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A construção do romance Úrsula,

de Maria Firmina dos Reis, e seus


ideais libertários realizados a
partir da concepção romântica do
discurso literário.
Romantismo

R
brasileiro

Nacionalismo;

Ultrarromantismo;

Condoreiri.smo

Título da apresentação 2
Romances do século XIX
Os romances brasileiros produzidos sob a égide romântica, por uma
questão de revelar a identidade nacional brasileira através de seus
fundamentos históricos, trouxeram para a nossa literatura personagens
caracterizados culturalmente como portugueses, tais quais são as
personagens de O Guarany e Iracema de José de Alencar.

Título da apresentação 3
A fundação da identidade nacional posta pelo romance em termos mais
abrangentes que vão do passado indígena até a “nascente formação” das
estruturas sociais brasileiras construiu também uma série de estereótipos e
categorias culturais de exclusão, uma vez que o negro como elemento
constituinte da identidade cultural brasileira apareceu apenas como elemento
corriqueiro, mais que secundário, inevitavelmente excluído das relações humanas
que se processam dentro da própria estrutura do romance, de maneira a reforçar a
idéia de o negro ser apenas escravo e mercadoria.
( Nascimento, 2009, p. 30).

Título da apresentação 4
Úrsula, de Maria

U
Firmina dos Reis.
• Úrsula, romance de Maria Firmina dos Reis, foi escrito em 1858 e pode ser
considerado o primeiro romance abolicionista brasileiro de autoria
feminina.
• De acordo com Telles (1997) apud Rosa (2021) o que mais distingue o
livro não é o enredo romântico de amor, dor, incesto e morte, temas comuns
ao romance do século XIX, mas o tratamento dado à questão do escravo. A
obra se diferencia das outras e, sobretudo, das produções literárias de seu
tempo. Se tomarmos como exemplo os romances Iracema e O Guarani, de
José de Alencar, no que se refere ao ideal nacionalista de uma literatura
comprometida com a construção da ideia de nação, saberemos que estes
dois livros são particularmente sintomáticos, pois traduzem na construção
dos personagens indígenas a idealização da colônia, traçando-os como
dóceis, bons, símbolos de bravura e inocência, desde que demonstrem
sensibilidade passiva aos feitos civilizatórios do nobre português.

Título da apresentação 5
U
• 1ª narrativa - o escravo Túlio salva a vida do jovem
Tancredo e leva-o para a casa de Úrsula, que cura seus
ferimentos.
• 2ª narrativa - Tancredo descreve sua vida triste de
decepções e amores traídos.
• 3ª narrativa - a mãe de Úrsula, Luíza B., também conta
sua vida de abandono, decorrido do fato de seu
casamento ter sido feito sem o consentimento da família.
• 4ª narrativa - a velha africana Preta Susana rememora
como era sua vida na África, conta como se deu a sua
transformação em escrava e como foi a sua viagem de
travessia do Atlântico no porão de um navio negreiro.
Entretanto, aqui, os planos se invertem e a tragédia
coletiva dos negros cativos adquire maior relevância que
a história pessoal de Úrsula e Tancredo.

Título da apresentação 6
“ Na nacionalidade do romance Úrsula, o negro possui identidade
africana e a mulher aparece ironicamente subalternalizada; daí a
expressão “instinto de nacionalidade às avessas”; pelo fato de o
conceito de nacionalidade ganhar outra coloração e um aspecto
mais aprofundado, a respeito da cultura e de literatura do século


XIX no Brasil.

(Nascime
nto, 2021)
Era apenas o alvorecer do dia, ainda as aves entoavam seus meigos cantos de
arrebatadora melodia, ainda a viração era tênue e mansa, ainda a flor desabrochada
apenas não sentira a tepida e vivificadora acção do astro do dia, que sempre amante, mas
sempre ingrato, desdenhoso, e cruel áfaga-a, bebe-lhe o perfume, e depois deixa-a
murchar, e desfolhar-se, sem ao menos dar-lhe uma lagrima de saudade!... Oh! o sol é
como o homem maligno e perverso, que bafeja com halito impuro a donzella desvalida,
e foge, e deixaa entregue à vergonha, à desesperação, à morte! — e depois, ri-se e busca
outra, e mais outra victima! A donzella e a flor choram em silêncio, e o seo choro
ninguem o comprehende!... (Reis,1988, p. 15).

Título da apresentação 8
“-Senhora! Quando deixareis partir vosso filho? Por toda a resposta, só lhe ouvi um
gemido de profundo desânimo” (Reis, 1988, p. 79).

”Ah! Ela temia seu esposo, respeitava-he a vontade férrea; mas com uma abnegação
sublime quis sacrificar-se por seu filho” (Reis, 1988, p. 63).

Título da apresentação 9
— Sim, para que estas lágrimas?!... Dizes bem! Ellas são inuteis, meo Deos; mas é um tributo de saudade, que não posso deixar de render a tudo quanto me
foi caro! Liberdade! liberdade... ah! eu a gosei na minha mocidade! — « continuou Susana com amargura » —. Tulio, meo filho, ninguem a gozou mais
ampla, não houve mulher alguma mais ditosa do que eu. Tranquilla no seio da felicidade, via despontar o sol rutilante e ardente do meu paiz, e louca de
prazer a essa hora matinal, em que tudo ahi respira amor, eu corria as descarnadas e arenosas praias, e ahi com minhas jovens companheiras, brincando
alegres, com o sorriso nos labios, a paz no coração, divagavamos em busca das mil conchinhas, que bordam as brancas areias d’aquellas vastas praias. Ah!
meo filho! mais tarde deram-me em matrimônio a um homem, que amei como a luz dos meus olhos, e como penhor dessa união veio uma filha querida, em
quem me revia, em quem tinha depositado todo o amor da minha alma: — uma filha, que era a minha vida, as minhas ambições, a minha suprema ventura,
veio sellar a nossa tão sancta união. E esse paiz de minhas afeições, e esse esposo querido, e essa filha tão extremamente amada, ah Tulio! Tudo me
obrigaram os bárbaros a deixar! Oh! tudo, tudo até a própria liberdade! (Reis, 1988, p. 115)

Título da apresentação 10
Os pontos mais altos da realização estética presentes no romance Úrsula
são aqueles em que a radicalidade da submissão feminina aparece como
ironia à naturalização do emudecimento feminino, como também, aqueles
em que a africanidade se manifesta como caracterização cultural do
negro. O romance cria uma atmosfera, na literatura brasileira, em que os
mitos de origem surgem efetuados fora dos padrões tradicionais, pois os
heróis são os mandados, não os que mandam (Nascimento, 2009, p. 98).

Título da apresentação 11
Referências

NASCIMENTO, Juliano Carrupt do. O romance Úrsula de


Maria Firmina dos Reis: estética e ideologia no Romantismo
brasileiro. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras da UFRJ. 106 fl.
2009. Dissertação de Mestrado em Literatura brasileira.

REIS, Maria Firmina dos. Úrsula. Organização, atualização e

Obrigada! notas por Luiza Lobo; Introdução de Charles Martin. Rio de


Janeiro: Presença; Brasília: INL, 1988.

ROSA, Soraia Ribeiro Cassimiro. Um olhar sobre o romance


Úrsula, de Maria Firmina dos Reis. Literafro: portal da
literatura afro- brasileira 2013. Belo Horizonte: Universidade
Federal de Minas Gerais, 2021.

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