhamento em redes de pesca, vazamentos de óleos
provenientes de embarcações, e ainda a contaminação por pesticidas persistentes e metais pesados.
Enquanto os efeitos indiretos ocorrem principalmente em função da degradação ambiental
MILTON e LUTZ, 2003). Vários estudos apontam as atividades antrópicas diretas e indiretas sobre
tartarugas marinhas, como as causas mais frequentes das mortes desses animais (EPPERLY et al.,
1996; BOULON, 2000; KOPSIDA et al., 2000; BUGONI et al., 2001; CASALE et al., 2010).
Para as espécies que ocorrem no Brasil, de acordo com a lista vermelha de
animais ameaçados de extinção da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) as
tartarugas oliva e de couro são classificadas como vulnerável, enquanto as demais são classificadas
como em perigo. Todas as espécies integram o Apendice I da Convenção sobre o Comércio
Internacional de Espécies Ameacadas da Fauna e Flora Silvestres – CITES (CITES, 2010). No
Brasil, de acordo com o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, as cinco
espécies de tartarugas marinhas que ocorrem aparecem como ameaçadas na lista brasileira (como
VU, EN e CR).
Os crocodilianos atuais incluem jacarés, aligátores e gaviais, constituindo um
grupocaracterístico que apresenta uma história evolutiva de pelo menos 200 milhões de
anos.Ocorrem em todo o cinturão tropical e subtropical ao redor da Terra, sempre associadosàs
margens dos mais diversos ambientes aquáticos (ROSS, 1998).
No Brasil encontramosrepresentantes apenas do primeiro grupo, que corresponde
à subfamília Aligatoridae: Caiman crocodilus, Caiman latirostris, Melanosuchus niger,
Paleosuchus palpebrosus e Paleosuchus trigonatus. As principais ameaças a este grupo são a
destruição do habitat natural e a grande pressão de caça comercial para produção de couro. Na
Amazônia, há autores que atribuem o padrão de distribuição das espécies de jacaré-tinga (Caiman
crocodilus) e o jacaré-açú (Melanosuchus niger) a estes fatores, que afetam principalmente as
populações do jacaré-açú (MAGNUSSON e SANAIOTTI, 1995; BRAZAITS et al., 1996).Das 23
espécies de jacarés existentes no nosso planeta, 17 são consideradas ameaçadas (GROOMBRIDGE,
1987). As causas históricas são as mesmas já citadas: destruição do habitat natural e caça comercial
para produção de couro. Para o estado da Paraíba, é importante ressaltar a ausência de estudos
específicos sobre os registros de crocodilianos, com as poucas informações limitando-se a notícias
jornalísticas sobre registros de ocorrência.
A investigação aqui apresentada teve como objetivo principal realizar um
levantamento da composição, diversidade, uso de habitat de quelônios e crocodilianos no estuário
do rio Paraíba do Norte, especificamente na área de influência da obra de implantação do Complexo
Portuário Seaport, em Cabedelo – PB. O estudo ainda inclui a avaliação das formas de uso e pressão
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de caça sobre as populações de quelônios e crocodilianos e sua importância para a população
ribeirinha local, além de outros elementos voltados à conservação destas espécies na região.

Área de Influência Indireta – AII

A diversidade de tartarugas no estado da Paraíba atinge números expressivos


(Tabela 49). De acordo com Mascarenhas et al., (2003) as cinco espécies com ocorrência
confirmada nas águas brasileiras, ocorrem na costa da Paraíba (Tabela 49).
A região Nordeste do Brasil é reconhecidamente uma importante área de
alimentação e nidificação de pelo menos quatro espécies de tartarugas marinhas (MARCOVALDI
et al., 1999, MARCOVALDI e MARCOVALDI, 1999, SANCHES, 1999, MARCOVALDI et al.,
2007, SILVA et al., 2007). No estado da Paraíba Mascarenhas et al., (2005) observaram indivíduos
de C. mydas se alimentando próximo a costa e E. imbricata nidificando em algumas praias do
mesmo estado (MASCARENHAS et al., 2003).

