Você está na página 1de 160

BASE UNIFICADA DE NASCIMENTOS E ÓBITOS

NO ESTADO DE SÃO PAULO


instrumento para aprimorar os indicadores de saúde

B ERNADETTE C UNHA W ALDVOGEL


C ARLOS E UGENIO DE C ARVALHO F ERREIRA
A NTONIO B ENEDITO M ARANGONE C AMARGO
M ARGARETE S ILVA J ORDANI
L UIS P ATRICIO O RTIZ

Resumo: Descreve-se metodologia inovadora na realidade brasileira, implantada na parceria entre Fundação Seade e Secretaria da Saúde
do Estado de São Paulo, para elaboração de base unificada de nascimentos e óbitos, a partir do relacionamento
das bases originárias do registro civil com as do SIM/Sinasc, de fonte hospitalar.
Palavras-chave: Fontes de dados. Metodologia de vinculação. Estatísticas vitais.

Abstract: This paper presents the innovative methodology enterprise in Brazil to create a unified database of birth and death statistics put into
practice by Fundation Seade and the Health Department of Sao Paulo State. Such methodology combines the information
of the vital statistics (Civil Register) with the information produced at hospitals (SIM/Sinasc).
Key words: Source of data. Linkage methodology. Vital statistics.

E
xistem, no Brasil, duas fontes produtoras de dados
sobre nascimentos e óbitos. A primeira, coordenada pelo IBGE, foi desenvolvida com base nas informações
do Registro Civil de Pessoas Naturais, coletadas nos cartórios de registro civil de todos os municípios brasi-
leiros. A segunda, sob a coordenação do Ministério da Saúde e implantada em todas as Secretarias Municipais
de Saúde do país, baseia-se nas informações contidas nas declarações de óbito – DO e declarações de nascido
vivo – DN.
O IBGE iniciou a produção das estatísticas do registro civil após a promulgação da Lei n. 6.015, de 31 de
dezembro de 1973, que dispôs sobre o registro civil de pessoas naturais e regulamentou a coleta dos dados para
Þpu"guvcv uvkequ."ictcpvkpfq"c"Þfgfkipkfcfg"fqu"fcfqu"g"rcftqpk|cpfq"c"vtcpuokuu«q"fqu"oguoqu0"Q"tgikuvtq"
civil assegura o acesso aos documentos fundamentais ao exercício da cidadania.
As informações captadas pelos cartórios de registro civil correspondem aos nascimentos e óbitos que foram
tgikuvtcfqu."Þecpfq"woc"rctegnc"fguugu"gxgpvqu"hqtc"fg"ugwu"tgikuvtqu"g."rqtvcpvq."fcu"guvcv uvkecu"fq"KDIG0"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2008


6 BERNADETTE CUNHA WALDVOGEL ET AL.

Isso se deve ao atraso na realização deste registro, que residência. Esse fenômeno, que pode ser chamado de
pode ocorrer quando os familiares residem distante “invasão disfarçada”, altera o número de nascimentos
dos cartórios ou desconhecem a necessidade e impor- e de óbitos segundo o lugar de residência de vários
tância de tal registro. Outro fator relacionado a essa municípios.
problemática é a existência de cemitérios clandestinos Os antecedentes, aqui apresentados, levantam al-
em alguns municípios brasileiros. Os índices de sub- gumas limitações existentes nas duas fontes de dados
registro variam conforme a Unidade da Federação e mencionadas, que interferem na elaboração de diver-
podem resultar em um dimensionamento parcial dos uqu"kpfkecfqtgu"fgoqit Þequ"g"grkfgokqn„ikequ"ow-
nascimentos e dos óbitos ocorridos no país. nicipais, em especial nos referidos à mortalidade infan-
Para atender à Norma Operacional Básica do Siste- til, e ainda acarretam indesejável situação de se dispor
ma Único de Saúde – NOB-SUS 01/96, estabelecida de indicadores distintos sobre um mesmo fenômeno.
pelo Ministério da Saúde, que prevê o fornecimento O Estado de São Paulo é singular nesse campo por
periódico das estatísticas de mortalidade e natalidade, ser a única Unidade da Federação que desenvolveu,
a partir da atualização dos sistemas de informações ao longo de décadas, um sistema próprio de produ-
sobre mortalidade e sobre nascidos vivos – SIM e ção de estatísticas vitais independente e, ao mesmo
Sinasc, os gestores municipais de saúde foram envol- tempo, integrado aos sistemas nacionais do IBGE e
vidos diretamente no processo de produção desses do Ministério da Saúde. Por essa razão, a Fundação
dados. Assim, todas as Secretarias Municipais de Saú- Seade consegue relacionar, de forma contínua, os
fg"rcuuctco"c"eqngvct."eqfkÞect"g"rtqeguuct"cu"kphqt- dados epidemiológicos originários das DOs e DNs
mações contidas nas declarações de nascimentos e com aqueles do registro civil e produzir bases mais
óbitos, fundamentais para subsidiar a vigilância dos abrangentes e consistentes.
grupos de risco da população municipal. A Fundação Seade levanta, mensalmente, os even-
Nas bases de dados produzidas pelos sistemas mu- tos vitais nos cartórios de registro civil do Estado de
nicipais de saúde, também são evidenciadas algumas São Paulo, por meio de dois instrumentos de coleta:
fkÞewnfcfgu0" Woc" fgncu" tghgtg/ug." rqt" gzgornq." cq" rncpknjcu"gngvt»pkecu"eqpvgpfq"fcfqu"gurge Þequ"fqu"
número inadequado ou parcial de nascidos vivos e de registros legais; e cópia das DOs e DNs.
óbitos segundo o lugar de residência. Este problema Assim, tradicionalmente, o Estado de São Paulo
resulta, principalmente, de dois tipos de erro: coleta processa, de forma integrada, as DOs e DNs com os
kpuwÞekgpvg"fcu"qeqtt‒pekcu"owpkekrcku"g"nwict"fg"tg- registros civis de óbitos e nascimentos. A vinculação
sidência incorreto. dos indivíduos presentes em ambas as fontes permite
Pq"rtkogktq"ecuq."c"eqngvc"kpuwÞekgpvg"tgrgtewvg" wpkÞect"vqfcu"cu"xctk xgku"fgoqit Þecu"g"grkfgokq-
tanto no total dos eventos do município em ques- lógicas em uma única base de dados, aprimorada por
tão como nos totais dos demais municípios. Assim, woc"tqvkpc"fg"xgtkÞec›«q"fg"eqpukuv‒pekc."rqt"ogkq"fc"
quando uma cidade não envia os dados ou o faz par- comparação das informações comuns às duas fontes.
cialmente, suas estatísticas e as de outras localidades Tal modelo de produção foi aperfeiçoado e utiliza
são afetadas, em especial daquelas que não dispõem os recursos da informática para automatizar e agilizar
de maternidades e hospitais. A segunda questão re- o processamento e a vinculação das duas fontes de
lacionada ao município de residência depende do informações sobre óbitos e nascimentos. Do mesmo
endereço da mãe ou do paciente informado no mo- modo complementam-se as bases de dados com to-
mento do atendimento nas maternidades e hospitais, das as informações disponíveis em cada uma delas,
que consta na DN e na DO. Tal endereço pode não que são comparadas para análise das divergências e
corresponder à sua residência habitual, mas sim à do melhoria da qualidade. A experiência acumulada na
acompanhante, ou mesmo decorrer de uma declara- adoção desse modelo resultou no conhecimento de-
›«q"kpvgpekqpcnogpvg"hcnuc."rctc"lwuvkÞect"q"ceguuq" u" talhado das limitações e potencialidades das informa-
unidades de saúde em cidades diferentes daquela de ções básicas contidas nas fontes originais, tendo sido

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2008


BASE UNIFICADA DE NASCIMENTOS E ÓBITOS NO ESTADO DE SÃO PAULO: INSTRUMENTO ... 7

decisiva para o aperfeiçoamento das estatísticas vitais gera e envia à Secretaria de Estado da Saúde os ban-
do Estado de São Paulo. cos de dados anuais de nascimentos e óbitos e os in-
Ao longo do tempo, a Fundação Seade consolidou dicadores de mortalidade e de natalidade, para todos
duas grandes parcerias: com o IBGE e com a Secre- os municípios paulistas.
taria de Estado da Saúde. A primeira é voltada para O Ministério da Saúde, na segunda metade da
a produção e o aperfeiçoamento das estatísticas do década de 1990, envolveu os gestores municipais de
registro civil. Em seu âmbito, a coleta dos dados nos saúde diretamente no processo de produção das es-
cartórios, que era realizada duplamente pelo IBGE e tatísticas de mortalidade e natalidade: o Sistema de
pela Fundação Seade, passou a ser feita apenas por Informações sobre Mortalidade – SIM e o Sistema de
esta última. Tal racionalização nas atividades de co- Informações sobre Nascidos Vivos – Sinasc. Assim,
leta nos cartórios proporcionou o aprimoramento da todas as Secretarias Municipais de Saúde passaram a
qualidade das informações e maior agilidade na trans- eqngvct."eqfkÞect"g"rtqeguuct"cu"kphqtoc› gu"eqpvkfcu"
missão informatizada dos arquivos de dados. nas declarações de nascimento e óbito. Tais dados
A parceria com a Secretaria de Estado da Saúde são fundamentais para subsidiar a vigilância dos gru-
possibilitou o desenvolvimento de diversos projetos pos de risco da população municipal.
de elaboração, monitoramento e análise de indica- A partir do ano 2000, nova parceria foi estabele-
fqtgu"grkfgokqn„ikequ"g"fgoqit Þequ"rctc"q"rncpg- cida com o objetivo de monitorar as bases de dados
jamento de ações do governo do Estado. Desde o dos recém-implantados sistemas municipais de saúde.
início da implantação do SIM/Sinasc em São Paulo, a O Seade, então, recepcionava os arquivos municipais
Fundação Seade apoiou o desenvolvimento dos siste- enviados pelas Direções Regionais de Saúde – DIRs;
mas municipais de saúde e colaborou com a melhoria emitia relatórios das regionais faltantes ou com proble-
da cobertura e da qualidade dos dados produzidos. ma no envio; avaliava a regularidade desse envio; con-
Em 2005, novo projeto entre as duas instituições vtqncxc"q"tgegdkogpvq"fg"pqvkÞec›«q"pgicvkxc"gokvkfc"
rgtokvkw"c"gncdqtc›«q"fc"dcug"wpkÞecfc"fg"pcuekogp- pelos municípios sem ocorrência de eventos; agregava
tos e de óbitos, pela integração dos bancos de dados cu"dcugu"owpkekrcku="kfgpvkÞecxc"qu"nqvgu"eqo"fgenctc-
dos sistemas municipais de saúde com os tradicio- ções duplicadas; emitia relatórios de captação de dados
nalmente produzidos pelo Seade. Este novo processo rqt"FKT"g"rqt"owpke rkq="encuukÞecxc"qu"fcfqu"ugiwp-
deu origem a bases de dados mais completas e pre- fq"q"owpke rkq"fg"tgukf‒pekc"g"kfgpvkÞecxc"cu"gxcu gu"
cisas, incorporando os eventos não captados por um dos eventos. Mensalmente essas informações eram
dos sistemas e introduzindo controles mais acurados encaminhadas à Secretaria de Estado da Saúde, como
de consistência para os atributos de cada registro subsídio em seu processo de supervisão técnica.
contido nesses bancos. A comparação entre os arquivos de ocorrências
O objetivo do presente estudo é recuperar a traje- elaborados nos municípios, por um lado, e a base
tória da parceria entre as duas instituições estaduais de dados da Fundação Seade, por outro, permitiu a
e apresentar os principais resultados alcançados com kfgpvkÞec›«q"g"c"cp nkug"fc"tgiwnctkfcfg."eqdgtvwtc"g"
a aplicação do novo processo de trabalho para gera- qualidade dos dados produzidos pelos municípios.
›«q"fg"dcug"wpkÞecfc"fg"pcuekogpvqu"g"„dkvqu"rctc"q" Assim, em 2002 e 2003 foi realizada uma pesquisa
Estado de São Paulo, que representa uma experiência para avaliar a qualidade dos dados de nascimentos e
inédita na realidade brasileira. óbitos produzidos pelos sistemas municipais de saú-
de, que consistiu na análise de cada variável presente
UM POUCO DA HISTÓRIA DA PARCEIRA ENTRE pq" dcpeq" fg" fcfqu" g" uwc" Þfgfkipkfcfg" go" tgnc›«q"
FUNDAÇÃO SEADE E SECRETARIA DA SAÚDE às declarações de nascido vivo e de óbito. Isso foi
possível devido à disponibilidade das declarações de
Dando continuidade a uma rotina desenvolvida há nascidos vivos e de óbitos enviadas mensalmente pe-
várias décadas, o Seade, desde sua criação em 1978, los cartórios de registro civil do Estado.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2008


8 BERNADETTE CUNHA WALDVOGEL ET AL.

A pesquisa mostrou que a qualidade da digitação é ELABORAÇÃO DA BASE UNIFICADA


muito boa para as variáveis cujos campos já são pré- DE NASCIMENTOS E DE ÓBITOS
eqfkÞecfqu."eqoq."rqt"gzgornq."c"ockqtkc"fqu"gzku-
tentes na declaração de nascido vivo. As divergências No início do século XXI, passaram a existir, então,
encontradas para os campos município de ocorrên- duas fontes produtoras de dados sobre nascimentos
cia, idade da mãe, tipo de gravidez, tipo de parto, data e óbitos no Estado de São Paulo. A primeira, tradi-
de nascimento e sexo foram inferiores a 2%. ekqpcn"g"eqpucitcfc."hqk"fgugpxqnxkfc"eqo"Þpu"guvc-
Entretanto, quando há necessidade de utilização tísticos, está sediada na Fundação Seade e integra o
fg"ocpwcku"fg"eqfkÞec›«q"qw"fg"vtgkpcogpvqu"ocku" sistema nacional de estatísticas do registro civil do
gurgekcnk|cfqu."c"swcnkfcfg"fc"eqfkÞec›«q"fqu"fcfqu" IBGE. A segunda, criada com o objetivo principal de
é muito prejudicada por ser bastante heterogênea en- uwdukfkct"c"xkikn¤pekc"nqecn."hqk"korncpvcfc"pq"Þpcn"fc"
tre os municípios. Assim, por exemplo, o porcentual década de 1990, em todas as Secretarias Municipais
ofifkq" fg" gttqu" fg" eqfkÞec›«q" fcu" ecwucu" fg" oqtvg" de Saúde.
foi de 15% para o Estado, mas para muitos municí- Tanto as informações captadas pelos cartórios de
pios tal erro ultrapassou 50%. A elevada proporção registro civil como aquelas correspondentes ao SIM/
de erros enviesa a análise da mortalidade por causas, Sinasc apresentam limitações, e uma parcela desses
tanto para o total do Estado de São Paulo quanto eventos, por várias razões, permanece fora das ba-
para os diferentes municípios, e pode revelar um pa- ses estatísticas. Para que o governo do Estado de São
Paulo dispusesse de informações mais completas e
norama distorcido ou incompleto da situação de saú-
consistentes, e também de um número único de nasci-
de municipal e estadual.
mentos e óbitos para subsidiar o planejamento de seus
Destaca-se ainda que, no caso dos nascimentos,
programas de infra-estrutura e de saúde da população,
c"eqfkÞec›«q"fcu"cpqocnkcu"eqpi‒pkvcu."tgcnk|cfc"pq"
fgÞpkw/ug"wo"pqxq"ofivqfq"fg"vtcdcnjq"rctc"c"gncdq-
âmbito municipal, apresentou erro médio de 35%
tc›«q"fg"woc"dcug"wpkÞecfc"fg"pcuekogpvqu"g"„dkvqu"
para o Estado, sendo que em muitos municípios tal
para o Estado. Esta base adota um modelo de integra-
eqfkÞec›«q"hqk"ckpfc"ocku"rtge tkc"g"qu"gttqu"ejgic-
ção da base de dados dos sistemas municipais de saú-
ram a 100%. Considerando-se que atualmente a mor-
de, de levantamento hospitalar, com a base do Seade,
talidade infantil concentra-se no período neonatal, a
de levantamento nos cartórios de registro civil.
análise das anomalias congênitas torna-se um instru- Esta alternativa foi implantada, em 2005, como
mento fundamental quando tais casos são relaciona- novo processo de produção das bases de nascimen-
dos com as informações de mortalidade infantil cor- tos e de óbitos para o Estado, representando a oti-
tgurqpfgpvgu."ocu"ugw"gpvgpfkogpvq"Þec"fkÞewnvcfq" mização dos registros administrativos existentes e
com essa magnitude de erro. levando os gestores dos dois sistemas a somar esfor-
As avaliações contínuas das bases de dados pro- ços no sentido de relacionar todas as informações.
duzidas pelos sistemas municipais de saúde resulta- O tratamento conjunto dos respectivos microdados
ram em vários diagnósticos sobre a regularidade do permite elaborar uma base de dados mais completa,
envio dos arquivos de dados, o grau de captação da reduzindo a subenumeração de casos e abrindo novas
ocorrência dos eventos e a qualidade das informa- perspectivas de análise.
ções geradas, para o total do Estado de São Paulo e A metodologia de vinculação de bases de dados,
para cada um de seus municípios. Foram observadas adotada nesta experiência, procura maximizar a uti-
melhorias nesta produção, mas ainda persistem limi- lização dos sistemas, compatibilizando suas infor-
tações, como a irregularidade no envio dos dados por mações, enriquecendo o detalhamento dos dados e
certos municípios, número de nascimentos e óbitos ampliando o universo dos eventos vitais. Uma impor-
incompatível com os totais captados, além de proble- tante vantagem desse procedimento é a possibilidade
ocu"pc"eqfkÞec›«q"fg"fgvgtokpcfcu"xctk xgku0 de conhecer os eventos presentes em apenas uma das

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2008


BASE UNIFICADA DE NASCIMENTOS E ÓBITOS NO ESTADO DE SÃO PAULO: INSTRUMENTO ... 9

fontes e de, posteriormente, incorporá-los à base uni- Ukpcue."hqk"c"dcug"wpkÞecfc"gncdqtcfc"eqphqtog"og-


Þecfc" Þpcn0" Guuc" vfiepkec" rtguuwr g" c" gzkuv‒pekc" fg" todologia descrita anteriormente.
bases de dados com informações individualizadas, Rctc"4228."c"dcug"wpkÞecfc"hqk"eqpenw fc"go"fg-
que possibilitem a busca de todos os casos existentes zembro de 2007. A SES iniciou, então, um novo pro-
em cada fonte, com o objetivo de formar pares com cesso para complementar e corrigir os eventos pre-
os casos coincidentes. sentes no SIM e no Sinasc, produzidos pelos sistemas
O processo de vinculação é realizado registro a municipais de saúde, para posterior envio ao Minis-
tgikuvtq." rqt" ogkq" fg" kfgpvkÞec›«q." fg" hqtoc" cwvq- vfitkq"fc"Uc¿fg."c"Þo"fg"kpvgitct"q"ukuvgoc"pcekqpcn0"
matizada, de cada indivíduo nas duas bases, conside- Tendo como referência os eventos presentes na base
rando-se variável-chave o número da declaração de wpkÞecfc."c"ugetgvctkc"guvcfwcn"gpxkqw" u"tgikqpcku"fg"
óbito e de nascido vivo, e o nome do indivíduo e o de saúde e aos municípios as informações sobre os nas-
sua mãe. Estas duas variáveis são fundamentais para cimentos e os óbitos que não foram captados por eles
a vinculação, pois permitem aceitar com maior pre- e aqueles que sofreram algum tipo de correção, para
cisão os pares verdadeiros e recusar os pares falsos. que os gestores municipais tivessem a oportunidade
Destaque-se que, no caso do Estado de São Paulo, de incorporá-los a seus sistemas, de modo a torná-
tais variáveis já se encontram disponíveis na base de nqu"q"ocku"ugognjcpvg"rquu xgn" "dcug"wpkÞecfc"tguwn-
registro civil processada pelo Seade. Além disso, são tante da parceria entre as duas instituições estaduais
confrontadas outras variáveis básicas, tais como a envolvidas em sua produção, Seade e SES, e garantir
data do evento, a idade, o sexo, o município de resi- a sua qualidade.
dência e de ocorrência, etc. Os registros localizados
em apenas uma das fontes são examinados e podem PRINCIPAIS RESULTADOS DA BASE
ugt"kpeqtrqtcfqu" "dcug"Þpcn"wpkÞecfc0 UNIFICADA DE NASCIMENTOS E ÓBITOS
Como rotina, uma primeira versão da base uni-
Þecfc" fg" pcuekogpvqu" g" fg" „dkvqu." eqorquvc" fqu" C"gzrgtk‒pekc"eqo"c"eqpuvtw›«q"fc"dcug"wpkÞecfc"tg-
casos vinculados e daqueles presentes em apenas velou que, embora haja grande convergência entre os
uma das bases, – Seade ou sistemas municipais de totais de eventos captados nas duas fontes, um núme-
saúde –, é disponibilizada aos municípios em uma ro importante de casos está presente em apenas uma
área restrita no site do Seade, para que os gestores delas. Em 2005, o Sinasc registrou 611.923 nascimen-
municipais tenham acesso às correções e comple- tos paulistas, enquanto nas estatísticas do Registro
mentações propostas, comparem os totais de even- Civil o valor correspondeu a 614.169. Por trás dessa
tos de suas bases, façam suas investigações, apresen- eqpxgti‒pekc"fg"vqvcku."gzkuvgo"fgÞek‒pekcu"swg"x‒o"
tem suas divergências ainda necessárias à melhoria à tona ao se examinarem os resultados da vinculação
da qualidade, para então se concluir e fechar a base dos casos contidos nessas fontes e da elaboração da
wpkÞecfc"fg"fcfqu0 dcug"wpkÞecfc0"Guvg"rtqeguuq"tguwnvqw"pc"kfgpvkÞec-
Esse novo processo de produção constitui uma ção de número de eventos ainda maior, totalizando
metodologia inovadora na realidade brasileira, dando 620.805 nascimentos. No caso dos óbitos, os totais
origem a uma base de dados mais consistente, pois rea- foram de 234.565 pelo SIM, de 243.041 pelas estatís-
liza um controle de qualidade individualizado e con- ticas do Registro Civil, e de 243.685 pela integração
tínuo; mais completa, com a incorporação dos eventos das duas fontes (Figura 1).
captados somente por uma das fontes, e wpkÞecfc, Para o movimento das estatísticas vitais de 2006,
gxkvcpfq"c"fkÞewnfcfg"fg"ug"nkfct"eqo"fqku"qw"ocku" os resultados apresentaram maiores divergências
indicadores para o mesmo evento. quando comparados os totais de eventos captados
A base de nascimentos e de óbitos para o Estado rgncu"fwcu"hqpvgu0"Eqpukfgtcpfq/ug"c"dcug"wpkÞecfc"
de São Paulo de 2005, enviada pela SES ao Ministé- concluída em dezembro de 2007, foi possível veri-
rio da Saúde para compor o sistema nacional SIM/ Þect" swg" q" Ukpcue" tgikuvtqw" 74509;9" pcuekogpvqu."

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2008


10 BERNADETTE CUNHA WALDVOGEL ET AL.

Figura 1
Vinculação das Bases de Dados das Estatísticas do Registro Civil e do SIM/Sinasc
Estado de São Paulo – 2005-2006

2005 2006

Nascidos Vivos Nascidos Vivos


Estatísticas do Sinasc Estatísticas do Sinasc
Registro Civil Registro Civil

8.882
8.882 605.287
605.287 6.636
6.636 80.366
80.366 519.840
519.840 3.957
3.957

Óbitos Óbitos
Estatísticas do SIM Estatísticas do SIM
Registro Civil Registro Civil

9.120
9.120 233.921
233.921 644
644 24.479 255.675 649

Fonte: Fundação Seade; Sistemas Municipais de Saúde (SIM/Sinasc).

enquanto nas estatísticas do registro civil este valor A avaliação do grau de cobertura de tais eventos,
cnecp›qw"8220428"pcuekogpvqu0"C"dcug"wpkÞecfc"hqk" apresentada a seguir, considerou o movimento de
composta de 604.163 nascimentos, revelando que na- 2006, por tratar-se do último ano concluído no mo-
quele ano os sistemas municipais de saúde captaram mento de realização deste estudo. O diagnóstico do
um volume 12,7% menor que o registrado nos car- grau de cobertura foi realizado por comparação entre
tórios e processados pelo Seade. Em relação aos óbi- os totais de eventos presentes nas bases dos sistemas
tos, também se observa comportamento semelhante, municipais de saúde e naquelas do Registro Civil.
sendo que os totais foram de 226.324 ocorrências no Qu" xqnwogu" fg" pcuekfqu" xkxqu" encuukÞecfqu" ug-
SIM, de 250.154 nas estatísticas do Registro Civil, e gundo a residência da mãe, relativos às duas fontes,
fg"4720:25"pc"dcug"wpkÞecfc"*Hkiwtc"3+0 foram distintos. Para, as estatísticas do Registro Ci-
A informação sobre o número de nascidos vivos vil, o total de nascimentos em 2006 foi de 599.604, e
e de óbitos segundo o município de residência é mui- para os sistemas municipais de saúde esse número foi
to utilizada no planejamento de ações de saúde e no menor, 522.561 eventos. Quando se considera a base
cálculo de diversos indicadores. Ela resulta da conso- wpkÞecfc."cr„u"c"kfgpvkÞec›«q"fqu"gxgpvqu"eqowpu"g"
lidação dos bancos individualizados de cada sistema da incorporação daqueles presentes em apenas uma
municipal e de cada cartório do registro civil e, nos das fontes, o total atingido é de 602.820 nascidos de
dois casos, torna-se necessária a existência de um ór- o«gu"tgukfgpvgu"pq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq0"XgtkÞec/ug."
gão central que receba as informações individualiza- assim, um grau de cobertura do Seade (Registro Ci-
das e realize o processamento segundo o critério do vil) superior ao observado no Sinasc: 99,5% e 86,7%,
município de residência. respectivamente.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2008


BASE UNIFICADA DE NASCIMENTOS E ÓBITOS NO ESTADO DE SÃO PAULO: INSTRUMENTO ... 11

As diferenças nos totais de nascimentos dos sis- registram-se menos ocorrências do que nas bases de
temas municipais de saúde resultam, em grande par- 22 municípios. Apenas Ribeirão Preto apresentou
vg."fc"eqngvc"kpuwÞekgpvg"fcu"qeqtt‒pekcu"owpkekrcku0" diferença de 103 nascimentos de residentes (1,4%),
Para se ter uma idéia desta questão, haveria uma per- enquanto nos demais municípios nesta situação, a
da de 80.259 nascimentos em 2006, caso a base de diferença absoluta não alcançou dois dígitos. A Ta-
nascimentos segundo o lugar de residência da mãe bela 1 ilustra estes exemplos.
fosse obtida apenas com as informações dos sistemas As diferenças encontradas nos totais de nascidos
municipais de saúde. vivos por localidade podem ser também atribuídas
Em contrapartida, nos sistemas municipais exis- ao fenômeno da “invasão disfarçada”. Quando a mãe
tem 3.216 nascimentos que o Seade (Registro Civil) rtqewtc"wo"ectv„tkq"rctc"tgikuvtct"ugw"Þnjq."go"igtcn"
não captou. Uma parcela deles é registrada em ou- declara o endereço correto e, caso ele seja distinto da-
tra Unidade da Federação e o restante, mesmo com quele mencionado na DN, a mãe assina uma declaração
a gratuidade dos registros e os enormes progressos formalizando a correção do mesmo. Tais alterações no
decorrentes dos registros efetuados diretamente na endereço de residência são captadas pelo Seade em seu
maternidade, ainda é realizado com certo atraso. processo de produção das estatísticas vitais. Se as cor-
reções não são feitas, a natureza dos erros implica a
RESULTADOS SEGUNDO O MUNICÍPIO superestimação do número de nascimentos em muitos
DE RESIDÊNCIA DA MÃE municípios e a conseqüente subestimação em outros.
Em relação aos óbitos, observa-se comporta-
A distribuição dos nascimentos segundo o município ogpvq" ugognjcpvg" cq" xgtkÞecfq" pqu" pcuekogpvqu0"
de residência da mãe revela diferenças importantes. No Mapa 1 é apresentada a distribuição dos óbitos
Os resultados da comparação encontram-se no Mapa segundo o município de residência e apontam-se di-
3." go" swg" qu" owpke rkqu" u«q" encuukÞecfqu" ugiwpfq" ferenças importantes entre as duas fontes de dados.
as diferenças porcentuais existentes entre os sistemas Em 581 municípios a cobertura dos sistemas muni-
municipais de saúde e o Seade. A primeira constata- cipais de saúde foi inferior à do Seade e tal cobertura
ção é a de que 592 municípios apresentam cobertura não é uniforme entre os municípios paulistas.
desses eventos inferior à do Seade e entre as cidades As localidades que tiveram, em 2006, as maiores
vcn"eqdgtvwtc"xctkc"fg"hqtoc"ukipkÞecvkxc0 diferenças absolutas nos totais de óbitos constam da
Em 2006, entre os 592 municípios que registra- Tabela 2, destacando-se alguns dos mais populosos.
ram as maiores diferenças absolutas entre a base do São eles: São José do Rio Preto, com menos 1.061
Seade e a dos sistemas municipais, no que se refere óbitos (-39,6% de diferença); Campinas, com menos
ao total de nascimentos segundo o lugar de residên- 966 óbitos (-15,9%); Mogi das Cruzes, com menos 617
cia da mãe, 132 apresentam diferença superior a 100 óbitos (-29,3%); e Taboão da Serra, com menos 539
eventos. Entre os mais populosos, destacam-se: Gua- óbitos (-42,4%). Considerando-se a diferença relativa,
rulhos, com menos 4.436 nascidos (-21,5% de dife- sobressaem Araras, com -64,8% e uma variação de me-
rença); Osasco, com menos 3.936 nascidos (-35,2%); nos 469 óbitos; Lençóis Paulista (-57,7% e -187 óbi-
Bauru, com menos 2.906 nascidos (-65,3%); Suzano, tos); Itapetininga (-55,7% e -531 óbitos); Moji Mirim
com menos 2.728 nascidos (-62,9%); Taubaté, com (-55,3% e -325 óbitos), para citar apenas alguns.
menos 2.205 nascidos (57,1%) e São José do Rio Observa-se que o total de óbitos da base do Seade
Preto, com menos 2.022 nascidos (-42,2%). Consi- foi inferior ao correspondente dos sistemas munici-
derando-se a diferença relativa, alguns municípios pais de saúde em apenas 35 casos. As maiores diferen-
exibem grande distanciamento entre os totais, como ças relativas foram registradas para Araçatuba (3,4%
Amparo, com -91,0%, e uma variação de menos e menos 46 óbitos) e São Sebastião (3,2% e menos 11
714 nascimentos; Lins (-76,5% e -672 NV) e Jabo- óbitos). A maior diferença absoluta ocorreu no Mu-
ticabal (-75,8% e -674 NV). No sistema do Seade, nicípio de São Paulo, com menos 485 óbitos de re-

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2008


12 BERNADETTE CUNHA WALDVOGEL ET AL.

Mapa 1
Diferenças entre Fundação Seade e Sistemas Municipais de Saúde (1)
Estado de São Paulo – 2006

Nascidos Vivos

Diferença

-3% a 0% (22) Seade Menor


0% (31)

}
0% a 15% (278)
15% a 40% (178) Seade Maior
40% a 91% (136)

Óbitos

Diferença

-15% a 0% (35) Seade Menor


0% (29)

}
0% a 10% (237)
10% a 25% (160) Seade Maior
25% a 80% (184)

Fonte: Fundação Seade; Sistemas Municipais de Saúde.


(1) Dados por residência.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2008


BASE UNIFICADA DE NASCIMENTOS E ÓBITOS NO ESTADO DE SÃO PAULO: INSTRUMENTO ... 13

Tabela 1
Total de Nascidos Vivos e Maiores Diferenças Observadas entre Fundação Seade e Sistemas Municipais de Saúde,
segundo Município de Residência da Mãe
Estado de São Paulo – 2006
Nascidos Vivos Diferenças
Município de Residência
Fundação Seade Sinasc Absoluta Relativa (%)
Fundação Seade Maior
Guarulhos 20.621 16.185 -4.436 -21,5
Osasco 11.193 7.257 -3.936 -35,2
Bauru 4.448 1.542 -2.906 -65,3
Suzano 4.334 1.606 -2.728 -62,9
Taubaté 3.863 1.658 -2.205 -57,1
São José do Rio Preto 4.794 2.772 -2.022 -42,2
Diadema 6.842 4.854 -1.988 -29,1
Franca 4.866 3.139 -1.727 -35,5
Pindamonhangaba 2.038 635 -1.403 -68,8
São José dos Campos 8.788 7.434 -1.354 -15,4
Jaú 1.883 580 -1.303 -69,2
Limeira 3.784 2.697 -1.087 -28,7
Jundiaí 4.775 3.769 -1.006 -21,1
São Paulo 172.772 171.805 -967 -0,6
São Vicente 5.097 4.231 -866 -17,0
Guaratinguetá 1.537 672 -865 -56,3
Arujá 1.253 410 -843 -67,3
Itaquaquecetuba 5.292 4.450 -842 -15,9
Guarujá 4.968 4.139 -829 -16,7
Lorena 1.229 470 -759 -61,8
Moji Mirim 1.084 345 -739 -68,2
Ubatuba 1.326 601 -725 -54,7
São Sebastião 1.234 512 -722 -58,5
Amparo 785 71 -714 -91,0
Catanduva 1.377 669 -708 -51,4
Jaboticabal 889 215 -674 -75,8
Lins 879 207 -672 -76,5
Mococa 910 263 -647 -71,1
Santos 5.237 4.615 -622 -11,9
Lençóis Paulista 836 231 -605 -72,4
Itapira 812 217 -595 -73,3
Itapetininga 2.208 1.622 -586 -26,5
Campos do Jordão 891 342 -549 -61,6
Votuporanga 834 288 -546 -65,5
Carapicuíba 6.767 6.274 -493 -7,3

Fundação Seade Menor


Descalvado 377 380 3 0,8
Ibaté 536 539 3 0,6
Serrana 630 635 5 0,8
Águas de Lindóia 260 266 6 2,3
Taboão da Serra 4.311 4.317 6 0,1
Avaré 1.179 1.187 8 0,7
Ribeirão Preto 7.321 7.424 103 1,4
Fonte: Fundação Seade; Sistemas Municipais de Saúde – Sinasc.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2008


14 BERNADETTE CUNHA WALDVOGEL ET AL.

Tabela 2
Total de Óbitos e Maiores Diferenças Observadas entre Fundação Seade e Sistemas Municipais de Saúde,
segundo Município de Residência do Óbito
Estado de São Paulo – 2006

Óbitos Diferenças
Município de Residência
Fundação Seade SIM Absoluta Relativa (%)
Fundação Seade Maior
São José do Rio Preto 2.682 1.621 -1.061 -39,6
Campinas 6.057 5.091 -966 -15,9
Mogi das Cruzes 2.103 1.486 -617 -29,3
Taboão da Serra 1.272 733 -539 -42,4
Itapetininga 953 422 -531 -55,7
Bragança Paulista 988 469 -519 -52,5
Santos 3.980 3.507 -473 -11,9
Araras 724 255 -469 -64,8
Osasco 3.994 3.538 -456 -11,4
Itapevi 833 407 -426 -51,1
Jundiaí 2.293 1.876 -417 -18,2
Atibaia 810 414 -396 -48,9
Ourinhos 710 321 -389 -54,8
Rio Claro 1.242 904 -338 -27,2
Moji Mirim 588 263 -325 -55,3
Mauá 1.895 1.581 -314 -16,6
Catanduva 931 626 -305 -32,8
Diadema 1.983 1.692 -291 -14,7
Sorocaba 3.508 3.224 -284 -8,1
Votuporanga 582 312 -270 -46,4
Mococa 500 231 -269 -53,8
Sumaré 1.057 789 -268 -25,4
Americana 1.286 1.024 -262 -20,4
Santa Bárbara d'Oeste 988 746 -242 -24,5
Limeira 1.596 1.363 -233 -14,6
Matão 418 204 -214 -51,2
Barretos 829 627 -202 -24,4
Fernandópolis 439 238 -201 -45,8
Ibiúna 458 258 -200 -43,7
Lençóis Paulista 324 137 -187 -57,7
Ibitinga 353 169 -184 -52,1
Embu 1.088 911 -177 -16,3
Hortolândia 822 646 -176 -21,4
Jales 311 139 -172 -55,3
Arujá 381 220 -161 -42,3

Fundação Seade Menor


São Sebastião 342 353 11 3,2
São Carlos 1.345 1.363 18 1,3
Araçatuba 1.341 1.387 46 3,4
Ribeirão Preto 3.378 3.466 88 2,6
São Paulo 66.814 67.299 485 0,7
Fonte: Fundação Seade; Sistemas Municipais de Saúde – SIM.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2008


BASE UNIFICADA DE NASCIMENTOS E ÓBITOS NO ESTADO DE SÃO PAULO: INSTRUMENTO ... 15

sidentes na capital, mas que representa tão-somente de comparação a taxa de mortalidade infantil – TMI
-0,7% destes eventos. ecnewncfc"eqo"c"dcug"wpkÞecfc"rctc"q"Guvcfq"fg"U«q"
Uma importante conseqüência dos problemas Rcwnq." go" 4228." xgtkÞec/ug" swg." swcpfq" guvc" vczc" fi"
constatados nos totais de nascimentos e óbitos é o calculada com os dados dos sistemas municipais de
korcevq" pq" e newnq" fg" kpfkecfqtgu" fgoqit Þequ" g" saúde, ela se mostra 7,5% maior, enquanto o uso
fg" uc¿fg." go" gurgekcn" rctc" qu" eqgÞekgpvgu" fg" oqt- da base da Fundação Seade leva a uma diferença de
talidade infantil. Considerando-se como parâmetro apenas -0,2%.

Tabela 3
Taxas de Mortalidade Infantil – TMI e Variação entre as Bases Unificadas Fundação Seade e
Sistemas Municipais de Saúde, segundo Municípios de Residência
Estado de São Paulo – 2006

Variação em Relação à TMI da


Estado e Municípios Taxas de Mortalidade Infantil (1)
Base Unificada (%)
de Residência
Unificado Fundação Seade SIM/Sinasc Fundação Seade SIM/Sinasc
ESTADO DE SÃO PAULO 13,3 13,3 14,3 -0,2 7,5

Maiores Diferenças Positivas


Jaú 10,6 9,6 36,2 -9,9 241,3
Pindamonhangaba 18,1 18,2 58,3 0,1 221,3
Lorena 16,2 16,3 51,1 0,2 214,6
Bauru 11,9 11,9 34,4 0,3 189,3
Suzano 15,4 15,5 40,5 0,1 162
São Sebastião 11,2 11,3 27,3 1,3 144,1
Taubaté 16,8 16,8 39,8 0,1 136,7
Guaratinguetá 14,3 14,3 32,7 0,1 128,9
Ubatuba 16,6 16,6 34,9 0,2 111,1
Arujá 12,8 12,8 26,8 0,1 110,3
Moji Mirim 24,9 24,9 46,4 0,2 86,5
Cruzeiro 15,9 15,1 26,3 -5 65,8
Osasco 12,6 12,6 18,5 -0,3 46,1
Catanduva 11,6 11,6 16,4 0 41,5
Franca 11,5 11,5 16,2 0,1 41,3

Maiores Diferenças Negativas


Itapetininga 16,7 16,8 14,8 0,3 -11,4
Sertãozinho 12,9 13 11,4 0,8 -12,2
Campinas 10,7 10,8 9 0,7 -16,2
Itatiba 10,8 10,9 9,1 0,1 -16,2
Mogi das Cruzes 15,3 15,4 12,1 0,5 -21,2
Embu 11,2 10,9 8,6 -2,9 -23,7
Matão 11,7 11,7 8,8 0,2 -24,9
Ourinhos 10,5 10,5 7,8 0,3 -25,3
Araras 12,7 12,8 7,2 0,5 -43,5
Ibiúna 20,9 21,4 11,5 2,5 -45,1
Atibaia 14,3 14,4 7,8 0,4 -45,8
Bragança Paulista 15,8 15,9 8,1 0,9 -48,4
Itapevi 12,6 12,6 6,5 0,5 -48,4
Taboão da Serra 13,3 13,5 6,5 1,2 -51,2

Fonte: Fundação Seade; Sistemas Municipais de Saúde (SIM/Sinasc).


(1) Por mil nascidos vivos.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2008


16 BERNADETTE CUNHA WALDVOGEL ET AL.

Alguns exemplos dessa situação são apresentados As sensíveis diferenças no volume de eventos vi-
na Tabela 3. Entre os municípios com maior núme- tais, segundo as duas fontes de dados, nos dois anos
ro de eventos, a TMI calculada com informações da de adoção do novo processo de trabalho, sugerem
Fundação Seade aproximou-se muito daquela corres- que a base de dados do Registro Civil é mais estável
rqpfgpvg" "dcug"wpkÞecfc."fguvcecpfq/ug"crgpcu"Lc¿" e registra grau de cobertura superior à outra fonte
e Cruzeiro, com as maiores diferenças, respectiva- de dados. Essa questão está associada ao fato de que
mente -9,9% e -5,0%. muitas secretarias municipais do Estado trabalham
Em compensação, quando foram utilizadas as in- com equipes com pouca experiência no tratamento
formações dos sistemas municipais de saúde, mesmo dessas estatísticas ou apresentam alta rotatividade en-
para as cidades com mais eventos, diferenças impor- tre seus componentes.
tantes foram observadas na comparação com as taxas É importante, também, um esforço permanente
de mortalidade infantil estimadas a partir das bases para melhorar a cobertura e a qualidade dos dados pro-
wpkÞecfcu0"Go"Lc¿."Rkpfcoqpjcpicdc"g"Nqtgpc."rqt" duzidos de forma isolada pelos sistemas municipais de
exemplo, as diferenças foram superiores a 200%, sen- saúde, bem como aprimorar, cada vez mais, a base de
do que tal discrepância decorre principalmente da bai- fcfqu"wpkÞecfc"rctc"q"eqpjgekogpvq"ocku"crwtcfq"fc"
xa cobertura dos nascimentos. Já em Taboão da Serra, realidade das condições de saúde da população.
Itapevi, Bragança Paulista, Atibaia, Ibiúna e Araras, C"gncdqtc›«q"fc"dcug"wpkÞecfc"rctc"q"Guvcfq"fg"
xgtkÞectco/ug"fkhgtgp›cu"pgicvkxcu"uwrgtkqtgu"c"62'." U«q"Rcwnq"fgoqpuvtqw"uwc"gÞek‒pekc"g"xkcdknkfcfg."g"
e nestes casos, apesar da boa cobertura dos nascimen- suscitou a perspectiva de aplicação em outras Uni-
vqu."jqwxg"fgÞek‒pekc"pc"eqdgtvwtc"fqu"„dkvqu0 dades da Federação. Tal experiência já foi objeto de
discussão em diversas oportunidades no Instituto
CONSIDERAÇÕES FINAIS Dtcukngktq" fg" IgqitcÞc" g" Guvcv uvkec" Ï" KDIG" g" pc"
Rede Interagencial de Informações para a Saúde –
A aplicação desse novo processo de trabalho repre- RIPSA/MS.
senta importante salto de qualidade na produção das O IBGE, diretamente empenhado na melho-
estatísticas vitais no Estado de São Paulo e uma inicia- ria da qualidade das estatísticas vitais do Brasil, deu
tiva que soma esforços das duas instituições estaduais um passo fundamental para avançar na proposta de
envolvidas – Seade e Secretaria de Estado da Saúde. integração das bases do Registro Civil com aquelas
Permite a complementação e o enriquecimento do produzidas pelo Ministério da Saúde. Em 2006, ini-
conteúdo das bases de dados, que são produzidas de ciou contato com todas as Corregedorias Estaduais
hqtoc"kuqncfc."g"dgpgÞekc."kiwcnogpvg."cu"guhgtcu"fq" de Justiça, no sentido de introduzir o número das
planejamento municipal e estadual. declarações de nascimento e de óbito no conjunto
Cada sistema tem suas limitações, mesmo dentro das informações declaradas no momento do registro
fg"ugwu"qdlgvkxqu"gurge Þequ."ocu"q"vtcvcogpvq"eqp- civil desses eventos, em todos os cartórios do Brasil,
junto procura reduzi-las, sendo fundamental para a e passou, também, a coletar e processar esta variável.
qticpk|c›«q" fg" woc" dcug" wpkÞecfc" fg" pcuekogpvqu" Mais recentemente, a experiência vivida no Estado
e óbitos com informações mais completas e preci- fg"U«q"Rcwnq"eqo"c"gncdqtc›«q"fc"dcug"wpkÞecfc"fgu-
sas, com controles mais acurados de consistência dos pertou o interesse do Instituto de Apoio à Pesquisa
atributos de cada registro e com a incorporação de e ao Desenvolvimento “Jones dos Santos Neves”, do
eventos não captados por um dos sistemas. governo do Estado do Espírito Santo, que procurou
Para as atividades de planejamento, destaca-se a subsídios na Fundação Seade para aprimorar a quali-
grande vantagem de se trabalhar com um único nú- dade e a cobertura dos dados e indicadores demográ-
mero para os eventos vitais, em especial no processo Þequ"g"fg"uc¿fg"rtqfw|kfqu"pcswgng"Guvcfq0
de monitoramento das condições socioeconômica, Go"4229."eqo"Þpcpekcogpvq"fq"EPRs"c"rctvkt"fg"
fgoqit Þec"g"fg"uc¿fg"fc"rqrwnc›«q0 seleção de projeto de pesquisa de edital do Ministério

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2008


BASE UNIFICADA DE NASCIMENTOS E ÓBITOS NO ESTADO DE SÃO PAULO: INSTRUMENTO ... 17

fc"Uc¿fg."hqk"Þtocfc"woc"rctegktc"gpvtg"Ugcfg."KDIG" visando aprimorar as estatísticas do Estado do Espírito


e Instituto Jones, para desenvolver projeto com o obje- Santo e consolidar a referida metodologia de integração
vkxq"rtkpekrcn"fg"gncdqtct"dcug"wpkÞecfc"fg"pcuekogp- de base de dados. Com tal experiência, espera-se poder
tos e óbitos por meio da metodologia de vinculação das tgrnkect"guug"rtqeguuq"fg"wpkÞec›«q"fcu"dcugu"fg"pcuek-
bases de dados do IBGE com aquelas do SIM/Sinasc, mentos e óbitos, nas demais Unidades da Federação.

Nota
Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estu-
dos Populacionais, Abep, realizado em Caxambu - MG – Bra-
sil, de 29 de setembro a 3 de outubro de 2008.

Referências Bibliográficas FERREIRA, C.E. de C.; ORTIZ, L.P. As dimensões da


mortalidade infantil em São Paulo. Tgxkuvc"Dtcukngktc"fg"Guvwfqu"fg"
Rqrwnc›«q, Campinas, v. 1, n. 4, p. 107-135, jan./jul. 1987.
AGUIAR, S.V.M.V. Estimativa da cobertura do registro de
óbitos através do SIM/MS para os estados do Nordeste, FERREIRA, C.E. de C.; ORTIZ, L.P.; MELO, A.V. A
1991. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS experiência de Mogi das Cruzes revisitada. Kphqtog"Fgoqit Þeq.
POPULACIONAIS DA ABEP, 11., Anais... Caxambu, MG, São Paulo, Fundação Seade, n. 29, 1995.
Abep, 1998, p. 2.095-2.106.
FUNDAÇÃO SEADE. Oqxkogpvq"fq"Tgikuvtq"Ekxkn – Tabulação
ALMEIDA, M.F.; MELLO JORGE, M.H.P. O uso da técnica dos Microdados. Metodologia de produção das estatísticas vitais
de “linkage” de sistemas de informação em estudos de coorte do Estado de São Paulo. Disponível em: <www.seade.gov.br>.
sobre mortalidade neonatal. Tgx0"Uc¿fg"R¿dnkec, São Paulo, v. 30, Acesso em: maio 2008.
n. 2, abr. 1996.
______. Qpvgo"Xknc"fg"U«q"Xkegpvg0"Jqlg"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq: 500
______. O uso da concatenação de sistemas de informação em cpqu"fg"fkxku«q"vgttkvqtkcn"g"322"cpqu"fg"guvcv uvkecu"fgoqit Þecu"
estudos de mortalidade. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE municipais. São Paulo: Fundação Seade/Arpen, 2001. (CD-
EPIDEMIOLOGIA, 3., 1995, Salvador, Anais... 1995. ROM).

BERQUÓ, E.; GONÇALVES, M.A.I. A invasão de óbitos GODINHO, R.E. C"vtclgv„tkc"fcu"guvcv uvkecu"xkvcku"pqu"cpqu":2"g"ugwu"
no município de São Paulo. Ecfgtpqu"Egdtcr, São Paulo, n. 19, tgàgzqu"pq"Þo"fq"okn‒pkq"pq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq. Tese (Doutorado)
1974. Ï"Fgrctvcogpvq"fg"IgqitcÞc"fc"Hcewnfcfg"fg"HknquqÞc."Ngvtcu"
e Ciências Humanas da USP, São Paulo, 1999.
CAMARGO, A.B.M. Os fenômenos da invasão e evasão
de óbitos em São Paulo (1977-80): fatores determinantes e IBGE. Coordenação de População e Indicadores Sociais.
diferenciais regionais. Kphqtog"Fgoqit Þeq."São Paulo, Fundação Guvcv uvkecu"fq"Tgikuvtq"Ekxkn"fg"4228. Rio de Janeiro, v. 33, 2006.
Seade, n. 12, 1984. 162p.
JORDANI, M.S.; CAMARGO, A.B.M. Nova forma de
FERNANDES, D.M. Concatenação de Infor mações processamento das estatísticas vitais: informações mais rápidas
sobre Mortalidade e Natalidade no Distrito Federal 1989- e precisas. Eqplwpvwtc"Fgoqit Þec. São Paulo, Fundação Seade,
1991. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS n. 29, p. 1-5, out./dez. 1994.
POPULACIONAIS DA ABEP, 11., Anais... Caxambu, MG,
Abep, 1998. MELLO JORGE, M.H.P.; LAURENTI, R.; GOTLIEB,
S.L.D. Análise da qualidade das estatísticas vitais brasileiras: a
FERREIRA, C.E.C. A declaração de nascido vivo, uma fonte experiência de implantação do SIM e do Sinasc. Ek‒pekc"&"Uc¿fg"
promissora. Nascer aqui: análise de uma nova fonte de dados Coletiva, v. 12, p. 643-654, 2007.
sobre os nascimentos no Estado de São Paulo. Kphqtog"Fgoqit Þeq,
São Paulo, Fundação Seade, n. 29, p. 1-4, 1995. MELLO JORGE, M.H.P.et al. Avaliação do Sistema de
Informação sobre Nascidos Vivos. Nascer aqui: análise de uma
______. Oqtvcnkfcfg" kphcpvkn" g" fgukiwcnfcfg" uqekcn" go" U«q" Rcwnq. nova fonte de dados sobre os nascimentos no Estado de São
Tese (Doutorado) – Faculdade de Saúde Pública da USP, São Paulo. Kphqtog"Fgoqit Þeq, São Paulo, Fundação Seade, n. 29, p.
Paulo, 1990. 5-13, 1995.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2008


18 BERNADETTE CUNHA WALDVOGEL ET AL.

MORAIS, L.C.C. Fundação Seade. Vinculando bancos para TEIXEIRA, M.L.P.; WALDVOGEL, B.C. Vinculação de bases
recuperação histórica dos casos de Aids no Estado de São – fonte para análise de casos fatais de acidentes do trabalho. In:
Paulo. In: CONFERÊNCIA NACIONAL DE ESTATÍSTICA CONFERÊNCIA NACIONAL DE ESTATÍSTICA – Confest,
– Confest, 2., Anais... Rio de Janeiro, IBGE, 2006. 2., Anais... Rio de Janeiro, IBGE, 2006.

ORTIZ, L.P. Utilização da técnica de concatenação de WALDVOGEL, B.C. Cekfgpvgu" fq" vtcdcnjq: os casos fatais. A
base de dados para o estudo da mortalidade neonatal. In: swguv«q"fc"kfgpvkÞec›«q"g"fc"ogpuwtc›«q0"Vgug"*Fqwvqtcfq+"Ï"
CONFERÊNCIA NACIONAL DE ESTATÍSTICA – Confest, Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública
2., Anais... Rio de Janeiro, IBGE, 2006. da USP, São Paulo, 1999.

____. Ectcevgt uvkecu"fc"oqtvcnkfcfg"pgqpcvcn"pq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq. WALDVOGEL, B.C. et al. Pesquisa pioneira recupera casos de
Tese (Doutorado) – Faculdade de Saúde Pública da USP, São Aids no Estado de São Paulo: integração das bases do Sinan-
Paulo, 1999. Aids e do Seade. Dqngvko"Grkfgokqn„ikeq."ETV/FUV1CKFU/EXG.
n.1, out. 2004.
ORTIZ, L.P.; CAMARGO, A.B.M. A construção de indicadores
regionais de mortalidade e a questão da evasão dos óbitos. WALDVOGEL, B.C.; FERREIRA, C.E.C. Estatísticas da vida.
Eqplwpvwtc" Fgoqit Þec. São Paulo, Fundação Seade, n. 24/25, U«q"Rcwnq"go"Rgturgevkxc, São Paulo, Fundação Seade, v. 17, n. 3-4,
p. 5-11, jul./dez. 1993. p. 55-66, jul./dez. 2003.

SILVA, Z.P. et al. Associação entre mortalidade neonatal e WALDVOGEL, B.C.; RODRIGUEZ WONG, L. O
assistência obstétrica: o uso de técnica de nkpmcig em sistemas comportamento do registro atrasado de nascimento (RAN)
de informação. In: CONFERÊNCIA NACIONAL DE no Estado de São Paulo: uma tentativa de correção do sub-
ESTATÍSTICA – Confest, 2., Anais... Rio de Janeiro, IBGE, registro. Kphqtog" Fgoqit hkeq, São Paulo, Fundação Seade,
2006. n. 13, p. 53-135, 1984.

BERNADETTE CUNHA WALDVOGEL


Guvcv uvkec"g"fgo„itchc."Igtgpvg"fg"Kpfkecfqtgu"g"Guvwfqu"Rqrwncekqpcku"fc"Hwpfc›«q"Ugcfg0
(bvogel@seade.gov.br)

CARLOS EUGENIO DE CARVALHO FERREIRA


Fgo„itchq."Cuuguuqt"Vfiepkeq"fc"Igt‒pekc"fg"Kpfkecfqtgu"g"Guvwfqu"Rqrwncekqpcku"fc"Hwpfc›«q"Ugcfg0
(ceugenio@seade.gov.br)

ANTONIO BENEDITO MARANGONE CAMARGO


Fgo„itchq."Fqwvqt"rgnc"Hcewnfcfg"fg"Uc¿fg"R¿dnkec"Ï"WUR."Cpcnkuvc"fc"Hwpfc›«q"Ugcfg0
(acamargo@seade.gov.br)

MARGARETE SILVA JORDANI


Cpcnkuvc"fc"Igt‒pekc"fg"Kpfkecfqtgu"g"Guvwfqu"Rqrwncekqpcku"fc"Hwpfc›«q"Ugcfg0

LUIS PATRICIO ORTIZ


Fqwvqt"go"Uc¿fg"R¿dnkec."Ejghg"fc"Fkxku«q"fg"Rtqfw›«q"fg"Kpfkecfqtgu"Fgoqit Þequ"fc"Hwpfc›«q"Ugcfg0"Rtqhguuqt"Vkvwnct"fc"
Hcewnfcfg"fg"Geqpqokc."Cfokpkuvtc›«q."Eqpvcdknkfcfg"g"Cvw tkc"fc"RWE/UR0

Artigo recebido em 10 de junho de 2008.


Aprovado em 12 de setembro de 2008.

Como citar o artigo:


WALDVOGEL, B.C. gv"cn0"Dcug"wpkÞecfc"fg"pcuekogpvqu"g"„dkvqu"pq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq<"kpuvtwogpvq"rctc"crtkoqtct"qu"
indicadores de saúde. U«q"Rcwnq"go"Rgturgevkxc, São Paulo, Fundação Seade, v. 22, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2008. Disponível em:
<http://www.seade.gov.br>; <http://www.scielo.br>.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2008


PERFIL DA MORTALIDADE NEONATAL
NO ESTADO DE SÃO PAULO
L UIS P ATRICIO O RTIZ
D EISE A KIKO O USHIRO

Resumo: O artigo apresenta e discute as probabilidades de morte e riscos relativos da mortalidade neonatal no Estado de São Paulo em 2006. Os resultados
apontam para a necessidade de estimular políticas e ações de saúde direcionadas para atenção pré-natal, ao parto e ao recém-nascido.
Palavras-chaves: Mortalidade neonatal. Fatores de risco. Recém-nascido.

Abstract: The article present and discuss the probabilities of death and risks related to neonatal mortality in the State of Sao Paulo in 2006. The results
point to the necessity of stimulating the politics and actions within the Health Sector of the Government addressed directly to the prenatal,
childbirth and to the newborn baby.
Key words: Mortality neonatal. Risk factors. Newborn.

A
diminuição da mortalidade infantil no Estado de
São Paulo a partir dos anos 1980 deveu-se, principalmente, à redução do número de mortes de crianças com
mais de 27 dias de vida – componente pós-neonatal –, enquanto a queda da mortalidade dos menores de 28
dias – componente neonatal – tem sido proporcionalmente menor, provocando concentração de óbitos infantis
nas primeiras semanas de vida. Em 1980, metade dos óbitos infantis ocorreu no período neonatal; em 2006,
mais de dois terços se concentrou nessa idade e 49% na primeira semana.
A taxa de mortalidade neonatal do Estado de São Paulo, que atinge 9 óbitos por mil nascidos vivos em
2006, pode ser considerada baixa se comparada com a média do Brasil, que chega a 15 por mil em 2004, mas
é muito elevada em relação aos países desenvolvidos, onde esse indicador não ultrapassa 4 mortes por mil
(HALLSWORTH et al., 2008).
Muitos desses óbitos ocorrem no período pós-parto, quando uma parcela considerável dos recém-nascidos
ainda se encontra sob a responsabilidade dos serviços de saúde, como resultado de uma série complexa de
fatores biológicos, socioeconômicos e de atenção à saúde de difícil redução.
No Brasil, as informações geradas pelos Sistemas de Informação sobre Mortalidade – SIM e dos Nascidos
Vivos – Sinasc, administrados pelo Ministério da Saúde, são muito utilizadas para conhecer os níveis e carac-
terísticas da mortalidade. Em São Paulo, a utilização de bases vinculadas de dados de nascidos vivos e óbitos
infantis, realizada pela Fundação Seade, possibilita aprofundar esses estudos, em particular aquele relativo ao
rgtÞn"fc"oqtvcnkfcfg"pgqpcvcn0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 19-29, jan./jun. 2008


20 LUIS PATRICIO ORTIZ/DEISE AKIKO OUSHIRO

Nesse contexto, o presente estudo tem como ob- A vinculação desses registros foi muito elevada
jetivo analisar as mortes neonatais de uma coorte de devido à utilização dos campos nome da criança, obtido
nascidos vivos do Estado de São Paulo, no primeiro pelas informações dos cartórios de Registro Civil, e
semestre de 2006, apresentando as probabilidades de nome da mãe e a padronização de variáveis. O resultado
morte segundo as principais características do recém- Þpcn"fq"rtqeguuq"fg"xkpewnc›«q"oquvtc"swg"crgpcu"fqku"
pcuekfq."fc"iguvc›«q."fq"rctvq"g"fc"o«g."eqo"c"Þpc- óbitos neonatais não foram pareados, índice comparável
lidade de apontar linhas de ação para sua redução ou ao registrado em países como os Estados Unidos
eliminação. *OCVJGYU="OGPCEMGT="OCEFQTOCP."4226+0

MATERIAL E MÉTODOS RESULTADOS

Trata-se de um estudo ecológico que utiliza dados Pc"eqqtvg"guvwfcfc"xgtkÞeqw/ug"swg."fqu"537054:"pcu-


de nascidos vivos e óbitos neonatais para o Estado cidos vivos: 51,3% eram do sexo masculino; 9,1% apre-
de São Paulo. A população em estudo corresponde sentaram baixo peso ao nascer (menos de 2.500 g), pro-
a 315.328 nascidos vivos, ocorridos no período de porção que diminui para 7,8% quando se consideram
1º de janeiro a 30 de junho de 2006 e captados entre somente as gestações únicas; 8,1% eram pré-termos;
janeiro de 2006 e abril de 2007. Nessa coorte foram 97,8% das gestações eram únicas; 54,8% dos partos
registrados 2.947 óbitos neonatais, entre 1º de janeiro foram cesáreos; 74,9% das mães realizaram sete con-
e 30 de junho de 2006. sultas ou mais de pré-natal; 71,7% das mães possuí-
Guvcu"kphqtoc› gu"eqttgurqpfgo" "dcug"wpkÞecfc" am entre 20 e 34 anos, faixa etária considerada mais
gerada a partir dos dados coletados pela Fundação crtqrtkcfc"rctc"vgt"Þnjqu="38.8'"gtco"cfqnguegpvgu"
Seade junto aos Cartórios de Registro Civil e dos da- (menores de 20 anos); 17,5% tinham 12 anos e mais
dos das Secretarias Municipais de Saúde, recebidos de escolaridade; e somente 4,8% possuíam menos de
pela Secretaria de Estado da Saúde. quatro anos de estudo (Tabela 1).
Tendo em vista que no caso do Estado de São Fwtcpvg"q"rtkogktq"ugoguvtg"fg"4228."pguuc"eqqtvg"
Paulo é possível ter acesso direto aos documentos de nascidos vivos, ocorreram 2.947 óbitos de crianças
originais para buscas complementares de informa- menores de 28 dias – denominado período neonatal –,
ções, foi desenvolvida rotina de trabalho baseada na dos quais 72% foram nos primeiros sete dias de vida
técnica determinística de vinculação de base de dados. (neonatal precoce) e 28% entre 7 e 27 dias de vida (neo-
Esta técnica traz ganhos operacionais, aumentando natal tardio). Assim, a probabilidade de morte neonatal
c"qdvgp›«q"fg"Ñrctgu"xgtfcfgktquÒ"*kfgpvkÞec›«q"fq" alcançou 9,3 óbitos em cada mil nascidos vivos; durante
mesmo indivíduo nas bases de dados), e conseqüen- a primeira semana de vida, o risco foi de 6,7 óbitos por
temente reduz possíveis vieses, além de permitir bus- mil nascidos vivos e de 2,6 óbitos por mil nascidos vi-
cas adicionais nos documentos originais, ao propiciar vos, durante o período neonatal tardio (Tabela 2).
o emprego de variáveis secundárias (como endereço
de residência, hospital de nascimento, etc.) para con- CARACTERÍSTICAS DO RECÉM-NASCIDO
Þtoc›«q" fqu" rctgu" *CNOGKFC" gv" cn0." 4224." 4229=" Sexo
ORTIZ, 1999, 2006a). A probabilidade de morte para o sexo masculino (10,1
A rotina desenvolvida contemplou quatro etapas: por mil) é relativamente maior do que para o sexo femi-
a primeira consiste na seleção e padronização de va- nino (8,5 por mil), diferença que ultrapassa 20% no pe-
riáveis e geração de variáveis derivadas; a segunda ríodo neonatal precoce e diminui para 10% no tardio.
fgÞpg" etkvfitkqu" fg" xkpewnc›«q=" c" vgtegktc" rtqegfg" "
formação de pares por igualdade ou semelhança; e a Peso ao Nascer
quarta refere-se à busca nominal nas bases de dados e Para estudar a mortalidade neonatal segundo peso ao
nos documentos originais. nascer, excluíram-se os nascidos vivos provenientes

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 19-29, jan./jun. 2008


PERFIL DA MORTALIDADE NEONATAL NO ESTADO DE SÃO PAULO 21

Tabela 1 de gestações múltiplas, uma vez que estas constituem


fator de confusão quando se analisa o peso ao nascer
Distribuição dos Nascidos Vivos,
(MINAMISAWA et al., 2004; CARNIEL et al., 2008).
segundo Características Selecionadas
Estado de São Paulo – Jan.-Jun. 2006 Essa nova coorte é formada por 291.511 nascidos vi-
vos, nos quais ocorreram 2.402 óbitos neonatais. As-
Números Distribuição uko."pguug"itwrq"gurge Þeq."c"rtqdcdknkfcfg"fg"oqtvg"
Características Selecionadas
Absolutos (%)
se reduz para 8,2 por mil no período neonatal, para
RECÉM-NASCIDO
Sexo 315.328 100,0
5,8 por mil, no neonatal precoce, e para 2,4 por mil,
Masculino 161.697 51,3 no tardio.
Feminino 153.622 48,7 Para o cálculo dos riscos relativos neonatais, fo-
Peso ao nascer 315.328 100,0 ram considerados como categoria de referência os
Menos de 1.000 gramas 1.576 0,5
nascidos vivos com 2.500 gramas e mais, porque as
De 1.000 a 1.499 gramas 2.427 0,8
De 1.500 a 2.499 gramas 23.473 7,8
categorias de crianças com peso mais elevado apre-
2.500 gramas e mais 274.856 90,9 sentaram probabilidades de morte muito próximas.
Peso ao nascer (1) 291.511 100,0 Um primeiro aspecto a ser considerado refere-
Menos de 1.000 gramas 1.176 0,4 se ao fato de que a probabilidade de morte diminui
De 1.000 a 1.499 gramas 1.896 0,7
rapidamente à medida que aumenta o peso da crian-
De 1.500 a 2.499 gramas 19.138 6,7
2.500 gramas e mais 262.487 92,2
ça ao nascer: o recém-nascido (RN) de muito baixo
peso (menos de 1.500 g) apresenta chance de falecer
GESTAÇÃO E DO PARTO no período neonatal 155 vezes maior que as crianças
Duração da gestação 315.328 100,0 com 2.500 gramas e mais. Já os nascidos vivos com
Pré-termo (22 a 36 semanas) 24.305 8,1
baixo peso (1.500 a 2.499 g) tiveram riscos relativos
22 a 27 semanas 1.488 0,5
28 a 36 semanas 22.817 7,6
menor, mas, ainda assim, sua probabilidade de mor-
Termo (37 a 41 semanas) 272.191 91,3 te foi dez vezes maior que a registrada na categoria
Pós-termo (42 semanas e mais) 1.788 0,6 de referência.
Tipo de gravidez 315.328 100,0 C" rtqdcdknkfcfg" fg" oqtvg" fkokpwk" ukipkÞecvkxc-
Única 308.150 97,8
mente com o aumento da idade – no período neo-
Múltipla 7.012 2,2
Tipo de parto 315.328 100,0
natal tardio, ela representa um terço da probabilida-
Vaginal 142.332 45,2 de de morte correspondente à primeira semana de
Cesáreo 172.468 54,8 xkfc0"Cq"ug"eqpukfgtctgo"gurgekÞecogpvg"qu"pcuek-
dos vivos com muito baixo peso (menos de 1.500
MÃE g), chama a atenção o fato de que, o risco relativo
Número de consultas de pré-natal 315.328 100,0
durante a primeira semana de vida chega a ser 165
Menos de 4 consultas 15.989 5,1
De 4 a 6 consultas 62.134 20,0 vezes maior que o correspondente aos nascidos com
7 consultas e mais 232.703 74,9 peso adequado, relação que diminui para 132 vezes
Idade 315.328 100,0 nas semanas seguintes.
Menos de 20 anos 52.218 16,6 XgtkÞeqw/ug"swg"qu"pcuekfqu"eqo"ogpqu"fg"30222"
De 20 a 34 anos 226.033 71,7
gramas provenientes de gestação única apresenta-
35 anos e mais 36.908 11,7
Escolaridade 315.328 100,0 ram elevadíssima probabilidade de morte neonatal:
Nenhuma 1.936 0,7 642 óbitos por mil; em relação à categoria de refe-
1 a 7 anos 86296 29,1 rência, essas crianças estavam sujeitas a um risco de
8 a 11 anos 156.236 52,7 morte 262 vezes maior. Essa diferença se acentua
12 anos e mais 51.871 17,5
no período neonatal precoce, chegando a um risco
Fonte: Fundação Seade.
(1) Considerando gravidez única e com 22 semanas e mais de relativo superior a 300, diminuindo para 179 no pe-
gestação. ríodo neonatal tardio. Para os nascidos vivos com

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 19-29, jan./jun. 2008


22 LUIS PATRICIO ORTIZ/DEISE AKIKO OUSHIRO

Tabela 2
Probabilidade de Morte e Risco Relativo de Óbito Neonatal, segundo Características Selecionadas
Estado de São Paulo – Jan.-Jun. 2006
Probabilidade de Morte (1) Risco Relativo
Características Selecionadas
Precoce Tardio Total Precoce Tardio Total
PERÍODO NEONATAL 6,7 2,6 9,3
RECÉM-NASCIDO
Sexo
Masculino 7,4 2,7 10,1 1,2 1,1 1,2
Feminino (2) 6,0 2,5 8,5 1,0 1,0 1,0
Peso ao nascer (3)
Menos de 1.000 gramas 497,4 144,6 642,0 301,6 179,8 261,7
De 1.000 a 1.499 gramas 133,4 82,8 216,2 80,9 103,0 88,1
Menos de 1.500 gramas 272,8 106,4 379,2 165,4 132,4 154,6
De 1.500 a 2.499 gramas 17,9 7,4 25,3 10,9 9,2 10,3
Menos de 2.500 gramas 53,2 21,1 74,3 32,2 26,3 30,3
2.500 gramas e mais (2) 1,6 0,8 2,5 1,0 1,0 1,0

GESTAÇÃO E DO PARTO
Duração da gestação
Pré-termo (22 a 36 semanas) 60,3 21,3 81,5 31,3 22,1 28,2
22 a 27 semanas 487,7 112,7 600,4 253,3 117,1 207,9
28 a 36 semanas 31,0 15,7 46,7 16,1 16,3 16,2
Termo (37 a 41 semanas) 1,9 1,0 2,9 1,0 1,0 1,0
Pós-termo (42 semanas e mais) 3,4 1,7 5,0 1,7 1,7 1,7
Gestação/Peso ao nascer (4)
Pré-termo
Menos de 2.500 gramas 92,1 35,7 127,8 47,9 37,1 44,3
2.500 gramas e mais 7,8 2,4 10,2 4,1 2,5 3,5
Termo
Menos de 2.500 gramas 11,3 5,5 16,9 5,9 5,7 5,8
2.500 gramas e mais 1,4 0,7 2,2 0,7 0,8 0,8
Pós-termo
Menos de 2.500 gramas 36,4 0,0 36,4 18,9 0,0 12,6
2.500 gramas e mais 2,4 1,8 4,2 1,2 1,9 1,4
Tipo de gravidez
Única (2) 6,1 2,4 8,6 1,0 1,0 1,0
Múltipla 33,8 10,6 44,4 5,5 4,4 5,2
Tipo de parto
Vaginal (2) 8,4 2,6 11,0 1,0 1,0 1,0
Cesáreo 5,4 2,6 8,0 0,6 1,0 0,7

MÃE
Número de consultas de pré-natal
Menos de 4 consultas 40,2 11,1 51,3 13,4 7,8 11,6
De 4 a 6 consultas 11,5 4,7 16,2 3,9 3,3 3,7
7 consultas e mais (2) 3,0 1,4 4,4 1,0 1,0 1,0
Idade
Menos de 20 anos 9,0 3,6 12,6 1,5 1,6 1,5
De 20 a 34 anos (2) 6,2 2,3 8,5 1,0 1,0 1,0
35 anos e mais 7,0 2,9 10,0 1,1 1,3 1,2
Parturição
Primíparas (2) 9,4 3,6 13,1 1,0 1,0 1,0
Multíparas 6,1 2,5 8,6 0,7 0,7 0,7
Escolaridade
Nenhuma 8,8 3,1 11,9 1,7 1,6 1,7
1 a 7 anos 7,7 3,1 10,8 1,5 1,6 1,5
8 a 11 anos 6,7 2,6 9,3 1,3 1,3 1,3
12 anos e mais (2) 5,1 2,0 7,1 1,0 1,0 1,0
Fonte: Fundação Seade.
(1) Por mil nascidos vivos.
(2) Categoria de referência.
(3) Considerando gravidez única e com 22 semanas e mais de gestação.
(4) Considerando como categoria de referência 37 a 41 semanas de gestação.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 19-29, jan./jun. 2008


PERFIL DA MORTALIDADE NEONATAL NO ESTADO DE SÃO PAULO 23

peso entre 1.000 e 1.499 gramas, considerados de Ao se examinar a categoria de recém-nascidos de


muito baixo peso, a probabilidade de morte chegou gestações de 28 a 36 semanas de duração, nota-se que
c"438"„dkvqu"rqt"okn."wo"vgt›q"fc"xgtkÞecfc"rctc"qu" a probabilidade de morte neonatal, embora bem me-
recém-nascidos com peso inferior a 1.000 gramas. nor do que a observada entre os muito prematuros,
ainda é 16 vezes mais elevada que entre os nascidos a
CARACTERÍSTICAS DA GESTAÇÃO E DO PARTO termo, relação que se mantém inalterada no período
Duração da Gestação neonatal tardio.
Neste trabalho, utilizou-se a categoria de gestações a
termo (37 a 41 semanas) como referência para estimar Tipo de Gravidez
riscos relativos. A probabilidade de morte neonatal Para o cálculo dos riscos relativos, utilizou-se como
fkokpwk" ukipkÞecvkxcogpvg" " ogfkfc" swg" cwogpvc" c" categoria de referência o grupo de nascidos vivos de
duração da gestação: entre os nascidos vivos pré-ter- gravidez única. Observa-se que os nascidos vivos de
mo, a mortalidade neonatal mostra-se 28 vezes mais gestações múltiplas apresentaram um risco relativo
elevada que entre os nascidos vivos de gestações a 5,2 vezes mais elevado do que os de gestações únicas.
termo. A criança pós-termo (42 semanas e mais), por A probabilidade de morte é mais elevada no período
sua vez, tem probabilidade de morte 1,7 vez maior neonatal precoce que no tardio; o risco relativo, por
que a nascida a termo. sua vez, manteve-se elevado e com pouca variação
Segundo a idade ao morrer, mais uma vez a maior durante todo o período neonatal.
probabilidade de óbito foi registrada durante a pri-
ogktc"ugocpc"fg"xkfc."fkokpwkpfq"ukipkÞecvkxcogpvg" Tipo de Parto
com o avanço da idade: no período neonatal preco- Tendo como categoria de referência os nascidos vi-
ce, entre os nascidos vivos de gestação pré-termo, a vos de parto vaginal,1" xgtkÞec/ug" swg." pc" eqqtvg" gu-
probabilidade de morte é 31 vezes mais elevada que tudada, a probabilidade de morte entre os nascidos
entre os nascidos termo; no período neonatal tardio de parto cesáreo foi 0,7 vez menor do que entre os
essa relação diminui para 22 vezes. Entre os nascidos de parto vaginal. Embora a probabilidade de mor-
pós-termo, o risco de morte em todas as idades é 1,7 te diminua com a idade, essa diferença se reduz para
vez maior que o dos recém-nascidos a termo. 0,6 durante o período neonatal precoce; no período
Tendo em vista a elevada probabilidade de morte neonatal tardio o risco de morte é igual para ambas
das crianças nascidas vivas de gestações pré-termo, as categorias.
para estudar mais detalhadamente esse segmento, as
informações foram desagregadas em gestações de 22 Número de Consultas de Pré-Natal
a 27 e de 28 a 36 semanas de duração. Utilizando como categoria de referência sete ou mais
O primeiro aspecto a se considerar relaciona-se eqpuwnvcu" fg" rtfi/pcvcn." xgtkÞec/ug" ukipkÞecvkxc" fkok-
com a alta mortalidade dos recém-nascidos de gesta- nuição da probabilidade de morte à medida que au-
ções com duração entre 22 e 27 semanas: a probabi- menta o número de consultas. Quando são realizadas
lidade de morte (600,4 por mil) foi 208 vezes maior menos de quatro consultas, o risco de morte neonatal
que a correspondente às crianças de gestação a ter- chega a ser 11,6 vezes maior que o da categoria de re-
mo. Segundo a idade da criança ao morrer, observa- ferência. No período neonatal precoce essa diferença
se que o risco relativo durante a primeira semana de é mais acentuada (13,4) que no neonatal tardio (7,8).
vida supera 250, diminuindo para 117 no período
neonatal tardio, ainda assim um nível muito elevado. CARACTERÍSTICAS DA MÃE
Kuvq"fi."godqtc"q"tkueq"fg"oqtvg"fkokpwc"ukipkÞecvk- Idade
vamente com a idade, no período neonatal tardio as Tomando como categoria de referência os nascidos
chances de sobrevivência da criança ainda são muito vivos de mães com idade entre 20 e 34 anos, observa-
reduzidas. se que na coorte em estudo a mortalidade de crianças

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 19-29, jan./jun. 2008


24 LUIS PATRICIO ORTIZ/DEISE AKIKO OUSHIRO

nascidas de mães mais jovens resulta 1,5 vez maior, Em relação ao risco de morte segundo sexo, a
relação que chega a 1,2 no caso das mães de 35 anos literatura sobre o tema indica realmente existir uma
e mais. Por idade da criança ao morrer, os riscos re- maior probabilidade de morte para o sexo masculino
lativos de nascidos vivos tanto de mães muito jovens em todas as idades (MARTINS; VELÁSQUES-
como de mães de mais idade não apresentaram mu- OGN¡PFG¥." 4226=" NCWTGPVK" gv" cn0." 4227="
fcp›cu"ukipkÞecvkxcu0" FERRARI et al., 2006). Além disso, a diferença entre
os sexos é maior quanto mais próxima do nascimento
Filhos Tidos (Parturição) hqt" c" oqtvg." q" swg" fi" eqpÞtocfq" rgnqu" fcfqu"
Na coorte em estudo, a probabilidade de morte entre analisados neste trabalho: o risco relativo diminui à
qu" Þnjqu" fg" rtko rctcu" hqk" ockqt" swg" c" eqttgurqp- medida que avança a idade ao morrer das crianças.
dente aos nascidos de multíparas. O risco relativo, O baixo peso ao nascer é considerado um predi-
calculado utilizando como categoria de referência os tor de sobrevivência de recém-nascidos (UNICEF;
pcuekfqu"xkxqu"fg"o«gu"rtko rctcu."Þeqw"cdckzq"fg"3" WHO, 2004) e um indicador de saúde muito sensí-
(0,7) durante todo o período neonatal. xgn" " gÞek‒pekc" fq" ukuvgoc" fg" uc¿fg" nqecn" *MCDKT."
2002). No âmbito da pesquisa encontrou-se que, en-
Grau de Instrução tre os óbitos de recém-nascidos de gestação única –
Utilizando como referência a categoria de 12 anos e excluídos os nascidos com menos de 22 semanas de
ocku"fg"gueqnctkfcfg."xgtkÞec/ug"swg"qu"pcuekfqu"xkxqu" gestação e os com peso ao nascer ignorado –, 50,8%
cujas mães não tinham instrução exibiram risco relati- pertenciam à categoria de muito baixo peso ao nascer
vo 1,7 vez maior que a categoria de referência; relação (menos de 1.500 g), 21,1% ao grupo de 1.500 a 2.499
que diminui para os nascidos vivos de mães com maior gramas e 28,1% à categoria de 2.500 gramas e mais.
escolaridade, atingindo 1,3 quando a escolaridade das Tendo em conta que muitas crianças que faleceram
mães é de 8 a 11 anos. Segundo a idade da morte da na primeira semana de vida provavelmente estavam em
criança, os riscos relativos permanecem constantes. berçário, o elevado risco relativo dos recém-nascidos
fg" owkvq" dckzq" rguq" rqfg" ukipkÞect" fgÞek‒pekcu" pq"
DISCUSSÃO atendimento pré-natal, aumentando o risco de morte de
prematuros. Nesse sentido, alguns trabalhos mostram
A elevada concentração de óbitos nos primeiros dias que cuidados adequados na atenção pré-natal, no
fg" xkfc" fc" etkcp›c" oquvtc" swg" c" kpàw‒pekc" fg" hcvq- rctvq" g" r„u/rctvq" v‒o" ghgkvq" ukipkÞecvkxq" pc" tgfw›«q"
res endógenos, tais como condições da gestação e do fc" oqtvcnkfcfg" pgqpcvcn" *OCEJCFQ=" JKNN." 4225="
parto, e as características maternas têm participação OCTVKPU=" XGNéUSWGU/OGN¡PFG¥." 4226="
owkvq" ukipkÞecvkxc" pc" oqtvcnkfcfg" pgqpcvcn" go" U«q" GIGLIO et al., 2005).
Paulo; por sua vez, os fatores exógenos, mais ligados A elevada taxa de mortalidade neonatal registrada
às condições de vida, tais como habitação e sanea- em São Paulo para recém-nascidos de muito baixo
mento básico, embora importantes, apresentaram in- peso (379 por mil), com risco relativo acima de 150,
àw‒pekc"tgncvkxcogpvg"ogpqt0 sugere problemas na assistência a essas crianças. Essa
Praticamente três em cada quatro óbitos neona- vczc"fi"rgnq"ogpqu"vt‒u"xg|gu"uwrgtkqt" "xgtkÞecfc"go"
tais ocorreram antes que os recém-nascidos comple- países desenvolvidos e, embora durante o período
tassem uma semana de vida, sendo que uma parcela pgqpcvcn" vctfkq" ug" tgfw|c" ukipkÞecvkxcogpvg." eqpvk-
considerável dessas crianças (32,6%) faleceu com nua sendo muito elevada: 132 vezes maior do que a
menos de um dia de vida. Esses fatos indicam que, observada para os nascidos vivos com 2.500 gramas
provavelmente, muitas mortes aconteceram no hos- e mais.
pital onde foi realizado o parto, local no qual, teori- Estes resultados mostram-se coerentes com os
camente, seria mais fácil tomar as medidas adequadas encontrados em hospitais de Fortaleza (CASTRO;
para evitar o óbito. LEITE, 2007) e do município do Rio de Janeiro

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 19-29, jan./jun. 2008


PERFIL DA MORTALIDADE NEONATAL NO ESTADO DE SÃO PAULO 25

*FWCTVG="OGPFQP C."4227+."qu"swcku"uwigtgo" vivos a proporção pré-termo atinge somente 8%.


que essas elevadas probabilidades de morte podem Provavelmente, os recém-nascidos dessa categoria
ugt" tguwnvcfq" fg" swcnkfcfg" fgÞekgpvg" pc" cvgp›«q" exibem graus diferentes de desenvolvimento, o que
perinatal. kpàwk" pcu" uwcu" ejcpegu" fg" uqdtgxkx‒pekc0" Pguug"
Fgxg/ug"vgt"rtgugpvg"swg."gpvtg"qu"tgefio/pcuekfqu" sentido, a informação da declaração de nascido vivo
de baixo peso, incluem-se crianças muito imaturas, de referente à duração de gestação inclui, numa mesma
pequena idade gestacional. Na coorte em estudo, quase categoria – 28 a 36 semanas –, recém-nascidos que
90% desses recém-nascidos eram pré-termos. Alguns apresentam diferentes probabilidades de morte,
estudos acrescentam que os nascidos vivos com peso fkÞewnvcpfq" c" eqorctc›«q" fqu" tguwnvcfqu" eqo" qu"
inferior a 1.500 gramas corresponderiam a gestações provenientes de outros estudos.
com duração inferior a 37 semanas (KILSZTAJN et Ao examinar a relação entre duração da gestação
al., 2003). Assim, a categoria de nascidos vivos de e peso ao nascer, o primeiro aspecto a se conside-
muito baixo peso pode ser considerada a que melhor rar relaciona-se com o fato de que os nascidos vivos
expressa, na mortalidade neonatal, o efeito conjunto com peso inferior a 2.500 gramas e idade gestacional
do baixo peso ao nascer e da prematuridade. a termo (37 semanas e mais), denominado PIG, exibi-
No Estado de São Paulo, a probabilidade de morte ram probabilidade de morte neonatal 5,8 vezes mais
dos nascidos vivos de baixo peso (menos de 2.500 g) elevada que a categoria utilizada como referência no
correspondeu a 74,3 óbitos por mil, aproximadamen- peso ao nascer.
te 20% da registrada para as crianças nascidas com Por sua vez, a categoria pré-termo e baixo peso ao
muito baixo peso (379 óbitos por mil). Tais resulta- nascer registrou uma probabilidade de morte neona-
dos sugerem que essas crianças apresentam uma ma- tal 44 vezes mais elevada que a da categoria de refe-
turidade maior que aquelas de muito baixo peso ao rência, diferença que aumenta para 48 vezes quando
nascer, possuindo, assim, maiores chances de sobre- se considera a chance de morrer na primeira semana
vivência. Possivelmente, fazem parte dessa categoria de vida. O risco de morte no período neonatal tardio,
tanto os recém-nascidos que podem ser considera- embora diminua para menos de 40% do observado
dos pequenos para sua idade gestacional (PIG) como durante a primeira semana de vida da criança, conti-
aqueles provenientes de gestações pré-termo. nua sendo 37 vezes maior do que o registrado entre
Segundo Monteiro et al. (2000), uma criança pode as crianças nascidas a termo.
nascer com peso abaixo do normal devido ao encur- Os recém-nascidos pré-termo com peso igual ou
tamento da duração da gestação (prematuridade) e à superior a 2.500 gramas apresentaram probabilidade
restrição de crescimento intra-uterino, processos que de morte neonatal (10,2) que representa apenas 8%
podem atuar isoladamente ou em associação. Assim, daquela obtida para os nascidos vivos pré-termo com
a duração da gestação representa o componente mais baixo peso (127,8). Para os nascidos vivos pós-termo
importante do desenvolvimento intra-uterino, iden- e com baixo peso não foram registradas mortes no
vkÞecpfq" c" rtgocvwtkfcfg" *iguvc› gu" eqo" fwtc›«q" período neonatal tardio. Já as crianças nascidas com
inferior a 37 semanas) como um dos principais riscos peso igual ou superior a 2.500 gramas registraram
da mortalidade neonatal. Nos estudos de sobrevivên- probabilidade de morte neonatal 1,4 vez mais elevada
cia infantil, a duração da gestação é considerada um do que a categoria de referência, risco que permanece
indicador da viabilidade do recém-nascido (ALMEI- reduzido segundo a idade.
FC"gv"cn0."4224="MKNU¥VCLP"gv"cn0."4225="OCEJC- Possivelmente, no grupo pré-termo e peso acima
FQ=" JKNN." 4225=" HGTTCTK" gv" cn0." 4228=" QTVK¥." de 2.500 gramas, encontram-se recém-nascidos de
2006b). gestações mais próximas de 37 semanas, o que expli-
Na coorte estudada, mais de 70% dos óbitos caria a menor probabilidade de morte em relação aos
neonatais corresponderam a crianças com menos de pré-termos nascidos com baixo peso. Essa hipótese
37 semanas de gestação, enquanto entre os nascidos baseia-se no fato de que o peso ao nascer de gesta-

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 19-29, jan./jun. 2008


26 LUIS PATRICIO ORTIZ/DEISE AKIKO OUSHIRO

ções de 36 semanas, conforme as curvas de padrão de Cq"oguoq"vgorq."xgtkÞeqw/ug"swg."gpvtg"cu"o«gu"


crescimento intra-uterino, situa-se em torno de 2.800 com 12 ou mais anos de estudo, 73,5% dos partos
gramas (ARBUCKLE et al., 1993). foram operatórios e apenas 27,1% espontâneos; já
O maior risco relativo de morte correspondeu aos entre as mães com menos de oito anos de estudo,
nascidos vivos pré-termo e baixo peso, sugerindo a essa proporção foi de 59,3% e 40,7%, respectivamen-
existência de uma interação entre estas duas cate- te. Paralelamente, 51,7% dos nascidos vivos de baixo
gorias, isto é, a presença conjunta destes fatores no peso foram de gestações pré-termo. Assim, é possível
recém-nascido leva a um risco de morte neonatal sig- que muitas dessas parturientes tenham dado entrada
pkÞecvkxcogpvg"ockqt"fq"swg"cswgng"qdvkfq"pc"rtg- pqu"jqurkvcku"l "pc"hcug"Þpcn"fg"vtcdcnjq"fg"rctvq."p«q"
sença de apenas uma das variáveis. Estes resultados havendo a possibilidade de emprego de cesárea.
eqpÞtoco"c"korqtv¤pekc"fc"xctk xgn"fwtc›«q"fc"igu- Nota-se então que, entre os recém-nascidos que
tação no que se refere à mortalidade neonatal. apresentaram elevada probabilidade de morte e para
Na coorte estudada a elevada probabilidade de os quais o parto operatório teria contribuído para re-
morte nos casos de gestações múltiplas relaciona-se à duzir o risco de morte, a incidência de cesáreas foi
maior freqüência de baixo peso ao nascer entre estas baixa. Este fato pode ter colaborado para a maior
crianças. Alguns estudos indicam que existiria uma probabilidade de morte apurada entre os nascimen-
associação entre os nascidos vivos de gestações múl- tos por parto espontâneo.
tiplas e o risco de morte neonatal, no sentido de que Em relação ao pré-natal, além da quantidade de
guug"vkrq"fg"itcxkfg|"tgrtgugpvc"ukipkÞecvkxq"hcvqt"fg" consultas, devem ser considerados aspectos como a
risco para o crescimento intra-uterino, podendo re- hierarquização, a garantia de acesso e a qualidade do
sultar, dessa forma, em nascidos vivos de gestações atendimento. Nesse sentido, se bem existe consenso
a termo, mas de baixo peso (CARVALHO; GOMES, de que o início precoce é essencial para a adequada
2005; FERRARI et al., 2006). assistência, o número ideal de consultas ainda é con-
A mortalidade neonatal mais elevada entre as troverso. Para a Organização Mundial de Saúde, o nú-
crianças nascidas de parto vaginal, em comparação mero adequado seria igual ou superior a seis. No Bra-
com o parto cesáreo, está relacionada ao fato de que sil, foi adotado como parâmetro a realização de sete
essas últimas apresentarem baixo peso e/ou serem qw"ocku"eqpuwnvcu0"Fg"swcnswgt"hqtoc."q"p¿ogtq"fg"
prematuras (CÉSAR et al., 2000; FERRARI et al., consultas de pré-natal é um indicador muito utilizado
2006). Ao mesmo tempo, outros estudos têm mos- para avaliar as condições de atendimento às gestantes,
vtcfq"swg"pguuc"tgnc›«q"vcodfio"v‒o"hqtvg"kpàw‒pekc" pois as consultas em número adequado possibilita-
a má qualidade da assistência ao parto normal, a ele- riam detectar riscos que incidem na morbimortalida-
vada incidência de cesarianas, especialmente em ges- de materna e infantil, além de reduzir a ocorrência de
tações de baixo risco, e a realização de parto normal prematuridade e de mortalidade perinatal.
nas gestantes de alto risco (GIGLIO et al., 2005). Na coorte em estudo, foi observada uma redução
Na coorte em estudo, 51,8% dos recém-nascidos da mortalidade neonatal à medida que aumenta o nú-
de muito baixo peso (menos de 1.500 gramas) corres- mero de consultas de pré-natal. Quando são realiza-
ponderam a partos operatórios. Assim, na categoria das entre quatro e seis consultas, o risco de morte é
para a qual existe a recomendação médica de empre- fg"wo"vgt›q"fq"xgtkÞecfq"rctc"c"ecvgiqtkc"fg"ogpqu"
gar o procedimento cirúrgico, sua ocorrência não foi de quatro consultas, mas, ainda assim, mostra-se 3,7
muito freqüente. As mortes de crianças nascidas com vezes mais elevado do que o da categoria de referên-
muito baixo peso representaram mais de 50% do to- cia, relação que permanece quase inalterada durante
tal de óbitos neonatais; dos óbitos de crianças com todo o período neonatal.
peso ao nascer inferior a 1.500 gramas, somente 34% Foi também observado que o número de consul-
foram de partos operatórios e os demais correspon- tas de pré-natal está diretamente relacionado com a
deram a partos espontâneos. situação educacional da mãe, pois a proporção de

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 19-29, jan./jun. 2008


PERFIL DA MORTALIDADE NEONATAL NO ESTADO DE SÃO PAULO 27

mães que nunca passaram por atendimento pré-natal no qual foi observado maior risco de morte neonatal
é superior entre aquelas com menor escolaridades: (CARNIEL et al., 2008). É possível que estes fatos
15,1% tinham três anos ou menos de estudo, enquan- estejam também relacionados com uma atenção mais
to somente 4,1% possuíam 12 ou mais anos de estu- adequada a estas mães no período pré-natal, prolon-
fq0"Gpvtg"cswgncu"swg"Þ|gtco"ugvg"qw"ocku"eqpuwnvcu." gando a duração da gestação e reduzindo a probabi-
5,3% tinham três anos ou menos de estudo e 19,4%, nkfcfg"fg"oqtvg"pgqpcvcn0"Vcodfio"kpàwgpekctkc"vcku"
12 anos ou mais. resultados a melhoria da assistência pré-natal a essas
A idade materna é uma variável muito utilizada nos gestantes. Altas ordens de nascimento aumentam sig-
guvwfqu"fgoqit Þequ"g"grkfgokqn„ikequ0"Gpvtgvcpvq." pkÞecvkxcogpvg"q"tkueq"fg"tgvctfq"fg"etguekogpvq"fcu"
a relação entre a idade da mãe e a mortalidade neonatal crianças.
não é totalmente clara. Para alguns estudiosos, o Ao analisar o risco de morte segundo grau de ins-
fato de a mãe ser jovem ou ter mais de 35 anos não vtw›«q."xgtkÞec/ug"c"vgpf‒pekc"gurgtcfc"fg"fkokpwk›«q"
constitui elemento de maior mortalidade neonatal do risco de morte neonatal à medida que aumenta
(CÉSAR et al., 2000), enquanto para outros existe a escolaridade da mãe. Esta variável pode constituir
cuuqekc›«q"rqukvkxc"gpvtg"guucu"xctk xgku"*CNOGKFC" uma boa aproximação do estrato social materno,
et al., 2002; GIGLIO et al. 2005). O fato é que, ugpfq"owkvq"ukipkÞecvkxc"rctc"guvwfct"c"oqtvcnkfcfg"
embora seja esperada uma associação positiva entre infantil.
idade da mãe e mortalidade neonatal, uma vez que as Go" woc" rguswkuc" swg" gzcokpqw" c" kpàw‒pekc" fc"
mães adolescentes apresentam maior ocorrência de educação feminina no crescimento das crianças bra-
crianças com baixo peso ao nascer, ela ainda não está sileiras, encontrou-se nítida relação entre a baixa es-
fgÞpkvkxcogpvg" eqortqxcfc0" Woc" ukvwc›«q" ukoknct" colaridade materna e o retardo de desenvolvimento
ocorre entre mortalidade neonatal e mães com idades na infância. A não-conclusão do ensino fundamental
de 35 anos ou mais. aumenta em 1,7 vez o risco de retardo de crescimento,
Q" p¿ogtq" fg" Þnjqu" pcuekfqu" xkxqu" fi" woc" xctk - enquanto a escolaridade materna inferior a quatro anos
xgn"kpfkecvkxc"fc"fkuvtkdwk›«q"fqu"Þnjqu"ugiwpfq"uwc" está associada a chances de retardo 4,3 vezes maiores.
ordem de nascimento e a idade da mãe no momento O fato de a escolaridade da mãe persistir fortemente
do nascimento, associando-se ao nível socioeconômi- associada ao crescimento infantil, mesmo quando são
co da mãe e à mortalidade infantil. Alguns estudos semelhantes as condições socioeconômicas, é consis-
mostram estreita relação entre múltiplas gestações e a tente com a importância dos cuidados apropriados
mortalidade neonatal (CARVALHO; GOMES, 2005; (alimentação, higiene, manejo de enfermidades) para a
FERRARI et al., 2006). saúde e a nutrição da criança (MONTEIRO, 1997).
Embora exista uma associação entre peso ao nas-
cer e nascidos vivos provenientes de mulheres primí- CONSIDERAÇÕES FINAIS
paras e multíparas, não foram observadas diferenças
marcantes nessas probabilidades de morte, que po- A vinculação das bases de dados de nascidos vivos
deriam estar relacionadas, no caso dos nascidos vi- e óbitos neonatais possibilitaram aprofundar o estu-
vos provenientes de gestações de grandes multíparas, do da mortalidade neonatal no Estado de São Paulo,
com o fato de não se ter obtido risco relativo de mor- cpcnkucpfq"go"woc"eqqtvg"gurge Þec"fg"pcuekfqu"xk-
vg"ukipkÞecvkxq"rctc"qu"RKI0"Vcn"ukvwc›«q"guv "nkicfc" " vos as características do recém-nascido, da gestação,
constatação de que a elevada parturição é considera- do parto e da mãe.
da um risco para as crianças com crescimento intra- Os riscos de morte mais elevados correspondem
uterino retardado. às crianças que nascem com muito baixo peso e pré-
No caso dos nascidos vivos de primíparas, uma termo, indicando a existência de uma interação entre
hipótese refere-se à existência de associação entre guvcu"fwcu"ecvgiqtkcu"g"fq"ukipkÞecvkxq"rcrgn"fc"fwtc-
esta variável e os pré-termos de baixo peso, grupo ção da gestação na mortalidade neonatal.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 19-29, jan./jun. 2008


28 LUIS PATRICIO ORTIZ/DEISE AKIKO OUSHIRO

Estes resultados apontam para a necessidade de: cq"rctvq"g"cq"tgefio/pcuekfq="ecrcekvct"q"rtqÞuukqpcn"


cornkct"g"kpvgpukÞect"c"korngogpvc›«q"fg"rqn vkecu"g" de saúde; e aumentar e facilitar o acesso à terapia in-
ações de saúde direcionadas para atenção pré-natal, tensiva neonatal.

Nota
1. Na categoria de partos vaginais incluem-se as informações
sobre partos por fórceps e outros.

Referências Bibliográficas FWCTVG, J.L.M.; OGPFQP C, G.A.S. Fatores associados


à morte neonatal em recém-nascidos de muito baixo peso em
quatro maternidades no município do Rio de Janeiro, Brasil.
CNOGKFC, M.F. et al. Avaliação da qualidade da informação sobre Cad. Saúde Pública, n. 21, 2005.
mortalidade perinatal no Município de São Paulo – Projeto. São
Paulo: Convênio Fapesp – CNPq – SUS, 2007. (Processo n. FERRARI, L.S.L. et al. Mortalidade neonatal no Município de
2006/61304-3). Londrina, Paraná, Brasil, nos anos 1994, 1999 e 2002. Cad. Saúde
Pública, n. 22, p. 1.063-1.071, 2006.
______. Partos domiciliares acidentais na região sul do Município
de São Paulo. Rev. Saúde Pública, v. 39, n. 3, p. 366-375, 2005. GIGLIO, M.R.P. et al. Baixo peso ao nascer em coorte de recém-
nascidos em Goiânia-Brasil no ano de 2000. Rev. Bras. Ginecol.
______. Mortalidade neonatal no Município de São Paulo: Obstet., v. 27, n. 3, p. 130-135, 2005.
kpàw‒p"ekc"fq"rguq"cq"pcuegt"g"hcvqtgu"u„ekq/fgoqit Þequ"g"cuuku-
tências. Rev. Brasileira de Epidemiologia, n. 5, p. 93-107, 2002. HALLSWORTH, M. et al. The provision of neonatal services –
Fcvc"hqt"kpvgtpcvkqpcn"eqorctkuqpu0"WM<"TCPF"Eqtrqtcvkqp."
ARBUCKLE, T.E.; WILKINS, R.; SHERMAM, G. Birth weight 2008.
percentiles by gestational age in Canada. Obstet Gynecol., v. 81,
n. 1, p. 39-48, 1993. KABIR, Z. Low birth weight: revisited. Int. J. Epidemiol., v. 31,
n. 5, p. 1.075, Oct. 2002.
CARVALHO, M.; GOMES, M.A. A mortalidade do prematuro
gzvtgoq"go"pquuq"ogkq<"tgcnkfcfg"g"fgucÞqu0"Jornal de Pediatria, KILSZTAJN, S. et al. Assistência pré-natal, baixo peso e pre-
n. 81, p. s111-s118, 2005. maturidade no Estado de São Paulo, 2000. Rev. Saúde Pública,
v. 37, n. 3, p. 303-310, 2003.
CARNIEL."G0"fg"H0"gv"cn0"Fgvgtokpcpvgu"fq"dckzq"rguq"cq"pcuegt"
a partir das declarações de nascidos vivos. Revista Brasileira de LAURENTI, R.; MELLO JORGE, M.H.; GOTLIEB."U0"RgtÞn"
Epidemiologia, São Paulo, v. 11, n. 1, mar. 2008. epidemiológico da morbimortalidade masculina. Ciência &Saúde
Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, jan./mar. 2005.
CASTRO, E.C.M.; LEITE, A.J.M. Mortalidade hospitalar dos
recém-nascidos com peso de nascimento menor ou igual a OCEJCFQ, C.J.; HILL." M0" Fgvgtokpcpvgu" fc" oqtvcnkfcfg"
1.500g no município de Fortaleza. Jornal de Pediatria, n. 83, neonatal e pós-neonatal no Município de São Paulo. Rev. Bras.
p. 27-32, 2007. Epidemiologia, n. 6, p. 345-358, 2003.

