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SUSTENTABILIDADE E A RELAÇÃO

SER HUMANO E NATUREZA


Pensamento ocidental ou eurocentrado
❖ Francis Bacon (Londres/1561-1626) O método experimental,

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➢ Formação: Direito (Cambrige) segundo Bacon, permitiria
➢ Precursor do pensamento moderno ao ser humano sair da
➢ Fundador da ciência moderna – EMPIRISMO - condição de refém das
método experimental/INDUTIVO intempéries da natureza.
Assumindo o controle
sobre ela.

A finalidade do conhecimento científico era


dominar as forças da natureza.
“Todos os esforços do homem e da sociedade devem ser dirigidos ao
progresso do saber; toda a ciência deve ser dirigida para a melhoria da
vida humana sobre a terra”

“O conhecimento é poder” – BACON


De olho na questão

(Pucpr 2009) “Ciência e poder do homem coincidem, uma vez que, sendo a causa
ignorada, frustra-se o efeito. Pois a natureza não se vence, se não quando se lhe
obedece. E o que à contemplação apresenta-se como causa é regra na prática.”

Fonte: BACON. Novum Organum…, São Paulo: Nova Cultural, 1999, p.40.
Tendo em vista o texto acima, assinale a alternativa correta:
a) Bacon estabelece que a melhor maneira de explicar os fenômenos naturais é recorrer
aos princípios inatos da razão.

b) Através do conhecimento científico, o homem aprende a aceitar o domínio dos


princípios metafísicos de causalidade sobre a natureza.

c) O conhecimento da natureza depende do poder do homem. Assim um rei conhece mais


sobre a natureza do que um pobre estudante.

d) Através da contemplação – observação – da natureza o homem aprende a conhecê-la


e, então, reúne condições para dominar a natureza.

e) Devemos ser práticos e obedecer à natureza, pois o conhecimento das relações de


causa e efeito é impossível e sempre frustrante.
De olho na questão

(Enem 2019)

TEXTO I

Os segredos da natureza se revelam mais sob a tortura dos experimentos do que no seu curso
natural.
BACON, F. Novum Organum, 1620. In: HADOT, P. O véu de Ísis: ensaio sobre a história da ideia de natureza. São Paulo: Loyola, 2006.

TEXTO II

O ser humano, totalmente desintegrado do todo, não percebe mais as relações de equilíbrio da
natureza. Age de forma totalmente desarmônica sobre o ambiente, causando grandes
desequilíbrios ambientais.
GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. Campinas: Papirus, 1995.
Os textos indicam uma relação da sociedade diante da natureza caracterizada pela

A.Objetificação do espaço físico.

B. Retomada do modelo criacionista.

C. Recuperação do legado ancestral.

D. Infalibilidade do método científico.

E. Formação da cosmovisão holística.


De olho na questão

(UNESP) Ao cunhar a frase “natureza atormentada,” no início do século XVII, numa referência
ao objeto do conhecimento científico, Francis Bacon não imaginou que esse ideal iria, no século
XXI, atormentar filósofos e cientistas. O “tormento” do mundo natural, para ele, significava
conhecê-lo, não pelo saber desinteressado, mas para dominar, transformar e, então, utilizar
esse universo da maneira mais eficiente. O berço da ciência moderna trazia a estrutura para que
o ideal de controle da natureza pudesse ser realizado. A partir de então, essa relação entre
ciência e técnica foi naturalmente se estreitando.
(Carlos Haag. “Natureza atormentada”. https://revistapesquisa.fapesp.br, agosto de 2005. Adaptado.)
De acordo com o tema abordado pelo excerto, o “tormento” gerado em filósofos e cientistas
contemporâneos se dá devido à problematização da

A.Eficácia de teorias.

B. Natureza do conhecimento.

C. Noção de progresso.

D. Confiança nos resultados.

E. Verificação dos experimentos.


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Ailton Krenak, é um pensador, ambientalista, filósofo, poeta e


escritor brasileiro da etnia indígena Krenak. É também
professor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de
Fora (UFJF) e pela Universidade de Brasília (UnB). Em 2023 se
tornou o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na Academia
Brasileira de Letras.
IDEIAS PARA ADIAR O FIM DO MUNDO

O líder indígena critica a ideia de humanidade A “provocação sobre


como algo separado da natureza, de uma adiar o fim do mundo é
“humanidade que não reconhece que aquele rio exatamente poder contar
mais uma história”
que está em coma é também seu avô”.

