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Fiscalização na

Gestão do Patrimônio
da União
Módulo

2 Infrações contra o
Patrimônio da União
Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Presidente
Diogo Godinho Ramos Costa

Diretor de Desenvolvimento Profissional


Paulo Marques

Coordenador-Geral de Produção Web


Carlos Eduardo dos Santos

Equipe responsável
Danilo dos Santos Silva (conteudista, 2019).
Rodrigo Pessoa Trajano (conteudista, 2019).
Thais Brito de Oliveira (conteudista, 2019).
Haruo Silva Takeda (coordenador de multimídia, 2019).
Djinne da Silva Reagan (conteudista revisora, 2020).
Thiago Betim Flores (conteudista revisor, 2020).
Ariene Azevedo de Jesus (coordenadora, 2019/2020).

Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB / CDT / Laboratório
Latitude e Enap.

Curso produzido em Brasília, 2020.

Enap, 2020

Enap Escola Nacional de Administração Pública


Diretoria de Educação Continuada
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF

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Sumário
Introdução ao módulo 2.................................................................... 5

1. Tipos de infrações.......................................................................... 6

1.1 O Infrator............................................................................... 9

1.2 Enquadramento no Código Penal Brasileiro e outras


legislações.................................................................................. 10

2. Sanções aplicáveis contra infrações cometidas............................. 13

2.1 Embargo de atividades de obra e serviços........................... 15

2.2 Entendendo na prática......................................................... 18

2.3 Demolição e remoção.......................................................... 20

2.4 Multa contra infração patrimonial....................................... 23

2.5 Entendendo na prática......................................................... 28

2.6 Desocupação do imóvel....................................................... 30

2.7 Cobrança de indenização por ocupação irregular................ 32

2.8 Entendendo na prática......................................................... 35

2.9 Acompanhamento de recursos administrativos.................. 38

3. Finalizando o módulo.................................................................. 41

Referências Bibliográficas................................................................ 42

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2
Módulo
Infrações contra o Patrimônio
da União

Introdução ao módulo 2

No primeiro circuito, você estudou os conceitos básicos da fiscalização e os diferentes tipos de


imóveis do patrimônio da União.

Neste novo trecho, você conhecerá as ações para reprimir o mau uso ou depredação desses
imóveis, ou seja, as sanções previstas na legislação patrimonial para coibir o avanço do uso
irregular do imóvel da União.

Em um passeio pelas cidades brasileiras podemos constatar as consequências do vandalismo e


do oportunismo ao patrimônio público.

Você conhece os diferentes tipos de infração e as respectivas sanções relacionadas à utilização


inadequada do patrimônio público?

A crescente necessidade de infraestrutura para o desenvolvimento econômico pressiona o


avanço da especulação imobiliária sobre as áreas ou imóveis públicos, ou de uso comum do
povo (praias e rios federais), descaracterizando e, por vezes, consolidando o mau uso dessas
áreas com impactos sociais, ambientais e de ordenamento territorial indesejáveis, acarretando
na dilapidação do patrimônio público.

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Para tanto, a SPU exerce seu poder de polícia administrativa por meio da equipe de fiscalização
que visa manter ou restaurar a integridade e a correta utilização dos imóveis, além de verificar se
os encargos contratuais de uso desses estão sendo cumpridos.

Os bens de uso comum do povo, como as praias, estão frequentemente sujeitos a construções
irregulares e inúmeros e extensos cercamentos particulares, privatizando-os, em detrimento
da SPU. Esta por sua vez, geralmente os fiscaliza por intermédio de denúncias protocoladas de
maneira pontual.

Torna-se um desafio para essa Secretaria inibir tempestivamente o mau uso desses imóveis,
tanto pela extensão das áreas a serem fiscalizadas quanto pela dificuldade dos servidores em
identificar as infrações que fiquem fora do seu alcance de sua visão.

Você terá oportunidades de realizar atividades avaliativas durante o trajeto, igualmente realizado
no módulo anterior.

Então, você está pronto para avançar?

Posicione-se, iremos iniciar o segundo circuito: Infrações contra o Patrimônio da União.

Desejamos bons estudos.

1. Tipos de infrações
Você sabe o que é infração administrativa contra o patrimônio da União?

É toda ação ou omissão que resulte na violação do adequado uso, disposição, manutenção e
conservação deste patrimônio. Poderão, ainda, ocorrer fora de bens imóveis da União, desde
que se caracterize o comprometimento da destinação original do bem da União, do uso racional
e de sua integridade física.

Como a legislação patrimonial da União não apresenta a tipificação das infrações, cabe ao fiscal
observar as três hipóteses genéricas de infrações extraídas da legislação patrimonial e elencadas
no art. 10°, da Instrução Normativa/SPU 23/2020.

Conheça a seguir os três exemplos e hipóteses genéricas de infrações.

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Barracas construídas na areia da Praia do
Futuro, Fortaleza/CE

Violação do adequado uso, gozo, disposição,


proteção, manutenção e conservação dos
imóveis da União.
Crédito: Ascom-Setur,CE.

Ocupação irregular em massa na região de


manguezal, com descaracterização de toda área
de preservação permanente.
Obras ilegais nos Mangues em Angra dos Reis
(RJ)

Realização de aterro, construção, obra, cercas


ou outras benfeitorias, desmatar ou instalar
equipamentos, sem prévia autorização ou em
desacordo com aquela concedida, em bens de
Crédito: Nelson Feitosa, Ascom IBAMA-RJ. uso comum do povo, especiais ou dominiais,
com destinação específica fixada por lei ou ato
administrativo.

Prédio público depredado e invadido.


Paço Imperial - Rio de Janeiro

Descaracterização dos bens imóveis da União


sem prévia autorização.

Crédito: Agência Brasil-EBC.

É importante destacar que, conforme normativos vigentes, caso o imóvel tenha sido destinado, o
tipo de infração previsto no segundo exemplo anteriormente apresentado não será aplicado. Isso

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porque, se o imóvel foi destinado para uma finalidade, pressupõe que o usuário irá promover
obras e benfeitorias para o uso previsto.

Este fato não dispensa o responsável de observar os demais normativos vigentes e nem de obter
as autorizações eventualmente cabíveis junto aos órgãos e entidades competentes, como por
exemplo, licença ambiental ou autorização prevista no código de obras do município.

Este entendimento está mais bem esclarecido na NOTA n. 01367/2016/ACS/CGJPU/CONJURMP/


CGU/AGU e no Memorando Circular 317/2016-MP.

Há, ainda, ações ou omissões que, além de caracterizarem infrações patrimoniais, são igualmente
infrações ambientais, sanitárias etc. Sendo assim, não há qualquer impedimento para que se
proceda com a autuação, desde que se evite utilizar como fundamento a legislação de outra
esfera que não seja a patrimonial.

h,
Destaque,h
Sendo assim, o fato de outro órgão ter aplicado uma sanção contra uma
infração prevista em outras legislações (por exemplo: ambiental) não impede
que a SPU aplique as sanções administrativas pertinentes contra a infração,
sob o ponto de vista da legislação patrimonial. Diante de um caso, hipotético,
em que o infrator agiu contra a legislação patrimonial e ambiental, este deverá
ser penalizado conforme as duas legislações vigentes.

A Lei 13.240, de 2015, trata, dentre outros assuntos, sobre ocupação em Área de Preservação
Permanente - APP, a qual cita que é possível reconhecer a ocupação em área de APP, desde
que o comportamento do ocupante não esteja concorrendo ou tenha concorrido para o
comprometimento da integridade da área.

Isso implica que, nesses casos, deverá ser realizada consulta ao órgão ambiental responsável,
normalmente o Estadual (ou Federal, em casos de Unidade de Conservação Federal), para
verificar os impactos da ocupação na área de APP.

Os riscos ambientais, a teor do inciso I, do art. 9º, da Lei 9.636, de 1998, são condições impeditivas
da destinação, mas não engatilham, por si, a atividade fiscalizatória da SPU com a aplicação de
sanções.

No caso de imóveis destinados, a SPU não tem o dever de controlar possíveis benfeitorias e/ou
construções. Apesar disto, caso a SPU tenha conhecimento de ocorrência de dano ambiental
em área destinada, por meio de manifestação do órgão ambiental responsável, caberá o
cancelamento da destinação concedida, em consonância com o art. 9º, da Lei 9.636, de 1998, e
a União deverá reaver a posse do imóvel (art. 10).

Desse modo, se o cidadão se apropriou de área de mangue, bem qualificado como de uso
comum nos termos do art. 6º, do Decreto-Lei 2.398, de 1987 (redação dada pela Lei 9.636, de

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1998), a caracterização da infração deverá evitar considerações sobre tratar-se ou não de área
de preservação permanente.