CÉSAR, C.C.; RIBEIRO, P.M.; ABREU."F0O0Z0"Ghgkvq/kfcfg" MATHEWS, T.J.; MENACKER, F.; OCEFQTOCP, F.
ou efeito-pobreza? Mães adolescentes e mortalidade neonatal Infant mortality statistics from the 2002 period linked birth/
em Belo Horizonte. Revista Brasileira de Estudos de População, infant death data set. National Vital Statistics Reports, v. 53, n. 10,
n. 17, p. 177-196, 2000. p. 1-30, 2004.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 19-29, jan./jun. 2008


PERFIL DA MORTALIDADE NEONATAL NO ESTADO DE SÃO PAULO 29

MARTINS, E.F.; XGNéUSWGU/OGN¡PFG¥."I0"Fgvgtokpcp- ORTIZ, L.P. A mortalidade neonatal no Estado de São Paulo:
tes da mortalidade neonatal a partir de uma coorte de nascidos níveis e tendências segundo à duração da gestação. In: Encontro
vivos, Montes Claros, Minas Gerais, 1997-1999. Rev. Bras. Saúde Nacional da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, 15., Ca-
Matern. Infant., n. 4, p. 405-412, 2004. xambu. Anais... Caxambu, Abep, 2006a.

MINAMISAWA, R. et al. Fatores associados ao baixo peso ao ______. Utilização da técnica de concatenação de base de dados
nascer no Estado de Goiás. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 6, para o estudo da mortalidade neonatal. In: Encontro Nacional de
p0"5."42260"Fkurqp xgn"go<">jvvr<11yyy0hgp0whi0dt@0 Rtqfwvqtgu"g"Wuw tkqu"fg"Kphqtoc› gu"Uqekcku."Geqp»okecu"g"Vgttkvqtkcku,
2., Rio de Janeiro, 2006b.
MONTEIRO, C.A. Melhoria em indicadores de saúde associados à ______. Características da mortalidade neonatal no Estado de
pobreza no Brasil dos anos 90: descrição, causas e impacto sobre U«q"Rcwnq0"Vgug"*Fqwvqtcfq+"Ï"Hcewnfcfg"fg"Uc¿fg"R¿dnkec"fc"
desigualdades regionais. São Paulo: Nupens/USP, 1997. USP, São Paulo, 1999.
MONTEIRO, C.A. et al. Tendência secular do peso ao nascer UNICEF – United Nations Children’s Fund; WHO – World
na cidade de São Paulo (1976-1998). Revista de Saúde Pública, São Health Organization. Low Birthweight: Country, regional and
Paulo, v. 34, n. 6, 2000. global estimates. New York: Unicef, 2004.

LUIS PATRICIO ORTIZ


Fqwvqt"go"Uc¿fg"R¿dnkec."Ejghg"fc"Fkxku«q"fg"Rtqfw›«q"fg"Kpfkecfqtgu"Fgoqit Þequ"fc"Hwpfc›«q"Ugcfg0"Rtqhguuqt"Vkvwnct"
fc"Hcewnfcfg"fg"Geqpqokc."Cfokpkuvtc›«q."Eqpvcdknkfcfg"g"Cvw tkc"fc"RWE/UR0

DEISE AKIKO OUSHIRO


Ocvgo vkec."Cpcnkuvc"fc"Hwpfc›«q"Ugcfg0

Artigo recebido em 10 de junho de 2008.


Aprovado em 8 de setembro de 2008.

Como citar o artigo:


QTVK¥."N0R0="QWUJKTQ."F0C0"RgtÞn"fc"oqtvcnkfcfg"pgqpcvcn"pq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq0"São Paulo em Perspectiva, São Paulo, Fundação
Ugcfg."x0"44."p0"3."r0"3;/4;."lcp01lwp0"422:0"Fkurqp xgn"go<">jvvr<11yyy0ugcfg0iqx0dt@=">jvvr<11yyy0uekgnq0dt@0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 19-29, jan./jun. 2008


A NATIMORTALIDADE E A MORTALIDADE
PERINATAL EM SÃO PAULO
A NTONIO B ENEDITO M ARANGONE C AMARGO

Resumo: Apresentam-se considerações sobre a situação recente da natimortalidade e da mortalidade perinatal para o Estado de São Paulo e suas regiões.
Destacam-se algumas de suas principais características e os níveis observados para os indicadores.
Palavras-chave: Óbito fetal. Natimorto. Óbito perinatal.

Abstract: There are considerations on the recent situation of perinatal mortality and the stillborn rates for the state of Sao Paulo and its regions.
Among them some of their main characteristics and the levels observed for the indicators were emphasized.
Key words: Fetal death. Mortality registries. Perinatal mortality.

A
mortalidade perinatal é considerada, atualmente,
um dos indicadores mais importantes para avaliação das condições de saúde de uma população, “visto que
seu estudo revela informações valiosas acerca da qualidade da assistência prestada à mulher durante o ciclo
gravídico-puerperal” (VARDANEGA et al., 2002, p. 2).
Nos países desenvolvidos, esse indicador é utilizado desde os anos 40, quando Peller propôs o termo peri-
natal, por considerar “necessário analisar como ‘unidade estatística’ a soma dos nascidos mortos (perdas fetais
tardias) com a morte durante os sete primeiros dias de vida” (LAURENTI; BUCHALLA, 1997, p. 2). Almeida
et al. (2006) destacam que, “Na Inglaterra e País de Gales, os natimortos passaram a ser registrados em 1928
e, apenas em 1949 foram somados aos óbitos neonatais precoces, criando-se assim o indicador mortalidade
perinatal”.
Já nos países em desenvolvimento, somente recentemente este indicador passou a merecer maior atenção,
sendo incluído na avaliação das condições de saúde.
Guvg"vgoc"egtvcogpvg"Þeqw"go"rncpq" ugewpf tkq"fgxkfq" u"ectcevgt uvkecu"swg"rtgfqokpctco" rqt" owkvq"
tempo na mortalidade infantil: grande presença de óbitos com mais de um mês de vida e alta incidência das
doenças infecciosas e parasitárias, o que, provavelmente, direcionou a maior parte das análises para tais aspec-
vqu."eqo"c"Þpcnkfcfg"fg"cfswktkt"ocku"eqpjgekogpvq"g"vcodfio"rtqrqtekqpct"ognjqtkc"pcu"eqpfk› gu"fg"uc¿fg"
das respectivas populações. Algumas dessas melhorias são consideradas relativamente simples de serem alcan-
çadas, uma vez que determinadas causas podem ser eliminadas ou reduzidas acentuadamente com condições
adequadas de saneamento, vacinação, instalação de postos de saúde, atenção ao parto e à gestante e realização
de pré-natal.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 30-47, jan./jun. 2008


A NATIMORTALIDADE E A MORTALIDADE PERINATAL EM SÃO PAULO 31

Laurenti, Buchalla e Costa (1984) destacam que a em particular na América Latina, as causas ligadas à gestação
e ao parto contribuíram com somente 6% para a redução total
mortalidade infantil tem sido estudada exaustivamente em to- dos óbitos infantis, passando a ocupar o primeiro lugar entre as
dos os países e, pode-se dizer, muito se sabe a seu respeito [...] causas de óbito de crianças no seu primeiro ano de vida.
Poucos estudos têm sido feitos entre nós, referentes às mortes
no período perinatal; o seu conhecimento seria importante em Eqo"cu"owfcp›cu"pq"rgtÞn"fc"oqtvcnkfcfg."q"gp-
termos de sua redução e representaria, por outro lado, uma foque dos estudos passou a demandar maior conhe-
contribuição importante para a redução da mortalidade infan- cimento sobre sua ocorrência, englobando também a
til como um todo. mortalidade perinatal, pois, como ressaltado anterior-
mente, seus componentes – óbitos infantis neonatais
Aquino e Ceccatti (1998) acrescentam, ainda em precoces (0 a 6 dias) e natimortos (óbitos fetais de
relação à mortalidade fetal, que “pouco se tem es- 22 ou mais semanas de gestação) – apresentam ca-
tudado a seu respeito separadamente das mortali- racterísticas e fatores associados muito semelhantes
dades perinatal e infantil”. Nurdan (2003, p. 5), em (LANSKY; FRANÇA; LEAL 2002; LAURENTI;
estudo sobre a natimortalidade em microrregião do BUCHALLA, 1997).
kpvgtkqt" okpgktq." cÞtoc" swg" Ñqu" rqwequ" vtcdcnjqu" Esse diagnóstico é muito importante não apenas
existentes na literatura estão relacionados a grandes para avaliar a qualidade do atendimento às crianças
cidades”. e às gestantes, mas também para implementar políti-
Além desses aspectos, deve-se ressaltar que a dis- cas que proporcionem a continuidade da redução da
ponibilidade de informações da natimortalidade tem mortalidade infantil, observada nos últimos anos.
sido tradicionalmente menor do que a da mortalida- Tendo em vista que o conhecimento da morta-
de infantil, o que torna seu conhecimento mais com- lidade infantil é mais amplo, mesmo quando se tra-
plexo para determinadas regiões. Sobre isto, Lansky, ta do período neonatal precoce, é priorizada aqui
França e Leal (2002, p. 3) destacam que: a apresentação de alguns aspectos relacionados à
natimortalidade. Posteriormente, apresenta-se sua
Pouca atenção tem sido dada às mortes que ocorrem antes do participação na mortalidade perinatal, para o Estado
pcuekogpvq."crguct"fc"oqtvcnkfcfg"hgvcn"ugt"kpàwgpekcfc"rgncu" de São Paulo e suas regiões, especialmente para os
mesmas circunstâncias e a mesma etiologia que a mortalidade últimos anos.
neonatal precoce.
AS INFORMAÇÕES PARA SÃO PAULO
À medida que a mortalidade infantil diminui acen-
tuadamente em muitas áreas, os óbitos concentram- Como se destacou inicialmente, a análise das infor-
se nas primeiras idades, especialmente na primeira se- mações da natimortalidade depende da sua disponi-
mana de vida (CAMARGO, 1992, 1996; FERREIRA, bilidade em termos tanto quantitativos como quali-
1989, 1992; ORTIZ, 2002; FUNDAÇÃO SEADE, tativos. Em relação ao primeiro aspecto, ressalta-se
2005, 2007). que o Estado de São Paulo conta com séries de in-
hqtoc› gu" fgoqit Þecu" owkvq" korqtvcpvgu" swg" tg-
A redução da mortalidade peri e neonatal tem sido mais difícil oqpvco"cq"Þpcn"fq"ufiewnq"ZKZ0"Rctc"c"oqtvcnkfcfg"
e lenta do que a da mortalidade pós-neonatal, já que esta últi- infantil e a natimortalidade, é possível observar as
ma é mais vulnerável às melhorias globais da condição de vida importantes alterações que vêm ocorrendo de forma
e às intervenções do setor de saúde (LANSKY; FRANÇA; contínua pelo menos desde os anos 20 do século pas-
LEAL, 2002, p. 3). sado, possibilitando acompanhar as principais altera-
ções ocorridas entre as principais causas de morte, a
Ainda neste sentido, Vardanega et al. (2002) des- distribuição por sexo e idade e também para as áreas
tacam que, igqit Þecu"*IQNFCPK."3;:4+0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 30-47, jan./jun. 2008


32 ANTONIO BENEDITO MARANGONE CAMARGO

Pcu"rtkogktcu"ffiecfcu"fq"ufiewnq"ZZ."cu"vczcu"fg" ção, na CID-10 este limite diminuiu para 22 semanas.


mortalidade infantil, no Estado, mantinham-se em Com isso, até 1995, cerca de 65% a 70% dos óbitos
torno de 200 óbitos por mil nascidos vivos, enquan- fetais eram contabilizados como natimortos, mas,
vq" c" pcvkoqtvcnkfcfg" Þecxc" rt„zkoc" fg" 82" rqt" okn" com a mudança do critério, estes passaram a corres-
nascidos vivos. Estes índices diminuíram de forma ponder a cerca de 94% do total, entre os que tinham
consistente e quase continuamente a partir da década c"fwtc›«q"fc"iguvc›«q"fgÞpkfc0
de 1940, até alcançar os níveis relativamente baixos Rqtfio." kpfgrgpfgpvgogpvg" fc" encuukÞec›«q." pg-
observados dos últimos anos, chegando a 13 óbitos cessita-se no mínimo que as variáveis tipo de óbito
por mil para a mortalidade infantil e a 8 por mil para e duração da gestação sejam preenchidas de forma
a natimortalidade, em 2006. eqttgvc" rctc" swg" qu" kpfkecfqtgu" uglco" eqpÞ xgku" g"
Swcpvq"cqu"curgevqu"fc"encuukÞec›«q"fqu"gxgpvqu." apontem seus reais níveis em cada área estudada, bem
especialmente a natimortalidade, ou seja, nascidos como sua evolução no decorrer do tempo.
mortos considerados nascidos vivos ou vice-versa, Assim, apresentam-se a seguir algumas considera-
estudos apontam que não se têm detectado maiores ções sobre a qualidade de preenchimento de algumas
problemas. variáveis, incluindo a duração da gestação, para o Es-
Estudos realizados em determinadas áreas mos- tado de São Paulo, bem como suas principais caracte-
vtctco"swg"u«q"kpukipkÞecpvgu"qu"rtqdngocu"pc"encu- rísticas.
ukÞec›«q" fqu" gxgpvqu." tghgtkpfq/ug" dcukecogpvg" c"
algumas crianças que sobreviveram por um tempo CARACTERÍSTICAS DOS ÓBITOS FETAIS
muito reduzido após o nascimento, geralmente ape- DURAÇÃO DA GESTAÇÃO
nas alguns minutos. A Investigação Interamericana de
Mortalidade na Infância, realizada na década de 1960 A primeira informação analisada refere-se à duração
no Município de São Paulo, constatou que “1,4% dos da gestação, uma vez que, como se destacou, seu pre-
registrados como nascidos mortos eram nascidos vi- gpejkogpvq"fi"xkvcn"rctc"c"fgÞpk›«q"fqu"pcvkoqtvqu."
vos e que faleceram com minutos ou mesmo horas de pois altos porcentuais de desconhecimento nesta
vida” (LAURENTI, 1975). Resultados semelhantes variável afetam sensivelmente os indicadores da na-
foram encontrados também para Teresina, com da- timortalidade e da mortalidade perinatal.
dos de 1970 a 1982 (MELLO JORGE, 1990, p. 21). Observa-se que, nos últimos anos, houve redução
Swcpvq" "kphqtoc›«q/ejcxg"rctc"c"fgÞpk›«q"fqu" dos porcentuais de não preenchimento ou de desco-
natimortos – a duração da gestação –, ressalta-se que nhecimento desta variável para o Estado de São Pau-
os critérios não têm sido os mesmos no decorrer lo, passando de cerca de 14%, em 2000, para quase
fq"vgorq."rqku"cu"encuukÞec› gu"fg"ecwucu"fg"oqtvg" 6%, em (It Þeq 1).
rqfgo"oqfkÞect"ugw"eqpegkvq"go"hwp›«q"fg"x tkqu" Swcpfq"ug"vtcvc"fg" tgcu"igqit Þecu"ogpqtgu."guvgu"
fatores. rqtegpvwcku"crtgugpvco"xctkc› gu"ukipkÞecvkxcu."eqoq"
Em decorrência dos contínuos avanços tecno- é o caso das Direções Regionais de Saúde – DIRs. Em
lógicos atualmente observados, principalmente no 2006, a DIR da capital registrou a maior proporção
campo da Neonatologia, que através das unidades de de duração da gestação ignorada, aproximando-se de
terapia intensiva neonatal tornaram viável uma sobre- 10% do total, seguida por Araçatuba e Presidente Pru-
vivência fetal cada vez mais precoce fora do útero dente, com pouco mais de 9%. Os menores índices
materno, tornou-se necessário uma reformulação dos correspondiam às DIRs de Marília (1,5%), seguida pe-
conceitos anteriormente utilizados (DE LORENZI las DIRs de Franca, Santo André, Franco da Rocha e
et al., 2001, p. 141). São José dos Campos, com menos de 2,5%.
Cuuko." ug" pc" ;²" EncuukÞec›«q" Kpvgtpcekqpcn" fg" Estes valores para o Estado e as Direções Regio-
Doenças, por exemplo, consideravam-se natimortos nais de Saúde podem ser considerados relativamente
os óbitos fetais com 28 semanas ou mais de gesta- baixos, pois o conhecimento desta variável não é dos

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 30-47, jan./jun. 2008


A NATIMORTALIDADE E A MORTALIDADE PERINATAL EM SÃO PAULO 33

não é obrigatório para estes casos o fornecimento do atestado,


It Þeq"3
podendo os produtos ser incinerados no hospital ou outro
Porcentual de Óbitos Fetais com Duração
estabelecimento ou ainda entregues à coleta hospitalar
da Gestação Ignorada
adequada, de acordo com as normas estabelecidas para a
Estado de São Paulo – 2000-2006
matéria (LAURENTI; MELLO JORGE, 2004, p. 70).
%
16
Isto faz com que o total de óbitos fetais seja inferior
14 ao real, mas no caso dos natimortos tal fato não ocorre,
12 uma vez que seu limite está acima daquele período. Tam-
bém por isso os totais de óbitos fetais e de natimortos
10
geralmente são muito próximos e apresentaram poucas
8 alterações nos últimos anos quanto à distribuição segun-
6 do sua duração, no Estado de São Paulo.
Entre os óbitos fetais com duração da gestação
4
fgÞpkfc." qw" uglc." eqo" c" kphqtoc›«q" rtggpejkfc."
2
ressaltou-se anteriormente que cerca de 94% foram
0 contabilizados como natimortos, em 2006, ou seja,
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
tinham pelo menos 22 semanas de gestação. E ainda,
Fonte: Fundação Seade.
a maior parcela dos óbitos fetais corresponde ao pe-
ríodo de gestação de 32 a 36 semanas, com cerca de
mais simples. Baldijão e Mello Jorge (1989) destacam 28% do total (It Þeq 2).
que esse dado inclui-se entre aqueles de mais difícil ob-
tenção, uma vez que depende da informação da mãe.
Entretanto, é de vital importância do ponto de vista It Þeq"4
epidemiológico, pelas razões já apresentadas, mere- Óbitos Fetais, por Duração da Gestação em Semanas (1)
cendo grande esforço para seu bom preenchimento. Estado de São Paulo – 2000-2006
Um outro fator importante relacionado à duração
da gestação é o registro facultativo dos óbitos fetais % 2000 2006
com menos de 20 semanas. Laurenti e Mello Jorge 35

(2004, p. 69) destaca que, até 1995, a legislação deter-


30
minava que perdas fetais com menos de 28 semanas
eram de comunicação optativa. Porém, com a im- 25

plantação da CID-10, criou-se um impasse, pois os


20
nascidos mortos passaram a ser considerados a partir
da 22ª semana. Tal situação foi resolvida por meio da 15
Resolução n. 1.601, do Conselho Federal de Medici-
na, a qual estabelece que: 10

5
Em caso de morte fetal, os médicos que prestavam assistên-
ekc" "o«g"Þeco"qdtkicfqu"c"hqtpgegt"c"fgenctc›«q"fg"„dkvq"fq" 0
feto, quando a gestação tiver duração igual ou superior a 20 < 22 22 a 27 28 a 31 32 a 36 37 a 41 42 e +
Duração da gestação
semanas ou o feto tiver peso corporal igual ou superior a 500
gramas e/ou estatura igual ou superior a 25 centímetros.
Fonte: Fundação Seade.
(1) Excluindo os óbitos fetais com duração da gestação
Em gestações de menos de 20 semanas, ignorada.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 30-47, jan./jun. 2008


34 ANTONIO BENEDITO MARANGONE CAMARGO

Como seria de se esperar, essa distribuição é mui- owkvcu"xg|gu"korgtcvkxc"oguoq"cpvgu"fq"vgtoq."c"Þo"fg"rtg-


to diferente da observada para os nascidos vivos, em servar a saúde materna, como por exemplo, nos casos de pré-
que 91% das crianças tinham de 37 a 41 semanas de eclampsia ou eclampsia.
gestação e 7% de 32 a 36 semanas, em 2006.
Entre as DIRs, observa-se que as proporções de Por outro lado, uma proporção elevada de óbitos
óbitos fetais considerados de “pré-termo”, ou seja, de crianças com duração da gestação e peso apro-
com menos de 37 semanas de gestação, apresentaram rtkcfqu" rqfgtkc" ugt" kpfkecvkxq" fg" swg" ÑfgÞek‒pekcu"
diferenças importantes. Os maiores valores corres- devem ter ocorrido na assistência à saúde prestada”
ponderam à DIR da Capital, com cerca de 94% do (BARROS et al., 1987, p. 310). A melhoria das condi-
total, seguida pelas de Osasco, São José do Rio Preto, ções de saúde pode ter sido responsável pela redução
Mogi das Cruzes, Ribeirão Preto e Santo André, com do número de óbitos fetais de maior idade gestacio-
86% a 88%. Os menores índices foram observados nal nos últimos anos, resultando, assim, em crianças
nas DIRs de Assis, Sorocaba e Franca, com 72% a nascidas vivas.
75% (It Þeq 3). Assim, tendo o preenchimento relativamente
No que se refere à grande concentração de óbitos elevado na variável “duração de gestação” e pratica-
fetais em idades gestacionais mais precoces, Barros et mente não havendo sub-registro, os indicadores que
al. (1987) constatou, em sua revisão da literatura sobre envolvem a natimortalidade estão muito próximos
o tema, que este era um fato comum nas áreas analisa- da realidade quanto à sua magnitude, especialmente
das. A respeito deste aspecto, De Lorenzi et al. (2001, rctc" tgcu"igqit Þecu"ockqtgu."eqoq"u«q"qu"ecuqu"fq"
p. 143) ressaltou que Estado e das DIRs. Isso permite que a análise dos in-
dicadores que englobam esse evento, bem como sua
go"rctvg"rqfg"ugt"gzrnkecfc"rgncu"fkÞewnfcfgu"qdugtxcfcu"pq" evolução, possa ser realizada com muita segurança,
manejo clínico das gestações de alto risco, cuja interrupção é não havendo maiores restrições.

It Þeq"5
Proporção de Óbitos Fetais com Menos de 37 Semanas de Gestação, por Direções Regionais de Saúde – DIRs
Estado de São Paulo – 2006

%
100

95

90

85

80

75

70

65

60 DIRs
ital sco reto zes reto dré etos ente ara stado ocha gistro ubaté pinas ucatu arília Vista atuba antos mpos icaba auru ranca Assis caba
Cap Osa Rio P as Cru irão P nto An Barr Prud raraqu E da R Re Ta Cam Bot M Boa ç S Ca irac B F Sor
o
o d e Sa te A Ara os P
é d ogi Rib den nco od
a
éd
Jos M r esi Fra Joã Jos
Sã o P Sã o Sã o

Fonte: Fundação Seade.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 30-47, jan./jun. 2008


A NATIMORTALIDADE E A MORTALIDADE PERINATAL EM SÃO PAULO 35

DISTRIBUIÇÃO POR SEXO Em pesquisa realizada em hospital de Caxias do


Sul (RS), entre 1998 e 2001, Vardanega et al. (2002),
A observação das informações dos óbitos fetais, se- constataram que 54,1% dos óbitos fetais eram do
gundo o sexo, mostram que, a exemplo dos nascidos sexo masculino. As estatísticas referentes às Filipinas
vivos, existe maior predominância do sexo masculi- mostram um porcentual um pouco maior em 2004
no. Se, entre os nascidos vivos, a razão é de 105 meni- (56%), enquanto nos Estados Unidos, em 1996, foi
nos para 100 meninas, entre os fetais alcança 117 para um pouco menor (53%). Este porcentual foi o mes-
322"pq"Guvcfq0"Kuuq"ukipkÞec"swg"qeqttgo"39'"ocku" mo observado para o Brasil em 2005 (razão de 123
perdas fetais do sexo masculino do que do feminino, crianças do sexo masculino para 100 do feminino),
resultando em porcentual de 53% para o sexo mascu- sendo que, entre os Estados, Pernambuco, Sergipe e
lino. A razão em relação aos nascidos vivos por sexo Mato Grosso, com 56%, tiveram os maiores valores.
também exprime bem essa diferença, como mostra o Os menores corresponderam ao Piauí e Roraima,
It Þeq 4, para o período de 2000 a 2006. com respectivamente 49,6% e 47,1%, sendo estes os
Observa-se que, embora as razões diminuam no únicos Estados onde as proporções do sexo masculi-
decorrer do tempo, as diferenças entre os sexos pou- no foram inferiores a 50% nesse ano.
co se alteram, passando de 14% em 2000 para 11% Deve-se ressaltar ainda que, entre os óbitos fe-
em 2006. A razão de óbitos fetais masculinos em rela- tais registrados em São Paulo, contabilizaram-se, em
ção aos nascidos vivos do mesmo sexo passou de 13,0 2006, cerca de 2% de crianças com sexo desconheci-
por mil para 9,5 por mil, nesse período, enquanto a do, sendo seu número absoluto quatro vezes maior
feminina diminuiu, de 11,5 para 8,5 por mil nascidos do que o observado entre os nascidos vivos, embora
vivos, apresentando assim redução da ordem de 27% estes sejam pouco mais de 100 vezes maiores no Es-
para ambos os sexos. tado, em 2006.

PESO AO NASCER
It Þeq"6 O peso ao nascer também é uma variável muito im-
Razão de Mortalidade Fetal (1), segundo Sexo rqtvcpvg."ugpfq"owkvcu"xg|gu"wvknk|cfc"rctc"fgÞpk›«q"
Estado de São Paulo – 2000-2006 dos natimortos, especialmente quando se desconhece
a duração da gestação. Geralmente nesses casos, con-
Masculino Feminino
sideram-se natimortos os óbitos fetais que tenham
Taxa (por mil nascidos vivos)
14 pelo menos 500 ou 1.000 gramas.
13 Existe grande associação entre peso ao nascer e
duração da gestação: em 2006 que, entre aqueles com
12
22 a 27 semanas de gestação, somente 1% possuía
11 peso igual ou maior que 2.500 gramas, enquanto en-
10 tre os de 37 ou mais semanas 74% alcançaram esse
peso.
9
No caso de São Paulo tem-se utilizado tradicional-
8 mente a duração da gestação para o cálculo dos co-
7
gÞekgpvgu"fg"oqtvcnkfcfg"rgtkpcvcn"g"pcvkoqtvcnkfcfg"
uma vez que só recentemente esta variável apresen-
6
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 tou menores porcentuais de desconhecimento.
Nos últimos anos, o preenchimento dessa infor-
Fonte: Fundação Seade.
mação vem melhorando, ainda que não tenha al-
(1) Por mil nascidos vivos. cançado níveis considerados totalmente adequados.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 30-47, jan./jun. 2008


36 ANTONIO BENEDITO MARANGONE CAMARGO

Até 2002, os porcentuais de ignorados superavam It Þeq"7


30%, diminuindo para 13,7% dos registros, em 2006
Proporção de Óbitos Fetais com Peso Ignorado
(It Þeq 5).
Estado de São Paulo – 2000-2006
Dos cerca de 86% dos registros com informações
fgÞpkfcu" go" 4228." c" ockqt" rctvg" fqu" „dkvqu" hgvcku"
%
tinha peso entre 500 e 900 gramas, seguidos pelas 45

faixas de 1.000 a 1.499 gramas e de 1.500 a 1.999 40


gramas. Como se ressaltou, o registro de óbitos fe-
35
tais abaixo de 20 semanas é facultativo e, por isso, o
porcentual referente a menos de 500 gramas é muito 30

reduzido, não alcançando 2%, dada a estreita relação 25


existente entre essas duas variáveis. Chama a atenção
20
também o fato de um quarto deles estar na categoria
em que já não são considerados de baixo peso, ou 15

seja, tinham pelo menos 2.500 gramas e ainda, de que


10
de todos os fetais com peso conhecido, 13% tinham
5
mais de três quilos.
Como seria de esperar o peso médio dos óbitos fe- 0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
tais (1.400 gramas) é bem inferior ao observado para
os nascidos vivos (cerca de 3.100 gramas). O peso
médio dos óbitos fetais observados na pesquisa de Fonte: Fundação Seade.
Caxias do Sul foi de 1.705 gramas, ou seja, cerca de
42'"uwrgtkqt"cq"xgtkÞecfq"go"U«q"Rcwnq0"Tguucnvg/ug"
ainda que, entre as Unidades da Federação, São Paulo It Þeq"8
apresentou, em 2005, o menor porcentual de óbitos Distribuição dos Óbitos Fetais, com Peso Conhecido
fetais com 2.500 gramas ou mais (24%), pouco me- Estado de São Paulo – 2000-2006
nor que o observado em Minas Gerais. Os maiores
valores foram registrados no Maranhão (40%) e Pará
(38%) (DATASUS, 2008). % 2000 2006
Quanto à evolução no decorrer dos últimos anos, 35

p«q" jqwxg" itcpfgu"oqfkÞec› gu" pq" Guvcfq" fg" U«q"


30
Paulo, sendo a mais importante o pequeno aumento
na proporção dos óbitos fetais com 500 a 999 gramas: 25
de 28% para 32%, entre 2000 e 2006 (It Þeq 6).
20

IDADE DA MÃE
15

A idade da mãe é uma informação muito importan- 10


te para avaliação dos riscos de ocorrência das perdas
fetais, a exemplo do que se observa na mortalidade 5

infantil, em que as relações já são mais conhecidas,


0
sendo que os maiores riscos ocorrem para mães mui- < 500 500 a 1.000 a 1.500 a 2.000 a 2.500 a 3.000 e +
999 1.499 1.999 2.499 2.999
to jovens e aquelas com idades mais avançadas. Po- Peso (em gramas)
rém, para os óbitos fetais, esse conhecimento ainda
é restrito. Fonte: Fundação Seade.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 30-47, jan./jun. 2008


A NATIMORTALIDADE E A MORTALIDADE PERINATAL EM SÃO PAULO 37

No Estado de São Paulo, para 16% dos óbitos fe- It Þeq"9


tais registrados em 2006, não havia informação so-
Proporção de Ignorados na Variável Idade
dtg" c" kfcfg" fc" o«g." fgpqvcpfq" egtvc" fgÞek‒pekc" pq"
da Mãe entre Óbitos Fetais
preenchimento dessa variável, embora tenha havido
Estado de São Paulo – 2000-2006
melhoras em relação aos anos anteriores (It Þeq 7).
O fato deste dado constar em cerca de 84% dos
%
registros, em 2006, já permitiria observar com mui- 45
ta proximidade as razões resultantes do seu relacio- 40,0
40
namento com os nascidos vivos das mesmas faixas
etárias maternas, mas, ainda assim, fez-se uma distri- 35

buição proporcional daqueles casos em que se des- 29,7


30
27,5
conhecia a informação, para se chegar a níveis mais
25
próximos dos reais. 21,0 21,2
19,6
20
Os resultados das estatísticas vitais mostram que, 16,5
para o Estado de São Paulo, a relação é semelhan- 15

te àquela observada para a mortalidade infantil, com 10


menores índices na faixa de 20 a 34 (cerca de 8 óbitos
5
por mil nascidos vivos). Entre as mães com menos de
15 anos, a razão alcançou 12 por mil, para as de 35 a 0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
5;."Þeqw"go"35.7"rqt"okn"g."pc"hckzc"fg"62"c"66"cpqu."
chegou a 19,1. Já entre as mães com 45 anos ou mais,
a razão aproxima-se de 50 por mil (It Þeq 8). Fonte: Fundação Seade.

It Þeq":
Distribuição dos Nascidos Vivos, dos Óbitos Fetais e Razão entre Óbitos Fetais e
Nascidos Vivos (1), por Idade da Mãe
Estado de São Paulo – 2000-2006
% Nascidos Vivos Óbitos Fetais Razão (OF/NV) Razão (1)
30 60

25 50

20 40

15 30

10 20

5 10

0 0
Menos de 15 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 e mais
Idade da Mãe

Fonte: Fundação Seade.


(1) Por mil nascidos vivos.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 30-47, jan./jun. 2008


38 ANTONIO BENEDITO MARANGONE CAMARGO

Este padrão observado para o Estado de São Pau- maternas, não obrigatoriamente relacionadas com a
lo repete-se em outras áreas, tanto em países desen- gravidez atual” (10,9%). Já bem abaixo, com cerca de
volvidos como naqueles em desenvolvimento. 4% do total, vem a causa denominada “feto e recém-
nascido afetados por complicações maternas da gra-
Vários trabalhos têm demonstrado existir uma relação entre a videz”, ressaltando-se que as cinco causas destacadas
mortalidade neonatal e a idade da mãe, evidenciando que o au- representam cerca de 90% do total. No grupo das
mento da idade faz aumentar essa mortalidade. Relativamente malformações congênitas, as denominadas “anence-
cqu"pcuekfqu"oqtvqu"qu"eqgÞekgpvgu"ugiwktco"c"vgpf‒pekc"oquvtc- falia e malformações similares” aparecem como as
da nos referidos trabalhos: a possibilidade ou ocorrência de per- mais importantes, com 1,2% do total de ocorrências
das fetais tardias foi maior nas mulheres de menos de 20 anos em 2006.
do que naquelas dos grupos etários seguintes (20 a 24 e 25 a Go" tgnc›«q" cqu" eqgÞekgpvgu" fcu" rtkpekrcku" ecw-
29 anos), aumentando depois com o crescer da idade e atingindo sas de mortalidade fetal, observa-se que as reduções
seu valor máximo no grupo de mulheres entre 40 e 44 anos mais importantes observadas desde 2000 ocorreram
(LAURENTI; SILVEIRA; SIQUEIRA, 1975). naquelas causas que apareciam na terceira e quarta
posições das mais importantes e citadas acima. Já a
Laurenti destacava, já em 1975, que hipóxia, que aparece como a principal, diminuiu 17%
fgufg"4222."cq"rcuuct"fg"wo"eqgÞekgpvg"fg"5.7"rqt"
as mulheres com idades compreendidas entre 40 e 49 anos okn"rctc"4.;"rqt"okn"go"42280"L "cu"Ñp«q"gurge ÞecuÒ"
constituem grupo de alto risco e estão, portanto, a merecer maior fkokpw tco"egtec"fg"58'."eqo"q"eqgÞekgpvg"rcuucp-
atenção dos serviços de atendimento pré-natal e ao parto. do de 3,6 por mil para 2,3 por mil, no período analisa-
fq."ukipkÞecpfq"rgswgpc"ognjqtkc"pq"rtggpejkogpvq"
Na Inglaterra, Gales e Irlanda do Norte, segundo nas causas de morte dos óbitos fetais.
informações referentes a 2004, a razão de natimortos Quanto ao item denominado “restante das afec-
para os nascidos vivos, para mães de 45 anos ou mais, ções perinatais”, os valores foram de 1,4 e 1,1 por
era cerca de três vezes maior do que a registrada entre mil, respectivamente em 2000 e 2006 (It Þeq 9).
aquelas de 20 a 29 anos. Ainda em relação aos resultados apresentados,
chamam atenção os elevados porcentuais dos óbitos
CAUSAS DE MORTE incluídos na categoria no item “morte fetal de causa
p«q"gurgekÞecfcÒ."swg"rctc"q"Guvcfq."tgrtgugpvcxco"
No Estado de São Paulo, em 2006, 93,3% dos óbi- cerca de 26% do total, em 2006, mas em algumas
tos fetais ocorreram devido a problemas perinatais e regiões eram mais elevados, chegando a quase 50%
6,6% por malformações congênitas, havendo ainda na DIR da Capital, 41,8% na de Presidente Prudente,
três casos de neoplasias. 34,7% em Araçatuba e 33,3% em Barretos. Já nas
Considerando-se uma desagregação maior de cau- DIRs de Ribeirão Preto, Marília, Taubaté, Santo
sas de morte, percebe-se que, desde 2000, a hipóxia Cpftfi" g" U«q" Lqufi" fqu" Ecorqu." Þectco" cdckzq" fg"
intra-uterina vem representando a principal causa de 12%, sendo que na primeira alcançou 6% (Tabela 1).
morte fetal, com cerca de 30% do total. A “morte Qu"gngxcfqu"xcnqtgu"rctc"cu"ecwucu"p«q"gurgekÞec-
hgvcn" fg" ecwuc" p«q" gurge ÞecÒ." swg" pc" xgtfcfg" tg- dos, observados em algumas regiões, comprometem
rtgugpvc" c" ecwuc" ocnfgÞpkfc" rctc" qu" „dkvqu" hgvcku." fg" hqtoc" ukipkÞecvkxc" wo" ognjqt" fkcip„uvkeq" rctc"
vem a seguir e muito próxima da anterior, com va- estas áreas, demandando medidas urgentes para sua
lores de 26% a 29% no período. Aparecem depois melhoria.
as seguintes causas: “feto e recém-nascido afetados Go" tgnc›«q" u" ecwucu" gurge Þecu." qdugtxc/ug" swg"
por complicações da placenta, do cordão umbilical em 13 das 24 DIRs a hipóxia intra-uterina aparece
e das membranas” (16%) e as causas denominadas como a principal causa, variando entre 26%, na DIR
como “feto e recém-nascido afetados por afecções de Assis, e 66%, na de Osasco. A causa denominada

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 30-47, jan./jun. 2008


A NATIMORTALIDADE E A MORTALIDADE PERINATAL EM SÃO PAULO 39

Vcdgnc"3
Proporção de Óbitos Fetais, por Principais Causas de Morte, segundo Direções Regionais de Saúde – DIRs
Estado de São Paulo – 2006
Em porcentagem
Feto e Recém- Feto e Recém-
Nascido Afetados Nascido Afetados por
Hipóxia Morte Fetal
por Complicações da Afecções Maternas, Demais
DIRs Intra- de Causa Não
Placenta, do Cordão Não Obrigatoriamente Causas
uterina Especificada
Umbilical e das Relacionadas com a
Membranas Gravidez Atual

Estado de São Paulo 31,9 25,7 16,1 10,9 15,4

Araçatuba 14,7 34,7 26,7 10,7 13,3

Araraquara 16,9 14,6 30,3 19,1 19,1

Assis 25,8 24,2 24,2 8,1 17,7

Barretos 16,7 33,3 19,4 22,2 8,3

Bauru 24,2 13,7 28,2 16,1 17,7

Botucatu 16,0 30,7 21,3 10,7 21,3

Campinas 30,3 11,1 27,6 11,8 19,2

Capital 25,5 48,4 7,4 5,3 13,5

Franca 34,8 14,6 15,7 15,7 19,1

Franco da Rocha 47,9 13,5 16,7 7,3 14,6

Marília 44,3 10,2 17,0 20,5 8,0

Mogi das Cruzes 39,6 19,2 14,4 13,0 13,7

Osasco 65,8 14,2 6,5 3,7 9,8

Piracicaba 19,4 18,3 24,6 12,0 25,7

Presidente Prudente 9,0 41,8 20,9 20,9 7,5

Registro 19,0 27,6 27,6 10,3 15,5

Ribeirão Preto 40,9 6,0 18,8 13,4 20,8

Santo André 47,1 10,6 14,6 11,6 16,1

Santos 29,7 15,5 21,8 16,8 16,2

São João da Boa Vista 13,4 24,6 27,6 14,2 20,1

São José do Rio Preto 31,1 25,8 12,9 10,6 19,7

São José dos Campos 23,0 11,9 28,9 20,0 16,3

Sorocaba 25,4 23,2 18,9 19,2 13,3

Taubaté 35,3 10,3 19,8 15,5 19,0

Fonte: Fundação Seade.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 30-47, jan./jun. 2008


40 ANTONIO BENEDITO MARANGONE CAMARGO

“feto e recém-nascido afetados por It Þeq";


complicações da placenta” aparece
Taxa de Mortalidade Fetal, segundo Principais Causas
como a principal em oito DIRs, e
Estado de São Paulo – 2000-2006
com o maior porcentual registrado
para a DIR de Araraquara (30%) e
o menor correspondente a Botucatu Hipóxia intra-uterina Feto e recém-nascido afetados
por complicações da placenta,
Feto e recém-nascido afetados
por Afecções maternas, não
Demais Causas
(21%). do cordão umbilical e das obrigatoriamente relacionadas
Morte fetal de causa membranas com a gravidez atual
não específica
O padrão observado para o
Taxa (por mil NV + OF)
Estado de São Paulo e suas regiões 4

mostra-se semelhante ao de outras


3,5
áreas do país.
3
No Brasil, por exemplo, prevalecem
2,5
como causas de mortalidade perinatal
c" cuÞzkc" kpvtc/wvgtkpc" g" kpvtcrctvq." q" 2
baixo peso ao nascer, as afecções respi-
1,5
ratórias do recém-nascido, as infecções
e a prematuridade, diferentemente dos 1
países desenvolvidos, onde a prema-
turidade extrema e as malformações 0,5

congênitas – mortes que não se pode


0
prevenir – são as principais causas de 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

óbito perinatal. Nos países desenvol-


vidos, a principal causa de óbito fetal Fonte: Fundação Seade.
ocorre no período anteparto, tendo o (1) Por mil nascidos vivos.
crescimento intra-uterino retardado e a
kuqkowpk|c›«q"fkokpw fq"ukipkÞecvkxcogpvg"g"rtcvkecogpvg" No Brasil, as principais causas de óbito perinatal são as
fgucrctgekfq"c"cuÞzkc"kpvtcrctvq"g"cu"oqtvgu"cpvgrctvq"rqt" afecções passíveis de prevenção através de uma adequada
causas desconhecidas (LANSKY; FRANÇA; LEAL, atenção pré-natal e assistência ao parto, das quais destacam-
2002, p. 2). se: os tocotraumatismos, patologias maternas (síndromes hi-
pertensivas, diabetes gestacional, infecções congênitas e etc.)
Pesquisa realizada em Belo Horizonte, em 1999, g."rqt"Þo."c"cuÞzkc"rgtkpcvcn0"Guvc"¿nvkoc"fi"ugortg"eqpuk-
oquvtqw"swg"c"cuÞzkc"crctgekc"go"itcpfg"rtqrqt›«q" derada como uma das grandes causas de morbidade e mor-
entre os óbitos fetais, sugerindo, segundo Lansky, talidade, apesar de raramente ter os seus fatores etiológicos
França e Leal (2002), “problemas relativos ao sistema bem esclarecidos, favorecendo distorções no preenchimento das
de referência para a gestante e ao atendimento obs- declarações de óbito.
tétrico”.
Os resultados apresentados para o Estado de São
Paulo e suas regiões mostram um panorama muito OUTRAS INFORMAÇÕES
parecido mesmo em anos recentes, certamente re-
àgvkpfq" ugognjcpvgu" cqu" fgvgevcfqu" go" Dgnq" Jqtk- Informações importantes existentes na Declaração
zonte. A alta mortalidade das demais causas também de Óbito, que poderiam contribuir para o melhor
denotam falhas na atenção pré-natal e/ou condições eqpjgekogpvq" fgoqit Þeq" g" grkfgokqn„ikeq" fcu"
maternas adversas. qeqtt‒pekcu"fguvg"gxgpvq."vcku"eqoq"p¿ogtq"fg"Þnjqu"
Sobre este aspecto, De Lorenzi et al. (2001, p. 142) nascidos vivos e nascidos mortos, anos de estudo da
destacam que: o«g"g"vkrq"fg"rctvq."crtgugpvco"owkvcu"fgÞek‒pekcu"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 30-47, jan./jun. 2008


A NATIMORTALIDADE E A MORTALIDADE PERINATAL EM SÃO PAULO 41

em seu preenchimento, demandando melhorias para diminuiu seu limite para 22 semanas de gestação. As-
sua utilização. sim, devido a tais alterações, não é possível analisar a
Enquanto, para o tipo de parto, o porcentual de tendência desses indicadores considerando apenas um
desconhecimento, em 2006, foi de quase 30% nas ou- período, pois os resultados não são comparáveis, uma
vtcu"xctk xgku"Þectco"gpvtg"72'"g"77'0 vez que os intervalos utilizados anteriormente para a
Fato semelhante ocorre com a variável “morte em duração da gestação não podem ser compatibilizados.
relação ao parto”, que seria extremamente importan- Deve-se ressaltar que, recentemente, a Rede Inte-
te, mas que praticamente não é preenchida em São ragencial de Informação para a Saúde – Ripsa sugeriu
Paulo. a inclusão dos óbitos fetais com duração da gestação
ignorada no cálculo da mortalidade perinatal,
TENDÊNCIA DA NATIMORTALIDADE
E DAMORTALIDADE PERINATAL Eqpukfgtcpfq"c"uwdpqvkÞec›«q"fg"„dkvqu"hgvcku"g"c"rtgectkgfcfg"
da informação disponível sobre a duração da gestação, reco-
Os resultados apresentados mostram que as infor- menda-se somar, tanto ao numerador como ao denominador, o
mações necessárias à obtenção de indicadores que número de óbitos fetais com idade gestacional ignorada ou não
envolvem os óbitos fetais possuem problemas con- preenchida (RIPSA, 2008, p. 117).
ukfgtcfqu"o pkoqu."swcpvq" "uwc"swcpvkÞec›«q"rctc"
o Estado de São Paulo e regiões (FUNDAÇÃO No caso do Estado de São Paulo, essa alteração
SEADE, 2006). Antes de apresentar sua evolução no não foi realizada até o momento, pois, além de re-
tempo, porém, destacam-se as razões que geram os estimar toda a série de informações disponíveis para
indicadores aqui utilizados, ou seja, a natimortalida- os anos anteriores, isto implica variações de cerca de
de e a mortalidade perinatal, que são expressadas da uqogpvg"5'"pqu"eqgÞekgpvgu"guvcfwcku"fg"oqtvcnkfc-
seguinte forma: de perinatal nos anos mais recentes. Dessa forma, no
It Þeq 10, que apresenta a evolução dos indicadores
Taxa de Natimortalidade = Nascidos Mortos * 1000 a partir de 1980, englobam-se as informações calcu-
Nascidos Vivos + Natimortos ladas segundo as razões apresentadas, porém, para
dois períodos distintos para sua observação: de 1980
Taxa de Mortalidade Perinatal = a 1995 e de 1996 a 2006, que correspondem às CIDs
Óbitos infantis de 0 a 6 dias + Natimortos * 1000 utilizadas.
Nascidos Vivos + Natimortos Assim, tendo em conta tais considerações, obser-
Ao contrário da maioria dos indicadores demo- va-se a evolução das taxas de natimortalidade, morta-
it Þequ." p«q" j " wpkhqtok|c›«q" rctc" qdvgp›«q" fc- lidade neonatal precoce e mortalidade perinatal, para
queles que envolvem os natimortos, devido à falta o Estado de São Paulo a partir de 1980, bem como a
de padronização internacional quanto ao registro proporção que os natimortos representam sobre esta
dos fetos. “Ainda hoje, em vários países, somente última.
os fetos com 20 semanas ou mais de gestação são As informações do It Þeq 10 apontam a impor-
rotineiramente registrados, enquanto que em ou- tante redução dos níveis de natimortalidade e morta-
tros apenas os conceptos considerados como per- lidade perinatal no Estado de São Paulo, desde 1980,
das fetais tardias (idade gestacional > a 28 semanas kpfgrgpfgpvg" fc" encuukÞec›«q" wvknk|cfc0" Go" 3;:2." c"
ou peso > 1.000g) têm o seu registro obrigatório” taxa de natimortalidade era de 13,4 por mil no Es-
(DE LORENZI, 2001, p. 142). tado, chegando a 8,2 por mil em 1992, a mais baixa
Além disso, como ressaltado anteriormente, estas registrada no período da CID-9, e, posteriormente,
razões alteram-se no decorrer do tempo em função aumentando para 9,2 por mil, ou seja, 12% maior do
das mudanças de conceito dos natimortos, que na que o valor observado em 1992. Ao se iniciar o perío-
EncuukÞec›«q" Kpvgtpcekqpcn" fg" Fqgp›cu" ocku" tgegpvg" do que corresponde à utilização da CID-10 (1996), o

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 30-47, jan./jun. 2008


42 ANTONIO BENEDITO MARANGONE CAMARGO

It Þeq"32
Coeficientes de Mortalidade Neonatal Precoce, Perinatal e Natimortalidade
e Proporção de Natimortos no Total da Mortalidade Perinatal
Estado de São Paulo – 1980-2006

CID-9 CID-10

Coeficiente (por mil) Proporção


35 60

30
50

Neonatal
25 Precoce
40
Perinatal

20
Natimor-
30 talidade

15 Proporção
Natimortos
20
10

10
5

0 0
1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006

Fonte: Fundação Seade.

índice era de 10,7 por mil, 16% superior ao do ano apresentou evolução mais lenta. Devido a esse com-
cpvgtkqt." q" swg" fi" lwuvkÞecfq" rgnq" ockqt" p¿ogtq" fg" portamento, observa-se, ainda no It Þeq 10, que a
eventos, ao se reduzir, no novo conceito de natimor- cada ano as taxas de natimortos aproximam-se das
to, o tempo da duração da gestação. Nos anos seguin- pgqpcvcku" rtgeqegu." uwrgtcpfq/cu" fgÞpkvkxcogpvg" c"
vgu."qu"eqgÞekgpvgu"fkokpwgo."ejgicpfq"c":.2"rqt"okn" partir de 1999. Em 2006, a natimortalidade represen-
em 2006, ou seja, 30% menor que em relação a 1996. tava 55% da mortalidade perinatal, o que torna muito
Já a mortalidade perinatal, que correspondia a 31 importante analisar não apenas sua ocorrência, mas
por mil em 1980, reduziu-se para cerca de 22 por mil também suas principais características e fatores asso-
nos últimos anos da CID 9, enquanto de 1996 a 2006 ciados à sua ocorrência.
passou de 22,5 para 14,4 por mil, com um decréscimo Segundo Vardanega et al. (2002, p. 2), a maior re-
da ordem de 37% nesses dez últimos anos. fw›«q"fqu"eqgÞekgpvgu"fg"oqtvcnkfcfg"pgqpcvcn"rtg-
Por sua vez, a mortalidade neonatal precoce dimi- coce em relação à natimortalidade
nuiu 34,6%, entre 1980 e 1996, e 45,4% no período
mais recente, no Estado, enquanto para a natimorta- é atribuída aos contínuos progressos observados nos campos da
lidade esses valores são de, respectivamente, 20,3% e Obstetrícia, pela melhoria da assistência pré-natal e da Neo-
25,1%. Portanto, para a redução da taxa de mortali- natologia. Esta última corresponde principalmente à criação
dade perinatal, foi maior contribuição da mortalida- dos centros de terapia intensiva neonatal, o que tornou possível
de neonatal precoce, uma vez que a natimortalidade uma maior sobrevida de fetos nascidos pré-termo.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 30-47, jan./jun. 2008


A NATIMORTALIDADE E A MORTALIDADE PERINATAL EM SÃO PAULO 43

Em termos internacionais, constata-se que os ní- PANORAMA REGIONAL


veis de natimortalidade alcançados no Estado de São
Paulo, em 2006, são cerca de duas a três vezes maio- Os resultados até aqui apresentados mostram que
res que os registrados em anos recentes nos Estados houve evolução positiva no que se refere à redução
Unidos, Chile, Japão, França, Alemanha, Polônia, dos níveis da natimortalidade, contribuindo também
Suécia e Reino Unido, mas equivalem aos da Argen- para a diminuição da mortalidade perinatal. Quando
tina e Rússia e são menores que os da Guatemala, se observam as 24 Direções Regionais de Saúde, cons-
Cuba e Equador, para os anos em que estas informa- tata-se que não só sua evolução tem sido diferenciada,
ções estavam disponíveis (Tabela 2). como os níveis encontram-se em patamares diferen-
tes, como mostram os indicadores de 2000 e 2006.
Vcdgnc"4 Entre 2000 e 2006, seis Direções Regionais de
Saúde apresentaram aumento nas taxas de natimor-
Taxas de Natimortalidade (1),
talidade, principalmente Sorocaba (30%) e Campinas
segundo Países Selecionados
(25,4%). Em Ribeirão Preto, o aumento foi de cerca
1998-2006
de 10% e, em Marília, Franco da Rocha e Assis, entre
2% e 6%. Por outro lado, quatro regiões registraram
Último Ano
Países Taxas (1) reduções importantes, superando 25%: Barretos, Ca-
Disponível
pital, São José dos Campos e Taubaté, sendo que nes-
Japão 2001 2,5
ta última alcançou 44%.
Canadá 2000 3,2 Com esse comportamento, algumas regiões alte-
raram suas posições no que se refere aos índices de
EUA 2001 3,2
natimortalidade, entre 2000 e 2006, embora algumas
Suécia 1999 3,4 permaneçam com taxas mais elevadas ou mais baixas
nos dois momentos analisados. No primeiro caso,
Alemanha 2001 4,1
destacam-se Registro, Santos, São João da Boa Vista e
Chile 1999 4,3 Oqik"fcu"Etw|gu."swg"Þeco"gpvtg"cu"ugku"ockqtgu"pqu"
dois anos, e no segundo, estão, Barretos, Presiden-
Polônia 2001 4,3
te Prudente, São José do Rio Preto e Ribeirão Preto,
França 1999 4,6 gpvtg"cu"ogpqtgu0"Owfcp›cu"ukipkÞecvkxcu"qeqttgtco"
em São José dos Campos, que passou da 8ª maior
Reino Unido 2000 5,3
taxa para a 19ª, e principalmente em Taubaté, que da
Romênia 2001 5,8 2ª posição passou para a 20ª. O oposto ocorreu prin-
cipalmente com Marília, que da 6ª passou para a pri-
Rússia 1999 7,3
meira posição, Franco da Rocha, de 12ª para 5ª, Assis
Argentina 2001 7,8 de 18ª para a 8ª, Campinas, da menor taxa para a 14ª,
e Sorocaba, da 23ª para a 7ª (It Þeq 11).
Cuba 1999 10,9
Observando-se a distribuição dos componentes da
Equador 1998 14,0 mortalidade perinatal para a média do período 2005-
06, constata-se que em somente três DIRs os nati-
Guatemala 1999 17,3
mortos contribuíram com menos de 50% dos totais
Estado de São Paulo 2001 9,8
dos óbitos perinatais: Taubaté, Presidente Prudente e
Araçatuba. As maiores proporções correspondem às
Estado de São Paulo 2006 8,0
DIRs de Registro, Piracicaba, Mogi das Cruzes, Santo
Fonte: Nações Unidas; Fundação Seade. André, Campinas e Marília, com mais de 58%, sendo
(1) Por mil nascidos vivos mais nascidos mortos. que na primeira alcançou 67%.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 30-47, jan./jun. 2008


44 ANTONIO BENEDITO MARANGONE CAMARGO

It Þeq"33
Taxas de Natimortalidade (1), por Direções Regionais de Saúde – DIRs
Estado de São Paulo – 2000-2006
2000 2006

Taxa (por mil NV + NM)


16

14

12

10

0
lo

ar co
ba
ília

O a

ra

s
s

o
Ar uru
ta

am a

Ri tos

am a
ro

te
l
os

ra ré
s

a
tu

ita

na
ze

si
ub

et
C nc
po

et

b
ch
u
s

ua

en
st

a
d

s
ba

ca
nt

ar

ca
As
Pa

ap
Vi

do arre

Pr
Pr
Ba
de tuc

sa
ru

An

pi
at
a
gi

Ro
Sa

aq

ud
M
u

ci
Fr

ro
C
a


Re

o
o
an ão
Ta

do Bo
Bo

sé B

irã
Pr

So
da
as

nt

C
S
Pi

Ar
s

be
te
Sa
id
da

do

co

en

Ri
og
ão

id
M

Jo
Fr
Jo

Jo

es
ta
Es

Pr
o


Fonte: Fundação Seade.


(1) Por mil nascidos vivos mais nascidos mortos.

Quando se observa o panorama internacional, veri- As diferenças existentes nos indicadores


Þec/ug."c"gzgornq"fc"pcvkoqtvcnkfcfg."swg"cu"vczcu"fg" crtgugpvcfqu" tgàgvgo" egtvcogpvg" q" cvgpfkogpvq"
mortalidade neonatal precoces do Estado são cerca de diferenciado que as populações, especialmente a
três vezes superiores às dos países mais desenvolvidos. feminina, recebem nas suas áreas. Estudos para
Assim, os dois componentes sendo relativamente ele- diferentes áreas do país mostram que grande parte dos
vados, quando comparados com essas áreas, resultam óbitos fetais não ocorreria com medidas denominadas
também em maiores taxas de mortalidade perinatal. como “redutíveis por adequado controle na gravidez”,
Na Tabela 3 obeserva-se, ainda, que as diferenças re- seguidas pelas “redutíveis por adequada atenção ao
gionais também são importantes quando se trata dos parto”. Estudo realizado em Belo Horizonte apontou
indicadores. Assim, enquanto a taxa de mortalidade que esses grupos respondiam, respectivamente, por
perinatal da DIR de São José do Rio Preto e da Capital 60% e 25% dos óbitos fetais (MELLO JORGE
Þectco"go"vqtpq"fg"34"rqt"okn."pcu"FKTu"fg"Ucpvqu"g" et al., 2005).
São João da Boa Vista aproximaram-se de 19 por mil,
ou seja, cerca de 60% maiores que as das outras áreas. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para a natimortalidade, isso também aparece de
forma clara, pois, enquanto as taxas das DIRs da Ca- Os resultados aqui apresentados mostram que, a
rkvcn."Ctctcswctc"g"Rtgukfgpvg"Rtwfgpvg."Þectco"cdck- exemplo de outros indicadores, os relativos à nati-
xo de 7 por mil, nas DIRs de Santos, São João da Boa mortalidade e à mortalidade perinatal evoluíram de
Vista e Registro, aproximaram-se de 11 por mil, ou forma muito positiva nas últimas décadas, para o
seja, quase duas vezes mais. Estado de São Paulo, atingindo níveis relativamen-

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 30-47, jan./jun. 2008


A NATIMORTALIDADE E A MORTALIDADE PERINATAL EM SÃO PAULO 45

Vcdgnc"5
Taxas de Mortalidade Neonatal Precoce, Natimortalidade e Mortalidade Perinatal e Participação da Natimortalidade na
Mortalidade Perinatal, segundo Direções Regionais de Saúde – DIRs
Estado de São Paulo – Média de 2005/2006

Taxas de Mortalidade Natimortalidade /


DIRs Neonatal Natimortalidade Perinatal Perinatal
Precoce (1) (2) (2) (%)

Estado de São Paulo 6,5 8,0 14,5 55,3

Capital 5,8 6,6 12,3 53,7

Santo André 5,9 8,1 14,0 58,3

Mogi das Cruzes 6,5 9,3 15,7 58,8

Franco da Rocha 7,6 9,1 16,6 54,9

Osasco 6,3 8,0 14,3 56,1

Araçatuba 9,4 6,9 16,2 42,7

Araraquara 6,8 6,9 13,6 50,7

Assis 6,8 8,4 15,1 55,5

Barretos 6,4 7,9 14,2 55,4

Bauru 7,8 8,3 16,0 51,5

Botucatu 7,1 8,5 15,5 54,8

Campinas 5,6 7,8 13,4 58,2

Franca 6,9 8,4 15,2 55,0

Marília 7,1 9,8 16,8 58,1

Piracicaba 5,8 8,9 14,6 61,0

Presidente Prudente 8,2 6,5 14,6 44,4

Registro 5,5 11,0 16,4 66,9

Ribeirão Preto 6,4 7,5 13,9 54,2

Santos 8,5 11,0 19,4 56,6

São João da Boa Vista 8,4 10,8 19,2 56,5

São José dos Campos 7,5 8,6 16,0 53,8

São José do Rio Preto 5,4 6,4 11,8 54,4

Sorocaba 7,9 8,5 16,4 52,2

Taubaté 9,1 7,9 16,9 46,5

Fonte: Fundação Seade.


(1) Por mil nascidos vivos.
(2) Por mil nascidos vivos mais nascidos mortos.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 30-47, jan./jun. 2008


46 ANTONIO BENEDITO MARANGONE CAMARGO

te baixos quando comparados aos de áreas menos a melhoria das condições de saúde da população e
desenvolvidas. certamente será ampliado com a constituição dos Co-
Quando confrontados com os de países mais okv‒u"swg"kpxguvkico"c"oqtvcnkfcfg"rgtkpcvcn."kfgpvkÞ-
avançados, no entanto, percebe-se que ainda há um cando novos elementos, tais como as doenças relata-
importante caminho a ser percorrido, além de se per-
das, aspectos sociais, hábitos, número de consultas e
ceber a persistência de importantes diferenças entre
acesso aos serviços médicos.
as regiões.
A simples redução dos níveis de natimortalidade Algumas análises já apontam esses fatores, ressal-
e da mortalidade neonatal precoce nas regiões com tando-se aqueles mais importantes, especialmente os
maiores índices, especialmente Santos, Registro, São relacionados a melhorias no acesso e na qualidade do
João da Boa Vista, Sorocaba e Taubaté, diminuiria a pré-natal e do parto. Isto teria impacto também na
distância entre o resultado do Estado e aqueles ob- mortalidade infantil, especialmente do período neo-
servados nos países mais desenvolvidos. natal precoce, em que ocorre, atualmente, cerca de
Deve-se ainda acrescentar a necessidade de me-
metade dos óbitos infantis do Estado e cujas caracte-
lhorias no preenchimento de algumas variáveis da
rísticas são muito semelhantes aos dos natimortos.
Declaração de Óbito, inclusive a causa de morte,
ampliando, assim, o conhecimento epidemiológico e Com isso, a mortalidade infantil manteria a ten-
fgoqit Þeq"fg"vcku"„dkvqu0 dência de queda observada de forma quase contínua
Esse conhecimento das características demográ- nas três últimas décadas e aproximar-se-ia dos níveis
Þecu" fi" xkvcn" rctc" gncdqtc›«q" fg" rqn vkecu" swg" xkuco" observados nos países desenvolvidos.

Referências Bibliográficas DATASUS – Departamento de Informática do SUS. Infor-


mações de saúde. Brasília, Ministério da Saúde. Disponível em:
<http://w3.datasus.gov.br/datasus/datasus.php>. Acesso em:
ALMEIDA, M.F. et al. Sistemas de informação e mortalidade 28 abr. 2008
perinatal: conceitos e condições de uso em estudos
epidemiológicos. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, DE LORENZI, D.R. et al. A natimortalidade como indicador
v. 9, n. 1, mar. 2006. da saúde perinatal. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro,
v. 17, n. 1, jan./fev. 2001.
AQUINO, M.M.A; CECCATTI, J.G. Epidemiologia do óbito
fetal em população de baixa renda, 1997. Revista Brasileira de FERREIRA, C.E.C. Saneamento e mortalidade infantil. São
Ginecologia e Obstetrícia, Rio de Janeiro, v. 20, 1998. Paulo em Perspectiva, São Paulo, Fundação Seade, v. 6, n. 4, p.
62-69, out./dez. 1992.
BALDIJÃO, M.F.A.; MELLO JORGE, M.H. Óbitos fetais
no Brasil no período de 1980 a 1985: análise de informação
______. Mortalidade infantil: a manifestação mais cruel das
disponível no Ministério da Saúde. Série Divulgação, São Paulo,
desigualdades sociais. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, Funda-
n. 4, 1989.
ção Seade, v. 3, n. 3, jul./set. 1989,
BARROS, F.C.; VICTORA, C.G., VAUGHAN, J.P. Causas de
mortalidade perinatal em Pelotas, RS (Brasil). Utilização de uma FUNDAÇÃO SEADE. Mortalidade infantil no Estado em
encuukÞec›«q" ukornkÞecfc0" Revista de Saúde Pública, São Paulo, 2006. Níveis e tendências. UR" Fgoqit Þeq, São Paulo, ano 6,
v. 21, n. 4, 1987. n. 2, ago. 2007.

CAMARGO, A.B.M. Transição epidemiológica no Brasil: evolu- ______. Análise da natimortalidade no Estado de São Paulo –
ção e novos fatos. In: SEMINÁRIO SOBRE PREVIDÊNCIA Relatório I. Painel de indicadores de monitoramento e avaliação
SOCIAL. Brasília, 1996. em Saúde. São Paulo, 2006a. Mimeografado.

______. A mortalidade infantil em São Paulo e a ocorrência das ______. Análise da natimortalidade no Estado de São Paulo –
causas perinatais. In: ENCONTRO DE ESTUDOS POPULA- Relatório II. Painel de indicadores de monitoramento e avaliação
CIONAIS, 8., Anais... Brasília, 1992. v. 2, p. 309-332. em Saúde. São Paulo, 2006b. Mimeografado.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 30-47, jan./jun. 2008


A NATIMORTALIDADE E A MORTALIDADE PERINATAL EM SÃO PAULO 47

______. Mortalidade infantil no Estado em 2006. Índice é 22% _______. Perdas fetais do Distrito de São Paulo. Dissertação
menor que o registrado em 2000. UR"Fgoqit Þeq. São Paulo, ano (Mestrado em Saúde Pública) – Faculdade de Saúde Pública,
8, n. 2, jul. 2005. Universidade de São Paulo, 1974.

GOLDANI, A.M. O potencial e o uso das estatísticas vitais de MELLO, V.F.L. et al. Mortes perinatais em Belo Horizonte: Mo-
São Paulo: a experiência do GEADE. Kphqtog"Fgoqit Þeq, São nitorar para prevenir. In: GPEQPVTQ"FG"GZVGPUËQ"FC
Paulo, Fundação Seade, n. 7, p. 57-81, 1982. UFMG, 8., Belo Horizonte. Anais... out. 2005. Disponível em:
<http://www.ufmg.br/proex/arquivos/8Encontro/Saude_33.
LANSKY, S; FRANÇA, E.; LEAL, M.C. Mortalidade perinatal pdf>. Acesso em: 28 abr. 2008.
e evitabilidade: revisão da literatura. Revista de Saúde Pública, São
Paulo, v. 36, n. 6, dez. 2002.
NURDAN, N. Óbito fetal em microrregião de Minas Gerais:
LAURENTI, R. Fatores de erros, na mensuração da mortalidade causas e fatores associados. Revista Brasileira de Ginecologia e
infantil. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 9, n. 4, dez. 1975. Obstetrícia, Rio de Janeiro, v. 25, n. 25, mar. 2003.

LAURENTI, R.; BUCHALLA, C.M. Indicadores da saúde OMS. EncuukÞec›«q"Guvcv uvkec"Kpvgtpcekqpcn"fg"Fqgp›cu"g"Rtqdngocu"


ocvgtpc"g"kphcpvkn<"kornkec› gu"fc"ffiekoc"tgxku«q"fc"encuukÞec›«q" Relacionados à Saúde. Décima Revisão. Centro da OMS para a
internacional de doenças. Revista Panamericana Salud Public, EncuukÞec›«q"fg"Fqgp›cu"go"Rqtvwiw‒u0"U«q"Rcwnq<"3;;;0
Washington, v. 1, n. 1, 1997.
ORTIZ, L.P. Evolução da mortalidade infantil no Estado de
LAURENTI, R.; BUCHALLA, C.M; COSTA JR., M.L. Estudo São Paulo 1980-2000. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO
da morbidade e da mortalidade perinatal em maternidades. BRASILEIRA DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 13., Anais...
I. Descrição do projeto e resultados gerais, Brasil. Revista de Ouro Preto, Minas Gerais, nov. 2002. Disponível em: <http://
Saúde Pública, São Paulo, v. 18, n. 6, dez. 1984. Disponível em: www.abep.nepo.unicamp.br/docs/anais/pdf/2002/GT_SAU_
<http://www.scielo.br/pdf/rsp/v18n6/03.pdf>. Acesso em: PO67_Ortiz_texto.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2008.
28 abr. 2008.
______. Características da mortalidade neonatal no Estado de São Paulo,
LAURENTI, R.; MELLO JORGE, M.H. O atestado de óbito.
1999. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Faculdade de Saúde
Egpvtq"fc"QOU"rctc"c"EncuukÞec›«q"fg"Fqgp›cu"go"Rqtvwiw‒u0"
Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999.
Série Divulgação, São Paulo, n. 1, 2004.

LAURENTI, R.; SILVEIRA, M.H.; SIQUEIRA, A. Mortalidade RIPSA – Rede Interagencial de Informação para a Saúde.
perinatal em São Paulo, Brasil. Revista de Saúde Pública, São Indicadores básicos para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações.
Paulo, v. 9, n. 2, jun. 1975. Disponível em: <http://www. Brasília, Organização Panamericana da Saúde, 2008.
scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
89101975000200004&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 28 abr. VARDANEGA, K. et al. Fatores de risco para natimortalidade
2008. em um hospital universitário da Região Sul do Brasil. Revista
Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Rio de Janeiro, v. 24, p. 617-22,
MELLO JORGE, M.H. Registro dos eventos vitais: sua impor- 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v24n9/
tância em saúde pública. Série Divulgação, São Paulo, n. 5, 1990. v24n9a08.pdf>. Acesso em: 28 abr 2008.

ANTONIO BENEDITO MARANGONE CAMARGO


Demógrafo, Doutor pela Faculdade de Saúde Pública – USP, Analista da Fundação Seade.
(acamargo@seade.gov.br)

Artigo recebido em 10 de junho de 2008.


Aprovado em 12 de setembro de 2008.

Eqoq"ekvct"q"ctvkiq<
CAMARGO, A.B.M. A natimortalidade e a mortalidade perinatal em São Paulo. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, Fundação
Seade, v. 22, n. 1, p. 30-47, jan./jun. 2008. Disponível em: <http://www.seade.gov.br>; <http://www.scielo.br>.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 30-47, jan./jun. 2008


ANÁLISE DA FECUNDIDADE
NO ESTADO DE SÃO PAULO
L ÚCIA M AYUMI Y AZAKI

Resumo: A fecundidade é um dos componentes demográficos, juntamente com a mortalidade e a migração, determinantes do crescimento
e da estrutura etária da população. O estudo descreve a redução da fecundidade e as transformações no comportamento reprodutivo
das mulheres residentes em São Paulo e em suas regiões de saúde, ao longo da última década.
Palavras-chave: Fecundidade. Idade média da fecundidade. Regiões de saúde.

Abstract: The fertility is one of the demographic components, together with the mortality and the migration, determinant of the growth
and the age structure of the population. The study describes the reduction of the fertility and the transformations in the reproductive
behavior of the resident women in Sao Paulo and its regions of health, throughout the last decade.
Key words: Fertility. Mean age of fertility. Regions of health.

A
" " hgewpfkfcfg" fi" woc" fcu" xctk xgku" fgoqit Þecu."
lwpvcogpvg"eqo"c"oqtvcnkfcfg"g"c"okitc›«q."fgvgtokpcpvgu"fq"etguekogpvq"rqrwncekqpcn"g"fc"guvtwvwtc"rqt"
kfcfg"fc"rqrwnc›«q0"Cuuko."c"tgfw›«q"pq"tkvoq"fg"etguekogpvq"rqrwncekqpcn"qdugtxcfc"pq"rc u"g"pq"Guvcfq"fg"
U«q"Rcwnq."pcu"¿nvkocu"ffiecfcu."dgo"eqoq"c"owfcp›c"pc"guvtwvwtc"gv tkc."fi"q"tguwnvcfq"fc"korqtvcpvg"swgfc"fc"
hgewpfkfcfg"go"vqfq"q"rc u."cnfio"fc"fkokpwk›«q"fc"oqtvcnkfcfg"g"fc"okitc›«q0"Fkxgtucu"ecwucu"guv«q"cuuqekcfcu"
cq"fgen pkq"fc"hgewpfkfcfg0"Guvwfqu"tgcnk|cfqu"rqt"Ogttkem"g"Dgtsw„"*3;:5+."Ectxcnjq."Rckxc"g"Ucy{gt"*3;:3+."
Rckxc"*3;:7+."Hctkc"*3;:;+."Cnxgu"*3;;6+."Hctkc"g"Rqvvgt"*3;;6+"oquvtco"swg"q"fgen pkq"Ñfi"q"tguwnvcfq"fc"kpvgtc-
›«q"fg"wo"eqplwpvq"eqorngzq"fg"vtcpuhqtoc› gu"fg"pcvwtg|c"geqp»okec."uqekcn"g"kpuvkvwekqpcnÒ"*RGTR¡VWQ="
CIWKTTG."3;;:."r0"50224+0"Cnfio"fkuuq."guvc"owfcp›c"qeqttgw"fcfc"c"fkurqpkdknkfcfg"g"fkhwu«q"fg"ofivqfqu"
eqpvtcegrvkxqu"fg"cnvc"gÞe ekc."fgvgtokpcpvg"rt„zkoq"ocku"korqtvcpvg"pguug"rtqeguuq"fg"swgfc"fc"hgewpfkfcfg"
*RGTR¡VWQ="CIWKTTG."3;;:+0
¡"vcodfio"dcuvcpvg"eqpjgekfc"c"cuuqekc›«q"gpvtg"c"hgewpfkfcfg"g"q"p xgn"uqekqgeqp»okeq"qw"eqpfk›«q"fg"xkfc"
fc"rqrwnc›«q0"Q"p xgn"fg"kpuvtw›«q"fcu"o«gu"fi"igtcnogpvg"wvknk|cfq"eqoq"proxy"fguvcu"xctk xgku."rqku"guv "owkvq"
cuuqekcfq"c"qwvtqu"kpfkecfqtgu."eqoq"tgpfc."rqdtg|c."gve0."swg"fgvgtokpco"q"uwditwrq"rqrwncekqpcn"cq"swcn"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 48-65, jan./jun. 2008


ANÁLISE DA FECUNDIDADE NO ESTADO DE SÃO PAULO 49

rgtvgpeg"q"kpfkx fwq0"Fkxgtuqu"guvwfqu"v‒o"oquvtc- fkhgtgpvgu0"Fgvcnjc/ug"vcodfio"c"cp nkug"fg"hgewpfk-


fq"q"fkhgtgpekcn"fg"hgewpfkfcfg"rqt"gueqnctkfcfg"fc" fcfg"rctc"q"Owpke rkq"fg"U«q"Rcwnq"g"ugwu"fkuvtkvqu."
o«g" *DGTSWð=" ECXGPCIJK." 4228=" OCTVKPU=" swg" ectcevgtk|co" ognjqt" cu" fkhgtgpvgu" ukvwc› gu" uq-
CNOGKFC." 4222." gpvtg" qwvtqu+." uwigtkpfq" c" ko- ekqgeqp»okecu"fg"uwcu"rqrwnc› gu0"Fg"rquug"fguvgu"
rqtv¤pekc"fg"ug"ognjqtct"q"p xgn"fg"kpuvtw›«q"fguvcu" tguwnvcfqu."gurgtc/ug"vgt"wo"eqpjgekogpvq"fc"ukvwc-
ownjgtgu." cuuko" eqoq" fc" rqrwnc›«q" go" igtcn." rctc" ›«q"tgrtqfwvkxc"fcu"rqrwnc› gu"tgukfgpvgu"pcu"tgik gu"
tgfw›«q"p«q"u„"fqu"fkhgtgpekcku"fg"hgewpfkfcfg."ocu" rcwnkuvcu."c"Þo"fg"uwdukfkct"rtqitcocu"g"rqn vkecu"nq-
vcodfio."rtkpekrcnogpvg."fcu"fgukiwcnfcfgu"uqekcku0"C" ecku"pcu" tgcu"fg"rncpglcogpvq"g"uc¿fg"tgrtqfwvkxc0
hgewpfkfcfg"vcodfio"fi"fkhgtgpekcfc"ugiwpfq"q"nqecn"
fg"tgukf‒pekc"fc"ownjgt."woc"xg|"swg"q"rc u."q"Guvcfq" EVOLUÇÃO DA FECUNDIDADE
g"oguoq"qu"owpke rkqu"p«q"u«q"jqoqi‒pgqu"go"ugw" NO ESTADO E NAS DIRS
kpvgtkqt."rqku"tgàgvgo"c"fgukiwcnfcfg"uqekqgeqp»okec"
fg"uwc"rqrwnc›«q."cuuko"eqoq"cu"ectcevgt uvkecu"gurc- C" hgewpfkfcfg" pq" Guvcfq" fg" U«q" Rcwnq" crtgugpvc"
ekcku0"Fguuc"hqtoc."woc"dqc"cxcnkc›«q"fq"eqorqtvc- vgpf‒pekc" fg" swgfc" fgufg" c" ffiecfc" fg" 3;82." eqo"
ogpvq"tgrtqfwvkxq"fqu"fkhgtgpvgu"uwditwrqu"rqrw- rgt qfqu"fg"ockqt"g"ogpqt"xctkc›«q."cuuko"eqoq"fg"
ncekqpcku"fguvcu"tgik gu"u«q"¿vgku"rctc"gncdqtc›«q"fg" guvcdknkfcfg0" C" vczc" ecnewncfc" rctc" 4228" kpfkec" swg"
rtqitcocu"g"rqn vkecu"pcu" tgcu"fg"uc¿fg"tgrtqfwvkxc." c"hgewpfkfcfg"fc"ownjgt"rcwnkuvc"fi"fg"3.9"Þnjq"rqt"
uc¿fg"ocvgtpq/kphcpvkn."gpvtg"qwvtcu0 ownjgt."xcnqt"swg"guv "cdckzq"fq"p xgn"fg"tgrquk›«q03
C"hgewpfkfcfg"fi"guvkocfc"rqt"ogkq"fcu"kphqtoc- C"hgewpfkfcfg"go"U«q"Rcwnq"cnecp›qw"q"p xgn"fg"tg-
› gu"fg"pcuekfqu"xkxqu"g"fc"rqrwnc›«q"hgokpkpc="pq" rquk›«q" pqu" rtkogktqu" cpqu" fguvc" ffiecfc." q" swg" l "
ecuq" fg" pcuekogpvqu." gzkuvgo" fwcu" hqpvgu" fg" fcfqu" gtc" gurgtcfq." woc" xg|" swg" c" swgfc" fc" hgewpfkfcfg"
vtcfkekqpcku<"cu"guvcv uvkecu"fg"pcuekogpvq"rtqxgpkgp- cegngtqw/ug" gpvtg" qu" rtkogktqu" cpqu" fc" ffiecfc" fg"
vgu"fq"tgikuvtq"ekxkn"g"qu"egpuqu"qw"rguswkucu"fgoq- 3;:2"g"q"kp ekq"fc"fg"3;;2."rcuucpfq"fg"woc"vczc"fg"
it Þecu0"Cu"rtkogktcu."swcpfq"u«q"fg"dqc"swcnkfcfg." 5.6" rctc" 4.5" Þnjqu" rqt" ownjgt0" Cq" nqpiq" fqu" cpqu"
rgtokvgo" wo" ceqorcpjcogpvq" fc" gxqnw›«q" fc" hg- 3;;2."guvc"vczc"rgtocpgegw"guv xgn."swcpfq"fkokpwkw"
ewpfkfcfg"cpq"c"cpq."cuuko"eqoq"fcu"ectcevgt uvkecu" rctc" 4" Þnjqu" rqt" ownjgt." pq" kp ekq" fqu" cpqu" 4222."
cuuqekcfcu"cqu"pcuekfqu"xkxqu."rctc"cu"fkhgtgpvgu" tgcu" cnecp›cpfq"q"xcnqt"fg"3.9"go"42280"Fguvc"hqtoc."q"
igqit Þecu0" Fguvc" hqtoc." cnfio" fg" q" e newnq" fc" hg- rtqeguuq"fg"tgfw›«q" fc" hgewpfkfcfg"go"U«q" Rcwnq."
ewpfkfcfg" ugt" tgcnk|cfq" fktgvcogpvg." vgo/ug" c" xcp- swg" xgo" qeqttgpfq" fgufg" qu" cpqu" 3;82." crtgugpvc"
vcigo"fg"fgvgevct"cnvgtc› gu"qeqttkfcu"go"rgt qfqu" oqogpvqu"fg"itcpfgu"xctkc› gu."eqoq"gpvtg"3;87"g"
kpvgtegpukv tkqu0" Pq" ecuq" fg" fcfqu" rtqxgpkgpvgu" fg" 3;97."kp ekq"fqu"cpqu"3;:2"g"pqxcogpvg"pq"eqog›q"
rguswkucu" qw" egpuqu" fgoqit Þequ." c" guvkocvkxc" fc" fqu"cpqu"4222"*It Þeq"3+0"Guvg"rtqeguuq"fi"eqpjgek-
hgewpfkfcfg"fi"qdvkfc"cvtcxfiu"fg"ofivqfqu"kpfktgvqu"g" fq"eqoq"vtcpuk›«q"fc"hgewpfkfcfg."go"swg"c"rqrwnc-
rgtokvgo"cp nkugu"ocku"fgvcnjcfcu"fcu"ectcevgt uvkecu" ›«q"rcuuc"fg"wo"tgikog"fg"gngxcfc"hgewpfkfcfg"rctc"
uqekqgeqp»okecu"fc"rqrwnc›«q"guvwfcfc0 qwvtq" fg" hgewpfkfcfg" tgfw|kfc." kphgtkqt" cq" p xgn" fg"
Q"qdlgvkxq"fguvg"guvwfq"fi"crtgugpvct"c"ukvwc›«q"fg" tgrquk›«q0"Go"eqpugs¯‒pekc."guvcu"tgfw› gu"cnvgtco"
hgewpfkfcfg" pq" Guvcfq" fg" U«q" Rcwnq" g" go" uwcu" tg/ q"tkvoq"fg"etguekogpvq"rqrwncekqpcn."cuuko"eqoq"c"
ik gu"fg"uc¿fg"*Fktg› gu"Tgikqpcku"fg"Uc¿fg"Ï"FKTu+" guvtwvwtc"gv tkc"fc"rqrwnc›«q."rqku"q"cwogpvq"fc"rq-
pc"¿nvkoc"ffiecfc."dgo"eqoq"c"gxqnw›«q"fqu"p xgku"g" rwnc›«q"qeqttg"fg"hqtoc"ecfc"xg|"ogpqu"cegngtcfc."
fcu" guvtwvwtcu" fg" hgewpfkfcfg" rqt" kfcfg." wvknk|cpfq" fkokpwkpfq"c"rctegnc"fc"rqrwnc›«q"lqxgo."gpswcpvq"
cu" guvcv uvkecu" fg" pcuekogpvqu" fq" tgikuvtq" ekxkn" fku- cwogpvc"q"ugiogpvq"fg"kfququ0
rqp xgku"pc"Hwpfc›«q"Ugcfg0"Dwuec/ug."cvtcxfiu"fguvc" Qu"tguwnvcfqu"fc"Vcdgnc"3"kpfkeco"swg."gpvtg"3;:2"
cp nkug."fguvcect"qu"fkhgtgpekcku"pqu"eqorqtvcogpvqu" g"3;;2."hqk"ukipkÞecvkxq"q"fgetfiuekoq"fc"hgewpfkfcfg"
tgrtqfwvkxqu"cuuqekcfqu"c"ecfc"woc"fcu"tgik gu."swg." *crtqzkocfcogpvg"53'+."gswkxcngpvg"c"woc"tgfw›«q"
rqt" uwc" xg|." crtgugpvco" ukvwc› gu" uqekqgeqp»okecu" fg"rtcvkecogpvg"wo"Þnjq"rqt"ownjgt"go"crgpcu"fg|"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 48-65, jan./jun. 2008


50 LÚCIA MAYUMI YAZAKI

It Þeq"3
Taxa de Fecundidade Total (1)
Estado de São Paulo – 1960-2006
TFT
5,0

4,0

3,0

2,0

1,0

1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005

Fonte: Fundação Seade; Wong (1985).


(1) Número médio de filhos por mulher.

cpqu0"C"xctkc›«q"pc"ffiecfc"ugiwkpvg"*3;;2/4222+"hqk" Vcdgnc"3
dgo"ogpqt."q"swg"gtc"gurgtcfq."woc"xg|"swg"c"swgfc" Taxa de Fecundidade Total – TFT e Variação
jcxkc"ukfq"korqtvcpvg"pq"rgt qfq"cpvgtkqt0"Pq"s¯kp- Estado de São Paulo – 1980-2006
s¯‒pkq" ugiwkpvg." q" fgen pkq" hqk" tgvqocfq." eqo" woc"
tgfw›«q."uqogpvg"pguug"rgt qfq."fg"3;.6'"pc"vczc"fg"
Variação
hgewpfkfcfg" vqvcn." qw" 2.6" Þnjq" rqt" ownjgt0" Gurgtc/
Anos TFT (1)
ug"swg."pqu"rt„zkoqu"cpqu."c"vgpf‒pekc"fg"swgfc"ug" Nos
%
ocpvgpjc."ocu"go"tkvoq"ogpqt."rqku"cu"vczcu"fg"hg- Absolutos

ewpfkfcfg"l "cnecp›ctco"xcnqtgu"dcuvcpvg"tgfw|kfqu0
Q"p xgn"fg"hgewpfkfcfg"xctkc"eqphqtog"q"nqecn"fg" 1980 3,43

tgukf‒pekc"fc"ownjgt"qw"fg"ugw"p xgn"uqekqgeqp»okeq0"
1,06 -30,8
Q"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq"guv "fkxkfkfq"go"46"Fktg› gu"
Tgikqpcku"fg"Uc¿fg"*FKTu+.4"pcu"swcku"cu"vczcu"xctkco" 1990 2,37
gpvtg"wo"o pkoq"fg"3.5;"Þnjq"rqt"ownjgt."pc"FKT"
fg" U«q" Lqufi" fq" Tkq" Rtgvq." tgik«q" vtcfkekqpcnogpvg" 0,21 -8,8
eqpjgekfc" rqt" crtgugpvct" woc" fcu" ogpqtgu" vczcu."
2000 2,16
g"wo"o zkoq"fg"3.;8"Þnjq."pc"FKT"fg"Tgikuvtq."fg"
hqtoc"swg"vqfcu"cu"tgik gu"rcuuctco"c"tgikuvtct"vczcu" 0,42 -19,4
kphgtkqtgu"c"fqku"Þnjqu"rqt"ownjgt."go"42280
C"hgewpfkfcfg"pq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq"ugiwpfq" 2006 1,74
cu"tgik gu"rqfg"ugt"qdugtxcfc"pq"It Þeq"40"Fcu"46" Fonte: Fundação Seade; Wong (1985).
FKTu."3:"tgikuvtco"vczcu"kphgtkqtgu" "ofifkc"fq"Guvc- (1) Número médio de filhos por mulher.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 48-65, jan./jun. 2008


ANÁLISE DA FECUNDIDADE NO ESTADO DE SÃO PAULO 51

fq."ugpfq"swg"go"x tkcu"q"p¿ogtq"ofifkq"fg"Þnjqu" rquuw co"vczcu"cdckzq"fq"p xgn"fg"tgrquk›«q"nqecnk|c-


fi"kphgtkqt" c" 3.8."ugognjcpvg" u" vczcu" qdugtxcfcu" go" xco/ug"pc"tgik«q"pqtqguvg"fq"Guvcfq."eqo"p¿ogtq"
owkvqu"rc ugu"gwtqrgwu0"Oguoq"cswgncu"swg"crtgugp- ofifkq"fg"Þnjqu"swg"xctkcxc"fg"3.:"c"4.30"Guvgu"tguwnvc-
vco"vczcu"uwrgtkqtgu" "ofifkc"guvcfwcn."ejcoc"cvgp›«q" fqu"oquvtco"swg"q"Guvcfq"fi"jgvgtqi‒pgq"go"tgnc›«q"
q"hcvq"fg"guvctgo"vqfcu"cdckzq"fq"p xgn"fg"tgrquk›«q0" " hgewpfkfcfg." rqku" c" tgik«q" pqtqguvg" ectcevgtk|c/ug"
Woc"fcu"eqpugs¯‒pekcu"fguvg"rcpqtcoc"fg"tgfw|kfcu" rqt"dckzc"hgewpfkfcfg."c" tgc"kpvgtogfk tkc"crtgugp-
vczcu"fg"hgewpfkfcfg"go"vqfcu"cu"tgik gu"fq"Guvcfq" vc"vczcu"vcodfio"kpvgtogfk tkcu."gpswcpvq"cu"tgik gu"
fi"c"fkokpwk›«q"pq"tkvoq"fg"etguekogpvq"rqrwncekqpcn" ukvwcfcu"cq"uwn."kpenwkpfq"c"Tgik«q"Ogvtqrqnkvcpc"fg"
g"gpxgnjgekogpvq"cegngtcfq"fc"rqrwnc›«q."uqd"c"jk- U«q"Rcwnq."tgikuvtco"qu"ockqtgu"p xgku"fg"hgewpfkfc-
r„vgug"fg"cwu‒pekc"fg"oqxkogpvqu"okitcv„tkqu."rqku" de *Ocrc"3+0
guvgu" ¿nvkoqu" rqfgtkco" cnvgtct" vcpvq" q" etguekogpvq" Gpvtg"3;;7"g"4222."c"fkokpwk›«q"fc"hgewpfkfcfg"
eqoq"c"guvtwvwtc"gv tkc"fc"rqrwnc›«q0 xctkc" eqphqtog" c" tgik«q." ugpfq" swg" c" ockqtkc" crtg-
Rctc"cvkpikt"guvgu"p xgku"tgfw|kfqu."c"hgewpfkfcfg" ugpvqw" nkigktc" swgfc." eqo" rgswgpq" cwogpvq" go"
pcu" tgik gu" xgo" fkokpwkpfq" cq" nqpiq" fcu" ¿nvkocu" 3;;:0"Cu"tgfw› gu"queknctco"fg"2'"c"39'."gpswcpvq"
ffiecfcu0" Go" 3;;7." eqo" gzeg›«q" fg" ekpeq" FKTu." cu" c"ofifkc"guvcfwcn"hqk"fg"6.6'0"Cuuko."go"4222."c"vczc"
fgocku"tgikuvtcxco"vczcu"cekoc"fq"p xgn"fg"tgrquk›«q." fg"hgewpfkfcfg"vqvcn"fq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq"guvcxc"
ugpfq"cu"ocku"cnvcu"qdugtxcfcu"go"Tgikuvtq"g"Htcpeq" owkvq"rt„zkoc"c"4.3"Þnjqu"rqt"ownjgt"Ï"qw"fq"p xgn"
fc"Tqejc."eqo"VHV"rt„zkoc"c"5"Þnjqu"rqt"ownjgt." fg" tgrquk›«q" Ï" g" c" ogvcfg" fcu" tgik gu" l " tgikuvtcxc"
g" Oqik" fcu" Etw|gu." Qucueq" g" Uqtqecdc." eqo" egtec" vczcu"kphgtkqtgu"c"guvg"xcnqt"*Vcdgnc"4+0"Pq"Ocrc"3."
fg"4.7"Þnjqu"rqt"ownjgt"*Vcdgnc"4+0"Cu"tgik gu"eqo" swg"knwuvtc"c"ukvwc›«q"fc"hgewpfkfcfg"pcu"tgik gu"go"
vczcu"kpvgtogfk tkcu"crtgugpvcxco"hgewpfkfcfg"gpvtg" 4222."xgtkÞec/ug"tgfw›«q"go"vqfcu"cu" tgcu."eqo"vczcu"
q"p xgn"fg"tgrquk›«q"g"4.7"Þnjqu"rqt"ownjgt0"L "cu"swg" ocku"gngxcfcu"pq"uwn"fq"Guvcfq"*Tgikuvtq"eqo"VHV"

It Þeq"4
Taxas de Fecundidade Total – TFT (1), segundo Direções Regionais de Saúde – DIRs
Estado de São Paulo – 2006

TFT
2,0

1,8

1,6

1,4

1,2

1,0 DIRs
to a lia os ra Vista ente uru inas aba ssis reto até pos dré aba atu cha lo tos es ca o l ro
Pre tub arí t ua a c A oP ub am n uc au San Cruz Fran sasc apita gist
io raça M arre araq Boa Prud B amp iraci irã
c o
Ta os C to A Soro Bot da R ão P
o R A B Ar a nte C P b e d n S d as O C Re
d d Ri a o e gi
os
é o
oã sid
e os
é S nc od
oJ oJ Fra stad Mo
o J Pre Sã E
Sã Sã

Fonte: Fundação Seade.


(1) Número médio de filhos por mulher.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 48-65, jan./jun. 2008


52 LÚCIA MAYUMI YAZAKI

Vcdgnc"4
Taxas de Fecundidade Total – TFT (1) e Variações, segundo Direções Regionais de Saúde – DIRs
Estado de São Paulo – 1995-2006

TFT (1) Variação das TFT (%)


Direções Regionais de Saúde
1995 2000 2006 1995/2000 2000/2006 1995/2006

Estado de São Paulo 2,26 2,16 1,74 -4,4 -19,6 -23,1


DIR 01 - Capital 2,25 2,17 1,92 -3,4 -11,7 -14,7
DIR 02 - Santo André 2,22 2,07 1,70 -6,5 -17,8 -23,1
DIR 03 - Mogi das Cruzes 2,55 2,43 1,76 -4,7 -27,9 -31,3
DIR 04 - Franco da Rocha 2,85 2,37 1,73 -16,8 -27,2 -39,4
DIR 05 - Osasco 2,45 2,45 1,87 0,0 -23,9 -23,9
DIR 06 - Araçatuba 1,97 1,77 1,48 -10,2 -16,2 -24,7
DIR 07 - Araraquara 2,07 1,80 1,55 -12,8 -14,3 -25,3
DIR 08 - Assis 2,28 2,02 1,61 -11,7 -20,3 -29,6
DIR 09 - Barretos 2,15 1,88 1,53 -12,5 -18,9 -29,0
DIR 10 - Bauru 2,22 2,02 1,60 -8,9 -21,1 -28,1
DIR 11 - Botucatu 2,42 2,06 1,72 -14,6 -16,9 -29,0
DIR 12 - Campinas 2,10 1,96 1,60 -6,9 -18,4 -24,0
DIR 13 - Franca 2,35 2,10 1,77 -10,8 -15,4 -24,6
DIR 14 - Marília 2,08 1,87 1,48 -10,2 -20,6 -28,7
DIR 15 - Piracicaba 2,19 1,84 1,60 -16,1 -13,0 -27,0
DIR 16 - Presidente Prudente 2,09 1,91 1,59 -8,7 -16,4 -23,7
DIR 17 - Registro 2,91 2,76 1,96 -5,1 -28,8 -32,5
DIR 18 - Ribeirão Preto 2,26 2,00 1,66 -11,2 -17,3 -26,6
DIR 19 - Santos 2,13 2,20 1,74 2,9 -20,6 -18,2
DIR 20 - São João da Boa Vista 2,23 2,01 1,57 -9,7 -22,0 -29,5
DIR 21 - São José dos Campos 2,29 2,16 1,69 -5,9 -21,9 -26,5
DIR 22 - São José do Rio Preto 1,87 1,66 1,39 -11,4 -16,2 -25,7
DIR 23 - Sorocaba 2,49 2,40 1,71 -3,3 -28,8 -31,1
DIR 24 - Taubaté 2,33 2,10 1,68 -9,8 -20,1 -28,0
Fonte: Fundação Seade.
(1) Número médio de filhos por mulher.

fg"4.:."c"Ecrkvcn."eqo"4.4."g"cniwocu" tgcu"fc"TOUR." Gpvtg"4222"g"4228."c"swgfc"fc"hgewpfkfcfg"qeqt-


eqo"vczcu"rt„zkocu"c"4.7"Þnjqu+."cu"kpvgtogfk tkcu"pc" tgw"fg"hqtoc"ocku"ukuvgo vkec"go"vqfcu"cu"tgik gu"g"
tgik«q" egpvtcn" *l " eqo" hgewpfkfcfg" cdckzq" fq" p xgn" c" kpvgpukfcfg" vcodfio" hqk" ockqt0" C" fkokpwk›«q" pq"
fg"tgrquk›«q+"g"cu"ogpqtgu"pc"tgik«q"pqtqguvg."eqo" Guvcfq"hqk"fg"3;.8'."eqo"c"VHV"rcuucpfq"fq"p xgn"
vczcu"kphgtkqtgu"c"3.:"Þnjq"rqt"ownjgt0" fg"tgrquk›«q"rctc"3.96"Þnjq"rqt"ownjgt0"Pcu"tgik gu."

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 48-65, jan./jun. 2008


ANÁLISE DA FECUNDIDADE NO ESTADO DE SÃO PAULO 53

Ocrc"3
Taxas de Fecundidade Total – TFT (1), segundo Direções Regionais de Saúde – DIRs
1995-2006

1995
TFT = 2,26

São José
do Rio Preto Franca
Barretos

Araçatuba
Ribeirão Preto

São João
Marília Araraquara da Boa Vista
Bauru
Presidente Prudente
Piracicaba
Assis
Campinas Taubaté
Botucatu Franco São José
da Rocha dos Campos
Mogi das
Capital Cruzes
Sorocaba Osasco
Santo André

Santos

Registro

2000
TFT = 2,13

2006
TFT = 1,74

TFT
Até 1,5 filho
Mais de 1,50 a 1,80 filho
Mais de 1,80 a 2,10 filhos
Mais de 2,10 a 2,50 filhos
Acima de 2,50 filhos

0 50 100 150
Quilômetros

Fonte: Fundação Seade.


(1) Número médio de filhos por mulher.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 48-65, jan./jun. 2008


54 LÚCIA MAYUMI YAZAKI

cu"tgfw› gu"queknctco"gpvtg"34'"g"4;'."ugpfq"swg" ugpfq"dcuvcpvg"kortqx xgn"q"tgvqtpq"cqu"xcnqtgu"xg-


cu"ockqtgu"qeqttgtco"pcswgncu"fg"ockqt"hgewpfkfc- tkÞecfqu"pq"rcuucfq0
fg." eqo" gzeg›«q" fq" Owpke rkq" fg" U«q" Rcwnq." qpfg"
rcuuqw"fg"4.39"Þnjqu"rqt"ownjgt"rctc"3.;40"Cuuko."c" FECUNDIDADE POR GRUPOS DE IDADE
tgik«q"fg"Tgikuvtq."swg"fgvfio"c"ockqt"hgewpfkfcfg."
vgxg"woc"tgfw›«q"fg"swcug"wo"Þnjq."go"crgpcu"ugku" C"cp nkug"rqt"itwrqu"fg"kfcfg"oquvtc"swg"q"eqorqt-
cpqu."woc"xctkc›«q"fg"4;'0"Fc"oguoc"hqtoc."cu"tg- vcogpvq" fc" hgewpfkfcfg" p«q" fi" jqoqi‒pgq" pgo" cq"
ik gu"swg"crtgugpvcxco"cu"ockqtgu"vczcu."uwrgtkqtgu" nqpiq"fqu"rgt qfqu."pgo"pqu"itwrqu"uqekcku0"Cu"vczcu"
cq"p xgn"fg"tgrquk›«q."eqoq"Qucueq."Oqik"fcu"Etw- fg"hgewpfkfcfg"rqt"kfcfg"u«q"tgrtgugpvcfcu"rqt"woc"
|gu"g"Uqtqecdc."vcodfio"tgikuvtctco"swgfcu"cekoc"fg" ewtxc."eqo"xcnqtgu"dckzqu"pcu"kfcfgu"gzvtgocu."kuvq"fi."
42'"pqu"p xgku"fg"hgewpfkfcfg."ejgicpfq."go"4228."c" lqxgpu"eqo"ogpqu"fg"42"cpqu"qw"ownjgtgu"eqo"ocku"
vczcu"kphgtkqtgu"c"4"Þnjqu"rqt"ownjgt"*Vcdgnc"4+0 fg"62."gpswcpvq"xcnqtgu"ocku"cnvqu"qeqttgo"gpvtg"42"
Pq" Ocrc" 3." qdugtxc/ug" c" tgfw›«q" fc" hgewpfkfc- g"52"cpqu."hqtocpfq"c"e¿urkfg."swg"xctkc"eqphqtog"q"
fg" cq" nqpiq" fq" rgt qfq" cpcnkucfq." cnecp›cpfq." go" rgt qfq"*It Þeq"5+0"C"tgfw›«q"pqu"p xgku"fg"hgewpfk-
4228." p xgku" tgncvkxcogpvg" dckzqu" go" vqfcu" cu" tg/ dade ocorre em função da diminuição da fecundida-
ik gu"fq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq0"Cuuko."go"wo"kpvgtxc- fg"pqu"fkhgtgpvgu"itwrqu"gv tkqu."ugpfq"ocku"kpvgpuc"
nq"fg"crtqzkocfcogpvg"fg|"cpqu"Ï"fg"3;;7"c"4228"Ï." go"cniwpu"fq"swg"go"qwvtqu"g"xctk xgn"cq"nqpiq"fqu"
c"fkokpwk›«q"fc"hgewpfkfcfg"hqk"uwrgtkqt"c"42'"go" rgt qfqu0"Go"U«q"Rcwnq."cuuko"eqoq"rctc"q"vqvcn"fq"
rtcvkecogpvg" vqfcu" cu" tgik gu." godqtc" go" x tkcu" cu" rc u."c"tgfw›«q"fc"hgewpfkfcfg."pq"kp ekq"fq"rtqeguuq"
vczcu"l "hquugo"dckzcu"pq"kp ekq"fq"rgt qfq."kpfkecp- fg"vtcpuk›«q."hqk"ocku"kpvgpuc"gpvtg"cu"ownjgtgu"ocku"
fq" swg" c" guvcdknk|c›«q" fc" hgewpfkfcfg" fgxg" qeqttgt" xgnjcu="cr„u"qu"cpqu"3;:2."c"fkokpwk›«q"rcuuqw"c"ugt"
dgo"cdckzq"fq"p xgn"fg"tgrquk›«q."c"ogpqu"swg"jclc" qdugtxcfc"pqu"itwrqu"ocku"lqxgpu."woc"xg|"swg"c"hg-
cniwoc"tgewrgtc›«q"pqu"rt„zkoqu"cpqu0"Cu"vczcu"qd- ewpfkfcfg"vqtpctc/ug"dgo"tgfw|kfc"gpvtg"cu"ownjgtgu"
ugtxcfcu"pcu"tgik gu"l "u«q"dcuvcpvg"ugognjcpvgu" u"fg" eqo"ocku"fg"57"cpqu0"
x tkqu"rc ugu"ocku"fgugpxqnxkfqu"g"swg"tgikuvtco"cu" Q"It Þeq"5"oquvtc"c"gxqnw›«q"fc"hgewpfkfcfg"
ogpqtgu"hgewpfkfcfgu."eqoq"Gurcpjc"g"Lcr«q."eqo" rqt"kfcfg."rctc"q"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq."pq"rgt qfq"
hgewpfkfcfg"kphgtkqt"c"3.6"Þnjq"rqt"ownjgt"go"4222." 3;:2/4228." g" c" Vcdgnc" 5" crtgugpvc" cniwpu" kpfkec-
dgo" eqoq" Jqncpfc." eqo" vczc" rt„zkoc" c" 3.8" Þnjq" fqtgu" rqt" kfcfgu" go" ecfc" wo" fqu" rgt qfqu0" Gp-
rqt"ownjgt"*WPKVGF"PCVKQPU."4225+0"Gpvtgvcp- vtg" 3;:2" g" 4222." c" hgewpfkfcfg" fq" itwrq" fg" 37" c"
vq."c"vtcpuk›«q"pguvgu"rc ugu"qeqttgw"go"wo"gurc›q" 3;"cpqu"vgxg"woc"gxqnw›«q"eqpvt tkc" "fqu"fgocku"
fg"vgorq"owkvq"ockqt."gpswcpvq"c"tgfw›«q"fc"hgewp- itwrqu."rqku"queknqw"pqu"cpqu"3;:2"g"tgikuvtqw"cw-
fkfcfg"go"U«q"Rcwnq."cuuko"eqoq"go"qwvtcu"tgik gu" ogpvq" pc" ffiecfc" fg" 3;;2." cvkpikpfq" wo" rkeq" go"
fq"rc u."fgw/ug"fg"hqtoc"cegngtcfc."cvtcxfiu"fc"cfq›«q" 3;;:=" uqogpvg" c" rctvkt" fg" 4222." qdugtxc/ug" tgfw-
fg"ofivqfqu"cpvkeqpegrvkxqu."gurgekÞecogpvg"c"r nwnc" ›«q" pcu" vczcu" fg" hgewpfkfcfg" fguvg" itwrq" gv tkq="
g" c" guvgtknk|c›«q." cnfio" fq" cdqtvq." ewlc" ocipkvwfg" fi" o It Þeq" 6" rgtokvg" woc" ognjqt" xkuwcnk|c›«q" fc"
fgueqpjgekfc0" gxqnw›«q0
Fguvgu"tguwnvcfqu."crtggpfg/ug"swg."crguct"fc"fg- Pc"ffiecfc"fg"3;:2."c"hgewpfkfcfg"gtc"ocku"gng-
ukiwcnfcfg" uqekqgeqp»okec" gzkuvgpvg" pq" Guvcfq." c" xcfc"pqu"itwrqu"fg"42"c"46"g"fg"47"c"4;"cpqu."ugpfq"
hgewpfkfcfg"ofifkc"fcu"tgik gu"fkokpwkw."cnecp›cpfq" rqt" guvc" tc|«q" ectcevgtk|cfc" eqoq" ewtxc" eqo" e¿u-
p xgku" dcuvcpvg" dckzqu." fkuvcpvg" fqu" rcvcoctgu" kpk- rkfg" fkncvcfc" *It Þeq" 5+0" Pqu" cpqu" 3;;2." c" ewtxc"
ekcku0"Cuuko."gurgtc/ug"swg"c"vgpf‒pekc"pqu"rt„zkoqu" vqtpc/ug"ocku"tglwxgpguekfc."crtgugpvcpfq"woc"e¿u-
cpqu"uglc"fg"guvcdknk|c›«q"qw"fg"rgswgpc"tgewrgtc›«q" rkfg" rtgeqeg." l " swg" c" vczc" ocku" cnvc" rcuuqw" c" ugt"
fcu" vczcu" fg" hgewpfkfcfg" pcu" tgik gu" swg" tgikuvtco" qdugtxcfc"pq"itwrq"fg"42"c"46"cpqu."cnfio"fc"gngxc-
ofifkcu"dcuvcpvg"tgfw|kfcu"g"vgpf‒pekc" "jqoqigpgk- fc"vczc"fg"hgewpfkfcfg"pq"itwrq"fg"37"c"3;"cpqu0"
|c›«q" pcswgncu" eqo" ockqtgu" p xgku" fg" hgewpfkfcfg." Guvc"eqpÞiwtc›«q"rgtocpgeg"cvfi"4222."swcpfq."pq-

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 48-65, jan./jun. 2008


ANÁLISE DA FECUNDIDADE NO ESTADO DE SÃO PAULO 55

It Þeq"5
Taxas de Fecundidade, por Faixa Etária (1)
Estado de São Paulo – 1980-2006

Taxas (por mil)


200,0 1980
1985
180,0
1991

160,0 1995
2000
140,0 2006

120,0

100,0

80,0

60,0

40,0

20,0

0,0
15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49
anos anos anos anos anos anos anos

Fonte: Fundação Seade; Wong (1985).


