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BIBLIOGRAFIA
Primeira Parte
O controle social, a integração entre os grupos e a promoção da própria
sociabilidade foram interpretados no engajamento das pessoas nas trocas
cerimoniais. O significado do feminismo e a relativa autonomia de suas premissas
no que diz respeito à antropologia aborda os artefatos e imagens (as culturas) das
sociedades melanésias por meio de um deslocamento particular. A criatividade da
linguagem e a metáfora do “presente” ocupa um lugar particular nas formulações
ocidentais, e essa colocação é explorada ao delinear sua relação com a ideia de
“mercadoria”. A visão ocidental da “cultura ocidental”, como a visão da ciência
social, é que ela está perpetuamente inacabada. A autonomia do indivíduo e da
natureza prova o ponto: sempre será preciso continuar pesquisando e escrevendo.
O debate feminista está além das ciências sociais em outro sentido. Seus
ideais não são os de um projeto incompleto, mas sim de uma abertura à diversidade
da experiência social que se apresenta para descrição. É radical na medida em que
deve compartilhar com outros radicalismos a premissa de que a conclusão é
indesejável. A maneira pela qual os estudos feministas organizam o conhecimento
desafia a maneira pela qual grande parte das ciências sociais, incluindo a
antropologia, também organiza o conhecimento. As organizações feministas,
sensíveis aos interesses particulares das mulheres, são sensíveis aos interesses
das minorias étnicas e à etnicização de atributos como a sexualidade. O problema
das mulheres nunca foi apenas sobre as mulheres. O pluralismo da antropologia
permite uma diversidade de entradas na representação das sociedades humanas, e
até certo ponto do próprio observador. O feminismo é visto então com uma dessas
entradas para se compreender a diversidade.
A maneira como as questões relativas à identidade sexual nas Terras Altas
de Papua Nova Guiné foram encapsuladas nas preocupações antropológicas com a
estrutura do grupo nas décadas de 1950 e 1960 explicita uma prática comum:
estender de algum estudo central certos problemas que se tornam um eixo geral de
classificação comparativa. Essa é uma problemática centrada nas Terras Altas da
Melanésia ao se concentrar na maneira pela qual a vida pública e coletiva é
constituída como assunto dos homens. A autora também argumenta que as formas
de vida coletiva estão intimamente ligadas às construções do parentesco doméstico.
A autora se volta para uma crítica de origem feminista embutida em sua
própria história do surgimento das relações de gênero como um tópico autônomo de
investigação na década de 1970. As críticas feministas e antropológicas sobre os
domínios doméstico e político que dominaram a década de 1970, essas críticas
estavam divididas entre aquelas antropólogas que estavam interessadas em
analisar como essas construções sociais confinavam as mulheres, e outras estavam
interessadas em demonstrar como seria impróprio projetar conceitos ocidentais
sobre outras culturas que não discriminam no mesmo sentido. Um modelo holista da
antropologia, versus um modelo pluralista.
Strathern também está muito atenta aos modelos da vida social. Os estudos
realizados na década de 1970 revelaram que não são os homens que emergem
como especificamente “sociais” em suas orientações, mas as mulheres, e isso havia
sido bem documentado, mas os casos são extraídos das sociedades estudadas na
melanésia também demonstram cujas instituições "públicas" tradicionais eram
dominadas pelos homens. Mas as mudanças que vinham ocorrendo nessas
sociedades em anos recentes são reveladoras. As mulheres alegavam habilidade
financeira superior para contornar a irresponsabilidade masculina, mas não para
controlar os homens como tal. A atividade de culto tradicional dos homens parece
ter envolvido afirmações enfáticas de superioridade como base para a dominação
sobre as mulheres. Existindo assim algo que não é fixo ou holista.
Desmantelar a maneira concreta que as metáforas antropológicas vem
sendo atribuídas às mentes dos melanésios, principalmente na maneira que a
antropologia pensa a sociedade em termos de domínio. A autora apresenta o
argumento de que a imagem ocidental de controle depende dos conceitos de posse
e identidade. A primeira metáfora que a autora fala é a da “imposição sobre a
realidade”, onde os homens dominam as mulheres e enganam a si mesmos, os
antropólogos então criam leis gerais que comparam a puberdade ocidental com o
amadurecimento nativo. a Segunda metáfora seria a do ritual como um domínio
separado das outras áreas da vida real.
Segundo a autora essas duas metáforas são uma suposição antropológica de
que a dominação das mulheres deve ser do interesse dos homens. Esse tipo de
explicação estaria baseado em um pensamento ocidental onde uma parte da vida
está em uma esfera e outra parte em outra. Para a autora o pensamento melanésio
não classifica essas esferas dos mesmos modos que a sociedade ocidental, mas
estas estariam constantemente em adaptação uma com a outra, de forma unida.
São apresentados exemplos que mostram que os rituais cercam a entrada dos
homens em um sistema “domínio” público e como as metáforas criadas pelos
antropólogos sobre essas ações sociais estão sempre voltadas para ideias de
“poder” ocidentais, ideias de ganhar ou perder.
Segundo a autora a preocupação da teoria feminista e da antropologia
feminista sobre a maneira que o trabalho das mulheres não receberia o mesmo
reconhecimento do trabalho dos homens implicaria em uma exploração dos homens
sobre o trabalho das mulheres, essa seria a maneira que os antropologos ocidentais
viram os povos da melanesia, uma competição dos homens pelo controle do
trabalho das mulheres . Homens e mulheres devem ser conceituados como
diferentes para que a divisão sexual do trabalho funcione, e como desiguais, uma
vez que o trabalho de um sexo recebe mais valor social do que o trabalho do outro.
As esposas Hagen são claramente colocadas na posição de “ajudar” seus maridos a
ganhar nomes enquanto elas mesmas não ganham nenhum. O conceito ocidental
de exploração repousa, em última análise, na ideia de que a violência pode ser
realizada a uma suposta relação intrínseca entre o eu como sujeito e sua realização
nos objetos de suas atividades.
Para a autora, este povo não imagina nada próximo ao entendimento
ocidental da relação natureza e cultura.
Assim, Strathern (2006) ressalta a necessidade da antropologia assumir o
que ela é/tem sido “[...] um esforço para criar um mundo paralelo ao mundo
observado, através de um meio expressivo que estabelece suas próprias condições
de inteligibilidade.”
BIBLIOGRAFIA