Tabela 49. Espécies de tartarugas marinhas com registro de ocorrência no eestado da Paraíba. O status de ameaça está de
acordo com a IUCN (2014) EP: em perigo; VU: vulnerável.
Táxon Nome Popular Status Hábito alimentar Fonte
Família Cheloniidae
Corais, cnidários Mascarenhas
Chelonia mydas Linnaeus, 1758 Tartaruga-verde EP
e esponjas et al., 2003
Eretmochelysimbricata Linnaeus, Tartaruga-de- Mascarenhas
EP Corais e esponjas
1758 pente et al., 2003
Lepidochelys Corais, cnidários Mascarenhas
Tartaruga-oliva VU
olivaceaEschscholtz, 1829 e esponjas et al., 2003
Tartaruga Corais, cnidários Mascarenhas
Caretta caretta Linnaeus, 1758 EP
cabeçuda e esponjas et al., 2003
Família Dermochelydae
Águas vivas,
Dermochelys coriacea Vandelli, Tartaruga de anfipodos, Mascarenhas
VU
1761 couro caravelas, et al., 2003
tunicados e peixes

De acordo com Coutinho et al. (2011) dentre as espécies de quelônios, a tartaruga


verde (Chelonia mydas) utiliza as praias urbanas de João Pessoa como local de alimentação,
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descanço e abrigo, enquanto a tartaruga de pente (Eretmochelys imbricata) utiliza a área como local
de desova. Segundo os mesmos autores, as praias do Seixas, Cabo Branco, Tambaú, Manaíra, Bessa
e todas as demais praias ao sul da área de estudo são praias onde ocorre a nidificação de tartarugas
marinhas.

Área de Influência Direta – AID

Na Área de Influência Direta (AID) foram contabilizados apenas 03 (três)


encontros com as tartarugas marinhas na área de estudo, todos eles foram realizados no dia 14 de
março de 2014. A duração dos encontros foi praticamente invariável, uma vez queocorreram
rapidamente, apenas quando os animais emergiam na superfície para respirar e submergiam logo em
seguida (Figura 227).
Todos os registros foram realizados no início da tarde, próximo as 14 horas e
georreferenciados (Tabela 50). Em razão das condições das avistagens, não foi possível realizar a
identificação das espécies em nenhum dos casos. Entretanto, considerando a alta abundância de C.
mydas e sua ampla distribuição ao longo da costa brasileira, incluindo a área de estudo (POLI,
2011), acredita-se que os indivíduos avistados sejam dessa espécie.

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Figura 227. Registros fotográficos dos quelônios marinhos efetuados na AID da obra de implantação do Complexo
Portuário Seaport, no estuário do rio Paraíba do Norte, em Cabedelo-PB. (Fonte: Rodrigo Salles).

Tabela 50. Coordenadas geográficas dos registros de ocorrência de quelônios


marinhos na AID da da obra de implantação do Complexo Portuário Seaport, no
estuário do rio Paraíba do Norte, em Cabedelo – PB.

COORDENADAS DOS REGISTROS DE OCORRÊNCIA

Número de Observações Coordenadas Geográficas


1 25M 0298800/9231081
2 25M 0299013/9330521
3 25M 0298052/9231045

Área Diretamente Afetada – ADA

Como já era esperado, o levantamento realizado na Área Diretamente Afetada


(ADA) não registrou a ocorrência de nenhuma espécie de quelônio ou crocodiliano durante o
monitoramento. Provavelmente porque tratam-se de espécies com grande mobilidade.
Para os crocodilianos os registros de ocorrências foram baseados apenas nas
informações coletadas no local, por meio das entrevistas, já que não houve confirmação visual nas
prospecções realizadas em campo.

Aplicação de Questionários

Quando os entrevistados foram questionados sobre a avistagem de quelônios,


identificados como tartarugas marinhas,38,3% dos entrevistados relataram a ocorrência desses
animais. Sobre o local dos avistamentos, 46,7% informaram que observavam as tartarugas na costa,
próxima a praia, 27,8 relataram a ocorrência das tartarugas no estuário do rio Paraíba do Norte,
15,6% em alto mar, 3,9% em outro lugar e 6,1% não avistaram. Sobre a frequência das avistagens, a
maioria dos entrevistados afirmou que a frequência não se alterou nos últimos anos (37,3%), 31,7%
afirmaram que a frequência diminuiu, 16,9% informaram que a frequência aumentou e 14,1% não
souberam responder a essa pergunta.
O questionamento para determinação da época de maior frequência das tartarugas
na região evidenciou que a presença das tartarugas é constante, com registros ocorrendo ao longo de

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todoo ano. Como as tartarugas marinhas são consideradas animais territorialistas, essa presença
constante pode indicar que algumas das espécies visualizadas na região podem ser residentes
permanentes da área, realizando migrações locais.Alguns entrevistados afirmaram que existe um
aumento da frequência durante os meses do verão (34,6%) mas a maior parte deles afirma que as
tartarugas são frequentes ao longo detodo o ano (52,6%).
Sobre se já observaramas tartarugas emaranhadas em linhas ou redes de pesca,
81,1% disseram nunca ter visto, enquanto 18,9% relataram que já haviam observado. Quando
questionados sobre o atropelamento das tartarugas pelas embarcações, 88,0% afirmaram nunca ter
presenciado esse fato, enquanto 12,0% informaram já ter observado o atropelamento.
Dos 230 entrevistados, apenas seis (2,6%) afirmaram ter observado algum jacaré
na área de estudo. Entretanto, não foi possível realizar o registro visual durante a realização do
presente inventário.