Outro exemplo seria a construção, à beira-mar, de um deck de madeira em local com vegetação
original de Mata Atlântica. Independentemente de se tratar de infração ambiental, caso o deck
avance sobre faixa de areia, deve-se considerar que a construção pode causar impedimento ao
livre acesso e ao uso da praia, bem da União, a teor do art. 20, da Constituição Federal.

Na situação hipotética, há, nitidamente, interesse para a intervenção da SPU sobre a área que
sofreu a interdição, de modo a garantir o livre acesso à praia. Entretanto, a SPU não deve, por
si só, definir que se trata de área de risco ou área de preservação permanente. Demanda-se
a atuação conjunta com outros órgãos que detenham, formalmente, competências e recursos
técnicos para as afirmações necessárias à fundamentação da atuação da SPU.

1.1 O Infrator
De acordo com o parágrafo primeiro do art.
10°, da Instrução Normativa/SPU 23, de 2020,
será considerado infrator pessoa física ou
jurídica que, diretamente ou por interposta
pessoa, por ação ou omissão, incorrer na
prática dos atos ilícitos.

Sendo assim, o infrator não é exclusivamente


aquele que consta dos registros e sistemas internos da SPU, mas aquele que, no momento da
fiscalização, entender-se como responsável pelas intervenções realizadas, fazendo, portanto,
efetivo uso do imóvel da União.

Como deve ser feita a identificação do responsável pela infração?

Deve ser a mais completa possível, por meio do nome completo, endereço residencial, endereço
comercial, número do CPF (imprescindível), nome da mãe, tipo de vínculo com o imóvel
fiscalizado, dados da cédula de identidade (número, órgão expedidor/UF, data de emissão, data
de nascimento, naturalidade). Essas informações podem ser obtidas junto ao infrator, vizinhos,
conhecidos, denunciantes, testemunhas etc.

Quando o Agente da SPU não conseguir descobrir o responsável pela infração, poderá autuar a
pessoa constante no cadastro da SPU. Nos casos em que o infrator se recuse a assinar e receber
a notificação, o Agente deverá solicitar a presença de duas testemunhas (servidores ou não da
SPU) para atestar a recusa, colhendo assinatura das mesmas no documento.

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h,
Destaque,h
Caso seja observado o risco à integridade física dos fiscais, bem como uma
atitude agressiva por parte do infrator, recomenda-se o recolhimento da equipe
e o retorno ao local com o acompanhamento da Polícia Militar (que poderá
ser substituída por outras polícias que se disponham a fazer a segurança da
equipe).

1.2 Enquadramento no Código Penal Brasileiro e outras


legislações
Embora não haja, na legislação patrimonial, a especificação criminal de condutas lesivas ao
patrimônio da União, devemos nos reportar a outras legislações gerais, tendo como exemplos o
Código Penal e a Lei 9.605, de 1998, que tipifica os crimes ambientais e apresenta os possíveis
crimes que se incluem a eventuais danos causados ao patrimônio da União.

Conheça os artigos e a penalidade para os diferentes tipos de infrações no esquema abaixo.

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Decreto-Lei nº2.848, de 1940 (Código Penal)
Dano
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Dano qualificado
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
[...]
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços
públicos ou sociedade de economia mista; (Redação dada pela Lei nº 5.346, de 03 de
novembro de 1967).
[...]
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além de pena correspondente à
violência.
Alteração de local especialmente protegido:
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente
protegido por lei:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Desobediência
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
Desacato
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998
Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:
I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial;
II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar
protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção,
sem prejuízo da multa.

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Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido
por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico,
ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico
ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a
concedida:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado
em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural,
religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade
competente ou em desacordo com a concedida:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano (Redação
dada pela Lei nº 12.408, de 2011).
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Redação dada pela Lei nº
12.408, de 2011).
§1º Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor
artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção
e multa. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 12.408, de 2011).
§2º Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o
patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida
pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e,
no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das
posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis
pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional. (Incluído
pela Lei nº 12.408, de 2011).
Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979 (Lei de Parcelamento do Solo)
Dos Crimes contra a Administração Pública, quanto ao Parcelamento do Solo Urbano
Art. 50. Constitui crime contra a Administração Pública.
I - dar início, de qualquer modo, ou efetuar loteamento ou desmembramento do solo
para fins urbanos, sem autorização do órgão público competente, ou em desacordo
com as disposições desta Lei ou das normas pertinentes do Distrito Federal, Estados e
Municípios;
II - dar início, de qualquer modo, ou efetuar loteamento ou desmembramento do solo
para fins urbanos sem observância das determinações constantes do ato administrativo
de licença;
III - fazer ou veicular em proposta, contrato, prospecto ou comunicação ao público ou a
interessados, afirmação falsa sobre a legalidade de loteamento ou desmembramento do
solo para fins urbanos, ou ocultar fraudulentamente fato a ele relativo.
Pena: Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa de 5 (cinco) a 50 (cinquenta) vezes
o maior salário mínimo vigente no País.

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Parágrafo único - O crime definido neste artigo é qualificado, se cometido.
I - por meio de venda, promessa de venda, reserva de lote ou quaisquer outros instrumentos
que manifestem a intenção de vender lote em loteamento ou desmembramento não
registrado no Registro de Imóveis competente.
II - com inexistência de título legítimo de propriedade do imóvel loteado ou desmembrado,
ressalvado o disposto no art. 18, §§ 4º e 5º, desta Lei, ou com omissão fraudulenta de
fato a ele relativo, se o fato não constituir crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº
9.785, de 1999).
Pena: Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de 10 (dez) a 100 (cem) vezes o maior
salário mínimo vigente no País.

Constatadas as ocorrências, as notícias ou as delações do crime devem ser encaminhadas à


Superintendência da Polícia Federal, órgão ambiental competente e/ou ao Ministério Público
Federal.

O fiscal deve ser cauteloso ao noticiar à ocorrência, especialmente no que se refere à narração
dos fatos atribuídos ao particular, uma vez que poderá se configurar em ofensa.

Deve-se evitar, também, adjetivar a conduta, qualificando-a ou desqualificando-a. Nesse ponto,


a opinião do fiscal não é importante nem necessária. Na notificação da ocorrência, é necessário
ater-se, somente, à situação constatada e/ou fatos ocorridos, bem como as notas técnicas e
os pareceres constantes do processo de fiscalização. No caso de dúvidas, a Advocacia Geral da
União – AGU poderá ser questionada, antes do encaminhamento de qualquer peça delatória.

2. Sanções aplicáveis contra infrações cometidas


Sanções administrativas são as consequências legais da ação ou omissão infracional sobre o
patrimônio ou bens jurídicos aplicáveis ao agente infrator.

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Inicialmente, destaca-se a função social que a equipe de fiscalização exerce quando aplica as
sanções previstas na legislação patrimonial.

Quando um cidadão ou uma empresa particular utiliza, de forma inadequada ou sem autorização
do proprietário, um imóvel de propriedade da União, na verdade, está impedindo a população
brasileira de usufruir de um espaço que é público e, em muitos casos, obtendo lucros e benefícios
não repassados a União.

Observe que se têm relatos de terrenos pertencentes à União que seriam destinados para
construção de hospitais, creches e outros equipamentos públicos, cujos processos não puderam
ser concluídos porque esses imóveis estavam invadidos e ocupados por habitações de baixa, média
ou alta renda. Portanto, nesse caso, a população do entorno, que demanda dos equipamentos
públicos, ficou prejudicada em face de poucas pessoas que se beneficiaram de forma gratuita de
tal ocupação irregular.

Destacam-se, também, as ocupações irregulares em área de uso comum do povo, que muitas
vezes promovem a privatização e monetarização desses espaços que deveriam ser de acesso
livre a todos.

Exemplos dessa privatização são as barracas instaladas na areia da praia que cobram dos banhistas
para usufruir dos seus assentos, ocupam uma área de livre trânsito com a construção realizada e
deixam, muitas vezes, os espaços públicos com acessos restritos.

Dessa forma, cabe o destaque da importância na aplicação das sanções previstas até a finalização
da infração, tendo em vista a importância da proteção do patrimônio que é de todos.

O Decreto-Lei nº 2.398, de 1987, foi alterado pela Lei nº 13.139, de 2015, que trouxe novidades
quanto à aplicação das sanções administrativas. A Instrução Normativa/SPU 23, de 2020, destaca,
em seu Art. 11°, as sanções aplicadas e dá outras diretrizes.

Conheça a seguir as sanções apresentadas no Art. 11o da referida Instrução Normativa.

Art. 11º. Sem prejuízo da responsabilidade civil e penal e da indenização prevista no art.
10, da Lei nº 9.636, de 15 de maio de 1.998, as infrações contra o patrimônio da União
são punidas com as seguintes sanções:
I - embargo de obra, serviço ou atividade, até a manifestação da União quanto à
regularidade de ocupação;
II - aplicação de multa nos termos da legislação patrimonial em vigor;
III - desocupação do imóvel; e
IV - demolição e/ou remoção do aterro, construção, obra, cercas ou demais benfeitorias,
bem como dos equipamentos instalados, à conta de quem os houver efetuado, caso não
sejam passíveis de regularização.

