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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

A CONDIÇÃO
AGOSTO 2022

FEMININA EM
AS TRÊS
MARIAS
GRUPO 9: Alessandra Pinheiro, Daniel
Souza, Fernanda Araújo, José Fabrício
Affonso, Linda Dantas
TEMAS
01 Biografia

02 Contexto Histórico- Social- Político.

03 Obra: As três Marias

04 A condição feminina

BREVE BIOGRAFIA

Quem foi Rachel de Queiroz?


Nasce em Fortaleza no ano de 1910
“mamãe punha-me livros nas mãos desde meus 5 anos, quando
aprendi a ler. Já naquela época resolvi ler o Ubirajara de José de
Alencar. Não entendi uma palavra, mas li o livro todinho”
Ainda com 19 anos, Raquel começa a escrever "O quinze";
1931- PCB;
1937 - Caminho de pedras e Estado Novo;
1939 - As três Marias;
1958 - Recebe o Prêmio Machado de Assis, da Academia;
Brasileira de Letras;
1964 - “Conspira” a favor do golpe militar;
1977 - Torna-se a primeira mulher a ser eleita para a ABL,
ocupando a cadeira n°5
Contexto Histórico
Ela e o Modernismo
Na década de 30 o Brasil testemunhou a explosão do romance cujas temáticas repercutiam acerca da

denúncia social como instrumento para apontar e questionar a realidade, principalmente a região

nordeste, a qual condena muitos brasileiros à fome, miséria e seca.

Assim, o ano de 1930 acelerou as tendências contemporâneas, e, por isso, as transformações culturais,

políticas e sociais que são heranças dos fatos ocorridos na década de 30.

Contexto Histórico
Ela e o Modernismo
O projeto literário do romance de 1930 tinha por objetivo revelar a realidade socioeconômica

brasileira, o subdesenvolvimento, cujas raízes influenciavam a vida dos seres humanos.

Rachel foi militante comunista, e, permaneceu presa por três meses em 1937, perseguida pela

ditadura. A autora teve seus livros incinerados na Bahia por serem avaliados como revolucionários.
Contexto Histórico
1. Regionalismo nas obras
Rachel de Queiroz
Rachel de Queiroz lançou um olhar feminino sobre o sertão, surgiu no Regionalismo como a única mulher a
figurar entre escritores da geração de 1930. A tensão crítica é uma particularidade da obra racheliana, em que
discute os conflitos sociais.
O resgate da brasilidade acontece no decorrer do romance e revela o regionalismo principalmente na minissérie
produzida pela rede Globo Memorial de Maria Moura, em que a personagem aparece como uma heroína, e,
comparada com uma epopéia, o romance torna-se uma representação da realidade brasileira, vivida por homens
e mulheres do nordeste brasileiro.
O primeiro romance regionalista: "O Quinze":
A Três Marias
Publicado em 1939, a obra nos traz a história Maria
Augusta (Guta), Maria da Glória e Maria José. Através do
olhar da protagonista, Guta, temos acesso a a Glória olhou para mim, eu olhei
adolescência das amigas, que se conhecem num para Maria José. Sorrimos. "As três
internato feminino dirigido por freiras, até o início da vida
Marias!" As três Marias bíblicas?
adulta.
As três estrelas do céu? A classe
achou graça, o apelido ficou. Nós
mesmas nos orgulhávamos dele,
sentíamo-nos isoladas numa
trindade celeste, aristocrática, no
meio da plebe das outras.
(QUEIROZ, p. 22, 1992)
MARIO DE ANDRADE
"Este livro de Rachel de Queiroz é uma festa humana, naquele melhor sentido em que a beleza e
a arte são sempre um generoso prazer. Festa completa e complexa, em que, dentro da libertação
contemplativa e criadora, temos conosco sempre uma alma de carinho, alegre e dolorosa,
profunda, sofredora, compassiva, grave" - passagem tirada da obra O empalhador de passarinho
(1944)
A condição feminina
O ESPAÇO - CONFINAMENTO RELIGIOSO
E A CONDIÇÃO SOCIAL

Caracterizado pela frieza e indiferença, a ambientação da primeira


parte da obra não é escolhida de forma aleatória. De natureza
socialmente rígida, o internato é desconfortável, frio, severo e
representava não somente uma restrição física, que dividia o mundo
interior do exterior, mas um encerramento moral. Queiroz, que
buscava denunciar a condição social da mulher na sociedade,
constrói uma “metáfora bastante clara do grau de limitação da
mobilidade das mulheres naquele espaço e naquele momento
histórico” (MARQUES, p. 92, 2010)
A divisão da
"cidadela"
PENSIONISTAS: senhoritas burguesas, ruidosas, vestidas
de seda e flanela branca, eram orientadas a serem
futuras donas de casa, tendo acesso à educação e aulas
de instrumentos musicais.