(1) Por mil mulheres de cada grupo etário.

It Þeq"6
Taxas de Fecundidade, segundo Faixa Etária (1)
Estado de São Paulo – 1980-2006
Taxas (por mil)
200 15 a 19 anos

20 a 24 anos

160 25 a 29 anos

30 a 34 anos

35 a 39 anos
120
40 a 44 anos

80

40

0
1980 1985 1990 1995 2000 2005

Fonte: Fundação Seade; Wong (1985).


(1) Por mil mulheres de cada grupo etário.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 48-65, jan./jun. 2008


56 LÚCIA MAYUMI YAZAKI

Vcdgnc"5
Indicadores de Fecundidade
Estado de São Paulo – 1980-2006

Variações (%)
Indicadores de Fecundidade 1980 1990 2000 2006 1980- 1990- 2000-
1990 2000 2006

Taxas de Fecundidade (por 1.000 mulheres)

15 a 19 anos 74,4 72,3 77,6 58,6 -2,8 7,3 -24,5

20 a 24 anos 187,8 143,3 123,2 89,5 -23,7 -14,1 -27,3

25 a 29 anos 188,7 128,3 109,6 85,7 -32,0 -14,6 -21,8

30 a 34 anos 131,2 79,2 76,2 67,3 -39,6 -3,9 -11,7

35 a 39 anos 73,2 38,0 36,5 36,0 -48,1 -4,1 -1,1

40 a 44 anos 26,2 12,0 9,2 9,5 -54,3 -23,0 3,6

45 a 49 anos 4,3 1,7 0,7 0,6 -59,1 -61,8 -15,7

Participação na Fecundidade Total (%)

15 a 19 anos 10,8 15,2 17,9 16,9

20 a 29 anos 54,9 57,2 53,8 50,5

Idade Média da Fecundidade (em anos) 27,7 26,4 26,4 27,0

Desvio-Padrão 6,6 6,4 6,5 6,7


Fonte: Fundação Seade; Wong (1985).

xcogpvg." c" e¿urkfg" fgunqec/ug" gpvtg" 42" g" 52" cpqu0" rctc"c"hgewpfkfcfg"Þpcn0"Cuuko."go"4228."c"ogvcfg"fc"
Pq"rtkogktq"s¯kps¯‒pkq"fqu"cpqu"4222."c"tgfw›«q" hgewpfkfcfg"vqvcn"hqk"tgcnk|cfc"rgncu"ownjgtgu"fg"42"c"
fc" hgewpfkfcfg" fcu" ownjgtgu" ocku" lqxgpu" *fg" 37" c" 4;"cpqu="cfkekqpcpfq/ug"c"eqpvtkdwk›«q"fq"itwrq"fcu"
4;"cpqu+"hqk"fg"crtqzkocfcogpvg"42'."gpswcpvq"c" cfqnguegpvgu"fg"37"c"3;"cpqu"*39'+."qu"vt‒u"itwrqu"
fcu" ocku" xgnjcu" rgtocpgegw" rtcvkecogpvg" guv xgn0" lwpvqu."fg"37"c"4;"cpqu."eqpvtkdw tco"eqo"swcug"92'"
Cuuko."c"hgewpfkfcfg"fcu"ownjgtgu"rcwnkuvcu"g"dtcuk- fc"hgewpfkfcfg"Þpcn"*Vcdgnc"5+0"Pguvc"vcdgnc"qdugtxc/
ngktcu"ectcevgtk|c/ug"rqt"ugt"fq"vkrq"rtgeqeg."go"swg" ug"swg"c"rctvg"fc"hgewpfkfcfg"cfqnguegpvg"cwogpvqw"
c"ocvgtpkfcfg"eqpegpvtc/ug"go"kfcfgu"ocku"lqxgpu0" fg"33'"rctc"3:'."pq"rgt qfq"fg"42"cpqu."ejcocpfq"
Eqoq"eqpugs¯‒pekc."c"kfcfg"ofifkc"fc"hgewpfkfcfg" c"cvgp›«q"fg"fkxgtuqu"ugvqtgu"fc"rqrwnc›«q0"C"gxqnw-
Ï"woc"ogfkfc"tguwoq"fc"guvtwvwtc"fc"hgewpfkfcfg" ›«q"fcu"vczcu."pq"It Þeq"6."kpfkec"swg"guvg"cwogpvq"
rqt" kfcfg" Ï" tgfw|kw" fg" 49.9" rctc" 48.6" cpqu." gpvtg" qeqttgw"fgxkfq" "tgfw›«q"fc"hgewpfkfcfg"go"vqfcu"
3;:2"g"c"ffiecfc"fg"3;;2."g"cwogpvqw"rctc"49"cpqu." cu"kfcfgu."eqo"gzeg›«q"fq"itwrq"fg"37"c"3;"cpqu."pq"
go"4228."tgàgvkpfq"q"tgvqtpq"fc"e¿urkfg"rctc"kfc- swcn"ocpvgxg/ug"guv xgn"g"cvfi"cwogpvqw"pq"rgt qfq0"
fgu"ockqtgu"*Vcdgnc"5+0 Qdugtxc/ug."vcodfio"pqu"It Þequ"5"g"6."c"rctvkt"fq"
Qwvtq"kpfkecfqt"swg"knwuvtc"c"rtgeqekfcfg"fc"hgewp- Þpcn"fqu"cpqu"3;;2."woc"egtvc"owfcp›c"pguvg"rcpq-
fkfcfg"rcwnkuvc"fi"c"gngxcfc"hgewpfkfcfg"fcu"lqxgpu"fg" tcoc."go"swg"c"hgewpfkfcfg"fcu"ownjgtgu"lqxgpu."fg"
37"c"3;"cpqu"g"c"eqpvtkdwk›«q"fqu"itwrqu"ocku"lqxgpu" ogpqu"fg"52"cpqu."ocpvfio/ug"go"swgfc."q"swg"rtc-

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 48-65, jan./jun. 2008


ANÁLISE DA FECUNDIDADE NO ESTADO DE SÃO PAULO 57

vkecogpvg" p«q" qeqttg" rctc" cswgncu" eqo" ocku" kfcfg0" gv tkqu<"egtec"fg";2"pcuekogpvqu"rctc"cswgncu"fg"42"c"


Fguvc" hqtoc." pq" e»orwvq" igtcn." j " nkigktq" fgen pkq" 52"cpqu."go"swg"c"hgewpfkfcfg"fi"ocku"cnvc="crtqzkoc-
fc" rctvkekrc›«q" fqu" itwrqu" ocku" lqxgpu" g" cwogpvq" fcogpvg"92."pq"itwrq"fg"52"c"56"cpqu="g"82."rctc"cu"
fc"eqpvtkdwk›«q"fc"hgewpfkfcfg"fcu"ownjgtgu"fg"52" ownjgtgu"fg"37"c"3;"cpqu0"Guvg"p¿ogtq"fkokpwk"swcug"
c"5;"cpqu."tguwnvcfq."rqt"wo"ncfq."fq"hgp»ogpq"swg" rgnc"ogvcfg"pq"itwrq"fg"57"c"5;"cpqu"g"c"ogpqu"fg"
ug"vqtpc"ocku"htgs¯gpvg."q"fcu"Ñiguvcpvgu"kfqucuÒ."g." fg|"pcuekogpvqu"pq"fg"62"c"66"cpqu0"Pq"¿nvkoq"itw-
rqt"qwvtq."fc"tgfw›«q"fc"Ñhgewpfkfcfg"cfqnguegpvgÒ0" rq"fq"rgt qfq"tgrtqfwvkxq."ogpqu"fg"wo"pcuekogpvq"
Q"hcvq"swg"eqpvtkdwk"rctc"c"jkr„vgug"fc"ocvgtpkfcfg" fi"tgikuvtcfq"rqt"okn"ownjgtgu"fguvc"kfcfg"*It Þeq"5"g"
vctfkc"*go"ownjgtgu"eqo"ocku"fg"52"cpqu+"fi"q"cwogp- Vcdgnc"5+0"Guvgu"xcnqtgu."go"3;;7."gtco"dgo"ockqtgu"
vq"itcfcvkxq"pc"rtqrqt›«q"fq"rtkogktq"Þnjq"gpvtg"cu" pqu"vt‒u"rtkogktqu"itwrqu"fg"kfcfg."q"swg"oquvtc"ugw"
o«gu"fg"52"c"5;"cpqu."pqu"crtqzkocfcogpvg"¿nvkoqu" rcrgn"pc"tgfw›«q"fc"hgewpfkfcfg"Þpcn0"
fg|" cpqu" *c" rtqrqt›«q" fg" pcuekogpvqu" fg" rtkogktc" Wo"hcvq"swg"ejcoc"c"cvgp›«q"pguvcu"cp nkugu"tg-
qtfgo"rcuuqw"fg"43'"g"38'."rctc"o«gu"fg"52"c"56" hgtg/ug" "ugognjcp›c"qdugtxcfc"gpvtg"q"p xgn"fg"hg-
g"57"c"5;"cpqu."go"3;;9."rctc"47'"g"3:'."go"4227." ewpfkfcfg" vqvcn" *VHV+" fg" U«q" Rcwnq" g" qu" fg" cniwpu"
tgurgevkxcogpvg+0" rc ugu" gwtqrgwu." ocu" rtqxgpkgpvgu" fg" guvtwvwtcu" fg"
Cu" vczcu" fg" hgewpfkfcfg" rctc" q" Guvcfq" fg" U«q" hgewpfkfcfg"rqt"kfcfgu"fkhgtgpvgu0"Pq"ecuq"dtcukngktq."
Rcwnq."go"4228."kpfkeco"swg"pcuego"ogpqu"fg"322" c"ewtxc"fi"fq"vkrq"rtgeqeg."eqo"gngxcfc"hgewpfkfcfg"
etkcp›cu" rqt" okn" ownjgtgu" go" ecfc" wo" fqu" itwrqu" pq"itwrq"cfqnguegpvg"g"pq"fg"42"c"52"cpqu."gpswcp-

It Þeq"7
Taxa de Fecundidade, por Faixa Etária (1)
Estado de São Paulo, Países Europeus Selecionados e Japão

Estado de São Paulo 2000 (2,2) Estado de São Paulo 2006 (1,7)

Espanha 1984 (1,7) Espanha 2000 (1,2)

França 1975 (1,9) França 1995 (1,7)

Japão 1994 (1,5)


Taxas (por mil)
140

120

100

80

60

40

20

0
15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 34 anos 35 a 39 anos 40 a 44 anos 45 a 49 anos

Fonte: Fundação Seade; Nações Unidas.


(1) Por mil mulheres de cada grupo etário.
Nota: Entre parênteses apresenta-se a Taxa de Fecundidade Total.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 48-65, jan./jun. 2008


58 LÚCIA MAYUMI YAZAKI

vq."pqu"fgocku"rc ugu"c"e¿urkfg"fi"vctfkc."ukvwcpfq/ug" oguoq"rgt qfq."c"ogpqt"vczc"pguvg"itwrq"fg"ockqt"


gpvtg"47"g"56"cpqu"g"c"hgewpfkfcfg"fcu"ownjgtgu"eqo" hgewpfkfcfg"hqk"xgtkÞecfc"pc"FKT"fg"U«q"Lqufi"fq"Tkq"
ogpqu"fg"47"cpqu"fi"dcuvcpvg"tgfw|kfc."uqdtgvwfq"pq" Rtgvq." eqo" crtqzkocfcogpvg" 342" pcuekogpvqu0" Pcu"
itwrq" fg" 37" c" 3;" cpqu" *It Þeq" 7+0" C" hgewpfkfcfg" fgocku"tgik gu."c"hgewpfkfcfg"xctkqw"go"vqtpq"fg"362"
fcu"lqxgpu"rcwnkuvcu"fg"37"c"3;"cpqu."go"4228."ejg- pcuekogpvqu0"Go"wo"rgt qfq"fg"33"cpqu."c"swgfc"fc"
ic"c"ugt"swcug"fg|"xg|gu"uwrgtkqt" swgnc"fcu"lqxgpu" hgewpfkfcfg"qeqttgw"go"rtcvkecogpvg"vqfcu"cu"kfcfgu."
gurcpjqncu" qw" lcrqpgucu=" pq" ecuq" fcu" ownjgtgu" fg" ejgicpfq."go"4228."c"vczcu"swg"xctkcxco"fg"92"c"322"
42" c" 46" cpqu." cu" rcwnkuvcu" tgikuvtco" swcug" woc" xg|" pcuekogpvqu"rqt"okn"ownjgtgu"fg"42"c"46"cpqu0"C"cp -
g" ogkc" c" hgewpfkfcfg" fcu" lqxgpu" fcswgngu" rc ugu0" C" nkug"fcu"vczcu"fg"hgewpfkfcfg"fcu"tgik gu"kpfkec"swg"c"
rctvkt" fqu" 47" qw" 52" cpqu." cu" vczcu" vqtpco/ug" ocku" swgfc"hqk"korqtvcpvg"pq"itwrq"fg"42"c"46"cpqu."rqku."
rctgekfcu0" Guvcu" fkhgtgp›cu" pcu" guvtwvwtcu" fg" hgewp- go"4228."cu"ewtxcu"fg"x tkcu"tg"ik gu"rcuuctco"c"crtg-
fkfcfg"rqt" kfcfg"oquvtco"swg"qu"eqorqtvcogpvqu" ugpvct" woc" hqtoc" ocku" fkncvcfc." eqo" e¿urkfg" gpvtg"
tgrtqfwvkxqu" xctkco" eqphqtog" q" eqpvgzvq" uqekqg- 42"g"4;"cpqu."gpswcpvq"go"qwvtcu."ckpfc"swg"rtgeqeg."
eqp»okeq"g"ewnvwtcn."oguoq"swg"c"hgewpfkfcfg"Þpcn" p«q"fi"v«q"cegpvwcfc0"Qdugtxc/ug."ckpfc."swg"pq"rgt q-
crtgugpvg"tguwnvcfqu"ugognjcpvgu0"Pq"ecuq"fcu"lqxgpu" fq"3;;7/4222."go"cniwocu"tgik gu."swcug"p«q"qeqttgw"
fqu"rc ugu"ugngekqpcfqu."c"ocvgtpkfcfg"qeqttg"cr„u"c" xctkc›«q" pcu" vczcu" qw" hqk" owkvq" rgswgpc." eqoq" pqu"
consolidação da formação escolar e da inserção em ecuqu"fc"Ecrkvcn."Oqik"fcu"Etw|gu."Qucueq."Ecorkpcu."
woc"ecttgktc"rtqÞuukqpcn."gpswcpvq"gpvtg"cu"rcwnkuvcu." Tgikuvtq." Ucpvqu." U«q" Lqufi" fqu" Ecorqu" g" Uqtqecdc0"
c"ocvgtpkfcfg"qeqttg"cvfi"eqoq"hcvqt"fg"kpvgttwr›«q" U«q" tgik gu" rgtvgpegpvgu" u" tgcu" ogvtqrqnkvcpcu" qw"
fc"hqtoc›«q."fgdknkvcpfq"uwc"kpugt›«q"pq"ogtecfq"fg" fg"gngxcfc"hgewpfkfcfg0"Pguvcu"oguocu" tgcu."ejcoc"
vtcdcnjq0"Cp nkugu"tgcnk|cfcu"rctc"q"Owpke rkq"fg"U«q" cvgp›«q"c"hgewpfkfcfg"fq"itwrq"fg"37"c"3;"cpqu."swg"
Rcwnq"oquvtco"swg."go"uwditwrqu"rqrwncekqpcku"uq- vcodfio"ug"ocpvgxg"kpcnvgtcfc"pq"rgt qfq0
ekqgeqpqokecogpvg"ocku"rtkxkngikcfqu."qdugtxco/ug" U«q"kp¿ogtqu"qu"guvwfqu"swg"fkuewvgo"c"itcxkfg|1
eqorqtvcogpvqu" tgrtqfwvkxqu" ugognjcpvgu" cqu" fcu" hgewpfkfcfg" fcu" cfqnguegpvgu." rgnc" uwc" ocipkvwfg."
gwtqrfikcu" qw" lcrqpgucu." kpfkecpfq" swg." oguoq" go" ecwucu." eqpugs¯‒pekcu." gpvtg" qwvtqu" curgevqu" cuuq-
U«q" Rcwnq." qu" eqorqtvcogpvqu" xctkco" eqphqtog" c" ekcfqu" c" guvg" hgp»ogpq0" Godqtc" gngxcfc." c" vczc" fg"
ukvwc›«q"uqekqgeqp»okec"fc"rqrwnc›«q0" hgewpfkfcfg" fg" 37" c" 3;" cpqu" fcu" lqxgpu" rcwnkuvcu" fi"
kphgtkqt" "fcu"dtcukngktcu"tgukfgpvgu"go"qwvtcu"tgik gu"
FECUNDIDADE NAS DIREÇÕES REGIONAIS DE SAÚDE fq"rc u."ocu"dcuvcpvg"uwrgtkqt" "fcu"cfqnguegpvgu"tg-
ukfgpvgu"go"rc ugu"ocku"fgugpxqnxkfqu0"Go"3;;7."pc"
Cu"vczcu"fg"hgewpfkfcfg"rqt"kfcfg."pcu"Fktg› gu"Tg- FKT" fg" Tgikuvtq." hqtco" eqpuvcvcfqu" 342" pcuekogp-
ikqpcku"fg"Uc¿fg"*FKTu+."u«q"ocku"gngxcfcu"pcswgncu" vqu."rctc"okn"lqxgpu."tgfw|kpfq/ug"rctc"crtqzkocfc-
onde a fecundidade total é mais alta e menores nas de ogpvg"94"go"42280"Cvwcnogpvg."cu"vczcu"ocku"dckzcu"
dckzc"hgewpfkfcfg."rcuucpfq"rqt"xcnqtgu"kpvgtogfk - queknco" go" vqtpq" fg" 72" pcuekogpvqu" rctc" ecfc" okn"
tkqu"go"tgik gu"eqo"p xgku"fg"hgewpfkfcfg"go"vqtpq" lqxgpu."xcnqtgu"gzvtgocogpvg"gngxcfqu"swcpfq"eqo-
fg"3.:"Þnjq"rqt"ownjgt0" rctcfqu."rqt"gzgornq."cqu"fc"Gurcpjc."Lcr«q"qw"Jq-
Go" 3;;7." rtcvkecogpvg" vqfcu" cu" tgik gu" crtgugp- ncpfc."qpfg"cu"vczcu"p«q"ejgico"c"32"rqt"okn."eqoq"
vcxco"ewtxcu"eqo"e¿urkfg"pq"itwrq"fg"42"c"46"cpqu." l "hqk"xgtkÞecfq"pq"It Þeq"70"Q"Ocrc"4"knwuvtc"c"gxq-
kuvq"fi."fq"vkrq"rtgeqeg="c"gzeg›«q"gtc"qdugtxcfc"pcu" nw›«q"fcu"vczcu"fg"hgewpfkfcfg"fguvg"itwrq"gv tkq"pq"
FKTu"fc"Ecrkvcn"g"fg"Ucpvq"Cpftfi."qpfg"c"ewtxc"crtg- rgt qfq0"Ê"rtkogktc"xkuvc."c"cuuqekc›«q"gpvtg"q"p xgn"
ugpvcxc" woc" hqtoc" ocku" fkncvcfc." eqo" e¿urkfg" pqu" de fecundidade da região e a fecundidade adolescente
itwrqu"fg"42"c"4;"cpqu0"Cuuko."cu"vczcu"ocku"gngxc- p«q"fi"kogfkcvc0"C"tgfw›«q"gpvtg"3;;7"g"4228"cnecp›qw"
fcu." fg" 382" c" 3:2" pcuekogpvqu" rqt" okn" ownjgtgu" fg" qu"52'"pc"ockqt"rctvg"fcu"tgik gu."eqo"gzeg›«q"fcu"
42"c"46"cpqu."hqtco"tgikuvtcfcu"pcu"FKTu"fg"Tgikuvtq" FKTu"fc"Ecrkvcn"g"fg"Ucpvqu."qpfg"cu"xctkc› gu"hqtco"
g"Htcpeq"fc"Tqejc."go"3;;70"Pq"qwvtq"gzvtgoq."pq" kphgtkqtgu"c"37'0"Cnk u."cu"tgfw› gu"pqu"itwrqu"gv tkqu"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 48-65, jan./jun. 2008


ANÁLISE DA FECUNDIDADE NO ESTADO DE SÃO PAULO 59

Ocrc"4
Taxa de Fecundidade da População Feminina de 15 a 19 Anos (1), segundo Direções Regionais de Saúde – DIRs
1995-2006

1995
Taxa = 78,7‰

São José
do Rio Preto Franca
Barretos

Araçatuba
Ribeirão Preto

São João
Marília Araraquara da Boa Vista
Bauru
Presidente Prudente
Piracicaba
Assis
Campinas Taubaté
Botucatu Franco São José
da Rocha dos Campos
Mogi das
Capital Cruzes
Sorocaba Osasco
Santo André

Santos

Registro

2000
Taxa = 74,3‰

2006
Taxa = 58,6‰

Taxa de Fecundidade (1)


Até 60,0
De 60,0 a 70,0
De 70,0 a 80,0
De 80,0 a 90,0
Mais de 90,0

0 50 100 150
Quilômetros

Fonte: Fundação Seade.


(1) Por mil mulheres de 15 a 19 anos.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 48-65, jan./jun. 2008


60 LÚCIA MAYUMI YAZAKI

ugiwkpvgu."fg"42"c"52"cpqu."vcodfio"qeqttgtco"pguvg" xg"kpfkect"swg."go"cniwocu" tgcu."gurgekÞecogpvg"pq"


¿nvkoq"rgt qfq"g"vkxgtco"ocipkvwfgu"ugognjcpvgu0" Owpke rkq"fg"U«q"Rcwnq"qw"pc"FKT"fg"Ucpvq"Cpftfi."
Ckpfc"pc"cp nkug"fc"gxqnw›«q"fc"hgewpfkfcfg"rqt" rqfg"guvct"jcxgpfq"kpxgtu«q"pc"vgpf‒pekc"fc"hgewp-
kfcfg"pcu"FKTu."qdugtxc/ug"swg"c"xctkc›«q"fcu"vczcu" fkfcfg"fguvcu"ownjgtgu"rgtvgpegpvgu"cq"itwrq"fg"57"
fcu"ownjgtgu"eqo"ocku"fg"52"cpqu"fi"rgswgpc."uqdtg- c" 5;" cpqu." tgikuvtcpfq" rgswgpq" cwogpvq0" Eqoq" l "
vwfq"c"rctvkt"fqu"57"cpqu0"Qu"fcfqu"rctgego"kpenwuk- ogpekqpcfq" cpvgtkqtogpvg." kuvq" fgxg" guvct" cuuqekc-

Vcdgnc"6
Distribuição das Taxas de Fecundidade, por Faixa Etária, segundo Direções Regionais de Saúde – DIRs
Estado de São Paulo – 1995-2006
Em porcentagem
1995 2006
Direções Regionais de Saúde
15 a 19 anos 20 a 29 anos 30 a 39 anos 15 a 19 anos 20 a 29 anos 30 a 39 anos

Estado de São Paulo 17,4 55,2 25,0 16,9 50,5 29,8


DIR 01 - Capital 15,5 54,2 27,8 15,7 49,5 31,7
DIR 02 - Santo André 16,1 55,6 26,0 15,2 50,4 31,5
DIR 03 - Mogi das Cruzes 16,8 55,7 24,8 17,1 50,3 29,2
DIR 04 - Franco da Rocha 18,1 55,0 24,0 17,8 49,9 29,1
DIR 05 - Osasco 16,8 55,9 24,7 16,4 50,4 30,1
DIR 06 - Araçatuba 20,2 58,0 20,4 18,9 52,5 26,4
DIR 07 - Araraquara 20,4 56,1 21,8 18,8 51,4 27,6
DIR 08 - Assis 20,4 56,9 20,5 18,9 53,2 25,8
DIR 09 - Barretos 20,9 57,1 20,2 19,5 54,3 24,3
DIR 10 - Bauru 20,7 55,6 21,3 19,1 51,9 26,5
DIR 11 - Botucatu 21,0 54,3 22,1 21,2 51,2 25,0
DIR 12 - Campinas 17,7 55,6 24,5 16,0 50,4 30,8
DIR 13 - Franca 18,8 56,5 22,8 18,0 52,0 27,3
DIR 14 - Marília 18,4 57,9 21,6 17,2 50,8 29,2
DIR 15 - Piracicaba 18,9 56,4 22,6 17,8 51,8 28,1
DIR 16 - Presidente Prudente 18,8 58,8 20,9 17,8 52,7 27,2
DIR 17 - Registro 20,6 52,5 23,4 18,3 48,7 29,0
DIR 18 - Ribeirão Preto 18,1 55,2 24,5 17,4 51,5 28,7
DIR 19 - Santos 17,5 54,4 26,0 18,8 49,5 28,7
DIR 20 - São João da Boa Vista 18,7 54,4 24,3 17,9 50,8 28,6
DIR 21 - São José dos Campos 17,3 55,0 25,0 16,8 52,1 28,4
DIR 22 - São José do Rio Preto 21,2 58,6 18,7 18,4 52,8 26,8
DIR 23 - Sorocaba 18,6 53,7 24,8 18,7 50,4 27,9
DIR 24 - Taubaté 17,6 55,3 24,5 17,3 51,6 28,4
Fonte: Fundação Seade.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 48-65, jan./jun. 2008


ANÁLISE DA FECUNDIDADE NO ESTADO DE SÃO PAULO 61

fq" cq" hgp»ogpq" fc" itcxkfg|" fg" wo" itwrq" fg" ow- fkfcfg"vqvcn"g"cwogpvq"fcswgnc"fcu"ownjgtgu"Ñocku"
njgtgu"swg"cfkco"c"ocvgtpkfcfg"go"hwp›«q"fg"qwvtcu" xgnjcuÒ0"Q"It Þeq"8"oquvtc"swg"cu"kfcfgu"ofifkcu"u«q"
rtkqtkfcfgu."eqoq"woc"ognjqt"hqtoc›«q"g"rtqÞuu«q." ugognjcpvgu"pcu"tgik gu."xctkcpfq"gpvtg"48"g"4:"cpqu0"
sendo mais comum em grandes cidades das áreas me- Go"eqorctc›«q" "kfcfg"ofifkc"fq"Guvcfq"*49"cpqu+."
vtqrqnkvcpcu."eqoq"fi"q"ecuq"fg"U«q"Rcwnq0 go" 4228." ugku" FKTu" rquuwgo" xcnqtgu" nkigktcogpvg"
Eqoq" c" tgfw›«q" fc" hgewpfkfcfg" hqk" ocku" kpvgp- ocku"cnvqu."gpswcpvq"cu"fgocku"crtgugpvco"kfcfgu"ug-
uc"gpvtg"cu"ownjgtgu"ocku"lqxgpu."go"eqorctc›«q" " ognjcpvgu"qw"ogpqtgu0
fcu"ocku"xgnjcu."jqwxg"cnvgtc›«q"pc"rctvkekrc›«q"fqu" Cu"cp nkugu"fc"hgewpfkfcfg"rqt"kfcfg."pcu"tgik gu"
itwrqu" gv tkqu" pc" hgewpfkfcfg" vqvcn" *Vcdgnc" 6+." qw" fg"uc¿fg"fq"Guvcfq."rctc"q"¿nvkoq"fge‒pkq."oquvtco"
uglc." c" rctvkekrc›«q" fc" hgewpfkfcfg" fq" itwrq" fg" 42" swg"qu"eqorqtvcogpvqu"u«q"owkvq"ugognjcpvgu"pcu"
c"46"cpqu."rtkpekrcnogpvg."g"fcswgng"fg"47"c"4;."pc" fkhgtgpvgu" tgik gu." xctkcpfq" swcpvq" u" ocipkvwfgu"
hgewpfkfcfg"vqvcn."fkokpwk"pq"rgt qfq."gpswcpvq"c"fq" fcu"vczcu."eqphqtog"q"p xgn"fg"hgewpfkfcfg"Þpcn0"Cu"
itwrq"fg"ownjgtgu"fg"52"c"5;"cpqu"tgikuvtqw"rgswg- ewtxcu" fg" hgewpfkfcfg" ocku" tgegpvgu" kpfkeco" swg" c"
pq"cwogpvq0"C"rctvkekrc›«q"fcu"cfqnguegpvgu"rctc"c" guvtwvwtc"fc"hgewpfkfcfg."ckpfc"swg"rtgeqeg."vgpfg"c"
hgewpfkfcfg"Þpcn"ocpvgxg/ug"guv xgn"go"itcpfg"rctvg" crtgugpvct"woc"e¿urkfg"fkncvcfc."gpvtg"42"g"52"cpqu0"
fcu"tgik gu"g"tgfw|kw/ug"go"cniwocu"*Vcdgnc"6+0"Cvtc- C"hgewpfkfcfg"fq"itwrq"fg"lqxgpu"fg"37"c"3;"cpqu."
xfiu" fcu" cnvgtc› gu" pc" kfcfg" ofifkc" fc" hgewpfkfcfg." swg"xgo"ugpfq"dcuvcpvg"fkuewvkfc"pqu"¿nvkoqu"cpqu."
xgtkÞeco/ug" cu" owfcp›cu" qeqttkfcu" pc" guvtwvwtc" fc" vcodfio" oquvtc" vgpf‒pekc" fg" tgfw›«q" c" rctvkt" fqu"
hgewpfkfcfg"rqt"kfcfg."pcu"tgik gu0"Q"It Þeq"8 crtg- cpqu"42220"C"guvc"vgpf‒pekc"fg"swgfc"fcu"vczcu"fg"hg-
ugpvc"c"gxqnw›«q"fguvg"kpfkecfqt"pq"rgt qfq0 ewpfkfcfg."go"rtcvkecogpvg"vqfqu"qu"itwrqu"gv tkqu."
C" kfcfg" ofifkc" fc" hgewpfkfcfg" cwogpvqw" rqweq" citgic/ug"wo"pqxq"hgp»ogpq."swg"cqu"rqwequ"xck"ug"
ocku" fg" ogkq" cpq." go" ofifkc." go" vqfcu" cu" tgik gu." vqtpcpfq"ocku"xku xgn"pcu"tgik gu"Ï"q"fc"hgewpfkfc-
pq"rgt qfq"3;;7/4228."ocu"ejgiqw"c"wo"cpq"go"cn- fg"vctfkc0"Eqorqtvcogpvq"l "qdugtxcfq"go"itwrqu"
iwocu"fgncu0"Kuvq"ug"fgxg" "tgfw›«q"fc"rctvkekrc›«q" uqekqgeqpqokecogpvg"ocku"rtkxkngikcfqu"fc"rqrwnc-
fc"hgewpfkfcfg"fcu"ownjgtgu"ocku"lqxgpu"pc"hgewp- ›«q." q" hgp»ogpq" rcuuc" c" ugt" ocku" xku xgn." " ogfkfc"

It Þeq"8
Idade Média da Fecundidade, por Direções Regionais de Saúde – DIRs
Estado de São Paulo – 1995-2006

1995 2000 2006


Idade (em anos)
27,5

27,0

26,5

26,0

25,5

25,0

24,5

24,0 DIRs
os
to

s
a

es
ur u

nte

o
to

ta

até

tro
a

dré
a tu

ba
to s

s
ra

o
s is

nto

l
nc

asc
tub

Pre

ríli

a
ina
ch

aul
Vis
Pre

mp
ab

ruz

pit
gis
ua

de
Ba

ica

ub
As
tuc

Fra
rr e

Ma

An
Sa

o
ro c
ça

oP

mp
Os
r aq

Ca

Ca
sC
ão

oa

aR
Pru

Re
Ta
io

ac
Ba

Bo

nto
Ara


oR

eir
So

aB

Ca
Ara

P ir

da
os

od
te

Sa
Rib

de
éd

éd
od
en

gi
nc

ado

Mo
s id
os

os

Fra
oJ

oJ

Est
Pre

oJ


Fonte: Fundação Seade.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 48-65, jan./jun. 2008


62 LÚCIA MAYUMI YAZAKI

swg" gzkuvg" woc" cnvgtc›«q" pc" guvtwvwtc" fc" rqrwnc›«q" Ocrc"5


ugiwpfq" p xgn" fg" kpuvtw›«q" *cu" ownjgtgu" crtgugp-
Taxa de Fecundidade Total (1)
vco"ockqt"p xgn"fg"kpuvtw›«q"swg"pq"rcuucfq+."cuuko"
Distritos do Município de São Paulo – 2004/2006
eqoq"rt„rtkc" tgfw›«q"fc"hgewpfkfcfg"go"vqfqu"qu"
uwditwrqu"rqrwncekqpcku0"
Rctc"ognjqt"xkuwcnk|ct"guvcu"cÞtoc› gu."crtgugp-
vco/ug."c"ugiwkt."cniwpu"kpfkecfqtgu"fq"eqorqtvcogp-
vq"tgrtqfwvkxq."ugiwpfq"qu"fkuvtkvqu"fq"Owpke rkq"fg"
U«q"Rcwnq."swg"tgàgvgo"cu"fgukiwcnfcfgu"gurcekcku"g" Ermelino Matarazzo

uqekqgeqp»okecu"pc"ecrkvcn0 Tatuapé
Q"Ocrc"5"crtgugpvc"cu"vczcu"fg"hgewpfkfcfg"vqvcn" Pinheiros Aricanduva
rctc" qu" fkuvtkvqu" fc" ecrkvcn." go" 42280" Cu" ogpqtgu"
vczcu"*cvfi"3.7"Þnjq"rqt"ownjgt+"u«q"qdugtxcfcu"pcu"
tgcu"rt„zkocu" "tgik«q"egpvtcn"fc"ecrkvcn."gpswcpvq"
cu" ockqtgu" *cekoc" fg" 4.3" Þnjqu" rqt" ownjgt+" qeqt-
tgo."rtkpekrcnogpvg."pcu" tgcu"rgtkhfitkecu"g"egpvtcku="
qu"xcnqtgu"kpvgtogfk tkqu"*gpvtg"3.7"g"4.3"Þnjqu+"u«q"
xgtkÞecfqu" pcu" tgcu" kpvgtogfk tkcu0" Guvgu" tguwn- Nº filho / mulher
Parelheiros Até 1,5
vcfqu" eqkpekfgo" eqo" c" fkuvtkdwk›«q" fc" rqrwnc›«q" De 1,5 a 1,8
ugiwpfq" uwc" eqpfk›«q" uqekqgeqp»okec" pq" gurc›q" De 1,8 a 2,1

vgttkvqtkcn." oquvtcpfq" c" cuuqekc›«q" gpvtg" c" hgewp- De 2,1 a 2,5


Acima de 2,5
fkfcfg"g"c"ukvwc›«q"uqekqgeqp»okec"fc"rqrwnc›«q05
Xcng"qdugtxct"swg."qu"p xgku"fg"hgewpfkfcfg."crguct" 0 6 12
Quilômetros
18

fg"p«q"ugtgo"jqoqi‒pgqu."u«q"dcuvcpvg"tgfw|kfqu"
go"vqfc"c"ecrkvcn."kpfkecpfq"swg"c"rqrwnc›«q"dwuec"
eqpvtqnct" q" vcocpjq" fg" uwcu" hco nkcu0" C" xkuwcnk|c-
Fonte: Fundação Seade.
›«q"gurcekcn"fc"VHV"pq"Owpke rkq"fg"U«q"Rcwnq."rqt" (1) Número médio de filhos por mulher.
fkuvtkvqu."kpfkec"swg"q"guvwfq"fc"hgewpfkfcfg"qw"fg"
swcnswgt"qwvtc"xctk xgn"fgxg"eqpukfgtct"c"fgukiwcn-
fcfg"fg"uwcu"rqrwnc› gu."rctc"c"ognjqt"eqortggp- hgewpfkfcfg"qdugtxcfc"go"Vcvwcrfi"g."rtkpekrcnogp-
u«q"fq"hgp»ogpq0" vg."Rkpjgktqu"l "fi"dgo"rctgekfc" swgncu"cpvgtkqtogpvg"
Cnfio"fg"qu"p xgku"fg"hgewpfkfcfg"xctkctgo"ugiwp- eqpuvcvcfcu" rctc" cniwpu" rc ugu" gwtqrgwu." qw" uglc." c"
fq"q"fkuvtkvq"fg"tgukf‒pekc."q"eqorqtvcogpvq"tgrtq- hgewpfkfcfg" fi" dckzc" cpvgu" fqu" 52" cpqu" g" c" e¿urkfg"
fwvkxq"fi"fkhgtgpvg"vcodfio"rqt"kfcfg."eqoq"rqfg"ugt" ukvwc/ug" cr„u" qu" 52" cpqu0" Pqvc/ug" swg." c" rctvkt" fqu"
qdugtxcfq"cvtcxfiu"fcu"ewtxcu"fg"fkuvtkvqu"ugngekqpc- 52"cpqu."c"fkhgtgp›c"fcu"vczcu"fg"hgewpfkfcfg"pcu"fk-
dos no It Þeq"90"Pcswgngu."qpfg"c"Vczc"fg"Hgewp- xgtucu" tgcu"fi"rgswgpc0"C"kfcfg"ofifkc"fc"hgewpfkfc-
fkfcfg"Vqvcn"fi"ocku"gngxcfc."c"ewtxc"fi"ocku"rtgeqeg." fg"tgàgvg"guvcu"fkhgtgp›cu"pcu"guvtwvwtcu"gv tkcu<"48.9"
eqo"cnvcu"vczcu"pq"itwrq"fg"37"c"3;"cpqu"g"rkeq"pq"fg" cpqu"go"Rctgnjgktqu="49.7"cpqu"go"Ctkecpfwxc="4;.5"
42"c"46"cpqu."eqoq"fi"q"ecuq"fg"Rctgnjgktqu0"Ê"ogfkfc" g"52.:"cpqu"go"Vcvwcrfi"g"Rkpjgktqu."tgurgevkxcogpvg."
swg" c" VHV" ug" tgfw|." cu" vczcu" rqt" kfcfg" fkokpwgo." gpswcpvq"c"ofifkc"pc"ecrkvcn"fi"fg"49.5"cpqu0"
ocu"qeqttg"vcodfio"wo"fgunqecogpvq"pcu"e¿urkfgu" Egtvcogpvg." guvcu" fkhgtgp›cu" vcodfio" fgxgo" ugt"
fcu" ewtxcu." swg." rqt" uwc" xg|." x«q" ug" vqtpcpfq" ocku" qdugtxcfcu" pcu" FKTu." ugpfq" pgeguu tkc." rqtvcpvq."
gpxgnjgekfcu0"Pq"fkuvtkvq"fg"Ctkecpfwxc."rqt"gzgo- woc" fgucitgic›«q" gurcekcn" qw" uqekqgeqp»okec" rctc"
rnq."c"hgewpfkfcfg"ocku"gngxcfc"qeqttg"gpvtg"42"g"52" ognjqt" eqpjgegt" q" eqorqtvcogpvq" tgrtqfwvkxq" fg"
cpqu"g"c"fcu"cfqnguegpvgu"fi"dgo"ogpqt0"C"ewtxc"fg" uwcu"rqrwnc› gu0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 48-65, jan./jun. 2008


ANÁLISE DA FECUNDIDADE NO ESTADO DE SÃO PAULO 63

It Þeq"9
Taxa de Fecundidade, por Faixa Etária, segundo Distritos Selecionados
Município de São Paulo – 2004/2006

Parelheiros Tatuapé
Ermelino Matarazzo Pinheiros

Aricanduva Município de São Paulo

Taxas (por mil)


140

120

100

80

60

40

20

0
15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49
anos anos anos anos anos anos anos

Fonte: Fundação Seade.


(1) Por mil mulheres de cada grupo etário.

CONSIDERAÇÕES FINAIS rqt"ogkq"fc"guvgtknk|c›«q"*DTCUKN."4228+0"Rqt"qwvtq"


ncfq."cp nkugu"rctc"q"Owpke rkq"fg"U«q"Rcwnq"oquvtco"
Q" guvwfq" crtgugpvqw" q" rtqeguuq" fg" swgfc" fc" hg- swg"gzkuvg"wo"itwrq"fg"ownjgtgu."cu"uqekqgeqpqokec-
ewpfkfcfg" go" ewtuq" pq" Guvcfq" fg" U«q" Rcwnq" g" go" ogpvg"ocku"rtkxkngikcfcu."swg"rncpglco"c"ocvgtpkfcfg."
uwcu"tgik gu"fg"uc¿fg."cu"FKTu."pguvc"¿nvkoc"ffiecfc0" tgcnk|cpfq/c" vctfkcogpvg0" Fguvc" hqtoc." godqtc" c" hg-
Rtcvkecogpvg"vqfcu"cu"tgik gu"tgikuvtctco"vczcu"fg"hg- ewpfkfcfg"vgpjc"cnecp›cfq"p xgku"tgncvkxcogpvg"dckzqu"
ewpfkfcfg" vqvcn" cdckzq" fq" p xgn" fg" tgrquk›«q" g." go" go"U«q"Rcwnq."fi"korqtvcpvg"eqpukfgtct"swg"q"eqorqt-
cniwocu"fgncu."c"hgewpfkfcfg"fi"dcuvcpvg"dckzc."owk- vcogpvq" rqt" kfcfgu" xctkc" eqphqtog" q" itwrq" uqekqg-
vq" rt„zkoc" " qdugtxcfc" go" x tkqu" rc ugu" gwtqrgwu0" eqp»okeq" cq" swcn" rgtvgpego" cu" ownjgtgu." curgevq"
Cp nkugu"fc"hgewpfkfcfg"rqt"kfcfg"g"fkxgtuqu"guvwfqu" korqtvcpvg" c" ugt" eqpukfgtcfq" pc" eqortggpu«q" fq"
kpfkeco"swg"guvc"swgfc"fi"tguwnvcfq"fg"wuq"kpvgpuq"fc" eqorqtvcogpvq"tgrtqfwvkxq"fcu"ownjgtgu"rcwnkuvcu0"
cpvkeqpegr›«q"g"p«q"pgeguuctkcogpvg"fq"cfkcogpvq" Rqt"Þo."fi"korqtvcpvg"eqpukfgtct"cu"eqpugs¯‒pekcu"
fc"gpvtcfc"pc"wpk«q"qw"fc"ocvgtpkfcfg."eqoq"fi"c"gz- cuuqekcfcu" u"tgegpvgu"tgfw› gu"fg"hgewpfkfcfg."vcku"
rgtk‒pekc"pqu"rc ugu"fg"dckzc"hgewpfkfcfg0"Qu"fcfqu" eqoq"cnvgtc›«q"pq"tkvoq"fg"etguekogpvq"rqrwncekq-
ocku" tgegpvgu" uqdtg" c" rt vkec" eqpvtcegrvkxc" eqpvk- pcn"fcu"tgik gu"g"fq"Guvcfq."cuuko"eqoq"owfcp›cu"
pwco"c"kpfkect"swg"woc"itcpfg"rctvg"fcu"ownjgtgu" pcu"eqorquk› gu"fcu"rqrwnc› gu"ugiwpfq"itwrqu"fg"
rcwnkuvcu"gpvtc"pc"ocvgtpkfcfg"dcuvcpvg"lqxgpu"g."woc" kfcfg." rqku" c" swgfc" fc" hgewpfkfcfg" tgfw|" q" itwrq"
xg|"eqorngvcfq"q"vcocpjq"fg"hco nkc"fguglcfq."dwu- de crianças e jovens e aumenta consideravelmente a
ec"eqpvtqnct"qw"nkokvct"c"hgewpfkfcfg."rtkpekrcnogpvg" rctegnc"ocku"kfquc"fc"rqrwnc›«q0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 48-65, jan./jun. 2008


64 LÚCIA MAYUMI YAZAKI

Notas 50"Q" ìpfkeg" Rcwnkuvc" fg" Xwnpgtcdknkfcfg" Uqekcn" Ï" KRXU" gnc-
dqtcfq" rgnc" Hwpfc›«q" Ugcfg." ectcevgtk|c" q" Guvcfq" fg" U«q"
30"Q"p xgn"fg"tgrquk›«q"fi"q"xcnqt"fc"vczc"fg"hgewpfkfcfg"swg" Rcwnq" ugiwpfq" ukvwc›«q" fg" xwnpgtcdknkfcfg." eqo" dcug" pcu"
ictcpvg"c"tgrquk›«q"fc"igtc›«q"fcu"ownjgtgu."swg"fi"fg"crtq- fkxgtucu" ectcevgt uvkecu" fgoqit Þecu" g" uqekqgeqp»okecu"
zkocfcogpvg"4.3"Þnjqu"rqt"ownjgt0"¡"wo"rqpvq"etwekcn"go"
fc" rqrwnc›«q0" Q" ocrc" fq" Owpke rkq" fg" U«q" Rcwnq" ugiwp-
rtqlg› gu"rqrwncekqpcku."rqku."ocpvgpfq/ug"eqpuvcpvg"fwtcp-
fq" KRXU" kfgpvkÞec" ecfc" wo" fqu" ugwu" ugvqtgu" egpukv tkqu"
vg"owkvq"vgorq."q"etguekogpvq"fc"rqrwnc›«q"ugt "pwnq0"Go"
ecuq"fc"rgtocp‒pekc"rqt"wo"nqpiq"rgt qfq"fg"vczcu"kphgtkq- ugiwpfq" guvg" pfkeg." qpfg." fg" hqtoc" igtcn." c" tgc" egpvtcn"
tgu"c"guvg"xcnqt."c"rqrwnc›«q"vgpfgt "c"fkokpwkt0 ectcevgtk|c/ug" rqt" cwu‒pekc" qw" owkvq" rqwec" xwnpgtcdknkfc-
40"Go" 4229" jqwxg" cnvgtc›«q" pc" fkxku«q" tgikqpcn" fg" uc¿fg." fg"eqpvtcuvcpfq"eqo"tgik gu"rgtkhfitkecu."qpfg"qu"p xgku"fg"
rcuucpfq"fcu"46"FKTu"rctc"39"Fgrctvcogpvqu"Tgikqpcku"fg" xwnpgtcdknkfcfg" u«q" ockqtgu" *yyy0cn0ur0iqx0dt1ygd1krxu1
Uc¿fg"Ï"FTU0 kpfgzakrxu0jvo+0

Referências Bibliográficas OGTTKEM." V0Y0=" DGTSWð." G0" The determinants of Brazil’s


recent rapid decline in fertility0"Ycujkpivqp."FE<"Pcvkqpcn"Cecfgo{"
Rtguu." 3;:50" *Eqookvvgg" qp" Rqrwncvkqp" cpf" Fgoqitcrj{."
CNXGU."L0G0"Transição da fecundidade e relações de gênero no Brasil0"Vgug" tgrqtv."p0"45+0
*Fqwvqtcfq+"Ï"Egfgrnct."WHOI."Dgnq"Jqtk|qpvg."3;;60
RCKXC." R0" Q" rtqeguuq" fg" rtqngvctk|c›«q" g" vtcpuk›«q" fc"
DGTSWð."G0="ECXGPCIJK."U0"Ocrgcogpvq"u„ekq/geqp»okeq" hgewpfkfcfg" pq" Dtcukn0" Revista Brasileira de Economia." x0" 63."
g" fgoqit Þeq" fqu" tgikogu" fg" hgewpfkfcfg" pq" Dtcukn" g" uwc" p0"3."3;:70
xctkc›«q" gpvtg" 3;;3" g" 42220" Kp<" GPEQPVTQ" PCEKQPCN"
FG" GUVWFQU" RQRWNCEKQPCKU." 360." Eczcodw." Anais... RGTR¡VWQ."K0J0Q0="CIWKTTG."O0C0E0"Q"rcrgn"fc"guvgtknk|c›«q"
hgokpkpc"pqu"fkhgtgpekcu"u„ekq/geqp»okequ"fq"fgen pkq"fc"hgewp-
Cdgr."42280
fkfcfg"pq"Dtcukn0"Kp<"GPEQPVTQ"PCEKQPCN"FG"GUVWFQU"
RQRWNCEKQPCKU."330."Eczcodw."Anais... Cdgr."3;;:0"
aaaaaa0"Kpetgcukpi"cfqnguegpv"cpf"{qwvj"hgtvknkv{"kp"Dtc|kn<"c"
pgy" vtgpf" qt" c" qpg/vkog" gxgpvA" Kp<" CPPCWN" OGGVKPI" WPKVGF" PCVKQPU0" Partnership and Reproductive Behavior in
QH"VJG"RQRWNCVKQP"CUUQEKCVKQP"QH"COGTKEC0" Low-Fertility Countries0"Wpkvgf"Pcvkqpu"Rwdnkecvkqp."Ucngu"p0"G0250
Rjkncfgnrjkc."42270 ZKKK07."42250

DTCUKN0"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg0"Rguswkuc"Pcekqpcn"fg"FgoqitcÞc"g" aaaaaa0"Dgnqy"tgrncegogpv"hgtvknkv{0"Population Bulletin of the United


Saúde da Criança e da Mulher, PNDS – 20060"Dtcu nkc0"Fkurqp xgn" Nations."Urgekcn"Kuuwg."Pgy"[qtm."p0"62/63."42220
go<">jvvr<11dxuou0ucwfg0iqx0dt1dxu1rpfu1kpfgz0rjr@0
YQPI."N0T0"Vgpf‒pekc"tgegpvg"fc"hgewpfkfcfg"pq"Guvcfq"fg"
ECTXCNJQ."L0C0O0="RCKXC."R0="UCY[GT."F0"A recente queda de U«q"Rcwnq0"Revista Brasileira de Estudos da População."Cdgr."x0"4."
fecundidade no Brasil<"gxkf‒pekcu"g"kpvgtrtgvc›«q0"Dgnq"Jqtk|qpvg." p0"3."3;:70
Egfgrnct."3;:30"*OqpqitcÞc."p0"34+0
[C¥CMK." N0O0" C" hgewpfkfcfg" pq" owpke rkq" fg" U«q" Rcwnq"
HCTKC." X0" Rqn vkecu" fg" iqxgtpq" g" tgiwnc›«q" fc" hgewpfkfcfg<" g" go" uwcu" uwdrtghgkvwtcu<" cniwocu" ectcevgt uvkecu" fq" rcft«q"
tgrtqfwvkxq0" Kp<" GPEQPVTQ" PCEKQPCN" FG" GUVWFQU"
eqpugs¯‒pekcu"p«q"cpvgekrcfcu"g"ghgkvqu"rgtxgtuqu0"Ciências Sociais
RQRWNCEKQPCKU."360."Eczcodw."Anais..."Cdgr."4226c0
Hoje,"U«q"Rcwnq."3;:;0
aaaaaa0" Pcvcnkfcfg" g" hgewpfkfcfg" go" U«q" Rcwnq<" q" tkueq" fc"
HCTKC." X0=" RQVVGT." L0" Vgngxkukqp." vgngpqxgncu." cpf" hgtvknkv{" kpvgtrtgvc›«q" gswkxqecfc" fqu" fcfqu0" UR" Fgoqit Þeq." Hwpfc›«q"
ejcpig"kp"Pqtvjgcuv"Dtc|kn0"Kp<"UGOKPCT"QP"XCNWGU"CPF" Ugcfg."p0"34."4226d0
HGTVKNKV["EJCPIG0"Ukqp."KWUUR."3;;60
aaaaaa0" Go" 42" cpqu." hgewpfkfcfg" vgo" tgfw›«q" fg" cvfi" 72'0"
OCTVKPU." E0=" CNOGKFC." O0H0C0" Hgewpfkfcfg" rcwnkuvcpc=" UR"Fgoqit Þeq."U«q"Rcwnq."Hwpfc›«q"Ugcfg."p0"5."4225c0
fkhgtgpekcku" fg" gueqnctkfcfg" g" fgugpxqnxkogpvq" jwocpq"
*KFJ+0" Kp<" GPEQPVTQ" PCEKQPCN" FG" GUVWFQU" aaaaaa0"Hgewpfkfcfg"fc"ownjgt"rcwnkuvc"cdckzq"fq"p xgn"fg"tgrq-
RQRWNCEKQPCKU."330."Eczcodw."Anais... Cdgr."42220 uk›«q0"Estudos Avançados."U«q"Rcwnq."WUR."x0"39."p0"6;."4225d0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 48-65, jan./jun. 2008


ANÁLISE DA FECUNDIDADE NO ESTADO DE SÃO PAULO 65

LÚCIA MAYUMI YAZAKI


Fqwvqtc"go"FgoqitcÞc"rgnc"Wpkxgtukvfi"Ecvjqnkswg"fg"Nqwxckp"*Dfinikec+"g"Cpcnkuvc"fc"Hwpfc›«q"Ugcfg0

Ctvkiq"tgegdkfq"go"32"fg"lwpjq"fg"422:0
Crtqxcfq"go"4;"fg"ugvgodtq"fg"422:0

Eqoq"ekvct"q"ctvkiq<
[C¥CMK."N0O0"Cp nkug"fc"hgewpfkfcfg"pq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq0"São Paulo em Perspectiva."U«q"Rcwnq."Hwpfc›«q"Ugcfg."x0"44."
p0"3."r0"6:/87."lcp01lwp0"422:0"Fkurqp xgn"go<">jvvr<11yyy0ugcfg0iqx0dt@=">jvvr<11yyy0uekgnq0dt@0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 48-65, jan./jun. 2008


ACIDENTES E DOENÇAS DO TRABALHO
NOTIFICADAS, DE MOTORISTAS PROFISSIONAIS
DO ESTADO DE SÃO PAULO
M ONICA L A P ORTE T EIXEIRA
F RIDA M ARINA F ISCHER

Resumo: São descritos os acidentes do trabalho para motoristas profissionais residentes no Estado de São Paulo. Os dados tiveram
origem em base específica elaborada nas CATs e processos notificados na Previdência Social do Estado de São Paulo, entre 1997 e 1999.
Apresentam-se as características dos motoristas acidentados e dos acidentes do trabalho. São analisadas taxas de incidência,
mortalidade e letalidade dos motoristas para o Estado, Região Metropolitana de São Paulo e Município de São Paulo.
Palavras-chave: Acidente do trabalho. Motorista profissional. Acidentes de motoristas profissionais.

Abstract: This manuscript describes occurrence of work injuries and work-related diseases, from 1997 to 1999, of professional drivers,
residents of the State of Sao Paulo. Data basis was obtained from the official communication of work injuries and the
Social Security registry of the State of Sao Paulo. Incidence and mortality rates were analyzed for the State,
for the metropolitan area of Sao Paulo and the city of Sao Paulo, Brazil.
Key words: Work injuries. Professional drivers. Work injuries of professional drivers.

O
" oqvqtkuvc" rtqÞuukqpcn" nkicfq" cq" ugvqt" vtcpurqtvg"
guv "uwlgkvq"c"gngxcfq"p¿ogtq"fg"tkuequ"pq"vtcdcnjq."swg"q"vqtpco"ocku"gzrquvq" "qeqtt‒pekc"fg"cekfgpvgu"fq"
vtcdcnjq0"Qu"vtcdcnjcfqtgu"fguuc"ecvgiqtkc"gzgtego"uwc"cvkxkfcfg"rtqÞuukqpcn"pq"gurc›q"fc"twc."uwlgkvqu" "xkq-
n‒pekc."cqu"rtqdngocu"wtdcpqu"g"cqu"tkuequ"kpvt pugequ"fg"ugw"rtqeguuq"fg"vtcdcnjq"*YCNFXQIGN."4223+0"Pq"
Dtcukn."go"4228."qeqttgtco"5420555"ecuqu"fg"cekfgpvgu"fg"vt¤pukvq"eqo"x vkocu."fqu"swcku"3420786"hqtco"pq"
Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq"g"460;46"pq"Owpke rkq"fg"U«q"Rcwnq0"Guugu"vtcdcnjcfqtgu."oqvqtkuvcu"rtqÞuukqpcku."eqpu-
vkvwgo"c"ecvgiqtkc"ocku"gzrquvc"cqu"cekfgpvgu"fg"vt¤pukvq."tgrtgugpvcpfq."pq"Dtcukn."3.57'"fcu"x vkocu"hcvcku"g"
52.;'"fcu"p«q/hcvcku0"Rctc"q"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq"g"Owpke rkq"fg"U«q"Rcwnq."guugu"fcfqu"u«q."tgurgevkxcogpvg."
3.2:'"g"3.27'"rctc"qu"cekfgpvgu"eqo"x vkocu"hcvcku"g"52.;'"g"48.5'"rctc"p«q/hcvcku"*FGPCVTCP."422:+0
Guvwfqu"ekvcfqu"pc"nkvgtcvwtc"fgoqpuvtco"qu"citcxqu"g"cu"eqpugs¯‒pekcu" "uc¿fg"fqu"oqvqtkuvcu."eqortqogvgpfq"
ugw" fgugorgpjq" ncdqtcn0" Eqpuvcvc/ug" swg" guhqt›qu" h ukequ" g" ogpvcku" ecwuco" rtqdngocu" fg" rquvwtc." jfitpkcu."
htcvwtcu." vqt› gu." eqpvwu gu." nqodcnikcu" *ECOGTKPQ." 3;;9+." xctk|gu." dwtukvgu." ctvtqugu." kttkvcdknkfcfg"
goqekqpcn."ugpuc›«q"fg"guiqvcogpvq"ogpvcn."rtqdngocu"i uvtkequ"g"kpvguvkpcku."jkrgtvgpu«q."rtqdngocu"ectf cequ"
*HKUEJGT."4223+."cdwuq"fg"dgdkfcu"cneq„nkecu"g"wuq"fg"guvkowncpvgu"*OQTGPQ="RCUSWC="ETKUVQHQNGVVK."

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 66-78, jan./jun. 2008


ACIDENTES E DOENÇAS DO TRABALHO NOTIFICADAS, DE MOTORISTAS PROFISSIONAIS... 67

4223="HKUEJGT="OQTGPQ="TQVGPDGTI."4226+0" vgu" tgikuvtcfqu." lwpvq" " Eqowpkec›«q" fg" Cekfgpvgu"


Eqpfk› gu" xctkcfcu." vcku" eqoq" cu" gzki‒pekcu" fq" fq"Vtcdcnjq"Ï"ECV"g"fgocku"fqewogpvqu"swg"ceqo-
vtcdcnjq."vgpu gu"hcoknkctgu."rtgqewrc› gu"Þpcpegktcu." rcpjcxco" qu" tgurgevkxqu" rtqeguuqu." eqoq" dqngvko"
fkÞewnfcfg"fg"lwnicogpvq"g"fg"nkfct"eqo"guvgu"fgucÞqu." fg"qeqtt‒pekc"g"cvguvcfq"fg"„dkvq."rctc"c"rqrwnc›«q"
vcodfio"v‒o"eqpugs¯‒pekcu"pghcuvcu."kpvgthgtkpfq"pc" ecfcuvtcfc" pc" Rtgxkf‒pekc" Uqekcn" fq" Guvcfq" fg" U«q"
ecrcekfcfg" fg" vtcdcnjq" fqu" oqvqtkuvcu" *OQTGPQ=" Rcwnq0
HKUEJGT="TQVGPDGTI."4225+0" Rctc"c"cp nkug."hqtco"eqpukfgtcfcu"cu"rguuqcu"pcu"
Qu" oqvqtkuvcu" rtqÞuukqpcku" v‒o" swg" guvct" cvgp- hckzcu"gv tkcu"fg"3:"c"8;"cpqu."uwdvqvcnk|cpfq"390642"
vqu"rctc"ewortkt"ogvcu"g"p«q"eqogvgt"gttqu."cnfio"fg" tgikuvtqu0"Guugu"ecuqu"hqtco"eqpÞtocfqu"wo"c"wo."
uqhtgtgo" rtguu«q" rqt" hc|gtgo" rctvg" fg" wo" rtqegu- fwcu"xg|gu."cpcnkucpfq/ug"cu"xctk xgku"tcoq"fg"cvkxk-
uq" fg" vtcdcnjq" swg" pgo" ugortg" qhgtgeg" eqpfk› gu" fcfg."qewrc›«q."vkrq"fq"cekfgpvg."ogkq"fg"nqeqoq›«q"
cfgswcfcu" fg" vtcdcnjq" *EçOCTC." 3;;;=" FWHH[=" g"fguetk›«q"fqu"cekfgpvgu0"Fkcpvg"fc"pgeguukfcfg"fg"
OE"IQNFTKEM."3;;2="UCPVQU"gv"cn0."4226+0"Qu" swg"vqfqu"qu"cekfgpvcfqu"vkxguugo"tgukf‒pekc"pq"Gu-
jqt tkqu" kttgiwnctgu" g1qw" go" vwtpqu" fg" vtcdcnjq" fg" vcfq"fg"U«q"Rcwnq."hg|/ug"woc"pqxc"ugng›«q"go"swg"
oqvqtkuvcu"rtqÞuukqpcku"rqfgo"ngx /nqu"c"vgt"fkuv¿t- c"xctk xgn"Wpkfcfg"fc"Hgfgtc›«q"fq"cekfgpvcfq"eqt-
dkqu"fg"uqpq"g"uqpqn‒pekc"gzeguukxc"fwtcpvg"q"vtcdc- tgurqpfguug" c" guug" Guvcfq." vqvcnk|cpfq" c" dcug" eqo"
njq"*OQTGPQ="HKUEJGT="TQVGPDGTI."4225+0" 360853"tgikuvtqu0"Eqpvkpwcpfq"q"tgÞpcogpvq"fc"dcug"
Vtcdcnjct" pq" ugvqt" xk tkq" kornkec" vcodfio" vgt" pcu" g"vgpfq"eqoq"ogvc"qu"oqvqtkuvcu"fg"vtcpurqtvgu"vgt-
o«qu"itcpfg"tgurqpucdknkfcfg."g"cekfgpvgu"fg"vt¤pukvq" tguvtgu."gzenw tco/ug"34"cekfgpvcfqu"fqu"vtcpurqtvgu"
rqfgo"qeqttgt"qw"ecwuct"vtcpuvqtpqu"rctc"c"rqrwnc- cswcxk tkq"g"cgtqxk tkq0"Q"p¿ogtq"vqvcn"fg"tgikuvtqu"
›«q"go"igtcn"*KRGC."4225+0 hqk"fg"36083;0
Q"qdlgvkxq"fguvg"guvwfq"fi"fguetgxgt"qu"cekfgpvgu"fq" Hqtco"gncdqtcfcu"htgs¯‒pekcu"fg"vqfcu"cu"xctk xgku"
vtcdcnjq." ugiwpfq" citwrcogpvqu" etkcfqu" gurgekÞec- rctc"cpcnkuct"g"eqpuqnkfct"c"dcug"fg"fcfqu."go"swg"ug"
ogpvg"rctc"qu"oqvqtkuvcu"tgukfgpvgu"pq"Guvcfq"fg"U«q" fguvceqw" c" xctk xgn" ugzq." rqku." fqu" 36083;" tgikuvtqu."
Rcwnq." pq" rgt qfq" 3;;9/3;;;0" Crtgugpvco/ug" cu" ec- crgpcu" 74" gtco" fg" ownjgtgu" g" tgrtgugpvcxco" 2.6'"
tcevgt uvkecu"fqu"oqvqtkuvcu"cekfgpvcfqu"g"fqu"vkrqu"fg" fq"vqvcn0"Fgekfkw/ug"gpv«q"rgnc"gzenwu«q"fguvgu"ecuqu."
cekfgpvg0"U«q"cpcnkucfcu."ckpfc."cu"vczcu"fg"kpekf‒pekc." tguwnvcpfq"c"coquvtc"go"360789"tgikuvtqu"fg"cekfgp-
oqtvcnkfcfg"g"ngvcnkfcfg"fkuvtkdw fcu"igqitcÞecogpvg0 vcfqu"fq"vtcdcnjq."fq"ugzq"ocuewnkpq."fq"ugvqt"vtcpu-
rqtvg" vgttguvtg." tgukfgpvgu" pq" Guvcfq" fg" U«q" Rcwnq."
BUSCA ATIVA DAS INFORMAÇÕES eqo"kfcfg"gpvtg"3:"g"8;"cpqu0
DE ACIDENTES DO TRABALHO Rctc"c"gncdqtc›«q"fqu"citwrcogpvqu"fg"oqvqtku-
tas hqk" cxcnkcfc" c" htgs¯‒pekc" fg" vqfcu" cu" fguetk› gu"
Guvg"fi"wo"guvwfq"fguetkvkxq"fqu"cekfgpvgu"fq"vtcdcnjq" fqu" vkrqu" fg" oqvqtkuvcu" fq" dcpeq" fg" fcfqu." ictcp-
qeqttkfqu"eqo"qu"oqvqtkuvcu"tgukfgpvgu"pq"Guvcfq"fg" vkpfq/ug" c" eqpukuv‒pekc" swcpvq" c" xqnwog" g" vkrqu" fg"
U«q"Rcwnq"g"tgikuvtcfqu"pc"Rtgxkf‒pekc"Uqekcn."gpvtg" citwrcogpvqu0"Ngxcpvcfcu"g"fgÞpkfcu"vqfcu"cu"qew-
31313;;9"g"5313413;;;0" rc› gu"fg"oqvqtkuvcu"fg"ceqtfq"eqo"c"EncuukÞec›«q"
C"cp nkug"fg"qdugtxc›«q"hqk"q"gxgpvq"cekfgpvg"fq" Dtcukngktc" fg" Qewrc› gu." guvcu" hqtco" tgcitwrcfcu"
vtcdcnjq."ugpfq"wvknk|cfq"rctc"qu"e newnqu"fcu"vczcu"fg" eqphqtog"cp nkug"fcu"htgs¯‒pekcu"g"q"kpvgtguug"fq"gu-
ngvcnkfcfg."oqtvcnkfcfg"g"kpekf‒pekc0" vwfq"*Swcftq"3+0
Eqpukfgtctco/ug"qu"867"owpke rkqu"fq"Guvcfq"fg" Cpcnkuqw/ug"c"htgs¯‒pekc"fcu"xctk xgku"fg"cekfgp-
U«q"Rcwnq."q"swg"rgtokvkw"xgtkÞect"qu"fkhgtgpekcku"tg- vgu"g"hqtco"tgcnk|cfqu"etw|cogpvqu"gpvtg"cu"xctk xgku"
ikqpcku"fqu"cekfgpvgu"fq"vtcdcnjq."ugiwpfq"q"nqecn"fg" ugzq"*ocuewnkpq+"g"kfcfgu"citwrcfcu"go"hckzcu"gv tkcu"
tgukf‒pekc"fqu"oqvqtkuvcu0" *3:"c"3;"cpqu."42"c"46"cpqu."47"c"4;"cpqu."52"c"56"cpqu."
Qu"fcfqu"fg"cekfgpvgu"fq"vtcdcnjq"hqtco"qdvkfqu" 57"c"5;"cpqu."62"c"66"cpqu."67"c"6;"cpqu."72"c"76"cpqu."
rqt"ogkq"fg"dwuec"cvkxc"fcu"kphqtoc› gu"fqu"cekfgp- 77"c"7;"cpqu."82"c"8;"cpqu+0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 66-78, jan./jun. 2008


68 MONICA LA PORTE TEIXEIRA/FRIDA MARINA FISCHER

Quadro 1
Agrupamento de Motoristas Criado com Base nas Tabelas do Grupo de Base
da Classificação Brasileira de Ocupações – CBO

Agrupamentos Criados Agrupamentos Existentes na CBO

Código Nome Grupo de Base Descrição das Ocupações


9-85
(9-85.10) Motorista de caminhonete, furgão utilitário, manobrista,
Grupo I Motoristas em geral cobrador motorizado, vigia, de provas, de teste,
(9-85.50)
(9-85.90) entregador.
Motorista de ônibus, excursão, coletivo interurbano
9-85
Grupo II Motoristas de ônibus e urbano, interestadual e internacional, de viagem,
(9-85.40)
transporte escolar, coletivo de empresa.
9-85 Motorista de caminhão, caminhão leve, rotas nacionais e
Grupo III Motoristas de caminhão
(9-85.60) internacionais.
9-85
Grupo IV Motoristas de caminhão pesado (9-85.80) Motorista de caminhão pesado, truck, carreta, comboio,
(9-85.82) betoneira, basculante.

9-85 Motociclista, entregador de mercadoria (comida, jornais,


Grupo V Motociclistas
(9-85.70) documentos), courrier.
9-83
(9-83.20)
(9-83.50) Maquinista de trem, condutor de metrô, trem de carga,
Grupo VI Outros motoristas (9-86.20) trem metropolitano, veículo sobre trilhos, veículo de
(9-89.50) tração animal, e de pedais, taxista, ambulância, carro
(9-85.30) forte, tratorista.
(9-85.85)

Fonte: Teixeira (2005). Elaboração das autoras.

Qu"vkrqu"fg"cekfgpvg"hqtco"citwrcfqu"go<"cekfgp- Rctc"c"xctk xgn"fqgp›cu"fq"vtcdcnjq."hqk"gncdqtcfc"


vgu/vkrq." swcpfq" qeqttg" c" ugtxk›q" fc" gortguc=" cek- woc" eqfkÞec›«q" gurgekcn." c" rctvkt" fc" ukvwc›«q" igtc-
fgpvg"fq"vtclgvq."swcpfq"qeqttg"fc"tgukf‒pekc"rctc"q" fqtc"fq"cekfgpvg"qw"fc"fqgp›c"swg"hqk"vtcpuetkvc"fc"
vtcdcnjq."qw"fq"vtcdcnjq"rctc"tgukf‒pekc."qw"fg"kfc"fc" ECV"rctc"q"hqtown tkq0"Guug"ecorq"p«q"fi"eqfkÞecfq"
gortguc"rctc"q"nqecn"fg"tghgk›«q."qw"fg"xqnvc"fq"nqecn" rgnc"Rtgxkf‒pekc"Uqekcn."rqtfio"gzkuvg"pc"ECV"g"ugtxg"
fg"tghgk›«q"rctc"c"gortguc="g"fqgp›cu"tgncekqpcfcu"cq" fg"uwdu fkq"rctc"c"eqfkÞec›«q"fg"qwvtqu"ecorqu0"Guvc"
vtcdcnjq." swg" u«q" qecukqpcfcu" rqt" swcnswgt" vkrq" fg" encuukÞec›«q"vgxg"eqoq"qdlgvkxq"kfgpvkÞect"fg"hqtoc"
fqgp›c"rtqÞuukqpcn"rgewnkct"c"fgvgtokpcfq"tcoq"fg" fgvcnjcfc"qu"x tkqu"vkrqu"fg"qeqtt‒pekc"fq"cekfgpvg"
cvkxkfcfg."eqpuvcpvg"pc"vcdgnc"fc"Rtgxkf‒pekc"Uqekcn0 g"fg"fqgp›c."ugpfq"gncdqtcfc"woc"vcdgnc"fg"encuukÞ-
Cu"eqpugs¯‒pekcu"fqu"cekfgpvgu"hqtco"encuukÞec- ec›«q"eqo"92"fguetk› gu"fg"qeqtt‒pekc"fg"cekfgpvgu"
fcu"go<"kpecrcekfcfg"vgorqt tkc"Ï"ogpqu"fg"37"fkcu" eqttgurqpfgpvgu" "qewrc›«q"ÑoqvqtkuvcÒ0
qw"ocku"fg"37"fkcu"fg"chcuvcogpvq"fq"vtcdcnjq="kpxc- Cu"vczcu"fg"kpekf‒pekc."oqtvcnkfcfg"g"ngvcnkfcfg"hq-
nkfg|"Ï"crqugpvcfq"rqt"kpxcnkfg|"g"„dkvq0" tco"ecnewncfcu"rctc"q"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq."Kpvgtkqt"
Cu" rctvgu" fq" eqtrq" cvkpikfcu" Ï" xctk xgn" fguetkvc" fq"Guvcfq."Tgik«q"Ogvtqrqnkvcpc"fg"U«q"Rcwnq"g"Ow-
pq" hqtown tkq" Ï" eqttgurqpfgo" u" itcpfgu" fkxku gu" pke rkq"fg"U«q"Rcwnq0
cpcv»okecu" fq" eqtrq" jwocpq<" ogodtqu" kphgtkqtgu"
*swcftkn." eqzc." lqgnjq." rgtpc." vqtpq|gnq." rfi." fgfqu+=" DEFINIÇÃO DOS DENOMINADORES
ogodtqu" uwrgtkqtgu" *qodtq." dtc›q." eqvqxgnq." cpvg- E CÁLCULO DOS INDICADORES
dtc›q."o«q."fgfqu+="vtqpeq="ecdg›c"*qnjqu."qwxkfqu+="
rqnkvtcwocvkuoq="g"kipqtcfc0"Q"owpke rkq"fg"tgukf‒p- Pc" gncdqtc›«q" fqu" fgpqokpcfqtgu." swg" fgxgo" gz-
ekc"eqttgurqpfg" swgng"qpfg"tgukfkc"q"cekfgpvcfq0" rtguuct"q"p¿ogtq"fg"vtcdcnjcfqtgu"eqttgurqpfgpvgu"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 66-78, jan./jun. 2008


ACIDENTES E DOENÇAS DO TRABALHO NOTIFICADAS, DE MOTORISTAS PROFISSIONAIS... 69

cqu"citwrcogpvqu"go"guvwfq."ghgvkxcogpvg"gzrquvqu" ACIDENTADOS, ACIDENTES E


cq"tkueq"fg"cfqgegt"g1qw"uqhtgt"wo"cekfgpvg."hqtco" CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO
wvknk|cfcu" cu" guvkocvkxcu" rqrwncekqpcku" rctc" 3;;9."
3;;:."3;;;"g"4222."rtqfw|kfcu"rgnc"Hwpfc›«q"Ugcfg" Eqphqtog" fguetkvq" cpvgtkqtogpvg." qu" vtcdcnjcfqtgu"
rqt" ogkq" fq" Ñofivqfq" fqu" eqorqpgpvgu" fgoqit - hqtco"citwrcfqu"go"ugku"ecvgiqtkcu."go"swg"qu"oq-
ÞequÒ."swg" rtqlgvc" c" rqrwnc›«q" rt„zkoc" fc" tgcnkfc- vqtkuvcu"go"igtcn"tgrtgugpvco"55.;'"*60;54+"fq"vqvcn"
fg" fq" xqnwog" rqrwncekqpcn." rctc" ecfc" wo" fqu" 867" g"qu"eqpfwvqtgu"fg"ecokpj«q"eqttgurqpfgo"c"54.6'."
owpke rkqu" fq" Guvcfq" fg" U«q" Rcwnq." g" qu" oketqfc- *60954+0" Go" ugiwkfc" x‒o" qu" oqvqtkuvcu" fg" »pkdwu."
fqu"fq"Egpuq"Fgoqit Þeq"fg"4222"fq"KDIG0"Fqu" eqo" 34.3'" *30982+." qu" oqvqekenkuvcu." eqo" 33.2'"
oketqfcfqu."rctc"eqorqt"q"fgpqokpcfqt."hqtco"ug- *30832+"g"qu"oqvqtkuvcu"fg"ecokpj gu"rgucfqu."eqo"
ngekqpcfcu"cu"xctk xgku"tgncvkxcu" u"ugiwkpvgu"ectcevg- 9.5'" *3027;+" g" q" itwrq" ÑqwvtquÒ." eqo" 5.5'" *6:5+"
t uvkecu"kpfkxkfwcku<"ugzq"g"kfcfg"go"cpqu"*itwrq"fg" *Vcdgnc"3+0
ectcevgt uvkecu" rguuqcku+=" eqpvtkdwk›«q" rtgxkfgpek tkc" Q" It Þeq" 3" crtgugpvc" qu" cekfgpvcfqu." ugiwpfq"
*qr›«q" ?" UKO." rguuqc" eqpvtkdwkpvg" fc" Rtgxkf‒pekc" hckzcu"gv tkcu0"XgtkÞec/ug"swg"qu"oqvqekenkuvcu"uqhtg-
Uqekcn"Ï"itwrq"vtcdcnjq"g"tgpfkogpvq+="ectvgktc"cuuk- tco"cekfgpvgu"go"kfcfgu"ocku"lqxgpu"go"tgnc›«q"cqu"
pcfc"*qr›«q"?"UKO"Ï"itwrq"vtcdcnjq"g"tgpfkogpvq+=" qwvtqu"oqvqtkuvcu<"56'"gpvtg"42"g"46"cpqu="52'"fg"
ugvqt" vtcpurqtvg" *qr›«q" ?" vgttguvtg." cfitgq" g" cswc- 47"c"4;"cpqu="g"37'"fg"52"c"56"cpqu0"Qu"fgocku"rtq-
xk tkq" Ï" itwrq" vtcdcnjq" rtkpekrcn." qewrc›«q" g" ugvqt" Þuukqpcku"uqhtgtco."go"uwc"ockqt"rctvg."cekfgpvgu"c"
vtcpurqtvg+0"Eqo"guugu"fcfqu."qticpk|cfqu"rctc"ecfc" rctvkt"fqu"57"cpqu"qw"ocku0
wo"fqu"owpke rkqu"fq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq."ecnewnqw/ Ugiwpfq" q" guvcfq" ekxkn." qu" ecucfqu" u«q" c" ockqtkc"
ug"q"fgpqokpcfqt< fqu"cekfgpvcfqu"*92.5'"fqu"cekfgpvgu/vkrq."83.6'"fqu"
̋" 3²"gvcrc"/"hqk"ecnewncfc"c"ofifkc"fc"rqrwnc›«q"ocu- cekfgpvgu"fg"vtclgvq"g"9:.2'"fcu"fqgp›cu"tgncekqpcfcu"
ewnkpc"pc"hckzc"gv tkc"fg"3:"c"8;"cpqu."rctc"3o fg" eqo"q"vtcdcnjq+0"Gpvtg"qu"uqnvgktqu."cu"rtqrqt› gu"hq-
lwnjq"fg"3;;9."3;;:"g"3;;;= tco"fg."tgurgevkxcogpvg."43.4'."4:.9'"g"36'0"
̋" 4²"gvcrc"/"hqk"ghgvwcfc"c"fkxku«q"fc"rqrwnc›«q"vtc-
dcnjcfqtc" go" 4222." ugngekqpcfc" fq" ugvqt" vtcpu-
rqtvg." rgnc" rqrwnc›«q" go" 3³" fg" lwnjq" fg" 4222."
Tabela 1
gpeqpvtcpfq/ug"wo" pfkeg"fg"rqrwnc›«q"vtcdcnjc-
fqtc" fq" ugvqt" vtcpurqtvg" vgttguvtg" rctc" ecfc" wo" Distribuição dos Acidentes do Trabalho de Motoristas,
fqu"owpke rkqu= segundo Agrupamentos Criados
̋" 5²"gvcrc"/"q" pfkeg"gpeqpvtcfq"pc"4²"gvcrc"hqk"crnk- Estado de São Paulo – 1997/1999
ecfq"pc"rqrwnc›«q"ecnewncfc"pc"3²"gvcrc0
C"ogfkfc"fg"itcxkfcfg"hqk"ecnewncfc"rgnc"vczc"fg" Agrupamentos Criados Nos Absolutos %
ngvcnkfcfg"swg."ugiwpfq"Ncwtgpvk"gv"cn0"*4227+."fi"c"ocku"
Total 14.567 100,0
wucfc"pc"grkfgokqnqikc0"
C"kpekf‒pekc"hqk"wvknk|cfc"rctc"ogpuwtct"c"htgs¯‒pekc" Motoristas em geral 4.932 33,9
fqu" cekfgpvgu" fq" vtcdcnjq." pc" swcn" ug" tgncekqpc" q"
Motorista de caminhão 4.723 32,4
ce¿ownq" fg" ecuqu" pqxqu" tgikuvtcfqu" qw" kpkekcfqu"
cq"Þpcn"fg"wo"rgt qfq"fg"vgorq"fgvgtokpcfq"Ï"qw" Motorista de ônibus 1.760 12,1
uglc." qu" ecuqu" fg" cekfgpvgu" fq" vtcdcnjq" tgikuvtcfqu"
Motociclista 1.610 11,0
pq" rgt qfq" fg" kpvgtguug" Ï" eqo" c" eqttgurqpfgpvg"
rqrwnc›«q"pguvg"oguoq"rgt qfq"*EQTTèC"HKNJQ." Motorista de caminhão pesado 1.059 7,3
3;;6="KDIG."4227+0"
Outros motoristas 483 3,3
Rctc"c"vczc"fg"oqtvcnkfcfg."q"pwogtcfqt"eqttgurqp-
fgw"cqu"„dkvqu"go"fgeqtt‒pekc"fg"cekfgpvg"fq"vtcdcnjq0 Fonte: Teixeira (2005). Elaboração das autoras.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 66-78, jan./jun. 2008


70 MONICA LA PORTE TEIXEIRA/FRIDA MARINA FISCHER

It Þeq"3
Acidentes do Trabalho de Motoristas, por Faixa Etária, segundo Agrupamentos Criados
Estado de São Paulo – 1997-1999

Motoristas em geral Motociclista


Motorista de Caminhão Motorista de Caminhão Pesado
% Motorista de Ônibus Outros Motoristas
35,0

30,0

25,0

20,0

15,0

10,0

5,0

0,0 Faixa Etária


18 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 e +

Fonte: Teixeira (2005). Elaboração das autoras.

Fq" vqvcn" fg" cekfgpvgu" tgikuvtcfqu" g" cpcnkucfqu" kpcpkocfqu" g" 36.7'" rqt" qdlgvqu" eqtvcpvgu1eqp-
*360789+."qu"cekfgpvgu/vkrq"tgrtgugpvctco":2.;'"fqu" vwpfgpvgu0"
ecuqu"*3309:4+."qu"cekfgpvgu"fg"vtclgvq":.9'"*30495+."cu" Gpvtg"qu"cekfgpvgu"fg"vtclgvq."3:.3'"hqtco"rtqxq-
fqgp›cu"fq"vtcdcnjq"8.5'"*;2;+"g"qu"kipqtcfqu"6.3'0" ecfqu"rqt"swgfc"fg"oqvqekengvc."39.5'"rqt"ejqswg1
Gpvtg" qu" cekfgpvgu/vkrq." q" ockqt" p¿ogtq" fg" cek- eqnku«q"eqo"oqvqekengvc"g"38.2'"rqt"ejqswg1eqnku«q"
fgpvcfqu"eqttgurqpfgw"cqu"oqvqtkuvcu"fg"ecokpj«q" fg"xg ewnqu"c"oqvqt0"
*4:.;'"fqu"ecuqu+."ugiwkfqu"rgnqu"oqvqtkuvcu"go"ig- Pcu" fqgp›cu" fq" vtcdcnjq" qw" tgncekqpcfcu" eqo"
tcn"*48.5'+."eqpfwvqtgu"fg"»pkdwu"*:.;'+."oqvqekenku- q" vtcdcnjq." q" ocn" u¿dkvq1guvtguug" eqttgurqpfgw" c"
vcu"*:.2'+."oqvqtkuvcu"fg"ecokpj«q"rgucfq"*8.6'+"g" 55.5'." qu" vtcwocvkuoqu" qw" ngu gu" c" 54.:'" g." eqo"
qwvtqu"*4.6'+0" korqtvcpvg"rctvkekrc›«q."c"rgtfc"cwfkvkxc"ecwucfc"rqt"
Pqu"cekfgpvgu"fg"vtclgvq."fguvcectco/ug"qu"oqvqtku- tw fq"tgurqpfgw"rqt"47.9'"fqu"tgikuvtqu0"
vcu"go"igtcn"*5.8'+."qu"oqvqekenkuvcu"*4.2'+"g"qu"oq-
vqtkuvcu"fg"»pkdwu"*3.:'+0"L "pcu"fqgp›cu"fq"vtcdcnjq" MOTOCICLISTA
uqdtguucgo"qu"oqvqtkuvcu"go"igtcn"*4.8'+."qu"fg"ecok-
pj«q"*3.;'+"g"qu"fg"»pkdwu."eqo"3.2'"*Vcdgnc"4+0 Qu" cekfgpvgu/vkrq" fguvc" ecvgiqtkc" hqtco" rtkpek-
C"rctvkt"fc"xctk xgn"Ñfguetk›«q"fqu"cekfgpvguÒ."u«q" rcnogpvg" qu" ejqswgu1eqnku gu" fg1eqo" oqvqekeng-
fguvcecfcu"cu"vt‒u"rtkogktcu"ecwucu"fqu"cekfgpvgu."go" vc" *77.;'" fqu" ecuqu+0" Go" ugiwkfc" x‒o" swgfc" fc"
ecfc"itwrq"fg"oqvqtkuvcu"cxcnkcfqu"*Vcdgnc"5+0" oqvqekengvc"*47'+"g"cvkpikfq"rqt"qdlgvq"cq"fktkikt"
*6.;'+0"
MOTORISTAS EM GERAL Pqu" cekfgpvgu" fg" vtclgvq." fguvcectco/ug" ejqswg1
eqnku«q"fg1eqo"oqvqekengvcu"*73.9'"fqu"ecuqu+."swg-
Gpvtg"qu"cekfgpvgu/vkrq."39.:'"qeqttgtco"rqt"ejq- fc"fq"oqvqtkuvc"*4:'+"g"cvkpikfq"rqt"qdlgvq"cq"fktkikt"
swg1eqnku«q=" 38.4'" hqtco" ecwucfqu" rqt" qdlgvqu" *7.;'+0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 66-78, jan./jun. 2008


ACIDENTES E DOENÇAS DO TRABALHO NOTIFICADAS, DE MOTORISTAS PROFISSIONAIS... 71

Tabela 2
Distribuição dos Acidentes do Trabalho de Motoristas, por Tipo de Acidente, segundo Agrupamentos Criados
Estado de São Paulo – 1997/1999

Acidente de Doenças do
Acidente-tipo Ignorado Total
Trajeto Trabalho
Agrupamentos Criados
Nos Abs. % Nos Abs. % Nos Abs. % Nos Abs. % Nos Abs. %

Total 11.782 80,9 1.273 8,7 909 6,3 603 4,1 14.567 100,0
Motorista de caminhão 4.217 28,9 86 0,6 278 1,9 142 1,0 4.723 32,4
Motoristas em geral 3.824 26,3 519 3,6 381 2,6 208 1,4 4.932 33,9
Motorista de ônibus 1.291 8,9 268 1,8 146 1,0 55 0,4 1.760 12,1
Motociclista 1.161 8,0 288 2,0 10 0,1 151 1,0 1.610 11,0
Motorista de caminhão pesado 926 6,4 45 0,3 59 0,4 29 0,2 1.059 7,3
Outros motoristas 363 2,4 67 0,4 35 0,3 18 0,1 483 3,3
Fonte: Teixeira (2005). Elaboração das autoras.

Tabela 3
Principais Descrições dos Acidentes, por Tipo, segundo Agrupamentos Criados
Estado de São Paulo – 1997/1999

Acidente-tipo Acidente de Trajeto Doenças do Trabalho


Agrupamentos
Criados
Descrição do Acidente % Descrição do Acidente % Descrição do Acidente %
Motorista geral Choques/colisões 17,8 Queda de motocicleta 18,1 Doenças do trabalho/
Objetos inanimados 16,2 Choque/colisão com motocicleta 17,3 Mal súbito/Estresse 33,3
Objetos cortantes/contundentes 14,5 Choque/colisão de veículos a Traumatismos ou lesões 32,8
motor 16,0 Surdez 25,7
Motociclistas Choques/colisões de/com Choques/colisões de/com Doenças do trabalho/
motocicletas 55,9 motocicletas 51,7 Mal súbito/Estresse 40,0
Queda de motocicleta 25,0 Queda 28,0 Surdez 20,0
Atingido por objeto ao dirigir 4,9 Atingido por objeto ao dirigir 5,9 Traumatismos ou lesões 10,0
Motorista de Quedas do caminhão 19,2 Choques/colisões de Doenças do trabalho/
caminhão Acidentes causados por motocicleta 19,8 Mal súbito/Estresse 46,8
acessórios de caminhões 14,2 Queda de motocicleta 11,6 Traumatismos ou lesões 40,3
Objetos inanimados 13,5 Choques/colisões 10,5 Surdez 9,7
Motorista de Acessórios de caminhão 17,8 Choques/colisões com Surdez 52,5
caminhão pesado Quedas 16,8 motocicleta 23,9 Mal súbito/Estresse 23,7
Choques/colisões 14,4 Choques/colisões de veículos Traumatismos ou lesões 20,3
a motor 17,4
Queda de motocicleta 15,2
Motorista de Quedas do ônibus 22,1 Quedas em vias públicas 19,9 Surdez 56,2
ônibus Esmagamentos 14,9 Quedas do ônibus 13,5 Doenças do trabalho/
Choques/colisões 14,2 Choques/colisões 11,6 Mal súbito/Estresse 28,8
Traumatismos ou lesões 8,9
Outros motoristas Choques/colisões 16,0 Colisões/choques 20,6 Doenças do trabalho/
Quedas em via pública 9,7 Choque/colisões com Mal súbito/Estresse 45,7
Doenças do trabalho/Mal súbito/ motocicletas 17,6 Traumatismos ou lesões 34,3
Estresse 8,8 Quedas com motocicletas 13,2 Surdez 8,6

Fonte: Teixeira (2005). Elaboração das autoras.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 66-78, jan./jun. 2008


72 MONICA LA PORTE TEIXEIRA/FRIDA MARINA FISCHER

Pcu"fqgp›cu"fq"vtcdcnjq."62'"eqttgurqpfgtco"c" cekfgpvgu" swg" tgikuvtctco" citguu gu" rqt" ctocu" fg"


ocn"u¿dkvq1guvtguug."42'"c"uwtfg|."g"32'"c"vtcwoc- hqiq"*7'+0"
vkuoqu"qw"ngu gu0 Swcpvq" cqu" cekfgpvgu" fg" vtclgvq." cu" swgfcu" go"
xkc" r¿dnkec" eqttgurqpfgtco" c" 3;.;'" fqu" ecuqu." cu"
MOTORISTA DE CAMINHÃO swgfcu"fq"»pkdwu"c"35.7'"g"qu"ejqswgu"g"eqnku gu"
c"33.8'0"
Gpvtg" qu" cekfgpvgu/vkrq." 3;.4'" hqtco" ecwucfqu" C"uwtfg|"vcodfio"hqk"tgikuvtcfc"rctc"qu"oqvqtkuvcu"
rqt" swgfcu" fq" ecokpj«q." 36.4'" hqtco" rtqxqec- fg" »pkdwu." eqo" ocku" fc" ogvcfg" fqu" ecuqu" *78.4'+"
fqu"rqt"ceguu„tkqu"fg"ecokpj gu"g"35.7'"rqt"qd- fcu"fqgp›cu"fq"vtcdcnjq="q"ocn"u¿dkvq1guvtguug"eqp-
lgvqu"kpcpkocfqu0" egpvtqw"4:.:'"g"qu"vtcwocvkuoqu"qw"ngu gu"tgrtgugp-
Cu"fguetk› gu"fqu"cekfgpvgu"fg"vtclgvq"oquvtctco" vctco":.;'0
swg"3;.:'"fqu"ecuqu"qeqttgtco"rqt"ejqswgu1eqnku«q"
eqo"oqvqekengvc."33.8'"rqt"swgfcu"fg"oqvqekengvc"g" OUTROS MOTORISTAS
32.7'"rqt"ejqswgu1eqnku gu0"
Pcu" fqgp›cu" fq" vtcdcnjq." q" ocn" u¿dkvq1guvtguug" Pqu"cekfgpvgu/vkrq."qu"ejqswgu"g"eqnku gu"tgrtgugpvc-
tgrtgugpvqw"68.:'"fqu"ecuqu."qu"vtcwocvkuoqu"qw"ng- tco"38'."cu"swgfcu"go"xkc"r¿dnkec"Þectco"eqo";.9'"
u gu"eqttgurqpfgtco"c"62.5'"g"c"uwtfg|"Þeqw"eqo" fqu"ecuqu"g"q"ocn"u¿dkvq1guvtguug"rtqxqeqw":.:'"fqu"
;.9'0" Guvgu" vt‒u" itwrqu" fg" fqgp›cu" tgrtgugpvctco" cekfgpvgu0"
;8.:'" fcu" fqgp›cu" fq" vtcdcnjq" rctc" qu" oqvqtkuvcu" Gpvtg"qu"cekfgpvgu"fg"vtclgvq."qu"ejqswgu"g"eqnku gu"
fg"ecokpj«q0 tgikuvtctco"42.8'"fqu"ecuqu."ugiwkfqu"rgnqu"ejqswgu"
g" eqnku gu" eqo" oqvqekengvcu" *39.8'+" g" swgfcu" eqo"
MOTORISTA DE CAMINHÃO PESADO oqvqekengvcu" *35.4'+0" Godqtc" p«q" guvglc" gpvtg" cu"
vt‒u" rtkogktcu" eqnqec› gu." fguvceqw/ug." pguvg" itwrq."
Gpvtg"qu"cekfgpvgu/vkrq."cu"vt‒u"rtkpekrcku"ecwucu"tg- c"swgfc"fg"vtgo."eqo"5.8'"fqu"ecuqu0
ikuvtcfcu<"cekfgpvgu"ecwucfqu"rqt"ceguu„tkqu"fg"ecok- Swcpvq" u"fqgp›cu"fq"vtcdcnjq."go"67.9'"guvcxco"
pj gu"qw"xg ewnqu"rgucfqu"*39.:'+="swgfcu"fq"ecok- tgikuvtcfqu"ocn"u¿dkvq1guvtguug."56.5'"eqttgurqpfg-
pj«q"*38.:'+="g"ejqswgu"g"eqnku gu"*36.6'+0" tco"c"vtcwocvkuoqu"qw"ngu gu"g":.8'"c"uwtfg|0"
Rctc"qu"cekfgpvgu"fg"vtclgvq."go"rtkogktq"nwict"x‒o"
qu"ejqswgu"g"cu"eqnku gu"eqo"oqvqekengvcu"*45.;'+." PARTES DO CORPO ATINGIDAS
ugiwkfqu" rqt" ejqswgu1eqnku«q" fg" xg ewnqu" c" oqvqt"
*39.6'+"g"swgfcu"fg"oqvqekengvc"*37.4'+0" Ugiwpfq"qu"tgikuvtqu."q"cekfgpvg"fq"vtcdcnjq"cvkpikw"
Pcu"fqgp›cu"fq"vtcdcnjq."guug"itwrq"fg"oqvqtkuvcu" fkxgtucu"rctvgu"fq"eqtrq"fq"vtcdcnjcfqt0"
vgxg"crgpcu"swcvtq"vkrqu"fg"fguetk› gu"fg"cekfgpvgu0" Rctc"c"ecvgiqtkc"oqvqtkuvc"igtcn,"qu"ogodtqu"kp-
C" uwtfg|" eqpegpvtqw." pc" rtkogktc" eqnqec›«q." c" og- hgtkqtgu" g" uwrgtkqtgu" hqtco" qu" ocku" cvkpikfqu" pqu"
vcfg"fqu"tgikuvtqu"*74.7'+."ugiwkfc"rqt"ocn"u¿dkvq1 cekfgpvgu/vkrq"g"fg"vtclgvq."eqo"63.5'"g"68.2'"fqu"
guvtguug" *45.9'+." vtcwocvkuoqu" qw" ngu gu" *42.5'+" g" ecuqu."tgurgevkxcogpvg0"Q"vtqpeq"hqk"c"rctvg"ocku"chg-
gzrquk›«q"cq"tw fq"*5.7'+0" vcfc"pcu"fqgp›cu"fq"vtcdcnjq"*6;.;'+0"Go"ecfc"wo"
fqu" vkrqu" fg" cekfgpvgu." cu" rctvgu" ocku" cvkpikfcu" hq-
MOTORISTA DE ÔNIBUS tco<"ogodtqu"kphgtkqtgu1rfiu"*38.3'+."ogodtqu"uw-
rgtkqtgu1o«qu"*34.:'+"g"ogodtqu"uwrgtkqtgu1fgfqu"
Cu" swgfcu" fq" »pkdwu" ejgictco" c" 44.3'" fcu" *34.6'+."rctc"qu"cekfgpvgu/vkrq="ogodtqu"kphgtkqtgu1
fguetk› gu" fqu" cekfgpvgu/vkrq." xkpfq." c" ugiwkt." gu- rgtpcu" *3:.:'+." ogodtqu" kphgtkqtgu1rfiu" *39.2'+"
ocicogpvqu" ecwucfqu" rqt" ceguu„tkqu" fg" »pkdwu" g" ogodtqu" uwrgtkqtgu1dtc›qu" *32.4'+." rctc" qu" cek-
*36.;'+"g"ejqswgu"g"eqnku gu"*36.4'+0"Godqtc"gu- fgpvgu" fg" vtclgvq=" vtqpeq" *6;.;'+" g" ecdg›c1qwxkfqu"
vglc" pc" swkpvc" rquk›«q." xcng" tguucnvct" cu" ecwucu" fqu" *46.;'+."rctc"cu"fqgp›cu"fq"vtcdcnjq0"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 66-78, jan./jun. 2008


ACIDENTES E DOENÇAS DO TRABALHO NOTIFICADAS, DE MOTORISTAS PROFISSIONAIS... 73

Rctc" qu" oqvqekenkuvcu. cu" rctvgu" fq" eqtrq" ocku" TAXAS DE INCIDÊNCIA,
cvkpikfcu."pqu"cekfgpvgu/vkrq."hqtco"qu"ogodtqu"kp- MORTALIDADE E LETALIDADE
hgtkqtgu"*64.4'+."ugpfq"swg"cu"rgtpcu"tgrtgugpvctco"
52.7'"g"qu"rfiu."33.9'0"Eqo"32.4'"fqu"ecuqu"Þec- Gpvtg"c"rqrwnc›«q"vtcdcnjcfqtc"pq"ugvqt"vtcpurqtvg."
tco" qu" ogodtqu" uwrgtkqtgu1dtc›qu0" Pqu" cekfgpvgu" 68.4'"tgukfkco"pq"kpvgtkqt"fq"Guvcfq"g"75.:'"pc"Tg-
fg"vtclgvq."vcodfio"fguvcectco/ug"qu"ogodtqu"kphg- ik«q"Ogvtqrqnkvcpc"g"Owpke rkq"fg"U«q"Rcwnq"*46.7'"
tkqtgu."eqo"65.:'"fqu"ecuqu"*ugpfq"53.5'"tghgtgpvgu" g"4;.5'."tgurgevkxcogpvg+0"
u"rgtpcu"g"34.7'"cqu"rfiu+."xkpfq"c"ugiwkt"q"vtqp- C" vczc" fg" kpekf‒pekc" gpeqpvtcfc" rctc" q" Guvcfq" fg"
eq"*:.2'+0"Pcu"fqgp›cu"fq"vtcdcnjq."tgikuvtctco/ug" U«q"Rcwnq."pguvg"guvwfq."hqk"fg"64.7"cekfgpvgu"rqt"okn"
62.2'" rctc" q" vtqpeq." 52.2'" rctc" qu" ogodtqu" uw- vtcdcnjcfqtgu."pq"rgt qfq"3;;9/3;;;0"Q"kpvgtkqt"fq"Gu-
rgtkqtgu1o«qu."42.2'"rctc"ecdg›c1qwxkfqu"g"32.2'" vcfq"crtgugpvqw"wo"kpfkecfqt"fg"74.:"cekfgpvgu"rqt"okn"
rctc"q"rgueq›q0 vtcdcnjcfqtgu."gpswcpvq"c"Tgik«q"Ogvtqrqnkvcpc"fg"U«q"
Pqu"cekfgpvgu/vkrq"qeqttkfqu"eqo"oqvqtkuvcu"fg"ec- Rcwnq"g"q"Owpke rkq"fg"U«q"Rcwnq"tgikuvtctco."tgurgevk-
okpj«q. qu"ogodtqu"kphgtkqtgu1rfiu"g"qu"ogodtqu"kp- xcogpvg."53.3"g"54.6"cekfgpvgu"rqt"okn"vtcdcnjcfqtgu0
hgtkqtgu1rgtpcu"tgrtgugpvctco"42.6'"g"33.;'."tgurge- C"vczc"fg"oqtvcnkfcfg"pq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq."pq"
vkxcogpvg."fcu"rctvgu"fq"eqtrq"ocku"cvkpikfcu."xkpfq"c" rgt qfq"guvwfcfq."gtc"fg"33"„dkvqu"rqt"32"okn"vtcdc-
ugiwkt"q"vtqpeq"eqo"33.7'0"Rctc"qu"cekfgpvgu"fg"vtclgvq." njcfqtgu."ugpfq"39"„dkvqu"rqt"fg|"okn"rctc"q"kpvgtkqt."
fguvcectco/ug"qu"ogodtqu"kphgtkqtgu1rgtpcu"*44.7'+." 8.8"rctc"c"Tgik«q"Ogvtqrqnkvcpc"fg"U«q"Rcwnq"g"7.2"
Þecpfq" gorcvcfqu." go" ugiwpfq" nwict." qu" ogodtqu" rctc"q"Owpke rkq"fg"U«q"Rcwnq0"
kphgtkqtgu1rfiu" g" qu" ogodtqu" uwrgtkqtgu1dtc›qu" eqo" Q"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq"crtgugpvcxc"woc"vczc"fg"
33.4'"fqu"cekfgpvgu0"Pcu"fqgp›cu"fq"vtcdcnjq."q"vtqpeq" ngvcnkfcfg"fg"48.2"„dkvqu"rqt"okn"ecuqu"fg"cekfgpvgu"
hqk"c"rctvg"fq"eqtrq"ocku"cvkpikfc."eqo"87.:'"fqu"ec- fq"vtcdcnjq0"Guug" pfkeg"eqttgurqpfkc"c"54.3"rctc"q"
uqu."ugiwkfq"rgnc"ecdg›c1qwxkfqu."eqo":.8'0" kpvgtkqt"fq"Guvcfq."43.2"rctc"c"Tgik«q"Ogvtqrqnkvcpc"
Rctc"qu"oqvqtkuvcu"fg"ecokpj«q"rgucfq."pqu"cek- g"37.6"rctc"c"ecrkvcn"*Vcdgnc"6+0
fgpvgu/vkrq." cu" vt‒u" rtkogktcu" rquk› gu" Þectco" eqo" C"itcxkfcfg"fq"cekfgpvg"rqfg"ugt"cpcnkucfc"rgncu"vc-
ogodtqu"kphgtkqtgu1rfiu."*39.5'+."ogodtqu"uwrgtkq- zcu"fg"ngvcnkfcfg"rctc"qu"citwrcogpvqu"etkcfqu."ugpfq"
tgu1fgfq"*33.5'+"g"vtqpeq"*32.5'+0"Pqu"cekfgpvgu"fg" swg"c"ecvgiqtkc"fqu"oqvqtkuvcu"go"igtcn"fguvceqw/ug."
vtclgvq." cu" rctvgu" ocku" cvkpikfcu" hqtco" qu" ogodtqu" eqo"55.;"„dkvqu"rqt"okn"vtcdcnjcfqtgu0"Q"itwrq"fqu"
kphgtkqtgu1rgtpcu" *37.8'+." c" ecdg›c" *35.5'+" g" qu" oqvqekenkuvcu"crtgugpvqw"vczcu"rt„zkocu"rctc"c"Tgik«q"
ogodtqu"uwrgtkqtgu1o«qu"*33.3'+0" Ogvtqrqnkvcpc"*33.;"„dkvqu"rqt"okn"vtcdcnjcfqtgu+"g"q"
Pcu"fqgp›cu"fq"vtcdcnjq."ecdg›c1qwxkfqu"*69.7'+" Owpke rkq"fg"U«q"Rcwnq"*34.4"„dkvqu"rqt"okn"vtcdcnjc-
g"vtqpeq"*4:.:'+"hqtco"cu"rctvgu"fq"eqtrq"ocku"cvkp- fqtgu+0"Eqo"swcug"53.9"g"6;"„dkvqu"rqt"okn"vtcdcnjc-
ikfcu." ugiwkfcu" rgnqu" ogodtqu" uwrgtkqtgu1dtc›qu." fqtgu."tgurgevkxcogpvg."qu"oqvqtkuvcu"fg"ecokpj«q"g"
eqo"32.4'"fqu"ecuqu0 qu"eqpfwvqtgu"fg"ecokpj«q"rgucfq"fguvcectco/ug"pq"
Rctc"qu"oqvqtkuvcu"fg"»pkdwu."cu"rctvgu"ocku"cvkpik- kpvgtkqt0"Qu"oqvqtkuvcu"fg"»pkdwu"tgikuvtctco"52.8"„dk-
fcu"pqu"cekfgpvgu/vkrq"hqtco"qu"ogodtqu"kphgtkqtgu1 vqu"rqt"okn"vtcdcnjcfqtgu"pc"Tgik«q"Ogvtqrqnkvcpc"g"
rfiu"*43.3'+."qu"ogodtqu"kphgtkqtgu1rgtpcu"*36.8'+" c" ecvgiqtkc" qwvtqu" oqvqtkuvcu" uqdtguuckw" pq" kpvgtkqt."
g"q"vtqpeq"*34.2'+0"Pqu"cekfgpvgu"fg"vtclgvq."qu"ogo- eqo"54.2"„dkvqu"rqt"okn"vtcdcnjcfqtgu"*Vcdgnc"7+0
dtqu"kphgtkqtgu1rfiu"tgrtgugpvctco"45.9'"fqu"ecuqu."
qu"ogodtqu"kphgtkqtgu1rgtpcu"33.5'"g"qu"ogodtqu" INCAPACIDADE E ÓBITO
uwrgtkqtgu1dtc›qu"32.;'0"Eqo"fguvcswg."pc"ecuc"fqu"
77.2'."qu"oqvqtkuvcu"fg"»pkdwu"vkxgtco"c"ecdg›c1qw- Cxcnkcfcu"cu"eqpugs¯‒pekcu"fqu"cekfgpvgu"fq"vtcdcnjq."
xkfqu"eqoq"cu"rctvgu"fq"eqtrq"ocku"cvkpikfcu"rctc"cu" xgtkÞeqw/ug"swg"c"kpecrcekfcfg"vgorqt tkc"tgrtgugp-
fqgp›cu"fq"vtcdcnjq."ugiwkfcu"rgnq"vtqpeq"*43.;'+"g" vqw" ;6.5'" fqu" ecuqu" cpcnkucfqu." c" kpxcnkfg|" rgtoc-
ogodtqu"kphgtkqtgu1rgtpcu"*8.4'+0 pgpvg"eqttgurqpfgw"c"3.5'"g"q"„dkvq"c"4.8'0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 66-78, jan./jun. 2008


74 MONICA LA PORTE TEIXEIRA/FRIDA MARINA FISCHER

Tabela 4
Proporção da População do Setor Transporte de 18 a 69 anos, Taxas de Incidência, Mortalidade e Letalidade
Estado de São Paulo, Região Metropolitana de São Paulo, Município de São Paulo e Interior – 1997/1999
Em porcentagem

Proporção da População do Taxas


Região Metropolitana, Município de São Paulo
Setor Transporte de
e Interior do Estado
18 a 69 anos Incidência (1) Mortalidade (2) Letalidade (1)

Estado de São Paulo 100,0 42,5 11,0 26,0

Região Metropolitana de São Paulo 24,5 31,1 6,6 21,0

Município de São Paulo 29,3 32,4 5,0 15,4

Interior do Estado 46,2 52,8 17,0 32,1

Fonte: Teixeira (2005). Elaboração das autoras.


