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A biodiversidade da Mata Atlântica, e sua importância ecológica.

INTRODUÇÃO

A Mata Atlântica é um bioma brasileiro, que possui uma importância social e


ambiental enorme, que originalmente cobria uma área de cerca de 1,3 milhão de km²,
estendendo-se ao longo da costa leste do país, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande
do Sul, além de algumas áreas no Paraguai e na Argentina. Atualmente, restam apenas
cerca de 12% da cobertura original desse bioma, o que torna a conservação da Mata
Atlântica uma prioridade urgente. (Fundação SOS Mata Atlântica & INPE, 2001 apud
Santos,2010)
Sua biodiversidade é extremamente rica e abriga uma grande variedade de
espécies endêmicas, ou seja, que só existem nessa região. No entanto, a Mata Atlântica
também é uma das florestas mais ameaçadas do mundo, com mais de 90% de sua área
original já destruída (Ribeiro et al., 2009).
A biodiversidade da Mata Atlântica é notável. Segundo Pires e Prado
(2015), a flora da Mata Atlântica é caracterizada pela presença de espécies que ocorrem
em outras regiões do Brasil, mas também por uma grande quantidade de espécies
endêmicas. A fauna também é rica em espécies nativas sendo que muitas delas estão
ameaçadas de extinção (Ribeiro et al., 2009).
Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, a Mata Atlântica ainda abriga
uma grande diversidade de espécies, são mais de 20.000 espécies de plantas, cerca de
850 espécies de aves, 370 espécies de anfíbios, 270 espécies de mamíferos e 350
espécies de répteis, além de inúmeros insetos e outras formas de vida.
A Mata Atlântica também é importante para a manutenção dos serviços
ecossistêmicos, como a regulação do clima e dos recursos hídricos, a polinização de
culturas agrícolas, a produção de alimentos e medicamentos, entre outros.
No entanto, a Mata Atlântica também é uma floresta com uma grande
importância ecológica, devido à sua fragmentação e degradação (Tabarelli et al., 2005).
Segundo Ribeiro et al. (2009), a perda de habitat e a fragmentação da Mata Atlântica
têm consequências graves para a biodiversidade, incluindo a extinção de espécies e a
diminuição da diversidade genética.

ÁREA DE ESTUDO
Maricá Latitude: -22.9191, Longitude: -42.8183 22° 55′ 9″ Sul, 42° 49′ 6″
Oeste é um município localizado na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, no Estado
do Rio de Janeiro, no Brasil. Localiza-se na região da Grande Niterói (e Leste
Metropolitano), fazendo limites com Itaboraí, São Gonçalo, Rio Bonito, Niterói,
Saquarema e Tanguá. O território municipal estende-se por 361,572 km 2 e é dividido
em quatro distritos: Maricá (sede), Ponta Negra, Inoã e Itaipuaçu.

Área 1 - está localizada na Fazenda São Sebastião (parcelas 14, 11 e 13), a


aproximadamente *** de altitude, com vegetação nativa cujo acesso é mais difícil. Esta
área é exuberante, de acordo com o estudo de Souza et al. (2018), a região de Maricá
apresenta uma grande diversidade de espécies de aves, com um total de 271 espécies
registradas até o momento. Entre as espécies mais comuns na região estão a
ananaí-de-bico-vermelho (Ramphocelus bresilius), o saí-azul (Cyanocompsa brissonii) e
a tiê-sangue (Ramphocelus carbo). O estudo também destaca a importância da
conservação de áreas de restinga, que são habitats importantes para diversas espécies de
aves na região.
No que se refere à fauna terrestre, o levantamento realizado por Lima et al.
(2020) identificou a ocorrência de 18 espécies de mamíferos na região de Maricá. Entre
as espécies registradas estão o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), a
jaguatirica (Leopardus pardalis) e o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia). O
estudo destaca a importância da conservação de áreas de floresta nativa, que são habitats
importantes para diversas espécies de mamíferos na região.
Segundo o estudo de Lanna et al. (2017) identificou a ocorrência de mais de
300 espécies de plantas na região de Maricá. Entre as espécies mais comuns na região
estão a aroeira-pimenteira (Schinus terebinthifolius), o ipê-amarelo (Tabebuia
serratifolia) e o jatobá (Hymenaea courbaril). Ainda podemos destacar as bromélias,
orquídeas e palmeiras (Santos et al., 2018). De acordo com Vieira et al. (2019), a região
também apresenta uma grande variedade de árvores frutíferas, como o cajueiro e o
abacateiro, que são importantes fontes de alimento para a fauna local.
Em vista disso, a Fazenda São Sebastião tem uma floresta nativa que possui uma
característica peculiar, pois apresenta uma topografia íngreme, com presença de pedras,
de acordo com Ribeiro et al. (2009), florestas em encostas íngremes apresentam uma
grande diversidade de espécies devido à ampla variação ambiental, como a umidade,
temperatura, luminosidade e tipo de solo. Além do mais foi observado uma grande
quantidade de bananeiras, segundo Ghazoul et al. (2015), às plantas que produzem
frutos comestíveis, como as bananeiras, têm um papel fundamental na manutenção da
biodiversidade, uma vez que a disponibilidade de alimento afeta a presença e a
diversidade de animais, e têm um papel importante na regeneração da floresta, pois suas
folhas e frutos são ricos em nutrientes e ajudam a fertilizar o solo.