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V - cancelamento contratual e revogação do termo de gestão de praias.
§1º. As sanções previstas neste artigo:
I - alcançam os herdeiros e sucessores do infrator, nos limites das forças da herança;
II - poderão ser cominadas isolada, alternativa ou cumulativamente.
§2º. A aplicação da sanção não prejudica eventual cancelamento ou revogação da
destinação outorgada, se for o caso.
§3º. Na hipótese de não ser possível identificar, de imediato, o responsável pelo aterro,
cercas, muros, construção, obra e equipamentos instalados, ou outras benfeitorias
de que trata o inciso IV, do caput, o direito de regresso subsistirá até a ocorrência da
prescrição.
§4º. As sanções de remoção, demolição, desocupação e embargo criam obrigações
propter rem1.
§5º. No tocante à sucessão em vida do bem imóvel fiscalizado, a multa só poderá ser
cobrada daquele que era seu titular no momento da prática da infração, uma vez que tal
sanção pecuniária tem caráter de pessoalidade.

2.1 Embargo de atividades de obra e serviços


O embargo é determinação administrativa de paralisação imediata das obras, serviços ou
atividades em execução. Esta sanção poderá ser acumulada com qualquer outra, ou seja, com
multa, demolição/remoção ou desocupação.

O embargo é aplicado em qualquer tipo de imóvel da União, nos seguintes casos:

1
Obrigação propter rem é àquela que recai sobre uma pessoa em razão da sua qualidade de proprietário ou de
titular de um direito real sobre um bem.

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A sanção incide sobre obras em execução e/ou serviços continuados em execução no imóvel, ou
que estejam sendo prestados, sendo o imóvel o insumo.

Obras concluídas, serviços exauridos, equipamentos instalados, evidentemente, não poderão


ser embargados. Ressaltamos que, no caso específico dos equipamentos, o uso destes poderá
ser embargado.

O descumprimento do embargo gera responsabilidade sobre o infrator, nos termos do Código


Penal, devendo o servidor público responsável pela fiscalização comunicar, encaminhando notícia
do crime, à autoridade policial competente para fins de apuração do ocorrido. Examinemos a
resposta de algumas questões.

Pergunta
O que fazer em casos de dúvidas sobre a dominialidade da área?

Resposta
Nessas situações e, sobretudo nos terrenos de marinha e terrenos marginais
de rios, recomenda-se a aplicação de embargo de obras em andamento e
não autorizadas pela União e notificação ao ocupante para apresentação de
documentação que justifique a sua ocupação. Tal medida visa coibir eventual
descaracterização de imóvel da União.
Sempre que possível, deverá ser utilizado o material de comunicação visual de
apoio para a concretização do embargo das atividades que estão acontecendo
no imóvel. Os materiais utilizados poderão ser: fita zebrada, adesivo tipo faca,
lacres de plástico, correntes e cadeados.

Pergunta
Quais serviços poderão ser embargados?

Resposta
Qualquer serviço, inclusive de cunho intelectual, levado a efeito irregularmente
sobre bem da União ou em função do bem, desde que a paralisação se mostre
como passo necessário à regularização do uso ou que paralise a descaracterização
do imóvel da União.

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Pergunta
Posso embargar imóvel residencial?

Resposta
Sim, pode-se embargar a construção, qualquer obra e instalação de equipamento
em imóvel residencial. Também é possível embargar atividades e serviços
prestados no imóvel.

O uso residencial não poderá ser embargado, sob pena de que o embargo
se apresente como uma distorção de outra sanção, a desocupação. Ou seja,
impedir o uso residencial de um imóvel tem a mesma consequência de ordenar
a sua desocupação. Deve-se ter em conta, que a moradia é um direito social e
deverá ser discutida em sede judicial, afastando-se a autoexecutoriedade do ato
administrativo.

Na sequência, será apresentada a base legal para o embargo de atividades de obra e serviços,
a documentação de referência para aplicação da sanção, encerramento, consequências e os
próximos passos.

Base Legal

O art. 11, da Lei nº 9.636, de 1998, traz o seguinte: Caberá à SPU a incumbência de fiscalizar e
zelar para que sejam mantidas a destinação e o interesse público, o uso e a integridade física
dos imóveis pertencentes ao patrimônio da União, podendo, para tanto, por intermédio de seus
técnicos credenciados, embargar serviços e obras, aplicar multas e demais sanções previstas
em lei e, ainda, requisitar força policial federal e solicitar o necessário auxílio de força pública
estadual.

O art.6º do Decreto-Lei nº 2.398, de 1987, cita que: Considera-se infração administrativa contra o
patrimônio da União toda ação ou omissão que viole o adequado uso, gozo, disposição, proteção,
manutenção e conservação dos imóveis da União.
...
§ 4º Sem prejuízo da responsabilidade civil, as infrações previstas neste artigo serão punidas com
as seguintes sanções:

I - embargo de obra, serviço ou atividade, até a manifestação da União quanto à regularidade


de ocupação;

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Documentação de referência para aplicação da sanção

Conheça o modelo no anexo do Manual de Fiscalização do Patrimônio da União, de 2018. (https://


www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/planejamento/gestao/patrimonio-da-uniao/fiscalizacao/
arquivos/2018/180517_manual-de-fiscalizacao-2018.pdf)

Caso o embargo seja aplicado de forma conjunta com a multa/indenização, deve-se registrar o
embargo aplicado, também, no Auto de Infração previsto no anexo do Manual de Fiscalização do
Patrimônio da União, de 2018.

Quando será encerrada a sanção/consequências e próximos passos

O embargo aplicado deverá permanecer vigente até o encerramento da infração cometida. Caso
o autuado solicite regularização da ocupação junto a SPU, a equipe de destinação deverá analisar
o pedido. Essa análise, poderá ter dois desdobramentos:

a) Se a equipe de destinação chegar à conclusão de que a ocupação praticada poderá


ser regularizada e esse posicionamento for autorizado pelo Superintendente, então, o
embargo poderá ser suspenso mediante ato do Superintendente que remeterá os autos
à equipe de destinação para os passos necessários;

b) Se caso a equipe de destinação chegar à conclusão de que a ocupação praticada


não poderá ser regularizada, então se deve permanecer vigente o embargo até que a
infração seja cessada por meio de demolição/remoção de obras, equipamentos etc. ou
que o imóvel seja desocupado (no caso de a benfeitoria pertencer a União).

Vale relembrar que, caso seja comprovado o descumprimento do embargo aplicado, deve-se
oficiar a delegacia da Polícia Federal mais próxima com todo o material de comprovação do ato.

Caso seja necessário solicitar a reintegração de posse do imóvel junto ao judiciário, toda
documentação referente ao embargo aplicado deverá ser encaminhada à Advocacia-Geral da
União.

2.2 Entendendo na prática


Vamos praticar o que estamos estudando?

Para isso, leia, reflita e tente responder as situações problema 1 e 2, antes de acessar a resposta
para cada uma delas.

Situação problema 1

Ao realizar uma fiscalização preventiva na Praia das Conchas, no estado do Rio de Janeiro,
você e seus colegas detectaram uma obra ocorrendo num costão rochoso. Ao abordarem os

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trabalhadores, o responsável pela obra imediatamente se apresentou, porém não entregou a
vocês a documentação que comprovasse a regularidade da obra.
Ocorre que você e os demais fiscais tinham dúvidas sobre o limite do terreno de marinha
demarcado para o local.

Pergunta
Você saberia informar quais as ações recomendadas para este caso?

Resposta
Como fiscal, com a dúvida pairando sobre o limite do terreno de marinha na
região, a conduta esperada seria identificar os pontos de coordenadas do local de
execução da obra e notificar o responsável para apresentar a documentação que
o respalde a execução da construção. Por fim, o fiscal deverá embargar a obra,
tendo em vista o resguardo do patrimônio da União quanto à descaracterização
do imóvel em questão.

Situação problema 2

A área de destinação da SPU solicitou que você verificasse as cláusulas contratuais de um termo de
entrega, realizado há dois anos, de três salas comerciais e adjacentes ao Ministério da Educação.
Ao chegarem ao local, você e outros fiscais se depararam com as salas sendo ocupadas por um
restaurante particular, em desacordo com o objeto do termo de entrega citado.

Pergunta
Quais seriam as ações recomendadas para essa situação?

Resposta
Esse caso deve ser tratado em duas etapas que serão mais bem explicadas mais
à frente. Entretanto, primeiramente, os fiscais deverão verificar se os devidos
imóveis foram descaracterizados para se adaptarem à ocupação irregular (se
foram derrubadas paredes limítrofes das salas, por exemplo). Tendo sido o
imóvel descaracterizado, os próximos passos dos fiscais serão: emitir notificação
para reconstrução do imóvel e embargar as atividades comerciais ali prestadas.