(1) Por mil motoristas/trabalhadores.
(2) Por 10.000 motoristas/trabalhadores.

Tabela 5
Taxa de Letalidade, por Agrupamentos Criados
Estado de São Paulo, Região Metropolitana de São Paulo, Município de São Paulo e Interior – 1997/1999
Em porcentagem

Motorista de
Região Metropolitana, Município de Motoristas Motorista de Motorista Outros
Motociclista Caminhão Total
São Paulo e Interior do Estado em Geral Caminhão de Ônibus Motoristas
Pesado

Estado de São Paulo 27,8 12,4 26,7 44,4 22,2 20,7 26,0

Região Metropolitana de São Paulo 18,3 11,9 19,3 41,0 30,6 21,3 21,0

Município de São Paulo 15,4 12,2 13,2 31,7 19,4 6,5 15,4

Interior do Estado 33,9 9,5 31,7 49,0 21,6 32,0 32,1

Fonte: Teixeira (2005). Elaboração das autoras.

Cq" cpcnkuct" ecfc" vkrq" fg" eqpugs¯‒pekc" fq" vtcdcnjq" vcu"32.;'."qu"oqvqtkuvcu"fg"ecokpj«q"rgucfq"8.8'"g"


ugiwpfq"qu"xqnwogu"fg"chcuvcogpvq"fg"ecfc"itwrq"fg" qu"qwvtqu"oqvqtkuvcu"9.3'0"
oqvqtkuvcu."qdugtxqw/ug"swg"hqtco"chcuvcfqu"rqt"kpecrc- Qdugtxqw/ug"swg"qu"„dkvqu"tguwnvcpvgu"fg"cekfgp-
ekfcfg"vgorqt tkc"55.:'"fqu"oqvqtkuvcu"go"igtcn."54.7'" vgu" fq" vtcdcnjq" rctc" qu" oqvqtkuvcu" go" igtcn" hqtco"
fqu"eqpfwvqtgu"fg"ecokpj«q."34.4'"fqu"oqvqtkuvcu"fg" fg" 58.3'" fqu" ecuqu." ugpfq" swg" 55.4'" fguvgu" gtco"
»pkdwu."33.4'"fqu"oqvqekenkuvcu."9.3'"fqu"oqvqtkuvcu"fg" fg" oqvqtkuvcu" fg" ecokpj«q0" Go" ogpqt" rtqrqt›«q."
ecokpj«q"rgucfq"g"5.5'"fg"qwvtqu"oqvqtkuvcu0" ocu"p«q"ogpqu"tgngxcpvg."qu"oqvqtkuvcu"fg"ecokpj«q"
Pq" etkvfitkq" fc" kpxcnkfg|." qu" oqvqtkuvcu" go" igtcn" rgucfq"tgrtgugpvctco"34.6'."qu"fg"»pkdwu"32.5'."qu"
tgrtgugpvctco" 54.4'." qu" oqvqtkuvcu" fg" ecokpj«q" oqvqekenkuvcu"7.5'"g"qu"qwvtqu"oqvqtkuvcu"4.8'"fqu"
49.;'."qu"oqvqtkuvcu"fg"»pkdwu"37.5'."qu"oqvqekenku- ecuqu"hcvcku"*Vcdgnc"8+0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 66-78, jan./jun. 2008


ACIDENTES E DOENÇAS DO TRABALHO NOTIFICADAS, DE MOTORISTAS PROFISSIONAIS... 75

Tabela 6
Distribuição dos Acidentes do Trabalho, por Tipo de Conseqüência, segundo Agrupamentos Criados
Estado de São Paulo – 1997/1999
Em porcentagem

Conseqüência do Acidente do Trabalho


Agrupamentos Criados
Incapacidade
Invalidez Óbito Ignorado Total
Temporária
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Motoristas em geral 33,8 32,2 36,1 34,3 33,9
Motorista de caminhão 32,5 27,9 33,2 32,8 32,4
Motorista de ônibus 12,2 15,3 10,3 8,7 12,1
Motociclista 11,2 10,9 5,3 13,2 11,0
Motorista de caminhão pesado 7,1 6,6 12,4 7,2 7,3
Outros motoristas 3,3 7,1 2,6 3,8 3,3

Fonte: Teixeira (2005). Elaboração das autoras.

IMPLICAÇÕES E AGRESSÕES À SAÚDE cdtcpi‒pekc" igqit Þec." swg" eqortggpfgw" vqfqu" qu"
DOS MOTORISTAS PROFISSIONAIS owpke rkqu"fq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq0
Qu"cekfgpvgu"fq"vtcdcnjq."godqtc"rtqxcxgnogpvg"
Q" guvwfq" fc" rqrwnc›«q" fg" vtcdcnjcfqtgu" fq" ugvqt" guvglco" uwdpqvkÞecfqu." u«q" pwogtququ0" Qu" cekfgp-
vtcpurqtvg"vgttguvtg"rgtokvkw"cxcnkct"cu"rquu xgku"ko- vgu/vkrq"tgrtgugpvco."rctc"q"owpfq"g"rctc"q"Dtcukn"
rnkec› gu"gpvtg"q"codkgpvg"fg"vtcdcnjq"g"c"qeqtt‒pekc" *DTCUKN." 4225." 4226+." c" ockqtkc" fqu" ecuqu0" Pguvg"
fg"citguu gu" "uc¿fg0"Qu"360789"cekfgpvgu"fq"vtcdc- guvwfq."guvgu"hqtco."vcodfio."qu"swg"rtgfqokpctco"
njq"cpcnkucfqu"oquvtctco"wo"rcpqtcoc"fc"ukvwc›«q" go":3.2'"fq"vqvcn0"Fguvceco/ug."gpvtg"q"citwrcogp-
gzkuvgpvg." fguvcecpfq/ug" qu" ecuqu" ocku" htgs¯gpvgu" g" vq"fg"oqvqtkuvcu."qu"oqvqekenkuvcu"owkvq"lqxgpu"*42"c"
cswgngu" swg" crtgugpvco" ockqt" tkueq" cq" vtcdcnjcfqt" 46"cpqu+"g"eqo"itcpfg"p¿ogtq"fg"ecuqu"tgikuvtcfqu"
pq"gzgte ekq"fg"uwc"rtqÞuu«q0" fg"cekfgpvgu0"Ognnq"Lqtig"g"qwvtqu"*4223+."go"guvwfq"
Woc" fcu" swguv gu" hwpfcogpvcku" rctc" q" guvw- tgcnk|cfq"eqo"cekfgpvgu"fg"oqvqekengvc."vcodfio"qd-
fq" fqu" cekfgpvgu" fq" vtcdcnjq" fi" c" hqpvg" fg" fcfqu" ugtxctco"swg"c"ockqtkc"fg"cekfgpvcfqu"gtc"eqorquvc"
*YCNFXQIGN=" VGKZGKTC." 4226+0" Gzkuvgo" vtc- rqt"cfwnvqu"lqxgpu"fq"ugzq"ocuewnkpq."fc"hckzc"gv tkc"
dcnjqu"swg"ug"dcugkco"go"rguswkucu"fg"ecorq."pcu" fg"37"c"46"cpqu0
swcku" qu" gpvtgxkuvcfqu" fguetgxgo" ugwu" cekfgpvgu" g" Swcpfq" cpcnkucfcu" cu" fguetk› gu" fqu" vkrqu" fg"
eqpfk› gu" fg" vtcdcnjq" *DTCPFËQ" gv" cn0." 3;;7=" cekfgpvgu" qeqttkfqu" eqo" qu" vtcdcnjcfqtgu" fq" ugvqt"
HCTKC."4223+="qwvtqu"wvknk|co"tgikuvtqu"cfokpkuvtcvk- vtcpurqtvg."gzegvq"cekfgpvgu/vkrq"rctc"qu"oqvqtkuvcu"
xqu."pqu"swcku"cu"rtkpekrcku"hqpvgu"fg"kphqtoc›«q"u«q" fg"ecokpj«q."go"vqfqu"qu"itwrqu"hqtco"qdugtxcfqu."
cu"ECVu"g"cu"Fgenctc› gu"fg"ðdkvqu"*OCEJCFQ=" eqoq" rtkpekrcku" ecwucu" pc" fguetk›«q" fqu" cekfgpvgu."
IðOG¥."3;;7="YCNFXQIGN."3;;;="VGKZGKTC=" qu"ejqswgu1eqnku gu0"Fcfqu"ngxcpvcfqu"rgnq"PKQUJ"
HTGKVCU." 4225+0" C" ockqtkc" fcu" cp nkugu" gzkuvgpvgu" *4226+"oquvtco"swg"qu"cekfgpvgu"swg"vkxgtco"eqoq"
uqdtg"q"vgoc"fg"cekfgpvgu"fq"vtcdcnjq"tghgtg/ug"c"gu- fguetk›«q"eqnku gu"g"ejqswgu"gpvtg"xg ewnqu"qewrcxco"
vwfqu" fg" ecuq" qw" guvwfqu" eqo" tgcu" nkokvcfcu0" Pq" c"rtkogktc"rquk›«q0"Qu"hcvqtgu"cuuqekcfqu"cq"ejqswg"
rtgugpvg" vtcdcnjq." go" rctvkewnct." rqfg/ug" fguvcect" c" kpenw tco" uckt" fq" ecokpj«q" *68'+." fktkikt" cekoc" fq"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 66-78, jan./jun. 2008


76 MONICA LA PORTE TEIXEIRA/FRIDA MARINA FISCHER

nkokvg"rgtokvkfq"*45'+."hcnvc"fg"cvgp›«q"*33'+."uqpq- guvtguug"go"vqfqu"qu"itwrqu"fg"oqvqtkuvcu"cpcnkucfqu"
n‒pekc"qw"fqtokt"cq"xqncpvg"*9'+0"Go":'"fqu"ejq- pguvg"guvwfq0
swgu"qu"eqpfwvqtgu"jcxkco"dgdkfq0 Guvwfqu"fq"PKQUJ"oquvtctco"swg"qu"oqvqtkuvcu"
C"rgtfc"cwfkvkxc."uwtfg|."hqk"fguetkvc"eqoq"woc"fcu" fg"ecokpj gu"rgucfqu"crtgugpvctco"q"ockqt" pfkeg"
rtkpekrcku"ecwucu"fcu"fqgp›cu"fq"vtcdcnjq"go"vqfqu"qu" fg" „dkvqu." eqo" 4:.2'" fqu" ecuqu" guvwfcfqu0" Gpvtg"
itwrqu" fg" oqvqtkuvcu." uqdtgvwfq" rctc" qu" eqpfwvqtgu" 3;;4"g"4223."guugu"rtqÞuukqpcku"tgrtgugpvctco"c"og-
fg"ecokpj«q"g"»pkdwu."rctc"qu"swcku"c"rtqrqt›«q"hqk" vcfg" fcu" oqtvgu" fqu" oqvqtkuvcu" go" igtcn" *PKQUJ."
uwrgtkqt"c"72'0"Eqtt‒c"Hknjq"gv"cn0"*4224+"gpeqpvtctco" 4226+0
cuuqekc›«q"rqukvkxc"gpvtg"q"vgorq"fg"cvwc›«q"go"qew-
rc› gu"fg"gzrquk› gu"cq"tw fq"g"c"rgtfc"cwfkvkxc"kpfw- CONSIDERAÇÕES FINAIS
|kfc"rqt"tw fq"*Rckt+0"Fqu"326"ecuqu"fg"oqvqtkuvcu"fg"
»pkdwu"cpcnkucfqu."54.9'"fq"vqvcn"crtgugpvctco"rgtfc" Guvg"guvwfq"vtc›qw"wo"rgtÞn"fqu"cekfgpvgu"fq"vtcdc-
cwfkvkxc0"J "woc"icoc"fg"hcvqtgu"fg"tkueq"swg"rqfgo" njq"fg"oqvqtkuvcu"tgukfgpvgu"pq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq."
igtct"rtqdngocu"fg"uc¿fg"rctc"oqvqtkuvcu."gpvtg"gngu<" eqo"dcug"pqu"tgikuvtqu"cfokpkuvtcvkxqu"fc"Rtgxkf‒p-
rgtkiq" eqpuvcpvg=" rquk› gu" kpe»oqfcu=" guhqt›qu" h uk- ekc" Uqekcn." go" gurgekcn" c" ECV0" Cu" nkokvc› gu" fguvg"
equ="tgrgvkvkxkfcfg="oqpqvqpkc="vgorgtcvwtc"kpcfgswc- guvwfq"kpenwgo<"qu"vtcdcnjcfqtgu"kphqtocku"swg"p«q"
fc"pqu"codkgpvgu"fg"vtcdcnjq="rtguu«q"fqu"vgorqu"c" eqpuvco"fcu"dcugu"fg"fcfqu"eqpuwnvcfcu="g"rtqdngocu"
ewortkt="guvcfq"fg"cngtvc"eqpuvcpvg0"Vqfq"guvg"eqplwp- fg"rtggpejkogpvq"fqu"tgikuvtqu0"
vq"fg"hcvqtgu"ngxc"qu"vtcdcnjcfqtgu"c"wo"fguicuvg"h uk- Woc"fcu"eqpvtkdwk› gu"fguvg"vtcdcnjq"tghgtg/ug" "
eq."ogpvcn"g"rukeqn„ikeq"*UCPVQU."4226="CNOGKFC." gncdqtc›«q"fqu"kpfkecfqtgu"fg"kpekf‒pekc."oqtvcnkfc-
4223="DTQYP."3;;4+0 fg"g"ngvcnkfcfg"rctc"woc" tgc"igqit Þec"cdtcpigpvg0"
Q"guvcfq"fg"cngtvc"Ï"ecrcekfcfg"fg"ocpvgt"q"hqeq" C"etkc›«q"fg"citwrcogpvqu"gurge Þequ"fc"qewrc›«q"
fg"cvgp›«q"uqdtg"wo"fcfq"guv ownq"rqt"vgorq"rtq- oqvqtkuvc" rgtokvkw" tgcnk|ct" cp nkugu" ocku" rtgekucu" g"
nqpicfq"Ï"fi"woc"fcu"gzki‒pekcu"eqipkvkxcu"fq"vtcdcnjq" fgvcnjcfcu"fqu"cekfgpvgu"fg"vt¤pukvq"g"fqu"oqvqtkuvcu"
fg"oqvqtkuvcu0"Q"itcpfg"p¿ogtq"fg"hcvqtgu"fg"tkuequ" rtqÞuukqpcku"cekfgpvcfqu0"
cuuqekcfqu" " cvkxkfcfg" fqu" oqvqtkuvcu" rtqÞuukqpcku" Qu" fcfqu" cswk" crtgugpvcfqu" rqfgo" cwzknkct" pqu"
g"qu"j dkvqu"fg"xkfc"p«q"ucwf xgku"htgs¯gpvgu"pguvg" rtqitcocu"fg"rtgxgp›«q"fc"qeqtt‒pekc"fguvgu"gxgp-
itwrq"qewrcekqpcn"rqfgo"ngx /nqu"c"ukpvqocu"fg"ocn" vqu."uglc"pc"hqtoc›«q"fg"rtqitcocu"fg"vtgkpcogpvq"
u¿dkvq"g"guvtguug. gpvtg"qwvtqu"rtqdngocu"korqtvcpvgu swg"kpenwco"kphqtoc› gu"fg"uc¿fg"rctc"guvc"ecvgiqtkc"
fg" uc¿fg" *OQTGPQ=" HKUEJGT=" TQVGPDGTI." rtqÞuukqpcn."uglc"pc"ecrcekvc›«q"fg"gswkrgu"fg"gogt-
4225+." q" swg" rqfg." rgnq" ogpqu" go" rctvg." gzrnkect" i‒pekc." vtcvcogpvq" g" tgcdknkvc›«q" fguvg" korqtvcpvg"
rqt"swg"hqtco"tgikuvtcfcu"cu"ecwucu"fg"ocn"u¿dkvq1 itwrq"qewrcekqpcn0

Referências Bibliográficas DTCUKN0"Okpkuvfitkq"fc"Rtgxkf‒pekc"Uqekcn0"Acidentes de trabalho<"


tkueq"g"eqpugs¯‒pekcu0"Dtcu nkc0"Fkurqp xgn"go<">jvvr<11yyy0
oru0iqx0dt@0"Ceguuq"go"47"ockq"42260
CNOGKFC." K0O0" Construindo a culpa e evitando a prevenção<"
ecokpjqu"fc"kpxguvkic›«q"fg"cekfgpvgu"fq"vtcdcnjq"go"gortgucu"
fg"owpke rkq"fg"rqtvg"ofifkq0"Dqvwecvw."U«q"Rcwnq13;;90"Vgug" aaaaaa0" Indicadores de acidentes do trabalho0" Fkurqp xgn" go<"
*Fqwvqtcfq+"Ï"Hcewnfcfg"fg"Uc¿fg"R¿dnkec"fc"WUR."U«q"Rcwnq." >jvvr<11yyy0oru0iqx0dt@0"Ceguuq"go<"47"lwp0"42250
42230
DTQYP."K0F0"Ceekfgpv"tgrqtvkpi"cpf"cpcn{uku0"Kp<"YKNUQP."
DTCPFËQ." G0Q0" gv" cn0" Cewkfcfg" xkuwcn" fg" oqvqtkuvcu" fg" L0T0=" EQTNGVV." G0O0" *Gf0+0" Evaluation of human work0" C"
xg ewnqu" rgucfqu" pwoc" tqfqxkc" fg" itcpfg" ektewnc›«q<"
rtqdngo vkec"g"uwiguv gu0"Arq. Bras. de Oftalmologia."U«q"Rcwnq." rtcevkecn"gtiqpqokeu"ogvjqfqnqi{0"Nqpfqp<"Vc{nqt"("Htcpeku."
x0"7:."p0"4."r0"343/348."3;;70 3;;40"r0"997/99:0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 66-78, jan./jun. 2008


ACIDENTES E DOENÇAS DO TRABALHO NOTIFICADAS, DE MOTORISTAS PROFISSIONAIS... 77

EçOCTC."Q0"Q"tkueq"fg"cekfgpvgu"gpvtg"oqvqtkuvcu"rtqÞuukqpcku" OCEJCFQ."L0O0J0="IðOG¥."E0O0"Cekfgpvgu"fg"vtcdcnjq<"
go" hwp›«q" fg" guvtguug" g" hcfkic0" Revista Abramet." U«q" Rcwnq." eqpegr› gu" g" fcfqu0" Kp<" OKPC[Q." O0E0U0" *Qti0+0" Os muitos
p0"52."r0"53/57."3;;;0 Brasis<"uc¿fg"g"rqrwnc›«q"pc"ffiecfc"fg":20"U«q"Rcwnq<"Jwekvge1
Cdtcueq."3;;70"r0"33:/3640
ECOGTKPQ." F0" gv" cn0" Rwdnke" vtcpurqtvcvkqp" ftkxkpi" cpf"
fkuqtfgtu"qh "vjg"xgtvgdtcn"urkpg<"uwdlgevkxg"gxcnwcvkqp"qh "vjg" OGNNQ"LQTIG."O0J0R0"gv"cn0"Cekfgpvgu"fg"oqvq"pq"Þpcn"fq"
tkumu0"Med Lav."x0"::."p0"7."r0"5:4/5;7."3;;90 ugiwpfq"okn‒pkq<"guvwfq"fqu"rcekgpvgu"kpvgtpcfqu"pq"Owpke rkq"
fg"U«q"Rcwnq0"Revista Abramet."U«q"Rcwnq."x0"ZKZ."p0"58."r0"75/
EQTTèC"HKNJQ."J0T0"Percepção de riscos na ocupação precedendo 84."42230
lesões do trabalho<" wo" guvwfq" pq" owpke rkq" fg" Ecorkpcu." U«q"
Rcwnq." 3;;4/3;;50" Vgug" *Fqwvqtcfq+" Ï" Hcewnfcfg" fg" Uc¿fg" OQTGPQ." E0T0E0=" HKUEJGT." H0O0=" TQVGPDGTI." N0" C"
R¿dnkec"fc"WUR."U«q"Rcwnq."3;;60 uc¿fg" fq" vtcdcnjcfqt" pc" uqekgfcfg" 46" jqtcu0" São Paulo em
Perspectiva." U«q" Rcwnq." Hwpfc›«q" Ugcfg." x0" 39." p0" 3." r0" 56/68."
lcp01oct0"42250
EQTTèC"HKNJQ."J0T0"gv"cn0"Rgtfc"cwfkvkxc"kpfw|kfc"rqt"tw fq"
g"jkrgtvgpu«q"go"eqpfwvqtgu"fg"»pkdwu0"Rev. Saúde Pública."x0"58."
OQTGPQ."E0T0E0="RCUSWC."K0="ETKUVQHQNGVVK."H0"Vwtpqu"
r0"8;5/923."42240 kttgiwnctgu"g"uwc"kpàw‒pekc"pqu"j dkvqu"cnkogpvctgu"g"fg"uqpq0"
Q"ecuq"fqu"oqvqtkuvcu"fg"ecokpj«q0"Revista Abramet."U«q"Rcwnq."
FGPCVTCP"Ï"Fgrctvcogpvq"Pcekqpcn"fg"Vt¤pukvq0"Anuário p0"58."r0"39/46."42230
Estatístico de Acidentes de Trânsito0"Dtcu nkc."422:0"Fkurqp xgn"go<"
>jvvr<11yyy0fgpcvtcp0iqx0dt@0"Ceguuq"go<"52"ciq0"422:0 PKQUJ"Ï"Pcvkqpcn"Kpuvkvwvg"hqt"Qeewrcvkqpcn"Uchgv{"cpf"Jgcnvj0"
La prevención de lesiones y muerte del trabajador como consecuencia de
FWHH[."E0="OE"IQNFTKEM."C0G0"Uvtguu"cpf"vjg"dwu"ftkxgt" ejqswgu"cwvqoqxkn uvkequ"tgncekqpcfqu"eqo"gn"vt Þeq0"Ycujkpivqp."F0E0"
kp"vjg"WM"Vtcpurqtv"Kpfwuvt{0"Work and Stress."Nqpfqp."x0"6." Fkurqp xgn"go<">jvvr<11yyy0efe0iqx1urcpkuj1pkquj"@0"Ceguuq"
p0"3."r0"39/49."3;;20 go<"33"ciq0"42260

HCTKC." I0H0" Cpvk/jkrgtvgpukxqu" g" cphgvcokpc<" cnvq" tkueq" fg" UCPVQU."G0J0T0"gv"cn0"Unggr"cpf"unggrkpguu"coqpi"Dtc|knkcp"ujkhv"


cekfgpvg" fg" vt¤pukvq0" Kp<" EQPITGUUQ" DTCUKNGKTQ" FG" yqtmkpi"dwu"ftkxgtu0"Chronobiol Int.,"x0"43."p0"8."r0"::3/:::."42260
GPHGTOCIGO0"Anais..."Ewtkvkdc."42230
VGKZGKTC."O0N0R0"Cekfgpvgu"g"fqgp›cu"fq"vtcdcnjq"fg"rtqÞuukqpcku"fq"
HKUEJGT."H0O0"gv"cn0"Korcevqu"fq"vtcdcnjq"go"vwtpqu"g"pqvwtpq" setor transporte<"cp nkug"fqu"oqvqtkuvcu"pq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq."
pc"uc¿fg"g"dgo/guvct"fq"oqvqtkuvc"rtqÞuukqpcn0"Kp<"Ergonomia 3;;9" c" 3;;;0" Fkuugtvc›«q" *Oguvtcfq+" Ï" Hcewnfcfg" fg" Uc¿fg"
e qualidade de vida no setor transporte0"Dtcu nkc."Uguv1Ugpcv."42230" R¿dnkec"fc"WUR."U«q"Rcwnq."42270
r0"53/680"*Eqngv¤pgc"fqu"Vgzvqu"Vfiepkequ+0
VGKZGKTC."O0N0R0="HTGKVCU."T0O0X0"Cekfgpvgu"fq"vtcdcnjq"
HKUEJGT."H0O0="OQTGPQ."E0T0E0="TQVGPDGTI."N0"Trabalho twtcn" pq" kpvgtkqt" rcwnkuvc0" São Paulo em Perspectiva, U«q" Rcwnq."
em turnos na sociedade 24 horas0"U«q"Rcwnq<"Cvjgpgw."42260 Hwpfc›«q"Ugcfg."x0"39."p0"4."r0":3/;2."42250

KDIG"Ï"Kpuvkvwvq"Dtcukngktq"fg"IgqitcÞc"g"Guvcv uvkec0"Fkurqp - YCNFXQIGN."D0E0"Acidentes do trabalho<"xkfc"cvkxc"kpvgttqorkfc0"


xgn"go<">jvvr<11yyy0kdig0eqo0dt@0"Ceguuq"go<"44"lwp0"42270 Pqxqu"fgucÞqu"go"uc¿fg"g"ugiwtcp›c"pq"vtcdcnjq."42230"Dgnq"
Jqtk|qpvg."RWE/Okpcu1Hwpfcegpvtq."42230"r"58/640
KRGC" Ï" Kpuvkvwvq" fg" Rguswkuc" Geqp»okec" Crnkecfc0" Impactos aaaaaa0" Acidentes do trabalho – os casos fatais<" c" swguv«q" fc"
sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nas aglomerações urbanas kfgpvkÞec›«q"g"fc"ogpuwtc›«q0"Vgug"*Fqwvqtcfq+"Ï"Hcewnfcfg"
brasileiras0"Fkurqp xgn"go<">jvvr<11yyy0krgc0iqx0dt"@0"Ceguuq" fg"Uc¿fg"R¿dnkec"fc"WUR."U«q"Rcwnq."3;;;0
go<"44"lwp0"42250
YCNFXQIGN."D0E0="VGKZGKTC."O0N0R0"Fq"swg"gngu"guv«q"
NCWTGPVK."T0"gv"cn0"Estatísticas de Saúde0"40"gf0"tgx0"g"cornkcfc0" oqttgpfqA" Revista Proteção." Pqxq" Jcodwtiq." TU." x0" 36:." r0"
U«q"Rcwnq<"GRW."42270"x0"30"436"r0 77/84."cdt0"42260

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 66-78, jan./jun. 2008


78 MONICA LA PORTE TEIXEIRA/FRIDA MARINA FISCHER

MONICA LA PORTE TEIXEIRA


Matemática, Mestre em Saúde do Trabalhador, Analista da Fundação Seade.
*oncrqtvgBugcfg0iqx0dt+

FRIDA MARINA FISCHER


Bióloga, Professora Titular do Departamento de Saúde Ambiental, Faculdade de Saúde Pública USP.
*hoÞuejgBwur0dt+

Ctvkiq"tgegdkfq"go"4"fg"lwnjq"fg"422:0
Crtqxcfq"go":"fg"ugvgodtq"fg"422:0

Eqoq"ekvct"q"ctvkiq<
VGKZGKTC."O0N0R0="HKUEJGT."H0O0"Cekfgpvgu"g"fqgp›cu"fq"vtcdcnjq"pqvkÞecfcu."fg"oqvqtkuvcu"rtqÞuukqpcku"fq"Guvcfq"
fg" U«q" Rcwnq0" São Paulo em Perspectiva." U«q" Rcwnq." Hwpfc›«q" Ugcfg." x0" 44." p0" 3." r0" 88/9:." lcp01lwp0" 422:0" Fkurqp xgn" go<"
>jvvr<11yyy0ugcfg0iqx0dt@=">jvvr<11yyy0uekgnq0dt@0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 66-78, jan./jun. 2008


O RECORTE RACIAL NO ESTUDO DAS
DESIGUALDADES EM SAÚDE
E STELA M. G ARCÍA DE P INTO DA C UNHA

Resumo: No artigo se esboça um panorama atual das condições de vida e seu impacto sobre a saúde da população segundo raça/cor, no país
e no Estado de São Paulo, utilizando informações procedentes de fontes secundárias.
Palavras-chave: Desigualdades raciais. Saúde. Mortalidade infantil. Mortalidade materna.

Abstract: The article discusses an actual situation of living conditions and their impact on health of the population according race in
the country and in the State of Sao Paulo, using information from secondary sources.
Key words: Racial inequalities. Health. Infant Mortality. Maternal Mortality.

E
studos que trazem à tona a questão das desigualda-
fgu"uqekcku"g"q"korcevq"pc"uc¿fg"fc"rqrwnc›«q"hc|go"rctvg"fc"cpvkic"vtcfk›«q"dtcukngktc"pcu"tgàgz gu"eqpegkvwcku"
e metodológicas, incorporando diferentes referenciais analíticos e abordagens interdisciplinares.
Cu" o¿nvkrncu" fkogpu gu" fcu" kpks¯kfcfgu" go" uc¿fg" egpvtcfcu" pq" guvwfq" fcu" fgvgtokpc› gu" guvtwvwtcku" fc"
uqekgfcfg"dtcukngktc"Ï"eqpfk› gu"fg"xkfc."ukvwc› gu"fg"rqdtg|c."kfgpvkÞec›«q"fg"itwrqu"fg"tkueq."gpvtg"qwvtcu"Ï"g"
uwc"eqttgurqpf‒pekc"eqo"cu"eqpfk› gu"fg"uc¿fg"hqtco"corncogpvg"gzrnqtcfcu."rgtokvkpfq"eqpvct"pc"cvwcnkfc-
fg"eqo"wo"ce¿ownq"ukipkÞecvkxq"fg"rtqfw›«q"ekgpv Þec0
Os resultados destas pesquisas adquiriram suma importância, subsidiando o desenho e a implementação de
rqn vkecu"r¿dnkecu"g"rtqitcocu"uqekcku"eqoq"cnvgtpcvkxcu"ecrc|gu"fg"tgxgtvgt"qw"okvkict"q"swcftq"fg"rqdtg|c."
gzenwu«q"g"kpks¯kfcfgu"go"uc¿fg0
Posteriormente, surgiu no cenário nacional uma linha de pesquisa referida à saúde da população afro-descen-
fgpvg"egpvtcfc"pwoc"xku«q"uqekqgeqp»okec."cflwfkecpfq"cu"fkhgtgp›cu"gpeqpvtcfcu"uqogpvg" "fgvgtokpc›«q"
fcu"eqpfk› gu"fg"xkfc"c"swg"guuc"rqrwnc›«q"guvctkc"gzrquvc0"
Mais recentemente, ampliou-se o escopo temático mediante o reconhecimento de doenças que encontram
tgurcnfq"ekgpv Þeq"eqpuqnkfcfq"rctc"ugtgo"eqpukfgtcfcu"ocku"rtgxcngpvgu"pc"rqrwnc›«q"pgitc."go"xktvwfg"fq"
condicionamento de fatores genéticos com efeitos diretos ou indiretos na saúde desse subgrupo populacional.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 79-91, jan./jun. 2008


80 ESTELA M. GARCÍA DE PINTO DA CUNHA

Em que pese o acúmulo de conhecimentos so- Na Tabela 1 apresenta-se uma síntese de indica-
dtg"c"uc¿fg"ugiwpfq"tc›c1eqt."cetgfkvc/ug"swg"gzku- fqtgu"uqekqgeqp»okequ"swg"eqttqdqtctco"q"swcftq"
vgo" ckpfc" itcpfgu" fgucÞqu" c" ugtgo" gpectcfqu" pc" fg" fgukiwcnfcfg" tcekcn" gzkuvgpvg" pq" rc u<" gpswcpvq"
produção de conhecimento sobre esse tema. Nesse 26% da população declarada como branca pode ser
ugpvkfq."eqpukfgtc/ug"korqtvcpvg"swg"pqxqu"guvwfqu" considerada pobre, para os negros essa porcentagem
hqswgo"uwcu"cvgp› gu"pq"crtqhwpfcogpvq"g"cvwcnk- ug"fwrnkec.""q"oguoq"qeqttgpfq"eqo"vczc"fg"cpcnhc-
zação dos condicionantes do processo saúde–doen- dgvkuoq"fc"rqrwnc›«q"ockqt"fg"37"cpqu"g"qu"p xgku"
›cÏoqtvg."eqpukfgtcpfq"cu"qeqtt‒pekcu."eqpfk› gu." de renda domiciliar per capita." Qwvtq" hcvq" swg" fgxg"
citcxqu"g"fkÞewnfcfgu"fg"ceguuq"cqu"ugtxk›qu"fg"uc¿- ugt"fguvcecfq"tghgtg/ug" "gxkf‒pekc"fg"fqku"p xgku"fg"
fg0"Ckpfc"eqo"c"Þpcnkfcfg"fg"hqtpgegt"uwdu fkqu"pc" fkuetkokpc›«q" cvwcpfq" fg" hqtoc" eqplwpvc<" c" gfwec-
nwvc"rgnc"gs¯kfcfg"go"uc¿fg."vcodfio"fgxgtkco"ugt" ekqpcn"g"c"tcekcn0"Kphqtoc› gu"gor tkecu"tgxgnco""swg"
enfatizados aspectos sobre cuidados e tratamentos mesmo nos casos em que os negros apresentam esco-
fg"fqgp›cu"hqtvgogpvg"chgvcfqu"rgncu"eqpfk› gu"uq- laridade idêntica à dos brancos, em nenhuma circuns-
ekqgeqp»okecu"fguhcxqt xgku"fg"fgvgtokpcfqu"itw- v¤pekc" gngu" qdv‒o" p xgku" fg" tgpfc" ukoknctgu." Þecpfq"
pos populacionais. ugortg"cdckzq"fqu"xcnqtgu"rgtegdkfqu"rgnc"rqrwnc›«q"
Pguvg"eqpvgzvq."q"rtgugpvg"ctvkiq"rtgvgpfg"eqpvtk- branca.
buir para este debate, esboçando um panorama atual Outra maneira de demonstrar essa grande dife-
fcu" eqpfk› gu" fg" xkfc" g" ugw" korcevq" uqdtg" c" uc¿fg" renciação entre negros e brancos está na utilização
fc"rqrwnc›«q"ugiwpfq"tc›c1eqt."pq"rc u"g."gurgekÞec- fqu" xcnqtgu" fq" ìpfkeg" fg" Fgugpxqnxkogpvq" Jwoc-
mente, no Estado de São Paulo, a partir de informa- pq"Ï"ecnewncfq"c"rctvkt"fg"vt‒u"kpfkecfqtgu<"gfwec›«q."
› gu"rtqegfgpvgu"fg"hqpvgu"ugewpf tkcu0 gurgtcp›c" fg" xkfc" g" tgpfc" Ï" cnecp›cfqu" rqt" codqu"
os subgrupos populacionais. Como se percebe, este
CONSTATAÇÕES DAS DESIGUALDADES índice médio situa a população negra, num ranking
RACIAIS NO PAÍS qticpk|cfq"fcu"ognjqtgu" u"rkqtgu"eqpfk› gu"fg"xkfc."
numa posição 111 inferior à da população branca.
O Brasil abriga a segunda maior população negra do Por entender que a saúde da população está forte-
mundo, concentrando atualmente quase 50% da sua ogpvg"eqpfkekqpcfc"rgncu"fkogpu gu"uqekqgeqp»ok-
rqrwnc›«q" cwvqencuukÞecfc" eqoq" chtq/fguegpfgpvg" ca, cultural e política, pode-se concluir que este pa-
*rctfqu"qw"rtgvqu+."go"xktvwfg"fq"rtqeguuq"jkuv„tk- pqtcoc"fguhcxqt xgn"go"swg"xkxg"c"rqrwnc›«q"pgitc"
eq"fc"guetcxcvwtc"kpkekcfq"c"rctvkt"fq"ufiewnq"ZXK0"C" dtcukngktc"rtqxqect "korcevqu"pc"hqtoc"g"kpvgpukfcfg"
construção social da desigualdade de oportunidades do processo saúde-doença e morte.
entre brancos e negros condicionou e condiciona a Qu"tguwnvcfqu"fc"Vcdgnc"4"oquvtco"c"dckzc"rtq-
hqtoc" fg" xkxgt" fguvgu" itwrqu." hc|gpfq/ug" gxkfgpvg" rqt›«q" fg" o«gu" pgitcu" swg." eqorctcvkxcogpvg" u"
pcu"fkurctkfcfgu"fcu"eqpfk› gu"fg"xkfc0" dtcpecu."vkxgtco"rgnq"ogpqu"woc"eqpuwnvc"rtfi/pcvcn"
C" dkdnkqitcÞc" gzkuvgpvg" rgtokvg" ucdgt" swg." go" fwtcpvg"c"itcxkfg|0"Ug"fi"hcvq"swg"c"ufitkg"jkuv„tkec"fg"
igtcn."qu"ocrcu"fg"rqdtg|c"ug"uwrgtr go"eqo"qu" 2000 até 2004 mostra uma tendência de melhoria da
fc" fkuvtkdwk›«q" rqt" gvpkc0" Kuuq" ukipkÞec" swg." pq" atenção ao pré-natal das mulheres negras, também é
Dtcukn."qu"pgitqu"qewrco"cu"rquk› gu"ogpqu"swc- xgtfcfg"swg"guucu"ownjgtgu"ejgico"cq"oqogpvq"fq"
nkÞecfcu" g" rkqt" tgowpgtcfcu" pq" ogtecfq" fg" vtc- rctvq"eqo"woc"fguxcpvcigo"etwekcn."gngxcpfq"qu"tku-
dcnjq."crtgugpvco"p xgku"ocku"dckzqu"fg"kpuvtw›«q." equ"fg"xkfc"fgncu"g"fg"ugwu"Þnjqu0
tgukfgo"go" tgcu"swg"qhgtvco"ogpqu"ugtxk›qu"fg" L "q"It Þeq"3"tgxgnc"swg."gpvtg"cu"ownjgtgu"swg"
kphtc/guvtwvwtc" d ukec" g." Þpcnogpvg." uqhtgo" ockq- cumpriram o mínimo de consultas médicas reco-
tgu" tguvtk› gu" pq" ceguuq" c" ugtxk›qu" fg" uc¿fg." swg." mendadas pela OMS, há diferença da ordem de 40%
quando prestados, são de pior qualidade e menor c" hcxqt" fcu" dtcpecu0" Guug" tguwnvcfq." swg" gzrtguuc" c"
tguqnwvkxkfcfg"tgncvkxc0" "fkÞewnfcfg" fg" ceguuq" c" ugtxk›qu" fg" uc¿fg." rqfgtkc"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 79-91, jan./jun. 2008


O RECORTE RACIAL NO ESTUDO DAS DESIGUALDADES EM SAÚDE 81

Tabela 1
Características Socioeconômicas da População, segundo Raça/Cor
Brasil – 2000-2005

Indicadores Ano Branca Negra Total

Porcentagem de pobres (1) 2003 26,0 52,2 38,5


Rendimento (em salário mínimo) da população ocupada segundo anos de estudo (1)

até 4 anos de estudo 2003 2,2 1,6


de 5 a 8 anos de estudo 2003 2,5 1,8
de 9 a 11 anos de estudo 2003 3,4 2,8
de 12 ou mais anos de estudo 2003 9,2 8
Renda média domiciliar per capita (R$ de 2002) (1) 2003 425,6 187,8 309,3
Taxa de desemprego aos 25 anos ou mais (%) (2) 2001 5,6 7,5 6,4
População ocupada de 16 anos e mais com carteira de trabalho 2001 34,5 26,4 30,9
Porcentagem de renda dos 10% mais pobres (3) 2003 32,2 67,8
Porcentagem de renda do 1% mais rico com relação ao total de pessoas (3) 2003 86,8 13,2
Índice de Desenvolvimento Humano (4) 2000 0,8 0,7 0,8
Renda 2000 0,8 0,6 0,7
Esperança de vida 2000 0,8 0,7 0,7
Educação 2000 0,9 0,8 0,8
Taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou mais (%) (5) 2005 7,0 15,0 11,1
Média de anos de estudo da população de 15 anos ou mais (5) 2005 7,9 6,1 7,0
Fonte: Tabulações Especiais Nepo/Unicamp.
(1) Atlas Racial Brasileiro 2005, PNUD/Cedeplar. PNAD 2003.
(2) IPEA. Desigualdade racial:Indicadores socieconômicos – Brasil 1991-2001.
(3) IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2003.
(4) IPEADATA, 2000 – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
(5) IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2005.

Tabela 2 gzrnkect." go" rctvg." qu" fkhgtgpekcku" gpeqpvtcfqu" pqu"


p xgku"fg"oqtvcnkfcfg"kphcpvkn"g"ocvgtpc"fgxkfq" "cw-
Proporção de Nascimentos, com pelo Menos uma
u‒pekc"fg"rtgxgp›«q"rctc"tkuequ"cduqnwvcogpvg"gxkv -
Consulta Pré-natal, segundo Raça/Cor
xgku"c"rctvkt"fg"wo"fkcip„uvkeq"rtgeqeg0"
Brasil – 2000-2004
Guvkocvkxcu" fc" gurgtcp›c" fg" xkfc" cq" pcuegt" fg-
Em porcentagem tkxcfcu"fg"kphqtoc› gu"fq"Egpuq"4222."fkhgtgpekc-
das segundo raça/cor, mostram que a população
Raça/Cor 2000 2001 2002 2003 2004
branca alcançou, em média, 72 anos, enquanto os
Branca 59,4 58,1 57,5 56,9 57,6 negros atingiram 65 anos. É preciso destacar que
c" fkhgtgp›c" pc" uqdtgxkx‒pekc" gpvtg" tc›cu" ocpvgxg/
Negra 28,1 29,0 28,9 30,5 30,7
se praticamente constante desde a década de 1940,
Fonte: Datasus/MS/Sinasc 2000-2004.Tabulações Especiais crguct"fqu"icpjqu"qdvkfqu"rgnc"swgfc"fqu"p xgku"fc"
Nepo/Unicamp. mortalidade geral.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 79-91, jan./jun. 2008


82 ESTELA M. GARCÍA DE PINTO DA CUNHA

It Þeq"3 Considerados a partir de uma série histórica, os


Proporção de Nascidos Vivos, por Raça/Cor, segundo fcfqu" fqu" ¿nvkoqu" Egpuqu" Fgoqit Þequ" kpfkeco"
Número de Consultas de Pré-Natal woc" ognjqtc" uwduvcpekcn" pqu" p xgku" fg" gurgtcp›c"
Brasil – 2003 fg" xkfc" cq" pcuegt." owkvq" godqtc." pqxcogpvg" pgu-
se caso, o quadro dos diferenciais raciais tenha se
% ocpvkfq"cvtcxfiu"fq"vgorq<"go"3;72."c"fkhgtgp›c"fc"
70,0
gzrgevcvkxc" fg" xkfc" gpvtg" dtcpequ" g" pgitqu" gtc" fg"
60,0
7,4 anos, diminuindo para 5,3 segundo as informa-
50,0 › gu"fq"Egpuq"fg"42220"Vcn"tguwnvcfq"ngxc"c"eqpenwkt"
40,0 que, embora os dois grupos tenham aumentado sua
gzrgevcvkxc"fg"xkfc."kuuq"p«q"hqk"uwÞekgpvg"rctc"gttc-
30,0
dicar as diferenças raciais entre os brasileiros.
20,0
C"cp nkug"fqu"fcfqu"ugiwpfq"q"ugzq"fc"oquvtc"
10,0 que, mesmo considerando que as mulheres apre-
0,0 ugpvctco" wo" p xgn" ockqt" fg" gurgtcp›c" fg" xkfc" Ï"
Negra Branca
como era de se esperar pelo comportamento mun-
Nenhuma
consulta 5,0 1,6
fkcn"Ï."cq"kpenwkt"c"xctk xgn"tc›c1eqt"qu"fkhgtgpekcku"
7 e mais 37,1 62,5 tcekcku" ckpfc" ug" ocpv‒o<" cu" ownjgtgu" dtcpecu" cn-
ecp›cxco."ugiwpfq"q"Egpuq"4222."woc"gurgtcp›c"
fg"xkfc"cq"pcuegt"fg"95.:"cpqu."gpswcpvq"cu"pgitcu"
Fonte: Datasus/MS/Sinasc 2003. Elaboração Nepo/Unicamp. gurgtcxco"xkxgt."go"ofifkc."6.5"cpqu"c"ogpqu0"Qw-
tro fato importante a ressaltar é que as mulheres
pgitcu"cuuwogo"wo"xcnqt"rt„zkoq"cq"fqu"jqogpu"
dtcpequ"*8:.4"cpqu+."q"swg"guvctkc"swcug"cnvgtcpfq"
It Þeq"4 o comportamento histórico de maior esperança de
Esperança de Vida ao Nascer, xkfc"hgokpkpc0"
segundo Sexo e Raça/Cor Kphqtoc› gu" egpukv tkcu" cvwcnk|cfcu" rgtokvgo" q"
Brasil – 1980-2000 e newnq" fqu" p xgku" fg" oqtvcnkfcfg" kphcpvkn" g" pc" kp-
h¤pekc" *rtkogktqu" ekpeq" cpqu" fg" xkfc+" cq" nqpiq" fq"
Homens Brancos Mulheres Brancas tempo, segundo a declaração de raça/cor da mãe
Homens Negros Mulheres Negras *It Þequ" 5" g" 6+0" Cu" cp nkugu" fcu" vgpf‒pekcu" eqo-
Em anos
rtqxco"woc"ognjqtkc"eqpuvcpvg"pqu"kpfkecfqtgu"fc"
75
73,80 oqtvcnkfcfg" fg" ogpqtgu" fg" wo" cpq" fgxkfq" " c›«q"
71,80
fg"hcvqtgu"fgoqit Þequ."geqp»okequ"g"uqekcku."tgu-
70 69,52
saltando-se, entre estes, diminuição da fecundidade,
65,62 68,24
g"eqo"q"eqpugs¯gpvg"cwogpvq"fq"rgt qfq"kpvgtig-
65
63,43
64,36
nésico, ampliação da cobertura de imunização, uso
63,27
60,58 fg"vgtcrkc"fg"tgkftcvc›«q"qtcn."rqn vkecu"fg"kpegpvkxq"
60
58,71 "cocogpvc›«q."gzrcpu«q"fc"eqdgtvwtc"fg"ugtxk›qu"
58,15
55
56,98 de infra-estrutura básica, melhoria no acesso da po-
rwnc›«q"cqu"ugtxk›qu"d ukequ"fg"uc¿fg."gve0
50
Contudo, mesmo diminuindo sistematicamente
1980 1991 2000 qu"p xgku"fg"oqtvcnkfcfg"kphcpvkn"g"pc"kph¤pekc."vcpvq"
rctc"c"rqrwnc›«q"dtcpec"eqoq"rctc"c"pgitc."xgtkÞ-
Fonte: PNUD/Cedeplar. Atlas Racial Brasileiro 2005. eco/ug"fgukiwcnfcfgu"tcekcku"gzrtguukxcu."gpvtg"3;;3"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 79-91, jan./jun. 2008


O RECORTE RACIAL NO ESTUDO DAS DESIGUALDADES EM SAÚDE 83

It Þeq"5 g" 42220" Guugu" tguwnvcfqu" uwigtgo" swg" qu" Þnjqu" fg"
o«gu"pgitcu"eqpvkpwco"c"uqhtgt"fguxcpvcigo"eqo-
Taxas de Mortalidade Infantil, segundo Raça/Cor
rctcvkxc"pq"swg"ug"tghgtg" "gzrquk›«q"fg"cfqgegt"g"
Brasil – 1991-2000
de morrer.
Rctc"eqpenwkt"guvg"dtgxg"tguwoq"fc"uc¿fg"fc"rq-
Brancos Negros Total
pulação brasileira segundo raça/cor, remete-se ao co-
pjgekogpvq"fg"swg"c"oqtvcnkfcfg"ocvgtpc"tgàgvg"wo"
Por 1.000 nascidos vivos eqplwpvq"fg"hcvqtgu."eqoq"c"swcnkfcfg"fc"cuukuv‒pekc"
100
rtguvcfc"fwtcpvg"c"xkfc"tgrtqfwvkxc"fqu"ekfcf«qu"g"c"
80
cuukuv‒pekc" "uc¿fg"fc"ownjgt"gurgekÞecogpvg0"Nqiq."
qu" p xgku" gngxcfqu" fcu" vczcu" fg" oqtvcnkfcfg" ocvgt-
60 na poderiam ser atribuídos ao grande número de
itcxkfg|gu" swg" crtgugpvco" swcftqu" fg" oqtdkfcfg"
40 gurge Þequ." u" fkÞewnfcfgu" fg" ceguuq" g" wuq" fg" ugt-
xk›qu"fg"uc¿fg."g" "swcnkfcfg"fc"cuukuv‒pekc"rtguvcfc"
20
às mulheres durante o período do pré-natal, parto e
0 puerpério.
1991 2000
Mesmo tendo ocorrido uma melhora histórica na
coleta dos dados, não se conhece, da mesma forma
Fonte: PNUD/Cedeplar. Atlas Racial Brasileiro 2005. Elaboração swg"pc"ockqtkc"fqu"rc ugu"uwdfgugpxqnxkfqu."q"tgcn"vc-
Nepo/Unicamp. ocpjq"fq"rtqdngoc"g"c"swgo"chgvc"oclqtkvctkcogpvg."
fgxkfq" u"fgÞek‒pekcu"swcpvkvcvkxcu"*dckzc"eqdgtvwtc+"
g" swcnkvcvkxcu" *gttqu" fg" rtggpejkogpvq" fcu" xctk xgku"
pqu" cvguvcfqu" fg" „dkvqu+" fcu" kphqtoc› gu" uqdtg" cu"
It Þeq"6 mortes maternas.
Taxas de Mortalidade na Infância, segundo Raça/Cor Go" swg" rgug" q" hcvq" fg" tgeqpjgegt" c" rquu xgn"
Brasil – 1991-2000 uwdguvkoc›«q" pq" e newnq" fcu" vczcu" fg" oqtvcnkfc-
fg"ocvgtpc."cu"guvkocvkxcu"fktgvcu"rctc"4222"g"4226"
*It Þeq"7+"eqpÞtoco"c"guvcdknkfcfg"fq"p xgn"pguug"
Brancos Negros Total período, além da sobremortalidade de 35% das mu-
lheres negras quando comparadas às brancas. Estas
Por 1.000 nascidos vivos eqpuvcvc› gu" cngtvco" rctc" c" pgeguukfcfg" fg" ugtgo"
100
etkcfcu"guvtcvfiikcu"fg"tgfw›«q"p«q"uqogpvg"fc"vczc"fg"
80
mortalidade materna – 90% das quais consideradas
rcuu xgku"fg"ugtgo"gxkvcfcu"Ï."ocu"vcodfio"fq"fkhg-
60 tgpekcn" l " crqpvcfq." eqpvgorncpfq" gurgekÞekfcfgu"
tcekcku."cnfio"fcu"eqpfk› gu"uqekqgeqp»okecu0"C"tkiqt"
40 fgxgtkco"ugt"cpcnkucfcu"cu"fqgp›cu"swg"chgvco"eqo"
ockqt"rtgxcn‒pekc"woc"qw"qwvtc"uwdrqrwnc›«q."eqoq."
20
rqt"gzgornq."jkrgtvgpu«q"gurge Þec"fc"itcxkfg|."kp-
0
hge› gu."cdqtvq."cekfgpvg"egtgdtcn"xcuewnct."fkcdgvgu."
1991 2000 enfermidades renais, etc., que se destacam como as
principais causas de morte das mulheres em idade
tgrtqfwvkxc"rgncu"eqornkec› gu"fc"itcxkfg|."rctvq"g"
Fonte: PNUD/Cedeplar. Atlas Racial Brasileiro 2005. Elaboração
Nepo/Unicamp. puerpério.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 79-91, jan./jun. 2008


84 ESTELA M. GARCÍA DE PINTO DA CUNHA

Qu"It Þequ"8"g"9"tgxgnco"qwvtq"curgvq"korqtvcp- O CASO DO ESTADO DE SÃO PAULO


vg"fqu"fkhgtgpekcku"tcekcku"go"uc¿fg<"c"rtqrqt›«q"fg"
„dkvqu"igtcku"g"c"vczc"fg"oqtvcnkfcfg"kphcpvkn"ugo"cu- Ugiwpfq"ockqt"RKD"per capita, maior mercado consu-
ukuv‒pekc"ofifkec."rctc"4226"g"4227."u«q"ukipkÞecvkxc- okfqt"g"wo"fqu"ockqtgu"r„nqu"geqp»okequ"g"kpfwu-
ogpvg"uwrgtkqtgu"rctc"qu"pgitqu."eqo"q"citcxcpvg"fg" triais da América do Sul, São Paulo é o Estado mais
ter chegado ao óbito sem ter tido assistência médica, tkeq"g"fgugpxqnxkfq"fq"Dtcukn0"¡"tgurqpu xgn"rqt"ocku"
q"swg"rqfgtkc"guvct"tgxgncpfq"c"fgukiwcnfcfg"tcekcn"pq" fg" 55.;'" fq" RKD" pcekqpcn." Þiwtc" gpvtg" qu" Guvcfqu"
ceguuq"g"wuq"fqu"ugtxk›qu"fg"uc¿fg0" eqo" cnvq" KFJ." rquuwk" geqpqokc" cnvcogpfg" fkxgtuk-
Þecfc." eqo" ceguuq" rtcvkecogpvg" wpkxgtucnk|cfq" fc"
It Þeq"7 rqrwnc›«q"c"ugtxk›qu"fg"kphtc/guvtwvwtc"d ukec"g"tgiku-
Taxas de Mortalidade Materna, segundo Raça/Cor vtc"woc"vczc"tgncvkxcogpvg"dckzc"fg"cpcnhcdgvkuoq"pc"
Brasil – 1996-2004 população de 15 anos ou mais.
Branca Negra P«q"qduvcpvg"guvc"ectcevgtk|c›«q"cnvcogpvg"hcxq-
140
Por 100.000 nascidos vivos t xgn."fi"rctcfqzcn"swg"gzkuvco"pq"Guvcfq"itcpfgu"fk-
120 hgtgp›cu"tgikqpcku."uqekcku"g"tcekcku"pcu"eqpfk› gu"fg"
105,8
100 xkfc"fc"rqrwnc›«q"tgukfgpvg0
80
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de
60,1
66,8
Fqoke nkqu" Ï" RPCF" 4228." ocku" fg" 34" oknj gu" fg"
60
41,5 43,9 pessoas no Estado de São Paulo se autodeclararam
40
29,1
negras, o que representa 31% da população estadual
20
g"q"ockqt"xqnwog"rqrwncekqpcn"fguvc"tc›c1eqt"eqo-
0
1996 2000 2004 rctcvkxcogpvg"cqu"fgocku"guvcfqu0
C"u pvgug"fg"kpfkecfqtgu"tgncvkxqu" u"eqpfk› gu"fg"
Fonte: Datasus/MS/SIM. Elaboração Nepo/Unicamp. xkfc"fc"rqrwnc›«q."ugiwpfq"tc›c1eqt."ukuvgocvk|cfqu"

It Þeq"8 It Þeq"9
Óbitos sem Assistência Médica Taxa de Mortalidade Infantil
Brasil – 2004-2005 sem Assistência Médica
Brasil – 2004-2005

B ranca Negra B ranca Negra

% Por 1.000 nascidos vivos


8,0 1,0
0,9

5,7 0,8
6,0

0,6
0,5
4,0
3,5
0,4
0,4
2,2
2,0 0,2
1,5 0,2

0,0 0,0
2004 2005 2004 2005

Fonte: Datasus/MS/SIM. Elaboração Nepo/Unicamp. Fonte: Datasus/MS/SIM. Elaboração Nepo/Unicamp.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 79-91, jan./jun. 2008


O RECORTE RACIAL NO ESTUDO DAS DESIGUALDADES EM SAÚDE 85

na Tabela 3, permite concluir que a população clas- de estudos é cerca de um ano e meio menor do que a
ukÞecfc"eqoq"pgitc"xkxgpekc"woc"ukvwc›«q"cnvcogpvg" média registrada pelos brancos.
fguxcpvclquc"eqo"tgnc›«q" "dtcpec"pq"swg"ug"tghgtg" u" Wo"¿nvkoq"eqogpv tkq"uqdtg"cu"eqpfk› gu"fg"xkfc"
eqpfk› gu"uqekqgeqp»okecu0" da população paulista, segundo raça/cor, refere-se ao
Assim, a proporção de população pobre entre os xcnqt"fq"KFJ."swg."oguoq"go"rcvcoctgu"uwrgtkqtgu"
negros é 46% maior do que no caso dos brancos. "ofifkc"pcekqpcn."gxkfgpekc"swg"qu"pgitqu"cnecp›co"
Além disso, os negros recebem os menores rendi- wo"xcnqt"kphgtkqt"cq"fqu"dtcpequ0"Q"swg"ecdg"kpfcict."
mentos independente dos anos de estudo alcançados, portanto, é se as características salientadas repercu-
icpjco"ogvcfg"fc"tgpfc"ofifkc"ogpucn"eqorctcvkxc- vgo"pgicvkxcogpvg"pcu"eqpfk› gu"fg"uc¿fg"fc"rqrw-
mente com os brancos, e apresentam as maiores ta- lação negra residente em São Paulo.
zcu"fg"fgugortgiq"Ï"swcug"q"fqdtq"fqu"dtcpequ0"Rqt" Antes de fazer referência ao comportamento de
¿nvkoq."c"vczc"fg"cpcnhcdgvkuoq"fc"rqrwnc›«q"pgitc" alguns indicadores de saúde segundo raça/cor, é
eqo"ocku"fg"37"cpqu"fi"5:'"ockqt"g"c"ofifkc"fg"cpqu" preciso salientar que a cobertura deste quesito entre

Vcdgnc"5
Características Socioeconômicas da População, segundo Raça/Cor
Estado de São Paulo – 2000-2006

Indicadores Ano Branca Negra Total

Porcentagem de pobres (1) 2003 19,3 35,9 24,0

Rendimento (em salário mínimo) da população ocupada


segundo anos de estudo (1)

até 4 anos de estudo 2003 2,7 2,3

de 5 a 8 anos de estudo 2003 2,9 2,4

de 9 a 11 anos de estudo 2003 3,7 3,5

de 12 ou mais anos de estudo 2003 9,9 10,2

Renda média domiciliar per capita (R$ de 2002) (1) 2003 503,4 244,5 427,7

Taxa de desemprego aos 25 anos ou mais (%) (2) 2001 6,8 11,6 8,0

Índice de Desenvolvimento Humano (3) 2000 0,8 0,8 0,8

Renda 2000 0,8 0,7 0,8

Esperança de vida 2000 0,8 0,7 0,8

Educação 2000 0,9 0,9 0,9

Taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou mais (%) (4) 2006 4,3 6,9 5,0

Média de anos de estudo da população de 15 anos ou mais (4) 2006 8,6 7,1 8,2

Fonte: Tabulações Especiais Nepo/Unicamp.


(1) Atlas Racial Brasileiro 2005, PNUD/Cedeplar. PNAD 2003.
(2) IPEA. Desigualdade racial:Indicadores socieconômicos – Brasil 1991-2001.
(3) IPEADATA, 2000 – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
(4) IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2006.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 79-91, jan./jun. 2008


86 ESTELA M. GARCÍA DE PINTO DA CUNHA

1996 – ano em que foi incorporado nos documen- fwcn."crqpvcpfq"woc"ognjqtc"eqorctcvkxc"pc"eqdgt-


vqu"fg"eqngvc"fcu"guvcv uvkecu"xkvcku"Ï"g"4227"crtgugpvc" tura deste quesito.
uma tendência constante de aumento, tanto para o Em outros termos, melhoria nos registros de raça/
rc u" eqoq" pq" Guvcfq0" Cu" rqtegpvcigpu" fg" gxgpvqu" eqt"vcpvq"pcu"fgenctc› gu"fg"„dkvq"eqoq"pcu"fg"pcuek-
sem declaração de raça/cor foram superiores para mento possibilitou a realização de análises focadas no
q"Guvcfq"cvfi"3;;:."cpq"go"swg"ug"tgxgtvg"c"rquk›«q" recorte étnico/racial de forma muito mais consisten-
com relação ao país, chegando a representar, em vg."rtqrkekcpfq"wo"cxcp›q"pc"rtqewtc"rqt"gxkf‒pekcu"
2005, apenas 1% do total de óbitos, enquanto no país fqu"fkhgtgpekcku0"Vcn"ognjqtkc"rgtokvg"woc"xku«q"ocku"
ckpfc"guug" pfkeg"gtc"fc"qtfgo"fg":.7'0" realista da situação de saúde da população segundo a
Q" oguoq" fgugorgpjq" xgtkÞec/ug" pc" vgpf‒pekc" tc›c1eqt"g."pq"ecuq"fg"U«q"Rcwnq."eqoq"ugt "xkuvq"c"
fqu" pcuekogpvqu" tgikuvtcfqu." qw" uglc." wo" fgen pkq" ugiwkt."eqttqdqtc"ocku"woc"xg|"cu"cuukogvtkcu"tcekcku"
eqpuvcpvg" fcu" rtqrqt› gu" ugo" fgenctc›«q" fg" tc›c1 encontradas nos indicadores de saúde.
eqt0"Rqtfio."fi"kpvgtguucpvg"fguvcect"c"tgxgtu«q"fg"rq- Eqoq"gzrnkekvcfq"pq"ecuq"fq"rc u."rqtfio"go"rc-
sição entre o Estado e o país, a partir de 1999 situa- tamares mais altos, a porcentagem de mães negras re-
›«q" swg" rgtfwtc" cvfi" q" Þo" fq" rgt qfq" eqpukfgtcfq0" sidentes em São Paulo que chegam ao momento do
Embora São Paulo tenha apresentado, no início da pcuekogpvq"fqu"Þnjqu"vgpfq"eqorngvcfq"rgnq"ogpqu"
kpenwu«q" fq" swgukvq" tc›c1eqt." rtqrqt› gu" kphgtkqtgu" o número mínimo recomendado de consultas no pré-
de nascimentos sem esse registro quando comparado natal é 15% inferior à das brancas. Este diferencial po-
com o país, a partir desse ano a média nacional se fgtkc"gzrnkect"go"rctvg"Ï"cnfio."fi"enctq."fg"qwvtqu"hcvqtgu"
ocpvfio" eqo" ogpqt" uwdpqvkÞec›«q" fq" swg" c" guvc/ como estado nutricional da mãe, fatores congênitos da

It Þeq":
Óbitos sem Declaração de Raça/Cor
Brasil e Estado de São Paulo – 1996-2005

Brasil Estado de São Paulo

%
100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Fonte: Datasus/MS/SIM. Elaboração Nepo/Unicamp.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 79-91, jan./jun. 2008


O RECORTE RACIAL NO ESTUDO DAS DESIGUALDADES EM SAÚDE 87

It Þeq";
Nascimentos sem Declaração de Raça/Cor
Brasil e Estado de São Paulo – 1996-2005
Brasil Estado de São Paulo

%
100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Fonte: Datasus/MS/SIM. Elaboração Nepo/Unicamp.

It Þeq"32 It Þeq"33
Proporção de Mães com Assistência Pré-natal, Proporção de Nascidos Vivos de Baixo Peso
por Raça/Cor ao Nascer, por Raça/Cor
Estado de São Paulo – 2004 Estado de São Paulo – 2004

% %
100,0 10,5

75,5 10,0
80,0 10,0
72,6

61,3
60,0 9,5

9,1
40,0 9,0
8,7

20,0 8,5

0,0 8,0
Branca Negra Total Branca Negra Total

Fonte: Fundação Seade. Elaboração Nepo/Unicamp. Fonte: Fundação Seade. Elaboração Nepo/Unicamp.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 79-91, jan./jun. 2008


88 ESTELA M. GARCÍA DE PINTO DA CUNHA

criança, atendimento ao parto, etc. – a assimetria racial ug"woc"tgfw›«q"ukipkÞecvkxc"pqu"p xgku"gpvtg"qu"fqku"


pc"rtqrqt›«q"fg"pcuekfqu"xkxqu"eqo"dckzq"rguq0 ¿nvkoqu"egpuqu"fgoqit Þequ."vcpvq"rctc"qu"ogpqtgu"
Qu"fcfqu"qÞekcku"eqpuvcvco"vcodfio"swg"owfcp- de um ano como para os menores de cinco anos de
ças importantes aconteceram no comportamento da idade.
gurgtcp›c" fg" xkfc" cq" pcuegt" fc" rqrwnc›«q" rcwnkuvc." Apesar de se manterem os diferenciais raciais
eqo"woc"vgpf‒pekc"fg"cwogpvq"eqpuvcpvg"gpvtg"3;:2" nos dois pontos do tempo, registra-se uma pequena
e 2000. Porém, apesar dos ganhos obtidos neste pe- tgfw›«q" *ogpqu" fg" 32'+" go" codcu" guvkocvkxcu" fg"
t qfq."Þec"gxkfgpvg"c"rgtukuv‒pekc"fqu"fkhgtgpekcku"gp- oqtvcnkfcfg0"Ug"c"fkurctkfcfg"pq"p xgn"fc"oqtvcnkfcfg"
tre a população branca e a negra tanto para homens kphcpvkn"gpvtg"dtcpequ"g"pgitqu."go"3;;3."gtc"fg"4:'."
como para mulheres, sendo sempre menor para a po- l "go"4222"fkokpwkw"rctc"42'0"Pq"ecuq"fc"oqtvcnk-
pulação negra. dade dos menores de cinco anos, essa diferença era
Fg" swcnswgt" ocpgktc." fgxg/ug"tguucnvct" swg"guugu" fg"58'"g"4;'."tgurgevkxcogpvg."pqu"fqku"cpqu0"Guug"
fkhgtgpekcku"tgfw|ktco/ug"cq"nqpiq"fq"vgorq<"ug"pq" oqxkogpvq"rqukvkxq"tgxgnc"woc"fkokpwk›«q"fqu"fkhg-
kp ekq"fq"rgt qfq"c"ofifkc"fg"uqdtgxkfc"fc"rqrwnc›«q" renciais raciais, muito embora com uma intensidade
branca era cinco anos maior do que a dos negros, essa ogpqt"fq"swg"c"pgeguu tkc"rctc"rtqoqxgt"c"gs¯kfcfg"
fkhgtgp›c" ug" tgfw|" rctc" crtqzkocfcogpvg" vt‒u" cpqu" na saúde da população.
pq"Þpcn"fq"rgt qfq0" Por último um comentário sucinto sobre os dife-
Cq"ug"cpcnkuctgo"cu"guvkocvkxcu"kpfktgvcu"fc"oqtvc- renciais raciais na mortalidade das mulheres paulistas
nkfcfg"fcu"etkcp›cu"pqu"rtkogktqu"cpqu"fg"xkfc."pqvc/ rqt" ecwucu" tgncekqpcfcu" " itcxkfg|." cq" rctvq" qw" cq"

It Þeq"34 It Þeq"35
Esperança de Vida ao Nascer, Taxas de Mortalidade Infantil,
segundo Sexo e Raça/Cor segundo Raça/Cor
Estado de São Paulo – 1980-2000 Estado de São Paulo – 1991-2000

Homens Brancos Mulheres Brancas Brancos Negros Total


Homens Negros Mulheres Negras

Em anos Por 1.000 nascidos vivos


80 50

74,95 75,64
75
40
73,26
70,56
70 68,00
69,11 30

65
62,09 65,76 65,31
20
61,89
60
60,76
10
55
55,04

0
50
1991 2000
1980 1991 2000

Fonte: PNUD/Cedeplar. Atlas Racial Brasileiro 2005. Elaboração Fonte: PNUD/Cedeplar. Atlas Racial Brasileiro 2005. Elaboração
Nepo/Unicamp. Nepo/Unicamp.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 79-91, jan./jun. 2008


O RECORTE RACIAL NO ESTUDO DAS DESIGUALDADES EM SAÚDE 89

It Þeq"36 rwgtrfitkq0"Qu"fcfqu"tgxgnco"pqxcogpvg"c"uqdtgoqt-
Taxa de Mortalidade na Infância, segundo Raça/Cor talidade das mulheres negras quando comparadas às
Estado de São Paulo – 1991-2000 brancas, chegando a representar 40% em 2000. Mes-
oq"vgpfq"swg"vqoct"ecwvgnc"pcu"cp nkugu"fguvg"gxgp-
Brancos Negros Total vq"fgoqit Þeq."fgxkfq" "rquu xgn"uwdguvkoc›«q"fcu"
guvkocvkxcu" qdvkfcu" c" rctvkt" fcu" guvcv uvkecu" qÞekcku."
Por 1.000 nascidos vivos ejcoc"c"cvgp›«q"q"cwogpvq"fq"p xgn"fg"oqtvcnkfcfg"
50
materna entre as mulheres negras e a diminuição da
vczc"rctc"cu"dtcpecu."pq"rgt qfq"4222/42270"Guvg"fg-
40
ugorgpjq"fcu"vczcu"fg"oqtvcnkfcfg"ocvgtpc"rtqxq-
cou um aumento substancial das assimetrias raciais,
30
rcuucpfq"c"fkhgtgp›c"gpvtg"cu"vczcu"qdugtxcfcu"rctc"
60% em 2005.
20
Q"crcpjcfq"fg"kphqtoc› gu"crtgugpvcfqu"cvfi"cswk"
rgtokvg."rqtvcpvq."gxkfgpekct"cu"fkhgtgp›cu"fg"tc›c1
10
cor presentes nas distintas formas de adoecer e mor-
0
rer da população brasileira e da paulista, mostrando
1991 2000 woc" rquk›«q" cnvcogpvg" fguxcpvclquc" qewrcfc" rgnq"
segmento dos negros, em todos os indicadores con-
Fonte: PNUD/Cedeplar. Atlas Racial Brasileiro 2005. Elaboração siderados.
Nepo/Unicamp.

CONCLUSÕES

Pq" uwekpvq" eqplwpvq" fg" eqogpv tkqu" crtgugpvcfq"


It Þeq"37 neste artigo, aponta-se que as assimetrias de raça/cor
Taxa de Mortalidade Materna, segundo Raça/Cor Þeco" gxkfgpvgu" pc" gxqnw›«q" g" eqorqtvcogpvq" fqu"
Estado de São Paulo – 2000-2005 kpfkecfqtgu"fg"uc¿fg0"Fguuc"hqtoc."rtgvgpfg/ug"fct"
uma pequena contribuição para o debate da polêmica
questão sobre diferenciais raciais em saúde, oferecen-
Branca Negra
fq" cniwocu" gxkf‒pekcu" gor tkecu" swg" rquuco" ugtxkt"
fg"kpuwoqu"rctc"c"dwuec"fc"gs¯kfcfg0
Por 100.000 nascidos vivos
100 Eqo" c" fkxwnic›«q" fguugu" tguwnvcfqu." gurgtc/ug."
vcodfio."ugpukdknk|ct"rncpglcfqtgu"g"iguvqtgu"fg"uc¿fg"
78,5
80
71,5
sobre a importância de compreender a singularidade
do recorte étnico/racial na saúde, o que permitiria
60
pqtvgct" ogfkfcu" rt vkecu" fktkikfcu" gurgekÞecogpvg"
43,3 "rqrwnc›«q"pgitc."cuuko"eqoq"c› gu"xqnvcfcu"rctc"
40
32,0 a promoção da igualdade de oportunidades a todos
os(as) cidadãos(ãs).
20
O combate e a erradicação das desigualdades
0
eqpxgtvgo/ug" pwo" itcpfg" fgucÞq" rctc" cu" rqn vkecu"
2000 2005 públicas, especialmente quando a origem destas de-
sigualdades está não apenas pelas diferenças sociais,
mas também por uma discriminação racial. É neces-
Fonte: Datasus/MS/SIM. Elaboração Nepo/Unicamp. sário que elas apontem uma reformulação de práticas

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 79-91, jan./jun. 2008


90 ESTELA M. GARCÍA DE PINTO DA CUNHA

enraizadas na sociedade brasileira, que contemplem fgo" rctc" q" ceguuq" cqu" ugtxk›qu" fg" uc¿fg" g" rctc"
cu"pgeguukfcfgu"gurge Þecu."rtqoqxgpfq"q"fktgkvq" " os indicadores de mortalidade. Pode-se dizer que
igualdade de parcelas de população que se inserem de a população negra brasileira sofre um acúmulo de
hqtoc"gzenwfgpvg"pq"rc u0 fgukiwcnfcfgu"uqekqgeqp»okecu"g"tcekcku."swg"nkok-
C" eqorknc›«q" fg" kphqtoc› gu" cswk" crtgugpvcfc" vco" p«q" uqogpvg" q" ugw" p xgn" fg" dgo/guvct." ocu"
aponta para o fato de que a questão racial é um fator vcodfio" q" fcu" hwvwtcu" igtc› gu0" Pc" xgtfcfg." cu"
altamente condicionante para os estados de saúde, eqortqxc› gu" gor tkecu" kpfkeco" wo" hcvq" kpeqp-
sendo que os negros sistematicamente encontram-se vguv xgn<" c" ockqt" xwnpgtcdknkfcfg" fqu" pgitqu" eqo"
go"rquk›«q"owkvq"fguxcpvclquc0"Oguoq"tgeqpjgegp- tgnc›«q" " uqdtgxkx‒pekc" swcpfq" eqorctcfqu" "
do que a raça/cor não é por si só um fator de risco, situação dos brancos.
fgxg/ug" eqpukfgtct" swg" c" kpugt›«q" uqekcn" cfxgtuc" fq" Em resumo, acredita-se que, com respaldo cien-
pgitq"ugo"f¿xkfc"eqpuvkvwk"wo"citcxcpvg"fg"uwc"xwn- v Þeq"eqpukuvgpvg"swg"crqtvg"gxkf‒pekcu"gor tkecu."
pgtcdknkfcfg"fkcpvg"fcu"eqpfk› gu"fg"uc¿fg0" q"tgeqtvg"fivpkeq1tcekcn"fgxgtkc"eqpuqnkfct/ug"eqoq"
Eqpuvcvqw/ug" swg" cu" fguxcpvcigpu" qdugtxcfcu" uma dimensão central, da mesma forma que a clas-
pcu" eqpfk› gu" fg" xkfc" fc" rqrwnc›«q" pgitc" gzvtc- se social e gênero, na produção, disseminação de
rqnco"qu"kpfkecfqtgu"uqekqgeqp»okequ"g"ug"guvgp- kphqtoc› gu"g"cp nkugu"fqu"fkhgtgpekcku"go"uc¿fg0"

Nota
Pguvg" ctvkiq" wvknk|c/ug" c" xctk xgn" tc›c1eqt" ectcevgtk|cpfq" c"
população em branca e negra (somatória da população preta
g"rctfc"ugiwpfq"encuukÞec›«q"qÞekcn"fq"KDIG+."ceqorcpjcp-
fq"c"eqpxgp›«q"gortgicfc"pqu"guvwfqu"tghgtgpvgu" "rtqdng-
mática racial.

Referências Bibliográficas Estado de São Paulo 20040"U«q"Rcwnq<"Kpuvkvwvq"fg"Uc¿fg."42270"


p. 103-116.

DTCUKN0"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg0"Manual de doenças mais importantes, aaaaaa0" Etkcp›cu" rcwnkuvcu<" fkhgtgp›cu" tcekcku" cq" pcuegt" g" cq"
por razões étnicas, na população brasileira afro-descendente. Brasília, oqttgt0" Kp<" GPEQPVTQ" PCEKQPCN" FG" GUVWFQU"
FH<"42220" RQRWNCEKQPCKU." 350." 4224." Qwtq" Rtgvq0" Anais… Belo
Jqtk|qpvg<"Cdgr."42240 EF/TQO0
ECTXCNJQ."L0C0="YQQF."E0J0"C"fgoqitcÞc"fc"fgukiwcnfcfg"pq"
aaaaaa0"Kphcpv"oqtvcnkv{"cpf"tceg<"vjg"fkhhgtgpegu"qh "kpgswcnkv{0"
Brasil0"Tkq"fg"Lcpgktq<"Krgc."3;;60
Kp<"JQICP."F0L0"*Qti0+0"Population change in Brazil<"eqpvgorqtct{"
rgturgevkxgu0" Ecorkpcu<" Rqrwncvkqp" Uvwfkgu" Egpvgt" *Pgrq1
EWPJC."G0O0I0R0"Rcpqtcoc"cevwcn"fg"ncu"eqpfkekqpgu"uqekqg- Unicamp), 2001. p. 333-336.
eqp„okecu"{"fgoqit Þecu"fg"nc"rqdncek„p"pgitc"dtcukng‚c"{"uwu"
eqpugewgpekcu"gp"nc"ucnwf0"Kp<"LQTPCFCU"CGRC.";0."E„tfqdc." ______. Condicionantes da mortalidade infantil segundo raça/cor no
2007. Anais... Córdoba, 2007. Estado de São Paulo, 1997-19980"42230"3:2h0"Vgug"*Fqwvqtcfq"go"
Uc¿fg"Eqngvkxc+"Ï"Hcewnfcfg"fg"Ek‒pekcu"Ofifkecu."Wpkxgtukfcfg"
aaaaaa0" Gxkf‒pekcu" fg" fgukiwcnfcfgu" tcekcku" pc" oqtvcnkfcfg" Estadual de Campinas, Campinas, 2001.
infantil. Boletim Epidemiológico Paulista – Bepa."U«q"Rcwnq."x0"5."r0"
7:/84."42280"Qp/nkpg0 aaaaaa0"Tc›c<"curgevq"guswgekfq"pc"kpks¯kfcfg"go"uc¿fg"pq"
DtcuknA"Kp<"DCTCVC."T0D0"gv"cn0"*Qti0+0"Eqüidade e saúde<"eqp-
aaaaaa0" Oqtvcnkfcfg" kphcpvkn" rqt" tc›c" g" eqt0" Kp<" DCVKUVC." vtkdwk› gu"fc"grkfgokqnqikc0"Tkq"fg"Lcpgktq<"Hkqetw|1Cdtcueq."
N0G0=" MCNEMOCPP." U0" Seminário Saúde da População Negra 1997. p. 219-234. (Série Epidemiológica, n. 1).

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 79-91, jan./jun. 2008


O RECORTE RACIAL NO ESTUDO DAS DESIGUALDADES EM SAÚDE 91

FKGGUG0"Boletim Dieese."U«q"Rcwnq."pqx0"42220"Gfk›«q"gurgekcn0 RCKZËQ."O0"Brasil 2000<"pqxqu"octequ"rctc"cu"tgnc› gu"uqekcku0"


Tkq"fg"Lcpgktq<"Hcug."42220"Ogkq"ocipfivkeq0
KDIG" Ï" KPUVKVWVQ" DTCUKNGKTQ" FG" IGQITCHKC" G"
GUVCVìUVKEC0" U pvgug" fg" kpfkecfqtgu" uqekcku<" woc" cp nkug" aaaaaa0"Fgugpxqnxkogpvq"jwocpq"g"cu"fgukiwcnfcfgu"fivpkecu"
fcu"eqpfk› gu"fg"xkfc"fc"rqrwnc›«q"dtcukngktc."42290"Estudos e pq"Dtcukn<"wo"tgvtcvq"fg"Þpcn"fg"ufiewnq0"Proposta, Rio de Janeiro,
Rguswkucu"Kphqtoc›«q"Fgoqit Þec"g"Uqekqgeqp»okec, Rio de Janeiro,
p0":8."ugv01pqx0"42220
n. 21, 2007.
RTQITCOC"FCU"PC ÌGU"WPKFCU"RCTC"Q"FGUGP-
______. PNAD 2006<"oketqfcfqu0"Tkq"fg"Lcpgktq<"42280
XQNXKOGPVQ"Ï"RPWF1EGFGRNCT0"Atlas racial brasileiro
KRGC" Ï" KPUVKVWVQ" FG" RGUSWKUCU" GEQPñOKECU" 20050"Fkurqp xgn"go<">jvvr<11yyy0rpwf0qti0dt1rwdnkeceqgu1
CRNKECFCU0" Desigualdades raciais no Brasil0" Fkurqp xgn" go<" cvncuatcekcn1kpfgz0rjr@0"Ceguuq"go<"5"ciq0"42290
>jvvr<11yyy0krgc0iqx0dt1rwd@0"Ceguuq"go<"4:"ciq0"42230
UCPVÔ"CPPC."Y0"Desigualdades étnico/raciais e de gênero no Brasil<"
______. Q"rgtÞn"fc"fkuetkokpc›«q"pq"ogtecfq"fg"vtcdcnjq<"wo"tgeqtvg" cu"tgxgnc› gu"rquu xgku"fqu" pfkegu"fg"fgugpxqnxkogpvq"jwocpq"
fg"tc›c"g"i‒pgtq0"Fkurqp xgn"go<"">jvvr<11yyy0krgc0iqx0dt1 g" pfkeg"fg"fgugpxqnxkogpvq"clwuvcfq"cq"i‒pgtq0"Tkq"fg"Lcpgktq."
rwd@0"Ceguuq"go<"4:"ciq0"42230 out. 2000. Mimeografado.

ESTELA M. GARCÍA DE PINTO DA CUNHA


Uqek„nqic."Oguvtg"go"FgoqitcÞc."Fqwvqtc"go"Uc¿fg"Eqngvkxc."R„u/fqwvqtc"pq"Rqrwncvkqp"Tgugctej"Egpvgt."
Wpkxgtukfcfg"fq"Vgzcu"g"Rguswkucfqtc"fq"P¿engq"fg"Guvwfqu"fg"Rqrwnc›«q"fc"Wpkecor0

Ctvkiq"tgegdkfq"go"36"fg"ciquvq"fg"422:0
Crtqxcfq"go"37"fg"qwvwdtq"fg"422:0

Eqoq"ekvct"q"ctvkiq<
EWPJC."G0O0I0R0"Q"tgeqtvg"tcekcn"pq"guvwfq"fcu"fgukiwcnfcfgu"go"uc¿fg0"U«q"Rcwnq"go"Rgturgevkxc."U«q"Rcwnq."Hwpfc›«q"
Ugcfg."x0"44."p0"3."r0"9;/;3."lcp01lwp0"422:0"Fkurqp xgn"go<">jvvr<11yyy0ugcfg0iqx0dt@=">jvvr<11yyy0uekgnq0dt@0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 79-91, jan./jun. 2008


NOVAS PERSPECTIVAS
PARA A REGIONALIZAÇÃO DA SAÚDE
A NA L UIZA D ’Á VILA V IANA
N ELSON I BAÑEZ
P AULO E DUARDO M ANGEON E LIAS
L UCIANA D IAS DE L IMA
M ARIANA V ERCESI DE A LB UQUERQUE
F ABÍOLA L ANA I OZZI

Resumo: A regionalização constitui um dos pressupostos da atual fase de descentralização do Sistema Único de Saúde – SUS e um importante processo para
diminuir as grandes desigualdades no território brasileiro. Apesar de avanços relevantes, o artigo identifica como uma nova perspectiva para a regionalização da
saúde se mostra necessária para que um projeto nacional mais efetivo e coerente com as diversidades dos lugares se conforme no Brasil.
Palavras-chave: Regionalização. Política de saúde. Descentralização.

Abstract: The regionalization is one of the premises for the current phase of decentralizing the Unified Health System – SUS and an important process to reduce
the significant inequalities in Brazil. Despite advances relevant, this article identifies how a new perspective regarding the regionalization of health care is needed in
order to establish a national project which is more effective and coherent with regional diversity in Brazil.
Key words: Regionalization. Health Policy. Decentralization.