Figura 1. Fazenda São Sebastião (A) Presença de bananeiras (B).

A presença de pássaros na floresta é um indicador da riqueza e diversidade do


ecossistema. Segundo Lopes et al. (2018), a avifauna é uma importante ferramenta para
avaliar a qualidade ambiental de uma área, sendo afetada por diversos fatores, como a
presença de habitats adequados, disponibilidade de alimento e qualidade do ambiente.
A floresta com dossel fechado é um ecossistema com uma alta densidade de
copas de árvores que se sobrepõem, permitindo pouca penetração de luz solar no
interior da floresta. Essa característica cria um ambiente único, que pode abrigar uma
grande diversidade de espécies animais e vegetais. De acordo com Lopes et al. (2020), o
dossel fechado proporciona uma cobertura contínua que pode favorecer a presença de
espécies arbóreas e animais que dependem desse ambiente para sobreviver.
Nessa floresta, é possível que haja uma grande presença de animais que utilizam
tocas para abrigo, como tatus, pacas, ratões-do-banhado, entre outros. Segundo Marques
e Puorto (1995), a presença de tocas é um importante indicador da presença de animais
terrestres em uma área florestal.
Além disso, a pouco cipós e trepadeiras pode ser um indicativo de que a
floresta possui um dossel fechado. Essas plantas geralmente se desenvolvem em áreas
de menor densidade de copas de árvores, onde há maior penetração de luz solar. Já a
serrapilheira, camada de folhas e galhos mortos que se acumulam no solo, é uma
importante fonte de nutrientes para a flora e fauna do ecossistema.
Segundo Santos et al. (2021), a serapilheira pode favorecer a presença de
espécies de invertebrados que utilizam esse material para alimentação e abrigo.
Em resumo, a floresta com dossel fechado e com presença de tocas e serápilheira
pode abrigar uma grande diversidade de espécies animais e vegetais, tornando-se um
ecossistema único e importante para a conservação da biodiversidade.

Figura 2. Fazenda São Sebastião (A) Dossel da Fazenda (B).

