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LITERATURA

BRAVAS E INSUBMISSAS: MULHERES E GÊNERO NA


LITERATURA MEMORIALISTA DO SERTÃO NORTE-MINEIRO

DRA. CLÁUDIA DE JESUS MAIA


CLÁUDIA DE JESUS MAIA

Doutora em História pela


Universidade de Brasília (
UnB). Estágio Pós-Doutoral na
Universidade Nova de Lisboa
(UNL). Professora na
Universidade Estadual de
Montes Claros
OBJETIVO

É entender as representações de
gênero, identificando formas de
atuação e insubmissão femininas nas AUGUSTE DE SAINT HILAIRE
relações sociais e cotidianas. Busca
ainda entender os sentidos que “é mediante uma curiosidade desse
tornaram inteligíveis as mulheres nesse tipo que as senhoras procuram
contexto geo-histórico. compensar a escassa liberdade de que
podem gozar” (SAINT-HILAIRE, 1975, p.
LITERATURA MEMORIALISTA 325).

É uma forma literaria que passeia entre


os fatos e os devaneios, entre as
imagens da imaginação e da memória,
entre os tempos pretéritos e o desejo do
tempo futuro.
DARCY RIBEIRO
Educador, político,
CONFISSÕES
etnólogo, antropólogo,
22 OUTUBRO 1997
escritor, indigenista,
sociólogo e romancista
brasileiro. nasceu em
Montes Claros (MG), em
26 de outubro de 1922, e
faleceu em Brasília, DF, em
17 de fevereiro de 1997.

Coragem! Mais vale errar,


se arrebentando, do que
poupar-se para nada.
CYRO DOS ANJOS
A MENINA DO
SOBRADO
1979
Cyro dos Anjos (Ciro Versiani
dos Anjos), jornalista,
professor, cronista, romancista,
ensaísta e memorialista,
nasceu em Montes Claros, MG,
em 5 de outubro de 1906, e
faleceu no Rio de Janeiro, RJ,
em 4 de agosto de 1994

Não morre quem no mundo


deixa o nome. Em tantos
corações tão bem gravado.
Não morre quem nas lutas do
civismo. No campo dos heróis
tomba, prostrado
HISTORIOGRAFIA FEMININA
Os caminhos da história das mulheres não se contam de modo claro e
definido. São percursos sinuosos, intrincados, ao longo dos quais o
historiador precisa dispensar cargas de muito preconceito presente nas
fontes, desconfiar de suas lacunas, duvidar de suas verdades. (Figueiredo,
2006, p. 142)
Na experiência histórica e nos efeitos das colonizações em termos de
desumanização, produzidas em ambos os extremos da relação colonial,
foram as mulheres o principal alvo da crueldade (Segato, 2018)

Assim, a grande ausência das mulheres é uma marca não apenas da


historiografia de Minas Gerais. Muitas vezes, o lugar reservado para as
mulheres "encontradas" no Novo Mundo, ou trazidas da África, foi
secundário e/ou invisível. (Barbosa,2020).

Essa invisibilidade foi, eventualmente, suprimida nos casos em que a mulher


ocupou o lugar de representante da virtude moral e religiosa, da família e da
obediência, do corpo e da sexualidade domesticadas. (Priore, 2005; Boxer,
1977).
Uma visibilidade que, afinal, é uma invisibilidade das mulheres reais sob o
estereótipo de construção patriarcal e que se configura como modos de
subalternização e de apagamento da voz. (Barbosa,2020).
HISTORIOGRAFIA FEMININA
(...) Percebendo sua ausência [das mulheres] nas salas de visitas e até na sala
de refeições, sabendo-as impossibilitadas de caminhar livremente pelas ruas,
escoltadas ainda em suas constantes idas à igreja, alguns acreditavam que um
dos poucos divertimentos que restava às senhoras e senhoritas brancas, e no
qual passavam longas horas, era olhar. (QUINTANEIRO, 1996, p. 36)

Projetos de modernização burguesa da elite da sociedade


brasileira no final do século XIX e início do XX. reduziram ao
máximo suas atividades e aspirações, até encaixá-las no papel de
“rainha do lar”, sustentada pelo tripé mãe-esposa-dona de casa.
(MALUF; MOTT, 1998, p. 368)
Coronelas, mandonistas, “donas”, amadas e temidas, do sertão.

Não há relação de poder em que as determinações estejam


saturadas, a não ser quando o sujeito “pode se deslocar e, no
limite, escapar”; “não há relação de poder sem resistência, sem
escapatória ou fuga, sem inversão eventual”, sem insubmissão (
FOUCAULT, 1995, p. 243).
MOTIVAÇÃO

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