ÓRFÃS: moças pobres, vestidas de xadrez, eram quietas,


humildes e de vista baixa, porque as regras que lhes
exigiam modéstia, humildade e silêncio eram ainda mais
severas.

A repressão propagada
pela religião

A conduta para lidar com as internas é determinada pela


austeridade presente no serviço das religiosas.
A figura da freira representaria as mulheres
enclausuradas e repressoras de outras mulheres que
vivem em estado assemelhado de confinamento.

O ESCAPISMO: MEMÓRIA E
IMAGINAÇÃO
Num ambiente restrito, os recursos para fugir dessa realidade oscilam
entre a memória e a imaginação.
As jovens encontram na prática da recordação, o aconchego e a
saudade dos tempos anteriores a entrada do internato. Por vezes,
idealizam a reminiscência, distorcendo os fatos.
“No exílio em que se encontram, as mulheres confinadas no colégio
interno remontam um espaço que, na verdade, existe tão-somente no
desejo de suas mentes.” (MARQUES, p. 93, 2010)
O ESCAPISMO: MEMÓRIA E
IMAGINAÇÃO
A imaginação, por sua vez, induz as personagens a sonharem com
castelos e príncipes, com vidas idealizadas em outros lugares.
No entanto, as fantasias são sempre fundadas em situações que
terminam em casamento e a formação familiar. É a mentalidade
patriarcal estabelecendo seu domínio, uma vez que não conseguem
visualizar outra saída que não a estabelecida pela sociedade burguesa.

"Dessa maneira, tal evasão traz, em primeiro plano, a figura masculina como elemento
facilitador da fuga do claustro. [..] é o homem que tem a chave para a libertação do
feminino" (MARQUES, p. 94, 2010)
Tentativas de mudar
sua condição
Além das evasões pela memória e pela
imaginação, outra maneira de libertar-se do
claustro era pela fuga em si do convento em
que viviam.
Desfecho das três personagens

Casamento - Professora - Transgressão -


Maria da Glória Maria José Maria Augusta

(Guta)
.
Maria Augusta (Guta)
"No final aberto da narrativa, podemos depreender o
nebuloso futuro que espera pela jovem: deflorada, não
terá direito a um casamento respeitável; inábil para com
as tarefas domésticas, a ela restará sujeitar-se às ordens
severas da rígida Madrinha." (MARQUES, 2010, p. 96)

"A civilização patriarcal destinou a mulher à castidade (...)


para ela o ato carnal, não sendo santificado pelo código
moral, pelo sacramento, é falta, derrota, fraqueza; ela tem
o dever de defender sua virtude, sua honra, se “cede”, se
“cai”, suscita o desprezo (...)". (BEAUVOIR, 1999, pg.126)
Arquétipo feminino triplicado
1) Maria da Glória é a estrela brilhante e mais forte. Faz jus
ao seu nome, em virtude de atingir a glorificação máxima
que uma mulher podia, então, atingir na sociedade
burguesa – qual seja, lograr constituir uma família;

2) Maria José é a estrela que menos brilha, apagada e


trêmula. Ela é, ao mesmo tempo, feminino (Maria) e
masculino (José);

3) Maria Augusta é a estrela do meio: serena e de luz


azulada. É aquela que se arrisca a subverter os ditames
patriarcais, o que a levará a seu melancólico e isolado
destino final.
Referências Bibliográficas
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo: a experiência vivida. - 3. ed. - Rio
de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2016.
DE ANDRADE, Mário. O empalhador de passarinho. Nova Fronteira, 2013.
Marques, Jorge. Condição feminina e confinamento em As três Marias,
de Rachel de Queiroz. Revista Diadorim, 2010.
QUEIROZ, Rachel de. As três Marias. 21. ed. São Paulo: Siciliano, 1992. ______.
Caminho de pedras. 5. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1962.

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