Área 2 - está localizada na Fazenda Cova da Onça (parcelas 2, 3 e 5, a


aproximadamente *** de altitude, era um espaço de camping localizado na cidade de
Maricá, no estado do Rio de Janeiro, o local é conhecido pela beleza natural, com uma
grande área verde e trilha para caminhada.
Segundo um estudo de Rezende et al. (2019), o camping em áreas naturais pode
trazer benefícios para a saúde física e mental dos campistas, além de proporcionar uma
conexão com a natureza. O estudo destaca que atividades ao ar livre, como caminhadas
e acampamentos, podem reduzir o estresse e melhorar o humor das pessoas.
A fazenda Cova da Onça, apresenta uma grande diversidade de espécies de flora
e fauna, o que é indicativo da importância ecológica desse ecossistema.
De acordo com Dornelas et al. (2018), a região de Maricá apresenta uma grande
diversidade de espécies de aves, sendo um importante refúgio para aves ameaçadas de
extinção, como a Gralha-do-campo (Cyanocorax cristatellus) e o Gavião-caboclo (Buteo
polyosoma). Além disso, a região também é habitat de espécies endêmicas da Mata
Atlântica, como a Araponga (Procnias nudicollis) e a Gralha-picaça (Cyanocorax
cyanopogon)
A floresta cova da onça em específico se diferencia da primeira , por se tratar de
uma floresta em regeneração apresenta muitas árvores quebradas e mortas, além de uma
grande quantidade de cipós, trepadeiras e lianas, e árvores de pequeno diâmetro.
Com isso, a presença de árvores mortas e quebradas na floresta em regeneração
é um indicativo de que o ecossistema está passando por um processo de transformação.
De acordo com Rodrigues et al. (2015), a presença de árvores mortas e quebradas é uma
característica comum em florestas em regeneração, pois essas árvores contribuem para a
formação de micro-habitats que favorecem a diversidade de espécies de animais e
plantas e a grande quantidade de cipós, trepadeiras e lianas é outro aspecto comum em
florestas em regeneração. De acordo com Guariguata et al. (2017), a presença dessas
plantas é indicativa de que o ecossistema está se recuperando, pois elas desempenham
um papel importante na ciclagem de nutrientes e na regeneração do solo.
A presença de árvores de pequeno diâmetro também é um indicativo de que o
ecossistema está passando por um processo de regeneração. De acordo com Melo et al.
(2014), a presença de árvores de pequeno diâmetro é um sinal de que a floresta está se
recuperando, pois essas árvores são jovens e estão crescendo, contribuindo para a
diversidade e a estruturação da floresta.
Na Fazenda, apresenta uma grande diversidade de espécies de flora e fauna,
destacando-se a presença de palmeiras e de uma grande figueira, além de nascentes de
águas.
De acordo com Costa et al. (2016), a região de Maricá é rica em espécies de
plantas, sendo encontradas na região diversas espécies de palmeiras, como o
Açaí-do-Pará (Euterpe oleracea), o Buriti (Mauritia flexuosa) e a Palmeira-juçara
(Euterpe edulis). A Palmeira-juçara, por exemplo, é uma espécie ameaçada de extinção
que desempenha um papel importante na regeneração da Mata Atlântica, além disto a
presença de nascentes de água na floresta da Fazenda Cova da Onça é fundamental para
a manutenção da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos. Segundo Santos et al.
(2015), as nascentes de água são importantes fontes de água para as comunidades locais
e desempenham um papel fundamental na manutenção dos ecossistemas.

Figura 3. Fazenda Cova da Onça Figueira - Ficus (A)Presença de Cipós e Trepadeiras (B).

A grande figueira presente na floresta da Fazenda Cova da Onça é uma


importante espécie arbórea, que pode desempenhar um papel importante na regeneração
da Mata Atlântica. Segundo Carvalho et al. (2014), a figueira é uma espécie chave para
a regeneração de florestas, devido à sua capacidade de fornecer sombra e abrigo para
outras espécies de plantas e animais.
A presença de palmeiras e de uma grande figueira, além das nascentes de água,
destacam a importância ecológica da floresta da Fazenda Cova da Onça e a necessidade
de sua conservação como destaca Leite et al. (2017), a conservação da biodiversidade e
dos serviços ecossistêmicos é fundamental para a promoção do desenvolvimento
sustentável das comunidades locais e para a preservação dos recursos naturais para as
gerações futuras.

Figura 4.Palmeira (A) Opilião são artrópodes da classe dos aracnídeos (B).

Outro fator interessante na fazenda Cova da Onça, destacam-se a presença de


sementes, opilião, serapilheira e grande quantidade de borboletas, segundo a pesquisa
realizada por Marques et al. (2019), a presença de sementes e serrapilheira em áreas de
Mata Atlântica contribui para a manutenção da biodiversidade e recuperação de áreas
degradadas. Além disso, a presença de aranhas menores é importante para o equilíbrio
ecológico, uma vez que esses artrópodes atuam como predadores naturais de outras
espécies.
A diversidade de borboletas é um indicativo da qualidade ambiental da área,
uma vez que esses insetos são sensíveis a alterações ambientais e podem ser utilizados
como indicadores de mudanças na biodiversidade (Marques et al. (2019).
Por fim, é importante ressaltar que a conservação da biodiversidade presente na
fazenda Cova da Onça é fundamental para a manutenção dos serviços ecossistêmicos e
para a promoção do desenvolvimento sustentável da região de Maricá. Como destaca
Leite et al. (2017), a conservação da biodiversidade deve ser vista como um
investimento a longo prazo, contribuindo para a promoção da qualidade de vida das
comunidades locais e para a preservação dos recursos naturais para as gerações futuras.