D
esde que o Sistema Único de Saúde – SUS foi ins-
tituído no Brasil, por meio da Constituição Federal de 1988, a estratégia privilegiada para a implantação do
sistema foi a da descentralização, notadamente a responsabilização dos municípios pela provisão dos serviços e
organização de sistemas municipais de saúde. Somente mais recentemente é que a estratégia da regionalização
crctgegw"eqo"hqt›c"pqu"fqewogpvqu"qÞekcku"g"vgxg"kp ekq"wo"rtqeguuq"ocku"ghgvkxq"fg"etkc›«q"fg"kpuvtwogpvqu"
propícios à criação de regiões de saúde e de pactos intergovernamentais, visando o estabelecimento de relações
mais cooperativas e solidárias para responder às demandas crescentes dos cidadãos por serviços de saúde mais
resolutivos e de melhor qualidade.
Um conjunto de leis e portarias foi instituído para determinar as regras e os mecanismos desse processo em
todo o território nacional, com destaque para: Constituição Federal de 1988; Leis Orgânicas da Saúde n. 8.080
e n. 8.142 de 1990; Normas Operacionais Básicas de 1993 e de 1996; Norma Operacional de Assistência à
Saúde (01/2001 e 01/2002) e Pacto pela Saúde de 2006.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 92-106, jan./jun. 2008


NOVAS PERSPECTIVAS PARA A REGIONALIZAÇÃO DA SAÚDE 93

O privilégio da estratégia de descentralização se hierárquica. O conceito de sistema, ao contrário, pressupõe a


explica pelo próprio momento de constituição do lógica de rede, de ligação entre os pólos, de funcionamento har-
SUS, quando a descentralização de recursos, com- mônico das distintas partes em função de objetivos sistêmicos,
petências e responsabilidades para as esferas subna- em geral considerados gerais ou coletivos, ou seja, de interesse
ekqpcku"hqk"kfgpvkÞecfc."pq"fkuewtuq"eqpvtc"q"tgikog" público *YCIPGT."4228."r0"648+0
militar e o autoritarismo, com a ampliação da demo-
etcekc"g"ockqt"gÞek‒pekc"iqxgtpcogpvcn"*CNOGKFC." Go"eqpvtcrctvkfc."vtcdcnjqu"tgegpvgu"cngtvco"swg"
2007). Aqui, o ideário da descentralização, longe de nos quase 20 anos que se seguiram à promulgação
representar um recurso para o desmantelamento do da Carta de 1998, as estruturas estatais e as relações
Guvcfq." qw" ugt" crgpcu" rg›c" fc" tghqtoc" fq" Guvcfq" intergovernamentais que se conformaram na demo-
pc" rgturgevkxc" nkdgtcn." vgxg" q" ukipkÞecfq" fg" wpkÞect" cracia não seguiram exatamente os ideais descentrali-
o discurso de diferentes atores políticos interessados zadores que inspiraram os constituintes.
em ampliar sua participação nas arenas decisórias, Q" rtqeguuq" etguegpvg" fg" egpvtcnk|c›«q" Þpcpegktc"
principalmente governamentais, e no bolo tributário. fq" Guvcfq." cq" ncfq" fq" gzgte ekq" eqpvkpwcfq" fg" tg-
No entanto, a instituição de um sistema nacional iwnc›«q"Þuecn"uqdtg"qu"gpvgu"hgfgtcvkxqu."g"wo"rcrgn"
de saúde, ou sistema único, não é decorrente do sim- decisivo na formulação de políticas produziram uma
rngu"rtqeguuq"fg"fguegpvtcnk|c›«q."rqku"eqoq"cÞtoc" combinação de centralização estatal federal com po-
Viana (1994, p. 18): líticas setoriais descentralizadoras, que no caso da
saúde estiveram sempre na dependência da indução
O que é relevante, no caso da saúde, não é apenas o processo federal. Cabe lembrar que a capacidade normativa do
de descentralização, mas o da tentativa de formação do sistema iqxgtpq" hgfgtcn" ug" cÞtoqw" uqdtg" cu" guhgtcu" uwdpc-
nacional de saúde, o que impõe mudanças de peso no papel, ekqpcku" pq" rtqeguuq" fg" clwuvg" Þuecn" g" tgpgiqekc›«q"
nas funções e nas competências dos três níveis de governo e fcu"f xkfcu"fqu"Guvcfqu"g"ocku"hqtvgogpvg"swcpfq"fc"
rtqfw|."ukownvcpgcogpvg."wo"vkrq"gurge Þeq"fg"tgncekqpcogpvq" instituição da Lei de Responsabilidade Fiscal, o que
entre as esferas, de forma a ocorrer integração, articulação e produziu um enfraquecimento da esfera estadual,
regionalização entre os serviços, instituições e níveis de governo. eqo"tgrgtewuu gu"uqdtg"c"ecrcekfcfg"fqu"Guvcfqu"fg"
[...] o sistema possui uma materialidade física, pois compõe-se formular políticas públicas de natureza mais autôno-
de diferentes tipos de serviços, pertencentes a diferentes insti- ma e de recorte supramunicipal.
vwk› gu."fg"fkhgtgpvgu"p xgku"fg"iqxgtpq"go"wo"vkrq"gurge Þeq"fg" Por isso mesmo, é no bojo ainda do governo fe-
integração e articulação. O sistema é composto pelas instâncias deral que emerge um novo ciclo de políticas visando
de governo e seus serviços, organizados de forma integrada e "tgikqpcnk|c›«q0"Guuc"pqxc"rqn vkec"vgo"kp ekq"pc"ffi-
complementar, obedecendo a uma lógica espacial. cada de 2000, com a edição de novas normas pelo
Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg."g"ug"hqtvcngeg"go"4228."eqo"q"
Viana assinala, no mesmo trabalho citado, que as
lançamento do Pacto da Saúde, que elegeu a regiona-
características da instância municipal no federalismo
lização um dos seus pilares fundamentais.
brasileiro – de alta autonomia – tornam crescentes as
Apesar de a regionalização estar prevista na Cons-
tensões entre o tipo de descentralização pretendido e
tituição Federal de 1988 e nas leis e portarias citadas
a idéia de sistema proposta.
anteriormente, como mecanismo de descentraliza-
Recentemente, Wagner (2006) ressaltou essa con-
ção, integralidade e hierarquização da saúde, é apenas
tradição, observando que a lógica da descentralização
com a instituição da Noas que a regionalização passa
tem sentido contrário à lógica de sistema. Segundo o
c"icpjct"ukipkÞecfq"g"rguq"fgpvtq"fq"ukuvgoc0"Pguug"
autor, a descentralização tende a produzir uma auto-
primeiro momento, a regionalização, proposta tecni-
nomia para os entes federados,
ecogpvg"rgnq"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg."fi"woc"pqtoc"swg"
rompendo no limite o tênue liame que os mantém unidos em fgÞpg." a priori." o„fwnqu" cuukuvgpekcku" gurge Þequ" fg"
uma rede de compromissos, responsabilidades e obediência organização regional do sistema.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 92-106, jan./jun. 2008


94 ANA LUIZA D’Á. VIANA/NELSON IBAÑEZ/PAULO EDUARDO M. ELIAS/LUCIANA D. DE LIMA/MARIANA V. DE ALBUQUERQUE/FABÍOLA L. IOZZI

Por um lado, a regionalização normativa inau- ukfgtc› gu"c"Þo"fg"rtquugiwkt"q"fgdcvg"uqdtg"guug"


gurou o debate sobre as regiões de saúde e sobre a importante tema.
necessidade de se pensar o sistema a partir do seu
funcionamento no território. Por outro lado, tornou CICLOS DE DESCENTRALIZAÇÃO
evidente que uma visão estritamente normativa sobre DA POLÍTICA DE SAÚDE
o sistema de saúde é facilmente contestada pelo ter-
ritório usado, isto é, pelo território vivo (SANTOS, Swcvtq" ekenqu" rqfgo" ugt" kfgpvkÞecfqu" pq" rtqeguuq"
1999), pois os pactos pela saúde são travados nos lu- de descentralização do SUS, levando-se em conside-
gares, onde de fato se constituem os sistemas locais tc›«q"q"rgtÞn"fg"Þpcpekcogpvq."q"hqogpvq"cq"hqtvc-
g" tgikqpcku" fg" uc¿fg0" Guuc" eqpvtcfk›«q" igtcfc" rgnc" lecimento das estruturas subnacionais, o ambiente in-
regionalização normativa, por não se vincular aos di- tergovernamental e a conformação de pacto nacional
versos conteúdos locais e regionais do território usa- e de políticas regionais.
do, tornou insustentável o processo de regionalização O primeiro ciclo é nacional e extrapola a área da
fc"uc¿fg."ngxcpfq"q"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg"c"swguvkqpct" saúde quando a conjuntura de democratização dos
cu"rtqrquvcu"kpuvkvw fcu"rgnc"Pqcu"*DTCUKN."4226+0" anos 1980 favorece a crítica ao modelo centralizador
A conformação da regionalização da saúde deve e autoritário de condução das políticas públicas; a
levar em conta a extrema heterogeneidade do terri- descentralização torna-se, então, bandeira do movi-
tório brasileiro e buscar a complementaridade entre mento liderado pelos governos estaduais e munici-
as regiões e seus serviços. Com as rápidas transfor- rcku"go"rtqn"fg"ockqt"cwvqpqokc"fgeku„tkc"g"Þpcpegk-
mações das possibilidades de usos do território e a ra. Os problemas das cidades médias e o crescimento
complexidade da realidade mundial por conta dos dos problemas metropolitanos fortalecem a idéia de
processos de globalização, nos dias atuais, faz-se ne- políticas descentralizadoras e a Constituição Federal
eguu tkc"woc"tgxku«q"ocku"tgÞpcfc"fq"ukipkÞecfq"fg" de 1988 sela esse novo pacto.
regionalização e de suas relações com o processo de A descentralização é proposta como um meca-
descentralização. nismo de aceleração da redemocratização do país no
Wo"fqu"rtkpekrcku"fgucÞqu."jqlg."rctc"q"fgugpxqn- contexto de um ambiente governamental cooperati-
vimento e fortalecimento do SUS é, portanto, pensar xq."kuvq"fi."go"swg"Guvcfqu"g"owpke rkqu"ug"wpgo"rctc"
a regionalização a partir de novos critérios e conteú- elaboração da nova Constituição e organização do
dos que dêem conta da realidade do Brasil e que não poder democrático. Na saúde, esse período é carac-
engessem as políticas, os acordos e compromissos terizado pela difusão dos modelos de territorialidade
intergovernamentais em um único formato. dos sistemas de saúde (distritos locais de saúde), pela
Fkuewvkt"cu"rqn vkecu"tgikqpcku"fg"uc¿fg"g"uwc"eqp- ampliação das transferências intergovernamentais de
tribuição para um pacto nacional mais efetivo é o tgewtuqu"Þpcpegktqu"g"rgnc"wpkxgtucnk|c›«q"itcfcvkxc"
objetivo desse artigo. Nesse sentido, primeiramente dos serviços oferecidos à população. No entanto,
apresentam-se as características dos ciclos descen- apesar do avanço na descentralização, esse primeiro
tralizadores na saúde para depois discutir essa nova ciclo não se caracteriza pelo fomento ao fortaleci-
hcug"fg"tgikqpcnk|c›«q0"Dwuec/ug"pc"IgqitcÞc"woc" mento das estruturas subnacionais, o que agrava as
contribuição para a discussão do atual processo de fkÞewnfcfgu"fg"cvwc›«q"rqn vkec."uqdtgvwfq"fqu"gpvgu"
regionalização dentro da dinâmica territorial brasi- municipais, por conta da imensa desigualdade socio-
ngktc."c"Þo"fg"fgoqpuvtct"swg"pqxqu"rtguuwrquvqu" espacial brasileira. Ainda nesse sentido, a Lei Orgânica
para esse processo são importantes para avançar na fc"Uc¿fg"p0":02:2."crguct"fg"tgcÞtoct"c"pgeguukfcfg"
descentralização e na diminuição das desigualdades de regionalização como um dos mecanismos de orga-
rtgugpvgu" pq" Dtcukn0" Rqt" Þo." fkuewvg/ug" eqoq" guug" nização, direção e gestão do sistema, não aprofundou
rtqeguuq"guv "qeqttgpfq"pq"UWU."gphcvk|cpfq"q"Gu- ugw"ukipkÞecfq"g"cu"hqtocu"fg"ghgvkx /nc0"Pguug"ekenq"
tado de São Paulo, e apresentam-se algumas con- não há política regional de fôlego dentro das políticas

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 92-106, jan./jun. 2008


NOVAS PERSPECTIVAS PARA A REGIONALIZAÇÃO DA SAÚDE 95

de saúde, o que compromete o fortalecimento 1993), que as estabelecem como “instâncias privile-
dos entes municipais na condução do projeto giadas para negociação e decisão quanto aos aspectos
nacional de saúde proposto na Constituição Fe- operacionais do SUS”. Segundo relatório do próprio
deral de 1988. Okpkuvfitkq" fc" Uc¿fg." vqfqu" qu" Guvcfqu" crtgugpvc-
O segundo ciclo se inicia na primeira metade da xco."go"fg|godtq"fg"3;;6."uwcu"EKDu"eqpuvkvw fcu"
década de 1990 e caracteriza-se pelas tentativas de g"go"hwpekqpcogpvq0"Guuc"pqxc"guvtwvwtc"eqngikcfc."
fortalecimento da gestão municipal, apoiado pelo acrescentada à estrutura de gestão do SUS no plano
maior aporte de recursos para os entes municipais, estadual, visava mudar a estratégia política de descen-
fgÞpkfq"rgnc"Ectvc"fg"3;::0"Cu"kpkekcvkxcu"fg"rqn vkec" tralização das ações e serviços de saúde, de forma a
são muito dependentes das estruturas e histórias sa- hqtvcngegt"q"rcrgn"tgiwncfqt"fqu"Guvcfqu"g"hcxqtgegt"
nitárias locais. Nesse ciclo, o processo de descentrali- c"etkc›«q"fg"ukuvgocu"uwrtcowpkekrcku0"Cuuko." u"EKDu"
zação baseia-se fundamentalmente nas transferências foi atribuído o papel de adequar as normas nacionais
Þuecku" g" ugvqtkcku" *fq" UWU+" p«q" tgfkuvtkdwvkxcu." rqku" u"eqpfk› gu"gurge Þecu"fg"ecfc"Guvcfq"g"rtqrqt"og-
são fortemente dependentes da capacidade de produ- fkfcu"tgiwncfqtcu"fcu"tgnc› gu"Guvcfq1owpke rkqu"g"
ção e faturamento dos serviços de saúde (pagamento município/município na implementação do SUS.
por prestação de serviços e transferência segundo sé- O terceiro ciclo da descentralização da política de
rie histórica de produção e faturamento). saúde é aquele inaugurado pela Norma Operacional
Guug"ekenq" ectcevgtk|c/ug."ckpfc." rgnq"hqogpvq"cq" Básica de 1996 (NOB 96), em que se inicia um pro-
fortalecimento das estruturas subnacionais, a partir cesso redistributivo por meio das transferências per
do aprendizado institucional incentivado pelas mo- capita e por programas como o Piso de Atenção Bá-
dalidades de habilitação (condições diferenciadas de ukec"Ï"RCD."Þzq"g"xctk xgn."g"kpegpvkxqu"rctc"c"cfq›«q"
gestão em saúde) previstas pela Norma Operacio- fq" Rtqitcoc" Uc¿fg" fc" Hco nkc" Ï" RUH0" Guucu" pqxcu"
nal Básica de 1993 (NOB-SUS 01/93). Se, por um ogfkfcu" fg" Þpcpekcogpvq" hcxqtgegtco" cu" tgik gu"
lado, essas modalidades trouxeram avanços na des- Norte e Nordeste, justamente as mais empobrecidas
centralização do poder, com maior autonomia para fq"rc u"g"eqo"itcpfgu"fkÞewnfcfgu"pc"eqpfw›«q"fcu"
os municípios, e contribuíram para organização dos rqn vkecu"fg"uc¿fg"*NKOC."4229+0
sistemas locais de saúde, por outro, não trataram de Cnfio"fcu"owfcp›cu"pq"Þpcpekcogpvq"g"fc"ognjq-
forma adequada o papel das esferas estaduais na in- ria da distribuição dos recursos pelo território, que
dução e fortalecimento da cooperação intermunici- favoreceu as esferas municipais situadas em regiões
pal. A situação de desigualdade dos municípios para mais pobres do país, não foram propostas medidas
assunção de suas responsabilidades se agrava a partir ocku" gurge Þecu" fg" hqogpvq" cq" hqtvcngekogpvq" fcu"
da entrada do Brasil numa economia globalizada e guvtwvwtcu"uwdpcekqpcku0"Guug"vgtegktq"ekenq"guiqvqw/
modernizadora. se pela sua incapacidade de alterar o quadro de desi-
No entanto, houve avanços para a pactuação na- gualdades regionais e intra-regionais na saúde. Ainda
cional e para a conformação de um ambiente inter- nesse sentido, apesar da construção de um ambiente
governamental mais cooperativo com a institucio- kpvgtiqxgtpcogpvcn" eqqrgtcvkxq." xkc" Eqokuu gu" Kp-
pcnk|c›«q"fcu"Eqokuu gu"Kpvgtiguvqtgu0"C"Eqokuu«q" tergestores, há certa estagnação dos avanços na des-
Kpvgtiguvqtgu" Vtkrctvkvg" Ï" EKV." go" ¤odkvq" pcekqpcn." egpvtcnk|c›«q"g"tgikqpcnk|c›«q"fq"UWU0"Kuuq"ug"fgxg" "
g" cu" Eqokuu gu" Kpvgtiguvqtgu" Dkrctvkvg" Ï" EKDu." go" maior complexidade das dinâmicas territoriais nesse
âmbito estadual, foram criadas na área da saúde, em período, com a inserção mais efetiva do Brasil na eco-
face da necessidade de conciliar as características do nomia globalizada, o que acarretou maiores desigual-
sistema federativo brasileiro e as diretrizes do SUS. fcfgu"uqekqgurcekcku"pq"rc u."igtcpfq"pqxqu"fgucÞqu"
Cu"EKDu"hqtco"kpuvkvw fcu"itcfcvkxcogpvg"pqu"Gu- para a saúde.
tados brasileiros, entre os anos de 1993/1994, con- Além disso, novos agentes, como os consórcios
hqtog" fgnkdgtc›«q" fc" PQD/UWU" 231;5" *DTCUKN." intermunicipais, provedores e planos privados de

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 92-106, jan./jun. 2008


96 ANA LUIZA D’Á. VIANA/NELSON IBAÑEZ/PAULO EDUARDO M. ELIAS/LUCIANA D. DE LIMA/MARIANA V. DE ALBUQUERQUE/FABÍOLA L. IOZZI

saúde, ganharam importância na conformação de so, ante a excessiva normatividade técnica e rigidez
ukuvgocu" nqeq/tgikqpcku" fg" uc¿fg0" Guugu" cigpvgu." pq" embutidas na proposta de conformação das micror-
entanto, não ganharam representação dentro dos am- regiões e regiões de saúde, há um estímulo ao plane-
bientes intergovernamentais, como no caso das Co- lcogpvq"tgikqpcn"pq"¤odkvq"fqu"Guvcfqu."eqo"c"kpu-
okuu gu"Kpvgtiguvqtgu."q"swg"qecukqpqw"woc"gpqtog" vkvwk›«q"fq"Rncpq"Fktgvqt"fg"Tgikqpcnk|c›«q"Ï"RFT0"
fragmentação de interesses e situações de saúde no C" guvg" Rncpq" xkpewnco/ug" ckpfc" q" Rncpq" Fktgvqt" fg"
recorte regional, sem iniciativas de regulação. Kpxguvkogpvqu"Ï"RFK"g"c"Rtqitcoc›«q"Rcevwcfc"Kp-
C"rctvkt"fguug"vgtegktq"ekenq."rqfg/ug"cÞtoct"swg" vgitcfc"Ï"RRK0
houve um enfraquecimento do pacto nacional a favor Go"4228."eqo"q"ncp›cogpvq"fq"Rcevq"rgnc"Uc¿fg"
do SUS, tendo como agravante os fatos de que as *DTCUKN."4228c+."pqxcu"fktgvtk|gu"u«q"rtgeqpk|cfcu"
políticas neoliberais incentivaram a competição entre para a regionalização do sistema de saúde, baseadas
os entes federados, na corrida pela modernização do em um fortalecimento da pactuação política entre os
país; e as políticas tornadas extremamente setoriais entes federados, sobretudo no âmbito municipal, e na
não favoreceram uma compreensão integrada da di- diversidade econômica, cultural e social das regiões
nâmica territorial brasileira, em constante e rápida fq"rc u"rctc"c"tgfgÞpk›«q"fcu"Ñtgik gu"fg"uc¿fgÒ01
transformação, impedindo o governo federal de atua- Pode-se presumir que o Pacto pela Saúde inicia
lizar sua visão regional do país. um novo ciclo de descentralização do SUS ao pro-
No Brasil, a necessidade da negociação e formação curar garantir a função da regionalização de trazer os
de acordos entre as esferas de governo é pressionada conteúdos do território para dentro das lógicas de
ainda pelas baixas condições institucionais de grande sistema e de descentralização, como forma de pensar
p¿ogtq"fg"owpke rkqu"g"Guvcfqu."kiwcnogpvg"tgurqp- e buscar maior coerência e aproximação entre essas
sabilizados pela atenção à saúde de seus cidadãos. duas lógicas.
Fguvcec/ug"swg"cu"guvtcvfiikcu"fg"fguegpvtcnk|c›«q"ko- O SUS é único para todo o território brasileiro,
plantadas até meados dos anos 2000 mostraram-se assegurando o direito ao acesso ao sistema de saú-
ht igku" go" htgpvg" fqu" ciwfqu" eqpàkvqu" hgfgtcvkxqu." de para toda a população do país, entretanto, não se
go"wo"eqpvgzvq"fg"tguvtk›«q"Þuecn"g"jgtcp›c"fg"fg- realiza da mesma forma em todos os lugares, devido
ukiwcnfcfgu" geqp»okecu" g" uqekcku" *XKCPC=" NKOC=" às diferentes heranças territoriais e heterogeneidades
QNKXGKTC."4224+0" presentes no Brasil. Nesse sentido, a regionalização,
Além disso, a falta de um planejamento regional como principal estratégia da descentralização, preci-
das estratégias de descentralização da política de saú- sa ser, sobretudo, um processo político de lida com
de comprometeu sua adequação às múltiplas realida- a diversidade do próprio SUS e a sua relação com
des que se apresentam no território brasileiro. Não cu"fgukiwcnfcfgu"fq"vgttkv„tkq"dtcukngktq0"Kuuq"vqtpc"q"
jqwxg"woc"fkxgtukÞec›«q"fg"rqn vkecu"swg"ognjqt"tg- processo de regionalização mais complexo do ponto
lacionassem as necessidades de saúde segundo as di- de vista analítico, institucional e político.
p¤okecu"vgttkvqtkcku"gurge Þecu"*XKCPC"gv"cn0."4229+0"
O quarto ciclo de descentralização se inicia na vi- UMA OUTRA PERSPECTIVA PARA A REGIONALIZAÇÃO
rada dos anos 2000, com a edição da Norma Opera-
cional de Assistência à Saúde – Noas-SUS, nas ver- Guvcu" tgàgz gu" rctvgo" fc" ugiwkpvg" swguv«q<" fg" swg"
sões 01/2001 e 01/2002, que enfatizou o processo de maneira a ênfase na regionalização proporciona me-
regionalização do SUS como estratégia fundamental lhorias na descentralização e na democratização, além
para ampliação do acesso às ações e aos serviços de de maior sensibilidade política e analítica diante das
saúde, baseada, sobretudo, na distribuição e organi- desigualdades do território brasileiro?
|c›«q"fqu"ugtxk›qu"pq"vgttkv„tkq0"Godqtc"c"Pqcu"p«q" Rctc"tgurqpfgt"c"guuc"swguv«q."rctvg/ug"fc"cÞtoc-
vtqwzguug" cxcp›qu" ukipkÞecvkxqu" rctc" c" cfgswc›«q" ção feita por Ribeiro (2004a) de que a seleção de uma
regional dos processos de descentralização em cur- categoria de análise e de seu conceito é uma escolha de

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 92-106, jan./jun. 2008


NOVAS PERSPECTIVAS PARA A REGIONALIZAÇÃO DA SAÚDE 97

visão de mundo e de uma determinada prática intelec- portanto, conteúdo e não simples continente, onde
tual e política. “A função dos conceitos não é sempre se pode recuperar um enfoque totalizador,3 imbuído
a mesma, na medida em que se alteram a totalidade re- do comprometimento com um saber que dê conta
àgvkfc"g"qu"ugpvkfqu"fc"c›«q"uqekcnÒ"*TKDGKTQ."4226c." fc" tgcnkfcfg" eqpetgvc0" Fguug" oqfq." " guug" eqpegkvq"
r0"69+0"Fg"ceqtfq"eqo"c"cwvqtc."c"ecvgiqtkc"fg"cp nkug"g" se mostra como importante fundamento para outra
seu conceito revelam a sensibilidade analítica e política perspectiva sobre regionalização.
em relação ao mundo, num dado período histórico. Fk|/ug"swg"c"tgikqpcnk|c›«q"fi"woc"fgnkokvc›«q"fq"
Fwtcpvg" nqpiq" vgorq." hqtvgu" eqttgpvgu" fc" Igq- território usado, feita a partir de critérios técnicos e
itcÞc"guvkxgtco"rqukekqpcfcu"eqoq"ek‒pekc"nkokvcfc" políticos que buscam coerência nas diferenciações es-
ao enfoque das localizações. Hoje, diante de uma paciais e que têm por objetivo a instrumentalização
eqorngzkÞec›«q" fc" tgcnkfcfg" uqekcn." gxqnw fc" fqu" política da dinâmica territorial.
processos dinamizados pela técnica, pela ciência e Porém, no Brasil, as divisões regionais produzidas
pela informação, esse veio epistemológico mostrou Ï"go"tgitc"igtcn."uqnkekvcfcu"rgnq"Guvcfq"rctc"ugtxktgo"
vgt"wo"rqfgt"gzrnkecvkxq"kpuwÞekgpvg0"C"inqdcnk|c›«q." à formulação e implementação de políticas públicas –
fenômeno do período atual, coloca lugares distantes subsidiam cada recorte com uma variedade de critérios
go" tgekrtqekfcfg." wpkÞecpfq" fkuv¤pekcu" rgnc" kphqt- que, pontuados para satisfazer a razão estratégica do
mação e pelo dinheiro, ou seja, pelos sistemas técni- interesse requerido pela divisão, terminam por prejudi-
cos e políticos. car a efetividade das políticas propostas e acirrar desi-
Guuc" pqxc" igqitcÞc" fq" rgt qfq." pqxc" tgcnkfcfg" gualdades socioterritoriais (SOUZA, 1993).
social, tem atualmente exigido novas concepções Nesse sentido, Ribeiro (2004b) presta grande con-
e renovações do arcabouço teórico que a concebe. tribuição com duas concepções principais que per-
Com o objetivo de perseguir uma interpretação da meiam as práticas de regionalização e de proposição
história do presente e as possibilidades do futuro, de planos regionais. Trata-se da regionalização como fato
Oknvqp"Ucpvqu."fgufg"c"ffiecfc"fg"3;92."gorgpjqw"c" e como ferramenta.
rtqrquvc"fg"eqortggpfgt"q"gurc›q"igqit Þeq""eqoq" A regionalização como fato:
ente dinamizador da sociedade, e não simplesmente
receptáculo ou palco onde se dão as relações sociais, Independe da ação hegemônica do presente. [...] depende da
tampouco materialidade inerte às relações que nele reconstrução histórica dos múltiplos processos que movimenta-
se dão. ram e limitaram a ação hegemônica. Desta maneira, a regio-
Guuc"rgturgevkxc"eqpfw|" "kffikc"fg"swg"q"gurc›q"fi" nalização como fato encontra-se vinculada aos jogos dinâmicos
banal, pois de todos os homens, não importam suas da disputa de poder, inscritos nas diferentes formas de apro-
diferenças, de todas as instituições, não importa sua priação (construção e uso) do território *TKDGKTQ."4226d."
força, de todas as empresas, não importa seu poder p. 194-195).4
*UCPVQU."3;;8d+0"Gpvgpfgpfq/q"vcpvq"eqoq"tguwn-
tado do processo histórico quanto a base material e Já a regionalização como ferramenta refere-se a
uqekcn"fcu"pqxcu"c› gu"jwocpcu."q"gurc›q"igqit Þeq" sua instrumentalidade vinculada a essa ação hege-
fi"fgÞpkfq"go"ugw"rcrgn"cvkxq."rcrgn"oqvqt0" mônica da atual conjuntura. Não raro, então, a re-
Nesse sentido, busca-se a compreensão não pu- ik«q" cuuko" eqpegdkfc" rtguuwr g" qdlgvkxkfcfg1Þo1
ramente do território, herança de conceitos da mo- instrumentalidade, articulando-se com ideologias e
dernidade, utilizada por homens da ciência política, tgewtuqu"rqn vkeq/cfokpkuvtcvkxqu"*TKDGKTQ."4226d+0"
por juristas, antropólogos, mas sim do território usado2 A regionalização, nesse sentido, aparece menos como
(SANTOS, 1994, 1996, 1999), híbrido de materiali- wo"hcvq"g"ocku"eqoq"woc"encuukÞec›«q"fg" tgcu"g"nq-
dade e ações, entre trabalho morto e trabalho vivo, cais. A multiplicidade de elementos que caracterizam
entre forma e conteúdo, entre o meio construído a existência da regionalização como fato cede lugar a
e o movimento da sociedade. O território usado é, wo"eqplwpvq"fg"xctk xgku"guvcdgngekfcu."ugiwpfq"c"Þ-

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 92-106, jan./jun. 2008


98 ANA LUIZA D’Á. VIANA/NELSON IBAÑEZ/PAULO EDUARDO M. ELIAS/LUCIANA D. DE LIMA/MARIANA V. DE ALBUQUERQUE/FABÍOLA L. IOZZI

nalidade a se alcançar, e acompanha a transformação Fguuc" ocpgktc." fi" korqtvcpvg" eqortggpfgt" swcku"
fc"gÞe ekc"go"ogvc"rqn vkec"g"c"korquk›«q"fq"cikt"kpu- são os projetos territoriais propostos pelos atuais go-
vtwogpvcn"g"guvtcvfiikeq"*TKDGKTQ."4226d."r0"3;9+0 vernos para poder, entre outras coisas, relacioná-los
A regionalização constituiria, assim, uma ferramenta com os anseios e pressupostos das políticas públi-
nos dizeres de Ribeiro (2004b), haja vista que regio- cas de saúde que enfocam a questão regional como
nalizar, segundo a autora, compreende a instituciona- principal estratégia para avançar na descentralização
lização de fronteiras e limites na busca de implemen- do Sistema Único de Saúde e na universalização da
vct"woc"c›«q"gurge Þec<"cpcn vkec."rqn vkec."geqp»okec." saúde.
uqekcn"*TKDGKTQ."4226d."r0"422+0 A descentralização e sua face regionalizadora são
de suma importância para o processo de planejamen-
A regionalização como ferramenta sempre sustentou a ação to do território nacional. A imensidão do Brasil e suas
hegemônica. [...] Nos movimentos do presente, a região como históricas desigualdades requerem políticas públicas
ferramenta é disputada pelo Estado, pelas corporações e pelos de fôlego para a diminuição das iniqüidades atrelada
oqxkogpvqu"uqekcku."ugpfq"vcodfio"eqpvguvcfc"pqu"eqpàkvqu"vgt- c" wo" rtqlgvq" pcekqpcn" fg" fgugpxqnxkogpvq0" G" rctc"
tkvqtkcku." tgncekqpcfqu" " cÞtoc›«q." go" fkhgtgpvgu" guecncu." fg" que essas políticas sejam efetivas e coerentes com a
novos sujeitos e novas redes sociais [...]"*TKDGKTQ."4226d." realidade de cada lugar, a regionalização se mostra um
p. 196-197). instrumento imprescindível para o planejamento.
As desigualdades não devem ser vistas como um
Xckpgt" *3;;8+" vcodfio" vtc|" korqtvcpvgu" tgàgz gu" empecilho para a regionalização do SUS, pelo contrá-
para pensar o processo de regionalização, alertando rio, é por conta delas que se faz cada vez mais urgente
rctc" c" tgngx¤pekc" fg" kfgpvkÞect" qu" cigpvgu" swg" fgÞ- uma regionalização de fato do sistema e da política.
nem os recortes regionais, isto é, quem fala pela re- A regionalização da saúde permanece muito vincu-
gião: “quem se propõe a dizer: a região quer, a região lada à organização do sistema (acesso, infra-estrutura,
luta por, a região reivindica, a região necessita de?”, Þpcpekcogpvq."rtqitcocu."gve0+."q"swg"ngxc"c"woc"xk-
além da importância de evidenciar que recortes estão são setorial da situação de saúde, restrita a parâmetros
go"eqphtqpvq"*XCKPGT."3;;8."r0"42+05"Q"cwvqt"cÞt- epidemiológicos e de assistência. Uma regionalização
ma também que, se nenhum sujeito histórico assume fundamentada em outra concepção teórica contribui-
a região como recorte relevante nas suas estratégicas ria para ampliar o debate sobre a relação entre saúde
políticas, econômicas e simbólicas, uma regionaliza- e território, superando a visão estática, estatística e
ção proposta pode nunca existir, pode ser um projeto setorial dessa relação. Assim, um planejamento terri-
de região não instaurado socialmente, concretamente, vqtkcn"p«q"ukipkÞec"wo"uqocv„tkq"fg"rqn vkecu"ugvqtkcku"
jkuvqtkecogpvg"*XCKPGT."3;;8."r0"42+0 e sim uma articulação de políticas em torno de um
Nesse sentido, Guimarães (2005), ao elaborar dis- projeto nacional embasado pelo território usado: suas
cussão sobre a regionalização na saúde, faz uma críti- desigualdades e possibilidades.
ca à Noas e conclui que: Assim, a regionalização deve ser encarada como
um processo de pactuação política no âmbito de pla-
A história recente da descentralização da saúde já demonstrou nejamento territorial e nacional entre entes federados
swg" c" Pqcu" p«q" fi" uwÞekgpvg" rctc" kpegpvkxct" ogecpkuoqu" fg" – não necessariamente contíguos territorialmente,
co-gestão regional do SUS. Como um meio e, ao mesmo tem- porém solidários organizacionalmente pelos usos do
po, um resultado da produção social da democracia brasileira, vgttkv„tkq"*Þzqu"g"àwzqu"fkpcok|cfqu"rqt"tcekqpcnkfc-
qualquer proposta de regionalização da saúde no Brasil deverá des diversas). A regionalização não resulta, obrigato-
contribuir para o fortalecimento da identidade local e de um riamente, na delimitação, nomeação e hierarquização
determinado território no qual o poder político-institucional é de áreas no território, mas, sim, em acordos políticos
exercido por um amplo conjunto de atores sociais envolvidos embasados por informações coerentes com a dinâmi-
*IWKOCTËGU."4227."r0"30246+0 ca de uso do território.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 92-106, jan./jun. 2008


NOVAS PERSPECTIVAS PARA A REGIONALIZAÇÃO DA SAÚDE 99

SÃO PAULO E OS NOVOS RUMOS q"Rncpq"Fktgvqt"fg"Tgikqpcnk|c›«q"fg"42240"C"rctvkt"


DA REGIONALIZAÇÃO DA SAÚDE daí, a formação dos Colegiados de Gestão Regional
pq"Guvcfq"qeqttgw"pari passu à criação das 64 novas
C"rctvkt"fg"4228."pq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq."q"iqxgtpq" Tgik gu"fg"Uc¿fg0"Cr„u"guug"rtqeguuq."qu"FTUu"g"qu"
estadual e os municípios iniciaram um novo momento CGRs deveriam “ajustar diretrizes, objetivos, metas e
de pactuação política para avançar na regionalização kpfkecfqtgu."fg"ceqtfq"eqo"c"uwc"tgcnkfcfg"g"gurgekÞ-
da saúde, conforme as diretrizes do Pacto pela Saúde ekfcfg"nqecnÒ"*UËQ"RCWNQ."422:."r0"3;+0
*DTCUKN."4228c+0"Qu"cxcp›qu"rctc"c"tgikqpcnk|c›«q" Heimann et al. (2007) analisaram o processo de
efetiva do SUS, segundo este documento, dependem: hqtoc›«q"fqu"Eqngikcfqu"g"fcu"pqxcu"tgik gu"pq"Gu-
da constituição de desenhos regionais que respeitem vcfq"fg"U«q"Rcwnq"g"kfgpvkÞectco"ocpgktcu"dcuvcpvg"
as realidades locais; do estabelecimento dos Colegia- fkuvkpvcu"fg"eqorquk›«q"fqu"EITu"g"fg"fgÞpk›«q"fcu"
fqu"fg"Iguv«q"Tgikqpcn"Ï"EIT="g"fq"guv ownq"c"Guvc- oketqttgik gu"gpvtg"qu"FTUu"guvwfcfqu0"Uqdtg"cu"tg-
dos e municípios para potencializarem seus trabalhos. ik gu."qu"cwvqtgu"crqpvco"swg."go"cniwpu"FTUu."cu"
Ckpfc" fg" ceqtfq" eqo" q" Rcevq" *DTCUKN." 4228c." r0" regiões foram propostas pelos municípios e acatadas
;+." ÑswcnkÞect" c" tgikqpcnk|c›«q" fc" fgocpfc." rqtfio." rgnq" fktgvqt" fq" FTU=" go" qwvtqu." cu" rtqrquvcu" xkg-
medidas que evitem sua redução a um conjunto de tco"fq"FTU"g"hqtco"cegkvcu"rgnqu"owpke rkqu=""jqwxg"
normas complexas que se sobreponham a um efetivo ainda propostas elaboradas conjuntamente pelos dois
processo político”. Assim, o processo de regionali- níveis de gestão. Os autores chamam a atenção para
zação do SUS passa a depender muito mais de uma o fato de que:
estrutura de caráter político do que técnico.
Q"cvwcn"Rncpq"Guvcfwcn"fg"Uc¿fg"422:/4233"*UËQ" Os critérios orientadores do processo de regionalização no in-
PAULO, 2008) contempla a descentralização regional terior dos departamentos estavam ligados à produção e ofer-
da saúde, tendo como estratégia principal o envolvi- ta de serviços de média e alta complexidade e aos poderes
ogpvq"fqu"Fgrctvcogpvqu"Tgikqpcku"fg"Uc¿fg"Ï"FTU" loco-regionais. Tais critérios eram utilizados na regionalização
com os Colegiados de Gestão Regional – CGRs,6 re- rtqrquvc" cpvgtkqtogpvg" rgnc" Pqcu0" Ckpfc" swg" pcu" qÞekpcu"
efio/eqpuvkvw fqu0"Gpvtg"qu"rtkpe rkqu"pqtvgcfqtgu"fq" [seminários regionais] tivesse sido debatido o conceito de
Rncpq"Guvcfwcn"guv«q"Ñcu"ukvwc› gu"tgcku"g"gurge Þecu" região de saúde de acordo com as diretrizes do Pacto, a sua ope-
fg"ecfc"tgik«q"fq"Guvcfq."kuvq"fi."q"eqorqpgpvg"tgikq- tcekqpcnk|c›«q"rctc"c"fgÞpk›«q"fcu"tgik gu"p«q"hqk"qdugtxcfc"
pcnÒ"*UËQ"RCWNQ."422:."r0"35+0" *JGKOCPP"gv"cn0."4229."r0":5+0
C"gncdqtc›«q"fq"Rncpq"Guvcfwcn"eqpvqw"eqo"c"qt-
ganização de novas regiões de saúde, através da pac- Go"tgnc›«q" "hqtoc›«q"fqu"EITu."Jgkocpp"gv"cn0"
tuação intermunicipal, e a formação de seus CGRs. *4229."r0":5+"kfgpvkÞectco"swg"jqwxg"
Kpkekcnogpvg"hqk"eqpuvtw fc"woc"dcug"fg"fcfqu"rctc"
qu"Fgrctvcogpvqu"Tgikqpcku"fg"Uc¿fg"Ï""FTUu"g"ugwu" pressão por parte de grupos de interesse em participar
municípios, de modo a subsidiar a discussão dos diag- do CGR, a saber: as universidades e os prestadores. Os
nósticos regionais e suas contribuições para o desen- DRSs se diferenciaram quanto à inclusão ou não destes
xqnxkogpvq"fq"Rncpq0"Go"ugiwkfc."c"Eqqtfgpcfqtkc" grupos na composição dos CGRs, alguns concordando e ou-
fg"Tgik gu"fg"Uc¿fg"g"qu"FTUu"tgegdgtco"c"xgtu«q" tros não aceitando.
preliminar do Plano, que trazia um diagnóstico regio-
nal, para subsidiar as discussões sobre as mudanças C"xgtu«q"Þpcn"fq"Rncpq"Guvcfwcn"fg"Uc¿fg"*UËQ"
pcu"tgik gu"fg"uc¿fg0"Guucu"fkuewuu gu"qeqttgtco"pq" RCWNQ." 422:+" gurgekÞec" q" rcrgn" g" c" rctvkekrc›«q"
âmbito dos Seminários Regionais, realizados a partir dos Colegiados de Gestão Regional em algumas das
fg"ockq"fg"4229."pqu"39"FTUu"fq"Guvcfq."g"hqtco" metas/resultados esperados e/ou ações estratégicas, conside-
baseadas em três documentos principais: a versão radas nos seguintes eixos prioritários: ampliação do
rtgnkokpct"fq"Rncpq"Guvcfwcn."q"Rcevq"rgnc"Uc¿fg"g" acesso da população, com redução de desigualdades

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 92-106, jan./jun. 2008


100 ANA LUIZA D’Á. VIANA/NELSON IBAÑEZ/PAULO EDUARDO M. ELIAS/LUCIANA D. DE LIMA/MARIANA V. DE ALBUQUERQUE/FABÍOLA L. IOZZI

regionais e aperfeiçoamento da qualidade das ações A construção das regiões de saúde pode ter resul-
de saúde; fortalecimento e aperfeiçoamento da capa- tados muito diferentes quando há um olhar só volta-
cidade de gestão estadual e gestão da educação e do do para o setor público e quando há uma visão inte-
trabalho no SUS. grada do setor público e do privado. Para entender as
As atuais mudanças na estrutura regional do SUS lógicas de regionalização é preciso, antes, fazer uma
em São Paulo resultam de dois movimentos distin- abordagem integral do mix"r¿dnkeq/rtkxcfq"pq"Guvc-
tos, um por parte dos municípios e outro por parte fq"fg"U«q"Rcwnq."c"rctvkt"fc"kfgpvkÞec›«q"fq"complexo
fq"Guvcfq."swg"dwueco"woc"eqpxgti‒pekc"fgpvtq"fc" regional da saúde.
perspectiva de uma nova regionalização da saúde. As diferentes estruturas, instituições, instâncias e
Fguug" oqfq." c" Ugetgvctkc" fg" Guvcfq" fc" Uc¿fg" Ï" atores públicos e privados que participam do proces-
UGU"xqnvc"c"fkuewvkt"q"ugw"rcrgn"pc"tgikqpcnk|c›«q"fq" so de constituição, planejamento, organização, gestão
sistema, no contexto de busca de uma descentraliza- e regulação da saúde no âmbito regional, constituem
ção baseada num processo mais dependente da arti- o que se denomina complexo regional da saúde.
culação política entre os entes federados, como pro- Go"tgnc›«q"cq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq."fq"rqpvq"fg"
posto pelo Pacto da Saúde. vista analítico, duas instituições privadas que mere-
Pq"gpvcpvq."q"ukuvgoc"fg"uc¿fg"pq"Guvcfq"fg"U«q" cem destaque por sua atuação regional da saúde, são:
Rcwnq"crtgugpvc"woc"gurgekÞekfcfg"korqtvcpvg"fkcp- ̋" as cooperativas médicas, que têm um forte po-
vg"fguug"pqxq"rtqeguuq"fg"tgikqpcnk|c›«q0"Fcfq"q"ugw" der de inserção no mercado de planos de saúde,
alto grau de desenvolvimento econômico, sobretudo uqdtgvwfq"pq"kpvgtkqt"fq"Guvcfq."g"cuuko."gzgt-
pqu"owpke rkqu"ocku"rqrwnququ."q"Guvcfq"eqpegpvtc" cem uma grande força política na comunidade
investimentos na área da saúde, como em ciência e médica;
tecnologia, e possui o maior mercado consumidor ̋" cu" kpuvkvwk› gu" Þncpvt„rkecu." swg" vcodfio" v‒o"
dos serviços suplementares e equipamentos de saúde grande inserção no sistema de saúde do interior
fq"rc u0"Rqt"eqpugs¯‒pekc."q"Guvcfq"cdtkic"q"ukuvgoc" paulista.
de saúde mais complexo do Brasil, constituindo um Fg"ceqtfq"eqo"Kdc‚g|"g"Ecuvtq"*4227."r0"456+."fi"
sistema característico do mix público-privado. nos municípios com mais de 50 mil habitantes “que
O poder do setor privado em organizar e regular os interesses no mercado de planos de saúde são mais
a saúde em São Paulo é imenso e faz frente ao pró- relevantes”. Segundo os autores,
rtkq" rqfgt" fc" Ugetgvctkc" fg" Guvcfq" fc" Uc¿fg" g" fqu"
municípios. Como, então, incorporar este setor priva- ainda vale salientar a presença capilar das Cooperativas Mé-
do, representante do complexo econômico da saúde dicas notadamente no interior do Estado, com 71 operadoras
nacional e mundial, aos espaços públicos e gover- que, apesar de estarem sediadas em municípios-chave, desem-
pcogpvcku"fg"fkuewuu«q"fc"uc¿fg"pq"Guvcfq"fg"U«q" penham papel articulador de caráter regional *KDC¢G¥="
Rcwnq"g"pq"rc uA"G"ocku"ckpfc<"eqoq"kpeqtrqtct"qu" CASTRO, 2005, p. 235).
agentes privados a essa discussão sem perder de vista
que a saúde é uma questão de política pública e assim As Unimeds,7 nesse sentido, são os maiores exem-
deve ser encarada? plos, porque estão cada vez mais independentes poli-
¡"lwuvcogpvg"pguug"ugpvkfq"swg"c"UGU"fg"U«q"Rcwnq" ticamente e têm uma atuação regional forte e conso-
gphtgpvc"wo"itcpfg"fgucÞq"rctc"Þtoct"ugw"rcrgn"g" lidada nos municípios.
seu poder na descentralização regional do SUS. Hoje, Go"tgnc›«q" "korqtv¤pekc"fc"cvwc›«q"fcu"kpuvkvwk-
o grande problema da gestão estadual é lidar com a › gu"Þncpvt„rkecu.8 as Santas Casas exercem um papel
diversidade de instâncias e instituições, sejam públicas crucial por serem os principais órgãos prestadores de
uglco"rtkxcfcu."eqo"qw"ugo"Þpu"nwetcvkxqu."cnfio"fc" ugtxk›qu"rctc"q"UWU."pq"Guvcfq0
heterogeneidade de agentes e interesses, que atuam Fq"rqpvq"fg"xkuvc"tgikqpcn."fguvceco/ug"ckpfc"qu"
direta ou indiretamente na saúde. consórcios intermunicipais de saúde, que abrigam, em

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 92-106, jan./jun. 2008


NOVAS PERSPECTIVAS PARA A REGIONALIZAÇÃO DA SAÚDE 101

grande parte, aqueles municípios com menor porte modo, as políticas de saúde devem levar em conta a
populacional e/ou desenvolvimento econômico.9 São distinta natureza dos agentes do complexo regional
esses municípios que possuem menor poder político da saúde e suas lógicas de atuação e pactuação no
e econômico de barganha diante do mercado privado território.
de serviços de saúde e de compra de equipamentos Segundo Bernardes et al. (2000), os distintos agen-
e medicamentos, assim como possuem menor com- tes não possuem o mesmo poder de comando, levan-
plexidade e especialização dos serviços públicos de do a uma multiplicidade de ações e usos do território,
saúde.10 Nesses casos, os consórcios também surgem inclusive pela saúde.
como uma alternativa de curto e médio prazos para
c"tguqnw›«q"fg"fkÞewnfcfgu"swg"guugu"owpke rkqu"v‒o" Para os agentes hegemônicos o território usado é um recurso,
em comum no processo de organização e funciona- garantia da realização de seus interesses particulares, [...]
mento dos seus sistemas de saúde e de pactuação re- já os atores hegemonizados têm o território como um abrigo,
gional das ações. dwuecpfq" eqpuvcpvgogpvg" ug" cfcrvct" cq" ogkq" igqit Þeq"
Fg"ceqtfq"eqo"Tkdgktq"g"Equvc"*4222+< local recriando estratégias que garantam sua sobrevivência
*DGTPCTFGU"gv"cn0."4222."r0"34+0
Os consórcios intermunicipais de saúde têm se consolidado, no
caso brasileiro, como importante mecanismo de regionalização Fguug"oqfq."cu"rqn vkecu"fg"uc¿fg"rtgekuco"dwuect"
da oferta pública [...]. Enquanto uma tendência no âmbito um enfoque totalizador, isto é, considerar o espaço
do SUS, os Consórcios Intermunicipais de Saúde substituem dcpcn."c"Þo"fg"cwvqtk|ct"woc"kpvgtxgp›«q12 regional
responsabilidades tradicionalmente concentradas na esfera do que interesse à maior parte da população.
gestor estadual, racionalizando o uso dos recursos disponíveis e Bahia (2005) chama a atenção para o fato de que as
realçam a importância dos governos municipais *TKDGKTQ=" interligações entre o público e o privado, assim como
COSTA, 2000, p. 214-216). a hierarquização dos serviços de saúde, dos médicos
e dos tipos de planos de saúde, são bem mais tortuo-
Assim, a proliferação dos consórcios11 se mostra, sas, complexas e sutis do que “o delineado por uma
muitas vezes, como uma resposta dos municípios à clivagem dual entre os ‘que têm planos de saúde’ e
estrutura regional fragilizada técnica e politicamente, os ‘que só têm direito ao SUS’”. Para a autora (2005,
no âmbito do SUS. p. 447),
O Quadro 1 traz as principais instâncias e institui-
ções regionais a serem consideradas dentro do pro- A demarcação das fronteiras entre esfera pública e esfera priva-
cesso de regionalização do Sistema Único de Saúde da não apenas pela percepção de suas demandas, mas também
pq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq0 pelo mapeamento de interesses privados e seus representantes,
A regionalização da saúde recentemente construí- pode contribuir para aproximar o país real do país formal.
fc"pq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq"p«q"rqfg"fgkzct"fg"eqp-
siderar a existência das forças e dos interesses envol- Nesse sentido, uma proposta de regionalização da
vidos no complexo regional da saúde. Nesse sentido, saúde como fato e não como ferramenta deve incor-
é preciso repensar a própria representatividade do porar, entre outras coisas, as forças e os interesses
mix público-privado nas instâncias de caráter público, envolvidos no complexo regional da saúde.
eqoq"cu"EKDu."c"EKT."q"Eqpugnjq"Guvcfwcn"fg"Uc¿fg" Uma investigação13 em desenvolvimento por ins-
e os próprios Colegiados de Gestão Regional. tituições de pesquisa em parceria com a Secretaria de
É importante atentar para o fato de que se pre- Guvcfq"fc"Uc¿fg"fg"U«q"Rcwnq"gncdqtqw"wo"guvwfq/
sencia, cada vez mais, uma regulação híbrida do território rknqvq"fc" tgc"fg"cdtcpi‒pekc"fq"Fgrctvcogpvq"Tg-
*CPVCU"LóPKQT."4223+."kuvq"fi."woc"iqxgtpcdknkfc- ikqpcn"fg"Uc¿fg"fg"Tkdgkt«q"Rtgvq"Ï"FTU"ZKKK."pq"
fg"swg"p«q"fi"ocku"gzenwukxkfcfg"fq"Guvcfq."ocu""gzgt- intuito de uma primeira aproximação do complexo
ekfc" vcodfio" rqt" woc" xctkgfcfg" fg" cigpvgu0" Fguug" tgikqpcn"fc"uc¿fg"pq"Guvcfq0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 92-106, jan./jun. 2008


102 ANA LUIZA D’Á. VIANA/NELSON IBAÑEZ/PAULO EDUARDO M. ELIAS/LUCIANA D. DE LIMA/MARIANA V. DE ALBUQUERQUE/FABÍOLA L. IOZZI

Quadro 1
Complexo Regional da Saúde
Estado de São Paulo – 2007
Instâncias e instituições Forma de atuação Caracterização
Comissões Intergestoras Espaço de articulação e pactuação entre os entes, que objeti- Integrada por representantes do governo estadual
Bipartite – CIB va orientar, regulamentar e avaliar os aspectos operacionais e municipal.
da descentralização da saúde.
Colegiado de Gestão Espaço de decisão através da identificação, definição de Constituído por gestores municipais de saúde do
Regional – CGR prioridades e de pactuação de soluções para a organiza- conjunto de municípios da região de saúde, que o
ção de uma rede regional de ações e serviços de atenção colegiado representa, e por representantes do(s)
à saúde, integrada e resolutiva. gestor(es) estadual(ais).
Departamentos Regionais Divisão administrativa regional. São responsáveis pelas Constituídos por gestores e técnicos estaduais, re-
de Saúde – DRS da atividades das SES no âmbito regional e por promover a presentados pelos chefes dos departamentos.
SES-SP articulação intersetorial, com os municípios e organismos
da sociedade civil.
Coordenadoria Regional Responsável pela coordenação, articulação e organização Constituída por gestores e técnicos estaduais de
de Saúde da SES-SP do sistema de saúde loco-regional, pela compatibilização saúde, representada pelo Coordenador.
dos planos, programas e projetos dos DRS em razão
das políticas e diretrizes estaduais e dos recursos
disponíveis.
Consórcios de Saúde Entes federativos se conformam em consórcios para so- Podem ser constituídos por municípios, por Estado
lucionar demandas específicas ou problemas que não po- e municípios, por Estados e por Estado, municípios
dem ser resolvidos de forma isolada por cada município. e União (no caso de os municípios ou Estados esta-
A gestão associada, além do planejamento, regulação e rem localizados na área de fronteira internacional).
fiscalização, também pode ser ajustada para prestação de
serviços públicos. Há três tipos de consórcios: 1- Admi-
nistrativo de direito privado; 2- Público de direito privado;
e 3- Público de direito público (Lei n. 11.107 de 6/4/05).
Unimed (representando É um complexo empresarial, formado por: Cooperativas O Sistema Unimed é a maior cooperativa médica do
as cooperativas médicas) de Trabalho Médico (Unimeds); Cooperativas de Usuários Brasil (1). Atualmente, tem 30% de participação no
(Usimeds); Cooperativas de Crédito (Unicreds); Fundação mercado nacional de planos de saúde, atendendo
Unimed; e Universidade Unimed Virtual; 14,5 milhões de clientes. São 376 cooperativas com
- Empresas: Central Nacional Unimed; Unimed Segurado- abrangência em 74,9% do território nacional (4.125
ra; Unimed Tecnologia; Unimed Administração e Serviços; municípios). Conta com 103 mil médicos cooperados.
Transporte Aeromédico; Unimed Participações; e Unimed Especificamente no Estado de São Paulo, há 17 Uni-
Corretora. meds, com 3.627.447 clientes e 15.085 cooperados.
Santa Casa (representando Instituições filantrópicas e particulares, de origem por- O Estado de São Paulo concentra o maior número de
a assistência filantrópica) tuguesa, que atuam oferecendo serviços médico-hos- hospitais filantrópicos no Brasil. São 374 hospitais de
pitalares a pacientes carentes e do SUS. A assistência um total de 1.414. Em São Paulo, é nítida a maior par-
prestada é totalmente gratuita. ticipação relativa dos leitos filantrópicos nos municí-
pios com menos de 100 mil habitantes, equivalendo
a mais de 70% dos leitos. Quase 90% dos municípios
paulistas com mais de 100 mil habitantes apresen-
tam hospitais filantrópicos que possuem contratos
com planos privados.
Universidades e Hospitais As universidades e seus hospitais de ensino e pesquisa O Estado de São Paulo possui 31 escolas médi-
Universitários conformam a principal estrutura de formação de profis- cas, sendo 21 privadas e 10 públicas, que ofe-
sionais da saúde no país. O Estado de São Paulo é privi- recem 3.226 vagas no primeiro ano. O estado
legiado pela concentração dessas instituições em relação abriga 18% do total de escolas médicas existen-
aos outros estados do Brasil. Os profissionais da saúde, tes no país. Em relação aos Hospitais Universitá-
sobretudo os médicos, são atores importantes na confor- rios, o estado possui 14 no total, sendo 5 deles
mação dos complexos regionais da saúde, por atuarem privados.
de maneira ampla no sistema de saúde. Eles participam
de todas as instâncias e instituições referidas acima e,
muitas vezes, trabalham simultaneamente para o setor
público e o privado.

Fonte: Stucchi (2006, p. 133-147); <http://www.escolasmedicas.com.br/estado.php>. Acesso em: 12 mar. 2008.


(1) Dados obtidos no site: <www.unimed.com.br/pct/index.jsp?cd_canal=34393&cd_secao=46159>. Acesso em: 21 jun. 2007.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 92-106, jan./jun. 2008


NOVAS PERSPECTIVAS PARA A REGIONALIZAÇÃO DA SAÚDE 103

C" tgc" fq" FTU" fg" Tkdgkt«q" Rtgvq" ectcevgtk|c/ug"" voltados para as demandas das empresas do agrone-
por um forte setor público e um forte setor privado. gócio da cana. É importante ressaltar que, apesar de
Ambos se expandiram a partir da segunda metade do a Unimed ter um alcance nacional, cada uma de suas
ufiewnq" ZZ." go" fgeqtt‒pekc" fg" vt‒u" curgevqu" guugp- singulares tem grande autonomia para tomar decisões
ciais da cultura regional: a constituição de um pólo g"ug"cfcrvct"cq"ogtecfq"tgikqpcn"go"swg"cvwc."eqpÞiw-
de saúde em Ribeirão Preto (com a concentração de rando diferentes lógicas regionalizadas.
serviços e universidades, mas não de pesquisa e tec- Apesar da existência de toda essa complexidade de
nologia de ponta); a reunião de médicos com grande lógicas e relações regionais da saúde no território, não
xqec›«q" gortguctkcn" g." Þpcnogpvg." q" hqtvcngekogpvq" há ainda uma instância de debate que agregue esses
da economia por meio do agronegócio. atores e instituições. O setor privado discute sua atua-
Eqo" guug" guvwfq/rknqvq." hqk" rquu xgn" kfgpvkÞect"" ção regional de maneira fragmentada, por empresa,
quatro grupos com diferentes lógicas regionais de rqt"vkrq"fg"cvkxkfcfg."rqt"vkrq"fg"ogtecfq0"G"q"ugvqt"
atuação na saúde: público discute apenas ele mesmo, desconsiderando
̋" ugtxk›qu"fq"UWU"ctvkewncfqu"eqo"qu"jqurkvcku"Þ- as lógicas regionais do setor privado e suas implica-
lantrópicos; ções para a regionalização da saúde.
̋" sistema Unimed;
̋" operadoras de planos de saúde que contam com CONSIDERAÇÕES FINAIS
hospital próprio;
̋" plano privado coletivo colado a uma grande ativi- Fg"hcvq."q"Rcevq"rgnc"Uc¿fg"tgrtgugpvc"wo"pqxq"oq-
dade econômica regional, no caso, a produção de mento para a regionalização da saúde, pois rompe
cana-de-açúcar. com as perspectivas normativas anteriores e possibili-
C"kfgpvkÞec›«q"fg"cniwpu"rqpvqu"fg"eqpvcvq"fktg- ta a incorporação de diferentes conteúdos do territó-
tos e indiretos entre as lógicas de atuação desses gru- rio nesse processo. Por conta do curto período que se
rqu"ugtxkw"rctc"tgcÞtoct"c"korqtv¤pekc"fg"ug"dwuect" segue após o lançamento do Pacto, ainda não se pode
uma visão mais integrada das lógicas regionais públi- avaliar com profundidade os avanços em relação à in-
cas e privadas na saúde. corporação das dinâmicas do território nacional nas
A relação entre as lógicas pode variar bastante, pqxcu"rtqrquvcu"fg"tgikqpcnk|c›«q"pqu"Guvcfqu0
ocu""vt‒u"rqpvqu"ogtgego"fguvcswg0"Go"rtkogktq"nw- Rctvkewnctogpvg"pq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq."fi"korqt-
gar, os serviços de alta complexidade oferecidos pelo tante notar que o Pacto desencadeou um processo
grupo 1 servem de referência de atendimento para acelerado de retomada da discussão sobre o papel re-
qu""qwvtqu"itwrqu0"Kuuq"ukipkÞec"swg"c"rtguu«q"rctc" ikqpcn"fc"Ugetgvctkc"Guvcfwcn"fc"Uc¿fg."cuuko"eqoq"
internações decorre tanto do setor público quanto do de mobilização dos municípios para a criação das no-
ugvqt"rtkxcfq0"Go"ugiwpfq"nwict."qu"ugtxk›qu"jqurkvc- vas regiões de saúde.
nctgu"Þncpvt„rkequ"rctvkekrco."cq"oguoq"vgorq."fcu" Go"eqpvtcrquk›«q.""guug"pqxq"oqogpvq"fc"tgikq-
n„ikecu"fqu"swcvtq"itwrqu"kfgpvkÞecfqu0"Rqt"Þo.""qu" nalização não representa ainda o enfrentamento de
serviços de baixa complexidade oferecidos pelo gru- uma das mais importantes questões que é, justamen-
po 1 servem de referência para os grupos 3 e 4. te, a existência de diversas articulações entre o siste-
Guucu" tgnc› gu" gpvtg" qu" itwrqu" oquvtctco" swg" q" ma público e o privado na conformação dos sistemas
SUS na região de Ribeirão Preto é base de apoio para loco-regionais de saúde.
a atuação de um sistema privado fortemente regionali- C" fkp¤okec" vgttkvqtkcn" fq" Guvcfq" fg" U«q" Rcwnq"
zado, isto é, que não tem alcance nacional ou estadual, mostra a importância de se considerar o mix público-
cujas raízes estão: na constituição de um pólo regional privado na discussão regional, isto é, de se atentar aos
de saúde (cujo representante máximo é o Hospital das interesses e às forças daquelas instâncias e institui-
Clínicas de Ribeirão Preto); na difundida cultura do ções que conformam um verdadeiro complexo regio-
médico empresário e nos planos coletivos diretamente nal da saúde.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 92-106, jan./jun. 2008


104 ANA LUIZA D’Á. VIANA/NELSON IBAÑEZ/PAULO EDUARDO M. ELIAS/LUCIANA D. DE LIMA/MARIANA V. DE ALBUQUERQUE/FABÍOLA L. IOZZI

Nesse sentido, apesar de o Pacto pela Saúde repre- cvwcnogpvg"p«q"fi"u„"q"Guvcfq"ocu"woc"fkxgtukfcfg"


sentar um avanço para a regionalização do sistema, de agentes que regulam e organizam o território na-
ainda não foi capaz, portanto, de incorporar o com- cional, incluindo o sistema de saúde.
plexo regional, de forma articulada, à sua concepção. Assim, outra perspectiva para a regionalização da
Para mais progressos na regionalização, é neces- saúde, uma regionalização de fato, requer a conside-
sário ir além de uma concepção setorial da saúde e, ração da totalidade do território usado, a partir da
sobretudo, romper com a visão parcial ou fragmen- incorporação de seus conteúdos na lógica sistêmica
tada dos usos do território. O atual processo deve- da saúde, desvendando seus usos, possibilidades e
ria incluir, por exemplo, a concepção da regulação qduv ewnqu."c"Þo"fg"eqpuvtwkt"wo"ukuvgoc"ocku"eqq-
híbrida do território, levando em consideração que perativo e forte.

Notas solidária [...] Suas decisões devem se dar sempre por consenso
[...] O CGR deve ser composto por todos os gestores munici-
30"ÑU«q"tgeqtvgu"vgttkvqtkcku"kpugtkfqu"go"gurc›qu"igqit Þequ" pais de saúde dos municípios que integram a Região de Saúde e
eqpv pwqu0"KfgpvkÞe /nqu"fi"tgurqpucdknkfcfg"fqu"iguvqtgu"ow- por representantes do(s) gestor(es) estadual(ais). Nas Regiões de
nicipais e estaduais, tendo como base a existência de identida- Saúde de Fronteiras, o gestor federal também deverá compor o
des culturais, econômicas e sociais, assim como de redes nas Colegiado. [...] Os desenhos e formas de organização dos CGRs
áreas de comunicação, infra-estrutura, transportes e saúde. devem espelhar as diversas possibilidades de conformação das
Nessas regiões, as ações e serviços devem ser organizados Tgik gu"fg"Uc¿fg"]000_"Fguvcecoqu"c"ugiwkt"cniwocu"c› gu"tgng-
com o objetivo de atender às demandas das populações dos vantes que devem compor as agendas dos CGRs: fazer a identi-
municípios a elas vinculados, garantindo o acesso, a eqüidade Þec›«q"g"q"tgeqpjgekogpvq"fc"Tgik gu"fg"Uc¿fg="cfqvct"rtqegu-
e a integralidade do cuidado com a saúde local. Para tanto, sos dinâmicos no planejamento regional; atualizar e acompanhar
deve estar garantido o desenvolvimento da atenção básica da c" Rtqitcoc›«q" Rcevwcfc" Kpvgitcfc" Ï" RRK" fg" cvgp›«q" " uc¿fg="
assistência e parte da média complexidade, assim como as gncdqtct" q" fgugpjq" fq" rtqeguuq" tgiwncv„tkq." fgÞpkpfq" enctc-
ações básicas de vigilância em saúde. As Regiões de Saúde ogpvg" qu" àwzqu" g" rtqvqeqnqu" pgeguu tkqu=" rtkqtk|ct" cu" nkpjcu"
podem assumir diferentes desenhos, desde que adequados às de investimentos; estimular estratégias que contribuam para a
diversidades locais, mesmo que não acompanhando as divi- swcnkÞec›«q"fq"eqpvtqng"uqekcn="crqkct"rtqeguuqu"fg"swcnkÞec›«q"
u gu"cfokpkuvtcvkxcu"tgikqpcku"l "wvknk|cfcu"rqt"cniwpu"Guvcfqu" da gestão do trabalho e da educação em saúde; construir estra-
na organização de seus trabalhos. A delimitação das Regiões tégias para que sejam alcançadas as metas priorizadas no Pacto
de Saúde não pode ser vista, portanto, como um processo rgnc"Xkfc."eqo"c"fgÞpk›«q."ug"pgeguu tkq."fg"qwvtcu"rtkqtkfcfgu"
ogtcogpvg"cfokpkuvtcvkxq0"Rctc"swg"uglc"gÞec|"g"ghgvkxc."fgxg" loco-regionais; constituir processos dinâmicos para a avaliação
levar em conta todos os fatores envolvidos, viabilizando des- e o monitoramento regional; aprimorar os mecanismos de re-
sa forma o desenvolvimento de uma ‘regionalização viva’” gulação da assistência à saúde; fortalecer as iniciativas e ações
*DTCUKN."4228d."r0"45+0 contidas no Pacto em defesa do SUS; coordenar a agenda e o
2. “O que interessa discutir é, então, o território usado, sinô- trabalho da(s) Câmara(s) Técnica(s) Permanente(s); dentre ou-
pkoq"fg"gurc›q"igqit Þeq0"G"guuc"ecvgiqtkc."vgttkv„tkq"wucfq." vtcu0Ò"*DTCUKN."4228d."r0"57/59+0
aponta para a necessidade de um esforço destinado a anali- 90"Fg" ceqtfq" eqo" Fwctvg" *4225+." c" Wpkogf." swg" uwtikw" go"
sar sistematicamente a constituição do território” (SANTOS; 1967, em Santos-SP, como uma cooperativa médica, hoje, é
UKNXGKTC."4223."r0"42+0 uma organização complexa, caracterizada por um mix de co-
50"Ugiwpfq" Mctgn" Mqukm" *4224+." Ñc" vqvcnkfcfg" p«q" ukipkÞec" qrgtcvkxcu"g"gortgucu"fg"ecrkvcn0"ÑFwtcpvg"q"ugw"etguekogpvq."
vqfqu" qu" hcvqu0" Vqvcnkfcfg" ukipkÞec" tgcnkfcfg" eqoq" wo" vqfq" perdeu as características originais mas ampliou as possibilida-
estruturado, dialético, no qual ou do qual um fato qualquer des de atuação no mercado, adquirindo um formato caracterís-
(classe de fatos, conjunto de fatos) pode vir a ser racionalmente vkeq"fg"wo"eqorngzq"geqp»okeqÒ"*FWCTVG."4225."r0"446+0
eqortggpfkfqÒ"*MQUKM."4224."r0"65+0 :0"ÑQ"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq"rquuwk"867"owpke rkqu"g"wo"vqvcn"fg"
4. “Convém esclarecer, ainda, que entendemos por ação hege- 85:"jqurkvcku."fqu"swcku"596"*7:.2'+"u«q"Þncpvt„rkequ"*Fcvcuwu."
mônica aquela conduzida pelas forças econômicas e políticas 4225+0"]000_"Guug"fcfq"eqvglcfq"eqo"q"rtqeguuq"jkuv„tkeq"fg"gzrcp-
que dominam o território brasileiro, expressivas da aliança en- u«q"fc"tgfg"Þncpvt„rkec"go"fktg›«q"cq"kpvgtkqt"g"c"dckzc"rtgugp›c"
tre agentes externos e condutora de numerosas e difusas ações fguvcu"kpuvkvwk› gu"pc"tgik«q"ogvtqrqnkvcpc"rgtokvg"cÞtoct"swg"c"
uwdcnvgtpcu"qw"uwdcnvgtpk|cfcu0Ò"*TKDGKTQ."4226d."r0"3;6+0 cobertura e o papel desta rede no interior são cruciais para o SUS
70"Ñ¡." gpÞo." tqorgt" eqo" q" hgvkejkuoq" swg" vqoc" c" tgik«q" pguvgu"owpke rkquÒ"*KDC¢G¥="ECUVTQ."4227."r0"44:/44;+0
eqoq"kpuetkvc."rqt"uk."pq"vgttkv„tkqÒ"*XCKPGT."3;;8."r0"42+0 9. Os consórcios intermunicipais de saúde, em São Paulo, con-
6. O Pacto pela Saúde prevê, no âmbito da nova regionalização egpvtco/ug"pcu"tgik gu"uwn"g"qguvg"fq"Guvcfq"g"q"p¿ogtq"fg"
da saúde, a criação do Colegiado de Gestão Regional, que “deve municípios, em cada consórcio, varia de 4 a 26, perfazendo de
operar como espaço permanente de pactuação e co-gestão 640:39"c"76;04;;"jcdkvcpvgu"*UVWEEJK."4228."r0"355/35;+0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 92-106, jan./jun. 2008


NOVAS PERSPECTIVAS PARA A REGIONALIZAÇÃO DA SAÚDE 105

10. “[...] a maioria deles [dos consórcios em São Paulo] busca 12. “A idéia de intervenção supõe um interesse político, entendido
ampliar a rede de serviços de apoio diagnóstico e especialidades como interpretação histórica mais ampla, que implica um ideal
ofifkecu0"]000_"Eqo"c"korncpvc›«q"fqu"EKU"]eqpu„tekqu"kpvgtow- de futuro como espaço de resolução de problemas supostamente
nicipais de saúde] forma-se, em geral, uma rede de referência cttckicfqu"pcu"uqekgfcfguÒ"*DGTPCTFGU"gv"cn0."4222."r0"33+0
e contra-referências intermunicipais, com estabelecimento de 13. Relatórios parciais da pesquisa O Pacto pela Saúde e a Gestão
àwzqu"rcevwcfqu"eqo"qu"ugtxk›qu"tgikqpcku"gurgekcnk|cfqu."hcek- Regional em São Paulo: fatores intervenientes e reorientação da política da
nkvcpfq"q"ceguuq"fc"rqrwnc›«qÒ"*UVWEEJK."4228."r0"362/367+0 Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo0"Fgugpxqnxkfc"rgncu"kpu-
11. “Os consórcios, além do mais, são inovações porque criam pa- vkvwk› gu<"Egpvtq"fg"Guvwfqu"Cwiwuvq"Ngqrqnfq"C{tquc"Icn-
râmetros inusuais de cooperação e coordenação da política de saú- x«q"Ï"Egcnci="Egpvtq"fg"Guvwfqu"fg"Ewnvwtc"Eqpvgorqt¤pgc"
fg"go"p xgn"nqecn0"Go"wo"egp tkq"fg"hqtvg"htciogpvc›«q"rqn v"kec" Ï"Egfge="Fgrctvcogpvq"fg"Ogfkekpc"Rtgxgpvkxc"fc"Hcewnfcfg"
fgeqttgpvg"fg"eqpàkvqu"rctvkf tkqu"g"gngkvqtcku."gngu"guvcdgngego." fg"Ogfkekpc"fc"Wpkxgtukfcfg"fg"U«q"Rcwnq"Ï"FOR1HOWUR0"
rgnc"gzgew›«q"fc"rqn vkec"fg"uc¿fg."tgnc› gu"fg"eqpÞcp›c"g"tgurgk- Guuc"rguswkuc"fi"crqkcfc"rgnc"Hwpfc›«q"fg"Corctq" "Rguswkuc"
vq"gpvtg"iqxgtpqu"nqeckuÒ"*TKDGKTQ="EQUVC."4222."r0"439+0 fq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq0

Referências Bibliográficas Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de


Janeiro, 2003.
CNDWSWGTSWG."O0X0"fg"C0"Território Usado e Saúde: respostas IWKOCTËGU."T0D0"Tgik gu"fg"uc¿fg"g"guecncu"igqit Þecu0"Cad.
do Sistema Único de Saúde à situação de metropolização em Saúde Pública, v. 21, n. 4, p. 1017-1025, jul./ago. 2005.
Ecorkpcu"Ï"UR0"Fkuugtvc›«q"*Oguvtcfq"go"IgqitcÞc"Jwoc-
pc+" Ï" Fgrctvcogpvq" fg" IgqitcÞc." Hcewnfcfg" fg" HknquqÞc." JGKOCPP."N0U0"gv0"cn0"Gestão Regional do SUS – São Paulo: rumo
Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São cq"Rcevq"fg"Iguv«q0"U«q"Rcwnq."Kpuvkvwvq"fc"Uc¿fg."42290"*Vgocu"
Paulo, 2006. em Saúde Coletiva, 5).
CNOGKFC." G0R0" Uso do território brasileiro e os serviços de saúde KDC¢G¥."P0="ECUVTQ."R0E0"fg0"Rtqvg›«q"uqekcn"g"kpuvkvwk› gu"
no período técnico-científico-informacional0" Vgug" *Fqwvqtcfq" go" Þncpvt„rkecu0" Rcpqtcoc" cvwcn" fq" Guvcfq" fg" U«q" Rcwnq0" Kp<"
IgqitcÞc"Jwocpc+"Ï"Fgrctvcogpvq"fg"IgqitcÞc."Hcewnfcfg" XKCPC."C0N0"fÔé0"gv"cn0"*Qti0+0"Proteção social<"fkngocu"g"fgucÞqu0"
fg"HknquqÞc."Ngvtcu"g"Ek‒pekcu"Jwocpcu."Wpkxgtukfcfg"fg"U«q" São Paulo: Hucitec, 2005. p. 220-243.
Paulo, São Paulo, 2005. MQUKM."M0"Dialética do concreto. 7. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
CNOGKFC."O0J0V0"Q"Guvcfq"Dtcukn"eqpvgorqt¤pgq"/"wo"rcuugkq" 2002. (1. ed. 1963. p. 43).
rgnc"jkuv„tkc0"Kp<"OGNQ."E0T0="UéG¥."O0C0"*Qti0+0"A democracia NKOC." N0F0" Hgfgtcnkuoq." tgnc› gu" Þuecku" g" Þpcpekcogpvq" fq" Ukuvgoc"
brasileira0"30"gf0"Dgnq"Jqtk|qpvg<"WHOI."42290"x0"30"r0"39/5:0 Único de Saúde: a distribuição de receitas vinculadas à saúde nos
CPVCU" LóPKQT." T0O0" Gurc›q" igqit Þeq: fonte material e não qt›cogpvqu"owpkekrcku"g"guvcfwcku0"Tkq"fg"Lcpgktq<"Owugw"fc"
hqtocn"fq"fktgkvq0"Vgug"*Fqwvqtcfq"go"IgqitcÞc"Jwocpc+"Ï"Fg- República, 2007.
rctvcogpvq"fg"IgqitcÞc."Hcewnfcfg"fg"HknquqÞc."Ngvtcu"g"Ek‒pekcu" TKDGKTQ." C0E0V0" Nwictgu" fqu" ucdgtgu<" fk nqiqu" cdgtvqu0" Kp<"
Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. DTCPFËQ."O0C0"Milton Santos e o Brasil. São Paulo: Fundação
DCJKC."N0"Q"UWU"g"qu"fgucÞqu"fc"wpkxgtucnk|c›«q"fq"fktgkvq" Perseu Abramo, 2004a. p. 39-50. (Coleção Pensamento Radical).
à saúde: tensões e padrões de convivência entre o público e o aaaaaa0"Tgikqpcnk|c›«q<"hcvq"g"hgttcogpvc0"Kp<"NKOQPCF."G0="
rtkxcfq"pq"ukuvgoc"fg"uc¿fg"dtcukngktq0"Kp<"NKOC."P0V0"gv"cn0" JCGUDCGTV."T0="OQTGKTC."T0"*Qti0+0"Brasil, século XXI – por
(Org.). Saúde e democracia: história e perspectivas do SUS. Rio de uma nova regionalização?: agentes, processos e escalas. São Paulo:
Janeiro: Fiocruz, 2005. p. 407-450. Ocz"Nkoqpcf."4226d0"r0"3;6/4340
DGTPCTFGU."C0"gv"cn0"Q"rcrgn"cvkxq"fc"IgqitcÞc: um manifesto. TKDGKTQ"L0O0="EQUVC"P0T0"fc0"Tgikqpcnk|c›«q"fc"cuukuv‒pekc"
Kp<"GPEQPVTQ"PCEKQPCN"FG"IGðITCHQU."340."Hnq- à saúde no Brasil: os consórcios municipais no Sistema Único
rianópolis, SC, jun. 2000. de Saúde (SUS). Planejamento e Políticas Públicas, n. 22, p. 173-220,
DTCUKN0"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg0"Pacto pela Saúde. Brasília: 2006a. dez. 2000.
aaaaaa0"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg0"Ugetgvctkc/Gzgewvkxc0"Fgrctvcogp- UCPVQU."O0"Por uma outra globalização, do pensamento único à consciên-
vq"fg"Crqkq" "Fguegpvtcnk|c›«q0"Regionalização solidária e cooperativa: cia universal. 3. ed. Rio de Janeiro e São Paulo: Record, 2000.
orientações para sua implementação no SUS. Brasília: 2006b.
______. O território e o saber local: algumas categorias de análise.
aaaaaa0"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg0"A Regionalização da Saúde. Brasília: Cadernos Ippur."Tkq"fg"Lcpgktq."cpq"ZKK."p0"4."r0"37/47."3;;;0
jun. 2004. (Versão preliminar para discussão interna).
______. A natureza do espaço: razão e emoção, técnica e tempo.
aaaaaa0"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg0"Descentralização das ações e serviços de São Paulo: Hucitec, 1996a.
saúde: a ousadia de cumprir e fazer cumprir a lei. Brasília: 1993.
aaaaaa0"Rqt"woc"igqitcÞc"ekfcf«<"rqt"woc"grkuvgoqnqikc"fc"gzku-
CORRÊA, R.L. Vtclgv„tkcu"igqit Þecu. Rio de Janeiro: Bertrand tência. Dqngvko"Ic¿ejq"fg"IgqitcÞc, Porto Alegre, n. 21, 1996b.
Brasil, 1997.
aaaaaaa0"Q"tgvqtpq"fq"vgttkv„tkq0"Kp<"UCPVQU."O0="UQW¥C."
FWCTVG." E0O0T0" Modelo organizacional da Unimed: estudo de O0C0C0="UKNXGKTC."O0N0"*Qti0+0"Território: globalização e frag-
ecuq"uqdtg"c"ogfkekpc"uwrngogpvct0"Vgug"*Fqwvqtcfq+"Ï"Gueqnc" mentação. São Paulo: Hucitec-ANPUR, 1994. p. 15-20.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 92-106, jan./jun. 2008


106 ANA LUIZA D’Á. VIANA/NELSON IBAÑEZ/PAULO EDUARDO M. ELIAS/LUCIANA D. DE LIMA/MARIANA V. DE ALBUQUERQUE/FABÍOLA L. IOZZI

UCPVQU."O0="UKNXGKTC."O0N0"O Brasil: território e sociedade no XKCPC."C0N0"fbé0"Ukuvgoc"g"fguegpvtcnk|c›«q<"c"rqn vkec"fg"


kp ekq"fq"ufiewnq"ZZK0"Tkq"fg"Lcpgktq"g"U«q"Rcwnq<"Tgeqtf."42230" uc¿fg"pq"Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq"pqu"cpqu":20"Vgug"*Fqwvqtcfq"
UËQ"RCWNQ"*Guvcfq+0"Ugetgvctkc"fc"Uc¿fg0 Plano Estadual de go"Geqpqokc+"Ï"Kpuvkvwvq"fg"Geqpqokc."Wpkxgtukfcfg"Guvcfwcn"
Saúde 2008 – 2011. São Paulo: 2008. de Campinas, Campinas, 1994.
UKNXGKTC."O0N0"C"tgik«q"g"c"kpxgp›«q"fc"xkcdknkfcfg"fq"vgttk- XKCPC."C0N0"fbé0"gv"cn0"Ukuvgoc"fg"uc¿fg"wpkxgtucn"g"vgttkv„-
v„tkq0"Kp<"UQW¥C."O0C0C0"fg0"*Qti0+0"Território Brasileiro: usos e tkq<"fgucÞqu"fg"woc"rqn vkec"tgikqpcn"rctc"c"Coc|»pkc"Ngicn0"
abusos. Campinas: Territorial, 2003. p. 408-416. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, supl. 2, p. S117- S131,
2007.
UQW¥C."O0C0C0"fg0"C"gzrnqu«q"fq"vgttkv„tkq<"hcn‒pekc"fc"tgik«qA"
Cadernos IPPUR."Tkq"fg"Lcpgktq."cpq"XKK."p0"3."cdt0"3;;50 XKCPC."C0N0"fbé0="NKOC."N0F0="QNKXGKTC."T0I0"Fguegp-
UVWEEJK."O0N0T0"Eqpu„tekqu"kpvgtowpkekrcku"fg"uc¿fg"pq"Guvc- tralização e federalismo: a política de saúde em novo contexto
fq"fg"U«q"Rcwnq0"Kp<"UËQ"RCWNQ"*Guvcfq+0"Ugetgvctkc"fc"Uc¿fg0" – lições do caso brasileiro. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro,
Coordenadoria de Planejamento de Saúde. Planejamento de saúde: v. 7, n. 3, p. 493-507, 2002.
eqpjgekogpvq"("c› gu0"U«q"Rcwnq<"UGU1ERU."42280"r0"355/36:0 YCIPGT." I0" Ghgkvqu" rctcfqzcku" fc" fguegpvtcnk|c›«q" fq"
XCKPGT." E0D0" Kpvgtfkuekrnkpctkfcfg" g" guvwfqu" tgikqpcku0" Kp<" Ukuvgoc" ópkeq" fg" Uc¿fg" fq" Dtcukn0" Kp<" HNGWT[." U0" *Qti0+0"
OGNQ."L0I0"Região, cidade e poder. Presidente Prudente: Gasperr, Democracia, descentralização e desenvolvimento: Dtcukn" g" Gurcpjc0"
1996. p. 11-32. Rio de Janeiro: FGV, 2006. p. 417-442.

ANA LUIZA D’ÁVILA VIANA


Doutora em Economia, Professora e Pesquisadora do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP

NELSON IBAÑEZ
Livre-Docente em Saúde Pública, Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e médico sanitarista
do Governo do Estado de São Paulo, Pesquisador do Centro de Estudos Augusto Leopoldo Ayrosa Galvão

PAULO EDUARDO MANGEON ELIAS


Doutor em Medicina Preventiva, Professor e Pesquisador do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina
da USP, Pesquisador do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea

LUCIANA DIAS DE LIMA


Doutora em Saúde Coletiva, Professora e Pesquisadora do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde da
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz

MARIANA VERCESI DE ALBUQUERQUE


Oguvtg"go"IgqitcÞc."Rguswkucfqtc"fq"Fgrctvcogpvq"fg"Ogfkekpc"Rtgxgpvkxc"fc"Hcewnfcfg"fg"Ogfkekpc"fc"WUR

FABÍOLA LANA IOZZI


Oguvtg"go"IgqitcÞc."Rguswkucfqtc"fq"Fgrctvcogpvq"fg"Ogfkekpc"Rtgxgpvkxc"fc"Hcewnfcfg"fg"Ogfkekpc"fc"WUR

Artigo recebido em 13 de dezembro de 2007.


Aprovado em 13 de setembro de 2008.

Como citar o artigo:


XKCPC."C0N0fbé0"gv"cn0"Pqxcu"rgturgevkxcu"rctc"c"tgikqpcnk|c›«q"fc"uc¿fg0 São Paulo em Perspectiva, São Paulo, Fundação Seade,
x0"44."p0"3."r0";4/328."lcp01lwp0"422:0"Fkurqp xgn"go<">jvvr<11yyy0ugcfg0iqx0dt@=">jvvr<11yyy0uekgnq0dt@0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 92-106, jan./jun. 2008


MUNICÍPIOS COOPERANDO COM MUNICÍPIOS
relações federativas e consórcios intermunicipais
de saúde no Estado de São Paulo

V ANESSA E LIAS DE O LIVEIRA

Resumo: O trabalho analisa o Consórcio de Saúde do Alto Vale do Ribeira, descrevendo seu desenho institucional
e analisando os resultados e as principais transformações ocorridas na rede de serviços dos municípios consorciados, após sua implementação.
Palavras-chave: Municípios. Consórcios intermunicipais de saúde. Relações intergovernamentais.

Abstract: This work analyses the “Alto Vale do Ribeira” Health Consortium, describing its institutional design
and analyzing the outcomes and transformations occurred in the health services’ net of the involved municipalities, after its introduction.
Key words: Municipalities. Inter-municipal health consortia. Intergovernmental relations.

O
tema do federalismo ganhou grande importância
na ciência política brasileira a partir da Constituição de 1988, em função da descentralização promovida por
aquela Carta e da elevação dos municípios ao status de ente federado, num desenho institucional inédito entre
os países federativos. Entretanto, ainda que tenham ganhado proeminência no cenário nacional, os municípios
não têm recebido grande destaque pela literatura acadêmica, e os trabalhos que tratam da descentralização e
do federalismo no Brasil tendem a voltar sua atenção apenas para os dois níveis de governo analisados pela
literatura internacional sobre federações, isto é, governo central e governos subnacionais – entendidos como os
governos estaduais. Por sua vez, a parca literatura existente sobre poder local foca-se mais na dinâmica interna
dos municípios do que nas suas relações com as demais esferas de governo. No mesmo sentido, as relações
intergovernamentais não têm merecido destaque e, conseqüentemente, as formas de cooperação intergover-
namentais, tais como consórcios, agências e câmaras setoriais, não são temas analisados em profundidade no
Brasil, principalmente no que se refere aos resultados obtidos pelas experiências existentes. Embora haja alguns
trabalhos inovadores e relevantes, como o de Abrucio e Soares (2001) e o de Rocha e Faria (2004), os poucos
existentes não se aprofundaram na questão dos resultados obtidos pelas experiências de consorciamento ou
outras formas de cooperação intergovernamental, atendo-se à descrição dos consórcios em termos de sua es-
trutura administrativa e jurídica, ou das questões políticas que envolveram suas institucionalizações.
Todavia, considerando que um dos aspectos centrais dos sistemas federativos é justamente a cooperação
entre os níveis de governo, somada à sua independência, conforme apontou Wheare (1964), a questão da co-

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 107-122, jan./jun. 2008


108 VANESSA ELIAS DE OLIVEIRA

ordenação intergovernamental torna-se crucial para ekcn."Þuecn."rqn vkeq."gve0+."ocu"uko"crgpcu"pq"swg"ug"


o entendimento do funcionamento dos sistemas fe- refere à cooperação intergovernamental e aos resul-
derativos, sendo que os tipos de cooperação existen- tados dela decorrentes no caso estudado. Para tal,
tes e os resultados alcançados são peças-chave para a analisam-se, primeiramente, aspectos gerais das fede-
compreensão das federações. rações e o modelo de federalismo adotado pela Cons-
O presente trabalho1 objetiva trazer uma contri- tituição de 1988, em especial a descentralização. Em
buição à literatura sobre federalismo e relações inter- seguida, são descritos os Consórcios Intermunicipais
governamentais no Brasil, através do estudo de caso de Saúde em seus aspectos legais, estruturais e orga-
do Consórcio de Saúde do Alto Vale do Ribeira (Ci- pk|cekqpcku."dgo"eqoq"uwcu"hqtocu"fg"Þpcpekcogpvq"
savar),2 chamado de Consórcio de Apiaí, procurando e principais objetivos. Na seqüência, apresenta-se um
compreender os resultados alcançados no provimen- mapeamento dos consórcios no Estado de São Pau-
to dos serviços de saúde da região e demonstrando nq" rctc." rqt" Þo." hqecnk|ct" q" ecuq" fq" Eqpu„tekq" fg"
que o principal ganho gerado pela introdução do Saúde do Alto Vale do Ribeira – Cisavar, analisando
consórcio não foi apenas a ampliação da oferta dos ser- os resultados no provimento de serviços públicos de
viços especializados, através do melhor aproveitamento saúde à população da região.
dos serviços já existentes (diminuição da ociosidade
do hospital-sede), mas também a diminuição do compor- FEDERAÇÕES E O FEDERALISMO
tamento free-rider por parte dos municípios vizinhos, BRASILEIRO PÓS-1988
menores e com menos serviços disponíveis, que pas-
uctco" c" eqpvtkdwkt" eqo" tgewtuqu" Þpcpegktqu" rctc" q" Existem hoje no mundo 25 países federativos,4 além
hospital ao qual já encaminhavam pacientes, mas não de outras “quase federações”, ou seja, países ampla-
recursos, e o aumento do poder de barganha dos municípios mente descentralizados, mas que não são federações
envolvidos junto ao governo estadual, levando recursos à formais, constitucionalizadas. Todas essas nações
tgik«q"swg"fkÞeknogpvg"ugtkco"qdvkfqu"ecuq"qu"uqnkek- apresentam como característica comum a ampla he-
tassem isoladamente. terogeneidade, seja cultural, religiosa, lingüística ou
LwuvkÞec/ug" c" gueqnjc" fguug" eqpu„tekq" rgnq" hcvq" socioeconômica, sustentada pela capacidade de man-
de estar inserido em uma das regiões mais pobres ter a unidade na diversidade, conforme sugere Elazar
do Estado e, portanto, onde a escassez de serviços, *3;:9+."q"swg"ukipkÞec"c"ecrcekfcfg"fg"ocpvgt"c"wpk-
principalmente os especializados, deve ser minorada. dade territorial com a preservação da autonomia local
Tendo em vista que um dos principais objetivos dos e, portanto, das diferenças regionais existentes.
consórcios é justamente superar essa carência, consi- De acordo com Elazar (1987, p. 5, grifo nosso),
derou-se ser essa uma região propícia para o estudo um dos principais teóricos do federalismo:
dos efeitos da utilização desse instrumento.
Com isso, busca-se introduzir ao debate os efeitos um arranjo federal é uma parceria, estabelecida e regulada
reais produzidos pela cooperação intergovernamental rqt"wo"rcevq."ewlcu"eqpgz gu"kpvgtpcu"tgàgvgo"wo"vkrq"gurgekcn"
entre municípios, os quais podem alterar os alcances de divisão de poder que deve prevalecer entre os par-
das políticas públicas locais e, portanto, gerar diferen- ceiros, baseada no reconhecimento mútuo da integridade de
›cu"ukipkÞecvkxcu"pqu"tguwnvcfqu"fguucu"rqn vkecu"pq"eqp- cada um e no esforço de desenvolver uma unidade especial
texto da descentralização brasileira pós-1988.3"GpÞo." entre eles.
pretende-se demonstrar como a variável “cooperação
intergovernamental” é relevante e deve ser levada em Sendo assim, apreende-se que as federações são sis-
consideração nos trabalhos sobre os efeitos da descen- temas que dependem fortemente de mecanismos de
tralização das políticas públicas/sociais no Brasil. coordenação e cooperação entre os níveis de governo,
O intuito deste trabalho não é analisar o desenho g"c"itcpfg"fkÞewnfcfg"c"ugt"uwrgtcfc"gpeqpvtc/ug"pq"
federativo brasileiro em todos os seus aspectos (so- compartilhamento de funções e responsabilidades en-

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 107-122, jan./jun. 2008


MUNICÍPIOS COOPERANDO COM MUNICÍPIOS: RELAÇÕES FEDERATIVAS ... 109

tre entes federativos, que, dada sua natureza autônoma, nhos e soluções criativas aos problemas locais. Por
só cooperam com os demais se assim o desejarem, nas outro lado, a descentralização pode gerar o aumento
circunstâncias que lhes forem convenientes. do poder das oligarquias locais, ou ainda agravar as
Pq"Dtcukn."vcn"fkÞewnfcfg"fi"citcxcfc"rgnq"hcvq"fg" desigualdades regionais, principalmente em países
que, ao contrário das demais federações existentes, que não possuem mecanismos compensatórios, de
não são apenas dois os entes federados autônomos transferências de recursos das regiões mais ricas para
– Estados e governo federal, mas sim três, soman- as mais pobres, como a Índia e o Brasil (ABRUCIO;
do-se a estes os municípios. Esse “federalismo tri- SOARES, 2001). Deve-se ainda acrescentar às des-
no” brasileiro não apenas descentralizou as políticas vantagens da descentralização, embora a literatura
r¿dnkecu."tgrcuucpfq"cqu"owpke rkqu"tgewtuqu"Þpcp- não aprofunde essa questão, o mau uso dos recursos
ceiros e responsabilidades sobre o provimento de públicos em países com pouca ou nenhuma capacida-
serviços sociais, como também lhes concedeu au- fg"fg"cwfkvqtkc"g"Þuecnk|c›«q"fcu"c› gu"fqu"iqxgtpqu"
tonomia decisória, cabendo-lhes a escolha sobre as subnacionais.
políticas a serem implementadas e os recursos que No Brasil, a descentralização tem promovido re-
a elas serão alocados, ainda que dentro de certo li- sultados diversos, conforme a política social em ques-
mite constitucional, nos casos da saúde e educação.5 tão. Arretche (2000, 2002) demonstrou que, enquanto
Nesse contexto, em concordância com Abrucio e
a saúde e a educação alcançaram um alto grau de des-
Soares (2001, p. 26, grifo nosso), por descentraliza-
centralização, políticas como habitação e saneamento
ção entende-se:
básico ainda não conseguiram o mesmo desempe-
nho. Esse fato explica, ao menos em parte, a razão
[um] processo político que resulta em transferência e/ou
pela qual a saúde é a área em que as experiências de
conquista de autonomia em termos de poder decisó-
cooperação intergovernamental mais se desenvolve-
rio, sendo diferente, portanto, da mera delegação de funções
ram, em especial os Consórcios Intermunicipais de
administrativas.
Saúde: amplamente descentralizada, alguns gestores
municipais do SUS encontraram no consorciamento
Embora a descentralização tenha sido percebida,
no momento de sepultamento do longo regime auto- woc"hqtoc"fg"uwrgtct"cu"fkÞewnfcfgu"gphtgpvcfcu"pc"
ritário brasileiro que vigorou de 1964 a 1982, como provisão local (e “individualizada”) dos serviços pú-
uma fórmula mágica de democratização e geração de blicos de saúde.
acesso a políticas sociais universais, a literatura sobre
o tema a discute como um mecanismo que apresenta AS (ESCASSAS) EXPERIÊNCIAS DE COOPERAÇÃO
vantagens e desvantagens. Entre as primeiras, estão: a INTERGOVERNAMENTAL NO BRASIL
chamada “democratização do poder local”, ou seja, a
proximidade dos governos em relação aos cidadãos, A década de 1990 presenciou um aumento no nú-
resultando (teoricamente) em crescimento da partici- mero de experiências de cooperação intermunicipal,
rc›«q"rqn vkec="q"cwogpvq"fc"gÞe ekc"g"fc"gÞek‒pekc" sejam estas autônomas, iniciadas pelos próprios go-
da ação governamental, através da diminuição dos vernos municipais, ou induzidas pelos governos es-
custos de transação que envolve a centralização ex- taduais. Embora sem demonstração empírica, Rocha
cessiva de recursos e atribuições, como, por exemplo, e Faria (2004) apontam, como efeitos positivos da
a compra centralizada de medicamentos, para poste- cooperação, o aumento da capacidade de realização
rior distribuição aos 5.560 municípios;6 e o incentivo g"q"cnecpeg"fcu"rqn vkecu"r¿dnkecu="c"ockqt"gÞek‒pekc"
a inovações administrativas, com base na idéia de que no uso dos recursos públicos; e maior poder de ne-
os governos locais seriam mais responsivos às polí- gociação dos municípios diante dos demais níveis de
ticas adotadas localmente, em função de interesses governo e a de outras instituições, públicas ou priva-
eleitorais, o que os levaria a encontrar novos cami- das. Nas palavras dos autores:

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 107-122, jan./jun. 2008


110 VANESSA ELIAS DE OLIVEIRA

a cooperação pode ser, assim, uma maneira de reunir esforços para Vqfcxkc." pgpjwoc" pqtoc" qw" ngk" gurgekÞecxc" q"
uwrtkt"c"ect‒pekc"kpfkxkfwcn"fqu"owpke rkqu"go"tgewtuqu"Þpcpegk- tipo de regime jurídico, a natureza ou obrigações dos
ros, tecnológicos e humanos necessários à execução das atribuições municípios consorciados, e esses eram os únicos ins-
que lhe competem (ROCHA; FARIA, 2004, p. 16). trumentos legais que tratavam do consorciamento.
Rqtvcpvq."ecdkc"cqu"owpke rkqu"swg"Þtocxco"q"eqp-
Os Consórcios Intermunicipais são apenas uma sórcio o estabelecimento das regras que o regeriam.
das formas existentes de cooperação intergoverna- A primeira experiência de CIS surgiu em 1985, no
mental, podendo citar ainda as Câmaras Setoriais, as Estado de São Paulo, com o Consórcio de Saúde de
Associações, as Agências e as Redes de Cooperação. Penápolis, o qual serviu de modelo para outros que
Entre os consórcios existentes no Brasil, os de saúde surgiram posteriormente. Dada a ausência de regula-
são os mais difundidos, conforme apontou o Institu- ogpvc›«q"gurge Þec."qu"eqpu„tekqu"swg"hqtco"etkcfqu"
to Polis (apud BNDES):7 ao longo dos anos 1990, em geral, reproduziam mo-
delos já existentes, sem grandes inovações estruturais,
A operação conjunta da rede pública de serviços de saúde tem contando apenas com pequenas adaptações locais,
sido o motivo da criação de vários consórcios municipais nos go"gurgekcn"swcpvq"cq"gueqrq."qw"uglc."swcpvq" "Þ-
últimos anos. Isto porque é um tipo de serviço que exige gran- nalidade última do consorciamento e, paralelamente,
des investimentos e que naturalmente é hierarquizado em rede com a delimitação dos recursos que seriam abrangi-
por demanda: um município de pequena população não terá dos pelo consorciamento. Grosso modo, a maioria
condições (nem fará sentido que o faça) para oferecer todo o dos consórcios tem como principais aspectos legais:
leque de serviços possíveis e necessários. ̋" a necessidade de aprovação pelas Câmaras Mu-
nicipais de todos os municípios participantes e o
Neste artigo, os Consórcios Intermunicipais de posterior registro em Cartório;
Saúde – CIS serão tratados como: ̋" c" fgÞpk›«q." rgnqu" rtghgkvqu." fq" owpke rkq/ugfg" g"
do valor da contribuição de cada parceiro para sua
a união ou associação de dois ou mais municípios visando a manutenção;
resolução de problemas do setor e a busca de objetivos comuns, ̋" c"rtkpekrcn"hqpvg"fg"Þpcpekcogpvq"fi"rtqxgpkgpvg"
mediante a utilização conjunta de recursos humanos e mate- do Fundo de Participação dos Municípios (FPM),
riais disponíveis (ROCHA; FARIA, 2004, p. 17). visto que a Lei n. 8.080/90 (LOS) possibilita a
wvknk|c›«q" fg" tgewtuqu" fq" Hwpfq" rctc" guug" Þo"
Os CIS estavam previstos na Lei Orgânica da Saú- (artigo 3º);
de – LOS, de 1990, segundo a qual os municípios ̋" em geral, os CIS acordam que o município-sede do
podem estabelecer consórcios com o objetivo de de- consórcio, quase sempre o maior e com mais re-
senvolver ações e serviços de saúde, competindo à cursos instalados, contribua com o dobro do por-
administração municipal do SUS a formação do que a centual do Fundo de Participação destinado pe-
LOS chama de “consórcios administrativos intermu- los demais municípios (por exemplo, o município
nicipais”. Em seguida, através da Norma Operacional sede contribui com 2% do seu FPM e os demais
Básica da Saúde de 1993 (NOB 01/93), a formação com 1%), mas esses valores variam de consórcio
fg"eqpu„tekqu"gpvtqw"pqxcogpvg"go"swguv«q."Þecpfq" rctc"eqpu„tekq."Þecpfq"c"etkvfitkq"fqu"iguvqtgu"ow-
estipulado que os municípios deveriam levar em con- nicipais, no momento em que o CIS é criado.
sideração, na formação dos consórcios, Com relação à estrutura administrativa, os consórcios
possuem:
[as]"ectcevgt uvkecu"igqit Þecu."àwzq"fg"fgocpfc."rgtÞn"grkfg- ̋" Conselho de Municípios, responsável pela condu-
miológico, oferta de serviços e, acima de tudo, a vontade política ção da política do consórcio;
expressa pelos diversos municípios de se consorciar ou estabele- ̋" Eqpugnjq"Hkuecn."tgurqpu xgn"rgnc"iguv«q"Þpcpegk-
cer qualquer outra relação de caráter cooperativo. ra do consórcio;

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 107-122, jan./jun. 2008


MUNICÍPIOS COOPERANDO COM MUNICÍPIOS: RELAÇÕES FEDERATIVAS ... 111

̋" Secretaria Executiva, voltada para implementação Tabela 1


das ações acordadas, cujo coordenador é indicado Consórcios Intermunicipais de Saúde – CIS – Existentes
pelo Conselho dos Municípios; e Número de Municípios Consorciados
̋" participação da comunidade, através dos Conse- Brasil – 2000
lhos de Saúde dos municípios.
Entretanto, a difusão desse mecanismo ocorreu Municípios
Estados CIS existentes
consorciados
somente dez anos depois da experiência pioneira de
Penápolis, com o envolvimento dos governos esta- Total 141 1.618

duais do Paraná e de Minas Gerais, a partir de 1995. Pará 1 8


Os governadores tiveram um papel relevante nesse Bahia 2 15
rtqeguuq." kpegpvkxcpfq" vfiepkec" g" Þpcpegktcogpvg" q" Rio Grande do Norte 1 12
consorciamento entre os municípios de seus respec-
Paraíba 7 60
tivos Estados. De acordo com pesquisa realizada pela
Organização Pan-Americana de Saúde – Opas –, em Goiás 1 12

conjunto com o Ministério da Saúde, para o mapea- Mato Grosso 8 57


mento dos consórcios no Brasil, 53% dos dirigentes Espírito Santo 10 69
fg"EKU"gpvtgxkuvcfqu"cÞtocxco"eqpvct"eqo"c"eqqrg- Minas Gerais 70 748
ração das Secretarias Estaduais de Saúde.
Rio de Janeiro 4 46
O caso de Minas Gerais é emblemático, pois tra-
São Paulo 7 74
tou-se de uma política estadual, durante o governo
Azeredo (1995-1998), e a Secretaria de Saúde criou Paraná 18 289
wo" tgrcuug" fg" tgewtuqu" gurge Þequ" rctc" qu" owpke - Rio Grande do Sul 3 89
pios consorciados, gerando um incentivo adicional Santa Catarina 9 139
à formação de CIS no Estado (ROCHA; FARIA,
Fonte: Lima e Pastrana (2000).
2004). Já a importância do governo federal foi re-
lativamente menor, ainda que este considere os CIS
“uma das estratégias essenciais para a melhoria dos Tabela 2
serviços” (BRASIL, 1997, p. 5), e que esse quadro ve- Principais Objetivos dos Consórcios Intermunicipais de
nha se alterando no governo Lula, com a aprovação Saúde – CIS, Apontados pelos seus Integrantes
da Lei Federal n. 11.107, de 6 de abril de 2005, que re- Brasil – 2000
gulamenta os consórcios públicos, além da demons-
Objetivos %
tração da intenção do governo federal em cooperar
Þpcpegktcogpvg"eqo"qu"owpke rkqu"rctc"c"gzrcpu«q" Especialidades 95,7
do consorciamento no país.8 Assessoria técnica 63,8
Ainda assim, o mecanismo de consorciamento não Atenção hospitalar 35,7
se difundiu igualmente entre os Estados e municípios
Atenção básica 24,8
do Brasil. Dados da Opas/MS demonstram que, em
2000, menos de 30% dos municípios brasileiros in- Fonte: Lima e Pastrana (2000).
tegravam algum Consórcio Intermunicipal de Saúde,
ainda que 71,8% dos 5.560 municípios brasileiros tes nos Estados cujos governadores transformaram
possuam menos de 20.000 habitantes (IBGE, 2005), o consorciamento numa política de governo, como
considerados de pequeno porte e que, portanto, também uma maior utilização desse instrumento nos
rqfgtkco" ug" dgpgÞekct" fguug" ogecpkuoq0" Cfgocku." Estados do Sul e Sudeste, regiões que concentram
percebe-se que existe não apenas uma grande con- 86% das experiências de CIS existentes no país e 90%
centração de consórcios e municípios deles integran- dos municípios envolvidos.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 107-122, jan./jun. 2008


112 VANESSA ELIAS DE OLIVEIRA

Esse dado torna-se ainda mais It Þeq"3


curioso quando se analisam os prin- Principais Inovações Geradas pelos Consórcios Intermunicipais de
cipais objetivos dos consórcios. Se- Saúde – CIS (1), segundo seus Integrantes
gundo pesquisa da Opas/MS, 95,7% Brasil – 2000
dos consórcios têm por objetivo o
acesso a serviços de especialidades,
em geral muito dispendiosos, em Ampliação da oferta 97,8%
função tanto da tecnologia envolvida
Melhoria do acesso 97,1%
quanto dos recursos humanos neces-
sários para sua implementação, 63,8% Articulação política 93,5%
buscam assessoria técnica através do
Organização da referência 93,4%
eqpuqtekcogpvq."dgpgÞekcpfq/ug"fqu"
recursos humanos especializados Planejamento integrado 90,6%
dos municípios maiores envolvidos, Infra-estrutura, equipamentos e
insumos 80,3%
35,7% objetivam ter acesso a recur-
sos hospitalares, uma vez que municí- Outras 44,5%
pios pequenos não possuem hospitais
equipados e com serviços de média e
alta complexidade, e apenas um quar- Fonte: Lima e Pastrana (2000).
to dos municípios consorciados visa (1) Questionário de múltipla escolha.
o aprimoramento da atenção bási-
ca através do CIS, o que é compreensível, já que a Nas regiões Norte e Nordeste, dois fatores podem
atenção básica está sob responsabilidade municipal, ser citados como inibidores da cooperação intermu-
e todos os municípios recebem recursos do SUS di- nicipal. Em primeiro lugar, especialmente no caso da
tgvcogpvg"pq"Hwpfq"Owpkekrcn"rctc"guug"Þo0 região Norte, os municípios são muito grandes, dis-
Assim, surpreende o fato de que as regiões Nor- vcpvgu"gpvtg"uk"g"fg"fkh ekn"ceguuq."q"swg"vqtpc"kpgÞec|"
te e Nordeste, que são as que têm menores recursos o consorciamento: se este é um instrumento que visa
de serviços de especialidades, hospitais e assessoria facilitar o acesso das pessoas aos serviços da região,
técnica especializada, não utilizem amplamente esse não há muito sentido criar um consórcio para mu-
mecanismo como instrumento para resolução dos nicípios muito distantes entre si, pois os munícipes
problemas de provimento de serviços públicos de vgtkco"fkÞewnfcfg"go"ceguuct"qu"ugtxk›qu"fkurqp xgku0"
saúde à população. Em segundo lugar, regiões muito pobres podem não
Considerando os bons resultados apontados pe- contar com um patamar mínimo de serviços desejá-
los municípios consorciados, no que se refere às xgn"rctc"Þtoctgo"eqpu„tekqu."woc"xg|"swg."rqt"p«q"
inovações geradas na rede de saúde local, conforme possuírem os mínimos equipamentos e recursos de
oquvtc" q" It Þeq" 3." rqfg/ug" fgrtggpfgt" swg." go- saúde, o consorciamento não produziria ganhos adi-
bora ainda não seja um mecanismo disseminado, cionais para os municípios envolvidos em termos de
rtkpekrcnogpvg" fgxkfq" " fkÞewnfcfg" fg" ug" Þtoc- serviços disponibilizados aos cidadãos.9 Ainda assim,
rem acordos entre municípios que são autônomos o consorciamento poderia servir, nesses casos, como
e com freqüência politicamente rivais, o Consórcio uma forma desses municípios aumentarem seus po-
Intermunicipal de Saúde deve ser percebido e in- deres de barganha junto aos governos estaduais e fe-
egpvkxcfq" eqoq" woc" hqtoc" gÞec|" fg" uqnw›«q" fqu" deral, já que, ao se unirem, teriam mais chances de
problemas de escassez de serviços e de capacidade obterem recursos para as suas regiões. Foi justamente
técnica especializados enfrentados pelos municípios o que ocorreu no caso do Cisavar, conforme será vis-
e regiões mais carentes do país. to adiante.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 107-122, jan./jun. 2008


MUNICÍPIOS COOPERANDO COM MUNICÍPIOS: RELAÇÕES FEDERATIVAS ... 113

COOPERAÇÃO INTERMUNICIPAL lidades e uma população de 2.244.766 habitantes, o que


PARA A SAÚDE NO ESTADO DE SÃO PAULO corresponde apenas a 6% da população total do Estado
(CPS-SES/SP, 2005). Os consórcios e respectivos mu-
O Estado de São Paulo conta atualmente com 14 CIS,10 nicípios envolvidos são apresentados no Quadro 1.
o dobro da quantidade apresentada em 2000, na época De acordo com o levantamento dos CIS, realizado
do levantamento realizado pela Opas/MS. Assim como pela Secretaria Estadual de Saúde, os consórcios podem
no restante do país, a maioria dos consórcios encontra- ser assim distribuídos, de acordo com seus objetivos
se em pequenos municípios, abrangendo 139 municipa- principais:

Swcftq"3
Consórcios Intermunicipais de Saúde
Estado de São Paulo – 2005
Ano de
Consórcios Municípios consorciados População Municípios
Formação
CIMSA Nova Canaã Paulista, Rubinéia, Santa Clara d’Oeste, Santa Fé do
Sul, Santa Rita d’Oeste, Três Fronteiras. 1995 42.817 6
Cisa Alto Alegre, Avanhandava, Barbosa, Braúna, Glicério, Luiziânia,
Penápolis. 1985 89.225 7
Cisavar Adrianópolis (Paraná), Apiaí (1), Barra do Chapéu (1), Iporanga (1),
Itaóca (1), Itapirapuã Paulista (1), Ribeira (1). 2001 46.750 7
Cisnap Dracena, Flora Rica, Irapuru, Junqueirópolis, Monte Castelo, Nova
Guataporanga, Ouro Verde, Panorama, Paulicéia, Santa Mercedes,
São João do Pau d’Alho, Tupi Paulista. 1998 117.354 12
Civap Assis, Borá, Campos Novos Paulista, Cândido Mota, Cruzália,
Echaporã, Florínia, Ibirarema, Iepê, Lutécia, Maracaí, Nantes, Oscar
Bressane, Palmital, Paraguaçu Paulista, Pedrinhas Paulista, Platina,
Quatá, Rancharia, Tarumã. 2001 299.323 20
Conderg Aguaí, Águas da Prata, Caconde, Casa Branca, Divinolândia, Espírito
Santo do Pinhal, Itobi, Mococa, Santa Cruz das Palmeiras, Santo
Antonio do Jardim, São João da Boa Vista, São José do Rio Pardo,
São Sebastião da Grama, Tambaú, Tapiratiba, Vargem Grande. 1985 473.142 16
Conisca Águas de Lindóia, Lindóia, Serra Negra, Socorro. 2004 82.963 4
CIS Birigui Birigui, Brejo Alegre, Buritama, Clementina, Coroados, Gabriel
Monteiro, Lourdes, Piacatu, Santópolis do Aguapeí, Turiúba. 2000 146.618 10
CIS Capivari Capivari, Elias Fausto, Mombuca, Rafard. 1997 71.844 4
CIS Conchas Anhembi, Bofete, Conchas, Pereiras, Porangaba. 1986 44.048 5
CIS Itanhaém, Peruíbe,
Itariri, Pedro de Toledo Itanhaém (1), Itariri (1), Pedro de Toledo (1), Peruíbe (1). 2000 170.850 4
Consaúde Apiaí, Barra do Chapéu, Barra do Turvo, Cajati, Cananéia, Eldorado,
Iguape, Ilha Comprida, Iporanga, Itanhaém, Itaóca, Itapirapuã
Paulista, Itariri, Jacupiranga, Juquiá, Juquitiba, Miracatu,
Mongaguá, Pariquera-Açu, Pedro de Toledo, Peruíbe, Registro,
Ribeira. 1989 549.299 26
Consirj Aparecida d’Oeste, Aspásia, Dirce Reis, Dolcinópolis, Jales,
Marinópolis, Mesópolis, Palmeira d’Oeste, Paranapuã, Pontalinda,
Santa Albertina, Santa Salete, Santana da Ponte Pensa, São
Francisco, Urânia, Vitória Brasil. 2001 102.578 16
Ummes Bernardino de Campos, Canitar, Chavantes, Espírito Santo do Turvo,
Ipauçu, Manduri, Óleo, Ourinhos, Ribeirão do Sul, Salto Grande,
Santa Cruz do Rio Pardo, São Pedro do Turvo, Timburi. 1994 225.555 13
Fonte: CPS-SES/SP (2005).
(1) Município pertencente a mais de um consórcio.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 107-122, jan./jun. 2008


114 VANESSA ELIAS DE OLIVEIRA

̋" oito (57%) envolvem a prestação de atendimen- O Cisavar engloba sete municípios da região, sen-
to de média complexidade em prontos-socorros, do um deles no Estado do Paraná. São eles: Adria-
hospitais e maternidades; nópolis (Paraná), Apiaí, Barra do Chapéu, Iporanga,
̋" oito (57%) envolvem atendimento em clínica mé- Itaóca, Itapirapuã Paulista e Ribeira. Ao todo, o con-
dica especializada, como, por exemplo, oftalmo- sórcio abrange uma população aproximada de 46.700
logia, otorrinolaringologia, ortopedia, cardiologia, pessoas. Apenas o município-sede, Apiaí, possui
neuroclínica, dermatologia e oncologia; mais de 20.000 habitantes (27.621),14 sendo todos os
̋" sete (50%) prestam serviço de apoio diagnóstico, demais de pequeno porte, com uma população que
envolvendo a realização de exames laboratoriais; varia de 3.000 a 6.000 habitantes, aproximadamente,
̋" quatro consórcios (29%) possuem UTI móvel e fortemente SUS-dependente. De acordo com dados
prevêem a remoção de pacientes graves para aten- da Agência Nacional de Saúde (ANS), apenas 2,2%
dimento no pólo regional; da população desses municípios, em média, possui
̋" três consórcios (21%) prevêem a contratação de assistência médica privada de saúde, sendo que em
pessoal, já que este se tornou um problema para municípios, como Itapirapuã Paulista, esse valor não
os gestores, após o limite de gastos imposto pela chega a 0,5%.
ngk"fg"tgurqpucdknkfcfg"Þuecn0 A análise do consórcio levará em consideração
Entretanto, ainda que o consorciamento tenha au- apenas os municípios do Estado de São Paulo, uma
mentado nos últimos anos no Estado de São Paulo, vez que Adrianópolis, pertencente ao Paraná, passou
esse é um instrumento pouco utilizado pelos gestores a integrar o consórcio somente em 2003 e sua inclu-
municipais como forma de ampliação dos serviços são na análise poderia gerar uma distorção nos resul-
disponibilizados aos cidadãos, abrangendo apenas tados. Além disso, dado o pequeno tempo de partici-
21% dos municípios do Estado, ou mesmo como pação desse município no consórcio, acredita-se que
mecanismo de aumento do poder de barganha destes sua exclusão não afetará os resultados encontrados.
junto ao gestor estadual. Mas o governo, embora não
tenha adotado o consórcio como uma política públi- RECURSOS FINANCEIROS
ca para o aprimoramento da rede SUS estadual, tem
clwfcfq"Þpcpegktc"g"vgepkecogpvg"cniwpu"eqpu„tekqu" Q" Ekucxct" fi" Þpcpekcfq" eqo" tgewtuqu" rtqxgpkgpvgu"
swg"ug"Þtoctco"pq"Guvcfq.11 como é o caso do Con- dos municípios envolvidos e do governo estadual.
sórcio de Saúde do Alto Vale do Ribeira. Apiaí, que é a sede do consórcio, destina 4% do Fun-
do Municipal de Saúde à manutenção do CIS, e os
O CONSÓRCIO DE SAÚDE DO ALTO demais municípios contribuem com 2% de seus Fun-
VALE DO RIBEIRA – CISAVAR dos. O município-sede contribui com uma parcela
maior visto que os recursos vão para a manutenção
O Consórcio de Apiaí, município-sede do Consór- do Hospital de Apiaí e são os munícipes dessa cidade
cio do Alto Vale do Ribeira – Cisavar, foi formado os que mais utilizam os serviços por ele prestados.
em 2001, após uma dissidência dos municípios en- Esses valores são descontados, por Lei Municipal,
volvidos no grande consórcio existente na região do dos Fundos de Saúde de cada município e creditados
Vale do Ribeira, o Consaúde.12 O principal escopo do na conta bancária do consórcio. O Estado, por sua
Cisavar é a manutenção do Hospital de Apiaí (CPS- vez, contribui com uma parcela mensal semelhante
UGU1UR."4227+."swg"fi"wo"jqurkvcn"Þncpvt„rkeq"*Ucpvc" àquela dos municípios envolvidos que não são sede,
Casa de Misericórdia) e foi reformado após a coope- repassando os recursos diretamente ao Hospital de
ração estabelecida entre os municípios envolvidos e Apiaí (CPS-SES/SP, 2005).
clwfc"Þpcpegktc"fq"iqxgtpq"guvcfwcn."swg"tgrcuuqw." Analisando as despesas totais em saúde no perío-
em 2002, recursos na ordem de R$ 480.000,00 para do 2001 a 2003, pode-se perceber que houve uma
investimentos em saúde em Apiaí.13 ampliação dos gastos com saúde por habitante em

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 107-122, jan./jun. 2008


MUNICÍPIOS COOPERANDO COM MUNICÍPIOS: RELAÇÕES FEDERATIVAS ... 115

Tabela 3
Despesas por Habitante e Transferências do SUS
Município de Apiaí –2001-2004

Dados e indicadores 2001 2002 2003 2004

Despesa total com saúde por habitante (R$) 105,07 133,61 141,10 148,83

Despesa com recursos próprios por habitante 70,98 110,93 109,20 109,97

Transferências SUS por habitante 34,10 22,68 31,89 38,86

Despesa total com saúde 2.858.983,89 3.646.724,33 3.859.260,79 4.079.909,57

Despesa com recursos próprios 1.931.197,33 3.027.684,93 2.986.886,94 3.014.615,80

Transferências SUS 927.786,56 619.039,40 872.373,85 1.065.293,76

Despesa com pessoal 1.485.553,52 1.899.805,97 2.153.890,07 2.294.606,10

Fonte: Datasus.