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2.3 Demolição e remoção
Você ouviu falar a respeito de demolição e remoção, certo? Que tal relembrar a diferença entre
elas?

A remoção importa na desinstalação e retirada completa de quaisquer benfeitorias que sejam


configuradas como equipamento, ou ainda na retirada completa de aterro.

A demolição é o ato de desfazer qualquer benfeitoria existente, independentemente do


reaproveitamento dos materiais constituintes, os quais deverão ser retirados do imóvel da União.

Você sabe informar em quais casos se deve aplicar a notificação para demolição e/ou remoção?

Essa notificação deverá ser aplicada ao constatar construção irregular em área de bens de uso
comum do povo, sem a autorização da União e em casos de construções realizadas em imóveis
dominiais e de uso especial sem a destinação previamente concedida ao ocupante pela União.
No último caso, tem-se como boa prática analisar previamente a possibilidade de regularização
da ocupação antes de solicitar a sua demolição. No entanto, isso não impede a aplicação de
multa e o embargo da obra.

Cabe salientar que o infrator é o responsável por todos os custos do serviço de


demolição/remoção. Sendo assim, independente do serviço ter sido mediado
pela SPU, as despesas decorrentes serão encaminhadas ao infrator, por meio
de notificação, para que ele efetue o pagamento.

Quando a remoção/demolição será considerada efetivada?

Somente após análise ou vistoria realizada pela Superintendência do Patrimônio da União no


Estado - SPU/UF, constatando o integral cumprimento da determinação administrativa. Essa
vistoria fica dispensada quando a remoção/demolição for acompanhada por agente responsável
pela fiscalização, da respectiva superintendência, atestando o cumprimento da ação. Lembrando-
se que o ônus da prova de finalização da infração é do infrator.

h,
Destaque,h
A remoção e/ou demolição sempre estará vinculada à multa mensal, mas
não o inverso. Em outras palavras, não há que se falar em ordem de remoção
do empreendimento e demolição das benfeitorias sem a aplicação de multa
mensal. Entretanto, a multa poderá ser aplicada acompanhada por outras
sanções administrativas como, por exemplo, o embargo.

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Outro aspecto importante a ser considerado é que removida/demolida a irregularidade sem que
haja o pagamento da multa, esta continua devida e será gerada até que o infrator comunique à
SPU, que o objeto da infração foi sanado.

A multa será incluída no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal
– Cadin, no qual, após 30 (trinta) dias, não havendo comprovação de ter sido sanada a situação
que deu causa à inclusão, os débitos serão encaminhados à Procuradoria da Fazenda Nacional
para inscrição na Dívida Ativa da União – DAU.

Abaixo, conheça a base legal para a demolição e a remoção, documentação de referência para
aplicação da sanção, encerramento, consequências e os próximos passos.

Base Legal

O art. 11, da Lei nº 9.636, de 1998, traz o seguinte: Caberá à SPU a incumbência de fiscalizar e
zelar para que sejam mantidas a destinação e o interesse público, o uso e a integridade física
dos imóveis pertencentes ao patrimônio da União, podendo, para tanto, por intermédio de seus
técnicos credenciados, embargar serviços e obras, aplicar multas e demais sanções previstas
em lei e, ainda, requisitar força policial federal e solicitar o necessário auxílio de força pública
estadual.

O art.6º do Decreto-Lei nº 2.398, de 1987, cita que: Considera-se infração administrativa contra o
patrimônio da União toda ação ou omissão que viole o adequado uso, gozo, disposição, proteção,
manutenção e conservação dos imóveis da União.

...
§ 4º Sem prejuízo da responsabilidade civil, as infrações previstas neste artigo serão punidas com
as seguintes sanções:

I - embargo de obra, serviço ou atividade, até a manifestação da União quanto à regularidade


de ocupação;
II - aplicação de multa;
III - desocupação do imóvel; e
IV - demolição e/ou remoção do aterro, construção, obra, cercas ou demais benfeitorias, bem
como dos equipamentos instalados, à conta de quem os houver efetuado, caso não sejam
passíveis de regularização.

...

§ 12. Os custos em decorrência de demolição e remoção, bem como os respectivos encargos de


qualquer natureza, serão suportados integralmente pelo infrator ou cobrados dele a posteriori,
quando efetuados pela União.

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Documentação de referência para aplicação da sanção

Para aplicação da sanção, acesse a documentação Modelo de Notificação, no anexo do Manual de


Fiscalização do Patrimônio da União, de 2018. (https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/
planejamento/gestao/patrimonio-da-uniao/fiscalizacao/arquivos/2018/180517_manual-de-
fiscalizacao-2018.pdf)

Quando será encerrada a sanção/consequências e próximos passos

O prazo para que o infrator efetue a remoção/demolição é de 30 (trinta) dias do recebimento do


Auto de Infração. Caso o infrator não execute a remoção/demolição, nem apresente defesa ou
recurso ou a esses não tenha sido conferido efeito suspensivo, cabe à Superintendência executar
a ação, encaminhando ao infrator as despesas do procedimento, por meio de notificação.

Caso se conclua pela necessidade de demolição/remoção da construção/equipamento, deve-se


observar o seguinte:

a. Constatar se a demolição/remoção foi realizada às custas do infrator em obediência


a notificação aplicada;

b. Solicitar apoio a demais órgãos parceiros para a realização da demolição/retirada:


Prefeitura, órgãos estaduais, outros órgãos federais que tenham infraestrutura para o
serviço;

c. Caso sejam infrutíferas as tentativas acima, articular com a Superintendência de


Administração do Ministério da Fazenda – SAMF, local para contratação de empresa e
solicitar o recurso para a Unidade Central contendo termo de referência, projeto básico
e orçamentos para a realização dos serviços.

É necessário saber diferenciar a execução de demolição ou remoção entre áreas de bens de uso
comum do povo, imóveis dominiais e de uso especial.

Para imóveis dominiais, primeiramente, recomenda-se checar com a área de destinação se há


a possibilidade de regularização da ocupação antes mesmo de executar a demolição. Se não for
possível promover a regularização, recomenda-se esgotar as possibilidades recursais e, em se
tratando de imóvel de cunho habitacional, solicitar a AGU o ajuizamento de ação demolitória
junto ao poder judiciário. Para os demais casos, cabe a análise cuidadosa sobre a utilização do
princípio da autoexecutoriedade para promoção da demolição e/ou remoção de benfeitorias
irregulares ou da necessidade de mover ação judicial.

Em casos situados em imóveis classificados como de uso comum do povo e de uso especial, o
princípio da autoexecutoriedade pode ser avocado com mais clareza para promoção da demolição
e/ou remoção de benfeitorias irregulares. Isso está relacionado à classificação e natureza dos
imóveis, a primeira porque se deve garantir o uso livre pela sociedade, a segunda pressupõe o
uso público definido por algum órgão da Administração Pública, portanto, o uso de um terceiro
não reconhecido impediria um serviço público de interesse da sociedade de ser prestado. Sendo

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assim, a ação de demolição/remoção não precisa ser precedida de ação judicial e o direito à
ampla defesa e contraditórios deverá ser respeitado, o que significa realizar a ação de demolição/
remoção depois de concluída as instâncias recursais previstas no âmbito administrativo.

2.4 Multa contra infração patrimonial


A multa é a sanção pecuniária utilizada pela União como mecanismo de punição e de coerção, e
será aplicada sempre que for identificada infração administrativa.

O fiscal deverá aplicar a multa com as informações de autoria, materialidade e valor da infração,
notificar o embargo quando cabível e intimar o responsável para, no prazo máximo de 30 (trinta)
dias, comprovar a regularidade da obra ou promover sua regularização.

Orienta-se, para casos nos quais não estejam demarcadas as Linha de Preamar Médio - LPM ou
Linha Média de Enchentes Ordinárias - LMEO, que o fiscal aborde o ocupante para notificá-lo a
apresentar documentações que embasem a ocupação. A partir da documentação apresentada,
o fiscal deverá analisar estratégias complementares de atuação, se for o caso.

O autuado é o responsável por demonstrar à SPU que o cometimento da infração foi cessado,
cabendo ao órgão à análise e a deliberação sobre a continuidade da cobrança da multa.

O Parecer Jurídico 00319-2016-ACS-CGJPU-CONJUR-MP-CGU-AGU trouxe


alguns esclarecimentos a respeito da aplicação da multa. A utilização da palavra
“automática” no art. 6º do Decreto-Lei nº 2.398/87 tem por objetivo despertar
o interessado a verdadeira urgência com a qual se deve providenciar a remoção
da irregularidade na área. Sendo assim, é importante esclarecer que não cabe
suspensão da cobrança da multa por nenhuma razão administrativa específica.