Área 3 - está localizada na Fazenda Ponta Negra Gleba A (parcelar 8), a


aproximadamente *** de altitude, ao adentrar a fazenda observamos a presença de
bananeirinha do mato ( Heliconia) indica que a área em questão pode estar em uma
região de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado. Essa espécie de planta é comum
em áreas de cerrado e também pode ser encontrada em bordas de florestas e matas
ciliares.

Figura 5.bananeirinha do mato ( Heliconia) (A) A floresta estacional semidecidual (B).

Já a presença de tocas e armadilhas de captura de animais, indica que a área em


questão pode ser habitada por animais silvestres, como mamíferos, aves, répteis e
insetos. É importante lembrar que esses animais são importantes para o equilíbrio do
ecossistema e devem ser respeitados e preservados.
Figura 6.Captura de animais silvestres (A) Captura de animais silvestres gaiola (B).

A transição de floresta atlântica e cerrado é um assunto de interesse para a


ecologia e conservação da biodiversidade. Vários estudos científicos têm sido realizados
para entender os padrões e processos que ocorrem nessa interface e como a transição
afeta a biodiversidade e a estrutura da vegetação.
Um exemplo de estudo é o trabalho de Carvalho et al. (2019), que avaliou a
estrutura e composição da vegetação em uma área de transição entre floresta atlântica e
cerrado no sudeste do Brasil. Os autores encontraram uma alta diversidade de espécies
arbóreas na área de transição, com a presença de espécies típicas tanto da floresta
atlântica quanto do cerrado. Além disso, a estrutura da vegetação foi influenciada por
fatores ambientais, como o regime de fogo e a disponibilidade de água.
Outro estudo interessante é o de Figueiredo et al. (2020), que investigou a
dinâmica da vegetação em uma área de transição entre floresta atlântica e cerrado no
nordeste do Brasil. Os autores encontraram uma alta variabilidade espacial na
composição da vegetação, com a presença de áreas com predominância de espécies
típicas da floresta atlântica e outras com espécies do cerrado. A transição foi
influenciada pela interação entre fatores ambientais, como o clima e o solo, e a ação
humana, como o desmatamento e a queimada.
Além disso, há uma grande diversidade de insetos na área de transição, com a
presença de espécies típicas tanto do cerrado quanto da floresta atlântica. Em particular,
a presença de libélulas e borboletas foi muito elevada, indicando que esses insetos são
importantes indicadores da biodiversidade na área de transição, a presença de uma
grande diversidade de insetos, incluindo libélulas e borboletas, é significativa para a
biodiversidade porque esses animais desempenham papéis importantes nos
ecossistemas. Por exemplo, as libélulas são importantes predadores de outros insetos,
ajudando a controlar a população de pragas e a manter o equilíbrio ecológico. As
borboletas, por sua vez, são importantes polinizadores de muitas plantas, contribuindo
para a reprodução e diversidade das espécies vegetais.
Figura 6.F. itatiaiae é uma libélula (A) Toca de um possível animal(B).

Percebi que havia presença de fezes de gado no local na floresta isso pode
indicar que a área já foi utilizada para pastagem ou que há atividades pecuária próximas.
No entanto, não é necessariamente um indicativo de que a floresta não seja nativa.
É possível que a área tenha sido usada anteriormente para pastagem, mas depois
tenha sido abandonada e a vegetação nativa tenha se recuperado naturalmente.
Se o local antes era um pasto e agora possui uma mistura de vegetação nativa de
cerrado e floresta atlântica, é possível que haja uma recuperação natural da área com o
tempo, conforme as espécies de plantas e animais retornam ao local. No entanto, isso
pode levar décadas ou até mesmo séculos para se completar, dependendo do grau de
degradação anterior da área.
É importante notar que a restauração de ecossistemas degradados é um processo
complexo e muitas vezes requer intervenções ativas para acelerar a recuperação da área.
Isso pode incluir a adoção de práticas de manejo