Apiaí, independentemente dos repasses de recursos Entretanto, ao se analisarem os dados da produção


SUS. Segundo dados do Datasus, houve aumento da de serviços ambulatoriais nos municípios do Cisavar,
despesa per capita e da despesa com recursos próprios, considerados em conjunto, percebe-se que não hou-
ainda que com a manutenção dos mesmos patamares xg" cwogpvq" ukipkÞecvkxq" pq" p¿ogtq" fg" cvgpfkogp-
de transferências SUS, como demonstra a Tabela 3. tos ambulatoriais totais ao longo dos anos, havendo
Cuuko."godqtc"p«q"ug"rquuc"cÞtoct"swg"hqk"c"kp- inclusive decréscimo na produção ambulatorial, até
trodução do consórcio que gerou tal ampliação – até mesmo após a introdução do consórcio, como pode
porque a Emenda Constitucional n. 29 já estava em ugt"xgtkÞecfq"pq"It Þeq"40
vigor15 –, o fato é que ela ocorreu sem que houvesse Esses dados mostram que a criação do consór-
aumento dos recursos SUS, demonstrando um pe- cio não gerou, na região de Apiaí, um aumento na
queno crescimento dos recursos próprios destinados à produção ambulatorial total.16 O pico de produção
saúde no município-sede do consórcio. de serviços em 2001 e 2002 foi resultante de um
aumento gradativo, que vinha ocorrendo ano a ano,
PRODUÇÃO DE SERVIÇOS e não de uma elevação brusca, a partir da criação
do Cisavar.
A literatura existente sobre o consorciamento no Bra- Considerando apenas a produção ambulatorial
sil aponta como um dos principais objetivos desse para o município de Apiaí, para o qual os recursos
mecanismo o aumento do acesso a serviços, especial- do consórcio são canalizados, os dados continuam
mente em municípios onde este é baixo, em função da apresentando uma pequena variação ao longo dos
guecuug|"vcpvq"fg"rtqÞuukqpcku"swcpvq"fg"gswkrcogp- anos, oscilando gradualmente, entre 1996 e 2004,
tos especializados (NICOLETTO; CORDONI JR.; sem nenhuma queda ou elevação brusca no número
COSTA, 2005; RIBEIRO; COSTA, 1999). Da mes- de consultas, tal como no caso do conjunto de mu-
ma forma, entre as principais inovações dos consór- nicípios do Cisavar. Similarmente, não houve aumen-
cios, segundo os gestores entrevistados pela pesquisa to na produção ambulatorial total per capita em Apiaí
Opas/MS, anteriormente apresentada, está justamente após a criação do consórcio, conforme demonstra o
c"cornkc›«q"fc"qhgtvc"fg"ugtxk›qu"*It Þeq"3+0 It Þeq"50

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 107-122, jan./jun. 2008


116 VANESSA ELIAS DE OLIVEIRA

It Þeq"4
Variação na Produção Ambulatorial do Cisavar
Brasil – 1995-2004

600.000

500.000

400.000

300.000

200.000

100.000

0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Fonte: Datasus.

It Þeq"5
Produção Ambulatorial per Capita
Município de Apiaí – 1996-2005

13,54
14,00
13,44

12,00

10,00

8,00

6,00

4,00

2,00

0,00
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Fonte: Datasus.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 107-122, jan./jun. 2008


MUNICÍPIOS COOPERANDO COM MUNICÍPIOS: RELAÇÕES FEDERATIVAS ... 117

Também não houve ampliação no número de Q" It Þeq" 6" fgoqpuvtc" c" fkhgtgp›c" gpvtg" qu" p¿-
leitos hospitalares na região com a implantação do meros de pacientes internados em Apiaí que residem
consórcio. Apiaí, que apresentava 74 leitos hospita- no município e os que não residem. Até 1998, Apiaí
nctgu" fg" iguv«q" owpkekrcn" g1qw" Þncpvt„rkec17 antes apresentava predomínio de invasão de pacientes de
do consórcio, mantém esse número até o presente. outros municípios e, por isso, recebia o pagamento
Iporanga, o único que também possui leitos hospita- de Autorização de Internação Hospitalar – AIH por
lares entre os municípios do Cisavar, além de Apiaí, pacientes que eram internados no seu hospital, mas
registrava, entre 1994 e 2001,18 os mesmos 14 leitos, que não residiam na cidade. De 1999 a 2001, entre-
segundo dados do Datasus. tanto, o município passou a apresentar predomínio
Todavia, a introdução do consórcio parece ter ge- de evasão de pacientes para hospitais de outras loca-
rado resultados positivos em termos de produção de lidades, o que demonstra a alteração na capacidade
serviços especializados, justamente aqueles mais escassos do hospital em receber e atender pacientes. Somen-
em regiões pobres e com muitos municípios de pe- te a partir de 2002, coincidindo com o período de
queno porte, como no Vale do Ribeira. Analisando os formação do consórcio e de investimentos estaduais
dados da produção ambulatorial de maneira desagre- no hospital, é que o Hospital de Apiaí voltou a ter
gada separando consultas médicas básicas de exames invasão de pacientes, sendo que a diferença entre o
e cirurgias ambulatoriais, percebe-se que, no período total de AIHs pagas e o número de AIHs pagas aos
anterior ao Cisavar, a média de consultas básicas era pacientes do município de Apiaí voltou a ser positi-
rt„zkoc" "xgtkÞecfc"cr„u"c"uwc"etkc›«q."ocu"cu"ofi- va, indicando que o hospital retomou o atendimento
dias de exames e pequenas cirurgias eram bem infe- a pacientes de outros municípios. A partir de então,
riores, apresentando aumento da ordem de 30,5% e o número de procedimentos externos prestados au-
47%, respectivamente (Tabela 4). mentou gradativamente. A reforma do hospital pare-
Assim, o consórcio parece ter produzido bons ce ter ajudado sua reestruturação e a retomada do seu
resultados no que diz respeito ao acesso a serviços papel de hospital “regional”, no sentido de ser um es-
mais especializados, como cirurgias ambulatoriais, e tabelecimento de referência para aqueles municípios,
de maior complexidade, como internação hospitalar, ainda que de pequeno porte.
o que pode ser comprovado pelo número de consultas Esse fato pode ser entendido como um dos efei-
prestadas a pacientes de municípios da área de abran- tos do consorciamento e da conseqüente reforma do
gência do Cisavar, que não de Apiaí – que serão cha- Hospital de Apiaí, uma vez que o aumento de aten-
mados aqui de “pacientes externos”. dimentos a munícipes externos ocorreu justamente

Tabela 4
Média de Atendimentos, segundo Grupo de Procedimentos
Município de Apiaí – Out. 1999-2004

Média por mês Média por mês Aumento


Grupo de procedimentos (após out./1999)
(out./1999-2001) (2002-2004) (%)

Ações médicas básicas 3.926,5 4.099,2 4,40

Cirurgias ambulatoriais especializadas 44,8 65,9 47,10

Exames (1) 2.593,4 3.383,9 30,50

Fonte: Datasus.
(1) Inclui exames da categoria “procedimentos especializados”, que são: patologia clínica, radiodiagnóstico, exames ultra-
sonográficos e diagnose.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 107-122, jan./jun. 2008


118 VANESSA ELIAS DE OLIVEIRA

It Þeq"6
Diferença entre o Total de Autorizações de Internação Hospitalar – AIHs Pagas
e o Número de AIHs Pagas a Pacientes do Município
Município de Apiaí – 1995-2004

800
623
600
464 489 459
400

200 135
77
28
0
-30 -10
-200

-400

-600 -552

-800
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Fonte: Datasus.

no período posterior à instituição do consórcio. Ade- de leitos hospitalares disponibilizados, criou uma
ocku."qu"fcfqu"eqttqdqtco"c"cÞtoc›«q"fq"ugetgv tkq" reestruturação e organização dos serviços especiali-
estadual de Saúde sobre o Consórcio de Apiaí: zados de saúde prestados pelo hospital-sede do con-
sórcio, em Apiaí, proporcionando o crescimento da
A gente tem um consórcio aqui em São Paulo, o consórcio de produção de serviços especializados, como exames e
saúde de Apiaí, que tem a cidade de Apiaí como sede do con- cirurgias ambulatoriais. Ou seja, o consórcio gerou
sórcio e mais seis outras cidades. A cidade de Apiaí, que é a um melhor aproveitamento dos recursos instalados
maior, tem 30 mil habitantes; todas as outras juntas dão mais já existentes. Ao ser questionada20 sobre os principais
uns vinte mil habitantes. Dá um total de 50 mil habitantes no ganhos alcançados pela criação do consórcio, a atual
eqpu„tekq0"Q"Jqurkvcn"fq"eqpu„tekq"fi"woc"Ucpvc"Ecuc"swg"Þec" secretária municipal de Saúde de Apiaí, Sra. Márcia de
na cidade de Apiaí. Quando começou, o Hospital de Apiaí Lguwu"fc"Uknxc."cÞtoc"swg<
estava precisando de reformas. Nós repassamos um recurso
para a reforma do Hospital. Ele é a sede do consórcio. [...] Com a implantação do Cisavar, o principal ganho [para a
E ele [o consórcio] funciona muito bem. Todos participam prefeitura] foi o da minimização de gastos com transportes,
igualmente, todos mandam no hospital e a direção do hospital sendo que anteriormente os pacientes eram encaminhados para
fi"eqpvtcvcfc."fi"wo"rtqÞuukqpcn."g"q"rtgukfgpvg"fq"eqpu„tekq"ecfc" Sorocaba para [os serviços de] especialidades. [Para a po-
ano é um dos sete [prefeitos]; eles vão mudando (Dr. Luiz pulação, houve] diminuição no tempo de espera por uma
Roberto Barradas Barata).19 consulta especializada, agilidade e resolutividade a nível local.

Fguuc"hqtoc."rqfg/ug"cÞtoct"swg"q"Ekucxct."go- Além disso, Apiaí passou a receber recursos pe-


bora não tenha gerado aumento no número de con- los serviços prestados aos pacientes externos, através
sultas médicas básicas prestadas, ou na quantidade dos repasses do Cisavar, e assim passou a ter incen-

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 107-122, jan./jun. 2008


MUNICÍPIOS COOPERANDO COM MUNICÍPIOS: RELAÇÕES FEDERATIVAS ... 119

tivos – ou, ao menos, deixou de ter “desincentivos” CONCLUSÃO


– para prestar o atendimento aos munícipes das cida-
des parceiras, minorando o comportamento free-rider O tema das formas de relacionamento intergoverna-
por parte daqueles municípios, nos termos de Olson ogpvcn" g." ocku" gurgekÞecogpvg." fqu" Eqpu„tekqu" Kp-
(1999). Ao mesmo tempo, os residentes das cidades termunicipais, é ainda pouco explorado pela ciência
consorciadas receberão o tratamento necessário no política em suas análises sobre políticas públicas. Ain-
hospital de Apiaí, diminuindo o risco de ter o aten- da que relevante, os estudos sobre os Consórcios de
dimento negado, como ocorre freqüentemente com Uc¿fg"gpeqpvtco"itcpfg"fkÞewnfcfg"go"crtqhwpfct"
pacientes de municípios que “pegam carona” nos os seus achados em função da falta de dados histó-
serviços prestados pelas cidades de maior porte cir- ricos no Brasil, em especial para os pequenos muni-
cunvizinhas, ou de ter que realizar um longo desloca- cípios, que são os que mais se consorciam – o que
mento, para um hospital de município mais distante. fkÞewnvc"c"fgoqpuvtc›«q"fqu"ghgkvqu"igtcfqu"pc"tgfg"
Ademais, o comportamento do tipo carona também SUS após a introdução dos consórcios.
foi minorado com a diminuição do envio de muní- Ainda assim, algumas aferições podem ser feitas
cipes de Apiaí para Sorocaba, conforme salientou a com base nos dados existentes. Os resultados encon-
secretária municipal. trados para o caso de Apiaí mostraram que, embo-
GpÞo."icpjqw/ug"pc"gÞek‒pekc"fqu"ugtxk›qu"fc"tg- ra não tenha havido aumento no número de servi-
gião, trazendo economia de escala, questão relevante ços prestados na região, o Hospital de Apiaí passou
c"ugt"eqpukfgtcfc."eqphqtog"cÞtoctco"Vgkzgktc."Oce" (ou voltou) a atender pacientes externos, recebendo
Dowell e Bugarin (2002, p. 1), analisando os consór- recursos do SUS e do próprio Cisavar para isso. A
cios de uma perspectiva econômica: instituição do consórcio, portanto, tornou-se um
facilitador para a recepção de pacientes das cidades
Em municípios de pequeno porte, a oferta de serviços especiali- consorciadas pelo município-sede, organizando, as-
zados exige, muitas vezes, escala de produção incompatível com sim, a prestação de serviços na região – dado que
a demanda daquela população. A possibilidade de agregação esses pacientes seriam encaminhados para um hospi-
fqu"owpke rkqu"rqfg."rqtvcpvq."vtc|gt"ukipkÞecvkxcu"geqpqokcu" tal da região de qualquer forma, já que a maioria dos
de escala. Além disso, em várias regiões, há concentração de demais municípios integrantes do Consórcio de Apiaí
leitos hospitalares nos municípios maiores, como no caso de não possui hospital próprio, mas sem que repassas-
Penápolis [...]. O consórcio teria o potencial de reduzir a capa- sem dinheiro por esse encaminhamento, ou seja, pe-
cidade ociosa nesses municípios grandes ao disponibilizar leitos gando carona nos serviços prestados por Apiaí.
aos municípios menores que aderissem à parceria. Um dos principais problemas enfrentados hoje
rgnq" UWU" fi" lwuvcogpvg" c" fkÞewnfcfg" go" rtqoqxgt"
Foi exatamente o que ocorreu em Apiaí. Hou- a regionalização, isto é, a integração dos diferentes
ve uma reestruturação dos recursos já existentes, tipos de serviço existentes em uma região, de forma
através da concentração de recursos no hospital do a possibilitar o acesso universal aos serviços. Não é
município-sede, de forma a dar maior racionalidade raro encontrar menções às ambulâncias de pequenos
ao sistema, minorando a ociosidade do mesmo e au- municípios que chegam diariamente aos grandes cen-
mentando a prestação de serviços especializados e, tros urbanos de suas regiões, levando pacientes para
ao mesmo tempo, diminuindo o comportamento free- receberem atendimento e serviços que não são pres-
rider, tanto por parte dos municípios vizinhos, meno- tados nos seus municípios de origem.
res e com menos serviços disponíveis, que passaram Entretanto, deve-se considerar que não é viá-
c"eqpvtkdwkt"Þpcpegktcogpvg"rctc"c"rtguvc›«q"fg"ugt- vel economicamente pequenos municípios terem
viços especializados pelo hospital de Apiaí, quanto certos tipos de serviço, em especial os de média
por parte de Apiaí, que diminuiu o envio de pacientes e alta complexidade, com equipamentos, caros e
para serviços especializados em Sorocaba. rtqÞuukqpcku" gurgekcnk|cfqu" rctc" cvgpfgt" crgpcu"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 107-122, jan./jun. 2008


120 VANESSA ELIAS DE OLIVEIRA

pouquíssimos casos graves por ano. Seria um des- para a reforma e manutenção do Hospital de Apiaí, o
rgtf ekq"fg"tgewtuqu"r¿dnkequ0"GpÞo."vtcvc/ug"fg"wo" fato de terem se comprometido formalmente, através
problema de escala, conforme apontou o secretário do consorciamento, a investir e manter o hospital pa-
estadual de Saúde:21 rece ter gerado um incentivo ao gestor estadual. Do
ponto de vista do Estado, é muito mais racional para
Um município de 5.000 habitantes querendo ser gestor pleno a Secretaria Estadual de Saúde investir no desenvolvi-
de saúde. Gestor pleno do quê? Em torno de 50 partos, faz mento dos serviços de uma região do que apenas de
o quê? Por ano, dá um parto por semana... Fazer uma ma- um município. O consorciamento é, de certa forma,
ternidade para atender um parto por semana? Vai ser a ma- uma garantia de que os recursos investidos serão uti-
ternidade mais cara do mundo! [...] Uma maternidade que só lizados e aproveitados por toda a região englobada
faz um parto por semana não pode ser uma boa maternidade. pelo consórcio, e daí o maior interesse estadual em
Então, não compete a um município de 5 ou 10 mil habitantes investir e colaborar.
vgt"woc"ocvgtpkfcfg0"Kuuq"fgxg"Þect"rctc"woc"tgik«q"fg"62" Por outro lado, os municípios consorciados sen-
a 50 mil pessoas. Aí comporta você ter uma maternidade, tem-se fortalecidos, aumentando o seu poder na
porque aí você vai ter pelo menos um parto por dia. Assim busca por recursos estaduais para a região. Certa-
você consegue montar uma maternidade (Dr. Luiz Roberto mente, terão maior poder de negociação unidos do
Barradas Barata). que teriam caso fossem isoladamente em busca dos
recursos estaduais. A probabilidade de terem seu pe-
Considerando-se as questões expostas anterior- dido negado é muito maior quando isolados, princi-
ogpvg." rqfg/ug" cÞtoct" swg." godqtc" p«q" vgpjc" ig- palmente nas situações em que o partido político no
rado um aumento na rede de serviços públicos de poder local é opositor do partido (ou da coalizão) no
saúde, o consórcio produziu, na região de Apiaí, uma comando do governo estadual.
organização do acesso aos serviços existentes, algo Aliás, a questão partidária também deve ser con-
que vem sendo buscado, sem grandes avanços, pelo siderada em análises sobre relações intergoverna-
processo de regionalização do SUS. Por isso, pode-se mentais, ainda mais no caso do consorciamento, uma
dizer que a organização do sistema, em termos de vez que a ajuda estadual aos municípios pode ou não
encaminhamento de pacientes e de pagamentos pelos ocorrer, de acordo com a “vontade” (ou interesse)
municípios pela utilização do Hospital de Apiaí, foi o do gestor. No caso do Consórcio de Apiaí, esse dado
principal avanço obtido pelo consórcio. não deixa de ser relevante: das seis prefeituras que
Somado a isso, cita-se, ainda, algo que parece ter formaram o consórcio, três eram governadas por
sido conseqüência do consorciamento, que é o au- partidos da base aliada do governador (PFL, PPB e
mento do poder de barganha dos municípios junto PTB) e outras três pelo próprio partido do governa-
cq"iqxgtpq"guvcfwcn."q"swg"r»fg"ugt"xgtkÞecfq"rgnqu" dor, o PSDB. Ou seja, todas as prefeituras envolvidas
repasses para investimento e custeio do governo es- eram da base do governo estadual.
tadual ao Hospital de Apiaí, auxiliando a manutenção Embora apenas análises comparadas possam mos-
do consórcio. Cuuko" eqoq" cÞtoqw" q" gz/ugetgv tkq" trar se a cooperação Estado-municípios, para a manu-
adjunto da Secretaria Estadual de Saúde:22 tenção de consórcios, se dá única ou majoritariamen-
te entre partidos aliados, o fato é que a “concordância
Ele [o consórcio] pode ser apenas um meio de racionali- partidária” esteve presente no caso do Consórcio de
zação administrativa para aumentar o poder de barganha no Apiaí e pode ter sido um fator facilitador da coope-
mercado, seja no mercado público ou no mercado de oferta (Dr. tc›«q" kpvgtiqxgtpcogpvcn0" Ocu." tgcÞtoc/ug." crgpcu"
Oswaldo Yoshimi Tanaka). cp nkugu"eqorctcfcu"rqfgt«q"xgtkÞect"q"rguq"ghgvkxq"
dessa variável.
Ckpfc"swg"p«q"ug"rquuc"cÞtoct"swg"ugo"q"eqpu„t- GpÞo."ckpfc"swg"c"Ñcornkc›«q"fc"qhgtvcÒ"crctg›c"
cio os municípios não conseguiriam o apoio estadual como a principal inovação trazida pela instituição dos

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 107-122, jan./jun. 2008


MUNICÍPIOS COOPERANDO COM MUNICÍPIOS: RELAÇÕES FEDERATIVAS ... 121

consórcios, segundo a pesquisa da Opas/MS com os tadas pelos gestores, mostrou-se um ganho impor-
gestores do SUS nos municípios (LIMA; PASTRA- tante gerado pela criação do Cisavar na região. E este
NA, 2000), ela não parece ter sido a grande inovação fi"wo"dgpgh ekq"uwduvcpekcn."fcfc"c"fkÞewnfcfg"swg"q"
no caso de Apiaí. A “articulação política”, que tam- SUS vem encontrando para a promoção da regionali-
bém surge como uma das principais inovações apon- zação proposta pela Constituição de 1988.

Notas 11. De acordo com matéria publicada no jornal Expresso Popu-


lar."fg"Ucpvqu."go"3;13414228."j "rquukdknkfcfg"fg"clwfc"Þpcp-
1. A primeira versão deste trabalho foi apresentada no 2006 ceira, por parte do Estado, para que seja criado um consórcio
Meeting of Latin American Studies Association – LASA, em março entre as cidades de Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe voltado
de 2006, em Porto Rico, com o título Consórcios Intermu- para a plena utilização dos leitos de um hospital público já em
nicipais: mecanismos de cooperação intergovernamental e de funcionamento em Itanhaém.
integração dos serviços de saúde. 12. Os municípios do Cisavar ainda estão legalmente vincu-
2. Agradeço a José Dínio Vaz Mendes, assessor do secretário lados ao Consaúde, embora não estejam mais contribuindo
estadual de Saúde, por todas as informações fornecidas e co- Þpcpegktcogpvg"rctc"c"ocpwvgp›«q"fguvg"eqpu„tekq0
ogpv tkqu" " xgtu«q" Þpcn."dgo"eqoq"c" Octkc" Nwk|c"Uvweejk" g" 13. De acordo com informação fornecida pela Secretaria Esta-
Olímpio Nogueira Bittar, coordenador da Coordenadoria de dual de Saúde.
Planejamento em Saúde da SES/SP, pela disponibilização do 14. Dados de 2006, utilizados pelo TCU para determinação
Relatório sobre Consórcios no Estado de São Paulo. Agradeço das cotas do Fundo de Participação dos Municípios (Fonte:
também aos pareceristas anônimos da Revista São Paulo em Datasus).
Perspectiva pelas relevantes sugestões, que contribuíram enor- 15. A Emenda Constitucional n. 29, de 2000, obriga que Esta-
ogogpvg" "xgtu«q"Þpcn"fq"ctvkiq0 dos e municípios gastem no mínimo 12% e 15%, respectiva-
3. Os resultados alcançados pelo Consórcio de Apiaí serão ana- mente, dos recursos próprios em saúde.
lisados no tocante à rede de serviços, e não aos resultados de 16. Ribeiro e Costa (1999), analisando o Consórcio de Pená-
saúde produzidos por ela. Isso porque os indicadores de saúde polis (Cisa), no Estado de São Paulo, mostraram que também
variam não apenas em função de políticas públicas locais, mas nesse caso não houve aumento no número de procedimentos
também de políticas mais amplas, como a melhoria da educa- ambulatoriais, assim como no número de consultas médicas,
ção, da rede de saneamento e das condições socioeconômicas inclusive per capita.
fc" rqrwnc›«q0" Cuuko." p«q" ug" rqfg" cÞtoct" swg" q" eqpuqtekc-
17. Contabilizaram-se apenas os leitos hospitalares de nature-
mento foi a causa da diminuição, por exemplo, da mortalidade |c"owpkekrcn"qw"Þncpvt„rkec."woc"xg|"swg"q"kpvwkvq"fi"ecrvct"c"
infantil nos municípios analisados, ainda que a melhora na rede vtcpuhqtoc›«q"qeqttkfc"pc"tgfg"owpkekrcn"fq"UWU0"Qu"Þncpvt„-
de serviços possa ter contribuído para essa diminuição. picos entram nessa conta porque, em grande parte dos peque-
4. Dados do Forum of Federations. Disponível em: <www. nos municípios, são os únicos hospitais locais existentes, e as
forumfed.org/federalism/cntrylist.asp?lang=en>. Acesso em: prefeituras repassam recursos a estes para o atendimento dos
18 nov. 2005. pacientes do SUS. Historicamente, as Santas Casas prestam
serviços gratuitos à população e, por isso, recebem recursos
70"Guv«q"fgÞpkfcu"eqpuvkvwekqpcnogpvg"cu"qdtkicvqtkgfcfgu"fg"
públicos pelos serviços prestados.
gastos mínimos de 25% dos recursos municipais próprios em
educação e 15% em saúde. 18. Último ano para o qual o Datasus disponibiliza informação
sobre leitos hospitalares em Iporanga.
6. Dados do IBGE (2005) para 2002.
19. Secretário de Saúde do Estado de São Paulo, entrevista em
7. Retirado do site do BNDES. janeiro de 2005.
8. O que, no entanto, não parece ter se convertido em ação, ao 20. Entrevista concedida à autora em janeiro de 2007, via meio
menos até o momento. eletrônico.
9. Agradeço a Cláudio Couto por ter chamado atenção para 21. Dr. Luiz Roberto Barradas Barata, secretário de Saúde do
essa questão. Estado de São Paulo, entrevista em janeiro de 2005.
10. Excluindo o Consórcio do ABC, que, apesar de abarcar 22. Dr. Oswaldo Yoshimi Tanaka, ex-secretário adjunto
também a área da saúde, está mais voltado para o tratamento da Saúde do Estado de São Paulo, entrevista em março de
do lixo e outras questões atinentes aos serviços públicos. 2005.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 107-122, jan./jun. 2008


122 VANESSA ELIAS DE OLIVEIRA

Referências Bibliográficas IBGE. Brasil em síntese" Ï" fcfqu" igqit Þequ0" Tkq" fg" Lcpgktq."
2005. Disponível em: <www.ibge.gov.br/brasil_em_sintese/ >.
ABRUCIO, F.; SOARES, M. Redes Federativas no Brasil: Coopera- Acesso em: 29 nov. 2006.
ção intermunicipal no Grande ABC. São Paulo: Fundação Konrad
Adenauer, 2001. LIMA, A.P.; PASTRANA, R. Diagnóstico da situação atual
dos Consórcios Intermunicipais de Saúde no Brasil. Relatório de
ARRETCHE, M. Federalismo e relações intergovernamentais Pesquisa, Opas/MS, 2000.
no Brasil: a reforma dos programas sociais. Dados – Revista de
Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 45, n. 3, 2002. NICOLETTO, S.C.; CORDONI Jr., L.; COSTA, N.R. Consórcios
Intermunicipais de Saúde: o caso do Paraná, Brasil. Cadernos de
______. Estado Federativo e políticas sociais: determinantes da des- Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 29-38, jan./fev. 2005.
centralização. Rio de Janeiro/São Paulo: Revan/Fapesp, 2000.
OLSON, M. A lógica da ação coletiva. São Paulo: Edusp, 1999.
BNDES. Disponível em: <http://federativo.bndes.gov.br/
dicas>. Acesso em: 18 nov. 2005. RIBEIRO, J.M.; COSTA, N.R. Consórcios Intermunicipais no SUS.
Brasília: Ipea, 1999. (Texto para discussão, n. 669).
BRASIL. O consórcio e a Gestão Municipal de Saúde. Brasília:
Ministério da Saúde, 1997. ROCHA, C.A.; FARIA, C.A. Cooperação intermunicipal, reter-
ritorialização da gestão pública e provisão de bens e serviços
COELHO, J.R.; VELOSO, C. Consórcios Intermunicipais de sociais no Brasil contemporâneo: experiência dos consórcios
Saúde em Minas Gerais. Divulgação em saúde para debate, v. 17, de saúde em Minas Gerais. In: Encontro Nacional da ABCP,
p. 36-38, mar. 1997. 4., Rio de Janeiro, 2004.

CPS-SES/SP. Consórcios Intermunicipais de Saúde no Estado TEIXEIRA, L.; MACDOWELL, M.C.; BUGARIN, M. Consór-
de São Paulo. Relatório. São Paulo, set. 2005. (Produzido por cios Intermunicipais de Saúde: uma análise à luz da teoria dos jogos.
Olímpio Nogueira Bittar e Maria Luiza Stucchi). Brasília: Ipea, jul. 2002.

ELAZAR, D. Exploring Federalism. Alabama: The University of WHEARE, K.C. Federal Government. 4th Ed. New York: Oxford
Alabama Press, 1987. University Press, 1964.

VANESSA ELIAS DE OLIVEIRA


Doutora em Ciência Política pela Universidade de São Paulo e Pesquisadora
da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo
(van.elias@uol.com.br)

Artigo recebido em 29 de novembro de 2006.


Aprovado em 26 de junho de 2008.

Eqoq"ekvct"q"ctvkiq<
OLIVEIRA, V.E. Municípios cooperando com municípios: relações federativas e consórcios intermunicipais de saúde no
Estado de São Paulo. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, Fundação Seade, v. 22, n. 1, p. 107-122, jan./jun. 2008. Disponível
em: <http://www.seade.gov.br>; <http://www.scielo.br>.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 107-122, jan./jun. 2008


CONCENTRAÇÃO REGIONAL DA INDÚSTRIA
DE PRODUTOS MÉDICOS
J OSÉ H ENRIQUE S OUZA
J OSMAR C APPA
L ILIANI C ORREA N EVES

Resumo: O presente artigo trata das empresas paulistas do segmento de produtos médico-hospitalares, focando sua inserção internacional, localização
geográfica e possíveis políticas de incentivo ao segmento. Para isso, foram analisados dados sobre o comércio exterior de instrumentos médicos,
produtos farmacêuticos, medicamentos e equipamentos médicos de diagnóstico de 180 países entre 1997 e 2005. Os dados coletados
demonstraram que os fabricantes nacionais, no contexto internacional, ainda apresentam fragilidade competitiva externa e interna.
Palavras-chave: Indústria de produtos médicos. Concentração. São Paulo.

Abstract: The present article is about international insertion, policy demands and geographic localization of São Paulo’s health care companies.
The work analyzed foreign commerce of medical instruments, pharmaceutical products, medicines and medical equipment of 180 countries
between 1997 and 2005. The analyses of collected data demonstrates, in the international context, that the Brazilian and São Paulo’s
health care companies have external and internal weakness.
Key words: Medical industry. Concentration. São Paulo.

N
os últimos cinco anos, as empresas brasileiras vêm
quebrando sucessivos recordes nas exportações. Nesse período, os fabricantes de produtos médico-hospitalares
também aumentaram suas vendas externas, embora não tenham demonstrado os mesmos avanços no mercado
doméstico. Esse trabalho reúne dados para formar uma visão panorâmica do mercado disponível para empresas
de produtos médicos instaladas no Brasil, sobretudo no Estado de São Paulo. O interesse por esse segmento
industrial decorre de seu valor social. A indústria que abastece o sistema de saúde, além de gerar oportunidades
de negócio, renda e emprego, aumenta a segurança no abastecimento nacional de produtos essenciais para o
bem-estar da coletividade.

METODOLOGIA

Para visualizar a inserção externa das empresas instaladas no Brasil, utilizaram-se os dados do Handbook of
statistics, da United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD, 2008), e do International

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 123-136, jan./jun. 2008


124 JOSÉ HENRIQUE SOUZA/JOSMAR CAPPA/LILIANI CORREA NEVES

Trade Centre (ITC) (UNCTAD/WTO/ITC, 2007), Periodicamente, novos países são incluídos nas lis-
swg"ugiwgo"c"Uvcpfctf"Kpvgtpcvkqpcn"Vtcfg"EncuukÞ- tagens do ITC, porém, os que entraram no período
cation, Revision 3. Nesses bancos de dados os pro- estudado respondem por menos de 0,5% do total do
dutos médicos estão inseridos em três seções. Da comércio mundial de produtos médicos, o que não
seção 5, foram analisados os grupos de produtos 541 cnvgtc" cu" vgpf‒pekcu" xgtkÞecfcu0" Qu" fqku" dcpequ" fg"
(farmacêuticos) e 542 (medicamentos inclusive vete- dados apresentam vantagens e desvantagens. O ITC
rinários). Da seção 7, foram coletados os dados do oferece informações mais recentes, porém, apenas
grupo 774 (aparelhos médicos de diagnóstico) e, na dos últimos cinco anos, inclusive os dados de 2005.
seção 8, analisaram-se as informações do grupo 872 A série histórica do Handbook of statistics é mais com-
(instrumentos médicos). pleta (1980 a 2003), mas não apresenta dados tão atu-
A diferença entre o Handbook of statistics da alizados.
UNCTAD e os dados apresentados pelo ITC encon- Os problemas apontados anteriormente ocorrem
tra-se na seção 5. No primeiro, o grupo 541 inclui com qualquer que seja o segmento analisado, o banco
os dados dos grupos 541 e 542 do ITC, englobando, fg"fcfqu"qw"q"ofivqfq"fg"encuukÞec›«q"fg"ogtecfq-
portanto, produtos farmacêuticos e medicamentos rias. Desse modo, os dados coletados podem ser úteis
num mesmo grupo. para estimar e vislumbrar tendências no comporta-
Alguns bens voltados para a saúde humana estão mento das principais economias que participam do
incluídos em grupos como, por exemplo, de equipa- comércio internacional de produtos médicos. Com o
mentos elétricos, produtos de plásticos e borracha, devido cuidado, os dados disponíveis no ITC servem
veículos e máscaras. Da mesma forma, os grupos como ponto de partida para a formação de uma visão
pesquisados no ITC incorporam produtos que não cross-country do setor produtor de bens para a saúde.
são exclusivamente para uso médico em humanos, Por meio desses dados é possível destacar em quais
tais como produtos veterinários, por exemplo. Al- países as indústrias de produtos médicos vêm encon-
iwpu"rtqfwvqu"rqfgo"ugt"encuukÞecfqu"uqd"fkhgtgpvgu" trando condições de desenvolvimento e se as empre-
nomenclaturas, o que torna praticamente impossível sas brasileiras estão perdendo ou ganhando market
isolar os dados sobre produtos médicos de forma share no mercado internacional.
absolutamente precisa. Deve-se considerar, também, Rctc"xgtkÞect"ug"qu"fcfqu"fq"KVE"g"fq"Handbook
que parte das exportações refere-se a re-exportações são consistentes, optou-se por compará-los com in-
de insumos, partes e peças, o que resulta em algum formações já publicadas sobre o tema. Comparando
grau de dupla contagem dos dados. os dados da presente pesquisa com aqueles apresen-

Tabela 1
Comparações entre os Dados do “UNCTAD Handbook of Statistics 2005” e do International Trade Centre – ITC
2002-2003

Média entre os anos de 2002 e 2003 (Em US$ bilhões a preços correntes) B/A
Grupos do “UNCTAD Handbook of Statistics 2005” (A) Grupos do International Trade Centre – ITC (B) (%)

Total 234.651 Total 233.755 99,62


541 - Produtos médicos e 541 - Produtos farmacêuticos e
farmacêuticos 183.014 542 - Medicamentos 181.742 99,31
774 - Equipamentos eletromédicos 774 - Equipamentos elétricos
e de raio X 17.226 de diagnóstico médico 17.979 104,37
872 - Instrumentos médicos 34.411 872 - Instrumentos médicos 34.033 98,90

Fonte: UNCTAD/WTO/ITC (2007); UNCTAD (2006).

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 123-136, jan./jun. 2008


CONCENTRAÇÃO REGIONAL DA INDÚSTRIA DE PRODUTOS MÉDICOS 125

Tabela 2
Comparações entre Dados Pesquisados e Publicados sobre o Comércio Brasileiro de Produto Médico-Hospitalar (1)
1997-1998

Diferença em relação ao livro


Em US$ mil
“Brasil: radiografia da saúde” (%)

Anos Dados do
Dados do ITC Dados do Dados do ITC
livro “Brasil: Dados do Ministério
(soma dos grupos Ministério do (soma dos grupos
radiografia do Desenvolvimento
541,774 e 872) (2) Desenvolvimento 541,774 e 872) (2)
da saúde”
Exportações
1997 160.336 169.006 140.941 5,41 -12,10
1998 165.979 168.823 146.604 1,71 -11,67
Importações
1997 1.096.775 1.250.411 1.052.012 14,01 -4,08
1998 1.197.333 1.291.629 1.157.888 7,88 -3,29

Fonte: UNCTAD/WTO/ITC (2007); UNCTAD (2006); Brasil (2007a); Furtado e Souza (2001).
(1) Exceto medicamentos.
(2) Produtos farmacêuticos = 541; Equipamentos elétricos de diagnóstico = 774 e Instrumentos médicos = 774.

tados por Furtado e Souza (2001, p. 82 e 84), para US$ 58,0 bilhões, em 1948, para mais de US$ 10,4
1998, a diferença não ultrapassa 5%. Em relação às trilhões, em 2005. No bojo dessa expansão, as ven-
informações disponíveis no Ministério do Desenvol- das internacionais de produtos médicos cresceram
xkogpvq"*DTCUKN."4229c+."q"fguxkq"Þec"rqt"xqnvc"fg" intensamente. O volume exportado a preços corren-
10,0%. Confrontando as duas fontes – Handbook of tes quase triplicou, passando de US$ 115 bilhões para
statistics de 2005 e no International Trade Centre –, a mais de US$ 348 bilhões, entre 1997 e 2005 (Tabela
diferença não chega a 1,0%. Portanto, apesar de algu- 3), isto é, 3,3% das exportações mundiais. Se a taxa
mas limitações, os dados considerados neste trabalho de crescimento anual das exportações repetir o que
u«q"dcuvcpvg"eqpÞ xgku0 ocorreu entre 2001 e 2005, é provável que as exporta-
Para localizar as empresas de produtos médicos no ções em 2006 tenham chegado a US$ 400 bilhões.
Brasil, foi consultada a Relação Anual de Informa- Somando os dados de remédios e produtos far-
ções Sociais – Rais (BRASIL, 2005). Nesse banco de macêuticos, tem-se o sexto grupo de produtos com
dados, foram pesquisados os estabelecimentos fabri- o maior valor exportado entre 2002 e 2003 (2,6%
cantes de: farmoquímicos; medicamentos; materiais, das exportações mundiais), perdendo, segundo a
aparelhos e instrumentos para uso médico, hospita- UNCTAD (2006, p. 177), apenas para veículos, pe-
lar, odontológico, laboratorial e ortopédico; e apare- tróleo, válvulas e transistores, equipamentos de tele-
lhos e instrumentos de medida, teste e controle não comunicação e computadores.
utilizados em processos industriais. Cerca de 60% das exportações mundiais de produ-
tos médicos correspondem a medicamentos. Em se-
O MERCADO INTERNACIONAL guida estão os segmentos de produtos farmacêuticos
DE PRODUTOS MÉDICOS (19,2%), instrumentos médicos (14,1%) e aparelhos
de diagnóstico (7,3%). As exportações de produtos
O comércio entre nações cresceu acentuadamente médicos cresceram em média 15%, entre 1997 e
nas últimas décadas: a preços correntes, passou de 2005. Uma média impressionante considerando que

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 123-136, jan./jun. 2008


126 JOSÉ HENRIQUE SOUZA/JOSMAR CAPPA/LILIANI CORREA NEVES

Tabela 3
Exportações Mundiais de Produtos para a Saúde
1997-2005

Grupos (Em US$ milhões correntes) Participação


Anos nas exportações
Farmacêuticos Medicamentos Equipamentos Instrumentos Total mundiais (%)
1997 27.311 54.535 12.608 21.469 115.924 2,08
1998 28.680 64.569 13.432 22.779 129.460 2,35
1999 30.686 73.054 13.658 24.592 141.990 2,49
2000 31.190 75.150 14.400 25.575 146.315 2,27
2001 35.334 97.420 15.755 29.680 178.188 2,88
2002 40.826 124.252 17.007 31.923 214.008 3,30
2003 50.249 150.466 20.191 39.384 260.291 3,45
2004 60.109 185.445 23.294 46.122 314.971 3,44
2005 66.225 204.432 25.720 52.245 348.622 3,33
Fonte: UNCTAD/WTO/ITC (2007). Elaboração dos autores.

é uma taxa superior ao crescimento do PIB mundial, p. 89), os países desenvolvidos respondem por 73,6%
das exportações mundiais e das exportações mun- do valor adicionado do setor manufatureiro, enquan-
diais de manufaturados. Também foi superior aos to os nove países citados acima controlavam 77% das
12,1% que o setor apresentou nas décadas de 1980 e exportações de produtos médicos em 2004.
1990 (UNCTAD, 2004). Entre 1997 e 2005, as ven- Os Estados Unidos, o maior comprador em 2005,
das internacionais de medicamentos cresceram mais importaram mais de US$ 56 bilhões, o que representa
de 374%. Produtos farmacêuticos e de instrumentos 16% de todos os produtos médicos importados no
médicos aumentaram acima dos 240%, enquanto as mundo. Considerando os dez maiores exportadores e
exportações de aparelhos de diagnóstico duplicaram. os dez maiores importadores, somente Japão e Esta-
Nos últimos cinco anos, vários países aproveitaram dos Unidos não pertencem à União Européia. Esses
o dinamismo no mercado de produtos médicos para dados demonstram que grande parte do comércio in-
elevar suas exportações, tais como Espanha, China, ternacional de produtos médicos ocorre entre países
México e Canadá. Mesmo países de economias me- ricos e dentro de blocos econômicos.
nores, como Grécia, Costa Rica, República Tcheca e Apenas dez países compraram 60% dos produtos
Malásia, aproveitaram o bom momento do comércio médicos comercializados no mercado internacional,
mundial de produtos médicos para ultrapassar os vo- em 1997, e 70%, em 2004. De um total de 180 países,
lumes exportados pelas empresas brasileiras. trinta importaram, em 1997, 87,2% de todos os
Pc"Vcdgnc"6"xgtkÞec/ug"swg"crgpcu"fg|"rc ugu"eqp- produtos médicos negociados no mercado externo e
trolam 80,4% das exportações de produtos médicos. mais de 91% em 2005. Cinco países, com os quais o
Somente Alemanha, Estados Unidos, Bélgica, Reino Brasil mantém relações comerciais rotineiras (Estados
Unido, Suíça, França, Irlanda, Holanda e Itália detêm Unidos, Bélgica, Alemanha, Reino Unido e França),
77% do volume exportado. Nesse grupo não se en- representaram metade do mercado para produtos
contram países desenvolvidos, como Canadá e Japão, médicos exportados em 2005.
o que revela que o nível de concentração nas expor- Algumas nações registram imensos volumes ex-
tações de produtos médicos é superior ao nível de portados e diminutas importações de produtos mé-
concentração industrial. Segundo a UNCTAD (2004, dicos, o que sugere que o comércio externo desses

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 123-136, jan./jun. 2008


CONCENTRAÇÃO REGIONAL DA INDÚSTRIA DE PRODUTOS MÉDICOS 127

Tabela 4
Maiores Exportadores de Produtos para a Saúde
1997-2005

Anos (Em US$ milhões correntes) % do


% Acu-
Países Total
mulada
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 (2004)

1 Alemanha 16.820 19.886 20.511 18.288 24.409 23.961 32.366 44.463 49.121 14,35

2 Estados Unidos 17.690 19.382 21.615 24.085 27.646 28.002 31.996 37.790 44.278 12,20 26,55

3 Bélgica 5.808 6.482 7.743 8.135 10.779 23.151 27.320 32.966 37.305 10,64 37,19

4 Suíça 9.083 10.805 12.384 11.575 14.427 16.984 20.145 24.650 27.704 7,96 53,32

5 França 9.497 11.035 11.939 12.098 14.964 17.507 21.091 23.976 26.371 7,74 61,06

6 Reino Unido 10.716 11.553 11.833 12.601 14.976 17.279 21.938 25.319 25.499 8,17 45,36

7 Irlanda 4.496 5.975 6.394 6.248 9.481 16.544 18.537 22.948 22.402 7,41 68,47

8 Holanda 5.934 5.720 6.851 7.062 7.515 9.411 12.217 15.811 17.546 5,10 73,57

9 Itália 5.435 5.956 6.657 7.473 8.544 10.309 11.818 13.115 15095 4,18 77,75

10 Suécia 3.937 4.488 4.822 4.754 4.973 5.568 7.608 8.255 8.149 2,66 80,41

32 Brasil 267 305 331 326 340 368 406 512 654 0,18
Fonte: UNCTAD/WTO/ITC (2007).

Tabela 5
Empresas Fabricantes de Produtos Médicos, por Grupos, segundo Número de Funcionários
Brasil – 2005

Aparelho e
Produtos Medicamentos Aparelho e
Material instrumento de
farmo- para uso instrumento Total
Número de médico medida, teste e
químicos humano médico
funcionários controle
Nos Nos Nos Nos Nos Nos
% % % % % %
Abs. Abs. Abs. Abs. Abs. Abs.

Total 197 100,0 647 100,0 411 100,0 1.154 100,0 211 100,0 2.620 100,0

Nenhum 12 6,1 39 6,0 18 4,4 93 8,1 9 4,3 171 6,5

Até 4 53 26,9 156 24,1 144 35,0 506 43,8 57 27,0 916 35,0

De 5 a 9 37 18,8 90 13,9 68 16,5 231 20,0 38 18,0 464 17,7

De 10 a 19 33 16,8 83 12,8 48 11,7 135 11,7 38 18,0 337 12,9

De 20 a 49 34 17,3 78 12,1 66 16,1 126 10,9 33 15,6 337 12,9

De 50 a 99 17 8,6 64 9,9 35 8,5 32 2,8 16 7,6 164 6,3

De 100 a 249 7 3,6 59 9,1 23 5,6 19 1,6 15 7,1 123 4,7

De 250 a 499 3 1,5 54 8,3 3 0,7 11 1,0 4 1,9 75 2,9

De 500 a 999 1 0,5 16 2,5 3 0,7 0 0,0 1 0,5 21 0,8

1.000 ou mais 0 0,0 8 1,2 3 0,7 1 0,1 0 0,0 12 0,5


Fonte: Brasil (2005). Elaboração dos autores.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 123-136, jan./jun. 2008


128 JOSÉ HENRIQUE SOUZA/JOSMAR CAPPA/LILIANI CORREA NEVES

dgpu"fi"hqtvgogpvg"kpàwgpekcfq"rqt"hcvqtgu"nqecku0"Cu" e 2005. Ocorre que, dada a enorme diferença entre o


empresas instaladas na Irlanda, por exemplo, expor- que o país importa e exporta, o comportamento do
taram US$ 22 bilhões e geraram um saldo comercial, ffiÞekv."rqt"xqnvc"fg"WU&"4.5"dknj gu."fi"fgvgtokpcfq"
no segmento, de mais de US$ 19 bilhões em 2005. Na quase que exclusivamente pelo movimento das im-
outra ponta, as empresas sediadas nos Estados Uni- portações. A indústria brasileira de produtos para a
dos exportaram cerca de US$ 44 bilhões. Porém, com uc¿fg" cewownc" ffiÞekv" eqogtekcn" pqu" swcvtq" itwrqu"
importações acima de US$ 56 bilhões, essa indústria pesquisados. Apesar de as exportações de remédios
ejgiqw" c" wo" ffiÞekv" fg" ocku" fg" WU&" 34" dknj gu" pq" uwdktgo"ocku"fg"422'"go"qkvq"cpqu."q"ffiÞekv"fguuc"
último ano pesquisado; o maior saldo negativo entre indústria chegou a mais de US$ 1,1 bilhão em 2005.
180 países. Aparelhos de diagnósticos e instrumentos médicos
Apesar de o comércio internacional de bens mé- crtgugpvco"ffiÞekvu"etguegpvgu"rqt"eqpvc"fq"cwogpvq"
dicos também apresentar características de processo mais acentuado das importações em relação às ex-
produtivo globalizado, nem toda a estrutura indus- portações.
trial é dominada por grandes conglomerados trans- As empresas instaladas no Brasil exportam apenas
nacionais. A indústria de medicamentos é mais oligo- 0,18% de todos os produtos médicos negociados en-
polizada, mas cerca de 80% das empresas européias tre países. Entretanto, o país importa 0,83% desses
produtoras de insumos e equipamentos médicos, por bens, o que torna o Brasil um dos mercados mais de-
exemplo, são pequenas e médias. A Tabela 5 demons- Þekv tkqu"fq"owpfq."rqku."korqtvcpfq"ugku"xg|gu"ocku"
tra que no Brasil essa realidade não é diferente: as fq" swg" gzrqtvc." cewownc" ffiÞekvu" fg" swcug" WU&" 3.2"
pequenas e médias empresas representam 85% dos bilhão somente em produtos farmacêuticos. O desta-
fabricantes de produtos médicos e, destas, cerca de swg"pguuc"kpf¿uvtkc"Þec"rqt"eqpvc"fq"kpet xgn"cxcp›q"
60% possuem menos de dez funcionários. no mercado internacional das empresas instaladas na
Irlanda, Espanha, Áustria e Dinamarca. No sentido
SITUAÇÃO EXTERNA DAS EMPRESAS oposto, as empresas brasileiras vêm perdendo posi-
BRASILEIRAS DE PRODUTOS MÉDICOS ções para as companhias instaladas na Grécia, Repú-
blica Tcheca, Polônia e Costa Rica.
A falta de competitividade da indústria nacional, agra- No comércio internacional de medicamentos, em-
vada pela valorização da taxa de câmbio após 1994, presas instaladas em 15 países centralizam mais de
teve como resultado o fechamento de inúmeras em- 90% das exportações mundiais. Apenas cinco países
presas e o agravamento da balança comercial. A partir (Bélgica, Alemanha, Reino Unido, França e Suíça)
de 2001, porém, a situação comercial brasileira come- controlam cerca de 55% das exportações.
çou a melhorar. O país passou a ter saldos comerciais Somente cinco mercados, Estados Unidos, Bélgica,
positivos, voltando a atingir 1,0% das exportações Alemanha, Reino Unido e França, compram 50% das
mundiais. Entretanto, como demonstra a Tabela 6, as importações mundiais, enquanto um grupo de 150
empresas brasileiras de produtos médicos não vêm países, incluindo nações com populações imensas,
obtendo grande sucesso. Estão ocorrendo, de fato, como Indonésia, Brasil, Paquistão, Índia e China –
gngxc›«q" fq" ffiÞekv" eqogtekcn" g" cwogpvq" fc" fgrgp- grupo que representa 46,1% da população mundial –,
dência externa em relação aos produtos médicos, o segundo o World Bank (2006), importam somente
que, por si só, sugere expansão do mercado e perda 10% de todos os remédios vendidos no comércio
gradativa de competitividade das empresas brasileiras internacional.
e, portanto, a necessidade de apoio público à indús- As empresas instaladas na Bélgica passaram a ser
tria nacional. as maiores exportadoras de medicamentos, respon-
Aproveitando o crescimento acelerado do comér- dendo, em 2005, por mais de 15% das exportações
cio internacional de produtos médicos, o Brasil conse- mundiais (US$ 32,1 bilhões); dez vezes mais do que
guiu elevar em 144% o volume exportado entre 1997 exportavam em 1997 (US$ 3,2 bilhões). Tamanho

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 123-136, jan./jun. 2008


CONCENTRAÇÃO REGIONAL DA INDÚSTRIA DE PRODUTOS MÉDICOS 129

Tabela 6
Balança Comercial de Produtos Médicos
Brasil – 1997-2005
Em US$ milhões correntes
Grupos 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Exportações
Total 267 305 332 327 341 368 406 512 654
Farmacêuticos 119 112 107 113 109 102 111 156 198
Medicamentos 98 136 171 153 168 184 202 238 311
Equipamentos 8 9 7 8 9 11 11 11 13
Instrumentos 42 48 47 53 55 72 82 107 132
Importações
Total 2.039 2.238 2.381 2.220 2.454 2.368 2.218 2.598 2.994
Farmacêuticos 673 660 821 766 851 871 835 963 1.054
Medicamentos 789 947 1.129 1.038 1.059 1.060 1.052 1.235 1.417
Equipamentos 357 421 272 226 338 250 171 209 273
Instrumentos 221 211 159 191 206 187 161 191 251
Saldo
Total -1.772 -1.933 -2.050 -1.894 -2.113 -1.999 -1.812 -2.086 -2.340
Farmacêuticos -554 -548 -714 -653 -742 -769 -723 -807 -856
Medicamentos -690 -810 -958 -885 -891 -876 -850 -997 -1.105
Equipamentos -348 -413 -265 -218 -329 -239 -160 -198 -260
Instrumentos -179 -162 -112 -138 -151 -115 -79 -84 -119

Fonte: UNCTAD/WTO/ITC (2007).

sucesso se deve a um esforço no campo da inova- O comércio internacional de aparelhos de diag-


ção tecnológica. De fato, a Bélgica vem investindo nósticos é liderado por empresas sediadas nos Esta-
bastante em P&D (pesquisa e desenvolvimento) e dos Unidos (26,5% das exportações em 2005). Entre
montando uma infra-estrutura de centros de pesqui- os produtos médicos, o segmento de equipamentos
sas clínicas, além de receber vultosos volumes de in- elétricos de diagnósticos é o que apresenta a maior
vestimento externo direto. concentração. Somente sete países (Estados Unidos,
Outro país-sede que se destaca na indústria de re- Alemanha, Japão, Holanda, França, Reino Unido e
médios é a Irlanda, que vem atribuindo grande priori- Israel) embarcam 80% das exportações mundiais.
dade aos investimentos em setores de alta tecnologia. Tgàgvkpfq" c" cnvc" eqpegpvtc›«q" fq" ogtecfq" kpvgtpc-
Com a entrada na União Européia em 1973, a Irlanda cional, é justamente nesse segmento que as empresas
vem investindo intensamente em educação e tecno- brasileiras possuem a menor participação no merca-
logia para dirigir sua pauta de exportações na direção do, apenas 0,05%.
de produtos de alta tecnologia. Ao mesmo tempo, Empresas com sede nos Estados Unidos também
procurou atrair investimento externo direto por meio comandam as exportações de instrumentos médicos.
fg"tgp¿pekc"Þuecn."tgfw|kfc"ectic"vtkdwv tkc."dckzc"vczc" Os destaques desse mercado foram Bélgica, França
fg"lwtqu"g"cnqec›«q"Þpcpegktc"c"hwpfq"rgtfkfq0 e México, que ultrapassaram o Reino Unido e o Ja-

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 123-136, jan./jun. 2008


130 JOSÉ HENRIQUE SOUZA/JOSMAR CAPPA/LILIANI CORREA NEVES

pão em 2002. As empresas brasileiras detêm apenas bela 7, as empresas ligadas ao ramo da saúde concen-
0,25% do market share internacional, apesar de ter ele- tram-se no Estado de São Paulo. Das 2.620 empresas
vado suas exportações em 218%, no período de 1997 encontradas na Rais, 1.187 estão em solo paulista. O
a 2005. segundo estado com mais fabricantes, Minas Gerais,
Em resumo, o quadro externo das empresas bra- é sede de apenas 267 estabelecimentos. Na capital
sileiras de produtos médicos não é otimista, mas o paulista, estão localizadas 497 empresas (Tabela 8).
comportamento externo de países pequenos e com O segundo município que apresenta a maior concen-
menos tradição industrial do que o Brasil demonstra tração de empresas é a cidade do Rio de Janeiro com
que é possível criar políticas de apoio ao segmento 163 empresas seguida de Belo Horizonte (95) e Porto
de produtos médicos. Para isso, é necessário locali- Alegre (84). A quinta cidade em quantidade de em-
|ct" guucu"gortgucu"pq" vgttkv„tkq" pcekqpcn" g" xgtkÞect" presas de produtos para a saúde no Brasil é Ribeirão
se as mesmas dispõem de infra-estrutura de apoio, Preto com 69 empresas. Em seguida vem Curitiba
pelo menos, na região de maior concentração setorial. (54), Goiânia (44) e Campinas (38).
Partindo dessa visão, é possível pensar em medidas Pode-se notar na Tabela 8 que apenas dez cidades
voltadas para promover o desenvolvimento compe- paulistas concentram mais de 28% dos fabricantes
titivo desse importante segmento industrial, que gera nacionais de produtos médicos. Incorporando a esses
mais de 100 mil empregos diretos. dez municípios a área do Estado compreendida entre
os municípios de São José do Rio Preto, São José dos
LOCALIZAÇÃO DAS EMPRESAS Campos, Sorocaba e Marília, tem-se um “polígono”
DE PRODUTOS MÉDICOS NO BRASIL que engloba a Região Metropolitana de São Paulo
mais 49 cidades. Nessa região estendida, encontram-
Os fabricantes nacionais estão espalhados por 477 se 1.047 das 2.620 empresas brasileiras (39,9%) e 45%
cidades brasileiras, entretanto, como demonstra a Ta- das empresas paulistas de produtos médicos. Nada

Tabela 7
Empresas Fabricantes de Produtos Médicos, por Grupos
Brasil – 2005

Aparelho e
Produtos Medicamentos Aparelho e instrumento
Material
farmo- para uso instrumento de medida, Total
médico
Estados químicos humano médico teste e
controle
Nos Nos Nos Nos Nos Nos
% % % % % %
Abs. Abs. Abs. Abs. Abs. Abs.

Minas Gerais 17 8,6 68 10,5 50 12,2 117 10,1 15 7,1 267 10,2

Rio de Janeiro 37 18,8 81 12,5 27 6,6 76 6,6 13 6,2 234 8,9

São Paulo 52 26,4 256 39,6 198 48,2 541 46,9 140 66,4 1.187 45,3

Paraná 16 8,1 34 5,3 33 8,0 108 9,4 4 1,9 195 7,4

Santa Catarina 11 5,6 25 3,9 16 3,9 55 4,8 8 3,8 115 4,4

Rio Grande do Sul 15 7,6 47 7,3 20 4,9 80 6,9 25 11,8 187 7,1

Goiás 15 7,6 35 5,4 14 3,4 37 3,2 0 0,0 101 3,9


Fonte: Brasil (2005). Elaboração dos autores.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 123-136, jan./jun. 2008


CONCENTRAÇÃO REGIONAL DA INDÚSTRIA DE PRODUTOS MÉDICOS 131

Tabela 8
Polígono Paulista de Fabricantes de Produtos de Médicos
Brasil e Estado de São Paulo – 2005

Brasil, Estado de São Paulo e Empresas Funcionários


Municípios do Estado Nos Abs. % Nos Abs. %
BRASIL 2.620 100,00 106.912 100,00
Estado de São Paulo 1.187 45,31 60.483 56,57
Polígono 1.047 39,96 55.440 51,86
São Paulo 497 18,97 21.170 19,80
Ribeirão Preto 69 2,63 2.026 1,90
Campinas 38 1,45 2.662 2,49
Guarulhos 27 1,03 4.488 4,20
Diadema 25 0,95 1.447 1,35
Barueri 23 0,88 2.726 2,55
São José do Rio Preto 21 0,80 1.027 0,96
São Carlos 19 0,73 329 0,31
São José dos Campos 19 0,73 1.810 1,69
São Bernardo do Campo 18 0,69 2.850 2,67
Cotia 17 0,65 1.088 1,02
Piracicaba 17 0,65 208 0,19
Rio Claro 17 0,65 566 0,53
Sorocaba 15 0,57 1.353 1,27
Demais Municípios do Polígono 218 8,32 11.606 10,86

Fonte: Brasil (2005). Elaboração dos autores.

menos do que 55 mil dos 60 mil empregos gerados José dos Campos e Guarulhos e aos Portos de Santos
pelo segmento no Estado de São Paulo. e São Sebastião, este localizado na “terceira melhor re-
gião portuária do mundo” (SÃO PAULO, 2007a).
PROPOSTAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS O polígono estará ligado diretamente ao futuro
DE APOIO AO SEGMENTO “Corredor de Exportação Campinas-Vale do Paraí-
ba-Litoral Norte” (SÃO PAULO, 2007b). Assim, ca-
O “polígono paulista de produtores de material médi- beria pensar em novas medidas de apoio que pudes-
eqÒ"eqpvc"eqo"wo"fkxgtukÞecfq"ukuvgoc"fg"vtcpurqtvg0" sem estimular o desenvolvimento do segmento e sua
As infra-estruturas aéreas, viárias, ferroviárias e hidro- integração com a infra-estrutura local de apoio.
viárias se ligam a um amplo sistema rodoviário, for- A região do “polígono paulista de fabricantes de
mado pelas Rodovias Washington Luís, Marechal Ron- produtos médicos” concentra perto de 300 empresas
don, Castelo Branco, Anhangüera, Bandeirantes, Dom e importantes centros formadores de mão-de-obra de
Pedro I, Adhemar de Barros, Santos Dumont, Dutra, nível tanto técnico quanto superior. A área também
Imigrantes, entre outras. Tais rodovias permitem aces- conta com infra-estrutura de apoio à distribuição e ao
so a todos os Estados próximos a São Paulo, à Hidro- contato com o mercado externo, grande número de
via Tietê-Paraná, aos Aeroportos de Viracopos, São hospitais e a presença de renomados centros pesquisa.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 123-136, jan./jun. 2008


132 JOSÉ HENRIQUE SOUZA/JOSMAR CAPPA/LILIANI CORREA NEVES

A concentração de poder de compra, infra-estrutura senvolvimento e transporte pode reduzir a vulnerabi-


e capacidade produtiva nessa região é um fator favo- lidade das empresas brasileiras de produtos médicos.
rável para o desenvolvimento das empresas de pro- Caso contrário, essas indústrias podem tender a se
dutos médico-hospitalares. O problema, portanto, é dedicar apenas à fabricação de produtos de baixo
saber como o poder público poderia otimizar a infra- conteúdo de conhecimento, ou as mudanças na fron-
estrutura tecnológica e de transporte, a demanda hos- teira logística e tecnológica mundiais continuarão a
pitalar e a capacidade produtiva da indústria local. solapar as vantagens competitivas já adquiridas. Al-
Considerando o que foi descrito anteriormente, é gumas regiões, como o polígono estudado, contam
possível imaginar algumas medidas de políticas públi- eqo"wo"ogtecfq"ukipkÞecvkxq"g"woc"kphtc/guvtwvwtc"
cas para apoiar os fabricantes paulistas de produtos privilegiada, o que pode ajudar a criar um ambiente
médicos. favorável ao investimento, à demanda por tecnologia,
aos ganhos de escala e à aproximação da qualidade e
APOIO ÀS COOPERATIVAS, INCUBADORAS E APLS dos preços internos aos externos.
O avanço tecnológico é cumulativo e com rendi-
É conhecido o fato de que a concentração indus- mentos crescentes, mas o processo de aprendizagem
trial pode ter impactos positivos na cadeia produtiva, exige das empresas, sobretudo de países em desen-
principalmente se ocorre especialização e vínculos volvimento, custos maiores do que aqueles exigidos
com agentes de apoio (instituições de classe, ensino, pelas empresas de países industrializados. Isso ocorre
rguswkuc." etfifkvq" g" iqxgtpq+0" Wo" p¿ogtq" ukipkÞec- porque a tecnologia não é facilmente transferida e in-
tivo de empresas que atuam em torno de uma ativi- corporada. Segundo Lall (1994), o desenvolvimento
fcfg"rtqfwvkxc"rtkpekrcn"rqfg"ug"dgpgÞekct"fg"woc" industrial envolve o
infra-estrutura comum de apoio e da ampliação de
fornecedores de insumos, máquinas, materiais, servi- aprofundamento em uma ou todas das quatro formas seguin-
ços industriais ou pesquisas universitárias. tes: “upgrading” tecnológico de produtos ou processo dentro
Cassiolato e Szapiro (2003) acrescentam outras da indústria, entrada progressiva em atividades novas e mais
xcpvcigpu."eqoq."rqt"gzgornq."o«q/fg/qdtc"swcnkÞec- complexas, crescimento de conteúdo local e controle de tarefas
da, atividades correlacionadas, articulação externa para industriais tecnologicamente mais complexas.
escoar a produção e captar tecnologia, interdependên-
cias entre as empresas e demais agentes, cooperação, Assim, o Estado pode estimular a indústria local
solidariedade e instituições locais capazes de promover c" gpvtct" go" ugiogpvqu" ocku" uqÞuvkecfqu0" C" rqn vkec"
q"àwzq"fg"kphqtoc› gu"uqdtg"vgepqnqikc"g"ogtecfq0 tecnológica pode apoiar a produção interna, prote-
O desenvolvimento industrial envolve o upgrading igpfq."vgorqtctkcogpvg."cniwpu"ugiogpvqu"gurge Þ-
tecnológico de produtos ou processo, a entrada em equ" g" Þpcpekcpfq" q" kpxguvkogpvq" g" c" eqpegpvtc›«q"
atividades novas, crescimento do conteúdo local e industrial. O Estado pode priorizar o desenvolvi-
controle de tarefas industriais tecnologicamente mais mento de novos conhecimentos, habilidades, formas
complexas. Para isso, a indústria local precisa entrar organizacionais e vínculos que elevam a capacitação
go" ugiogpvqu" ocku" uqÞuvkecfqu" g" swg" crtgugpvgo" tecnológica. Ampliar a infra-estrutura física e huma-
maior valor agregado, incorporação de conhecimento na necessária à capacitação tecnológica empresarial e
e possibilidades de expansão futura. disponibilizar serviços de apoio técnico, de informa-
O apoio público, a exemplo do que ocorre nos ção e de pesquisa, desenvolvimento e engenharia são
países europeus e naqueles em desenvolvimento, indispensáveis.
como Coréia e China, pode viabilizar a ampliação As ações de apoio aos arranjos, cooperativas e incu-
do uso da infra-estrutura física e humana necessária badoras podem promover a cooperação entre os agen-
à capacitação tecnológica empresarial. Disponibilizar tes locais e a inclusão das micro e pequenas empresas.
serviços de apoio técnico, informação, pesquisa, de- Q"àwzq"fg"kphqtoc› gu"g"eqpjgekogpvqu"gpvtg"qu"hc-

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 123-136, jan./jun. 2008


CONCENTRAÇÃO REGIONAL DA INDÚSTRIA DE PRODUTOS MÉDICOS 133

bricantes e os atores de apoio (agências reguladoras, pesquisa e extensão para pequenas empresas também
bancos de desenvolvimento, exportadores, empresas pode receber a atenção do setor público.
de publicidade e fornecedores) é um canal de difusão
de novas e melhores práticas organizacionais e produ- ESTUDOS ESPECIAIS
tivas, que deve ser estimulado pelo poder público.
Muitas pequenas e médias empresas apresentam
MELHORIA NA GESTÃO PÚBLICA E NO itcpfgu" fkÞewnfcfgu" rctc" ceguuct" kphqtoc› gu" pg-
RELACIONAMENTO DO ESTADO COM A SOCIEDADE cessárias ao seu desenvolvimento. Em alguns casos,
informações básicas sobre mercados nacional e ex-
Economias já industrializadas, como a brasileira, ne- terno podem ser disponibilizadas através de estu-
eguukvco"fg" igku"g"gÞekgpvgu"guvtwvwtcu"fg"iqxgtpq" dos encomendados por agentes públicos. O Estado
e relacionamento com os agentes econômicos. O pode encomendar estudos setoriais ou pesquisas pré-
quadro descrito por nossa pesquisa sugere que uma comerciais junto às universidades para subsidiar as
política pública de apoio aos fabricantes nacionais de empresas do setor de material médico, como ocorre
produtos médicos é fundamental. Não se trata, ob- regularmente nos Estados Unidos, por exemplo.
viamente, de restabelecer políticas intervencionistas
ditadas de cima para baixo, como já ocorreu no pas- POLÍTICA E INFRA-ESTRUTURA PARA O COMÉRCIO EXTERIOR
sado. É possível o trabalho em conjunto do governo
com a iniciativa privada. Para que as empresas do setor de produtos médicos
O Estado pode desenvolver novas estruturas de possam evoluir no comércio internacional, é preci-
governo e relacionamento com os agentes econô- so o estabelecimento de acordos comerciais com os
micos para eliminar o clientelismo, a corrupção, grandes mercados de produtos médicos. Canais de
c" kpgÞek‒pekc" g" q" kpvgtxgpekqpkuoq0" L " cu" gortgucu" escoamento como os Centros de Distribuição de
podem se esforçar pela busca de uma competitivida- Rtqfwvqu" Dtcukngktqu" pq" Gzvgtkqt" Ï" EFu" g" q" Þpcp-
de sistêmica, na qual toda a cadeia produtiva esteja ciamento para obtenção de registros internacionais,
xqnvcfc"rctc"c"qdvgp›«q"fc"gÞek‒pekc"g"fc"kpqxc›«q0" como o CE na Europa e o FDA nos Estados Unidos,
Para isso, as empresas de material médico-hospitalar também são importantes fatores de competitividade
necessitam desenvolver inter-relações com o sistema dos fabricantes brasileiros.
nacional de inovação, isto é, com as instituições de
pesquisa, ensino e treinamento e com as consultorias CRÉDITO E INVESTIMENTO PÚBLICO
privadas, instituições de crédito e os fornecedores de
insumos, bens de capital e serviços. Grande parte do consumo hospitalar, da oferta tec-
É possível promover um ambiente inovador com pqn„ikec"g"fq"Þpcpekcogpvq" u"gortgucu"fi"gzgewvcfc"
regulamentos e pressões competitivas provenientes pelo Estado. Assim, é possível melhorar a integração
das agências reguladoras, da demanda pública e do rtqfwvkxc"eqo"Þpcpekcogpvq"r¿dnkeq"rctc"kpegpvkxct"
mercado externo. O ambiente legal é um dos fatores a difusão tecnológica, a especialização industrial e as
que incentivam as empresas a alcançarem alto grau conexões entre a demanda dos hospitais, a tecnologia
de competitividade. As exigências e o estabelecimen- das universidades e dos centros de pesquisa e a capa-
to de padrões de qualidade de produtos e processos cidade produtiva da indústria de material médico já
de fabricação promovidos pela Agência Nacional de instalada no Brasil.
Vigilância Sanitária – Anvisa são exemplos de boas
medidas nessa direção. Entretanto, um controle mais POLÍTICA DE COMPRA DO ESTADO
rígido sobre a qualidade de produtos e normas de fa-
bricação também deveria operar sobre produtos im- O desenvolvimento produtivo e tecnológico do seg-
portados. O incentivo às atividades tecnológicas e de mento industrial de bens para a saúde requer subsídio

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 123-136, jan./jun. 2008


134 JOSÉ HENRIQUE SOUZA/JOSMAR CAPPA/LILIANI CORREA NEVES

" rguswkuc." Þpcpekcogpvq" cq" ecrkvcn" fg" tkueq." kpew- centros de pesquisas que podem auxiliar a capacitação
badores de tecnologia, estímulo à concentração das tecnológica das empresas.
empresas e, muitas vezes, encomendas pioneiras. Por
isso, uma possível área de atuação governamental é a CONCLUSÕES
política de compra do Estado. Esse é um instrumen-
vq" gÞec|" rctc" igtct" fgocpfc." vguvct" g" fgugpxqnxgt" As empresas brasileiras avançaram no mercado inter-
bens e serviços estratégicos. Através de instrumentos nacional de produtos médicos na última década. Suas
contratuais ou promovendo parcerias, a política de exportações cresceram 144% entre 1997 e 2005. En-
compras do Estado pode ser um indutor tecnológico, tretanto, o aumento da competitividade no mercado
desde que seja transparente, temporária e reservada internacional de produtos médicos vem criando no-
a segmentos estratégicos. Caso contrário, corre-se o vas exigências para os fabricantes nacionais. É preciso
risco de promover a corrupção e o desvio de dinheiro uma estratégia de desenvolvimento das exportações
r¿dnkeq"g"citcxct"qu"eqpàkvqu"fg"qtfgo"lwt fkec"pq" de produtos médicos que envolva o apoio público e
comércio internacional. incorpore tanto assistência tecnológica quanto técni-
cas em estratégia exportadora, design e gestão.
ESPECIALIZAÇÃO TECNOLÓGICA Entre a segunda metade dos anos 1990 e a primei-
tc"ogvcfg"fc"ffiecfc"ugiwkpvg."jqwxg"wo"ukipkÞecvkxq"
As motivações dos agentes para ações coletivas vol- aumento da demanda interna, uma maior especializa-
tadas para a criação de capacidades técnicas e de ção da oferta e um grande aumento das importações.
aprendizagem podem motivar os agentes para o uso A oferta interna de produtos tecnologicamente mais
dos recursos e competências locais. Nesse caso, um complexos não respondeu adequadamente aos inves-
bom exemplo seria a montagem de cursos de exten- timentos e aos gastos de custeio da administração
são para o desenvolvimento tecnológico de empresas pública, dos hospitais, dos laboratórios e das clínicas.
nqecku0"Rctc"guug"Þo."q"rqn iqpq"fg"rtqfwvqtgu"rcw- Atualmente, as indústrias do setor médico conti-
listas possui uma infra-estrutura invejável. nuam apresentando uma considerável perda de com-
Nessa área encontram-se várias indústrias de alta petitividade associada, principalmente, à distância tec-
vgepqnqikc"*kphqto vkec."vgngeqowpkec› gu."sw okec"Þpc" nológica em relação aos concorrentes de países que
e biologia) e centros de ensino e pesquisa, tais como: as adotam estratégias mais dinâmicas de inovação. Isso
universidades públicas (Unicamp, Ufscar, USP e Unesp); mostra que é absolutamente necessário incentivar a
Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUC- capacitação tecnológica e produtiva do segmento.
Campinas; Universidade Paulista – Unip; Centro de Incentivar Arranjos Produtivos Locais pode criar
Pesquisa de Desenvolvimento em Telecomunicações – rotinas coletivas de inovação e difusão tecnológica,
CPqD; Companhia de Desenvolvimento Tecnológico melhoria no design e diminuição nos custos da produ-
– Codetec; Instituto Agronômico de Campinas – ção e logística. Também pode incentivar a interação
IAC; Instituto Tecnológico para Alimentos – Ital; entre as empresas, favorecendo as micro e pequenas
Coordenadoria de Assistência Técnica Integrada – rtqfwvqtcu"fg"dgpu"Þpcku"qw"fg"rg›cu."rctvgu."eqo-
Cati; Instituto de Zootecnia – IZ; Instituto Biológico ponentes e serviços.
– IB; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária A colaboração entre empresas e a relação usuário-
– Embrapa; Centro de Pesquisas Renato Archer – produtor são ferramentas fundamentais para o avan-
Cenpra; Laboratório Nacional de Luz Síncroton ço no conhecimento tecnológico da cadeia produtiva.
– LNLS; Observatório Capricórnio; e Fundação Quando reunidas em grupos, as empresas conseguem
Tropical de Pesquisa e Tecnologia “André Tosello”. diminuir custos, melhorar o processo produtivo e facili-
Assim, a região que concentra os produtores brasileiros tar a inovação de produto e processo. Trabalhos conjun-
de produtos médicos conta com toda a estrutura vqu"gpvtg"gortgucu"vcodfio"fkokpwgo"cu"fgueqpÞcp›cu"
de colégios técnicos, importantes universidades e e ativa o desenvolvimento de parcerias estratégicas.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 123-136, jan./jun. 2008


CONCENTRAÇÃO REGIONAL DA INDÚSTRIA DE PRODUTOS MÉDICOS 135

O apoio à cooperação entre instituições de ensino e inovação, a especialização, a expansão da capacidade


pesquisa, órgãos governamentais, empresas e hospitais rtqfwvkxc" g" c" ctvkewnc›«q" fq" Þpcpekcogpvq" r¿dnkeq"
é essencial para o desenvolvimento dos fornecedores (BNDES e Finep), com as decisões de investimento
locais. Porém, para que isso ocorra, é fundamental a na rede hospitalar e de seus fornecedores.
ação do governo no sentido de fornecer crédito e pro- Kpegpvkxqu" " rtqÞuukqpcnk|c›«q" fc" iguv«q." eqpuq-
mover o avanço tecnológico e a integração produtiva lidação e expansão da estrutura de serviços tecno-
do segmento industrial de produtos médicos. n„ikequ" g" egtvkÞec›«q." lwpvcogpvg" eqo" woc" rqn vkec"
De acordo com os dados coletados nesse trabalho, comercial ativa, podem atenuar as barreiras técnicas e
há uma elevada concentração das empresas de equi- promover a competitividade das empresas nacionais.
pamentos médicos no que denominado “polígono O apoio à formação de Arranjos Produtivos Locais,
paulista de produtores”. Nessa região estão presentes por exemplo, é fundamental e perfeitamente viável
vários fatores capazes de favorecer a competitividade diante das condições da infra-estrutura tecnológica
na indústria de produtos para a saúde no Brasil. É ne- da região pesquisada. É necessária, entretanto, uma
cessária, porém, uma política pública que favoreça a visão mais decidida e audaciosa da gestão pública.

Nota Viana, Camila Costa, Eduardo Agassi, Jefferson Marialva,


Raul G. Jorge, Rony Deikson e Wellington Delazari; e da
Colaboraram com a pesquisa os economistas Ageu da Unicamp Lindinalva C. Machado. A presente pesquisa
Silva, Eliane Rosandiski e Wellynghton Matsumoto e os contou com bolsa de Iniciação Científica do CNPq e da
estudantes da PUC-Campinas: Bruna da Silva, Camila PUC-Campinas.

Referências Bibliográficas CASSIOLATO, J.E.; SZAPIRO, M. Uma caracterização de


arranjos produtivos locais de micro e pequenas empresas. In:
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁ- CASSIOLATO, J.E.; LASTRES, H.M.M.; MACIEL, M.L. (Org.).
RIA. Legislação. Brasília, DF: Anvisa. Disponível em: <http:// Pequena empresa: cooperação e desenvolvimento local. Rio de
e-legis.bvs.br/leisref/public/search.php>. Acesso em: 22 jan. 2006. Janeiro: Relume Dumará, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE MA- FURTADO, A.T.; SOUZA, J.H. Evolução do setor de
TERIAL MÉDICO-HOSPITALAR. Cadastro Abimo. São Paulo: insumos e equipamentos médico-hospitalares, laboratoriais e
Abimo. Disponível em: <http://www.abimo.org.br/associados/as- odontológicos no Brasil: a década de 90. In: NEGRI, B.; DI
sociados.asp?cod_tipo_associado=2>. Acesso em: 15 jan. 2006. GIOVANNI, G. (Org.). Brasil<"tcfkqitcÞc"fc"uc¿fg0"Ecorkpcu."
SP: Unicamp-IE, 2001.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Ex-
terior. Sistema Alice-Web. Brasília, DF, Mdic. Disponível em: <http:// FURTADO, J.E.M. A indústria de equipamentos médico-hospitalares:
aliceweb.desenvolvimento.gov.br/>. Acesso em: 10 jan. 2007a. Elementos para uma caracterização da sua dimensão
internacional. Brasília: Ministério da Saúde, 2000.
______. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior. Caracterização dos arranjos produtivos locais. Brasília, DF, Mdic. GUTIERREZ, R.M.V.; ALEXANDRE, P.V.M. Complexo
Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/inter- industrial da saúde: uma introdução ao setor de insumos e
na/interna.php?area=2&menu=937>. Acesso em: 10 jan. 2007b. equipamentos de uso médico. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 19,
p. 119-155, mar. 2004. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/
______. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio conhecimento/bnset/set1906.pdf>. Acesso em: 22 maio 2007.
Exterior. Assessoria de Comunicação Social. Seminário quer
estimular a internacionalização de empresas. Brasília, DF, Mdic/Ascom, LALL, S. Industrial Policy: the role of government in promoting
15 set. 2006. Disponível em: <http://www.desenvolvimento. industrial and technological development. UNCTAD Review,
gov.br/sitio/interna/noticia.php?area=1&noticia=7176>. New York, United Nations, 1994.
Acesso em: 20 out. 2006.
LASTRES, H.; SZAPIRO, M. Arranjos produtivos locais e proposições
______. Ministério do Trabalho e Emprego. Relação Anual de de política de desenvolvimento industrial e tecnológico. Rio de Janeiro:
Informações Sociais – Rais. Brasília, DF: MTE, 2005. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2000.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 123-136, jan./jun. 2008


136 JOSÉ HENRIQUE SOUZA/JOSMAR CAPPA/LILIANI CORREA NEVES

NEGRI, B.; DI GIOVANNI, G. (Org.). Brasil<"tcfkqitcÞc"fc" ______. Development and Globalization: Facts and Figures. Central
saúde. Campinas, SP: Unicamp-IE, 2001. Statistics and Information Retrieval Branch of UNCTAD’s
Division on Globalization and Development. Genebra:
SANTOS, A.M.M.; GUARNERI, L.S. Características gerais de apoio UNCTAD, 2004.
a arranjos produtivos locais. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 12,
p. 195-204, set. 2000. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/ UNCTAD – United Nations Conference on Trade and
conhecimento/bnset/set1210.pdf>. Acesso em: 22 maio 2007. Development. WTO – World Trade Organization. ITC
– International Trade Centre. International Trade Statistics:
SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Estado dos Transportes. Porto General Trade Data by Product Group and Country. Genebra:
de São Sebastião. Disponível em: <http://www.transportes.sp.gov.br/ UNCTAD/WTO/ITC, 2007. Disponível em: <http://www.
v20/portosaosebastiao.asp>. Acesso em: 26 maio 2007a. intracen.org/tradstat/>. Acesso em: abr. 2007.
______. Secretaria de Estado dos Transportes. Projeto de desestatização UNITED NATIONS. United Nations Statistic Division. Standard
do corredor de exportação Campinas – Vale do Paraíba – Litoral Norte. Kpvgtpcvkqpcn"Vtcfg"EncuukÞecvkqp."Tgxkukqp"50"Detailed structure and
Disponível em: <http://www.transportes.sp.gov.br>. Acesso em: explanatory notes. New York: UN/UNSD, 1999.
26 maio 2007b.
VOLKER, P.; CAPORALI, R. (Org.). Metodologia de desenvolvimento
SCATOLIN, F.D.; MEIRELLES, J.G.P.; CURADO, M.L.; PAULA, de Arranjos Produtivos Locais: Projeto Promos/Sebrae/BID:
N.M. de. Arranjos produtivos e a dinâmica do comércio internacional. versão 2.0. Brasília, DF: Sebrae, 2004.
In: LASTRES, H.M.M.; CASSIOLATO, J.E.; MACIEL, M.L.
(Org.). Pequena empresa: cooperação e desenvolvimento local. Rio WORLD BANK. World Development Indicators. Washington:
de Janeiro: Relume Dumará, 2003. p. 423-440. WORLD BANK, 2006.

TEMPORÃO, J.G. Entrevista. Valor Econômico. Disponível em: WO R LD BANK’s HE ALTH, NUTR ITIO N AND
<http://www.conasems.org.br/cgi-bin/pagesvr.dll/Get?id_ POPULATION DATA PLATFORM. Demographic Projections.
doc=315>. Acesso em: 22 maio 2007. Total Population, 2006. EUA: World Bank, HNPStats.
Disponível em: <http://devdata.worldbank.org/hnpstats/
UNCTAD – United Nations Conference on Trade and HNPDemographic/total.xls>. Acesso em: 20 jan. 2007.
Development. UNCTAD Handbook of Statistics 2007. Genebra:
UNCTAD, 2008. WORLD TRADE ORGANIZATION. International Trade
Statistic 2005 Selected long-term trends. Exportations mondiales de
______. UNCTAD Handbook of Statistics 2005. Genebra: merchandises, production et produit intérieur brut, 1951-04.
UNCTAD, 2006. Genebra: WTO, 2005.

JOSÉ HENRIQUE SOUZA


Economista, Mestre e Doutor pela Unicamp, Professor do curso de Economia da PUC-Campinas.
(josehenriquesouza@yahoo.com.br)

JOSMAR CAPPA
Economista e Doutor pela Unicamp, Professor do curso de Economia da PUC-Campinas.
(josmar.cappa@puc-campinas.edu.br)

LILIANI CORREA NEVES


Economista pela PUC-Campinas.
(lilianineves@uol.com.br)

Artigo recebido em 6 de março de 2007.


Aprovado em 14 de julho de 2008.

Como citar o artigo:


SOUZA, J.H.; CAPPA, J.; NEVES, L.C. Concentração regional da indústria de produtos médicos. São Paulo em Perspectiva,
São Paulo, Fundação Seade, v. 22, n. 1, p. 123-136, jan./jun. 2008. Disponível em: <http://www.seade.gov.br>;
<http://www.scielo.br>.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 123-136, jan./jun. 2008


GASTOS TRIBUTÁRIOS RELACIONADOS AO
CONSUMO DE ATENÇÃO PRIVADA À SAÚDE
contribuição ao debate sobre políticas de financiamento

M ARIA DE F ÁTIMA S ILIANSKY DE A NDREAZZI


B ERNARDO S ICSÚ
T ÁSSIA H OLGUIN

Resumo: O trabalho enfoca a renúncia fiscal com gastos privados em saúde por parte das pessoas físicas e jurídicas. Os objetivos foram os de levantar evidências
acerca da relação desta renúncia com a demanda por seguros e serviços privados de saúde, quantificá-la, a partir de dados da Secretaria da Receita Federal, e
relacioná-la com os gastos privados das famílias e gastos públicos em saúde. Problematiza-se seu papel na promoção da eqüidade do financiamento no país.
Palavras-chave: Financiamento da saúde. Gastos tributários. Política de saúde.

Abstract: The work focuses the tax expenditures originated from families private health expenses and fringe benefits to workers. The objectives are to raise
evidences concerning the relation of this kind of public expenditures with the demand for private health insurance and heath services. It uses official data from the
federal Fiscal Authority and relates them with the private and public expenses in health. The promotion of the equity in health financing is debated.
Key words: Health financing. Tax expenditures. Health policy.

