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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE LETRAS
CURSO DE LETRAS – LÍNGUA E LITERATURA PORTUGUESA – IH13 –
NOTURNO
DISCIPLINA: LITERATURA BRASILEIRA III, TURMA 02
PROFESSORA: CAMILA SANTOS
ALUNA: Alessandra Mara Pinheiro Batista

RESUMO
Ideias para adiar o fim do mundo (2019) é um ensaio resultado de duas
conferências e uma entrevista realizadas em Portugal entre os anos de 2017 e
2019, conduzido pelo escritor, ambientalista, ativista e líder indígena Ailton
Alves Lacerda Krenak. Nascido no Vale do Rio Doce, em 1953,

Divido em três capítulos, “Ideias para adiar o fim do mundo”, “Do sonho
e da terra” e “A humanidade que pensamos ser”, a obra nos traz uma reflexão
acerca de nossas relações com o planeta Terra, indicando quais passos a
sociedade tomou até agora e o que fazer diante da “queda livre” imposta pela
vivência consumista que opera nos dias atuais.

No primeiro capítulo, o autor questiona a própria ideia de humanidade,


que, atravessando o tempo, perdeu sua origem secular, sendo ressignificada.
Assim, a dissociação da sociedade com a natureza nos tornara alheios aos
acontecimentos que nos rodeiam. Uma vez pertencidos ao mundo da terra,
agora a modernização nos arrasta para os centros urbanos, nos empurra para
longas jornadas de trabalho e para uma vida excessivamente acelerada,
limitadora da existência, da criação, enfim, da liberdade. Krenak nos avisa
sobre esse assalto que a humanidade nos fez, retirando-nos de nossas raízes
e nos fazendo estranhos a elas:

Essas pessoas foram arrancadas de seus coletivos, de seus lugares


de origem, e jogadas nesse liquidificador chamado humanidade. Se
as pessoas não tiverem vínculos profundos com sua memória
ancestral, com as referências que dão sustentação a uma identidade,
vão ficar loucas neste mundo maluco que compartilhamos (KRENAK,
p. 9, 2019)

E nessa nova conjuntura, onde fica a Terra? Sujeita a desastres


ambientais. Em muitas visões, principalmente a cosmovisão indígena, a Terra é
vista como uma figura materna. E quem ainda a reconhece como tal? Krenak
nos fala da sub-humanidade, aquela que ainda não foi consumida pelo mundo
capitalista, são as figuras que, agarradas na beirada do mundo, nos rios, nos
oceanos, são os únicos a considerarem a Terra como mãe. Mas mesmo diante
a tantas dificuldades, o autor surge com uma resposta muito simplória para
resolver o rombo que a humanidade nos fez; adiar o fim do mundo só é
possível quando nos voltamos para aquilo que está esquecido “E a minha
provocação sobre adiar o fim do mundo é exatamente sempre poder contar
mais uma história. Se pudermos fazer isso, estaremos adiando o fim”
(KRENAK, p. 13, 2019). É observando a resistência de tantos povos originários
à invasões e destruição, que podemos tomar fôlego e arriscar a fazer o mesmo.

O segundo capítulo, o autor nos alerta que, embora se tenha tido uma
resistência milenar por parte daqueles que sempre estiveram ameaçados,
agora, todos estão incluídos dentro dessa erupção da Terra, que tão
desgastada, pode não suportar a demanda. Ailton ainda indica como o modo
de vida consumista, regrado pela lógica capitalista, só pode sobreviver à custa
da morte de outros modos de vida. À esse extermínio, denomina como
“Antropoceno”, a era do desastre ambiental.

excluímos da vida, localmente, as formas de organização que não


estão integradas ao mundo da mercadoria, pondo em risco todas as
outras formas de viver — pelo menos as que fomos animados a
pensar como possíveis, em que havia corresponsabilidade com os
lugares onde vivemos e o respeito pelo direito à vida dos seres, e não
só dessa abstração que nos permitimos constituir como uma
humanidade, que exclui todas as outras e todos os outros seres
(KRENAK, p. 23, 2019)

Por fim, o último capítulo traz uma ruptura mais efetiva com o conceito
de “ser humano” e “humanidade”, ao revelar que existe um certo
condicionamento para a existência de ambos, como se fossem unívocos no
universo. O homem deveria enxergar-se não como algo à parte do grande
organismo que o cerca. Krenak enfatiza o reconhecimento da ancestralidade,
da natureza, como forma de remodelar nossa existência no mundo atual e ao
mesmo tempo, de reduzir nossos impactos socioambientais. Não somos donos
do mundo, mas parte dele.
REFERÊNCIAS
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Editora:
Companhia das Letras, 2019

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