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É preciso ter em mente que a multa é aplicada em decorrência de uma infração
à legislação patrimonial, ou seja, tem como origem conduta contrária ao
ordenamento jurídico.

A partir do momento em que o infrator é autuado pela SPU, ele passa a ter
indubitável ciência desse fato, podendo optar pelo imediato desfazimento da
intervenção considerada irregular. Caso pretenda a regularização, ele estará
assumindo o risco de essa não vir a ser deferida, hipótese em que a multa será
devida desde o momento da notificação inicial, conforme determina a lei.

Diante do exposto, não cabe efeito suspensivo e paralisação da cobrança de multa enquanto o
processo estiver em análise ou tramitar ação judicial que trate do tema em questão.

A imagem a seguir apresenta uma simulação de emissão de Documento de Arrecadação de


Receitas Federais – Darf durante o curso do processo administrativo.

h,
Destaque,h
A emissão sucessiva de Darf referentes à cobrança de multa aplicada pela
equipe de fiscalização é de responsabilidade da equipe de receitas patrimoniais.
Os pagamentos dos Darf emitidos e o encaminhamento para a Dívida Ativa da
União - DAU, para o caso de não pagamento, também devem ser controlados
pela equipe de receitas patrimoniais. Contudo, cabe destacar que cabe à

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equipe de fiscalização sinalizar sobre a aplicação do auto de infração e fazer os
cálculos para a emissão dos valores mensais a serem cobrados.

A seguir, será apresentada a base legal para aplicação da multa contra infração patrimonial, a
documentação de referência para aplicação da sanção, encerramento, consequências e próximos
passos.

Base Legal

O art. 11, da Lei nº 9.636/98 trata o seguinte: Caberá à SPU a incumbência de fiscalizar e zelar
para que sejam mantidas a destinação e o interesse público, o uso e a integridade física dos
imóveis pertencentes ao patrimônio da União, podendo, para tanto, por intermédio de seus
técnicos credenciados, embargar serviços e obras, aplicar multas e demais sanções previstas
em lei e, ainda, requisitar força policial federal e solicitar o necessário auxílio de força pública
estadual.

Art. 6°, do Decreto-Lei nº 2.398, de 21 de dezembro de 1987:

Art. 6º Considera-se infração administrativa contra o patrimônio da União toda ação ou omissão
que viole o adequado uso, gozo, disposição, proteção, manutenção e conservação dos imóveis
da União.

...

§ 4º Sem prejuízo da responsabilidade civil, as infrações previstas neste artigo serão punidas com
as seguintes sanções:

I - embargo de obra, serviço ou atividade, até a manifestação da União quanto à regularidade


de ocupação;
II - aplicação de multa;
III - desocupação do imóvel; e
IV - demolição e/ou remoção do aterro, construção, obra, cercas ou demais benfeitorias, bem
como dos equipamentos instalados, à conta de quem os houver efetuado, caso não sejam
passíveis de regularização.

§ 5º A multa será no valor de R$ 73,94 (setenta e três reais e noventa e quatro centavos) para
cada metro quadrado das áreas aterradas ou construídas ou em que forem realizadas obras,
cercas ou instalados equipamentos.

§ 6º O valor de que trata o § 5º será atualizado em 1º de janeiro de cada ano com base no
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), apurado pela Fundação Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), e os novos valores serão divulgados em ato do Secretário de
Patrimônio da União do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

§ 7º Verificada a ocorrência de infração, a Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do


Planejamento, Orçamento e Gestão aplicará multa e notificará o embargo da obra, quando

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cabível, intimando o responsável para, no prazo de 30 (trinta) dias, comprovar a regularidade da
obra ou promover sua regularização.

§ 8º (VETADO).

§ 9º A multa de que trata o inciso II do § 4º deste artigo será mensal, sendo automaticamente
aplicada pela Superintendência do Patrimônio da União sempre que o cometimento da infração
persistir.

§ 10. A multa será cominada cumulativamente com o disposto no parágrafo único do art. 10 da
Lei nº 9.636, de 15 de maio de 1998.

...

Documentação de referência para aplicação da sanção

Modelo de Auto de Infração é o documento padrão para comunicar a multa e o embargo.

Para aplicação dessa sanção, acesse à documentação no Modelo de Auto de Infração no anexo
do Manual de Fiscalização do Patrimônio da União, de 2018. (https://www.gov.br/economia/pt-
br/assuntos/planejamento/gestao/patrimonio-da-uniao/fiscalizacao/arquivos/2018/180517_
manual-de-fiscalizacao-2018.pdf)

Cálculo de cobrança

O valor da multa é estabelecido conforme o § 5°, art. 6º. do Decreto-Lei nº 2.398, de 21 de


dezembro de 1987. Tal valor é atualizado, em 1º de janeiro de cada ano, com base no Índice
Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE). A divulgação acontece por meio de ato do Secretário do Patrimônio da União.

Observa-se que a última atualização da multa para o valor por metro quadrado, correspondente
à R$ 89,35 (oitenta e nove reais e trinta e cinco centavos), foi em janeiro/2020.

Sendo assim, conforme a quantidade de metros quadrados irregulares (aterro, construção, etc.)
deverá ser multiplicada pelo valor de referência para o ano (no caso de 2020, R$ 89,35 por metro
quadrado) e, assim, será obtido o valor mensal da multa.

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Nos casos de cercamento ou construção de muro de forma irregular, deve-se aplicar a multa
somente para a área de projeção do cercamento/muro. Por exemplo, podemos usar como base
a largura da cerca, de 10 centímetros, multiplicada pela extensão em metros lineares da mesma
e, para muro, a largura de 15 centímetros multiplicada pela extensão em metros lineares do
mesmo.

0,10m x metro linear de cerca;

0,15m x metro linear de muro.

Encerramento da sanção/consequências e próximos passos

A multa deverá permanecer vigente até o encerramento da infração cometida. Caso o autuado
solicite regularização da ocupação junto à SPU, a equipe de destinação deverá analisar o pleito.
A depender da análise sobre a possibilidade de regularização da ocupação, os próximos passos
da equipe de fiscalização poderão seguir por dois caminhos:

a) Se a equipe de destinação chegar à conclusão de que a ocupação praticada poderá ser


regularizada e esse posicionamento for autorizado pelo Superintendente, então, a cobrança da
multa poderá ser suspensa (mediante ato do Superintendente), que remeterá os autos à equipe
de destinação para os passos necessários, no entanto, as multas já emitidas não serão suspensas;

b) Caso a equipe de destinação chegar à conclusão de que a ocupação praticada não poderá
ser regularizada, então se deve efetivar a cobrança mensal do valor da multa até o cessar da
infração por meio de demolição/remoção de obras, equipamentos etc. Mesmo diante de ação
que estiver em andamento no judiciário, a cobrança mensal da multa deverá ser realizada
administrativamente até a sua conclusão.

Portanto, a cobrança da multa poderá ser paralisada mediante três situações:


• com o fim da infração - mediante apresentação de provas pelo autuado, análise e/
ou vistoria que ateste, pela equipe de fiscalização e aprovação, pelo responsável
pela fiscalização, o encerramento da infração cometida;

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• por meio da concessão de liminar pelo judiciário - o autuado deverá comunicar a
SPU/UF sobre a existência de ganho de liminar junto ao judiciário que antecipe a
interrupção da cobrança das multas aplicadas;
• com atos do Superintendente, considerando a possibilidade de regularização
e encaminhamento do processo para destinação. O Superintendente poderá
realizar consequente ato de interrupção da cobrança de multa e encaminhar
encaminhamento do processo à destinação para prosseguimento.

Nos casos em que o instrumento de destinação indicado seja a cessão onerosa, os valores
retroativos de multas pagas pelo autuado poderão ser computados para abatimento dos valores
de pagamento retroativos previstos nos contratos desse tipo de instrumento.

Por fim, é importante destacar que vale o mesmo entendimento da prescrição e decadência
aplicado para taxas patrimoniais, ou seja, lançado o débito (neste caso o auto de infração), a
União terá 10 anos para efetivar a cobrança, sendo que os débitos prescrevem com 5 anos da
notificação (auto de infração). A análise de prescrição e decadência deverá ser realizada pela
equipe de receitas patrimoniais dos estados.

Quando existirem processos antigos com cobranças de multas não efetivadas, a SPU poderá
emitir cobrança em um único Darf, respeitando as regras de prescrição e decadência. Ainda, os
valores para este caso deverão ser corrigidos monetariamente para valor atual incidindo multa
e juros.

Caso seja necessário solicitar a reintegração de posse do imóvel ou a ação demolitória junto ao
judiciário, toda documentação referente à multa aplicada e cobrada deverá ser encaminhada à
Advocacia-Geral da União.