The driving forces that generate social inequities in health are, to a great extent, related
to the macro-policy environment. This environment includes neoliberal economic growth strategies,
which have widened income inequalities and increased poverty
WHITEHEAD AND DAHLGREN (2006b, p. 34)

D
esde os anos 1980, as políticas de saúde no Brasil
têm logrado se tornar tema de debates ampliados envolvendo atores externos ao âmbito da tecnocracia estatal
g"fqu"rtqÞuukqpcku"fg"uc¿fg0"Guug"hcvq"rqfg"ugt"hqtvgogpvg"cvtkdw fq" "pqxc"kpuvkvwekqpcnk|c›«q"fc"rctvkekrc›«q"
rqrwnct"go"Eqpugnjqu"g"Eqphgt‒pekcu"fg"Uc¿fg."htwvq"fg"owfcp›cu"pc"ngikunc›«q"fq"ukuvgoc"cr„u"c"rtqownic-
›«q"fc"Eqpuvkvwk›«q"fg"3;::"g"fcu"Ngku"Qti¤pkecu"fg"Uc¿fg."go"3;;20"C"eqplwpvwtc"geqp»okec"fq"rc u."cuugp-
vcfc"go"ogvcu"fg"clwuvg"Þuecn"g"fg"eqpvgp›«q"fqu"icuvqu"r¿dnkequ."xkigpvgu"gurgekcnogpvg"cr„u"3;:;"g"swg"ug"
ocpv‒o"cvfi"gpv«q."kor g"woc"cigpfc"ckpfc"tguvtkvkxc"swcpvq"cqu"icuvqu"fq"ugvqt"r¿dnkeq"pc" tgc"fc"uc¿fg."c"
fgurgkvq"fg"kpkekcvkxcu"fg"ngikunc›«q"swg"rtqewtctco"fct"woc"ockqt"guvcdknkfcfg" u"fqvc› gu"qt›cogpv tkcu"fktg-
ekqpcfcu"cq"ugvqt."eqoq."rqt"gzgornq."c"GE"4;142220"Q"vtcdcnjq"gphqec"pqvcfcogpvg"c"tgp¿pekc"Þuecn"qtkwpfc"
fqu"icuvqu"rtkxcfqu"fcu"rguuqcu"h ukecu"g"fcu"lwt fkecu"eqo"ugtxk›qu"fg"cvgp›«q" "uc¿fg."vgoc"fg"rguswkuc/qdlgvq"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 137-151, jan./jun. 2008


138 MARIA DE FÁTIMA SILIANSKY DE ANDREAZZI/BERNARDO SICSÚ/TÁSSIA HOLGUIN

fq" Gfkvcn" fq" EPRs1Okpkuvfitkq" fc" Uc¿fg." go" 42260" tributários são gastos indiretos do governo realizados por in-
Qu"qdlgvkxqu"fc"rguswkuc"eqpvgornco< termédio do sistema tributário visando atender objetivos econô-
̋" c"dwuec"fg"gxkf‒pekcu"pc"nkvgtcvwtc"gurgekcnk|cfc" micos e sociais"]000_"No Brasil, a Secretaria de Receita Federal
cegtec" fc" tgnc›«q" fguvc" tgp¿pekc" eqo" c" fgocp- vem utilizando o termo benefícios tributários como sinônimo de
fc"rqt"ugiwtqu"g"ugtxk›qu"rtkxcfqu"fg"cvgp›«q" " gastos tributários ]000_"tem considerado, desde 1986, como sen-
saúde; do benefício tributário toda desoneração que cumulativamente
̋" c"swcpvkÞec›«q"fguuc"xctk xgn=" satisfaça os seguintes requisitos: 1- reduza a arrecadação poten-
̋" c"kfgpvkÞec›«q"fqu"cvqtgu"swg"v‒o"kpenw fq"c"swgu- cial; 2- aumente a disponibilidade econômica do contribuinte;
v«q"fcu"fgfw› gu"fqu"icuvqu"rtkxcfqu"eqo"cvgp›«q" 3- constitua, sob o aspecto jurídico, uma exceção à norma que
"uc¿fg"fq"Korquvq"fg"Tgpfc"fg"Rguuqcu"H ukecu" referencia o tributo ou alcance, exclusivamente, determinado
Ï"KTRH"g"fq"Korquvq"fg"Tgpfc"fg"Rguuqcu"Lwt fk- grupo de contribuintes.
ecu"Ï"KTRL"pc"cigpfc"fq"Þpcpekcogpvq"fq"ecorq"
da saúde. Cu"Þpcnkfcfgu"fqu"icuvqu"vtkdwv tkqu"ugtkco<
Pc"gxgpvwcnkfcfg"fg"owfcp›cu"pqu"octequ"cvwcku" ̋" eqorgpuct" icuvqu" tgcnk|cfqu" rgnqu" eqpvtkdwkpvgu"
fc"tgiwncogpvc›«q"fc"ocvfitkc"uqdtg"guucu"fgfw› gu." eqo"ugtxk›qu"fg"uwc"tgurqpucdknkfcfg"p«q"cvgpfk-
c"gs¯kfcfg"pq"Þpcpekcogpvq."c"fgurgkvq"fc"gzkuv‒pekc" dos pelo governo;
fg"ocku"fg"woc"kpvgtrtgvc›«q"cegtec"fg"ugw"ukipkÞec- ̋" eqorgpuct"c› gu"eqorngogpvctgu" u"hwp› gu"v rk-
do, poderia orientar os atores a se posicionarem na ecu"fg"Guvcfq"fgugpxqnxkfcu"rqt"gpvkfcfgu"ekxku=
ctgpc" fqu" fgdcvgu" fg" cnvgtpcvkxcu" gzenwfgpvgu" gpvtg" ̋" rtqoqxgt"c"gswcnk|c›«q"fg"tgpfcu"gpvtg"cu"tg"ik gu=
qdlgvkxqu"g"tguwnvcfqu"fc"tgp¿pekc"Þuecn0" ̋" guvkownct"fgvgtokpcfcu" tgcu"fc"geqpqokc"qw"nq-
Q"ctvkiq"guv "fkxkfkfq"go"ekpeq"rctvgu0"Cr„u"guvc" calidades.
kpvtqfw›«q."c"rtkogktc"cdqtfc"c"fgÞpk›«q"g"c"eqpvgz- Wo" curgevq" korqtvcpvg" tguucnvcfq" rqt" Dgijkp"
vwcnk|c›«q"fg"icuvqu"vtkdwv tkqu0"C"ugiwkt."pc"ugiwpfc" *4227+"ugtkc"c"rquukdknkfcfg"fg"q"icuvq"vtkdwv tkq"ugt"
rctvg." fi" crtgugpvcfc" woc" fkuewuu«q" uqdtg" gs¯kfcfg" uwduvkvw fq"rqt"icuvqu"qt›cogpv tkqu"fktgvqu0"Q"ecuq"
pq" Þpcpekcogpvq" fq" ecorq" fc" uc¿fg" tgncekqpcfc" fcu"fgfw› gu"eqo"icuvqu"tghgtgpvgu" "cvgp›«q" "uc¿fg"
eqo"c"tgp¿pekc"Þuecn0"C"tgxku«q"fc"nkvgtcvwtc"uqdtg"q" pq"KTRH"g"KTRL"guv "gpswcftcfq"pq"eqpegkvq"fg"icu-
vgoc"fi"q"hqeq"fc"rctvg"vt‒u0"C"swctvc"rctvg"fq"ctvkiq" vq"vtkdwv tkq0"Q"xcnqt"tgpwpekcfq"rgnq"ugvqt"r¿dkeq"fi"
hqk" wvknk|cfc" rctc" hc|gt" woc" guvkocvkxc" fc" ocipkvw- ugortg"hwp›«q"fktgvc"fg"icuvqu"swg"qu"eqpvtkdwkpvgu"
fg"fc"tgp¿pekc"Þuecn"qtkwpfc"fq"ugvqt"uc¿fg."pq"rc u0" fgenctco"vgt"eqo"fgvgtokpcfqu"kvgpu"fg"ugwu"fkur‒p-
Gpegttcpfq"q"ctvkiq."pc"swkpvc"rctvg."u«q"eqogpvcfcu" fkqu"inqdcku"eqo"uc¿fg0"Guvgu"kvgpu"v‒o"xctkcfq."pq"
cu"cnvgtpcvkxcu"gzenwfgpvgu"tgncekqpcfcu"eqo"c"swgu- Dtcukn." ugpfq" swg" uqogpvg" cr„u" 3;;2" *cpq/dcug" fg"
v«q"fc"tgp¿pekc"Þuecn0 3;:;+"hqk"rgtokvkfc"c"kpenwu«q"fg"fgurgucu"eqo"ugiw-
tqu"fg"uc¿fg0"Fgurgucu"eqo"cuukuv‒pekc"codwncvqtkcn"
GASTOS TRIBUTÁRIOS EM SAÚDE: g"jqurkvcnct"rcicu"fktgvcogpvg"cqu"rtguvcfqtgu"fg"ugt-
CONTEXTUALIZAÇÃO xk›qu"l "gtco"eqpukfgtcfcu0"Fgufg"3;;2."p«q"gzkuvgo"
nkokvgu"rctc"c"fgfw›«q"fguugu"icuvqu"fc"tgpfc"vtkdwv -
Q"gpvgpfkogpvq"fq"eqpegkvq"fg"tgp¿pekc"Þuecn"eqo" xgn"fcu"rguuqcu"h ukecu."pq"swg"ug"tghgtg" u"fgenctc› gu"
icuvqu"rtkxcfqu"go"uc¿fg"tgogvg" "rctegnc"fqu"vtkdw- fg"clwuvg"fq"korquvq"fq"vkrq"Ñp«q/ukornkÞecfcuÒ0"C"
vqu"fgxkfqu"fqu"eqpvtkdwkpvgu."rguuqcu"h ukecu"g"lwt fk- gzeg›«q" "tgitc"u«q"qu"icuvqu"eqo"q"eqpuwoq"fg"og-
ecu."swg"q"Guvcfq"fgenkpc"cttgecfct0"Fg"ceqtfq"eqo" fkecogpvqu." swg" p«q" guv«q" eqpvgorncfqu" pq" tqn" fg"
Ucnxk."Fg"Rcwnc"g"Nqwtgu"*4225."r0"8."35+." fgfw› gu"fcu"rguuqcu"h ukecu0"Cu"fgurgucu"eqo"uc¿fg"
fcu"rguuqcu"lwt fkecu"u«q"eqpukfgtcfcu"icuvqu"qrgtc-
o termo utilizado internacionalmente para referir-se às despesas ekqpcku."tgfw|kpfq."cuuko."q"nwetq"vtkdwv xgn"*UC[F."
governamentais indiretas efetuadas por meio do sistema tribu- 4225+0" Pc" cvwcnkfcfg." qu" rtqegfkogpvqu" tgncvkxqu" c"
tário é o de gasto tributário *vcz" gzrgpfkvwtg+" ]000_ gastos guvcu"fgfw› gu"guv«q"eqpvgorncfqu"pq"TKT1;;"*Tg-

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 137-151, jan./jun. 2008


GASTOS TRIBUTÁRIOS RELACIONADOS AO CONSUMO DE ATENÇÃO PRIVADA ... 139

iwncogpvq"fq"Korquvq"fg"Tgpfc1;;+0"Guug"kpegpvkxq" Hqtc"fq"¤odkvq"cecf‒okeq."pqu"cpqu"4222."swgu-
iqxgtpcogpvcn"rgtokvkw"swg"qu"icuvqu"rtkxcfqu"eqo" vkqpcogpvqu"uqdtg"qu"icuvqu"vtkdwv tkqu"crctgego"go"
ugtxk›qu"fg"cvgp›«q" "uc¿fg"hquugo"fgfw|kfqu"fc"tgp- gxgpvqu"eqoq"q"Ukor„ukq"fg"Uc¿fg"Uwrngogpvct."tg-
fc"vtkdwv xgn"fqu"eqpvtkdwkpvgu"rguuqcu"h ukecu"g"fq"nw- cnk|cfq"go"4223"rgnc"E¤octc"fqu"Fgrwvcfqu"*DTC-
etq"vtkdwv xgn"fcu"rguuqcu"lwt fkecu."fkokpwkpfq."fguuc" UKN."4223+0"Ugiwpfq"q"tgncv„tkq"fq"ukor„ukq."q"Þpcp-
hqtoc."q"xcnqt"fq"korquvq"c"tgeqnjgt0" ekcogpvq"r¿dnkeq"fqu"ugtxk›qu"rtkxcfqu"fg"ewkfcfqu"
Ecdg"tguucnvct"swg"p«q"fi"eqpugpuwcn"c"eqpegkvwc›«q" "uc¿fg."oqtogpvg"fqu"rt‒okqu"fqu"ugiwtqu/uc¿fg."
fq" cdcvkogpvq" eqo" uc¿fg" fq" KTRH" eqoq" icuvq" qw" cvtcxfiu"fc"tgp¿pekc"Þuecn."fi"rqn‒okeq"g"swguvkqp xgn0"
dgpgh ekq"vtkdwv tkq0"Fg"ceqtfq"eqo"wo"fqewogpvq" U«q" eqpukfgtcfqu" icuvqu" uqekcku." rqku" u«q" eqorctvk-
gncdqtcfq"rgnc"cuuguuqtkc"vfiepkec"fc"WpcÞueq"Ukpfkecn" njcfqu"rgnc"uqekgfcfg0"Go"eqpvtcrctvkfc."guuc"tgp¿p-
*Fktgvqtkc"Gzgewvkxc"Pcekqpcn"fq"Ukpfkecvq"Pcekqpcn" ekc"Þuecn"rqfg"eqpuvkvwkt"wo"gngogpvq"fgekukxq"rctc"
fqu" Cwfkvqtgu" Hkuecku" fc" Tgegkvc" Hgfgtcn+." fg" 4225." c"ghgvkxkfcfg"fc"c›«q"vtkdwv tkc"cttgecfcfqtc."pc"og-
q"Okpkuvfitkq"fc"Hc|gpfc"guv "encuukÞecpfq"fg"hqtoc" fkfc"go"swg"tgcn›c"tgegkvcu"cwhgtkfcu."rtkpekrcnogpvg."
gswkxqecfc"cu"fgurgucu"eqo"fgrgpfgpvgu."eqo"gfw- rgnqu"rtguvcfqtgu"fg"ugtxk›qu."swg"fg"qwvtc"hqtoc"rq-
ec›«q"g"eqo"ewkfcfqu" "uc¿fg"swg"u«q"fgfw|kfcu"fc" fgo"ghgvwct"uqpgic›«q"pq"ogtecfq"fg"cvgp›«q"fktgvc"
tgpfc"vtkdwv xgn"fcu"rguuqcu"h ukecu0"Rctc"c"WpcÞueq" "uc¿fg0"
Ukpfkecn"guugu"icuvqu"u«q"Ñfgurgucu"rctc"wo"o pkoq" Ê"iwkuc"fg"uwrqtvg."hqtc"fq"ecorq"fc"uc¿fg."fgu-
gzkuvgpekcnÒ." rqtvcpvq." p«q" fgxgo" ugt" eqpukfgtcfqu" vcec/ug"c"kpenwu«q"ocku"igtcn"fq"vgoc"fqu"uwdu fkqu"cq"
eqoq" dgpgh ekq" vtkdwv tkq" *tgp¿pekc" Þuecn+0" P«q" tg- eqpuwoq"rctc"hco nkcu"fg"ockqt"tgpfc"pq"fqewogpvq"
rtgugpvco"cwogpvq"fc"fkurqpkdknkfcfg"geqp»okec"fq" fq"Okpkuvfitkq"fc"Hc|gpfc."Rqn vkec"Geqp»okec"g"Tg-
eqpvtkdwkpvg."l "swg"uwduvkvwgo"icuvqu"eqo"ugtxk›qu" hqtocu"Guvtwvwtcku."swg"ugtxkw"fg"qtkgpvcfqt"rctc"c"
p«q"ictcpvkfqu."pc"rt vkec."rgnq"Guvcfq<" rqn vkec"geqp»okec"fq"rtkogktq"iqxgtpq"Nwnc"*4225/
4228+0"Guug"fqewogpvq"vgo"eqoq"qdlgvkxq"crtgugp-
Não se pode renunciar a uma renda que não existe, pois o vct"cu"rtkqtkfcfgu"fc"cigpfc"geqp»okec"fq"Okpkuvfitkq"
rendimento bruto não representa a capacidade contributiva do fc"Hc|gpfc"g"crqpvct"eqoq"guvcu"rtkqtkfcfgu"ug"kpug-
contribuinte. Esta só começa após a dedução dos gastos neces- tgo"pq"eqpvgzvq"fg"owfcp›c"fq"rc u0"Q"fqewogpvq"
sários à aquisição e manutenção da renda e do patrimônio, crtgugpvc" wo" fkcip„uvkeq" tguwokfq" fqu" rtkpekrcku"
assim como do mínimo indispensável a uma existência digna rtqdngocu" geqp»okequ" fc" eqplwpvwtc" g" cpcnkuc" qu"
para o contribuinte e sua família *WPCHKUEQ" UKPFK- korcevqu"uqekcku"fc"guvtwvwtc"vtkdwv tkc."cuuko"eqoq"
ECN."4225."r0"9+0" c"eqorcvkdknk|c›«q"gpvtg"c"gÞe ekc"fqu"icuvqu"uqekcku"
fc"Wpk«q"g"cu"nkokvc› gu"geqp»okecu"gphtgpvcfcu0"Fg"
C"kpenwu«q"fqu"icuvqu"vtkdwv tkqu"Ï"qtkwpfqu"fc"ct- ceqtfq"eqo"q"vgzvq<
tgecfc›«q"eqo"q"KTRH"g"KTRL"Ï"eqo"q"ugvqt"uc¿fg"
pq"fgdcvg"cecf‒okeq"uqdtg"Þpcpekcogpvq"fc"cvgp›«q" Os impostos e transferências, no Brasil, não atenuariam as de-
"uc¿fg"pq"Dtcukn"rqfg"ugt"gpeqpvtcfc."pqu"cpqu"3;;2." sigualdades de renda, pois seriam destinados aos não-pobres.
go" vtcdcnjqu" fc" tgc" fg" uc¿fg" eqngvkxc*O¡FKEK." No Brasil, o grupo dos 10% mais ricos se apropria de 44% da
3;;2="CPFTGC¥¥K."3;;3+0"Guugu"vtcdcnjqu"rtqew- tgpfc"vqvcn"fq"Rc u."gpswcpvq"qu"32'"ocku"rqdtgu"Þeco"eqo"
tctco"kfgpvkÞect"q"rtqdngoc"g"swcpvkÞe /nq"c"rctvkt" 1% da renda total. Da população economicamente ativa, cerca
fcu"hqpvgu"fkurqp xgku."ejcocpfq"c"cvgp›«q"rctc"wo" de 85% recebe rendimentos inferiores a cinco salários mínimos,
fg"ugwu"rcrfiku"tgngxcpvgu<"q"fg"uwdu fkq" "cvgp›«q"rtk- o que corresponderia, aproximadamente, ao limite de isenção do
xcfc0"Qemfi/Tgku"*3;;7+"crqpvc"cu"rquu xgku"tgnc› gu" imposto de renda de pessoas físicas (IRPF). Como conseqüên-
gpvtg"guugu"icuvqu"vtkdwv tkqu"eqo"c"ocpwvgp›«q"fg" cia, quase toda a receita do IRPF, cerca de 96%, é arrecadada
wo" rcft«q" fg" qhgtvc" rtkxcfc" fg" korqtvcpvg" ocipk- de indivíduos que se encontram no grupo dos 10% de renda
vwfg"pq"Dtcukn"g"eqo"q"etguekogpvq"fq"ogtecfq"fg" mais alta, sendo que os 1% mais ricos são responsáveis por
ugiwtqu"fg"uc¿fg"rtkxcfqu0" mais de 40% de arrecadação *DTCUKN."4225c."r0":3+0"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 137-151, jan./jun. 2008


140 MARIA DE FÁTIMA SILIANSKY DE ANDREAZZI/BERNARDO SICSÚ/TÁSSIA HOLGUIN

Q"fqewogpvq"ukuvgocvk|c"c"cigpfc"kpkekcn"fg"tg- fg" crqkq" r¿dnkeq" cq" eqpuwoq" rtkxcfq" eqo" uc¿fg0"


hqtocu0"Q"rtkpekrcn"qdlgvkxq"fc"rqn vkec"geqp»okec." Hqtco"kfgpvkÞecfcu"cu"ugiwkpvgu"oqfcnkfcfgu<
eqpukfgtcfc"fg"vtcpuk›«q."ugtkc"c"tgfw›«q"fc"tgnc›«q"
f xkfc1RKD" ugo" cwogpvq" fc" ectic" vtkdwv tkc." qdvk- a) estudo e diagnóstico sobre os recursos públicos envolvidos
fc"eqo"cwogpvq"fq"uwrgt xkv"rtko tkq"rqt"ogkq"fq" direta e indiretamente no mercado de planos de saúde;
eqpvtqng"fcu"eqpvcu"r¿dnkecu0"Qu"qdlgvkxqu"gurge Þ- d+"fgfw› gu"g"tgp¿pekcu"Þuecku=
equ"fc"tghqtoc"vtkdwv tkc."eqpvkfc"go"vcn"fqewogp- c) pagamento de planos de saúde;
vq."ugtkco"c"gnkokpc›«q"fqu"vtkdwvqu"ewowncvkxqu."c" d) trânsito de clientes de planos de saúde nos serviços próprios e
tgfw›«q"fcu"hckzcu"fg"cn swqvc"fqu"korquvqu"kpfktg- eqpxgpkcfqu"fq"UWU<"q"tguuctekogpvq"g"c"ÓÞnc"fwrncÔ0
tos e a tgxku«q"fg"dgpgh ekqu"g"tgp¿pekcu"Þuecku"fg"pcvwtg|c"
regressiva0"Go"qwvtq"fqewogpvq."fc"oguoc"firqec"g" Ecdg"ckpfc"fguvcect"swg."c"fgurgkvq"fg"rtqrquvcu"
gncdqtcfq"rgnc"oguoc"gswkrg"fq"Okpkuvfitkq"fc"Hc- fg"gnkokpc›«q"fcu"fgfw› gu"go"hgxgtgktq"fg"4228."pq"
|gpfc"Ï"c"Ugetgvctkc"fg"Rqn vkec"Geqp»okec"Ï."c"hqt- ¤odkvq"fq"Eqpugnjq"Pcekqpcn"fg"Uc¿fg.4"q"cuuwpvq"
ownc›«q"fi"ocku"gzrn ekvc< ckpfc"fi"dcuvcpvg"eqpvtcfkv„tkq"c"rqpvq"fg"p«q"jcxgt"
eqpugpuqu"pguug"ugpvkfq."rquvgticpfq"fgeku gu"eqo"
A possibilidade de ampliação dos recursos destinados aos brasi- dcug"pc"pgeguukfcfg"fg"ocku"kphqtoc›«q0
leiros mais pobres e de fornecer uma verdadeira rede de proteção C"ugiwkt."fkuewvg/ug"q"rqn‒okeq"cuuwpvq"fc"gs¯kfc-
social capaz de amparar a população mais vulnerável depende, fg"pq"Þpcpekcogpvq."eqoq"rquu xgn"kpuvtwogpvq"fg"
de forma decisiva, da realização de reformas estruturais que tgurcnfq"rctc"q"rqukekqpcogpvq"fqu"cvqtgu"swcpvq" "
reduzam os privilégios concedidos pelo atual sistema – tanto por fkuewuu«q"uqdtg"cnvgtpcvkxcu"gzenwfgpvgu"gpvtg"qdlgvk-
ogkq"fg"icuvqu"fktgvqu"swcpvq"cvtcxfiu"fg"tgp¿pekcu"Þuecku"Ï"c" xqu"g"tguwnvcfqu"fc"tgp¿pekc"Þuecn0
grupos de renda mais alta *DTCUKN."4225d."r0"33+0
EQÜIDADE NO FINANCIAMENTO
G"ocku."ckpfc<"ÑPc" tgc"fc"uc¿fg."ecdgo."ckpfc."tg- E RENÚNCIA FISCAL EM SAÚDE
àgz gu"uqdtg"cu"tgp¿pekcu"vtkdwv tkcu"go"uc¿fg"*rgu-
uqc"h ukec"g"lwt fkec+."cwhgtkfcu"rqt"ugiogpvqu"uqekcku" Ecdg."kpkekcnogpvg."crtgugpvct"q"eqpegkvq"fg"gs¯kfcfg"
fg"ockqt"tgpfcÒ"*DTCUKN."4225d."r0"53+0 c"rctvkt"fq"swcn"qu"dgpgh ekqu"vtkdwv tkqu"eqo"uc¿fg"
Rtqrquvcu"fg"gnkokpc›«q"gzrn ekvc"fc"tgp¿pekc"Þu- pq"Dtcukn."pc"cvwcnkfcfg."rqfgo"ugo"cxcnkcfqu0"Rctc"
ecn" eqo" icuvqu" rtkxcfqu" go" uc¿fg" l " crctgego" pc" Yjkvgjgcf"*3;;2+."swg"fi"eqpukfgtcfc"woc"cwvqtc"ko-
eqplwpvwtc"tgegpvg."eqoq"ug"x‒"pq"Tgncv„tkq"Hkpcn"fc" rqtvcpvg"pq"fgdcvg"gwtqrgw"c"rctvkt"fqu"cpqu"3;:2."
34²"Eqphgt‒pekc"Pcekqpcn"fg"Uc¿fg"*DTCUKN."4225e+0"
Pq"ugw"rqpvq"49"fq"Gkzq"Vgo vkeq"KZ"Ï"Q"Hkpcpekc- O termo “iniqüidade” tem uma dimensão moral e ética.
ogpvq"fc"Uc¿fg"Þeqw"fgnkdgtcfq<" Ele se refere a diferenças que são desnecessárias e evitáveis,
mas, em adição, também são consideradas injustas. Assim,
Suspender os subsídios oriundos da dedução de Imposto de c"Þo"fg"fguetgxgt"woc"ukvwc›«q"eqoq"p«q"gs¯kvcvkxc."c"ecwuc"
Renda para gastos com planos e seguros de saúde, reverten- tem que ser examinada e julgada como injusta no contexto
do os valores correspondentes arrecadados para a constituição do que ocorre no resto da sociedade *YJKVGJGCF."
fg"wo"hwpfq"pcekqpcn"xqnvcfq"rctc"q"Þpcpekcogpvq"fg"c› gu" 3;;2."r0"7+0"
emergenciais em saúde e de atenção básica.
Rctc" gnc." Ñgs¯kfcfg" fi" wo" eqpegkvq" tgncekqpcfq"
Kuuq"rqfgtkc"guvct"tgncekqpcfq" "kpenwu«q"fq"vgoc" eqo" c" etkc›«q" fg" qrqtvwpkfcfgu" kiwcku" go" uc¿fg."
pq"Rncpq"fg"Vtcdcnjq"fc"Eqokuu«q"fg"Uc¿fg"Uwrng- tgfw|kpfq" qu" fkhgtgpekcku" c" ogpqt" p xgn" rquu xgnÒ"
ogpvct"fq"Eqpugnjq"Pcekqpcn"fg"Uc¿fg"fg"4226.1 em *YJKVGJGCF."3;;2."r0";+0
swg"ug"fguvcec"c"pgeguukfcfg"fg"crtqhwpfcogpvq"fg" Gs¯kfcfg" pq" Þpcpekcogpvq" fc" uc¿fg" ugtkc" wo"
eqpjgekogpvqu" tgncvkxqu" u" fkhgtgpvgu" oqfcnkfcfgu" eqpegkvq" swg" tgogvg" cqu" lw |qu" fg" xcnqt" gzkuvgpvgu"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 137-151, jan./jun. 2008


GASTOS TRIBUTÁRIOS RELACIONADOS AO CONSUMO DE ATENÇÃO PRIVADA ... 141

cegtec"fc"tgnc›«q"gpvtg"cu"fkurqpkdknkfcfgu"fg"tgpfc" Eqo" woc" rgturgevkxc" ocku" pqtocvkxc." q" fgdcvg"


qw"tkswg|c"g"cu"eqpvtkdwk› gu"rctc"q"ukuvgoc"fg"uc¿fg0" uqdtg" gs¯kfcfg" go" uc¿fg" fi" kfgpvkÞecfq" pq" kpvgtkqt"
Fg"ceqtfq"eqo"Wi "g"Ucpvqu"*4227."r0"6+." fg" qticpkuoqu" kpvgtpcekqpcku." eqoq" q" Dcpeq" Owp-
fkcn."swg"vqoco"c"gs¯kfcfg"pq"Þpcpekcogpvq"eqoq"
q"fgugl xgn"fi"swg"q"Þpcpekcogpvq"ugvqtkcn"uglc"wo"ukuvgoc"rcw- lwuvkÞecvkxc"rctc"c"hqecnk|c›«q"fqu"icuvqu"r¿dnkequ"go"
tado pela progressividade, isto é, que penalize mais do que pro- uc¿fg"pqu"itwrqu"swg"p«q"v‒o"eqpfk› gu"fg"ceguuq"
porcionalmente aqueles que mais têm ou, em outras palavras, através do mercado.
swg"q"»pwu"fq"Þpcpekcogpvq"fq"ugvqt"uc¿fg"uglc"kpxgtucogpvg" C" cxcnkc›«q" fqu" dgpgh ekqu" vtkdwv tkqu" go" uc¿fg"
proporcional à renda das pessoas. por meio do imposto de renda, de modo geral, ressal-
vc"rtqdngocu"fg"gs¯kfcfg0"Fguug"oqfq."Wi "g"Ucpvqu"
Go" vtcdcnjq" fg" tgxku«q" uqdtg" gs¯kfcfg" go" uc¿- *4227+"eqpukfgtco"c"tgp¿pekc"Þuecn"eqo"icuvqu"rtk-
fg."Rqtvq"*3;;7+"ukpvgvk|c"q"fgdcvg"kpvgtpcekqpcn"fqu" xcfqu"go"uc¿fg"pq"Dtcukn"tgitguukxc."rqtswg"hcxqtg-
cpqu"3;;2"uqdtg"q"vgoc."kfgpvkÞecpfq"vgpf‒pekcu"fg" egtkc"ocku"qu"itwrqu"eqo"ockqt"ecrcekfcfg"fg"icuvq0"
tgeqpjgegt"eqoq" Qwvtcu"tghgt‒pekcu"gzrn ekvcu"cq"ect vgt"tgitguukxq"g."
rqtvcpvq." p«q" gs¯kvcvkxq" fguugu" icuvqu." hcxqtgegpfq"
pilares principais do conceito de eqüidade a distribuição de hco nkcu" eqo" tgpfc" uwÞekgpvg" rctc" ugtgo" vtkdwvcfcu"
recursos através de uma discriminação positiva em favor dos através dos impostos diretos, assim como parcelas de
mais desfavorecidos e a diminuição das desigualdades que vtcdcnjcfqtgu"kpugtkfqu"pq"ogtecfq"fg"vtcdcnjq"hqt-
resultam de fatores que estão fora do controle individual ocn."rqfgo"ugo"cejcfcu"go"Uc{f"*4225+0"Rqku."kpfg-
*RQTVQ."3;;7."r0"354/355+0 rgpfgpvgogpvg"fq"icuvq"eqo"uc¿fg"ghgvwcfq."crgpcu"
cu" hco nkcu" rqukekqpcfcu" go" encuugu" fg" tgpfkogpvqu"
Pq"eqpvgzvq"fq"fgdcvg"cegtec"fc"gs¯kfcfg"fq"Þ- p«q"kugpvcu"fg"eqpvtkdwk›«q"rctc"q"Þueq."eqpugiwgo"
pcpekcogpvq."fi"korqtvcpvg"cuukpcnct"swg"q"ukipkÞecfq" fgfw|kt"guug"icuvq0"Kuuq"p«q"fi"rgewnkct"cq"ecuq"dtc-
fg"gs¯kfcfg"pc"uc¿fg" ukngktq" *UJGKNU=" JQICP." 3;;;+." q" swg" rgtokvg"
eqpenwkt" swg" c" kpks¯kfcfg" fi" wo" curgevq" fg" qtfgo"
fgrgpfg."fg"hqtoc"etwekcn."fc"ocpgktc"eqoq"ug"fgÞpg"q"eqp- guvtwvwtcn" fguug" oqfgnq" fg" Þpcpekcogpvq" r¿dnkeq"
ceito de justiça social, e que este, por sua vez, depende de kpfktgvq"rctc"c"uc¿fg."vqocfq"kuqncfcogpvg0"Fckp"gv"
juízos de valor ou pontos de vista da sociedade, tal como cn0"*4223+."ckpfc."tguucnvco"c"eqpegpvtc›«q"igqit Þec"
articulados por indivíduos, grupos ou governos *RGTGKTC." fguug" dgpgh ekq" vtkdwv tkq" pcu" tgik gu" ocku" tkecu" fq"
3;;2."r0"623+0 rc u."qpfg"guv "c"ockqt"tgfg"fg"ugtxk›qu"fg"uc¿fg."g"c"
p«q"eqpxgti‒pekc"fcu"cigpfcu"fq"icuvq"r¿dnkeq"fktg-
Cnogkfc"*4224+."pguug"ugpvkfq."crqpvc"ugt"pgeguu - vq"g"fqu"dgpgh ekqu"Þuecku0
tkq"fkuewvkt"q"rtqdngoc"c"rctvkt"fc"fgÞpk›«q"rqn vkec" Rctc" c" nkvgtcvwtc" fg" Þpcp›cu" r¿dnkecu." q" vgoc" fc"
vqocfc"rgnc"uqekgfcfg"cegtec"fc"fkuvtkdwk›«q"fg"dg- gs¯kfcfg" fi" wo" fqu" qdlgvkxqu" tgngxcpvgu" fq" ukuvgoc"
pgh ekqu"g"ucetkh ekqu"gpvtg"qu"kpfkx fwqu."fgeku«q"swg" vtkdwv tkq0"Guvg"fgxgtkc"ugt"
p«q"rquuwk"woc"tcekqpcnkfcfg"vfiepkec"a priori.
Rctc" Yjkvgjgcf" g" Fcjnitgp" *4228c+." ocku" fq" swg" imparcial ou justo no tratamento dos indivíduos. Todavia o
wo"eqpegkvq"tgncekqpcn."c"gs¯kfcfg"go"uc¿fg"vgo"c"xgt" conceito de justiça social não é uma questão tão trivial. ]000_
eqo"q"cnecpeg"fqu"rcft gu"ocku"gngxcfqu"fg"uc¿fg"rqt" O critério de justiça social segundo a capacidade de pagamento
vqfqu."ugo"fkuvkp›«q"fg"tc›c."tgnkik«q."etgp›c"rqn vkec." abrange dois tipos de eqüidade: horizontal e a vertical. Na
eqpfk› gu"geqp»okecu"g"uqekcku0"Q"qdlgvkxq"fcu"c› gu" eqüidade horizontal, os contribuintes com mesma capacidade
fg"rtqoq›«q"fc"gs¯kfcfg"ugtkc"pkxgnct"rqt"ekoc<"ÑVjg" de pagamento pagam impostos de igual valor, enquanto na
wnvkocvg" xkukqp" ku" vjg" gnkokpcvkqp" qh " uwej" kpgswkvkgu." eqüidade vertical os contribuintes pagam com uma propor-
d{"ngxgnnkpi"wr"vq"vjg"jgcnvj"qh "vjg"oquv"cfxcpvcigf0Ò" ção maior da carga tributária individual *DCTDQUC="
*YJKVGJGCF="FCJNITGP."4228c."r0"7+0 DCTDQUC."4227."r0"4;7+0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 137-151, jan./jun. 2008


142 MARIA DE FÁTIMA SILIANSKY DE ANDREAZZI/BERNARDO SICSÚ/TÁSSIA HOLGUIN

Rkcpecuvgnnk"g"Pcuekogpvq"*4227+"ejcoco"c"cvgp- tgfw›«q"pc"rctvkekrc›«q"fq"gortgicfqt"pq"rcicogp-
›«q." gpvtgvcpvq." rctc" c" pgeguukfcfg" fg" woc" cp nkug" to dos prêmios dos empregados, de acordo com as
ocku"kpvgitcn"fq"ukuvgoc"vtkdwv tkq"g"fq"icuvq"r¿dnkeq" fkhgtgpvgu" cn swqvcu" fg" vtkdwvc›«q" swg" tgfwpfctco"
rctc"chgtkt"ugw"itcw"fg"rtqitguukxkfcfg."g"p«q"q"fg"wo" go" tgp¿pekc" Þuecn0" Woc" eqpenwu«q" kpvgtguucpvg" hqk"
imposto apenas. swg"cu"Þtocu"gortgicfqtcu"ugtkco"ocku"ugpu xgku" "
xctkc›«q"fqu"rtg›qu"fq"swg"qu"gortgicfqu0"
OS IMPACTOS DA RENÚNCIA FISCAL Itwdgt"g"Oempkijv"*4225+."rtqewtcpfq"gpvgpfgt"
COM GASTOS PRIVADOS EM SAÚDE qu"oqvkxqu"rgnqu"swcku"vgtkc"fkokpw fq"c"eqdgtvwtc"
rqt"ugiwtq"fg"uc¿fg"fq"gortgicfqt."pqu"GWC."gpvtg"
Swcn"ugtkc"q"rcrgn"fc"tgp¿pekc"Þuecn"uqdtg"c"fgocpfc" 3;:4"g"3;;:."eqpuvcvctco"swg"qu"hcvqtgu"ocku"hqtvg-
fg"cvgp›«q"rtkxcfc"eqo"uc¿fg."kpenwkpfq/ug"c "ugiw- ogpvg"cuuqekcfqu"c"guuc"eqdgtvwtc"hqtco"qu"ewuvqu"
tqu"g"ugtxk›qu"fg"uc¿fgA"Tgurquvcu"c"guvc"swguv«q"p«q" fc" cuukuv‒pekc" ofifkec" *pgicvkxcogpvg+" g." go" ugiwk-
v‒o" ukfq" wpkhqtogogpvg" gpeqpvtcfcu" pc" nkvgtcvwtc0" fc." c" rqn vkec" Þuecn" hcxqt xgn" *rqukvkxcogpvg+0" Cu"
Pc"vgqtkc"oketqgeqp»okec"eqpxgpekqpcn."c"rgtiwpvc" eqpenwu gu" c" swg" ejgictco" hcxqtgego" c" eqpeguu«q"
equvwoc"ugt"vtcfw|kfc"rgnq"eqpegkvq"fg"gncuvkekfcfg." fq"uwdu fkq"cqu"gortgicfqtgu."rqku"kuuq"p«q"crgpcu"
swg"fi"c"tgnc›«q"gzkuvgpvg"gpvtg"c"queknc›«q"fg"woc"xc- cwogpvctkc"c"eqdgtvwtc."ocu"vcodfio"tgfw|ktkc"c"rct-
tk xgn"geqp»okec"*rtg›q1tgpfc+"g"c"queknc›«q"fg"qwvtc" vkekrc›«q"Þpcpegktc"fqu"gortgicfqu"pq"ewuvgkq"fqu"
xctk xgn"go"guvwfq"*swcpvkfcfg"fc"fgocpfc1qhgtvc+0" ugiwtqu0
Pq"ecuq"go"vgnc."vtcvc/ug"fc"gncuvkekfcfg/rtg›q"fc"fg- Ugnfgp"g"Oqgnngt"*4222+"guvwfctco"c"ocipkvwfg"g"c"
ocpfc." eqpukfgtcpfq" swg" c" tgp¿pekc" tgfw|c" q" rtg- fkuvtkdwk›«q"fqu"uwdu fkqu"vtkdwv tkqu"qhgtgekfqu"rgnq"
›q"Þpcn"rciq"rgncu"hco nkcu"*rguuqcu"h ukecu"pq"status iqxgtpq"pqtvg/cogtkecpq"rctc"q"ugiwtq"fg"uc¿fg0"Qu"
fc"vtkdwvc›«q+"qw"rgncu"gortgucu"*rguuqcu"lwt fkecu+0" uwdu fkqu" u«q" tgeqpjgekfqu" eqoq" p«q" gs¯kvcvkxqu."
Rqfgo/ug" gpeqpvtct" pc" nkvgtcvwtc" pqtvg/cogtkecpc" rqku" c" uwc" kpekf‒pekc" xctkc" eqo" c" vczc" octikpcn" fc"
gzgornqu"fguugu"guvwfqu0" vtkdwvc›«q0"Kuuq"ukipkÞec"swg"swcpfq"gzkuvg"woc"xc-
Itwdgt"*4223+."go"woc"cornc"tgxku«q"dkdnkqit Þ- tkc›«q"pq"p xgn"fg"tgpfc"fguugu"wuw tkqu"eqpvtkdwkpvgu"
ec"uqdtg"tgp¿pekc"Þuecn"go"uc¿fg."eqpukfgtc"swg"qu" j " woc" owfcp›c" pq" p xgn" fc" hckzc" fg" eqpvtkdwk›«q"
cejcfqu"fqu"guvwfqu"eqorctcvkxqu"fqu"ewuvqu"g"dgpg- vtkdwv tkc."hcxqtgegpfq"ocku"cu"hco nkcu"fg"cnvc"tgpfc0"
h ekqu"fguuc"tgp¿pekc"u«q"eqpvtcfkv„tkqu"go"tc|«q"fg" C"eqpenwu«q"fqu"cwvqtgu"hqk"swg"c"gxgpvwcn"ectic"vtk-
woc" ufitkg" fg" rtguuwrquvqu" uqdtg" q" eqorqtvcogpvq" dwv tkc."cfkekqpcn"korquvc"uqdtg"c"uqekgfcfg."cfxkpfc"
fc"fgocpfc"swcpfq"fc"wvknk|c›«q"fq"dgpgh ekq"Þuecn0" fc"tgfw›«q"qw"gnkokpc›«q"fqu"uwdu fkqu."chgvct "guucu"
Go"cniwpu"vtcdcnjqu"tgcnk|cfqu"pqu"GWC."swg"eqo- classes de renda.
rctctco"fkhgtgp›cu"fg"eqdgtvwtc"fg"ugiwtqu"fg"uc¿fg" Fqyf"gv"cn0"*4223+"cpcnkuctco"qu"ghgkvqu"fc"kugp-
Þpcpekcfqu"rqt"gortgucu"fg"vcocpjqu"ugognjcpvgu"g" ›«q"fg"korquvqu"uqdtg"qu"rt‒okqu"fq"ugiwtq/uc¿fg"
eqo"fkhgtgpvgu"rt‒okqu"r„u/vczc›«q"fg"ceqtfq"eqo" rciq"fktgvcogpvg"rgnq"ugiwtcfq"gortgicfq"pc"gueq-
q" Guvcfq" fg" qtkigo" fcu" gortgucu" eqpvtcvcpvgu." hq- njc"fg"wo"fgvgtokpcfq"vkrq"fg"eqdgtvwtc0"Xcng"fk|gt."
tco" gpeqpvtcfcu" gncuvkekfcfgu" swg" xctkctco" fg" /2.:" c"rguswkuc"eqpukuvkw"pq"guvwfq"fc"gncuvkekfcfg/rt‒okq"
c"/4.;0"Kuuq"ukipkÞec"swg"rctc"woc"fcfc"xctkc›«q"fq" fc"fgocpfc"fq"ugiwtq/uc¿fg"go"hwp›«q"fg"kugp›«q"
rtg›q"r„u/vczc›«q."c"fgocpfc"xctkqw"pq"ugpvkfq"kp- Þuecn" rtqrqtekqpcfc" rgnq" korquvq" uqdtg" c" tgpfc"
xgtuq0"Itwdgt"ekvc."ckpfc."tguwnvcfqu"fg"guvwfqu"tgc- rctc"qu"gortgicfqu0"Qu"tguwnvcfqu"kpfkectco"swg"c"
nk|cfqu" go" Swgdge" *Ecpcf +." qpfg" q" uwdu fkq" rctc" fgocpfc" fi" ugpu xgn" *gn uvkec+" cq" rt‒okq." rqtvcpvq" c"
ugiwtq" uwrngogpvct" fqu" gortgicfqtgu" hqk" tgvktcfq." gzkuv‒pekc"*qw"p«q+"fc"kugp›«q"fg"korquvqu." "iwkuc"fg"
crtgugpvcpfq" gncuvkekfcfgu" fgocpfc/rtg›q" fg" /2.64" woc"xctkc›«q"pq"rtg›q."cnvgtc"c"fgocpfc"*gueqnjc"fq"
c"/2.76."gxkfgpekcpfq."pguug"ecuq."woc"ogpqt"xctkc- wuw tkq+0"Qu"cwvqtgu"eqpukfgtco"swg"kuuq"fkuvqtegtkc"
›«q"fc"fgocpfc"tgncvkxc" "queknc›«q"fq"rtg›q0"Qwvtqu" c" eqorgvk›«q" pq" ogtecfq." eqpvtkdwkpfq" rctc" woc"
vtcdcnjqu"gzcokpcfqu"rqt"guvg"cwvqt"oquvtctco"woc" kpgÞekgpvg"cnqec›«q"fqu"tgewtuqu"pc"cvgp›«q" "uc¿fg0"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 137-151, jan./jun. 2008


GASTOS TRIBUTÁRIOS RELACIONADOS AO CONSUMO DE ATENÇÃO PRIVADA ... 143

Fq"rqpvq"fg"xkuvc"fqu"gortgicfqtgu"g"fqu"gortgic- c"fkokpwk›«q"fguug"rqtegpvwcn0"Cnfio"fc"tgnc›«q"rq-
fqu."c"kugp›«q"fg"vtkdwvqu"rctc"qu"rcicogpvqu"fktgvqu" sitiva entre o crescimento da renda e o crescimento
pc"cswkuk›«q"fg"ugiwtq/uc¿fg"eqpuvkvwk"htkpig"dgpgÞv"Þ- fqu"icuvqu"go"uc¿fg."go"eqpuqp¤pekc"eqo"qwvtqu"gu-
pcpekcfq"rgnqu"eqpvtkdwkpvgu"go"igtcn0 vwfqu."uwr g/ug"c"gzkuv‒pekc"fg"wo"rcvcoct"go"swg"q"
Go" fkxgtuqu" rc ugu" fc" Gwtqrc" j " tgp¿pekc" Þuecn" cwogpvq"fc"tgpfc"kornkectkc"pwo"cwogpvq"ogpqt"fq"
com gastos privados de saúde das empresas e das pes- eqpuwoq"fg"uc¿fg0"
uqcu"h ukecu"*EQNQODQ="VCRC[."4226+."godqtc"eqo" Ecdg" tgikuvtct" swg." pq" Dtcukn." tgfw|kw/ug" eqpuk-
vgpf‒pekcu" "tgfw›«q"qw" "gnkokpc›«q"*OQUUKCNQU=" fgtcxgnogpvg" q" tgpfkogpvq" ofifkq" fcu" hco nkcu" pqu"
VJQOUQP."4224+0"Q"Tgkpq"Wpkfq"fi"wo"ecuq"rgew- cpqu" 3;;2" *RQEJOCPP." 4223+0" Vqocpfq/ug" c"
nkct"fg"gzrgtkogpvq"pcvwtcn0"Fg"ceqtfq"eqo"guvwfq" eqdgtvwtc" fg" ugiwtqu" fg" uc¿fg" fqu" kpfkx fwqu" qew-
fg" Googtuqp." Htc{pg" g" Iqqfocp" *4223+." qu" rqu- rcfqu" go" rguswkucu" fg" coquvtc" rqrwncekqpcn." pq"
uwkfqtgu" fg" ugiwtq" rtkxcfq" fg" uc¿fg" ockqtgu" fg" 82" Dtcukn." qdugtxqw/ug" woc" tgnc›«q" fktgvc" fguuc" eqdgt-
cpqu."cvfi"3;;9."uqd"c"hqtoc"fg"wo"uwdu fkq"gzkuvgp- vwtc"eqo"c"tgpfc0"Q"tcoq"fg"cvkxkfcfg"fcu"gortgucu"
vg"fgufg"qu"cpqu"3;82."dgpgÞekcxco/ug"fc"tgp¿pekc" rcicfqtcu" fqu" rncpqu" eqngvkxqu" vcodfio" eqpuvkvwkw"
Þuecn"fq"korquvq"fg"tgpfc"Ï"rguuqc"h ukec"Ï"swcpvq" wo" hcvqt" gzrnkecvkxq" fc" fkhgtgpekc›«q" fc" eqdgtvwtc"
cqu"fkur‒pfkqu"eqo"qu"rt‒okqu"rciqu0"Q"korcevq"fc" fg" gortgicfqu" *KDIG." 4222+0" Ufitkgu" jkuv„tkecu" fg"
kpvgttwr›«q"fguug"dgpgh ekq"hqk"cxcnkcfq"rqt"ogkq"fc" gxqnw›«q" fc" eqdgtvwtc" fg" dgpgÞek tkqu" fg" ugiwtq/
tgfw›«q"fc"eqdgtvwtc"fg"ugiwtqu"fg"uc¿fg"pguuc"hckzc" uc¿fg."godqtc"gkxcfcu"fg"kpegtvg|cu"go"tc|«q"fc"rtg-
gv tkc."eqorctcfc"eqo"c"gxqnw›«q"fc"eqdgtvwtc"fg"ug- ectkgfcfg" fcu" hqpvgu." gxkfgpekctco" woc" tgfw›«q" fc"
iwtqu"gpvtg"qu"ocku"lqxgpu."c"swgo"guug"dgpgh ekq"p«q" xgnqekfcfg"fg"etguekogpvq"c"rctvkt"fq"Þpcn"fqu"cpqu"
gtc"eqpegfkfq0"Eqo"c"tgvktcfc"fq"uwdu fkq."q"rtg›q" 3;;2" *CPFTGC¥¥K=" MQTPKU." 4225+0" Fg" ceqtfq"
fq"ugiwtq"rctc"q"eqpuwokfqt"cwogpvqw"go"4;.;'0" eqo"fcfqu"fc"Ci‒pekc"Pcekqpcn"fg"Uc¿fg"Uwrngogp-
Qu" tguwnvcfqu." c" rctvkt" fq" wpkxgtuq" fqu" ockqtgu" fg" vct"tghgtgpvgu"c"4227."q"p¿ogtq"fg"dgpgÞek tkqu"fg"
82" cpqu" ugiwtcfqu." gswkxcngtco" c" woc" gncuvkekfcfg" vqfcu"cu"oqfcnkfcfgu"fg"ugiwtqu"rtkxcfqu"fg"uc¿fg."
fq" dgpgh ekq" Þuecn" go" tgnc›«q" " fgocpfc" fg" 2.9." q" gpvtg"fg|godtq"fg"4222"g"ockq"fg"4227."rcuuqw"fg"
gswkxcngpvg."pqu"fcfqu"fc"rguswkuc."c"60222"rguuqcu" 59.9"oknj gu"rctc"62.9"oknj gu"*DTCUKN."4227+0"Vcn"
pwo"vqvcn"fg"722"okn0"Qw"uglc."c"tgvktcfc"fq"dgpgh ekq" gxqnw›«q"rqukvkxc."egpvtcnogpvg."fgxgw/ug"cqu"rncpqu"
vgxg"korcevq"rgswgpq"uqdtg"c"fgocpfc0"Pc"Ktncpfc." qfqpvqn„ikequ."oqfcnkfcfg"ocku"tgegpvg"pq"ogtecfq"
c"tgegkvc"eqo"ugiwtqu"xqnwpv tkqu"fg"uc¿fg."fg"ect vgt" fq"swg"qu"rncpqu"ofifkeq/jqurkvcnctgu0"
uwrngogpvct"cq"ukuvgoc"r¿dnkeq."gswkxcnkc."go"3;;:."c" Kpvgtguucpvg" pqvct" swg" qu" guvwfqu" tgcnk|cfqu" pqu"
;.67'"fq"icuvq"vqvcn"eqo"uc¿fg0"Qu"uwdu fkqu"Þuecku" GWC."qpfg"q"ukuvgoc"r¿dnkeq"fg"uc¿fg"p«q"hqtpgeg"
eqttgurqpfkco." go" 3;;9." c" 4.7'" fq" icuvq" r¿dnkeq" eqdgtvwtc"rctc"woc"rctegnc"korqtvcpvg"fc"rqrwnc›«q."
vqvcn0"Guvkocvkxcu"fc"tgvktcfc"fq"uwdu fkq"crqpvcxco" g"cu"rguswkucu"pc"Gwtqrc."qpfg"j "eqdgtvwtc"ockqt"
wo" cwogpvq" fg" 54'" pq" rtg›q" Þpcn" fq" rt‒okq" cq" fq" ukuvgoc" r¿dnkeq." oquvtco" cniwocu" vgpf‒pekcu"
eqpuwokfqt"*OQUUKCNQU="VJQOUQP."4224+0 ugognjcpvgu0" Pc" ockqtkc" fqu" guvwfqu" cpcnkucfqu." c"
Fq" rqpvq" fg" xkuvc" fc" tgnc›«q" gpvtg" c" tgpfc" g" qu" tgfw›«q"fcu"fgfw› gu"vtkdwv tkcu"eqo"uc¿fg"pq"ko-
icuvqu"eqo"cvgp›«q"rtkxcfc" "uc¿fg."hqtco"gpeqpvtc- rquvq"fg"tgpfc"fgenctcfq"rgncu"hco nkcu"g"rgnqu"go-
fcu"pc"nkvgtcvwtc"gurgekcnk|cfc"gncuvkekfcfgu"rqukvkxcu" rtgicfqtgu"p«q"kornkeqw"woc"fkokpwk›«q"rtqrqtekq-
eqoq."rqt"gzgornq."go"[wpgu"*3;;7+0"Pq"guvwfq"fg" pcn" fc" fgocpfc" rqt" cvgp›«q" rtkxcfc0" Kuuq" ukipkÞec"
Uc{f"*4225+."tgcnk|cfq"go"3;;;"c"rctvkt"fcu"fgfw› gu" cetebus paribus"wo"ockqt"rguq"fq"kvgo"uc¿fg"pq"icuvq"
fg" rguuqcu" h ukecu" pq" Dtcukn." c" rctvkekrc›«q" rqtegp- fcu"hco nkcu"g"fqu"gortgicfqtgu0"Pq"ecuq"dtcukngktq."
vwcn"fq"icuvq"fgenctcfq"eqo"uc¿fg"pq"vqvcn"fqu"tgp- j " swg" ug" eqpukfgtct." rctc" c" guvkocvkxc" fq" korcevq"
fkogpvqu" fgenctcfqu" etguegw" rqukvkxcogpvg" eqo" c" fq"dgpgh ekq"Þuecn"uqdtg"c"fgocpfc"fg"cvgp›«q"rtk-
tgpfc"cvfi"wo"fgvgtokpcfq"rcvcoct."gswkxcngpvg"c"52" xcfc" " uc¿fg." swg" cu" hco nkcu" guv«q" pwoc" ewtxc" fg-
ucn tkqu"o pkoqu"fc"firqec0"C"rctvkt"fc ."xgtkÞeqw/ug" etguegpvg" fg" tgpfkogpvqu." rtkpekrcnogpvg" cswgncu"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 137-151, jan./jun. 2008


144 MARIA DE FÁTIMA SILIANSKY DE ANDREAZZI/BERNARDO SICSÚ/TÁSSIA HOLGUIN

ukvwcfcu" cekoc" fq" nkokvg" fg" kugp›«q" rctc" q" korquvq" cwogpvcfq0" Rctc" 4222" q" xcnqt" fc" fqvc›«q" vqvcn" hqk"
fg"tgpfc0"Swcpvq" u"gortgucu."rqfgtkc"uwrqt/ug"swg" fg"T&"420;;9.:4"oknj gu."etguegpfq";9.6'"cvfi"4228."
q"korcevq"fq"cwogpvq"fq"icuvq"fg"uc¿fg"eqo"qu"go- swcpfq" cnecp›qw" c" ekhtc" fg" T&" 630668.94" oknj gu0"
rtgicfqu"uglc"rtqrqtekqpcnogpvg"ockqt"rctc"cswgncu" C" ofifkc" fq" kpetgogpvq" pq" rgt qfq" 4222/4228" hqk"
swg"c"vwco"go"ogtecfqu"eqorgvkvkxqu."ugo"nwetqu"gz- fg"34'"rctc"ecfc"cpq0"Ug"c"cp nkug"hqect"q"eqorqt-
vtcqtfkp tkqu0"G"vcodfio"rctc"cswgncu"ocku"kpvgpukxcu" vcogpvq"fc"fgurguc"tgcnk|cfc"eqo"uc¿fg."go"vgtoqu"
go" o«q/fg/qdtc." pcu" swcku" q" rguq" fc" hqnjc" fg" rc- "tgcku."eqpuvcvc/ug"swg"gpvtg"4222"g"4228"q"etguekogp-
icogpvq"fi"ocku"ukipkÞecvkxq0"Fq"rqpvq"fg"xkuvc"fqu" vq"hqk"fg"3;.8'."eqo"woc"ofifkc"cpwcn"fg"4.;'0
kvgpu"swg"eqor go"c"eguvc"fg"eqpuwoq"eqo"uc¿fg." Ecdg."Þpcnogpvg."cuukpcnct"swg"c"tgvktcfc"fcu"fg-
fi"rquu xgn"uwrqt"owfcp›cu"pq"ugpvkfq"fg"woc"hqec- fw› gu" kornkectkc." ckpfc." woc" kphqtoc›«q" tgfw|k-
nk|c›«q"pqu"kvgpu"eqpukfgtcfqu"fg"ockqt"pgeguukfcfg" fc"uqdtg"q"xqnwog"fc"dcug"fg"tgegkvc"vtkdwv xgn"fqu"
qw"fg"woc"okitc›«q"rctc"qu"rtguvcfqtgu"eqo"rtg›qu" rtguvcfqtgu"rtkxcfqu"fg"uc¿fg."ewlqu"ghgkvqu"uqdtg"q"
mais competitivos. eqplwpvq" fc" cttgecfc›«q" fg" vtkdwvqu" p«q" u«q." cvfi" q"
Korqtvc"eqpukfgtct"swg"c"tgfw›«q"qw"oguoq"gnk- oqogpvq."swcpvkÞe xgku0
okpc›«q" fc" tgp¿pekc" Þuecn" p«q" ukipkÞectkc" woc" cw-
vqo vkec" gngxc›«q" fq" icuvq" r¿dnkeq" eqo" uc¿fg" swg" ESTIMATIVA DA MAGNITUDE DA RENÚNCIA
eqorgpucuug"q"ockqt"gpectiq"cuuwokfq"rqt"hco nkcu" FISCAL COM AS DEDUÇÕES DOS GASTOS
g"gortgucu0"C"fgurgkvq"fq"rtkpe rkq"fc"wpkxgtucnkfcfg" DE ATENÇÃO PRIVADA À SAÚDE
fq"Ukuvgoc"ópkeq"fg"Uc¿fg."q"qdlgvkxq"rtkpekrcn"fc"
rqn vkec"geqp»okec"cvwcn"fi"c"ocpwvgp›«q"fg"uwrgt - Rctc"c"guvkocvkxc"fqu"icuvqu"vtkdwv tkqu"eqo"uc¿fg."
xkv"rtko tkq."xkc"eqpvtqng"fqu"icuvqu"r¿dnkequ0"Vcnxg|" c"hqpvg"fg"fcfqu"wvknk|cfc"hqk"c"Ugetgvctkc"fc"Tgegkvc"
q" ugvqt" r¿dnkeq" fg" uc¿fg" cduqtxguug" woc" rctvg" fc" Hgfgtcn."gurgekÞecogpvg"qu"guvwfqu"rwdnkecfqu"rgnc"
fgocpfc" cvwcnogpvg" wuw tkc" fg" ugtxk›qu" rtkxcfqu." Eqrcv0" C" v vwnq" fg" guenctgekogpvq" ogvqfqn„ikeq."
gurgekcnogpvg" hco nkcu" fg" tgpfc" ocku" dckzc" g" vtcdc- wvknk|ctco/ug." pguvg" ctvkiq." qu" eqpegkvqu" fg" icuvq"
njcfqtgu" fg" rgswgpcu" g" ofifkcu" gortgucu." swg" p«q" vtkdwv tkq"g"dgpgh ekq"vtkdwv tkq."qtkwpfqu"fq"vtcdc-
rqfgtkco" ocku" uwrqtvct" q" rcft«q" cpvgtkqt" fg" icuvq" njq" fc" gswkrg" fc" Eqrcv1Eqrcp" *DTCUKN." 4225f+0"
privado com saúde. Fg" ceqtfq" eqo" guuc" hqpvg." gpvtg" 3;;:" g" 4225." qu"
Go"eqpvtcrctvkfc."rqfg/ug"eqpuvcvct"swg"qu"icuvqu" dgpgh ekqu" vtkdwv tkqu" eqo" cuukuv‒pekc" " uc¿fg" fcu"
r¿dnkequ"eqo"uc¿fg"hqtco"gurgekcnogpvg"chgvcfqu"pc" rguuqcu" h ukecu" crtgugpvctco" woc" vgpf‒pekc" enctc"
eqplwpvwtc"r„u/Eqpuvkvwk›«q"fg"3;::"cvfi"c"rtkogktc" " tgfw›«q." eqo" xcnqtgu" fg" T&" 3.6" dknj«q" g" T&" 3.4"
ogvcfg"fqu"cpqu"3;;2."swcpfq"c"wpkxgtucnk|c›«q"fc" dknj«q" *xcnqtgu" fg" 4225+" pq" rtkogktq" g" pq" ¿nvkoq"
eqdgtvwtc"cuukuvgpekcn"c "guvcdgngekfc"gzkikw"c"uwc"gz- cpq"fq"rgt qfq."tgurgevkxcogpvg."gswkxcngpvg"c"wo"
rcpu«q" *QEM¡/TGKU=" TKDGKTQ=" RKQNC." 4223+0" fgetfiuekoq"fg"33'0
Oguoq"pqu"cpqu"swg"ug"ugiwktco" "rtqownic›«q"fc" Vcku" tguwnvcfqu" u«q" eqgtgpvgu" eqo" qu" cejcfqu"
GE"4;14222."c"fgurgkvq"fc"eqpuvcvc›«q"fc"gzrcpu«q" fcu"Rguswkucu"fg"Qt›cogpvqu"Hcoknkctgu"Ï"RQHu"fq"
fq"icuvq."pqvqw/ug"swg"gng"Þeqw"cswfio"fq"gurgtcfq" KDIG"tgcnk|cfcu"pqu"cpqu"3;;2"g"42220"Gpvtg"3;:9"
rqt"woc"ufitkg"fg"oqvkxqu0"Fg"ceqtfq"eqo"Octswgu"g" g"3;;8."c"fkokpwk›«q"fqu"icuvqu"hcoknkctgu"eqo"cvgp-
Ogpfgu"*4227+."x tkqu"Guvcfqu"p«q"ewortktco"eqo" ›«q" "uc¿fg"hqk"fg"52'"*QEM¡/TGKU="UKNXGKTC="
q"rkuq"guvcdgngekfq"rgnc"GE"4;0"Cnfio"fkuuq."swcpvq" CPFTGC¥¥K."4225+0"Gpvtg"3;;8"g"4225."hqk"gpeqp-
"Wpk«q."hqtco"kpenw fcu"fgurgucu"eqo"woc"ufitkg"fg" vtcfc"woc"tgfw›«q"fg"54'"go"xcnqtgu"tgcku0
kvgpu" cpvgtkqtogpvg" p«q" eqpukfgtcfqu" eqoq" c› gu" Qemfi/Tgku." Uknxgktc" g" Cpftgc||k" *4225+" xgtk-
fg"uc¿fg."gzgornkÞecpfq."q"Hwpfq"fc"Rqdtg|c0"Ug"c" Þectco." ckpfc." c" rctvkt" fcu" RQHu" fg" 3;:9" g" 3;;8"
hqpvg"fg"fcfqu"rguswkucfc"hqt"c"fqvc›«q"qt›cogpv - swgfc"fg"56.67'"pc"tgpfc"fcu"hco nkcu."rqtegpvwcn"
tkc"oquvtcfc"pq"Dcncp›q"Igtcn"fc"Wpk«q"Ï"DIW."go" ugognjcpvg"cq"xgtkÞecfq"rqt"Rqejocpp"*4223+"pqu"
vgtoqu"pqokpcku."x‒/ug"swg"c"fgurguc"eqo"uc¿fg"v‒o" anos 1990.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 137-151, jan./jun. 2008


GASTOS TRIBUTÁRIOS RELACIONADOS AO CONSUMO DE ATENÇÃO PRIVADA ... 145

Tabela 1 Xcng"tgikuvtct"swg"c"fgurguc"vqvcn"fcu"hco nkcu"eqo"


Benefícios Tributários das Despesas cvgp›«q" " uc¿fg" tgikuvtcfc" pc" RQH" 4225" hqk" fg" T&"
com Assistência à Saúde 45.5" dknj gu0" Eqpukfgtcpfq" crgpcu" qu" icuvqu" eqo"
Brasil – 1998-2003 ugiwtqu"g"rncpqu"fg"uc¿fg"g"qu"icuvqu"eqo"cvgp›«q"
ofifkeq/jqurkvcnct." kvgpu" fgfwv xgku" fq" Korquvq" fg"
Em milhões de reais de 2003 (1) Tgpfc" fg" Rguuqc" H ukec." qu" xcnqtgu" hqtco" fg" T&" 35"
dknj gu0"Q"dgpgh ekq"Þuecn"eqo"uc¿fg"tgrtgugpvctkc."
Classes
rqtvcpvq." go" vqtpq" fg" 32'" fq" icuvq" vqvcn" hcoknkct"
Anos Pessoas Pessoas
físicas (1) jurídicas
Total eqo"guugu"kvgpu"fq"eqpuwoq"fg"uc¿fg0"
Guuc"guvkocvkxc"fi"eqgtgpvg"eqo"vtcdcnjqu"rwdnk-
1998 1.421,21 695,79 2.117,00
ecfqu"cpvgtkqtogpvg"uqdtg"q"vgoc."eqoq"q"fg"Uc{f"
1999 1.423,78 616,60 2.040,38 *4225+."swg."go"3;;;."crqpvqw"T&"3.236"dknj«q"tg-
2000 1.547,76 582,98 2.130,74 hgtgpvg" cqu" dgpgh ekqu" vtkdwv tkqu" rctc" cu" rguuqcu"
h ukecu." tgrtgugpvcpfq" 33.5;'" uqdtg" cu" fgfw› gu"
2001 1.449,34 848,92 2.298,26
eqo" fgurgucu" go" uc¿fg" pq" KTRH0" Go" tgnc›«q" cqu"
2002 1.396,83 722,77 2.119,60 eqpvtkdwkpvgu" swg" tghgtktco" icuvqu" pq" Korquvq" fg"
2003 1.265,57 649,97 1.915,54 Tgpfc" fg" Rguuqc" H ukec." pc" hckzc" fg" cn swqvc" fg"
37'"*pcswgng"cpq."eqo"tgpfc"gpvtg"T&"320:22.22"g"
Fonte: Brasil (2003d). Elaboração dos autores. T&"430822.22."crtqzkocfcogpvg"gpvtg"vt‒u"g"ugku"uc-
(1) Valores estimados.
Nota: Valores corrigidos pelo IPCA. n tkqu"o pkoqu+."c"fgfw›«q"ofifkc"hqk"fg"T&"374.220"
Rctc"c"hckzc"fg"tgpfc"cekoc"fg"T&"430822.22"*ugku"uc-
n tkqu"o pkoqu+."c"fgfw›«q"ofifkc"hqk"fg"T&"993.220"
Eqpukfgtcpfq" woc" hco nkc" ofifkc"
Tabela 2
composta de três pessoas, o valor
Despesa Monetária Total Anual com Assistência à Saúde, segundo Classes de per capita" fgfw|kfq" rctc" c" rtkogktc"
Rendimento Monetário Mensal Familiar hckzc" fg" tgpfc" guvctkc" go" vqtpq" fg"
Brasil – 1996-2003 T&" 72.22" cpwcku" g." rctc" c" ugiwpfc"
hckzc."T&"479.220"
Despesa monetária
Classes de rendimento (Em milhões de reais de 2003) Variação Pq" ecuq" fcu" rguuqcu" lwt fkecu." c"
(Em salários mínimos) (%) UTH1Eqrcv" tgikuvtc" woc" vgpf‒pekc"
1996 (1) 2003
" tgfw›«q" fcu" fgfw› gu" eqo" cuuku-
Total 34.426,57 23.317,13 -32,27
v‒pekc" " uc¿fg" fq" nwetq" vtkdwv xgn" g"
Até 2 928,85 776,98 -16,35
fqu"dgpgh ekqu"vtkdwv tkqu"guvkocfqu."
Mais de 2 a 3 845,29 783,81 -7,27
gpvtg"3;;:"g"42250"Q"dgpgh ekq"vtkdw-
Mais de 3 a 5 1.903,80 1.851,75 -2,73 v tkq"go"4225"tgrtgugpvqw"37'"fcu"
Mais de 5 a 6 1.117,29 675,84 -39,51 fgfw› gu0
Mais de 6 a 8 2.186,61 1.837,46 -15,97 Uqocpfq/ug"qu"dgpgh ekqu"vtkdwv -
Mais de 8 a 10 1.968,80 1.623,06 -17,56 tkqu"fg"rguuqcu"h ukecu"g"lwt fkecu."u«q"
Mais de 10 a 15 4.384,72 2.855,94 -34,87 guvkocfqu." go" 4225." T&" 3.;" dknj«q."
Mais de 15 a 20 3.852,81 2.530,61 -34,32 fg"ceqtfq"eqo"c"Vcdgnc"30
Mais de 20 a 30 4.627,49 3.695,98 -20,13
Rctc"ghgkvq"fg"eqorctc›«q"fqu"dg-
pgh ekqu"vtkdwv tkqu"eqo"uc¿fg"go"tg-
Mais de 30 12.609,75 6.687,14 -46,97
nc›«q"cqu"icuvqu"r¿dnkequ"eqo"uc¿fg."
Fonte: IBGE. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, Pesquisa
de Orçamentos Familiares 1995-1996/2002-2003. Elaboração dos autores. vqoqw/ug"q"vtcdcnjq"fg"Wi "g"Ucpvqu"
(1) Corrigido pelo INPC (Fator 1,5875). *4227+0"Cu"cwvqtcu"guvkoctco"q"icuvq"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 137-151, jan./jun. 2008


146 MARIA DE FÁTIMA SILIANSKY DE ANDREAZZI/BERNARDO SICSÚ/TÁSSIA HOLGUIN

Tabela 3 ict." q" iqxgtpq" hgfgtcn." qrqpfq/ug" cqu" uwdu fkqu" u"
Deduções com Assistência à Saúde do Lucro Tributável classes de maior rendimento e interessado no alcan-
das Pessoas Jurídicas eg"fg"ogvcu"fg"uwrgt xkv"rtko tkq"fcu"eqpvcu"r¿dnk-
Brasil – 1998-2003 ecu"xkucpfq"qu"eqortqokuuqu"fg"rcicogpvq"fg"lwtqu"
fg" f xkfc0" Cniwpu" fg" ugwu" tgrtgugpvcpvgu" pcekqpcku"
Em milhões de reais
Ï" dcpequ." ugiwtcfqtcu." kpxguvkfqtgu" kpuvkvwekqpcku"
Valores
Anos eqoq" qu" hwpfqu" o¿vwqu" g" hwpfqu" fg" rgpu«q" g" cu"
Correntes 2003 (1) itcpfgu"gortgucu"*EJGUPCKU."3;;:+"Ï."eqpvtcfkvq-
1998 2.921,94 4.467,42 tkcogpvg."dgpgÞekco/ug"fcu"fgfw› gu"tgncvkxcu"c"icu-
vqu"eqo"uc¿fg"go"rtqn"fg"ugwu"gortgicfqu0"Rqtfio."
1999 2.589,42 3.634,13
fcfcu" cu" guvtwvwtcu" eqpegpvtcfcu" fqu" ogtecfqu" fg"
2000 2.448,17 3.242,19 dcpequ"g"ugiwtqu."fi"fg"ug"gurgtct"swg"guucu"gortg-
2001 3.565,02 4.384,82 ucu" guvglco" go" ognjqtgu" eqpfk› gu" fg" tgrcuuct" qu"
icuvqu" qrgtcekqpcku" eqo" c" uc¿fg" fg" ugwu" gortgic-
2002 3.035,26 3.317,54
fqu" cqu" rtg›qu0" Eqoq" gpvtg" gncu" guv«q" cu" ockqtgu"
2003 4.333,13 4.333,13 gortgucu"fg"ugiwtqu"fg"uc¿fg"dtcukngktcu."go"eqpvtc-
rctvkfc."c"gnkokpc›«q"fqu"dgpgh ekqu"vtkdwv tkqu"eqo"
Fonte: Brasil (2003d). Elaboração dos autores.
(1) Corrigido pelo IPCA. uc¿fg"rqfgt "cecttgvct"rgtfc"fg"tgegkvcu"go"tc|«q"fc"
tgvtc›«q"fg"eqpvtcvqu"eqngvkxqu"g."vcodfio."kpfkxkfw-
cku0"Q"dcncp›q"fg"rgtfcu"g"icpjqu"p«q"ugtkc"rquu xgn"
r¿dnkeq"vqvcn"pq"ugvqt."go"4224."go"T&"72.7"dknj gu." swcpvkÞect."pguvg"oqogpvq0"Rctc"q"iqxgtpq"hgfgtcn."
crtqzkocfcogpvg"T&"542.22"per capita."q"swg"tgogvg- j " qwvtcu" eqpvtcfk› gu" swg" tghqt›co." gpvtgvcpvq." c"
tkc"qu"dgpgh ekqu"vtkdwv tkqu"go"swguv«q"c"6.4'"fguvg" ocpwvgp›«q" fcu" fgfw› gu" eqo" uc¿fg0" Cu" rqn vkecu"
oqpvcpvg0"Go"vgtoqu"fq"icuvq"vtkdwv tkq"eqo"uc¿fg" uqekcku"hqecnk|cfcu"go"ugiogpvqu"rqdtgu."fg"ceqtfq."
per capita." rctc" cu" rguuqcu" h ukecu." qu" tgewtuqu" u«q" fc" ckpfc." eqo" q" tgegkvw tkq" fqu" qticpkuoqu" Þpcpegk-
qtfgo"fg"T&"9.47"cpwcku0"Rctc"cu"rguuqcu"lwt fkecu."q" tqu" kpvgtpcekqpcku." c" fgurgkvq" fqu" octequ" lwt fkequ"
xcnqt"fi"fg"T&"5.94"*UC[F."4225+0 wpkxgtucku" fq" ukuvgoc" fg" uc¿fg." ectgegtkco" fg" og-
ecpkuoqu"eqorgpucv„tkqu"rctc"cu"encuugu"ofifkcu"fg"
TRADE-OFF RELACIONADOS tgpfc."rgswgpqu"g"ofifkqu"gortgu tkqu"g"rctc"qu"vtc-
À RENÚNCIA FISCAL EM SAÚDE dcnjcfqtgu" hqtocku0" Kuuq" rqfg" ug" fct" rqt" ogkq" fc"
ocpwvgp›«q"fcu"fgfw› gu"Þuecku"qtkwpfcu"fg"icuvqu"
Pguvg"ugiogpvq"fq"ctvkiq."eqo"dcug"pqu"rtguuwrqu- rtkxcfqu"eqo"uc¿fg0"Fg"ceqtfq"eqo"qu"fcfqu"cswk"
tos sobre o comportamento da demanda, associados crtgugpvcfqu."guvkoc/ug"swg"guugu"icuvqu"vtkdwv tkqu"
" fkuewuu«q" uqdtg" q" rcrgn" fcu" fgfw› gu" pq" KTRH" g" eqo" uc¿fg" p«q" u«q" fg" itcpfg" oqpvc." rqfgpfq" ugt"
KTRL"fg"fkur‒pfkqu"nkicfqu" "uc¿fg."rtqr g/ug"cxcnkct" ocku" ukipkÞecvkxq" q" icpjq" rqn vkeq" rctc" q" iqxgtpq"
cu"rgtfcu"g"qu"icpjqu"eqo"guug"dgpgh ekq"vtkdwv tkq" hgfgtcn"eqo"c"ocpwvgp›«q"fguugu"uwdu fkqu"eqorc-
rctc" qu" fkhgtgpvgu" cvqtgu" gpxqnxkfqu" eqo" q" vgoc0" tcvkxcogpvg" cqu" ewuvqu" geqp»okequ" rctc" q" Guvcfq."
Guuc" fkuewuu«q" ngxct " go" eqpukfgtc›«q" qu" octequ" tgncvkxqu" "tgp¿pekc"Þuecn0
fcu"rqn vkecu"geqp»okecu"g"fcu"rqn vkecu"fg"tgrtqfw- Rqt" oqvkxqu" eqorngvcogpvg" fkxgtuqu." qu" dgpg-
›«q"uqekcn"fq"iqxgtpq"cvwcn0"LwuvkÞec/ug"guug"gzgte ekq" h ekqu" vtkdwv tkqu" eqo" icuvqu" rtkxcfqu" eqo" uc¿fg"
rctc"cenctct"qu"godcvgu"g"ceqtfqu"gurgtcfqu"go"hceg" guvctkco" go" eqpvtcfk›«q" eqo" q" oqfgnq" fg" qticpk-
fc"rtqdngo vkec"fc"tgp¿pekc"fc"cttgecfc›«q"Þuecn"pq" |c›«q"fc"rtqfw›«q"g"fcu"rqn vkecu"uqekcku"eqpvkfq"pc"
cvwcn"octeq"tgiwncv„tkq0 Eqpuvkvwk›«q" fg" 3;::. na medida em que esta preconiza
Swgo" rqfgtkc" guvct" kpvgtguucfq" go" tgxgt" guucu" um sistema de saúde universal com qualidade que cubra as
fgfw› gu"pq"Dtcukn."pc"cvwcnkfcfgA"Go"rtkogktq"nw- necessidades básicas de todas as famílias0" Fg" hcvq." cr„u" c"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 137-151, jan./jun. 2008


GASTOS TRIBUTÁRIOS RELACIONADOS AO CONSUMO DE ATENÇÃO PRIVADA ... 147

uwc"rtqownic›«q."hqtco"guvcdgngekfqu"vgvqu"fc"tgpfc" ›c"ocku"octecpvg"pcu"tgik gu"ogvtqrqnkvcpcu"fq"rc u"


dtwvc"swg"nkokvcxco"cu"fgfw› gu"eqo"icuvqu"rtkxcfqu" *CPFTGC¥¥K="MQTPKU."4225+0
eqo" uc¿fg" fq" Korquvq" fg" Tgpfc" fg" Rguuqc" H ukec" Fwtcpvg" c" ZKK" Eqphgt‒pekc" Pcekqpcn" fg" Uc¿fg"
*CNOGKFC."3;;:+0"Cu"fgfw› gu"eqo"uc¿fg"xqnvco" *DTCUKN." 4225e+." hqk" crtqxcfc" c" tgvktcfc" fq" dgpg-
c"ugt"rgtokvkfcu"ugo"nkokvgu"cr„u"3;;3."swcpfq"q"rc u" h ekq"vtkdwv tkq"eqo"uc¿fg"g"q"tgfktgekqpcogpvq"fq"
cuuwog"fg"hqtoc"rt vkec"q"oqfgnq"geqp»okeq"pgq- gswkxcngpvg"go"icuvq"r¿dnkeq"rctc"c"cvgp›«q"d ukec"
nkdgtcn"*VCXCTGU."3;;;+."c"fgurgkvq"fc"ocpwvgp›«q" eqo"uc¿fg0"Eqoq"ug"rqfgtkc"xgtkÞect."gpv«q."q"ko-
hqtocn"fg"cniwocu"rqn vkecu"uqekcku"fg"eqtvg"wpkxgtuc- rcevq" fg" vcn" ogfkfc" pc" ognjqtkc" fcu" eqpfk› gu" fg"
nkuvc."eqoq"hqk"q"ecuq"fc"uc¿fg0" ceguuq" g" wvknk|c›«q" fqu" ugtxk›qu" fg" uc¿fg" rqt" rct-
Swgo"ug"dgpgÞekc."cvwcnogpvg."fc"tgp¿pekc"cvtc- vg"fcu"ecocfcu"uqekcku"swg"jqlg"p«q"ug"kpvgitco"cq"
xfiu" fg" fgfw› gu" Þuecku" fq" KTRH" g" KTRLA" Vqfqu" qu" ogtecfq"hqtocn"fg"vtcdcnjq."eqpvcpfq"eqo"tgpfcu"
itwrqu"uqekcku"swg."c"fgurgkvq"fq"fktgkvq"wpkxgtucn" " swg" p«q" cnecp›co" qu" nkokvgu" fc" uqdtgxkx‒pekcA" Fg"
uc¿fg."v‒o"ukfq"korgnkfqu"c"wvknk|ct"q"ugvqt"rtkxcfq0" ceqtfq"eqo"qu"fcfqu"fc"Tgegkvc"Hgfgtcn."cswk"crtg-
Uwc"rgtfc"vgtkc"korcevq"kpxgtuq" "tgpfc"fcu"hco nkcu." sentados, caso se acrescentasse ao gasto público
incidindo mais as das camadas média, média-baixa e cvwcn" c" uqoc" guvkocfc" fc" tgp¿pekc" Þuecn" eqo" uc¿-
qu"vtcdcnjcfqtgu"hqtocku0"Fq"oguoq"oqfq."tgecktkco" fg"fg"rguuqcu"h ukecu"g"lwt fkecu."ckpfc"cuuko"p«q"ug"
uqdtg"cu"rgswgpcu"g"ofifkcu"gortgucu."swg"pq"Dtcukn" cnecp›ctkc"wo"icuvq"r¿dnkeq"uwÞekgpvg"rctc"ictcpvkt"
u«q."go"igtcn."fg"ecrkvcn"pcekqpcn0"Q"itwrq"gurge Þeq" c"wpkxgtucnkfcfg"rtqrquvc"pc"Eqpuvkvwk›«q"fg"3;::."
fqu" rtguvcfqtgu" fg" ugtxk›qu" fg" uc¿fg" vcodfio" ugtkc" rqku"q"xcnqt"rcuuctkc"fg"egtec"fg"T&"72.7"dknj gu"rctc"
chgvcfq."fcfq"q"korcevq"fc"tgfw›«q"fq"icuvq"rtkxcfq" T&" 75" dknj gu0" Vcku" fgfw› gu." swg" pc" ofifkc" hqtco"
go"uc¿fg"uqdtg"uwcu"tgegkvcu."go"gurgekcn"rctc"cswg- fg" T&" 72.22" c" T&" 479.22" per capita" cpwcku." p«q" tg-
ngu"rtguvcfqtgu"ewlc"fgocpfc"eqttgurqpfg"c"ecocfcu" rtgugpvco"ictcpvkc"Þpcpegktc"uwÞekgpvg"pgo"rctc"cu"
médias de renda e empregados de empresas menores. hco nkcu"swg"cu"wvknk|co."rctc"gphtgpvctgo"tkuequ"eqo"
Ugo"c"tgp¿pekc"Þuecn."rqwequ"rqfgtkco"ug"dgpgÞekct" cvgp›«q" "uc¿fg0"
fg"woc"rquu xgn"hcnvc"fg"kphqtoc›«q"rqt"rctvg"fc"Tg- Eqpenwk/ug." fguug" oqfq." p«q" ugtgo" guugu" dgpg-
egkvc" Hgfgtcn" uqdtg" uwcu" tgegkvcu" eqoq" cswgngu" swg" h ekqu" vtkdwv tkqu" rctc" cvgp›«q" " uc¿fg" q" rtkpekrcn"
vtcdcnjco" rctc" wo" ogtecfq" fg" rcicogpvq" fktgvq." tgurqpu xgn"rgnq"ÑrgtÞn"tgitguukxq"swg"dgpgÞekc"qu"
ugiogpvq" jqlg" go" eqpvtc›«q0" Rqfg/ug" rgpuct" swg" c" itwrqu" uqekqgeqp»okequ" ocku" hcxqtgekfqu" go" fg-
tgfw›«q"fg"tgegkvcu"rqt"rctvg"fg"cniwocu"gortgucu"fg" vtkogpvq"fqu"ocku"ectgpvguÒ"*DTCUKN."4225c."r0"8+0"
ugiwtq/uc¿fg"gpigpftgo"vgpf‒pekcu"rqt"wo"eqpvtqng" Fcfcu"cu"ectcevgt uvkecu"fc"rqn vkec"geqp»okec"cvwcn."
ckpfc"ockqt"fqu"rtguvcfqtgu"fg"ugtxk›qu0 fi"rncwu xgn"uwrqt"swg."cuuko"eqoq"hqk"xkuvq"go"ukvwc-
Hkpcnogpvg."wo"¿nvkoq"ctiwogpvq"c"hcxqt"fc"oc- › gu"ugognjcpvgu."swcpfq"fc"etkc›«q"fg"pqxcu"hqpvgu"
pwvgp›«q"fcu"fgfw› gu"vtkdwv tkcu"eqo"uc¿fg"ugtkc"fg" fg"Þpcpekcogpvq"r¿dnkeq"rctc"c"uc¿fg"pq"rc u."eqoq"
qtfgo"gurgekÞecogpvg"Þuecn"Ï"swcpvq" "uwc"ghgvkxk- c"EROH"*QEM¡/TGKU="TKDGKTQ="RKQNC."4223+."
fcfg"eqoq"guvtcvfiikc"fg"eqodcvg" "gxcu«q"Þuecn"fqu" pgo"vqfq"cwogpvq"fc"cttgecfc›«q"fg"korquvqu"tg-
rtguvcfqtgu"rtkxcfqu"fg"uc¿fg0"¡"korqtvcpvg."gpvtg- uwnvctkc"go"crqtvgu"cfkekqpcku"rctc"c"uc¿fg0"Rqfgtkc"
vcpvq."eqpukfgtct"go"swg"ugiogpvq"c"Þuecnk|c›«q"cvkxc" jcxgt"woc"uwduvkvwk›«q"fg"hqpvgu"fg"Þpcpekcogpvq."
fguugu"rtguvcfqtgu"fi"ocku"rtqdngo vkec0"Egtvcogpvg." mantendo-se o gasto total nos mesmos patamares.
qu"rtqÞuukqpcku"nkdgtcku"g"fgocku"gortgucu"rtguvcfq- Swcpvq" "cxcnkc›«q"fc"rtqitguukxkfcfg"fc"tgp¿p-
tcu"fg"ugtxk›qu"fg"uc¿fg."pwogtqucu"g"gurcnjcfcu"rqt" ekc"Þuecn."ugo"gsw xqequ."vqocfc"fg"hqtoc"kuqncfc."
vqfq" q" vgttkv„tkq" pcekqpcn." tgrtgugpvco" ockqtgu" fk- fi" woc" ogfkfc" swg" rtkxkngikc" cu" ecocfcu" uqekcku" fg"
Þewnfcfgu" qrgtcekqpcku" rctc" c" Þuecnk|c›«q" vtkdwv tkc" ockqt"tgpfc"g"cu"gortgucu"eqo"ockqtgu"tgegkvcu"swg"
fq"swg"cu"gortgucu"ugiwtcfqtcu"g"cu"qrgtcfqtcu"fg" rqfg"ugt"uwduvkvw fc"rgnq"icuvq"qt›cogpv tkq"fktgvq"
rncpqu"fg"uc¿fg0"Rqku"guvcu"guv«q"nqecnk|cfcu."guugp- fg"hqtoc"vgqtkecogpvg"ocku"gÞekgpvg0"Gzkuvg."gpvtg-
ekcnogpvg."pcu"Tgik gu"Uwfguvg"g"Uwn"g"eqo"rtgugp- vcpvq." c" pgeguukfcfg" fg" rtqdngocvk|ct" c" cfq›«q" fg"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 137-151, jan./jun. 2008


148 MARIA DE FÁTIMA SILIANSKY DE ANDREAZZI/BERNARDO SICSÚ/TÁSSIA HOLGUIN

rqn vkecu" fg" tgfw›«q" qw" gnkokpc›«q" fguug" uwdu fkq" " tgp¿pekc" pguuc" hckzc" fg" tgpfc" tgrtgugpvcxco." go"
swcpvq" "rtqoq›«q"fc"gs¯kfcfg"fq"ukuvgoc"fg"uc¿fg" 3;;;.";.3'"fc"tgp¿pekc"vqvcn"eqo"uc¿fg."qw"uglc."T&"
dtcukngktq."pq"oqogpvq"cvwcn."oguoq"eqpukfgtcpfq" 3.29"per capita"cpwcn"*UC[F."4225+0"
swg"guugu"tgewtuqu"tgxgtvco"go"dgpgh ekq"fcu"rcteg- Swcpvq" u" rguuqcu" lwt fkecu." qu" oguoqu" ctiw-
ncu"ocku"rqdtgu"fc"rqrwnc›«q0 ogpvqu" tghgtgpvgu" cqu" korcevqu" fkhgtgpekcfqu" fc"
LwuvkÞec/ug" eqpukfgtct" swg." pq" ecuq" fcu" rguuqcu" tgvktcfc"fqu"dgpgh ekqu"Þuecku"fq"KTRL"u«q"x nkfqu."
h ukecu."c"tgvktcfc"fguugu"dgpgh ekqu"Þuecku"ukipkÞectkc" fcfc"c"eqpegpvtc›«q"fq"ecrkvcn"gzkuvgpvg"pq"rc u."uk-
woc"tgfkuvtkdwk›«q"fg"tgpfc"rqt"ogkq"fc"rqn vkec"Þu- vwc›«q"gzrn ekvc"rgnc"fgukiwcnfcfg"gpvtg"cu"gortgucu"
ecn"swg"rgpcnk|ctkc"vcpvq"cu"ecocfcu"fg"tgpfc"ofifkc" go"vgtoqu"fg"tgegkvc"g"nwetq0"
g" qu" vtcdcnjcfqtgu" hqtocku" eqoq" hco nkcu" eqortq- P«q"pgicpfq"swg"c"rqn vkec"Þuecn"vgpjc"wo"rcrgn"
xcfcogpvg"cdcuvcfcu0"¡"korqtvcpvg"cswk"swguvkqpct" korqtvcpvg"pc"tgfkuvtkdwk›«q"fc"tgpfc."c"gnkokpc›«q"
c"crnkec›«q"¿pkec"fq"etkvfitkq"fc"tgpfc"hcoknkct"rctc" desse abatimento com gastos privados com saúde
cxcnkct" c" fgukiwcnfcfg" uqekcn" pq" rc u." vcpvq" go" vgt- rqt"rctvg"fg"rguuqcu"h ukecu"g"lwt fkecu."eqoq"ogfkfc"
oqu" fg" ucn tkqu" eqoq." rtkpekrcnogpvg." go" rgtegp- kuqncfc"fg"rtqoq›«q"fg"gs¯kfcfg"go"uc¿fg."vqtpc/
vku"fc"fkuvtkdwk›«q"fc"tgpfc."godqtc"uglc"woc"hqtoc" ug" rcuu xgn." rqtvcpvq." fg" swguvkqpcogpvq0" Vcn" fgek-
htgs¯gpvgogpvg" gpeqpvtcfc" pguug" vkrq" fg" guvwfq." u«q" cvkpiktkc." gurgekcnogpvg." cu" ecocfcu" uqekcku" fg"
kpenwukxg" fg" fgukiwcnfcfgu" go" uc¿fg0" Wo" fqu" rtq- tgpfc"ofifkc"g"qu"vtcdcnjcfqtgu"cuucnctkcfqu"hqtocku."
dngocu" c" ugt" gphtgpvcfq" tgukfg" pc" jgvgtqigpgkfcfg" rctegncu"swg"xkxgo."rtkpekrcnogpvg."fc"tgpfc"fq"vtc-
fcu"hco nkcu"eqo"tgpfcu"uwrgtkqtgu"c"52"ucn tkqu"o - dcnjq" *OGFGKTQU." 4226+0" Guucu" ecocfcu" uqekcku"
pkoqu." qw" qu" ¿nvkoqu" rgtegpvku" fc" fkuvtkdwk›«q" fc" ghgvwco"icuvqu"rtkxcfqu"eqo"uc¿fg"ogpqu"rqt"qr-
tgpfc." fcfc" uwc" eqpegpvtc›«q" pq" Dtcukn0" Ogfgktqu" ›«q."ocu"korgnkfqu"rgnc"kpugiwtcp›c"swcpvq" "qhgt-
*4223+."fgpvtq"fguuc"nkpjc."eqnqec"c"rgtiwpvc"fq"p - vc" r¿dnkec" fqu" ugtxk›qu." oguoq" ug" vtcvcpfq" fg" wo"
xgn"fg"tkswg|c"swg"rqfgtkc"ugt"eqpukfgtcfq"o pkoq0" fktgkvq"eqpuvkvwekqpcn0"Kuuq"ugo"swg"uglco"vqecfcu."
Eqpenwk"swg"woc"nkpjc"fg"tkswg|c"ugtkc"wo"eqpegkvq" cpvgtkqtogpvg."fgukiwcnfcfgu"ocku"octecpvgu"fc"uq-
tgncekqpcn"c"rctvkt"fg"woc"nkpjc"fg"rqdtg|c."swg"go- ekgfcfg"dtcukngktc."cvkpikpfq."go"rtkogktq"nwict."qu"
dqtc"p«q"uglc"eqpugpuwcnogpvg"cfqvcfc"go"guvwfqu" itwrqu"uqekcku"ocku"rtkxkngikcfqu0"Tgp¿pekcu"Þuecku"
uqdtg" fgukiwcnfcfg." rqfgtkc" ugt" eqpukfgtcfc" eqoq" fkuvkpvcu"fcswgncu"cswk"vtcvcfcu."fgpvtq"fqu"octequ"
o pkoq"pgeguu tkq" "uqdtgxkx‒pekc0"Rctc"guug"cwvqt." pqtocvkxqu" cvwcku" fg" vtkdwvc›«q." u«q" ocku" kp swcu."
nkpjc"fg"tkswg|c"fi"q"rqpvq"c"swg"ug"ejgic"swcpfq."c" eqoq" tguucnvc" q" fqewogpvq" fc" WpcÞueq" Ukpfkecn"
rctvkt"fg"woc"rqn vkec"tgfkuvtkdwvkxc."cswgngu"ukvwcfqu" *4225+."rqku"p«q"rwpgo"qu"tgpfkogpvqu"fq"ecrkvcn0"
cdckzq"fc"nkpjc"fg"rqdtg|c"u«q"gngxcfqu"cq"nkokvg"fc" Guvcu"u«q"c"kugp›«q"fg"vtkdwvc›«q"uqdtg"nwetqu"g"fk-
uqdtgxkx‒pekc0"Pq"Dtcukn."go"3;;;."gtco"eqpukfgtc- xkfgpfqu"tgegdkfqu"rqt"rguuqcu"h ukecu"pq"KTRH"g"c"
fcu" tkecu" cu" hco nkcu" eqo" tgpfc" per capita acima de p«q/vtkdwvc›«q"fcu"tgoguucu"fg"nwetqu"g"fkxkfgpfqu"
T&" 40:38.69" eqttgpvgu0" Rctc" woc" hco nkc" ofifkc" fg" rctc" q" gzvgtkqt0" Ugiwpfq" guug" oguoq" fqewogpvq."
vt‒u" rguuqcu" ukipkÞectkc" woc" tgpfc" hcoknkct" ogpucn" j " wo" rguq" fgurtqrqtekqpcn" fqu" vtkdwvqu" uqdtg" qu"
fg" T&" :066;.63" qw" 84" ucn tkqu" o pkoqu" rqt" o‒u" " cigpvgu"geqp»okequ"ewlc"tgpfc"fi"qtkwpfc"crgpcu"fq"
firqec0"Gpswcftcxco/ug"pguuc"ecvgiqtkc":22"okn"rgu- vtcdcnjq0
uqcu."2.7'"fc"rqrwnc›«q"dtcukngktc0"Pq"ecuq"fc"ko- C"korquk›«q"fg"wo"nkokvg"rctc"c"wvknk|c›«q"fq"dg-
rquk›«q" fg" wo" nkokvg" fg" tgpfc" rctc" q" wuwhtwvq" fq" pgh ekq"Þuecn."fg"ceqtfq"eqo"c"tgpfc"fcu"rguuqcu"h uk-
dgpgh ekq"Þuecn"eqo"uc¿fg."rqt"gzgornq."ecuq"hquug" ecu"qw"fg"ceqtfq"eqo"q"hcvwtcogpvq"g"nwetcvkxkfcfg"
wucfq"wo"eqtvg"pc"encuug"fcu"hco nkcu"eqo"tgpfc"cek- fcu"rguuqcu"lwt fkecu."rqfgtkc"ugt"woc"rqn vkec"r¿dnkec"
oc"fg"52"ucn tkqu"o pkoqu"ogpucku"Ï"rctegnc"eqpuk- fkuvtkdwvkxc"swg"cnecp›ctkc"guugu"itwrqu"uqekcku"ocku"
fgtcfc"rqt"Ogfgktqu"*4223+"eqoq"owkvq"fkuvcpvg"fc" rtkxkngikcfqu0"Rctc"woc"cornkc›«q"cfgswcfc"fq"icuvq"
tkswg|c"Ï."cnfio"fg"gncu"eqpuvkvw tgo"wo"rqtegpvwcn" r¿dnkeq"go"uc¿fg."eqpvwfq."lwnic/ug"vcn"ogfkfc"dcu-
rgswgpq" fc" rqrwnc›«q." qu" xcnqtgu" eqttgurqpfgpvgu" tante limitada.

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 137-151, jan./jun. 2008


GASTOS TRIBUTÁRIOS RELACIONADOS AO CONSUMO DE ATENÇÃO PRIVADA ... 149

Tgewtuqu"ocku"xwnvququ"cfxktkco"fq"tgfktgekqpc- Pqvc/ug."pc"nkvgtcvwtc"dtcukngktc"eqpuwnvcfc."kpenwuk-
ogpvq"fq"qt›cogpvq"r¿dnkeq0"¡"ucdkfq"swg"itcpfg" xg"go"fqewogpvqu"fg"rqn vkec"fg"uc¿fg"qÞekcku"eqoq"
parte da renda gerada no país, e arrecadada como q" Tgncv„tkq" fc" ZK" Eqphgt‒pekc" Pcekqpcn" fg" Uc¿fg."
vtkdwvqu." fi" fguvkpcfc" cq" rcicogpvq" fq" guvqswg" g" woc"vgpf‒pekc"fg"tguvtkpikt"cq"kpvgtkqt"fq"rt„rtkq"ug-
fq"àwzq"fqu"gpectiqu"fc"f xkfc"r¿dnkec"ewlq"oqp- vqt"q"fgdcvg"cegtec"fcu"owfcp›cu"pgeguu tkcu" "rtq-
vcpvg"c"v vwnq"fg"lwtqu"ugswgt"fi"fgÞpkfq"rqt"tgitcu" oq›«q"fg"woc"ockqt"gs¯kfcfg"pq"Þpcpekcogpvq0"Pq"
eqpvtcvwcn"ogpvg" enctcu." qw" uglc." ewlcu" vczcu" v‒o" ug" gpvcpvq."cuuko"eqoq"pq"swg"vcpig"cqu"fgvgtokpcpvgu"
uwdqtfkpcfq"cqu"ogecpkuoqu"fc"gurgewnc›«q"Þpcp- fc"uc¿fg."cu"rqn vkecu"fg"uc¿fg."eqoq"cswgncu"cswk"tg-
egktc" kpvgtpcekqpcn" *DTGUUGT/RGTGKTC." 4225+0" hgtkfcu."guv«q"pgeguuctkcogpvg"kpugtkfcu"pq"eqpvgzvq"
Rctc" vcpvq." q" iqxgtpq" hgfgtcn" ug" xcng" kpenwukxg" fq" ocku" cornq" fcu" qr› gu" fq" oqfgnq" fg" fgugpxqnxk-
eqpvkpigpekcogpvq" fq" Qt›cogpvq" fc" Ugiwtkfcfg" ogpvq"fq"rc u0"C"fkuewuu«q."rqtvcpvq."fg"woc"ogfkfc"
Uqekcn."rqt"ogkq"fc"twdtkec"qt›cogpv tkc"Fguxkpew- tgfkuvtkdwvkxc"swg"p«q"cvkplc"cu"ecocfcu"uqekcku"fgvgp-
nc›«q" fg" Tgegkvcu" fc" Wpk«q0" Fg" ceqtfq" eqo" fqew- vqtcu"fc"ockqt"rctvg"fc"tgpfc"g"fc"tkswg|c."oguoq"
ogpvq"gncdqtcfq"rgnc"rtghgkvwtc"fg"U«q"Rcwnq"*4225+" swg" vgepkecogpvg" gsw¤pkog." rqfg" vgt" wo" ghgkvq" fg"
g"gswkrg."gzkuvktkc."fg"hqtoc"octecpvg"cr„u"3;;:."wo" gorqdtgegt"q"fgdcvg"uqdtg"c"gs¯kfcfg"go"uc¿fg0"G."
guswgoc"oqpuvtwquq"fg"ftgpcigo"fq"ugvqt"rtkxcfq" cnfio" fkuuq." fg" kpegpvkxct" woc" rwipc" gpvtg" ecocfcu"
g"fc"tgpfc"fq"vtcdcnjq"rctc"woc"cewownc›«q"guugp- uqekcku"fg"tgpfc"ofifkc."vtcdcnjcfqtgu"hqtocku"g"rg-
ekcnogpvg"Þpcpegktc< swgpcu"g"ofifkcu"gortgucu."rqt"wo"ncfq."g"cu"ecocfcu"
ocku"fgurtqvgikfcu."vtcdcnjcfqtgu"kphqtocku."fgugo-
a correlação entre carga tributária e aumento do superávit rtgicfqu." ecorqpgugu." rqt" qwvtq." rgnc" fkuvtkdwk›«q"
primário é por demais transparente para demonstrar que o fqu"»pwu"eqo"q"Þpcpekcogpvq"fc"uc¿fg0"Q"swg"fgk-
cttqejq"Þuecn"vgo"ukipkÞecfq"woc"vtcpuhgt‒pekc"fg"tgewtuqu" zctkc"fg"hqtc"qu"rtkpekrcku"dgpgÞek tkqu"fc"ocpwvgp-
rctc" q" ugvqt" Þpcpegktq." vgpfq." cnk u." rctegnc" ukipkÞecvkxc" ›«q"fc"fgukiwcnfcfg"g"fc"rqdtg|c."tgurqpu xgku"rgnqu"
sido subtraída da renda do trabalho *UËQ" RCWNQ." fgvgtokpcpvgu"guvtwvwtcku"fqu"guecuuqu"tgewtuqu"jqlg"
4225."r0"95+0 fguvkpcfqu" u"rqn vkecu"r¿dnkecu0

Notas
Guvg"vtcdcnjq"hqk"tgcnk|cfq"eqo"crqkq"fq"EPRs."Gfkvcn"5914226." 40"XgtkÞecfq" pc" Cvc" 384" fq" Eqpugnjq" Pcekqpcn" fg" Uc¿fg0"
Rtqeguuq"625067:14226/:"g"Hcrgtl"G/4813720;36142270 Fkurqp xgn" go<" >yyy0epu0iqx0dt@0" Ceguuq" go<" 34" ugv0"
30"Fkurqp xgn"go<">yyy0eqpugnjqucwfg0dt@0"Ceguuq"go<"3³"ugv0"42260 42280

Referências Bibliográficas CPFTGC¥¥K."O0H0U0="MQTPKU."I0G0O0"Rcrgn"fcu"tghqtocu"


fqu"cpqu";2"pc"fgocpfc"rqt"ugiwtqu"rtkxcfqu"fg"uc¿fg"pq"Dtc-
sil – consensos e dissensos. Cad. Saúde Coletiva."Tkq"fg"Lcpgktq."
CNOGKFC."E0"Jgcnvj"u{uvgou"tghqto"cpf"gswkv{"kp"Ncvkp"Cog- x0"33."p0"4."r0"423/44;."42250"
tkec"cpf"vjg"Ectkddgcp<"nguuqpu"htqo"vjg"3;:2u"cpf"3;;2u0"Cad.
Saúde Pública."x0"3:."p0"6."r0";27/;47."lwn01ciq0"42240 DCTDQUC."H0J0="DCTDQUC."C0N0P0"Q"ukuvgoc"vtkdwv tkq"pq"
Dtcukn<"Tghqtocu"g"owfcp›cu0"Kp<"DKFGTOCP."E0="CTXCVG."
______. O mercado privado de serviços de saúde no Brasil<"Rcpqtcoc" R0"*Qti0+0"Economia do Setor Público no Brasil0"U«q"Rcwnq<"Gnugxkgt"
cvwcn"g"vgpf‒pekcu"fc"cuukuv‒pekc"ofifkec"uwrngogpvct0"Dtcu nkc<" Gfkvqtc."42270"r0"4;2/5390
Krgc."3;;:0"*Vgzvqu"rctc"fkuewuu«q."p0"7;;+0
DGIJKP." P0" Gastos tributários sociais de âmbito federal<"
CPFTGC¥¥K."O0H0U0"O seguro saúde privado no Brasil0"Fkuugtvc›«q" woc" rtqrquvc" fg" fkogpukqpcogpvq0" Dtcu nkc<" WpD." 42270"
*Oguvtcfq+"Ï"GPUR1Hkqetw|."Tkq"fg"Lcpgktq."3;;30 Okogqitchcfq0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 137-151, jan./jun. 2008


150 MARIA DE FÁTIMA SILIANSKY DE ANDREAZZI/BERNARDO SICSÚ/TÁSSIA HOLGUIN

DTCUKN0" Ci‒pekc" Pcekqpcn" fg" Uc¿fg" Uwrngogpvct1CPU0" OCTSWGU." T0O0=" OGPFGU." C0" UWU" g" ugiwtkfcfg" uqekcn<"
Crtgugpvc›«q"fg"Egtgu"Cndwswgtswg"go"qÞekpc"rctc"rtguvc- go"dwuec"fq"gnq"rgtfkfq0"Saúde e Sociedade."x0"36."p0"4."r0"5;/6;."
fqtgu" c" rctvkt" fq" Ecfcuvtq" fg" DgpgÞek tkqu0" Tkq" fg" Lcpgktq." ockq1ciq0"42270"
ugv0"42270
OGFGKTQU."O0"As fontes de rendimentos dos ricos no Brasil0"Dtcu nkc<"
aaaaaa0" Okpkuvfitkq" fc" Hc|gpfc0" Política Econômica e Reformas Krgc."42260"*Vgzvqu"rctc"fkuewuu«q."p0"30236+0
Estruturais0"Dtcu nkc<"4225c0"Fkurqp xgn"go<">yyy0hc|gpfc0iqx0
dt@0"Ceguuq"go<"42"lwp0"42270" ______. A construção de uma linha de riqueza a partir da linha de
pobreza0"Dtcu nkc<"Krgc."42230"*Vgzvqu"rctc"fkuewuu«q."p0":34+0
aaaaaa0"Okpkuvfitkq"fc"Hc|gpfc0"Ugetgvctkc"fg"Rqn vkec"Geqp»-
okec0"Icuvq"uqekcn"fq"iqxgtpq"egpvtcn<"4223"g"42240"Econômica, O¡FKEK." C0E0" Kpegpvkxqu" iqxgtpcogpvcku" cq" ugvqt" rtkxcfq" pq"
Tkq"fg"Lcpgktq."x0"7."p0"3."r0";/8;."4225d0" Brasil. Relatórios Técnicos0"Tkq"fg"Lcpgktq."Gpeg1KDIG."p0"3."3;;20

aaaaaa0"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg0"Relatório Final da XII Conferência OQUUKCNQU."G0="VJQOUQP."U0O0U0"Xqnwpvct{"Jgcnvj"Kpuw-


Nacional de Saúde0"Dtcu nkc."4225e0"Fkurqp xgn"go<">yyy0eqpug- tcpeg"kp"vjg"Gwtqrgcp"Wpkqp<"c"etkvkecn"cuuguuogpv0"Int. J. Health
njq0ucwfg0dt@0"Ceguuq"go<"37"lwn0"42270 Service."Dcnvkoqtg."x0"54."p0"3."r0"3;/::."42240"

aaaaaa0"Okpkuvfitkq"fc"Hc|gpfc0"Ugetgvctkc"fc"Tgegkvc"Hgfgtcn0" QEM¡/TGKU."E0Q0"O setor privado em saúde no Brasil: os limites


Icuvqu"iqxgtpcogpvcku"kpfktgvqu."fg"pcvwtg|c"vtkdwv tkc"*Icuvqu" fc" cwvqpqokc0" Fkuugtvc›«q" *Oguvtcfq" go" Uc¿fg" Eqngvkxc+" Ï""
vtkdwv tkqu" Ï" Eqpegkvwc›«q+0" Estudos tributários -–12, Brasília, Kpuvkvwvq"fg"Ogfkekpc"Uqekcn."Wpkxgtukfcfg"fq"Guvcfq"fq"Tkq"
Ugetgvctkc"fc"Tgegkvc"Hgfgtcn"Ï"Eqqtfgpc›«q/Igtcn"fg"Rqn vkec" fg"Lcpgktq."Tkq"fg"Lcpgktq."3;;70
Vtkdwv tkc."4225f0
QEM¡/TGKU."E0Q0="TKDGKTQ."L0C0E0="RKQNC."U0H0"Financiamento
aaaaaa0"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg0"Simpósio Regulamentação dos Planos das políticas sociais nos anos 1990<"q"ecuq"fq"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg0"
de Saúde0"Dtcu nkc<"42230 Dtcu nkc<"Krgc."42230"*Vgzvqu"rctc"fkuewuu«q."p0":24+0

DTGUUGT/RGTGKTC."N0E0"Geqpqokc"rqn vkec"fq"icuvq"uqekcn" QEM¡/TGKU." E0Q0=" UKNXGKTC." H0I0=" CPFTGC¥¥K." O0H0U0"


pq"Dtcukn"fgufg"3;:21:70"Econômica."Tkq"fg"Lcpgktq."x0"7."p0"3." Avaliação dos gastos das famílias com a assistência médica no Brasil:
r0"323/32:."lwp0"42250" q"ecuq"fqu"rncpqu"fg"uc¿fg0"Tkq"fg"Lcpgktq."Krgc."42250"56"r0"
*Vgzvqu"rctc"fkuewuu«q."p0";43+0
EJGUPCKU."H0"*Eqqtf0+0"C"owpfkcnk|c›«q"Þpcpegktc<"i‒pgug."ewuvqu"
g"tkuequ0"Tkq"fg"Lcpgktq<"Zco«."3;;:0 RGTGKTC." L0" Lwuvk›c" uqekcn" pq" fqo pkq" fc" uc¿fg0" Cad. Saúde
pública."x0"8."p0"6."r0"622/643."qwv01fg|0"3;;20
EQNQODQ."H0="VCRC[."P0"Rtkxcvg"Jgcnvj"Kpuwtcpeg"kp"QGEF"
Eqwpvtkgu<"Vjg"DgpgÞvu"cpf"Equvu"hqt"Kpfkxkfwcnu"cpf"Jgcnvj" RKCPECUVGNNK."O0="PCUEKOGPVQ."G0P0"Korquvq"fg"tgp-
U{uvgou0"OECD Health Working Papers."Rctku."p0"37."42260 fc"fc"rguuqc"h ukec0"Kp<"DKFGTOCP."E0="CTXCVG."R0"*Qti0+0"
Economia do setor público no Brasil0"U«q"Rcwnq<"Gnugxkgt"Gfkvqtc."
FCKP."U0"gv"cn0"Cxcnkc›«q"fqu"korcevqu"fc"tghqtoc"vtkdwv tkc" 42270"r0"453/4730
uqdtg"q"Þpcpekcogpvq"fc"uc¿fg"Kp<"PGITK."D0="FK"IKQXCPPK."
I0" Brasil. Radiografia da saúde0" Ecorkpcu<" Wpkecor." 42230" RQEJOCPP." O0" A década dos mitos0" U«q" Rcwnq<" Eqpvgzvq."
r0"455/48:0 42230"

FQYF."D0"gv"cn0"Vjg"ghhgev"qh "vcz/gzgorv"qwv/qh/rqemgv"rtg- RQTVQ."U0O0"Lwuvk›c"uqekcn."gs¯kfcfg"g"pgeguukfcfg"go"uc¿fg0"


okwou"qp"jgcnvj"rncp"ejqkeg0"National Tax Journal."Ycujkpivqp." Kp<" RKQNC." U0H0=" XKCPPC." U0O0" *Qti0+0" Economia da saúde.
FE."x0"76."p0"6."r0"963/978."Fge0"42230" Eqpegkvq"g"eqpvtkdwk›«q"rctc"c"iguv«q"fc"uc¿fg0"Dtcu nkc<"Krgc."
3;;70"r0"345/3620
GOOGTUQP."E0="HTC[PG"."E0="IQQFOCP."C0"Ujqwnf"rtk-
xcvg"ogfkecn"kpuwtcpeg"dg"uwdukfk|gfA"Health Policy."WM."42230" UCNXK."C0H0E0="FG"RCWNC."G0X0O0="NQWTGU."O0O0I0"Icuvqu"
iqxgtpcogpvcku"kpfktgvqu"fg"pcvwtg|c"vtkdwv tkc"Ï"Eqpegkvwc›«q0"
ITWDGT."L0"Vczgu"cpf"Jgcnvj"Kpuwtcpeg0"Working Paper":8790" Estudos Tributários 12." Dtcu nkc." Ugetgvctkc" fc" Tgegkvc" Hgfgtcn."
Ecodtkfig."OC<"Pcvkqpcn"Dwtgcw"qp"Geqpqoke"Tgugctej."42230" Okpkuvfitkq"fc"Hc|gpfc."42250
Fkurqp xgn"go<">yyy0pdgt0qti1rcrgtu1y:879@0"Ceguuq"go<"
3"lwp0"42280 UËQ"RCWNQ"*Owpke rkq+0"Ugetgvctkc"Owpkekrcn"fq"Fgugpxqnxk-
ogpvq."Vtcdcnjq"g"Uqnkfctkgfcfg0"Fgukiwcnfcfg"fg"tgpfc"g"icuvqu"
ITWDGT." L0=" OEMPKIJV." T0" Yj{" fkf" gornq{gg" jgcnvj" uqekcku"pq"Dtcukn<"cniwocu"gxkf‒pekcu"rctc"fgdcvg0"Econômica."Tkq"
kpuwtcpeg" eqpvtkdwvkqpu" tkugA" J. Health Econ0." x0" 44." r0" 302:7/ fg"Lcpgktq."x0"7."p0"3."r0"93/:4."lwp0"42250
30326."42250"
UC[F."R0F0"Tgp¿pekc"Þuecn"g"gs¯kfcfg"pc"fkuvtkdwk›«q"fg"tgewtuqu"rctc"
KDIG0"Acesso e utilização de serviços de saúde 19980"Tkq"fg"Lcpgktq<" a saúde0" Fkuugtvc›«q" *Oguvtcfq" go" Uc¿fg" Eqngvkxc+" Ï" Gueqnc"
42220 Pcekqpcn"fg"Uc¿fg"R¿dnkec."Hkqetw|."Tkq"fg"Lcpgktq."42250

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 137-151, jan./jun. 2008


GASTOS TRIBUTÁRIOS RELACIONADOS AO CONSUMO DE ATENÇÃO PRIVADA ... 151

UGNFGP."V0O0="OQGNNGT."L0H0"Guvkocvgu"qh "vjg"vcz"uwdukf{" WPCHKUEQ"UKPFKECN0"O imposto de renda na reforma tributária.


hqt"gornq{ogpv/tgncvgf"jgcnvj"kpuwtcpeg0"National Tax Journal, Hwpfcogpvqu" fc" ecorcpjc" Korquvq" fg" Tgpfc" eqo" Lwuvk›c0"
Ycujkpivqp."FE."x0"75."p0"6."r0":99/::9."Fge0"42220" Dtcu nkc<"42250"Okogqitchcfq0

UJGKNU."L0="JQICP."R0"Equv"qh "Vcz/Gzgorv"Jgcnvj"DgpgÞvu" YJKVGJGCF."O0"The concepts and principles of equity and health.


in 1998. Health Affairs."x0"3:."p0"4."r0"398/3:3."3;;;0 Eqrgpjcigp<"YJQ"Tgikqpcn"QhÞeg"hqt"Gwtqrg."3;;20

VCXCTGU."N0V0U0T0"Rqn vkecu"g"clwuvg"g"tghqtocu"fc"ugiwtkfcfg" YJKVGJGCF."O0="FCJNITGP."I0"Levelling up"*rctv"3+<"c"


uqekcn" pc" Cofitkec" Ncvkpc0" Kp<" CPFTGC¥¥K." O0H0U0=" VWTC." fkuewuukqp"rcrgt"qp"eqpegrvu"cpf"rtkpekrngu"hqt"vcemnkpi"uqekcn"
N0H0T0"Financiamento e gestão do setor saúde<"pqxqu"oqfgnqu0"Tkq"fg" kpgswkvkgu" kp" jgcnvj0" Eqrgpjcigp." Fgpoctm<" YJQ" Tgikqpcn"
Lcpgktq<"Cppc"Pfit{."3;;;0"r0"47/660 QhÞeg"hqt"Gwtqrg."4228c0

VJG" YQTNF" DCPM0" Financing Health Services in Developing ______. Levelling up" *rctv" 4+<" c" fkuewuukqp" rcrgt" qp" eqp-
Countries0"Cp"Cigpfc"hqt"Tghqto0"Ycujkpivqp."FE<"3;:90 egrvu"cpf"rtkpekrngu"hqt"vcemnkpi"uqekcn"kpgswkvkgu"kp"jgcnvj0"
Eqrgpjcigp."Fgpoctm<"YJQ"Tgikqpcn"QhÞeg"hqt"Gwtqrg."
WIé."O0C0F0="UCPVQU."K0U0"Woc"cp nkug"fc"gs¯kfcfg"fq"Þpcpekc- 4228d0
mento do sistema de saúde brasileiro0"Tgncv„tkq"fg"Rguswkuc0"Rtqlgvq"
Geqpqokc"fc"Uc¿fg0"Eqqrgtc›«q"Vfiepkec"Dtcukn"Ï"Tgkpq"Wpkfq." [WPGU."T0"Fgocpfc"g"fgocpfc"go"uc¿fg0"Kp<"RKQNC."U0H0="
42270" Fkurqp xgn" go<" >yyy0qrcu0qti0dt1qdugtxcvqtkq1ctswk- XKCPPC."U0O0"Economia da saúde0"Eqpegkvq"g"eqpvtkdwk›«q"rctc"
xqu1Fguvcswg;;0rfh@0"Ceguuq"go<"34"oct0"42270 c"iguv«q"fc"uc¿fg0"Dtcu nkc<"Krgc."3;;70"r0";;/3440

MARIA DE FÁTIMA SILIANSKY DE ANDREAZZI


Doutora em Saúde Coletiva, Médica, Professora Adjunta do Departamento de Medicina Preventiva,
Faculdade de Medicina da UFRJ, Pesquisadora do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da UFRJ.
*uknkcpum{Bkgue0whtl0dt+

BERNARDO SICSÚ
Doutor em Saúde Coletiva, Economista, Pesquisador do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da UFRJ.
*dukeuwBkgue0whtl0dt+

TÁSSIA HOLGUIN
Economista.
*vcuukcijBjqvockn0eqo+

Ctvkiq"tgegdkfq"go"3;"fg"lcpgktq"fg"42290
Crtqxcfq"go"4"fg"lwnjq"fg"422:0

Como citar o artigo<


CPFTGC¥¥K."O0H0U0="UKEUó."D0="JQNIWKP."V0"Icuvqu"vtkdwv tkqu"tgncekqpcfqu"cq"eqpuwoq"fg"cvgp›«q"rtkxcfc" "uc¿fg<"
eqpvtkdwk›«q"cq"fgdcvg"uqdtg"rqn vkecu"fg"Þpcpekcogpvq0"São Paulo em Perspectiva."U«q"Rcwnq."Hwpfc›«q"Ugcfg."x0"44."p0"3."
r0"359/373."lcp01lwp0"422:0"Fkurqp xgn"go<">jvvr<11yyy0ugcfg0iqx0dt@=">jvvr<11yyy0uekgnq0dt@0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 137-151, jan./jun. 2008


AUDITORIA E AVALIAÇÃO
NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
M ARILENE B ARROS DE M ELO
J ENI V AITSMAN

Resumo: Este artigo se propõe a distinguir os termos avaliação e auditoria, tomando como referência o Sistema Nacional de Auditoria.
Essas ferramentas têm assumido uma posição central na manutenção e no desenvolvimento do Sistema Único de Saúde.
Palavras-chave: Auditoria em saúde. Sistema Nacional de Auditoria. Avaliação em Saúde.