Principais ameaças à Conservação das Tartarugas Marinhas

Atualmente um dos maiores problemas para as populações de tartarugas no


ambiente marinho são os artificios de pesca, sendo frequente encontrar tartarugas vítimas de
acidentes relacionados a diversas modalidades e artes de pesca, tanto a esportiva (WERNECK et al.,
2008) quanto a pesca profissional que utilizam diversos aparelhos de pesca (VERISSIMO et al.,
2007, BECKER et al., 2007, COLUCHI et al., 2007, GIFFONI et al., 2007, ALBAREDA et al.,
2007), sendo um dos mais relatados, no Brasil, a técnica de espinhel pelágico para a pesca de
espadartes e tubarões (SALES et al., 2008, DOMINGOS et al., 2006). Poli (2011) observou
vestígios de interações humanas a partir da análise de 104 carcaças de tartarugas marinhas nos
municípios de João Pessoa e Cabedelo, estado da Paraíba, com ferimentos provocados por
emaranhamentos em linhas ou redes de pesca ou provocados por colisões com embarcações.
De acordo com Mascarenhas et al., (2008) a contaminação ambiental por lixo
pode implicar na perda de hábitat reprodutivo para as tartarugas. Pelo perfil do lixo encontrado na
área de estudo, pode-se afirmar que os neonatos são os mais afetados, pois devido ao seu pequeno
tamanho, podem ficar presos na massa de monofilamentos, frascos abertos e plásticos e não
lograrem alcançar a água, morrendo cansados e desidratados na areia.
Poli (2011) analisou os encalhes de tartarugas marinhas nos municípios de João
Pessoa e Cabedelo, estado da Paraíba, de agosto/2009 a julho/2010 e registrou 124 encalhes, de
quatro das cinco espécies que ocorrem no estado da Paraíba, tendo sido observadas 85,4% de C.
mydas, 12,1% E. imbricata, 1,6% L. olivacea e 0,9% de C. caretta.

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4.3.5.8. MAMIFEROS MARINHOS
4.3.5.8.1. Metodologia de Amostragem

Dados Primários

Os trabalhos de campo foram realizados entre durante dois dias, sendo conduzidos
a bordo de uma embarcação motorizada alugada portando três pesquisadores/observadores. A
amostragem diária foi de 8 hs, totalizando 40 hs de esforço.observador (*3 observadores = 120 hs).
A cada encontro com os animais, o protocolo consistiu: (1) aproximação lenta da
embarcação; (2) desligamento do motor; e (3) permanência por período indeterminado para
obtenção satisfatória dos dados e fotografias de cada indivíduo do grupo. A partir do momento em
que os animais não eram mais avistados, foi realizada uma varredura por até 15 minutos, e após este
intervalo qualquer outro grupo encontrado foi considerado um novo encontro. Ao encerramento de
um encontro, a embarcação foi reposicionada no transecto com rota pré-determinada (definido em
coleta piloto e em concordância com o Órgão Ambiental Estadual) para busca por outros
agrupamentos (Figura 228). A definição de grupo seguiu Shane (1990), que consiste em um
conjunto de animais relativamente próximos e frequentemente, mas nem sempre envolvidos em
uma mesma atividade.
No momento do encontro e cada cinco minutos, como proposto por Queiroz e
Ferreira (2008), foram registrados em ficha de campo: horário inicial e final do encontro, condições
climáticas, coordenadas geográficas (GPS Garmin E-trex Summit HC), número de indivíduos,
composição (classe etária) e estado comportamental dos animais, além de outros dados
considerados pertinentes (eg. presença de barcos, banhistas ou redes de pesca). As classes etárias,
definidas com base no comprimento do corpo, adotadas neste estudo foram: adulto, juvenil e
filhote. Consideramos os quatro estados comportamentais básicos definidos por Tosi e Ferreira
(2008), registrados pelo método grupo focal (Altmann, 1974): (1) Forrageio; (2) Deslocamento; (3)
Descanso; e (4) Socialização.
Fotografias e vídeos foram obtidos com auxílio de máquinas digitais de alta
resolução e lentes zoom de grande alcance. Esses registros servirão para confecção de um catálogo
de imagens das nadadeiras dorsais de S. guianensis que será utilizado para identificação individual
dos espécimes. Essa técnica, denominada foto-identificação, combinada a modelos de marcação e
recaptura, possibilita a estimativa dos parâmetros populacionais e a determinação dos padrões de
movimentação de cetáceos (WÜRSIG e JEFFERSON, 1990). Apenas imagens consideradas de boa