2.5 Entendendo na prática


Vamos praticar o que estamos estudando?

Então, leia, reflita e tente responder às situações problema 1 e 2 antes de acessar a resposta para
cada uma delas.

Situação problema 1

O Ministério Público Federal solicitou à SPU que apurasse denúncia de ocupação irregular
promovida por quiosques na Praia do Passado. Diante dos fatos narrados na denúncia, a equipe
de fiscalização deslocou-se ao local e detectou a construção irregular de três quiosques na areia
da praia.

Pergunta
Em sua opinião, que medidas devem ser tomadas pelos fiscais?

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Resposta
A equipe de fiscalização deverá promover o levantamento das áreas de
ocupação praticadas pelos quiosques e os dados básicos dos responsáveis pelas
barracas. De posse das informações, deverão ser lavrados três autos de infração
diferentes para cada quiosque e com aplicação de multa calculada com base
na área levantada multiplicada pelo valor de multa vigente para o ano. Ainda,
o auto de infração fornecerá aos autuados o prazo de 30 dias para demolição
das construções. Por fim, deverá ser lavrado o auto de embargo das atividades
comerciais exercidas nos quiosques.

Situação problema 2

O Senhor Joaquim teve mediante a inscrição de ocupação, a regularização do uso de um imóvel


de 1.000 m² junto à SPU. A área está inserida em terreno de marinha e é vizinha a um manguezal.
Foi apresentada à SPU, denúncia anônima de que o senhor Joaquim estava, por meio da execução
de aterro de parte do manguezal vizinho, ampliando a área do terreno concedido. A equipe de
fiscalização foi no local e flagrou obra de aterro de parte do manguezal em andamento.

Pergunta
Que considerações você faz sobre essa situação? Quais as sanções cabíveis?

Resposta
Cabe destacar que a área de manguezal, por sua definição de ecossistema, pode
ser considerada como bem de uso comum do povo, além da sua classificação
como área de proteção permanente, conforme a legislação ambiental em vigor.

No caso, a equipe de fiscalização deve embargar a obra de aterro em andamento


para que não haja mais descaracterização do manguezal. Ainda, deve-se aplicar
auto de infração com multa, calculada com base na medição da área aterrada
multiplicada pelo valor de multa vigente para o ano. Deverá ser emitido Darf
mensal do valor apurado até que a infração seja cessada.

Ainda, o senhor Joaquim terá 30 dias para remover o aterro realizado. Caso não
o faça, a SPU deverá tomar as providências para executar a demolição. Nesse
caso, para a demolição, poderá ser invocada a autoexecutoriedade da União
sem necessidade de ingresso de ação judicial para tal.

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2.6 Desocupação do imóvel
A aplicação da sanção de desocupação é aplicada em vista dos termos genéricos do art. 10 da
Lei nº 9.636/98. É possível em face da existência de posses ou ocupações irregulares em imóveis
dominiais da União.

Art. 10. Constatada a existência de posses ou ocupações em desacordo com o disposto


nesta Lei, a União deverá imitir-se sumariamente na posse do imóvel, cancelando-se as
inscrições eventualmente realizadas.
Parágrafo único. Até a efetiva desocupação, será devida à União indenização pela posse
ou ocupação ilícita, correspondente a 10% (dez por cento) do valor atualizado do domínio
pleno do terreno, por ano ou fração de ano em que a União tenha ficado privada da
posse ou ocupação do imóvel, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.

Verificada a hipótese de posse ou ocupação ilícita, serão adotadas medidas para desocupação do
imóvel com a consequente imissão na posse pela União.

PRAZOS PARA DESOCUPAÇÃO

A solicitação para desocupação do imóvel deve ser realizada por meio de notificação contendo as
seguintes informações: motivação, base legal, prazo para a desocupação e prazo para contestação
de 10 dias, a partir da ciência ou divulgação oficial.

A contar do recebimento da notificação, o interessado legal terá os seguintes prazos para que o
imóvel seja desocupado:

• 30 dias por inadimplência de taxas de ocupação;


• 90 dias em zona urbana;
• 180 dias em zona rural.

A seguir, conheça a base legal para a desocupação do imóvel, a documentação de referência para
aplicação da sanção, quando ela será encerrada, suas consequências e os próximos passos.

Base Legal

Os arts. 10 e 11, da Lei nº 9.636/98 tratam o seguinte:

Art. 10. Constatada a existência de posses ou ocupações em desacordo com o disposto nesta
Lei, a União deverá imitir-se sumariamente na posse do imóvel, cancelando-se as inscrições
eventualmente realizadas.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 30


Art. 11. Caberá à SPU a incumbência de fiscalizar e zelar para que sejam mantidas a destinação
e o interesse público, o uso e a integridade física dos imóveis pertencentes ao patrimônio da
União, podendo, para tanto, por intermédio de seus técnicos credenciados, embargar serviços e
obras, aplicar multas e demais sanções previstas em lei e, ainda, requisitar força policial federal
e solicitar o necessário auxílio de força pública estadual.

O art.6º do Decreto-Lei nº 2.398/87 cita que:

Art. 6º Considera-se infração administrativa contra o patrimônio da União toda ação ou omissão
que viole o adequado uso, gozo, disposição, proteção, manutenção e conservação dos imóveis
da União.

...

§ 4º Sem prejuízo da responsabilidade civil, as infrações previstas neste artigo serão punidas com
as seguintes sanções:

I - embargo de obra, serviço ou atividade, até a manifestação da União quanto à regularidade


de ocupação;
II - aplicação de multa;
III - desocupação do imóvel; e
IV - demolição e/ou remoção do aterro, construção, obra, cercas ou demais benfeitorias, bem
como dos equipamentos instalados, à conta de quem os houver efetuado, caso não sejam
passíveis de regularização.
...

§ 11. Após a notificação para desocupar o imóvel, a Superintendência do Patrimônio da União


verificará o atendimento da notificação e, em caso de desatendimento, ingressará com pedido
judicial de reintegração de posse no prazo de 60 (sessenta) dias.

Documentação de referência para aplicação da sanção

Conheça o Modelo de Notificação no Manual de Fiscalização do Patrimônio da União, de 2018.


(https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/planejamento/gestao/patrimonio-da-uniao/
fiscalizacao/arquivos/2018/180517_manual-de-fiscalizacao-2018.pdf )

Quando será encerrada a sanção/ consequências e próximos passos

Caso o notificado não desocupe o imóvel dentro dos prazos determinados, a SPU encaminhará,
em até 15 (quinze) dias ao respectivo órgão contencioso da AGU, pedido de ajuizamento de
reintegração de posse, instruído com toda a documentação comprobatória e, se necessário,
cópia do processo administrativo.

Desta forma, a AGU terá mais 45 dias para medidas necessárias para o ingresso com ação de
reintegração de posse junto ao judiciário, seguindo o prazo de 60 dias estabelecido no art. 6º do
Decreto-Lei nº2.398/87.

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2.7 Cobrança de indenização por ocupação irregular
Entende-se por indenização a retribuição pecuniária devida à União pelo ocupante irregular em
função do tempo em que a União esteve privada da posse de seu imóvel dominial, independente
de realização irregular de qualquer aterro, construção, obra, equipamentos e/ou benfeitorias.

Você sabe como deve ser realizada essa cobrança?

A cobrança de indenização deve ser realizada até a efetiva desocupação do imóvel, mesmo que
levada a juízo, quando constatada a existência de posses ou ocupações em imóveis dominiais em
desacordo com o disposto na Lei nº 9.636/98. Ou seja, a cobrança de indenização é administrativa
e deverá ser executada mesmo estando no aguardo de análise de recurso interposto ou de ação
judicial em trâmite.

h,
Destaque,h
O valor da indenização será correspondente a 10% (dez por cento) do valor
atualizado no domínio pleno do terreno, ou seja, do valor que consta na Planta
de Valores Genéricos - PVG, por ano ou fração de ano, em que a União tenha
ficado privada da posse ou ocupação do imóvel, sem prejuízo das demais
sanções cabíveis.

A indenização será cobrada retroativamente, observados os prazos de decadência, prescrição e


inexigibilidade.

Dica
Assim como na multa, em caso de regularização posterior à aplicação da
sanção, por meio do instrumento de cessão onerosa, os valores retroativos de
indenizações pagas pelo autuado, poderão ser computados para abatimento
dos valores de pagamento retroativos previstos nos contratos desse tipo de
instrumento.

O que fazer, no caso da remoção ou demolição da irregularidade, quando o pagamento devido


da multa não é realizado?