Para o autor, essa premissa está na


origem do desastre socioambiental de
nossa era, o ANTROPOCENO
Alterações profundas e sistêmicas no
planeta engendradas pelos ser humano a
ponto de configurar uma outra era
geológica.
O MITO DA SUSTENTABILIDADE

Fomos, durante muito tempo, embalados com a história de que somos a humanidade.
Enquanto isso – enquanto seu lobo não vem -, fomos nos alienando desse organismo de
que somos parte, a TERRA, e passamos a pensar que ele é uma coisa e nós, outra: a
TERRA e a HUMANIDADE. Eu não percebo onde a tem alguma coisa que não seja natureza.
Tudo é natureza. O cosmo é natureza, tudo em que eu consigo pensar é natureza.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o findo mundo. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras,
2010, p. 16-17.

O nosso apego a uma ideia fixa de paisagem da TERRA e de HUMANIDADE é a


marca mais profunda do ANTROPOCENO. (KRENAK, 2020, p. 58)
O PERIGO DE UMA HISTÓRIA ÚNICA

É ASSIM QUE SE CRIA UMA HISTÓRIA ÚNICA: mostre um povo como uma coisa,
uma coisa só, sem parar, e é isso que esse povo se torna.

A consequência da história única é esta: ela rouba a dignidade das pessoas.

ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo da história única. Tradução: Julia Romeu. 1º ed. São Paulo:
Companhia das Letras. 2019, p. 16-17.
O problema é que o eurocentrismo sempre observou a natureza como se
estivesse fora dela, como se fossem superiores a ela e como se tivessem
pleno direito a explorá-la [...]Nós sempre fomos parte da natureza [...]
sempre respeitamos seus ciclos e sempre lhe prestamos homenagem,
juntos [...] se somos parte da natureza e o homem branco, ingenuamente,
pensa que é superior a ela, é evidente que não tivemos nem pudemos ter
uma relação igualitária e respeitosa. Sempre enfrentamos uma relação de
desigualdade entre “eles” e “nós” (Evo Morales)
“Devemos estar no centro das

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decisões”, Tixai Suruí, COP26,
em Glasgow, 2021

O lugar de fala reivindica a autoridade discursiva negada por séculos à grupos


historicamente marginalizados e racializados – é o tornar-se sujeito de sua história.
De olho na questão

(UECE)
“A questão ambiental deve ser compreendida como um produto da intervenção da sociedade
sobre a natureza. Diz respeito não apenas a problemas relacionados à natureza, mas às
problemáticas decorrentes da ação social.”
RODRIGUES, Arlete Moysés. Produção do e no espaço - problemática ambiental urbana. Ed. Hucitec, 1998, p.8.
A partir do excerto acima, pode-se concluir corretamente que os problemas
ambientais globais residem:

a) na forma como o homem em sociedade apropria-se da natureza.

b) nas relações de consumo e não nas relações de produção.

c) principalmente na forma de exploração dos recursos naturais não renováveis.

d) apenas nas relações de produção, porque estas não têm vinculação com o consumo.
De olho na questão

ENEM - 2019
Dizem que Humboldt, naturalista do século XIX, maravilhado pela geografia, flora e fauna
da região sulamericana, via seus habitantes como se fossem mendigos sentados sobre
um saco de ouro, referindo-se a suas incomensuráveis riquezas naturais não exploradas.
De alguma maneira, o cientista ratificou nosso papel de exportadores de natureza no que
seria o mundo depois da colonização ibérica: enxergou-nos como territórios condenados
a aproveitar os recursos naturais existentes.
ACOSTA, A. Bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Elefante, 2016 (adaptado).
A relação entre ser humano e natureza ressaltada no texto refletia a permanência
da seguinte corrente filosófica:

a) Relativismo cognitivo.

b) Materialismo dialético.

c) Racionalismo cartesiano.

d) Pluralismo epistemológico.

e) Existencialismo fenomenológico.
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Poesia Indígena

Natureza em chamas Primeira Amazônia


Na terra sagrada Vivi no tempo dos ancestrais
Que Tupã criou Quando tudo era alegria
Do seio materno E da árvore floria
Se ouve o clamor Esperança e paz. Márcia Wayna Kambeba,
Da mãe Natureza [...] ativista, escritora, poetisa,
Sofrendo de dor. Vivi no tempo dos ancestrais mestre em geografia,
O fogo ardente ao A Amazônia que tinha lá compositora.
longo se vê Invasores?
reconto pra ti
Queimando a mata De invadidos
Não é mentira, acredite
Sem quê, nem por quê Viramos invasores
A Amazônia existe em mim.
As folhas se torcem De nosso próprio lugar
querendo viver.
[...]
KAMBEBA, Márcia Wayna. Ay Kakyritama: eu moro na cidade. 2º ed. São Paulo: Pólen, 2018.

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