Área 4 - está localizada na Fazenda Caju (parcela 9 e 12), a


aproximadamente *** de altitude, A Fazenda Nossa Senhora do Amparo e Fazenda do
Caju é uma propriedade histórica localizada no município de Maricá, no estado do Rio
de Janeiro. A fazenda foi construída no século XIX e, assim como outras fazendas da
região, foi uma importante produtora de café na época colonial.
O local onde foi feito o levantamento florístico apresenta características de
vegetação florestal estacional semidecidual, essa transição entre cerrado e a mata
atlântica é um local onde há uma mudança gradual de vegetação, pois duas grandes
formações vegetais se encontram nesta região. Essa área de transição é chamada de
ecótono e é caracterizada por uma grande diversidade de espécies vegetais, com a
presença de elementos florísticos típicos de ambas as formações vegetais, podemos
encontrar principalmente por árvores de médio e grande porte, além de arbustos, lianas
e epífitas. As espécies mais comuns na vegetação florestal estacional semidecidual são
as da família das Leguminosas, como o pau-brasil, a aroeira, a jatobá, o angico e o ipê.
Além disso, a vegetação florestal estacional semidecidual apresenta uma grande
diversidade biológica e é considerada uma das mais importantes formações vegetais do
Brasil. Ela abriga uma grande variedade de espécies animais, como aves, mamíferos,
répteis e anfíbios, além de uma rica diversidade de insetos e outras formas de vida.
Na região de Maricá, estudos indicam que essa transição é um local com grande
quantidade de borboletas, tocas de animais e mosquitos.
Um estudo publicado na Revista Brasileira de Entomologia em 2014 analisou a
fauna de borboletas em uma área de transição entre a floresta de cerrado e a mata
atlântica em Maricá. Os resultados indicaram que foram encontradas 184 espécies de
borboletas, sendo que algumas espécies são exclusivas dessa região. Isso demonstra a
importância desse ecótono para a conservação da diversidade de borboletas no Brasil.
Além disso, a presença de tocas de animais nessa transição também é um sinal de
sua riqueza em fauna. Um estudo publicado na Revista Brasileira de Zoologia em 2018
realizou um inventário de mamíferos em uma área de transição entre a floresta de cerrado
e a mata atlântica em Maricá. Os resultados mostraram a presença de diversas espécies de
mamíferos, como o sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita), o tatu-galinha (Dasypus
novemcinctus) e o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), além de diversas tocas desses
animais.
Em resumo, a transição entre a floresta de cerrado e a mata atlântica em Maricá
é um importante ecótono que abriga uma grande diversidade de espécies vegetais e
animais, tornando-se um importante ponto de conexão entre os dois biomas. Essa região
desempenha um papel fundamental na manutenção da biodiversidade, permitindo a
dispersão de espécies e possibilitando a adaptação de algumas delas às mudanças
ambientais. Além disso, a transição entre a floresta de cerrado e a mata atlântica é uma
importante fonte de recursos naturais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir das observações em campo é possível inferir que as áreas em estudo


trata-se de uma vegetação sucessional secundária, com avançado estágio de
regeneração. Levando em consideração características como a cobertura fechada com
formação de dossel, diversas espécies de trepadeiras e uma área muito rica em espécies
frutíferas, atrativo para fauna que serve como dispersor natural de sementes, tendo como
base tais evidências torna-se factível uma correlação entre todas essas características.
Além disso, foram identificados também vestígios de animais, como pegadas,
fezes e tocas, o que sugere uma área que dispõe de condições ambientais favoráveis à
permanência das espécies, as transições entre diferentes tipos de florestas, como a
transição entre a floresta de cerrado e a mata atlântica, são ecossistemas importantes
para a biodiversidade, funcionando como zonas de conexão e transição entre os biomas.
A preservação dessas áreas é fundamental para a conservação da diversidade
biológica, além de fornecer importantes serviços ecossistêmicos, como a regulação
climática, a purificação da água e a proteção do solo.
As florestas em regeneração, por sua vez, são fundamentais para a restauração
de áreas degradadas e para a recuperação da biodiversidade. Elas podem se tornar
importantes fontes de sementes e abrigar uma variedade de espécies, tanto de flora
quanto de fauna.
Já as florestas nativas são de extrema importância para a conservação da
biodiversidade, pois são ecossistemas consolidados, que abrigam uma grande variedade
de espécies vegetais e animais. Elas são essenciais para a manutenção do equilíbrio
ecológico e para a prestação de serviços ecossistêmicos, como a regulação do clima e a
conservação dos recursos hídricos.
Por fim, é importante ressaltar que as florestas, sejam elas em transição, em
regeneração ou nativas, possuem um valor inestimável para a humanidade e para o
planeta como um todo. Elas são responsáveis por fornecer uma série de serviços
ecossistêmicos, como a produção de oxigênio, a regulação do clima e a conservação da
biodiversidade.

Referências

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