A multa continua devida e será gerada mensalmente até que o infrator apresente comprovação à
SPU, que o que deu origem a infração foi sanado. A multa será incluída no Cadastro Informativo
de Créditos não Quitados do Setor Público Federal – Cadin. Após 30 (trinta) dias, se não houver
comprovação de que resolveu a situação que deu causa à inclusão, os débitos serão encaminhados
à Procuradoria da Fazenda Nacional para inscrição na Dívida Ativa da União - DAU.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 32


Na sequência, conheça a base legal para a cobrança de indenização por ocupação irregular,
a documentação de referência para aplicação da sanção, quando ela será encerrada, suas
consequências e os próximos passos. Para isso, acesse cada uma das abas a seguir.

Base Legal

Os arts. 10 e 11, da Lei nº 9.636/98 tratam o seguinte:

Art. 10. Constatada a existência de posses ou ocupações em desacordo com o disposto nesta
Lei, a União deverá imitir-se sumariamente na posse do imóvel, cancelando-se as inscrições
eventualmente realizadas.

Parágrafo único. Será devida à União indenização pela posse ou ocupação ilícita, correspondente
a 10% (dez por cento) do valor atualizado do domínio pleno do terreno, por ano ou fração de ano
em que a União tenha ficado privada da posse ou ocupação do imóvel.

Art. 11. Caberá à SPU a incumbência de fiscalizar e zelar para que sejam mantidas a destinação
e o interesse público, o uso e a integridade física dos imóveis pertencentes ao patrimônio da
União, podendo, para tanto, por intermédio de seus técnicos credenciados, embargar serviços e
obras, aplicar multas e demais sanções previstas em lei e, ainda, requisitar força policial federal
e solicitar o necessário auxílio de força pública estadual.

Documentação de referência para aplicação da sanção

Conheça o Modelo de Auto de Infração no Manual de Fiscalização do Patrimônio da União, de


2018. (https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/planejamento/gestao/patrimonio-da-
uniao/fiscalizacao/arquivos/2018/180517_manual-de-fiscalizacao-2018.pdf)

Cálculo da cobrança

Inicialmente, cabe-nos ressaltar que a indenização é aplicada de forma vinculada à desocupação,


ou seja, deve ser aplicada assim que for detectado o descumprimento do prazo para desocupação
ofertado. Não há que se falar em cálculo final de indenização enquanto o infrator permanecer
irregularmente ocupando a área em questão, com exceção do cálculo a ser estabelecido no
momento da emissão do Auto de Infração com o valor atualizado para aquele dia.

Imitida a União na posse do imóvel, seja em virtude da desocupação voluntária, administrativa ou


em vista da decisão judicial, consolida-se o tempo final para a contagem do prazo da indenização.

Assim, a imissão da União na posse e a desocupação do imóvel será o marco definitivo para o fim
do cálculo do valor da indenização por posse ou ocupação ilícita (é desse marco temporal, para
trás, que se calcula o valor devido a título de indenização).

Para a estimativa do tempo em que o infrator permaneceu ocupando irregularmente a área,


o técnico da SPU/UF poderá valer-se de provas documentais, sendo que o prazo passível de
cobrança fica limitado a 05 (cinco) anos do período anterior ao conhecimento das circunstâncias

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que possibilitem a geração de receita à União, decorrente da indenização pela ocupação ilícita.

Podemos observar também que, passados os 10 (dez) anos do prazo decadencial, e não tendo a
SPU lançado o crédito originado de receita patrimonial (a indenização), não há que se falar mais em
cobrança pelo tempo pretérito ao conhecimento das circunstâncias e fatos que caracterizaram a
hipótese de incidência de receita patrimonial. E, a cada ano que se passa após o prazo decadencial,
sem que seja lançado o crédito originado de receita patrimonial, o prazo anterior aos 10 (dez)
anos passados vão decaindo também de ano em ano, tudo isso levando em consideração uma
data base, a data de conhecimento das circunstâncias e fatos que caracterizaram a hipótese de
incidência de receita patrimonial.

Em relação ao valor da indenização, conforme já mencionado, este é calculado em função do


tempo da ocupação ou posse irregular, à alíquota de 10% do valor atualizado do domínio pleno
do terreno da União (valor do imóvel na PVG).

Entende-se que a indenização não é aplicada proporcionalmente por dia ou mês de ocupação.
Ou seja, a partícula “ou” indica que, independentemente de a posse ou ocupação ilícita ter
permanecido por 12 (doze) meses (um ano inteiro), ou 3 (três) meses (1/4 de ano), ou 10 (dez)
meses (5/6 de ano), o valor dos 10% do domínio pleno do terreno será calculado e cobrado da
mesma forma, com o mesmo valor.

Em outras palavras, constatada que a desocupação ocorreu em uma data que não coincidiu com
o início de um novo ciclo de 1 (um) ano (365 dias), não há de se falar em cobrança de indenização
proporcional pelos dias passados dentro do ciclo presente.

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No que tange ao valor atualizado de domínio pleno de terreno da União - Vdp, este deverá ser
atualizado ano a ano até o cálculo final da cobrança, conforme art. 10, parágrafo único, da Lei nº
9.636/98.

Quando será encerrada a sanção/ consequências e próximos passos

A indenização deverá permanecer vigente até que o imóvel seja desocupado. Caso o autuado
solicite regularização da ocupação junto a SPU, a equipe de destinação deverá analisar o pleito.
A depender da análise sobre a possibilidade de regularização da ocupação, os próximos passos
da equipe de fiscalização poderão ser diferentes:

a) Caso a equipe de destinação chegar à conclusão de que a ocupação praticada poderá ser
regularizada e esse posicionamento for autorizado pelo Superintendente, então, a cobrança da
indenização poderá ser suspensa mediante ato do Superintendente que remeterá os autos à
equipe de destinação para os passos necessários.

b) Caso a equipe de destinação chegar à conclusão de que a ocupação praticada não poderá
ser regularizada, então deve-se efetivar a cobrança anual do valor da indenização até que o
imóvel seja desocupado. Mesmo diante de ação em tramite no judiciário, as cobranças anuais da
indenização deverão ser realizadas administrativamente até que seja concluso.

Quando existirem processos antigos com cobranças de indenizações não efetivadas, a SPU poderá
emitir cobrança em um único Darf, respeitando as regras de prescrição e decadência. Ainda, os
valores para este caso deverão ser corrigidos monetariamente para valor atual incidindo multa
e juros.

2.8 Entendendo na prática


Vamos praticar o que estamos estudando?

Para isso, leia, reflita e tente responder às situações problema 1 e 2 antes de acessar a resposta
para cada uma delas.

Situação problema 1

Em 14/05/16, você e outros servidores SPU saíram a campo para atender à demanda prevista em
seu Plano Anual de Fiscalização, com o intuito de realizar a vistoria e apurar os fatos solicitados
em denúncia realizada por órgão ambiental, e protocolada na SPU, no dia 15/02/2016.

No local da vistoria, vocês identificaram ocupação irregular em terreno dominial da União. Foi
emitido, então, Auto de Infração e entregue in loco ao infrator. Após a juntada e análise de
documentos, verificou-se a existência de registros que comprovam que a ocupação deu início
por volta do dia 13/10/2007, totalizando então 3.142 dias (8,6 anos). Foi emitido Darf (1), e este
foi recebido pelo infrator, no dia 20/05/2016, por correio.

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A SPU atestou que foi cumprida a desocupação no dia 27/11/2017, notificando imediatamente o
interessado da obrigação de indenizar a União pelo período em que esta esteve privada da posse
do bem.

Pergunta
Nessa situação, como proceder ao cálculo da indenização por ocupação
irregular?

Resposta
No conhecimento da desocupação, deverá ser emitido novo Darf (2) referente
ao período do recebimento do primeiro até a efetiva desocupação (27/11/2017).

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Situação problema 2

Foi solicitada, pela área de destinação da SPU, a verificação de cláusulas contratuais de um termo
de entrega, realizado a dois anos, que tratava de entrega ao Ministério do Trabalho e Emprego -
MTE, referente a três salas comerciais adjacentes. Ao chegarem ao local, os fiscais se depararam
com o uso das salas sendo realizado por um restaurante particular, em desacordo com o objeto
do termo de entrega citado.

Pergunta
Quais as ações recomendadas para essa situação?

Resposta
Voltando ao caso anterior, faremos o seguinte raciocínio: o imóvel está
classificado como de uso especial, pois foi entregue ao MTE para uso da
Administração Pública federal. Porém, o uso efetivo do imóvel está sendo feito
por uma ocupação irregular de um particular. Diante disso, a classificação do
imóvel torna-se dominial.
Em sendo dominial, além das sanções cabíveis já citadas, ou seja, de notificação
para reconstrução original dos imóveis e embargo das atividades, a equipe
deverá notificar para a desocupação imediata do imóvel bem como aplicar a
cobrança, por meio de Auto de Infração, de indenização por ocupação irregular.
Neste caso, como a data inicial de ocupação pelo restaurante não era de
conhecimento, o cálculo da indenização a ser aplicada será de 10% do valor
atualizado do domínio pleno de terreno da União, por ano que a ocupação
irregular ocorrer.
Por fim, deve-se encaminhar o processo para a área de destinação para
providências quanto ao descumprimento do termo de entrega firmado.