Abstract: This article considers distinguishing the terms evaluation and auditorship, taking as reference the Brazilian National System of Auditorship.
These tools have assumed a central position in the maintenance and development of the Unified Health System of Brazil.
Key words: Auditorship in health area. National System of Auditorship. Evaluation in Health Area.

A
valiação e auditoria, ferramentas presentes na estrutu-
ra regimental do Sistema Único de Saúde – SUS, utilizadas para melhoria da qualidade da gestão e accountability1
da política, ainda apresentam, no campo da saúde, mesmo entre os integrantes da força de trabalho do Ministé-
tkq"fc"Uc¿fg"Ï"OU."woc"pq›«q"rqweq"enctc"fqu"ukipkÞecfqu"fg"woc"g"fg"qwvtc0"Cuuqekco/ug"c"guucu"ukvwc› gu"q"
número limitado de pesquisas e o uso não muito adequado dos termos e instrumentos de avaliação e auditoria,
owkvcu"xg|gu"wvknk|cfqu"fg"ocpgktc"gswkxqecfc0"
No âmbito do SUS, a avaliação já apresenta um referencial teórico e uma prática mais consolidada; o Sistema
Pcekqpcn"fg"Cwfkvqtkc"Ï"UPC"ckpfc"guv "vgpvcpfq"fgoctect"guugu"rct¤ogvtqu"vcodfio"rctc"c"cwfkvqtkc0"Fkcpvg"
desse cenário, fazem-se necessários estudos que possibilitem entender a dinâmica dessas práticas, incluindo
q"oqfgnq"rqn vkeq"g"qticpk|cekqpcn"xkigpvg0"Guvg"ctvkiq"ug"rtqr g"c"guenctgegt"guugu"eqpegkvqu."gpvgpfgpfq"c"
egpvtcnkfcfg"swg"guucu"hgttcogpvcu"x‒o"cuuwokpfq"pc"cfokpkuvtc›«q"r¿dnkec0"

PROCESSO DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE: UM BREVE HISTÓRICO

Caleman, Moreira e Sanches (1998) assinalam que o termo audit foi proposto para os serviços de saúde, pela
rtkogktc"xg|."go"3;78."rqt"Ncodgem."eqo"c"Þpcnkfcfg"fg"cxcnkct"c"swcnkfcfg"fqu"rtqeguuqu"g"qu"tguwnvcfqu"fgu-
ugu"ugtxk›qu."rqt"ogkq"fc"qdugtxc›«q"fktgvc"fq"tgikuvtq"g"fc"jkuv„tkc"en pkec"fq"wuw tkq0"Pc"rgtegr›«q"fg"¥cpqp"
*4223+."pq"gpvcpvq."c"cwfkvqtkc"ofifkec"hqk"etkcfc"go"3;65."rqt"Xgtikn"Ungg0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 152-164, jan./jun. 2008


AUDITORIA E AVALIAÇÃO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 153

Go"3;94."qu"Guvcfqu"Wpkfqu"fc"Cofitkec"etkctco" como uma autarquia, cujo objetivo é a manutenção


a Professional Standard Review Organization, bus- fc"swcnkfcfg"fc"cuukuv‒pekc" "uc¿fg0
cando regulamentar essa modalidade de avaliação, Tgvqocpfq"q"UPC."q"Fgetgvq"p0"30873"swg"q"tg-
u„"swg"eqo"woc"rgturgevkxc"fg"cwfkvqtkc0"Guuc"gpvk- iwncogpvc" fgÞpg" cwfkvqtkc" eqoq" ugpfq" c" Ñcp nkug"
dade incorporou aos programas de acreditação hos- prévia, concomitante ou subseqüente da legalidade
pitalar o Peer Review, sistema de revisão por pares, fqu" cvqu" fc" cfokpkuvtc›«q" qt›cogpv tkc." Þpcpegk-
ugiwkpfq"rcft gu"guvcdgngekfqu"rgnq"Eqnfiikq"Cog- ra e patrimonial, bem como a regularidade dos atos
tkecpq" fg" Ektwtik gu" *C¥GXGFQ=" MQT[ECP." vfiepkeq/rtqÞuukqpcku."rtcvkecfqu"rqt"rguuqcu"h ukecu"g"
3;;;="¥CPQP."4223+0 lwt fkecuÒ0"Q"ctv0"8³"fguug"Fgetgvq."pq"¸"3³."guvcdgngeg"
Não existe relato, na literatura, a respeito do início swg"eqorgvg"cq"UPC"Ñc"cxcnkc›«q"vfiepkeq/ekgpv Þec."
da auditoria no campo da saúde pública no Brasil, eqpv dkn." Þpcpegktc" g" rcvtkoqpkcn" fq" Ukuvgoc" ópkeq"
mas há evidências da utilização da mesma pelo ex- de Saúde – SUS, que será realizada de forma descen-
vkpvq"Kpuvkvwvq"Pcekqpcn"fg"Cuukuv‒pekc"fc"Rtgxkf‒p- vtcnk|cfcÒ0" Guug" ctvkiq." pq" ¸" 6³." fgukipc" q" Fgrctvc-
ekc"Uqekcn"Ï"Kpcoru0"C"korqtv¤pekc"fguuc"hgttcogpvc" ogpvq"fg"Eqpvtqng."Cxcnkc›«q"g"Cwfkvqtkc"eqoq"„t-
hqk"tgeqpjgekfc"cvtcxfiu"fq"Fgetgvq"p0":2;"*DTCUKN." i«q"egpvtcn"fq"UPC0
3;;5c+." swg." cq" crtqxct" c" Guvtwvwtc" Tgikogpvcn" fq" C"fguegpvtcnk|c›«q"fq"UPC"eqpuvkvwkw/ug"c"rctvkt"
Kpcoru."go"ugw"ctv0"5³."fgÞpg"swg"guug"kpuvkvwvq"vgt " fc" guvtwvwtc›«q" fg" eqorqpgpvgu" fq" UPC" pcu" vt‒u"
em sua estrutura básica órgãos de assistência direta esferas gestoras do SUS, instituída pela Norma Ope-
e imediata ao presidente, compostos pela Procura- racional Básica do Sistema Único de Saúde – NOB-
fqtkc/Igtcn" g" Cwfkvqtkc0" Q" fgetgvq" guvcdgngeg" swg" UWU" 231;8" go" 49" fg" ciquvq" fg" 3;;8" *DTCUKN."
eqorgvg" "Cwfkvqtkc<"eqpvtqnct"g"Þuecnk|ct"c"crnkec›«q" 3;;9+0"C"PQCU"2314224"*DTCUKN."4224+"guvcdgngeg"
fqu"tgewtuqu"qt›cogpv tkqu"g"Þpcpegktqu"fguvkpcfqu" o componente municipal como requisito para que o
à assistência à saúde e aos pagamentos de serviços município possa habilitar-se na condição de gestão
rtguvcfqu"g"tgrcuucfqu"cqu"Guvcfqu."Fkuvtkvq"Hgfgtcn" rngpc"fq"Ukuvgoc"Owpkekrcn0"Cuukpcnc"swg"ecdg"c"guug"
g"owpke rkqu."rgnq"Kpcoru0 componente a auditoria aos prestadores dos serviços
No Brasil, a implantação de processos de auditoria ambulatoriais e hospitalares localizados em seu terri-
no Sistema Único de Saúde – SUS procura resguardar v„tkq"g"xkpewncfqu"cq"UWU0"G."pq"ecuq"fqu"owpke rkqu"
cq"wuw tkq"g" "Wpk«q."Guvcfqu"g"owpke rkqu"c"swcnkfc- p«q" jcdknkvcfqu." guuc" hwp›«q" fi" c" fc" Ugetgvctkc" Guvc/
fg"fqu"ugtxk›qu"rtqÞuukqpcku"g"kpuvkvwekqpcku."cnfio"fg" fwcn"fg"Uc¿fg0
rtgugtxct"q"wuq"cfgswcfq"fq"fkpjgktq"r¿dnkeq0"C"Ngk" Go"3;;8."q"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg."rtqewtcpfq"tg-
p0":02:2."fg"3;"fg"ugvgodtq"fg"3;;2"*DTCUKN."3;;2+." iwncogpvct"q"ewortkogpvq"fcu"pqtocu"g"fkurquk› gu"
cq"tgiwnct"cu"c› gu"g"qu"ugtxk›qu"fg"uc¿fg"go"vqfq" relativas ao Sistema Único de Saúde, elaborou a pri-
o território nacional, estabelece o Sistema Nacional ogktc"gfk›«q"fg"wo"Ocpwcn"fg"Pqtocu"fg"Cwfkvqtkc"
fg" Cwfkvqtkc" Ï" UPC" eqoq" wo" ogecpkuoq" fg" eqp- *DTCUKN."3;;8+"g."go"ciquvq"fg"3;;:."hqk"ncp›cfc"c"
vtqng"vfiepkeq"g"Þpcpegktq."uqd"eqorgv‒pekc"fq"UWU" ugiwpfc"gfk›«q"*DTCUKN."3;;:+0"
g" go" eqqrgtc›«q" eqo" qu" Guvcfqu." Fkuvtkvq" Hgfgtcn" O SUS assume como meta a transformação do
g"owpke rkqu0"Pq"gpvcpvq."c"kpuvkvwk›«q"fguug"ukuvgoc" modelo de assistência à saúde e distancia a saúde da
fgw/ug"crgpcu"go"49"fg"lwnjq"fg"3;;5."rgnq"ctv0"8³"fc" condição de mercadoria, ao situá-la como um direi-
Ngk"p0":08:;"*DTCUKN."3;;5d+."g"uwc"tgiwncogpvc›«q" vq"fg"ekfcfcpkc0"C"uwc"eqpuqnkfc›«q"rtguuwr g"cegu-
qeqttgw"rgnq"Fgetgvq"p0"30873"fg"4:"fg"ugvgodtq"fg" so, universalização e qualidade dos serviços, além
3;;7"*DTCUKN."3;;7+0 fq" eqpvtqng" uqekcn0" L " q" UPC" hqk" kpuvkvw fq" xkucpfq"
C"hwp›«q"fg"eqpvtqnct"cu"c› gu"g"ugtxk›qu"fg"uc¿- o controle sistemático da estrutura, dos processos
de das operadoras e de outros órgãos públicos é da g"fqu"tguwnvcfqu"pq"¤odkvq"fq"UWU0"C"Ngk"p0":02:2"
Ci‒pekc" Pcekqpcn" fg" Uc¿fg" Uwrngogpvct" Ï" CPU." *DTCUKN."3;;2+"fgoqpuvtc"swg"c" cxcnkc›«q" fc" swc-
tgiwncogpvcfc" rgnc" Ngk" p0" ;0;83" *DTCUKN." 4222c+" nkfcfg"pc"cvgp›«q" "uc¿fg."cvtcxfiu"fq"UPC."fi"guvtc-

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 152-164, jan./jun. 2008


154 MARILENE BARROS DE MELO/JENI VAITSMAN

tégica no processo de construção e manutenção do a avaliação compreende estudos que buscam analisar
UWU0"C"tgguvtwvwtc›«q"tgikogpvcn"fq"UPC."rgnq"Fg- os processos e resultados de um programa ou políti-
etgvq"p0"506;8"fg"4222"*DTCUKN."4222d+."eqpÞiwtc" ec."c"rctvkt"fg"kpfkecfqtgu"tgncekqpcfqu" "Ñtgngx¤pekc."
eqoq"eqorgv‒pekc"fq"Fgpcuwu"c"fgvgtokpc›«q"fcu" gÞek‒pekc."ghgvkxkfcfg."tguwnvcfqu."korcevqu"qw"c"uwu-
responsabilidades dos órgãos de auditoria, o controle vgpvcdknkfcfgÒ0"Vgo"eqoq"qdlgvkxq"ognjqtct"c"swcnk-
e avaliação, bem como a correção de irregularidades dade de determinado programa ou política e oferecer
rtcvkecfcu"pq"UWU0 subsídios que reorientem os processos de formulação
C"rtqrquk›«q"fq"UPC"fi"fg"eqorngogpvct"cu"qw- g"korngogpvc›«q0
tras instâncias de controle e regulação, fazer levan- C"cxcnkc›«q"fi"woc"cvkxkfcfg"fg"rguswkuc"swg"xkuc"
tamento das principais carências, estimar o impacto c"uqnw›«q"fg"swguv gu"tgncvkxcu"c"fgvgtokpcfc"eqngvk-
fcu"c› gu"fg"uc¿fg"g"vtc›ct"q"rgtÞn"fg"wvknk|c›«q"fqu" vidade, através da análise da efetividade ou não das
serviços para as mudanças necessárias no plane- kpvgtxgp› gu" uqekcku0" Guuc" oqfcnkfcfg" fg" cvkxkfcfg"
lcogpvq." iguv«q." gzgew›«q" g" cxcnkc›«q" fcu" c› gu" fg" valoriza a formulação e a implementação do progra-
uc¿fg0" Qu" Ocpwcku" fg" Pqtocu" fg" Cwfkvqtkc" *DTC- oc."eqpukfgtcpfq."rtkpekrcnogpvg."eqpfk› gu"uqekcku"
SIL, 1996, 1998) enfatizam que o principal objetivo rtqdngo vkecu"*DCT¥GNC[."4224+0
fq"rtqeguuq"fg"cwfkvqtkc"fi"Ñc"swcnkfcfg"fcu"c› gu"fg" Um processo clássico de avaliação baseia-se nos
ugtxk›qu"rtguvcfqu"pq"ecorq"fc"uc¿fgÒ0"L "pq"rncpq" rtkpe rkqu" fc" eqpÞcdknkfcfg" g" fc" kugp›«q" fqu" cxc-
internacional, o Centro de Gestión Hospitalaria da nkcfqtgu0" C" rguswkuc" fg" cxcnkc›«q" fgxg" hqecnk|ct" qu"
Colômbia (2000) realça que a qualidade dessa atenção qdlgvkxqu" rtgguvcdgngekfqu" qw" c" gÞe ekc" fcu" c› gu."
à saúde depende do cumprimento de alguns requisi- envolvendo suas diversas fases, desde a formulação
vqu"guugpekcku."gpvtg"gngu."c"eqorgv‒pekc"rtqÞuukqpcn." até os impactos das políticas, além de suas causas e
cvtcxfiu"fg"egtvkÞec›«q0 eqpugs¯‒pekcu0"Pq"gpvcpvq."ckpfc"vgo"ukfq"ocpvkfc"
Buscando priorizar as diretrizes do SUS, os pro- como objetivo principal a análise dos impactos dos
cessos de auditoria têm sido sistematizados como rtqitcocu."xgtkÞecpfq/ug"uwc"ghgvkxkfcfg0"Q"rct¤og-
instrumentos de suporte estabelecidos para avaliar os vtq"wvknk|cfq"rctc"fgÞpkt"c"ghgvkxkfcfg"fi"q"ugw"cnecpeg"
ugtxk›qu"g"uwcu"kpvgtxgp› gu."rtkpekrcnogpvg."swcpfq" em relação ao controle ou à cura de determinado mal
a auditoria assume a posição de referência para re- uqekcn."rtgugtxcpfq/ug"c"uqekgfcfg"go"igtcn0"Q"ofi-
fgÞpk›«q"fg"qdlgvkxqu."guvcdgngekogpvq"fg"eqpvg¿fqu" rito de um programa está no cumprimento de seus
e estratégias para consolidar melhorias nos serviços qdlgvkxqu" eqo" wo" cfgswcfq" ewuvq/dgpgh ekq0" Pguuc"
de saúde, tomando por base imperativos sociais, po- perspectiva, um avaliador tem a função de sugerir e
n vkequ" g" vfiepkequ0" Pguuc" rgturgevkxc." fi" hwpfcogpvcn" implementar pesquisas capazes de emitir pareceres
c" eqortggpu«q" fc" n„ikec" fq" eqpvgzvq" gurge Þeq" fg" técnicos sobre o processo que envolve uma política
cada auditado, de maneira a nortear a implementação r¿dnkec"*DCT¥GNC[."4224="PQTQPJC."4226+0
das políticas locais, dentro das suas possibilidades e Xgfwpi" *crwf" PQTQPJC." 4226+" ectcevgtk|c" c"
nkokvc› gu"*TGKU."3;;5+0 avaliação como um processo analítico, que pode ser
utilizado no âmbito da administração pública e em
AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS/PROGRAMAS/SERVIÇOS todas as etapas do processo de formulação e imple-
mentação das políticas públicas, compreendendo
Q" ecorq" fc" cxcnkc›«q" cdtkic" eqpegr› gu" fkuvkpvcu0" seus produtos e impactos, bem como viabilizando
Rctc"Fqpcdgfkcp"*3;:6+."c"cxcnkc›«q"eqpuvkvwk"wo"rtq- tghqtownc› gu"pgeguu tkcu"rctc"c"ognjqtkc"pc"vqocfc"
cesso sistemático e objetivo que busca analisar a efeti- fg"fgeku gu0"Q"cwvqt"crqpvc"swg"cu"cp nkugu"a posteriori,
vidade ou o impacto de determinada atividade, a partir ou seja, aquelas que se baseiam apenas nos impac-
de objetivos predeterminados, de maneira a reorien- vqu"fcu"c› gu"iqxgtpcogpvcku"gzkigo"rtqegfkogpvqu"
v /nc"rctc"c"eqpswkuvc"fg"dgpgh ekqu0"L "pc"rgturgevkxc" minuciosos de monitoramento, sistematização e clas-
fg" Xckvuocp." Tqftkiwgu" g" Rcgu/Uqw|c" *4228." r0" 44+." ukÞec›«q"fqu"tguwnvcfqu"fcu"c› gu"korncpvcfcu."rqku"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 152-164, jan./jun. 2008


AUDITORIA E AVALIAÇÃO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 155

é a partir dessas análises que poderão ser previstas Quanto ao propósito de se estabelecer uma di-
ognjqtkcu"hwvwtcu"pguucu"c› gu0"Pguug"ugpvkfq."c"cxc- ferenciação conceitual entre avaliação e auditoria, é
nkc›«q"fi"wvknk|cfc"rctc"Þpu"fg"accountability (responsa- tgngxcpvg"c"cp nkug"fg"Dct|gnc{"*4224+0"Guug"cwvqt"tgu-
bilização), conforme a percepção de Barzelay (2002), salta que é equivocada a terminologia empregada na
l "gzrquvc"cpvgtkqtogpvg0 modalidade auditoria de desempenho, baseando-se
Vedung acrescenta que a responsabilização pode no fato de que ela se enquadra no âmbito da avalia-
ser delegada pelo agente político, cidadão, cliente ou, ›«q"g"p«q"fc"xgtkÞec›«q0"Vgo"eqoq"Þpcnkfcfg"crtg-
ckpfc." rgnq" iguvqt0" Q" cigpvg" rqn vkeq" fi" cswgng" swg." ciar, ajuizar quanto à otimização ou não dos progra-
eleito pelo povo, serve-se da avaliação para defen- ocu"g"rtqeguuqu"rtqfwvkxqu0"Gnc"uqogpvg"rqfgt "ugt"
der as políticas propostas por ele e responsabiliza a conceituada como auditoria quando submetida aos
dwtqetcekc" rgnc" uwc" dqc" qw" o " eqpfw›«q0" Rqt" uwc" rcft gu" rwtcogpvg" dwtqet vkequ." go" swg" c" Ñoqnc/
vez, o cidadão a emprega para responsabilizar seus oguvtcÒ" fi" c" xgtkÞec›«q" crgpcu" fc" eqphqtokfcfg" fc"
cigpvgu"rqn vkequ0"L "q"enkgpvg"hc|"wuq"rctc"eqpÞtoct" c›«q"qw"fq"ugtxk›q0
c"kpvwk›«q"fq"xcnqt"fc"rqn vkec"korngogpvcfc0"G."rqt" Cuuko."qrvqw/ug"rqt"fkueqttgt"uqdtg"q"ugw"ofitkvq"g"
Þo."q"iguvqt"c"wvknk|c"rctc"xgtkÞect"eqoq"c"rqn vkec" xctkc› gu."vtcvcpfq/c"eqoq"fqo pkq"fc"cxcnkc›«q0"Dct-
guv "ugpfq"korngogpvcfc0"Q"cwvqt"cetguegpvc"swg"cu" zelay (2002) sinaliza que o mérito da auditoria de de-
kphqtoc› gu" gzvtc fcu" go" ecfc" hcug" eqpuvkvwgo" wo" sempenho se situa em políticas que conseguem promo-
rtqeguuq" swg" rtqewtc" eqortggpfgt" q" ÑvqfqÒ." p«q" xgt"c"kpvgtxgp›«q"uqekcn"qdlgvkxcfc0"Q"tgurqpu xgn"rgnc"
se limitando aos produtos gerados, mas abrangendo korngogpvc›«q"fguuc"rqn vkec"dwuec"woc"gÞek‒pekc"fg"
swguv gu"eqoq"gÞek‒pekc."gÞe ekc."ghgvkxkfcfg."swcnk- tgewtuqu."c› gu"gÞec|gu"g"rtqfwvqu"p«q"etkuvcnk|cfqu"g"
dade da administração e accountability0 rgtog xgku" u"owfcp›cu"pgeguu tkcu0"Cuuko."guug"ofi-
Os resultados de determinada política social po- rito se sustenta em indicadores como otimização dos
dem ser avaliados através do seu produto ou dos seus rtqeguuqu"fg"geqpqokc<"gnkokpc›«q"fg"fgurgtf ekqu"fg"
korcevqu0"Rctc"Pqtqpjc"*4226+."gzkuvgo"fkÞewnfcfgu" kpuwoqu"*gÞek‒pekc+="c› gu"cfgswcfcu."cfxkpfcu"fc"wvk-
em distinguir o que é produto e o que é impacto gera- nk|c›«q"fguugu"tgewtuqu"*gÞe ekc+="g"vtcpuhqtoc›«q"fg"
fq"rgnc"korngogpvc›«q"fg"fgvgtokpcfc"rqn vkec"uqekcn0" insumos em produtos que gerem impactos positivos
Na concepção de Merhy (2000), produto é o objeti- *ghgvkxkfcfg+0"Guugu"kpfkecfqtgu"u«q"eqpjgekfqu"eqoq"
vo alcançado, enquanto o impacto está relacionado qu"5"GÔu"fc"iguv«q"r¿dnkec"g"uwc"rtgugp›c"ectcevgtk|c"
às mudanças promovidas de maneira efetiva por esse q" dqo" hwpekqpcogpvq" cfokpkuvtcvkxq" *DCT¥GNC[."
qdlgvkxq0"Rqt"gzgornq."woc"rqn vkec"swg"dwuec"xkcdknk- 4224="IQOGU."4224="PQTQPJC."4226+0
zar alguns recursos para implantação de consultas de Cu" xctkc› gu" tghgtgpvgu" " cwfkvqtkc" fg" fgugorg-
pré-natal visa alcançar, como produto, a cobertura do nho, segundo Barzelay (2002), podem relacionar-se
pré-natal e, como impacto, uma diminuição no índice à abrangência da avaliação, ao foco do trabalho, à
fg"oqtvcnkfcfg"ocvgtpc0 modalidade de revisão e à unidade de análise, classi-
Fg"ceqtfq"eqo"Pqtqpjc"*4226+."fi"hwpfcogpvcn" Þecpfq/ug"go<
c" kfgpvkÞec›«q" fqu" hcvqtgu" swg" kpàwgpekco" qu" tg- ̋" cwfkvqtkc"fg"gÞek‒pekc<"cpcnkuc"c"hqtoc"eqoq"q"cw-
sultados, o que depende diretamente dos critérios ditado gerencia seus recursos humanos e materiais,
norteadores da avaliação, do contexto no qual inci- ug"gzkuvg"woc"cuuqekc›«q"rtgxku xgn"gpvtg"gÞek‒pekc"
dirá sua ação, da realidade e dos atores sociais en- e custo mínimo;
xqnxkfqu0" Guugu" etkvfitkqu." rctc" q" cwvqt." igtcnogpvg" ̋" cwfkvqtkc" fg" ghgvkxkfcfg<" gzcokpc" qu" tguwnvcfqu."
estão relacionados à abordagem adotada na avalia- xgtkÞecpfq" q" korcevq" rtqxqecfq" rgnq" rtqfwvq"
›«q<" hqeq" g" tgc" uqd" cp nkug=" kpvtqfw›«q" fg" pqxqu" fg"woc"rqn vkec0"Rtgqewrc/ug"ocku"eqo"cxcnkc› gu"
pontos de vista sobre problemas antigos, como tam- rqpvwcku"fq"swg"eqo"c"rqn vkec"pq"igtcn0"Wvknk|c/
bém sobre novos programas da agenda e as etapas se menos a pesquisa em ciências sociais, quando
pcu"swcku"ug"gpeqpvtco0 comparada com a avaliação de programas;

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 152-164, jan./jun. 2008


156 MARILENE BARROS DE MELO/JENI VAITSMAN

̋" auditoria de capacidade de gerenciamento de vkec." tgrtqfw|kpfq." fg" hqtoc" Þgn." c" guvtwvwtc" dwtq-
fgugo"rgpjq<"cpcnkuc"c"jcdknkfcfg"fq"cwfkvcfq"go" et vkec."cq"rtkxkngikct"c"cfq›«q"fg"pqtocu"g"rcft gu"
igtgpekct"rtqeguuqu"g"rtqitcocu"fg"hqtoc"gÞekgp- guvcdgngekfqu"fg"hqtoc"jkgtctswk|cfc0"Q"ofitkvq."pgu-
te e efetiva, buscando também formular orienta- se tipo de auditoria, relaciona-se apenas ao produto,
› gu"fktgekqpcfcu"c"wo"ognjqt"fgugorgpjq= ugo" eqpukfgtct" q" korcevq" fcu" vtcpuhqtoc› gu" qw"
̋" cxcnkc›«q"fg"tkueq<"ukpcnk|c"cqu"iguvqtgu"g"cqu"hqt- owfcp›cu"rtqxqecfcu"rqt"fgvgtokpcfc"c›«q0
muladores de políticas públicas os problemas que Fg" ceqtfq" eqo" Rkpc" g" Vqttgu" *4223+." q" ofitkvq"
uma determinada política implementada pode ori- go" cwfkvqtkc" vcodfio" ug" uwuvgpvc" pqu" 5" GÔu" fc" igu-
ikpct0"Guuc"cwfkvqtkc"p«q"ug"rqukekqpc."pgeguuctkc- tão pública, mencionados anteriormente, que têm
mente, quanto à efetividade do programa; rcrgn"tgngxcpvg"pq"eqpvgzvq"fc"pqxc"iguv«q"r¿dnkec0"
̋" tgxku«q" igtcn" fg" iguv«q<" xgtkÞec" c" qticpk|c›«q" g" Eqpeqtfcpfq"eqo"Tgku"*3;;5+."Rkpc"g"Vqttgu"*4223+"
p«q"q"rtqitcoc"korncpvcfq0"Cq"dwuect"c"qtkigo" advertem que é essencial a adequação desses indica-
dos problemas ou sucessos, pode ir além das audi- dores aos da realidade da instituição a ser auditada,
vqtkcu"fg"fgugorgpjq"fc"ecrcekfcfg"igtgpekcn0 desde que sejam respeitadas as expectativas de solu-
C"cxcnkc›«q"rqfg"ckpfc"ugt"fgÞpkfc"eqoq"pqtoc- ›«q"rctc"qu"rtqdngocu0"Qu"cwvqtgu"cetguegpvco"swg"
vkxc" qw" hqtocvkxc0" C" pqtocvkxc" *qw" uqocvkxc+" uwu- a priorização dos indicadores de processos2 e de re-
vgpvc/ug"go"eqpegr› gu"eqoq"lw |q"Þpcn."xcnqtc›«q" uwnvcfqu"cornkc"c"cdtcpi‒pekc" fc"cwfkvqtkc0"Pqvg/ug"
e produto, que induzem critérios predeterminados swg"c"tguqnw›«q"p0"9:31;7."fq"Eqpugnjq"Hgfgtcn"fg"
fg"ghgvkxkfcfg"qw"ukipkÞe¤pekc."swcnkfcfg"g"wvknkfcfg0" Eqpvcdknkfcfg"*EHE."3;;7+."guvcdgngeg"swg"guugu"kpfk-
C" hqtocvkxc" eqpuvkvwk" woc" cvkvwfg" kpxguvkicvkxc" swg" cadores devem considerar certos critérios, como, por
rtqewtc"eqpuekgpvk|ct"g"tgàgvkt"uqdtg"fgvgtokpcfc"uk- gzgornq<"c"qdugtx¤pekc"fg"rqn vkecu."rncpqu."rtqegfk-
tuação, com o propósito de melhorar a situação, sub- mentos e leis; a garantia dos objetivos e metas para
sidiando práticas educativas de maneira a adequá-las qrgtc› gu"qw"rtqitcocu="c"rtqvg›«q"fq"cvkxq="q"wuq"
"tgcnkfcfg"*UGUUKQPU."4223+0 geqp»okeq"g"gÞekgpvg"fqu"tgewtuqu="g"c"Þfgfkipkfcfg"
g"kpvgitkfcfg"fc"kphqtoc›«q0
AUDITORIA ndc‚g|"gv"cn0"*4223+"gphcvk|co"swg"vcku"kpfkecfqtgu"
possibilitam um melhor conhecimento das atividades
O campo da auditoria tem apresentado uma diversi- administrativas, dos recursos humanos, cargos e salá-
dade de conceitos e modalidades, variando com os rios, recrutamento, seleção, treinamento e desenvol-
cwvqtgu"g"kpuvkvwk› gu0"Ugw"gortgiq"eqoq"wo"fkurq- xkogpvq"g."ckpfc."fqu"ukuvgocu"fg"kphqtoc›«q0"C"nkok-
sitivo de controle está consolidado na área da econo- tação a um indicador isolado deve-se à pluralidade de
mia, geralmente utilizada em sua vertente contábil- necessidades que envolvem a diversidade do proces-
Þpcpegktc." chgtkpfq" xcnqtgu" fg" ocpgktc" c" eqphgtkt" c" so de trabalho em saúde, o que demanda a utilização
gzkuv‒pekc" fg" htcwfg" qw" tqwdq0" Rqfg." ckpfc." xkpew- de uma série de fatores, entre eles, os que agregam
lar-se aos processos gerenciais, assumindo, além da uwlgkvqu."gurgekcnkfcfgu"g"rtqegfkogpvqu"fkxgtuqu0
hwp›«q" fg" eqpvtqng." cvtcxfiu" fg" cp nkugu." cxcnkc› gu" g" Pc"xku«q"fg"Rkpc"g"Vqttgu"*4223+."cu"oqfcnkfcfgu"
eqortqxc› gu."c"fg"tgqtkgpvc›«q"fcu"c› gu."hwp› gu" de auditoria podem ser caracterizadas a partir do ór-
g1qw"ugtxk›qu"*CVVKG."3;:6="¥WEEJK."3;;4="RKPC=" gão auditor, do objetivo, do alcance, da periodicida-
VQTTGU."4223="OCTSWGU="CNOGKFC."4226+0 fg" g" fq" oqogpvq0" Fgrgpfgpfq" fq" „ti«q" cwfkvqt."
Barzelay (2002) enfatiza que a auditoria consiste ela pode ser dividida em auditoria interna e externa
em uma forma de investigação que tem o intuito de *OCWV¥." 3;:7=" CVVKG." 3;:6=" EHE." 3;;7=" RKPC="
xgtkÞect"q"ewortkogpvq"fg"etkvfitkqu"g"c› gu0"Q"cw- VQTTGU."4223="RGTGU"LóPKQT."4226+0
tor sinaliza que um dos pressupostos que distingue a C" cwfkvqtkc" kpvgtpc" fi" eqortggpfkfc" eqoq" woc"
auditoria tradicional de avaliação de programas é que atividade de controle administrativo, com alto grau
esta tem como principal modelo a máquina burocrá- fg"kpfgrgpf‒pekc."swg"xgtkÞec"q"kpvgtkqt"fg"woc"qt-

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 152-164, jan./jun. 2008


AUDITORIA E AVALIAÇÃO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 157

ganização, com a qual o grupo de auditores – geral- fkec0"Swcpvq"cq"oqogpvq"go"swg"c"cwfkvqtkc"qeqttg."


mente, com formação acadêmica diversa – tem vín- pode acontecer previamente, simultaneamente ou a
ewnq"fktgvq0"Q"cwfkvqt"p«q"fgxg"gzgtegt"qw"gncdqtct" posteriori"*cwfkvqtkc"tgvtqurgevkxc+0"Igtcnogpvg."pq"ug-
as atividades que audita ou mesmo ter uma relação tor público, as auditorias são de caráter contínuo e po-
fg"fgrgpf‒pekc"eqo"cu"oguocu0"Guuc"kpfgrgpf‒pekc" dem analisar, concomitantemente, a parte contábil e o
xkcdknk|c"q"gzgte ekq"fg"uwcu"hwp› gu"fg"ocpgktc"ocku" ewortkogpvq"fc"ngicnkfcfg"*RKPC="VQTTGU."4223+0
livre, objetiva e sem comprometimentos, devendo re- Barzelay (2002) assinala dois casos atípicos de
uwnvct"go"lwnicogpvqu"pgwvtqu"g"korctekcku0"C"ecwvgnc" cwfkvqtkc0" Q" rtkogktq" fi" c" cwfkvqtkc" fg" kphqtoc› gu"
é fundamental, pois o auditor, ao estar subordinado de desempenho, responsável pela veracidade das in-
às necessidades e desejos da alta administração, pode hqtoc› gu" fg" fgugorgpjq" hqtpgekfcu" u" kpuv¤pekcu"
se tornar subserviente à política vigente, comprome- uwrgtkqtgu0" LwuvkÞec" uwc" korqtv¤pekc" gzcokpcpfq" ug"
vgpfq"go"cniwo"itcw"q"rtkpe rkq"fc"kugp›«q0"Nqiq." cu" kphqtoc› gu" eqttgurqpfgo" c" wo" lw |q" fg" xcnqt"
a independência é obtida através da posição que ele chgvcfq"rgnc"ÞnquqÞc"fc"iguv«q0"Guug"vkrq"fg"cwfkvqtkc"
qewrc"g"fc"uwc"qdlgvkxkfcfg0 baseia-se na observação da estrutura e dos procedi-
C" cwfkvqtkc" kpvgtpc." eqoq" rtqeguuq" fg" tgxku«q." mentos de determinado órgão e, a partir daí, são fei-
tem caráter permanente, com o objetivo de assesso- vcu"cniwocu"kphgt‒pekcu0
rar a administração no desempenho efetivo de suas O segundo, a auditoria de revisão da melhor práti-
hwp› gu"g"tgurqpucdknkfcfgu"g"fg"eqpuvkvwkt"wo"eqp- ca de gestão, utiliza métodos de pesquisa em ciência
vtqng"igtgpekcn0"Q"eqpvtqng"kpvgtpq"ug"hc|"cvtcxfiu"fq" uqekcn"rctc"kfgpvkÞect"c"ocpgktc"eqoq"egtvq"vkrq"fg"
gzcog"g"fc"xgtkÞec›«q"swcpvq" "cfgswc›«q"g"gÞe ekc" função apresenta um desempenho excepcional e as
c"wo"ewuvq"tc|q xgn0"Q"cwfkvqt."c"rctvkt"fg"uwcu"cp - tc| gu"fg"ugw"uweguuq0
nkugu."uwigtg"qtkgpvc› gu"rctc"gncdqtc›«q"qw"tghqtow- Q" Vtkdwpcn" fg" Eqpvcu" fc" Wpk«q" Ï" VEW." „ti«q"
nc› gu"pqu"rcft gu"g"tqvkpcu"*OCWV¥."3;:7="CVVKG." Þuecnk|cfqt"swg"cuugiwtc"qu"rtkpe rkqu"fc"gÞek‒pekc."
3;:6=" EHE." 3;;7=" RKPC=" VQTTGU." 4223=" RGTGU" impessoalidade, moralidade e publicidade que regem
LóPKQT."4226+0 a administração pública, divide a auditoria em ope-
C" cwfkvqtkc" gzvgtpc." rqt" uwc" xg|." fi" tgcnk|cfc" rqt" tcvkxc"g"fg"eqphqtokfcfg0"C"rtkogktc"tgncekqpc/ug" "
rtqÞuukqpcku" nkdgtcku." eqorngvcogpvg" kpfgrgpfgpvgu" análise sistemática das atividades, programas, proje-
da organização a ser auditada, diminuindo, dessa for- tos dos sistemas governamentais, órgãos e entidades
ma, a subordinação dos auditores à política vigente na lwtkufkekqpcfcu"cq"Vtkdwpcn."ugpfq"fkxkfkfc"go"cwfk-
organização, o que parece proporcionar uma maior toria de desempenho operacional e de avaliação de
kugp›«q0"Guug"vkrq"fg"cwfkvqtkc"vgo"ect vgt"rgtk„fkeq" rtqitcoc0" C" cwfkvqtkc" fg" fgugorgpjq" qrgtcekqpcn"
*OCWV¥." 3;:7=" CVVKG." 3;:6=" EHE." 3;;7=" RKPC=" rtqewtc"gzcokpct"qu"curgevqu"fc"geqpqokekfcfg."gÞ-
VQTTGU."4223="RGTGU"LóPKQT."4226+0 ek‒pekc"g"gÞe ekc"fc"c›«q"iqxgtpcogpvcn."gpswcpvq"c"
Go"tgnc›«q"cqu"qdlgvkxqu."c"cwfkvqtkc"rqfg"ugt"ec- avaliação de programa examina os resultados, isto é,
tcevgtk|cfc"eqoq"Þpcpegktc"qw"eqpv dkn."xgtkÞecpfq" a efetividade dos programas e projetos governamen-
ug"c"ukvwc›«q"Þpcpegktc"fq"qdlgvq"cpcnkucfq"tgrtgugp- vcku0" L " c" cwfkvqtkc" fg" eqphqtokfcfg" vgo" q" qdlgvkxq"
vc"Þgnogpvg"uwc"tgcnkfcfg"eqpv dkn"g"ug"guv "ctvkewncfc" fg" xgtkÞect" c" qdgfk‒pekc" fg" pqtocu" g" tgiwncogp-
cqu"tguwnvcfqu"fc"iguv«q."cuugiwtcpfq/njg"kfqpgkfcfg0" tos, buscando evitar fraudes e desvios de recursos
Uma outra modalidade, no que diz respeito ao obje- *DTCUKN."4225+0
tivo, é a auditoria de legalidade, que visa analisar o Go" tgnc›«q" " gzgew›«q" fq" vtcdcnjq" fg" cwfkvqtkc."
cumprimento das normas estabelecidas no âmbito do c" Tguqnw›«q" p0" 9:31;7" *EHE." 3;;7+" kpfkec." eqoq"
ugvqt"r¿dnkeq"*RKPC="VQTTGU."4223+0 gvcrcu"fg"woc"cwfkvqtkc<"rncpglcogpvq="xgtkÞec›«q"g"
Fg"ceqtfq"eqo"ugw"cnecpeg."c"cwfkvqtkc"rqfg"ugt" cxcnkc›«q" fcu" kphqtoc› gu" *qdugtxc›«q" fktgvc" g" gp-
rctekcn"qw"eqorngvc0"Eqpukfgtcpfq"uwc"rgtkqfkekfcfg." trevistas); diagnóstico; comunicação dos resultados;
pode ser contínua, de periodicidade anual, ou esporá- kpvgtxgp›«q="g"ceqorcpjcogpvq0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 152-164, jan./jun. 2008


158 MARILENE BARROS DE MELO/JENI VAITSMAN

Guuc"tguqnw›«q"*EHE."3;;7+."cq"rqpvwct"cu"pqt- AUDITORIA EM SAÚDE


mas para esse trabalho, enfatiza a importância dos
requisitos do auditor em um processo de auditoria, C" cwfkvqtkc" pq" ecorq" fc" uc¿fg." pc" rgturgevkxc" fq"
ressaltando princípios como competência quanto a UPC."ugiwpfq"q"tgiwncogpvq"fq"Ukuvgoc"Guvcfwcn"fg"
conhecimentos técnicos e experiência para exercer a Cwfkvqtkc"Cuukuvgpekcn"*OKPCU"IGTCKU."3;;9+."rqfg"
hwp›«q"fg"hqtoc"gÞec|."cnfio"fc"kpfgrgpf‒pekc"g"fq" ugt"encuukÞecfc"swcpvq"cq"vkrq." "ecwuc"fgugpecfgcpvg."
|gnq0"Pq"swg"ug"tghgtg" "kpfgrgpf‒pekc"fq"cwfkvqt." à conseqüência da ação, ao nível realizador e ao objeto
a resolução realça a necessidade de que o exercício fc"c›«q0"Go"tgnc›«q"cq"vkrq."gnc"ug"fkxkfg"go"cpcn vkec"
da função ocorra de forma livre e objetiva, viabili- qw"qrgtcvkxc0"C"cwfkvqtkc"cpcn vkec"eqpuvkvwk/ug"fg"wo"
|cpfq"rctgegtgu"korctekcku0"Gphcvk|c"vcodfio"q"tgu- conjunto de atividades que procuram analisar a for-
peito à hierarquia e às normas do setor auditado, à mulação, a implementação e os resultados de uma po-
não-subordinação aos gestores das áreas auditadas, n vkec."xkucpfq"tgqtkgpv /nc"qw"tghqtown /nc0"Dcugkc/ug"
lembrando sempre o compromisso com a lealdade na análise de dados estatísticos, documentos, laudos,
cq"kpvgtguug"r¿dnkeq0"Tguucnvc."ckpfc."swg"c"eqpfk›«q" rtqeguuqu."tgncv„tkqu."vczcu."gve0."pq"ugpvkfq"fg"xgtkÞ-
primordial para um auditor é a autonomia, que per- ect"q"cvgpfkogpvq" u"pqtocu"g"rcft gu"rtgguvcdgngek-
okvg"c"qdvgp›«q"fg"Ñfcfqu"g"hcvqu"ugo"vgpfgpekquk- fqu"g"tgfktgekqpct"q"oqfgnq"fg"cvgp›«q" "uc¿fg0"Gnc"
dade” e evita a subserviência administrativa ou po- é realizada como componente básico para preparação
lítica, que poderia comprometer o grau de isenção das auditorias operativas ou ainda na análise das si-
g" fg" qdlgvkxkfcfg0" Rqt" Þo." cetguegpvc" cniwocu" ec- vwc› gu"qdugtxcfcu"pc"cwfkvqtkc"qrgtcekqpcn"*OKPCU"
racterísticas obrigatórias ao auditor, como equilíbrio IGTCKU."3;;9="LWJéU."4224+0
pessoal, cautela e imparcialidade, responsabilidade e C"cwfkvqtkc"fg"pcvwtg|c"qrgtcekqpcn"fi"c"xgtkÞec›«q"
zelo pela documentação, sigilo e a não-utilização das in loco" fcu" cvkxkfcfgu." rtqegfkogpvqu" g" eqpfk› gu"
kphqtoc› gu"rctc"dgpgh ekq"rt„rtkq0 guvtwvwtcku0" Eqpukuvg" go" cvkxkfcfgu" fg" eqpvtqng" fcu"
Vcpvq" c" tguqnw›«q" *EHE." 3;;7+" eqoq" Rkpc" g" c› gu."eqo"gzcog"fktgvq"fqu"hcvqu"g"ukvwc› gu."cvtcxfiu"
Vqttgu"*4223+"ucnkgpvco"q"gzvtgoq"xcnqt"fq"tgncv„- de ensaios, medição, observação e outras técnicas,
tkq"fg"wo"rtqeguuq"fg"cwfkvqtkc"g"q"fgÞpgo"eqoq" eqo"q"qdlgvkxq"fg"ukuvgocvk|ct"rtqegfkogpvqu0"Guug"
um documento que apresenta o resultado dos tra- gzcog" dwuec" eqpÞtoct" qw" p«q" q" cvgpfkogpvq" u"
balhos, devendo ser redigido com objetividade e normas e leis, bem como adequação, conformidade,
korctekcnkfcfg."gzrtguucpfq"eqpenwu gu."tgeqogp- gÞek‒pekc" g" gÞe ekc" fq" rtqeguuq" fg" vtcdcnjq" go"
fc› gu" g" rtqxkf‒pekcu" c" ugtgo" vqocfcu" rgnc" cf- saúde, além dos seus outros dispositivos de controle
okpkuvtc›«q"fc"gpvkfcfg0"Guug"tgncv„tkq"fgxg"guvct" existentes – avaliação, controle interno e externo e
uwuvgpvcfq"go"gxkf‒pekcu"Þfgfkipcu."rgtvkpgpvgu"g" tgiwnc›«q" Ï." uwigtkpfq" uqnw› gu" cnvgtpcvkxcu" rctc" c"
¿vgku"rctc"cuugiwtct"qtkgpvc› gu"tgngxcpvgu"cq"cwfk- ognjqtkc"fq"fgugorgpjq"qrgtcekqpcn0"C"uwc"xgtvgpvg"
vcfq0"Cu"gxkf‒pekcu"rqfgo"ug"encuukÞect"go"h ukecu" vtcfkekqpcn" ug" cvfio" " Þuecnk|c›«q" fqu" tguwnvcfqu"
g" fqewogpvcku0" C" gxkf‒pekc" h ukec" ug" qdvfio" rgnc" *OKPCU" IGTCKU." 3;;9=" ECNGOCP" gv" cn0." 3;;:="
comprovação de objetos ou fatos que expressem a DTCUKN."3;;:="LWJéU."4224+0
tgcnkfcfg."eqoq"cvkxqu"g"rcuukxqu"Þpcpegktqu."gswk- Quanto à causa desencadeante, uma auditoria pode
rcogpvqu." guvqswgu." ko„xgku." kpuvcnc› gu." o„xgku." ugt"rtqitcocfc"qw"gurgekcn0"C"cwfkvqtkc"rtqitcocfc""
tgewtuqu" jwocpqu." xg ewnqu" swg" eqor go" q" qd- é um procedimento de rotina, tem uma programa-
lgvq"cwfkvcfq0"C"gxkf‒pekc"fqewogpvcn"ug"eqpuvkvwk" ›«q"guvcdgngekfc"g"crtqxcfc0"C"gurgekcn."igtcnogpvg."
a partir de cartas, contratos, memorandos, notas acontece de forma súbita, a partir de denúncias por
Þuecku." tgekdqu." tgikuvtqu." tgncv„tkqu." gve0" Swcnswgt" parte da imprensa, de outros órgãos ou de pessoas
gxkf‒pekc"fgxg"ugt"fqewogpvcfc"cvtcxfiu"fg"Ñcoqu- *OKPCU"IGTCKU."3;;9+0
tras reais e/ou termo de inspeção”, assinados pe- Uma auditoria relacionada à conseqüência da ação
nqu"cwfkvqtgu"g"cwfkvcfqu0 pode ser preventiva, cujo objetivo é preservar o bom

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 152-164, jan./jun. 2008


AUDITORIA E AVALIAÇÃO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 159

funcionamento de determinada política ou órgão, evi- kpuvkvwk›«q0"Vqfqu"guugu"tgswkukvqu"v‒o"rqt"Þpcnkfcfg"


tando violação de normas através de esclarecimento xkcdknk|ct" c" cwvqpqokc" rtqÞuukqpcn" rctc" gzgew›«q" fq"
e orientação, ou punitiva, que tem a função de punir rtqeguuq"fg"cwfkvqtkc0"Go"¿nvkoc"kpuv¤pekc."wo"cwfkvqt"
c"vtcpuitguu«q"fcu"pqtocu"*OKPCU"IGTCKU."3;;9+0 deve estar apto a formular e implementar normas, pro-
Go" tgnc›«q" cq" p xgn" tgcnk|cfqt." woc" cwfkvqtkc" cedimentos e técnicas para o desempenho da auditoria,
pode se constituir a partir do nível central de gestão assumindo uma posição de independência e imparcia-
ou do regional; pode originar-se, ainda, de uma au- nkfcfg0"Fg"ceqtfq"eqo"Iwkfq"Qu„tkq"gv"cn0"*4224+."j ."
ditoria analítica especial ou programada, no âmbito pguug"curgevq."c"pgeguukfcfg"fg"rtqÞuukqpcku"ecrcekvc-
central, ou de uma operativa especial ou programa- fqu"g"hqtocfqu"pc" tgc"fg"cwfkvqtkc0
fc."pc"guhgtc"tgikqpcn0"Pqu"ugtxk›qu."dwuec"cpcnkuct"qu" Um processo de auditoria, no campo da saúde,
procedimentos das unidades prestadoras de serviços vgo"ekpeq"gvcrcu"d ukecu<"rncpkÞec›«q"fqu"qdlgvkxqu"
cuukuvgpekcku0"Pqu"ukuvgocu"fg"uc¿fg."vgo"c"Þpcnkfcfg" – depende do alcance que se pretende, delineando-se
fg"xgtkÞect"qu"curgevqu"cuukuvgpekcku"g"igtgpekcku"fqu" as atividades, os recursos necessários e áreas críticas;
oguoqu"*OKPCU"IGTCKU."3;;9+0 exame e avaliação da informação; apresentação dos
Independente de suas diversas modalidades, a resultados; divulgação desses resultados; e adoção de
auditoria envolve um processo sistemático, crítico e c› gu"rctc"c"ognjqtkc"fq"ugtxk›q0"Q"eqplwpvq"fguucu"
eqpv pwq."swg"cpcnkuc"cu"c› gu"g"fgeku gu"fg"rguuqcu" etapas baseia-se em processos já efetivados e reco-
g"kpuvkvwk› gu"swg"rtguvco"ugtxk›qu"pc" tgc"fg"uc¿fg." nhecidos; em dados epidemiológicos que orientem
visando a otimização da gestão administrativa, atra- q"rncpglcogpvq"gurge Þeq"fg"ecfc"ugtxk›q="g"go"wo"
xfiu"fc"xgtkÞec›«q"g"eqpvtqng"fqu"rtqeguuqu"g"tguwnvc- processo de avaliação estruturado para atingir as di-
fqu0"Gnc"vgo"rqt"qdlgvkxq"cuugiwtct"ockqt"dgpgh ekq." ogpu gu"uqekcn"g"vfiepkec."fg"oqfq"swg"c"vtcpuhqtoc-
ogpqt"tkueq"g"ockqt"gÞek‒pekc"rquu xgn0"Xkuc."ckpfc." ›«q"fc"iguv«q"r¿dnkec"ceqpvg›c"c"ugtxk›q"fq"ekfcf«q0"
xgtkÞect"ug"qu"dgpgh ekqu"guv«q"fg"ceqtfq"eqo"cu"fku- C"fkogpu«q"uqekcn"fg"woc"cwfkvqtkc"fi"cvtcxguucfc"vcp-
rquk› gu"rncpglcfcu."pqtocu"g"ngikunc› gu"xkigpvgu0 to por valores construídos socialmente, quanto pela
C"cwfkvqtkc"fgxg"dcugct/ug"go"rtkpe rkqu"fivkequ"d - subjetividade, não só de quem avalia, mas também de
ukequ."eqoq"cwvqpqokc."dgpgÞe‒pekc"g"lwuvk›c."ugpfq" swgo"fi"cxcnkcfq0"Guuc"rgewnkctkfcfg"fgocpfc"c"kpeqt-
necessário, para isso, maior proximidade quanto à rea- poração das perspectivas dos atores sociais envolvi-
nkfcfg"c"ugt"cwfkvcfc0"Q"tgurgkvq"c"guuc"tgcnkfcfg"fi"hwp- fqu"g"wo"ofivqfq"fg"cp nkug"swcnkvcvkxc0"C"korqtv¤p-
damental para que se possa ampliar o grau de adequa- cia dessa abordagem liga-se diretamente ao objetivo
ção do programa proposto e reverter a verticalidade fc"cwfkvqtkc"swg"fi"c"swcnkfcfg"*IWKFQ"QUðTKQ"gv"
do modelo clínico-assistencial prevalecente, favorecen- cn0."4224+0
fq"c"cfq›«q"fg"c› gu"eqngvkxcu"g"rtgxgpvkxcu."cnfio"fg" C"cfq›«q"fg"cniwocu"rtgttqicvkxcu"ug"hc|"pgeguu -
contribuir na divulgação e legitimação das atividades, ria para o norteamento da auditoria, nas suas diversas
eventos e serviços desenvolvidos no campo da saúde e etapas, como a revisão por pares e a melhoria dos
ugtxkt"fg"hcvqt"citgicfqt" "cwvqpqokc"nqecn"*TQFTK- seus instrumentos, a estruturação e operacionaliza-
IWGU"gv"cn0."3;::="OGLìC."4223="IWKFQ"QUðTKQ" ção de protocolos que orientem as práticas e o en-
gv"cn0."4224="UKNXC="HKUEJGT."4226+0 hqswg"pc"Ñvtkcpiwnc›«qÒ."eqo"c"kpugt›«q"g"kpvgitc›«q"
Fg"ceqtfq"eqo"q"Ocpwcn"fg"Pqtocu"fg"Cwfkvqtkc." das diversas teorias, métodos, procedimentos de co-
do Ministério da Saúde, de 1998, entre os requisitos ngvc"g"cp nkug"fqu"fcfqu"*ECOCEJQ="TWDKP."3;;8="
necessários a um auditor, destaca-se a não-atuação JCTV¥="ECOCEJQ."3;;8+0
rtqÞuukqpcn"pcu"cvkxkfcfgu"swg"gng"kt "cwfkvct."eqo"q"
qdlgvkxq"fg"rtgugtxct"c"fivkec0"Gzkig/ug."kiwcnogpvg."cikt" AVALIAÇÃO, AUDITORIA E SNA: ALGUMAS REFLEXÕES
com cautela, discrição, sigilo e zelo; manter-se atuali-
|cfq" vgepkecogpvg=" vgt" q" crqkq" g" c" eqpÞcp›c" kpfkxk- C"rctvkt"fqu"cwvqtgu"guvwfcfqu."hqk"rquu xgn"kfgpvkÞ-
dual dos coordenadores do serviço, dos usuários e da car e compreender a complexidade das duas ferra-

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 152-164, jan./jun. 2008


160 MARILENE BARROS DE MELO/JENI VAITSMAN

ogpvcu" vtcdcnjcfcu<" qu" rtqeguuqu" fg" cxcnkc›«q" g" fg" g." go" egtvcu" ukvwc› gu." kpekrkgpvg." vgo" ukfq" cfqvcfq"
cwfkvqtkc"pq"ecorq"fc"uc¿fg0"Eqoq"l "ogpekqpcfq." em diversos sentidos, ampliando-o a uma concepção
esses termos, às vezes, têm sido empregados de uma fg" cp nkug" g" xgtkÞec›«q" fg" ugtxk›q" qw" rtqitcoc" qw"
maneira inadequada, devido, principalmente, ao seu reduzindo a sua acepção a uma análise de aspectos
wuq"tgegpvg0 Þpcpegktqu0" Cvwcnogpvg." q" ecorq" fc" cwfkvqtkc" vgo"
No campo da economia, eles já apresentam uma assumido, além da análise técnica em saúde, a função
diferenciação mais consolidada, sendo que a avalia- fg"tgqtkgpvc›«q"pqu"rtqeguuqu"igtgpekcku"*¥CPQP."
ção, tanto nesse campo como nas políticas sociais, 4223=" LWJéU." 4224=" ECOCEJQ=" TWDKP." 3;;8="
tem buscado, através de pesquisa, descrever as fases JCTV¥=" ECOCEJQ." 3;;8=" FKCU" FC" EQUVC."
de formulação e implementação de um programa 3;;:="FKCU"FC"EQUVC"gv"cn0."4222="RKPC="VQT-
ou política, até os impactos provocados por eles, TGU."4223="DCT¥GNC[."4224="IQOGU."4224+0
de modo a emitir pareceres técnicos sobre todo o Crguct"fg"woc"kpuvkvwekqpcnk|c›«q"ocku"fgoctecfc"
rtqeguuq0"L "c"cwfkvqtkc."go"uwc"xgtvgpvg"vtcfkekqpcn." pq"ecorq"fc"uc¿fg."ugiwpfq"Cmgtocp"g"Pcfcpqxum{"
ugiwpfq" Rkpc" g" Vqttgu" *4223+." xgtkÞec" fgvgtokpcfq" (1992), a avaliação ainda apresenta uma tendência tra-
programa ou política, procurando discrepâncias entre fkekqpcn"fg"cpcnkuct"crgpcu"c"swcnkfcfg"fc"ÑewtcÒ0"Gu-
cu"pqtocu"g"rtqegfkogpvqu"fq"cwfkvcfq0"Pc"uwc"xgt- ses autores realçam a importância de se abranger todo
tente operativa ou de desempenho, a auditoria utiliza o processo da assistência e salientam que a avaliação
c"kpurg›«q"rctc"xgtkÞect"qu"curgevqu"fqu"rtqitcocu" p«q"ug"tgfw|"c"wo"Þo"go"uk"oguoc."cdtcpigpfq"wo"
qw" rqn vkecu" qw." ckpfc." fcu" qticpk|c› gu" gpxqnxkfcu." rtqeguuq"swg"eqttgurqpfg" u"uwcu"hwp› gu"geqp»ok-
de modo a responsabilizar os auditados pelo impacto ec."uqekcn"g"rqn vkec0"Uwc"eqorngzkfcfg"gzkig"enctg|c"g"
rqukvkxq"qw"pgicvkxq0"Guvc"fi"c"xgtvgpvg"swg"ug"crtqzk- sistematização, com critérios estabelecidos a partir da
oc"fq"qdlgvkxq"fq"UPC0 fgÞpk›«q"rtfixkc"fcu"fgocpfcu"uqekcku."fg"ocpgktc"c"
C"swcnkfcfg"fqu"tgikuvtqu"gzkuvgpvgu"pqu"rtqitc- se legitimar como um movimento de transformação
mas ou serviços de saúde é um importante referencial que, além dos resultados efetivos, busque contemplar
tanto para a avaliação como para a auditoria, poden- q"ceguuq"g"c"gs¯kfcfg"pq"ewkfcfq" "uc¿fg0
fq"kpàwgpekct"cu"kphqtoc› gu"igtcfcu"c"rctvkt"fg"wo" Cu" kphqtoc› gu" igtcfcu" rqt" woc" cwfkvqtkc" rqu-
processo de avaliação ou de auditoria e, em algumas sibilitam o redirecionamento das políticas e objeti-
ukvwc› gu."c"swcnkfcfg"fqu"tgikuvtqu"fkurqp xgku"rqfg" xqu"g."eqpugs¯gpvgogpvg."fcu"cvkxkfcfgu"g"c› gu"fqu"
ser proporcional à qualidade do programa ou servi- ugtxk›qu" fg" uc¿fg0" C" cwfkvqtkc" fi" woc" qrqtvwpkfcfg"
›q0"Guucu"fwcu"hgttcogpvcu"ukvwco"c"cdqtfcigo"fq" permanente de negociação e, ao envolver aspectos
seu objeto tanto no processo como no produto, além organizacionais e políticos relacionados, reorienta o
de se constituírem como ferramentas para a credibi- desenvolvimento do processo de trabalho em saúde
nkfcfg"fg"wo"Guvcfq"fgoqet vkeq."rqku"c"rctvkt"fg- *ECOCEJQ=" TWDKP." 3;;8=" FKCU" FC" EQUVC."
ncu"fi"rquu xgn"dwuect"gÞek‒pekc."gÞe ekc."ghgvkxkfcfg." 3;;:="FKCU"FC"EQUVC"gv"cn0."4222+0
transparência e requisitos para a responsabilização Gpvgpfgpfq"c"uc¿fg"eqoq"wo"rtqeguuq."qu"ofi-
(accountability) no que se refere ao modelo políti- vqfqu" wvknk|cfqu" rctc" cxcnkct." kpurgekqpct" g" xgtkÞect"
eq" g" fg" iguv«q" xkigpvgu" *CVVKG." 3;:6=" ¥WEEJK." programas ou serviços de saúde também apresentam
3;;4=" RKPC=" VQTTGU." 4223=" DCT¥GNC[." 4224=" um caráter dinâmico, não podendo ser baseados em
IQOGU."4224="PQTQPJC."4226+0 oqfgnqu"t ikfqu0"Woc"cwfkvqtkc"rqfg"ugt"ukownv¤pgc"
Nos serviços de saúde, a avaliação tem sua utili- ou retrospectiva a um processo de avaliação e, geral-
zação mais consolidada, constituindo-se como ins- ogpvg."eqorngogpvc"swguv gu"ngxcpvcfcu"c"rctvkt"fg"
trumento para aperfeiçoamento dos programas e woc"cxcnkc›«q0"Wo"rctgegt"gokvkfq"rqt"woc"cxcnkc-
serviços em saúde, permitindo compreender seu fun- ção, normalmente, demanda uma auditoria, que deve-
ekqpcogpvq" g" uwigtkpfq" owfcp›cu" pgeguu tkcu0" Rqt" t "xgtkÞect"c"Þfgfkipkfcfg"fguug"rctgegt."rtqrqpfq"c"
sua vez, o emprego da auditoria, além de ser recente korngogpvc›«q"fg"pqxcu"c› gu"qw"q"tgfktgekqpcogp-

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 152-164, jan./jun. 2008


AUDITORIA E AVALIAÇÃO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 161

to das existentes, exigindo nova avaliação e posterior tencial ou clínica se traduz como um processo que
xgtkÞec›«q"fc"ghgvkxkfcfg"fcu"ogfkfcu"cfqvcfcu0 xkuc"xgtkÞect"g"ictcpvkt"c"swcnkfcfg"fq"cvgpfkogpvq."
C"tgiwncogpvc›«q"fc"cwfkvqtkc"go"uc¿fg"c"rctvkt" fgÞpkpfq."eqoq"tgurqpucdknkfcfg"fq"owpke rkq"g"fq"
fq"UPC."fg"egtvc"ocpgktc."vgo"dwuecfq"hqtvcngegt"q" Fkuvtkvq"Hgfgtcn."c"cwfkvqtkc"fg"vqfcu"cu"c› gu"g"ugt-
processo de implantação do SUS, além de assumir a viços de saúde, públicos ou privados, sob a gestão
função de proporcionar a consolidação do SUS como fguugu0"Cq"Guvcfq"eqorgvg"ceqorcpjct"c"eqpuvkvwk-
rqn vkec"fg"Guvcfq0"Tgcn›c/ug."cuuko."q"ugw"rcrgn"uqekcn" ção dos serviços de auditoria pelos municípios, além
cq"eqpvtqnct"cu"c› gu"g"ugtxk›qu"fg"uc¿fg"g"kfgpvkÞ- fg"eqpvtkdwkt"rctc"c"swcnkÞec›«q"fqu"nqecnk|cfqu"pq"
car as causas da não-resolução das necessidades e dos vgttkv„tkq" kpvgtowpkekrcn" g" xkpewncfqu" cq" UWU0" Fg"
problemas dessa política, de maneira a preveni-los ou acordo com o pacto, o processo de auditoria deverá
uwigtkt" vtcpuhqtoc› gu" pgeguu tkcu0" Qdugtxc/ug" swg" guvct"ctvkewncfq"eqo"cu"c› gu"fg"cxcnkc›«q."eqpvtqng"g"
c"cwfkvqtkc"go"uc¿fg."pq"UPC."vgo"rtqewtcfq"woc" tgiwnc›«q"cuukuvgpekcn0"Go"tgnc›«q" "Wpk«q."fi"fg"uwc"
estruturação e operacionalização baseadas em prá- responsabilidade seguir a constituição dos serviços
vkecu" fg" pcvwtg|c" kpvgtfkuekrnkpct." ownvkrtqÞuukqpcn." de auditoria, dos prestadores de serviços vinculados
kpvgtkpuvkvwekqpcn"g"kpvgtugvqtkcn0 cq"UWU."pqu"Guvcfqu."Fkuvtkvq"Hgfgtcn"g"owpke rkqu="
C"korqtv¤pekc"fguucu"fwcu"hgttcogpvcu"rctc"q"UWU" eqncdqtct"rctc"c"swcnkÞec›«q"fqu"rtqeguuqu"fg"cwfk-
Þec"gzrnkekvcfc"pq"pqxq"qticpqitcoc"fq"Okpkuvfitkq" vqtkc" fqu" oguoqu=" cnfio" fg" xgtkÞect" qu" ukuvgocu" fg"
fc"Uc¿fg."guvcdgngekfq"rgnq"Fgetgvq"p0"70;96."fg"4228" uc¿fg"guvcfwcku."fq"Fkuvtkvq"Hgfgtcn"g"owpke rkqu0"Q"
*DTCUKN." 4228c+." cq" rqukekqp /ncu" go" uwc" guvtwvw- Rtqitcoc"Ocku"Uc¿fg"*DTCUKN."422:+."gpvtg"cu"og-
ra, a despeito da dicotomização dos departamentos, fkfcu"rtqrquvcu"go"ugw"Gkzq"7."cq"xkuct"c"SwcnkÞec-
que as utilizam como instrumentos de trabalho, em ›«q"fc"Iguv«q."rtqr g"q"hqtvcngekogpvq"fq"Ukuvgoc"
ugetgvctkcu" fkuvkpvcu0" Q" Fgrctvcogpvq" Pcekqpcn" fg" Pcekqpcn"fg"Cwfkvqtkc"fq"UWU"g"korngogpvc›«q"fq"
Cwfkvqtkc"fq"UWU"Þeqw"nkicfq" "Ugetgvctkc"fg"Iguv«q" eqorqpgpvg"owpkekrcn"fq"UPC0
Guvtcvfiikec" g" Rctvkekrcvkxc0" Q" ctv0" 52" fguug" fgetgvq"
guvcdgngeg"eqoq"hwp›«q"fguug"fgrctvcogpvq"c"xgtkÞ- CONSIDERAÇÕES FINAIS
cação, a adequação, a resolubilidade e a qualidade dos
procedimentos e serviços de saúde disponibilizados Go"u pvgug."woc"cxcnkc›«q"vgo"eqoq"qdlgvkxq"eqo-
"rqrwnc›«q0" preender e descrever o programa ou o serviço de
L "cu"qwvtcu"hgttcogpvcu"wvknk|cfcu"rctc"c"ognjqtkc" saúde, estabelecendo uma concepção valorativa, en-
da gestão – avaliação, controle e regulação – foram quanto a auditoria tem como objetivo inspecionar a
tgwpkfcu" pq" fgrctvcogpvq" fg" Tgiwnc›«q." Cxcnkc›«q" conformidade desse programa ou serviço de saúde às
e Controle de Sistemas, pertencente à Secretaria de normas vigentes, buscando melhorar a qualidade de
Cvgp›«q" " Uc¿fg" Ï" UCU0" Cu" hwp› gu" fguug" fgrctvc- uwcu"c› gu"g"cfgsw /ncu" u"fgocpfcu"g"pgeguukfcfgu"
ogpvq."cuukpcncfcu"pq"ctv0"38"fq"fgetgvq."eqortggp- fc"eqngvkxkfcfg0"Vcpvq"c"cwfkvqtkc"eqoq"c"cxcnkc›«q."
fgo"cu"c› gu"fg"ceqorcpjct."cxcnkct"g"eqqtfgpct."go" no campo da saúde, podem ser entendidas como
âmbito nacional, as atividades das unidades assisten- c› gu" uqekcku." ugpfq" swg" ugwu" tgncv„tkqu" qw" rctgeg-
ekcku"fq"Okpkuvfitkq0"Guuc"fkuvkp›«q"go"fwcu"ugetgvctkcu" res advêm da interpretação que se dá aos objetos
rqfg" fkÞewnvct" c" crtqzkoc›«q" g" eqorngogpvctkfcfg" auditados e avaliados; são ferramentas que buscam
fcu" c› gu" fguugu" fgrctvcogpvqu." swg" rqfgtkco" guvct" fornecer subsídios para a gestão no campo da saúde,
kpvgitcpfq"swcnswgt"woc"fcu"ugetgvctkcu"guvcdgngekfcu0" qdlgvkxcpfq"uwc"ognjqtkc0"Q"hqtocvq"g"c"gzvgpu«q"fg"
Q"Rcevq"rgnc"Uc¿fg"*DTCUKN."4228d+"tgeqpjgeg" um processo de auditoria relacionam-se à efetividade
swg" q" Þpcpekcogpvq" rqfg" ugt" ictcpvkfq" rgnq" uqd/ e à resolubilidade dos outros dispositivos de controle
bloco Regulação, controle, avaliação e auditoria, gzkuvgpvgu"go"fgvgtokpcfc"kpuvkvwk›«q0"Fguuc"ocpgk-
entendido como um dos instrumentos para forta- ra, entende-se que as atividades de auditoria, além de
ngekogpvq"fc"iguv«q0"Ukpcnk|c"swg"c"Cwfkvqtkc"Cuuku- eqpvtqnct."Þuecnk|ct."xgtkÞect"g"qtkgpvct"cu"cvkxkfcfgu"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 152-164, jan./jun. 2008


162 MARILENE BARROS DE MELO/JENI VAITSMAN

qrgtcekqpcku." rqfgo" kpenwkt" c› gu" fg" qwvtcu" hgttc- vidade e não somente o cumprimento formal do apa-
mentas que buscam dar suporte para as necessárias tcvq"guvcvcn"g"c"tgcÞtoc›«q"fq"rqfgt"fq"Guvcfq0"Cpvgu"
ognjqtkcu"rqn vkecu"g"kpuvkvwekqpcku0 fg"eqpvtqnct"q"UWU."q"UPC"fgxg"iqxgtpct"c"uk"oguoq."
No âmbito das práticas sustentadas em princípios através de instrumentos que proporcionam subsídios
burocráticos e da nova gestão pública, a auditoria é para uma permanente construção/reconstrução des-
rtqfwvq"fcu"c› gu"fq"UPC"g."cq"oguoq"vgorq."tg- ucu"kpuvkvwk› gu0"Rctc"vtcpuhqtoct"cu"rt vkecu"fg"uc¿fg."
rgtewvg"pguucu"c› gu0"Pguug"ugpvkfq."guug"fkurqukvkxq" o campo da auditoria deve construir e demarcar a sua
vgo"eqoq"uwrqtvg"woc"tgfg"eqorquvc"rqt"fgeku gu" identidade nos vários espaços – da área de saúde e
tgiwncogpvctgu."kpuvkvwk› gu."ngku."ogfkfcu"cfokpkuvtc- acadêmicos –, tornando-os loci privilegiados para essa
vkxcu" g" qticpk|c› gu" ctswkvgv»pkecu0" J ." vcodfio." q" eqpuvtw›«q0"Guuc"kfgpvkfcfg"xktkc"hceknkvct"q"ugw"tgeq-
compromisso social de garantir o interesse da coleti- pjgekogpvq"rgnq"Guvcfq"g"rgnc"uqekgfcfg0

Notas cp nkug" fcu" rqn vkecu" r¿dnkecu" fgxg" eqpukfgtct" vt‒u" gvcrcu<"
a análise da estrutura de execução, o processo de execução
30" Qw"uglc<"Ñqdtkic›«q"fg"tgurqpfgt"rqt"woc"tgurqpucdknkfc- g"qu"tguwnvcfqu0"Cuuko."guugu"cwvqtgu"rtqewtco"fkuvkpiwkt"c"
fg"qwvqticfcÒ"Ï"q"swg"rtguuwr g"c"gzkuv‒pekc"fg."rgnq"ogpqu." Ñguvtwvwtc" fg" gzgew›«qÒ" fq" Ñrtqeguuq" fg" gzgew›«qÒ." cuuk-
fwcu"rctvgu<"Ñwoc"swg"fgngic"c"tgurqpucdknkfcfg"g"qwvtc"swg"c" nalando que o processo de execução envolve a teoria ou a
aceita, com o compromisso de prestar contas da forma como prescrição, isto é, corresponde ao desenho do campo social,
wuqw"guvc"tgurqpucdknkfcfgÒ"*DCT¥GNC[."4224."r0"52+0 enquanto a estrutura de execução expressa a realidade dos
40" Cniwpu"cwvqtgu."eqoq"Oc{pv|"*crwf"OGP[=""VJQGPKI, fenômenos em seu aspecto concreto; é a execução efetiva
3;;4." r0" 393+." ukpcnk|co" swg" q" ukuvgoc" fg" c›«q" rctc" woc" pq"egp tkq"uqekcn0"

Referências Bibliográficas ecfcu"fq"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg"g"f "qwvtcu"rtqxkf‒pekcu0"Dtcu nkc."


FH<"Rtgukf‒pekc"fc"Tgr¿dnkec."4228c0"Fkurqp xgn"go<">yyy0
CMGTOCP." O0=" PCFCPQXUM[." R0" Gxcnwcvkqp" qh " jgcnvj" rncpcnvq0iqx0dt1eekxkn1aCvq4226/4228142281Fgetgvq1F7;96@0"
ugtxkegu<"yjcv"vq"gxcnwcvgA"Cad. Saúde Pública."Tkq"fg"Lcpgktq." Ceguuq"go<"42"fg|0"4228c0
Hkqetw|."x0":."p0"6."r0"583/587."qwv01fg|0"3;;40
______0"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg0"Rqtvctkc"p0"5;;"fg"44"fg"hgxgtgktq"
CVVKG."Y0"Eqpvtqng"kpvgtpq0"Kp< Auditoria< conceitos e aplica- fg"42280"Fkxwnic"q"Rcevq"rgnc"Uc¿fg"4228"Ï"Eqpuqnkfc›«q"fq"
› gu0"40"gf0"U«q"Rcwnq<"Cvncu0"3;:60"ecr0"90"r0"82/8:0 UWU" g" crtqxc" cu" Fktgvtk|gu" Qrgtcekqpcku" fq" tghgtkfq" Rcevq0"
Dtcu nkc."FH<"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg."4228d0
C¥GXGFQ."C0E0="MQT[ECP."V0N0"Transformar las organizaciones
de salud por la calidad< iw c"rctc"gn"n fgt"go"gn"rtqeguq"fg"ecodkq0" ______0"Vtkdwpcn"fg"Eqpvcu"fc"Wpk«q0"Boletim Interno Especial:
tgikogpvq" kpvgtpq" fq" Vtkdwpcn" fg" Eqpvcu" fc" Wpk«q0" Dtcu nkc."
Ucpvkciq<"Rctpcuucj."3;;;0"
FH." 42250" Fkurqp xgn" go<" >jvvr<11yyy0vew0iqx0dt@0" Ceguuq"
go<"4"hgx0"42270
DCT¥GNC[."O0"Kpuvkvwk› gu"egpvtcku"fg"cwfkvqtkc"g"cwfkvqtkc"
fg" fgugorgpjq<" woc" cp nkug" eqorctcvkxc" fcu" guvtcvfiikcu"
______0"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg0"Norma Operacional da Assistência
qticpk|cekqpcku" pc" QEFG0" Revista do Serviço Público, ano 53,
à Saúde 01/2002"/"PQCU/UWU"231240"Dtcu nkc."FH<"Okpkuvfitkq"
p0"4."r0"7/57."cdt01lwp0"42240
fc"Uc¿fg."42240
DTCUKN0"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg0"Programa Mais Saúde"Ï"Fktgkvq"fg"
______0"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg0"Ngk"p0";0;83."fg"4:"fg"lcpgktq"fg"
Vqfqu0"Dtcu nkc."FH."422:0"Fkurqp xgn"go<">jvvr<11dxuou0ucwfg0
42220"Etkc"c"Ci‒pekc"Pcekqpcn"fg"Uc¿fg"Uwrngogpvct"Ï"CPU"g"f "
iqx0dt1dxu1rceucwfg1@0"Ceguuq"go<"44"hgx0"422:0
qwvtcu"rtqxkf‒pekcu0"Dtcu nkc."FH."4222c0"Fkurqp xgn"go<">jvrr<11
yyy0cpu0iqx0dt1Ngk;;830jvo@0"Ceguuq"go<"3;"lwp0"42260
aaaaaa0"Rtgukf‒pekc"fc"Tgr¿dnkec0"Fgetgvq"p0"70;96."fg"4;"fg"
pqxgodtq"fg"42280"Crtqxc"c"guvtwvwtc"tgikogpvcn"g"q"swcftq" ______0"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg0"Fgetgvq"p0"506;8."fg"3"fg"lwpjq"
fgoqpuvtcvkxq"fqu"ectiqu"go"eqokuu«q"g"fcu"hwp› gu"itcvkÞ- fg"42220"Fkur g"uqdtg"c"eqorgv‒pekc"fq"Fgpcuwu0"Dtcu nkc."FH."

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 152-164, jan./jun. 2008


AUDITORIA E AVALIAÇÃO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 163

4222d0"Fkurqp xgn"go<">jvrr<11yyyv0hwpcuc0iqx0dt1Fgetgvq" Tkq"Itcpfg"fq"Uwn."Dtcukn0"Cad. Saúde Pública,"Tkq"fg"Lcpgktq."


56;80jvo@0"Ceguuq"go<"3;"lwp0"42260 Hkqetw|."x0"36."p0"3."r0"65/6;."lcp01oct0"3;;:0

______0"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg0"Manual de Auditoria do Sistema Nacio- FKCU"FC"EQUVC."L0U0"gv"cn0"Cwfkvqtkc"ofifkec<"rtqitcoc"fg"


nal de Auditoria0"40"gf0"Dtcu nkc."FH<"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg."3;;:0" rtfi/pcvcn"go"rquvq"fg"uc¿fg"pc"tgik«q"Uwn"fq"Dtcukn0"Rev. Saúde
Pública, U«q"Rcwnq."WUR."x0"56."p06."r0"54;/558."ciq0"42220
______0"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg0"Norma Operacional Básica do Sistema
Único de Saúde/NOB-SUS 960" Iguv«q" Rngpc" eqo" Tgurqpuc- FQPCDGFKCP." C0" Gphqswgu" d ukequ" rctc" nc" gxcnwcek„p0"
dknkfcfg" rgnc" Uc¿fg" fq" Ekfcf«q0" Dtcu nkc." FH<" Okpkuvfitkq" fc" Kp<" La qualidad de la atencion médica: fgÞpkek„p" g" ofivqfqu" fg"
Uc¿fg."3;;90" gxcnwcek„p0" Ekfcfg" fq" Ofizkeq<" Nc" rtgpuc" Ofifkec" Ogzkecpc."
3;:60"r0";9/3790
______0" Okpkuvfitkq" fc" Uc¿fg0" Manual de Auditoria do Sistema
Nacional de Auditoria0"Dtcu nkc."FH<"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg."3;;80 IQOGU."O0D0"Cwfkvqtkc"fg"fgugorgpjq"iqxgtpcogpvcn"g"q"rcrgn"
fg"Gpvkfcfgu"Hkuecnk|cfqtcu"Uwrgtkqtgu"*GHU+0"Revista do Serviço Pú-
______0"Ugpcfq"Hgfgtcn0"Fgetgvq"p0"30873."fg"4:"fg"ugvgodtq" blico, Dtcu nkc."WPD1Gpcr."cpq"75."p0"4."r0"58/9:."cdt01lwp0"42240
fg" 3;;70" Tgiwncogpvc" q" Ukuvgoc" Pcekqpcn" fg" Cwfkvqtkc" pq"
¤odkvq"fq"UWU0"Fk tkq"QÞekcn"fc"Wpk«q."Dtcu nkc."FH."4:"ugv0"3;;70" IWKFQ"QUQTKQ."U0"gv"cn0"Cwfkvqtkc"ofifkec<"jgttcokgpvc"fg"
Fkurqp xgn" go<" >jvrr<11yyyv0ugpcfq0iqx0dt1Fgetgvq38730 iguvk„p"oqfgtpc"uwdxcnqtcfc0"Rev. Méd. Chile, Santiago, Sociedad
jvo@0"Ceguuq"go<"3;"lwp0"42260 Médica de Santiago x0"352."p0"4."r0"3/9."hgx0"42240

aaaaaa0"Rtgukf‒pekc"fc"Tgr¿dnkec0"Fgetgvq"p0":2;."fg"46"fg"cdtkn" JCTV¥."¥0O0C0="ECOCEJQ."N0C0D0"Hqtoc›«q"fg"tgewtuqu"
fg"3;;50"Crtqxc"c"Guvtwvwtc"Tgikogpvcn"fq"Kpuvkvwvq"Pcekqpcn" humanos em epidemiologia e avaliação dos programas de
fg"Cuukuv‒pekc"Ofifkec"fc"Rtgxkf‒pekc"Uqekcn"*KPCORU+."rctc" uc¿fg0"Cad. Saúde Pública, Tkq"fg"Lcpgktq."Hkqetw|."x0"34."uwrn0"
xki‒pekc"vtcpukv„tkc="cnvgtc"q"Cpgzq"KK."rctvg"c"g"d."fq"Fgetgvq"p0" 4."r0"35/42."3;;80
32;."fg"4"fg"ockq"fg"3;;3."g"f "qwvtcu"rtqxkf‒pekcu0"Dtcu nkc."FH."
3;;5c0"Fkurqp xgn"go<">yyy0rncpcnvq0iqx0dt1eekxkn1aCvq3;;51 KNDC¢G¥"gv"cn0"Qticpk|c› gu"uqekcku"fg"uc¿fg<"q"oqfgnq"fq"
Fgetgvq1F:2;@0"Ceguuq"go<"39"fg|0"42290 Guvcfq"fg"U«q"Rcwnq0"Ciência & Saúde Coletiva."x0"8."p0"4."r0"5;3/
626."lwn01fg|0"42230
______0"Ngk"p0":08:;."fg"49"fg"lwnjq"fg"3;;50"Fkur g"uqdtg"
c" gzvkp›«q" fq" Kpuvkvwvq" Pcekqpcn" fg" Cuukuv‒pekc" Ofifkec" fc" LWJéU."T0"Utilização de indicadores para avaliação da estrutura, dos
Rtgxkf‒pekc"Uqekcn"*KPCORU+"g"f "qwvtcu"rtqxkf‒pekcu0"Diário processos internos e dos resultados em assistência à saúde bucal0"Fkuugt-
QÞekcn"fc"Wpk«q."Dtcu nkc."FH."r0"320795."4:"lwn0"3;;5d0 vc›«q"*Oguvtcfq+"Ï"Hcewnfcfg"fg"Qfqpvqnqikc."Wpkxgtukfcfg"fg"
U«q"Rcwnq."U«q"Rcwnq."42240
______0"Okpkuvfitkq"fc"Uc¿fg0"Ngk"p0":02:2."fg"3;"fg"ugvgodtq"
fg"3;;20"Fkur g"uqdtg"cu"eqpfk› gu"rctc"rtqoq›«q."rtqvg›«q" OCTSWGU." O0E0E0=" CNOGKFC." L0L0O0" Cwfkvqtkc" pq" ugevqt"
e recuperação da saúde, a organização e funcionamento dos r¿dnkeq<" wo" kpuvtwogpvq" rctc" c" ognjqtkc" fc" iguv«q" r¿dnkec0"
ugtxk›qu"eqttgurqpfgpvgu"g"f "qwvtcu"rtqxkf‒pekcu0"Fk tkq"QÞekcn" Revista Contabilidade & Finanças, U«q"Rcwnq."WUR."x0";6."p0"57."r0"
da União."Dtcu nkc."FH."p0"3:4."Ug›«q"K0."r0"3:0277."42"ugv0"3;;20 :6/;7."ockq1ciq0"42260
ECNGOCP."I0."OQTGKTC."O0N0."UCPEJG¥."O0E0"Auditoria,
OCWV¥."T0M. Princípios de auditoria."60"gf0"U«q"Rcwnq<"Cvncu."3;:70
controle e programação de serviços de saúde0" U«q" Rcwnq<" Hwpfc›«q"
Rgvt„rqnku."3;;:0
OGLìC."L0O0O0"Gu"cpvkfivkec"nc"cwfkvqtkc"fg"nc"ecnkfcf"go"ucnwfA"
MEDUNAB."x0"6."p0"33."r0"329/32."ockq1ciq0"42230
ECOCEJQ."N0C0D="TWDKP."J0T0"Tgnkcdknkv{"qh "ogfkecn"cwfkv"
kp"swcnkv{"cuuguuogpv"qh "ogfkecn"ectg0"Cad. Saúde Pública, Rio de
Lcpgktq."Hkqetw|."x0"34."uwrn0"4."r0":7/;5."3;;80 OGP[."K0G0="VJQGPKI."L0E0"Las políticas públicas0"Dctegnqpc<"
Ctkgn"Ek‒pekc"Rqn vkec."3;;40"r0"37:/43:0"*xgtu«q"go"gurcpjqn"
EGPVTQ"FG"IGUVKðP"JQURKVCNCTKC0"Eqpukfgtcekqpgu" fg"Htcpekueq"Oqtcvc+0
{" fgÞpkekqpgu" rctc" wo" ukuvgoc" fg" ictcpvkc" fg" nc" ecnkfcf" go"
Eqn»odkc0" Revista Via salud, Colômbia, Centro de Gestión OGTJ[."G0G0"Tgàgz gu"uqdtg"cu"vgepqnqikcu"p«q"ocvgtkcku"go"uc¿fg"g"
Jqurkvcnctkc."p0"34."r0"34/38."cdt01lwp0"42220" a reestruturação produtiva do setor<"wo"guvwfq"uqdtg"c"oketqrqn vkec"
fq" vtcdcnjq" xkxq0" Vgug" *Nkxtg" fqe‒pekc+" Ï" Wpkxgtukfcfg" fg"
EHE" Ï" EQPUGNJQ" HGFGTCN" FG" EQPVCDKNKFCFG0" Ecorkpcu."Ecorkpcu."42220
Resolução CFC n. 781/95." fg" 46" fg" oct›q" fg" 3;;70" Fkur g"
uqdtg"cu"pqtocu"rtqÞuukqpcku"fq"cwfkvqt"kpvgtpq0"Dtcu nkc."FH." OKPCU"IGTCKU"*Guvcfq+0"Resolução SES n. 674/97, de julho
oct0"3;;70"Fkurqp xgn"go<">jvvr<11yyy0ehe0qti0dt@0"Ceguuq" fg"3;;90"Fkur g"uqdtg"q"tgiwncogpvq"fq"Ukuvgoc"Guvcfwcn"fg"
go<"53"lcp0"42270 Cwfkvqtkc"Cuukuvgpekcn"Ï"UUC1UGU1UWU1OI0"Dgnq"Jqtk|qpvg<"
UGU."3;;90"87"r0
FKCU"FC"EQUVC."L0U0"Cwfkvqtkc"ofifkec<"cxcnkc›«q"fg"cniwpu"
procedimentos inseridos no programa de atenção integral à PQTQPJC." O0R0" O papel do Tribunal de Contas da União na
saúde da mulher no posto de saúde da Vila Municipal, Pelotas, avaliação de programas de governo<"fkhgtgpvgu"guv ikqu"g"cdqtfcigpu0"

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 152-164, jan./jun. 2008


164 MARILENE BARROS DE MELO/JENI VAITSMAN

42260"74"h0"OqpqitcÞc0"Dtcu nkc<"Kpuvkvwvq"Ugt|gfgnnq"Eqtt‒c"fq" UKNXC."T0I0="HKUEJGT."H0O0"Cwfkvqtkcu"kpvgtpcu"fq"ukuvgoc"


Vtkdwpcn"fg"Eqpvcu"fc"Wpk«q."42260 fg"iguv«q"fc"ugiwtcp›c"g"uc¿fg"pq"vtcdcnjq0"Cadernos de Pesquisa
em Administração."U«q"Rcwnq."WUR0"x0"33."p0"6."r0"3/34."qwv01fg|0"
RGTGU"LóPKQT."L0J0"Cwfkvqtkc"fg"fgoqpuvtc› gu"eqpv dgku<"pqtocu" 42260
g"rtqegfkogpvqu0"50"gf0 U«q"Rcwnq<"Cvncu."42260"
XCKVUOCP."L0="TQFTKIWGU."T0Y0U0="UQWUC."T0R0"O Sistema
RKPC." X0=" VQTTGU." N0" La contabilidad del sector público." 42230" de Avaliação e Monitoramento das Políticas e Programas Sociais<"c"gz-
Fkurqp xgn" go<" >jvvr<11yyy0ekdgteqpvc0wpk|ct0gu@0" Ceguuq" rgtk‒pekc"fq"Okpkuvfitkq"fq"Fgugpxqnxkogpvq"Uqekcn"g"Eqodcvg""
go<"3"hgx0"42230 "Hqog"fq"Dtcukn0"Dtcu nkc<"Wpgueq."42280

TGKU."J0E0"Cwfkvqtkc"iqxgtpcogpvcn<"woc"xku«q"fg"swcnkfcfg0" XGFWPI."G0"Public policy and program evaluation0"Pgy"Dtwpuykem<"


Rev. Adm. Munic0."Tkq"fg"Lcpgktq."Kpuvkvwvq"Dtcukngktq"fg"Cfok- Vtcpucevkqp"Rwdnkujgtu."42220
pkuvtc›«q"Owpkekrcn."x0"62."p0"42;."r0"75/86."qwv01fg|0"3;;50
¥CPQP." W0 Qualidade da assistência médico hospitalar0" Tkq" fg"
TQFTKIWGU" gv" cn0" Cwfkvqtkc" go" gphgtocigo<" tgncvq" fg" Lcpgktq<"Ogfuk."42230
gzrgtk‒pekc0"HU Rev0."x0"37."p0"3."r0"63/75."lcp01cdt0"3;::0"
¥WEEJK." C0N0" Contribuição ao estudo de auditoria de gestão0"
UGUUKQPU." I0" Avaliação em HIV/AIDS<" woc" rgturgevkxc" Fkuugt vc›«q" *Oguvtcfq+" Ï" Hcewnfcfg" fg" Geqpqokc."
kpvgtpcekqpcn0" Tkq" fg" Lcpgktq<" Cdkc." 42230" *Eqng›«q" Cdkc" Ï" Cfokpkuvtc›«q" g" Eqpvcdknkfcfg." Wpkxgtukfcfg" fg" U«q" Rcwnq."
Hwpfcogpvqu"fc"cxcnkc›«q+0 U«q"Rcwnq."3;;40

MARILENE BARROS DE MELO


Cirurgiã-dentista, Mestre em Saúde Coletiva pela UFMG e Doutora em Saúde Pública pela ENSP/Fiocruz.

JENI VAITSMAN
Socióloga, Mestre em Antropologia Social pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, França.
Doutora em Sociologia pelo Iuperj, Brasil.

Ctvkiq"tgegdkfq"go"4"fg"lwnjq"fg"42290
Crtqxcfq"go"43"fg"lwnjq"fg"422:0

Como citar o artigo:


OGNQ."O0D0="XCKVUOCP."L0"Cwfkvqtkc"g"cxcnkc›«q"pq"Ukuvgoc"ópkeq"fg"Uc¿fg0"São Paulo em Perspectiva."U«q"Rcwnq."Hwpfc›«q"
Ugcfg."x0"44."p0"3."r0"374/386."lcp01lwp0"422:0"Fkurqp xgn"go<">jvvr<11yyy0ugcfg0iqx0dt@=">jvvr<11yyy0uekgnq0dt@0

São Paulo em Perspectiva, v. 22, n. 1, p. 152-164, jan./jun. 2008

Você também pode gostar