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e excelente qualidade, isto é, luminosidade, contraste, foco e ângulo adequados, serão aproveitadas
(BAIRD et al., 2001).
Os espécimes foram primariamente identificados com base nos cortes e cicatrizes
permanentes da nadadeira dorsal, no entanto, características secundárias, tais como pigmentação,
formato singular da nadadeira e cicatrizes superficiais, também poderão ser utilizadas se julgadas
informativas. Quando necessário, as imagens serão tratadas em programas de edição e em seguida
adicionadas ao catálogo. Cada indivíduo identificado receberá um código alfanumérico, para
auxiliar na recuperação das informações.
Uma vez que os dados aqui apresentados são referentes apenas à primeira
campanha, não é biologicamente plausível nem estatisticamente recomendada a análise desses
parâmetros populacionais a partir dos registros fotográficos obtidos. No entanto, é importante
ressaltar que o presente estudo é de caráter inédito para a Paraíba, se configurando como a primeira
tentativa sistemática de conhecer aspectos e tendências populacionais do boto-cinza na região. Essa
iniciativa abre um leque de oportunidades e certamente é um avanço para o maior entendimento e
consequente conservação da espécie na Paraíba.
Os dados coletados e anotados nas fichas de campo foram transferidos para
planilhas eletrônicas específicas onde receberam tratamento estatístico. Nestas foram calculados o
sucesso de amostragem, a frequência de avistagem e as demais análises de estatística descritivas.
A obtenção de dados preliminares sobre ocorrência, frequência e demais
informações biológicas desse grupo na região estudada foi realizada também através da realização
de entrevistas com os pescadores e pessoas ligadas a atividades que envolvam um contato próximo
com o ambiente marinho.
O questionário foi elaborado com os objetivos principais de confirmar a presença
de grupos de cetáceos na região, além de buscar estimar a diversidade de espécies, os locais de
ocorrência, épocas de maior frequência e o grau de conhecimento dos pescadores sobre as espécies.

Dados Secundários

Para aquisição de dados secundários foi realizada uma consulta bibliográfica e


documental dos relatórios técnicos, artigos científicos, jornais, revistas, imagens, catálogos e
material não publicado. A principal fonte de informações foi obtida a partir do banco de dados do
Grupo de Estudo de Mamíferos Marinhos da Paraíba (GEMMAR-PB), do Laboratório de
Mamíferos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que vem atuando desde o fim da década de
1970, sobretudo com o registro e aproveitamento de espécimes encalhados.

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O levantamento pretérito das espécies de mamíferos marinhos com possível
ocorrência na área de influência do futuro empreendimento foi fundamental para o delineamento
amostral e escolha dos procedimentos de coleta de dados primários, uma vez que se mostrou
coerente concentrar os esforços nas espécies costeiras mais frequentes na região de estudo, Sotalia
guianensis e Trichechusmanatus.