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2.9 Acompanhamento de recursos administrativos
Entre os princípios constitucionais, o do Contraditório e da Ampla Defesa, em Direito Processual,
é um princípio jurídico fundamental do processo judicial moderno. Exprime a garantia de que
ninguém pode sofrer os efeitos de uma sentença sem ter tido a possibilidade de uma efetiva
participação quanto a formação da decisão (direito de defesa).

O princípio da ampla defesa e do contraditório possui base no dever delegado ao Estado de


facultar ao acusado a possibilidade de efetuar a mais completa defesa quanto à imputação que
lhe foi realizada.

As condições mínimas para a convivência em uma sociedade democrática são pautadas por
intermédio dos direitos e garantias fundamentais. Estes são meios de proteção dos Direitos
individuais, bem como mecanismos para que haja sempre alternativas processuais adequadas
para essa finalidade.

Além disso, os princípios constitucionais são indispensáveis na sua função ordenadora, pois
colaboram para a unificação e harmonização do sistema constitucional. A Carta Magna, em seu
artigo 5º, inciso LV, afirma que:

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados
o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

A Lei no 9.784/99 que trata da regulamentação do processo administrativo no âmbito da


Administração Pública federal dispõe de um capítulo específico sobre o recurso administrativo e
da revisão das decisões administrativas.

Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de
mérito.
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a
reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias administrativas,
salvo disposição legal diversa.
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:
I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo;
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão
recorrida;
III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses
coletivos;
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos.

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Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para interposição de
recurso administrativo, contado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão
recorrida.
§ 1º Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo deverá ser decidido
no prazo máximo de trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão competente.
§ 2º O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorrogado por igual período,
ante justificativa explícita.
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito suspensivo.

A legislação patrimonial, sobretudo, o art. 6º do Decreto-Lei nº 2.398/87, alterado pela Lei nº


13.139/2015, traz o seguinte: § 13. Ato do Secretário do Patrimônio da União do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão disciplinará a aplicação do disposto neste artigo, sendo a
tramitação de eventual recurso administrativo limitada a 2 (duas) instâncias.

Portanto, no tocante a instâncias recursais, a lei específica sobre gestão patrimonial (o art. 6º
do Decreto-Lei nº 2.398/87, alterado pela Lei nº 13.139/2015) é mais restritiva do que a lei geral
sobre processos administrativos da Administração Pública federal (Art. 57º, da Lei no 9.784/99
mencionada, que prevê até 3 instâncias), devendo ser seguida a lei específica nos casos de defesa
apresentada contra um ato fiscalizatório.

Observe na figura a seguir os passos do recurso administrativo contra o ato fiscalizatório:

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Então, quando um infrator recebe um Auto de Infração, ele tem 10 dias para apresentar recurso,
este deverá ser analisado pela respectiva SPU/UF, que responderá a cada argumento através
de Nota Técnica. Se este recurso for indeferido, o infrator após notificado da decisão, terá a
oportunidade de apresentar um novo recurso, para o qual terá mais 10 dias.

Se no segundo recurso o infrator apresentar os mesmos argumentos, os quais já foram indeferidos,


a SPU/UF deverá redigir Nota Técnica pontuando o porquê da manutenção da decisão, isto é, a
ausência de fatos novos que alterem o entendimento. Na sequência deverá remeter para a SPU/
OC para que a análise em 2ª instância seja realizada.

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Porém, se o infrator apresentar novos argumentos, a SPU/UF deverá formular nova Nota Técnica
esclarecendo o motivo desses argumentos serem válidos ou não. Se os novos argumentos
forem suficientes para ter o seu pedido deferido, encerra-se o processo. Contudo, se os novos
argumentos não forem suficientes para acatar o pedido do infrator, a SPU/UF remeterá o processo
(também com Nota Técnica respondendo aos novos argumentos), para a que a SPU/OC proceda
com a análise em 2ª Instância. Ocasião esta, em que se esgotará as oportunidades de defesa.

Se o autuado não apresentar defesa, recomenda-se a manifestação do Superintendente do Estado


através da inserção de despacho no processo administrativo informando quanto a ausência do
recurso administrativo. Encaminhando, assim, o processo para demais ações necessárias.

No anexo do Manual de Fiscalização do Patrimônio da União, de 2018 (https://www.gov.


br/economia/pt-br/assuntos/planejamento/gestao/patrimonio-da-uniao/fiscalizacao/
arquivos/2018/180517_manual-de-fiscalizacao-2018.pdf), fornece um modelo de despacho
decisório para essa finalidade.

3. Finalizando o módulo
Ao finalizar o estudo do conteúdo deste módulo, você conheceu sobre os principais tipos de
infração que podem ocorrer em imóveis da União, bem como a caracterização do infrator como
responsável pelo processo de ocupação irregular e as interfaces da legislação patrimonial com
outras de cunho geral.

Nele, foram elencadas as sanções cabíveis para os diversos atos praticados por infratores,
relacionando o objetivo e aplicação de cada uma, base legal para a sua aplicação, formulário
padrão a ser utilizado pelo fiscal, forma de cálculo de cobrança (quando for o caso) e ações a
serem tomadas pela SPU mediante a aplicação de cada sanção.

Por fim, foi apresentado o procedimento para que a autuado/notificado possa exercer o seu
direito de ampla defesa e contraditório previsto na Carta Magna.

Esperamos que o conteúdo tenha sido de grande valia para você!

Agora convidamos você para responder a atividade avaliativa deste módulo. E, também,
aguardamos você no módulo 3.

Vamos em frente!

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Referências Bibliográficas
SILVA, Danilo dos Santos; OLIVEIRA, Thais Brito de. Secretaria do Patrimônio da União (Ed.). Manual
de Fiscalização do Patrimônio da União. Brasília: Secretaria do Patrimônio da União, 2018.
206 p. Disponível em: <https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/planejamento/gestao/
patrimonio-da-uniao/fiscalizacao/arquivos/2018/180517_manual-de-fiscalizacao-2018.pdf>.
Acesso em: 29.maio.19.

IN 23/2020 Fiscalização dos Imóveis da União. Brasília: Ministério da Economia: Secretaria de


Coordenação e Governança do Patrimônio da União, 2020. Disponível em: <http://www.in.gov.
br/en/web/dou/-/instrucao-normativa-n-23-de-18-de-marco-de-2020-249245516>. Acesso em:
19.jun.20.

Legislação Relacionada
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Dispõe sobre Código Penal.

Decreto-Lei nº 9.760, de 5 de setembro de 1946 - Dispõe sobre os bens imóveis da União e dá


outras providências.

Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979 - Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e dá


outras Providências.

Decreto-Lei nº 2.398, de 21 de dezembro de 1987 - Dispõe sobre foros, laudêmios e taxas de


ocupação relativas a imóveis de propriedade da União, e dá outras providências.

Lei  nº  9.605,  de  12  de fevereiro  de  1998  - Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

Lei nº 9.636, de 15 de maio de 1998 - Dispõe sobre a regularização, administração, aforamento e


alienação de bens imóveis de domínio da União, altera dispositivos dos Decretos-Leis nº s 9.760,
de 5 de setembro de 1946, e 2.398, de 21 de dezembro de 1987, regulamenta o § 2o do art. 49
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e dá outras providências.

Lei  nº  9.784,  de  29  de janeiro  de  1999  - Regula o processo administrativo no âmbito da
Administração Pública Federal.

Decreto nº 3.725, de 10 de janeiro de 2001 - Regulamenta a Lei nº 9.636, de 15 de maio de 1998,


que dispõe sobre a regularização, administração, aforamento e alienação de bens imóveis de
domínio da União, e dá outras providências.

Lei nº 13.139, de 29 de junho de 2015 - Altera os Decretos-Lei nº 9.760, de 5 de setembro de


1946, nº 2.398, de 21 de dezembro de 1987, a Lei nº  9.636, de 15 de maio de 1998, e o Decreto-
Lei nº 1.876, de 15 de julho de 1981; dispõe sobre o parcelamento e a remissão de dívidas
patrimoniais com a União; e dá outras providências.

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Lei  nº  13.240,  de  30  de  dezembro  de  2015 - Dispõe sobre a administração, a alienação, a
transferência de gestão de imóveis da União e seu uso para a constituição de fundos; altera a Lei
nº 9.636, de 15 de maio de 1998, e os Decretos-Lei nºs 3.438, de 17 de julho de 1941, 9.760, de
5 de setembro de 1946, 271, de 28 de fevereiro de 1967, e 2.398, de 21 de dezembro de 1987; e
revoga dispositivo da Lei nº 13.139, de 26 de junho de 2015.

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