4.3.5.8.2. RESULTADOS

4.3.5.8.2.1. Mamíferos Aquáticos (Sotalia fluviatilis e Trichechusmanatus)

No senso estrito, os mamíferos aquáticos podem ser definidos como qualquer


mamífero com adaptações para viver na água, dependendo total ou parcialmente desse meio para o
desenvolvimento de suas atividades vitais (ex. alimentação, reprodução e descanso). Embora
existam outros mamíferos que possuam uma estreita relação com o ambiente aquático
(determinados marsupiais e roedores, o hipopótamo e o ornitorrinco), esse termo tem sido utilizado
para incluir espécies das ordens Cetacea (baleias, botos e golfinhos), Sirenia (peixes-boi e dudongo)
e Carnivora - subordem Pinnipedia (lobos, leões e elefantes marinhos, focas e morsas), família
Mustelidae/subfamília Lutrinae (lontras e ariranha), família Ursidae (urso-polar). Dentre esses,
apenas os cetáceos e os sirênios são totalmente dependentes do meio aquático para completar seu
ciclo de vida, desde a concepção até a morte (REEVESet al., 2008).
A ordem Cetacea (do grego ketus – monstro marinho e do latim cetus – grande
animal marinho) conta com representantes em todos os oceanos, mares internos e algumas grandes
bacias fluviais da América do Sul e da Ásia (LODI e BOROBIA, 2013). Os cetáceos compõem o
grupo mais diverso entre os mamíferos aquáticos, com 88 espécies atuais, no entanto, é preciso ter
em mente que sua taxonomia é bastante complexa e dinâmica (REEVES et al., 2008). A ordem está
dividida em duas subordens com representantes viventes, Mysticeti (baleias verdadeiras com
barbatanas) e Odontoceti (cetáceos com dentes), e a subordem Archaeoceti, com espécies extintas
no final do Oligoceno, há 25 milhões de anos (LODI e BOROBIA, 2013).
A ordem Sirenia (nome derivado das legendárias sereias da Mitologia Grega) é
composta por apenas quatro espécies viventes classificadas em duas famílias: Trichechidae, três
espécies de peixes-boi; e Dugongidae, o dugongo, Dudongdugon (REEVES et al., 2008). Os
sirênios possuem uma característica única entre os mamíferos aquáticos, o hábito alimentar
herbívoro, e como consequência sua distribuição está restrita a águas costeiras das regiões tropicais
do globo, onde é possível encontrar vegetação aquática (JEFFERSONet al., 2008).

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O estudo de mamíferos aquáticos na Paraíba tem uma história rica e singular. Não
por acaso o holandês Julius von Sohsten escolheu a região de Costinha, município de Lucena para
instalar, a que viria a ser, uma das principais estações baleeiras terrestres do Atlântico Sul
(TOLEDO, 2009). A estação operada pela Companhia de Pesca Norte do Brasil (COPESBRA), que
funcionou de 1911 a 1985, foi construída na margem esquerda da desembocadura do Rio Paraíba do
Norte por uma série de vantagens de navegação e logística, mas principalmente pela riqueza e
abundância de baleias encontrada em águas oceânicas do estado (TOLEDO e LANGGUTH, 2009).
No seu período de atuação, a COPESBRA capturou cerca de 20 mil baleias de oito espécies
(TOLEDO, 2009). Grande parte das informações obtidas acerca dos cetáceos que ocorrem no
estado ainda é proveniente dos livros de registro (logbooks) dos navios baleeiros (TOLEDO e
LANGGUTH, 2009).
Os mamíferos aquáticos representam componentes essenciais da biodiversidade,
possuindo grande importância ecológica para o meio ambiente devido à contribuição para a
manutenção da estrutura trófica (PARSONS, 1992). São potenciais indicadores da qualidade
ambiental devido algumas características comuns ao grupo: grande longevidade, altos níveis na
cadeia trófica e a espessa camada subcutânea de gordura - onde poluentes e metais pesados se
acumulam e atingem maiores concentrações (WELLSet al., 2004; JEFFERSONet al., 2008). Por
tais razões, os mamíferos aquáticos, especialmente os cetáceos, são conhecidos como sentinelas do
oceano, ou bioindicadores, alertando para condições de risco antes que se tornem irreversíveis e
prejudiciais ao ambiente. Essa função é ainda exacerbada por conta do grande apelo que esses
mamíferos exercem sob o homem, sendo exemplos claros de espécies bandeiras e guarda-chuva em
campanhas conservacionistas (REDDYet al., 2001).
No entanto, apesar desse fascínio, os mamíferos aquáticos enfrentam um número
crescente de ameaças. Segundo os Planos de Ação Nacionais para Conservação dos Mamíferos
Aquáticos (ICMBio 2011a, b e c), existem no país 09 (nove) espécies ameaçadas. Centenas de
milhares de indivíduos morrem todos os anos devido às capturas incidentais e/ou intencionais.
Soma-se a isso outras problemáticas bem conhecidas, como a degradação de hábitat, a poluição dos
ambientes aquáticos, a poluição sonora e o aumento do tráfego de embarcações (ICMBio, 2011a).
Como agravante, a maioria das espécies ainda carece de informações científicas sobre a história de
vida, o que, muitas vezes, ofusca o real estado de conservação (ICMBio, 2011a).
Em obras portuárias, os maiores impactos são principalmente de escala local e
incidem em espécies de mamíferos aquáticas de distribuição costeira, uma vez que é nessa zona
onde estão situados esses empreendimentos. Os impactos causados sob essas espécies estão
geralmente associados ao aumento do nível de ruído sonoro, poluição química e o aumento do risco
de colisões, provocados temporariamente durante o processo de dragagem e permanentemente pelo
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