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Resumo: Este artigo se propõe a estudar, através de revisão de literatura, a mulher negra na
história e no Serviço Social. É certo que é na contemporaneidade que visualizamos as condições
daquelas que hoje lutam, empunhando a bandeira do projeto ético-político dos profissionais
assistentes sociais, encabeçando linhas de pesquisa, como docentes nas principais
universidades brasileiras.
Palavras-Chave: mulheres negras; questão racial; assistente social; história;
contemporaneidade.
Abstract:
This article proposes to study, through a review of the literature, the black woman in history and
in Social Service. Admittedly, is in contemporaneity that we visualize the conditions of those who
are struggling today, swaying the flag of ethical and political project of the professional social
workers, spearheading research lines, as teachers in major Brazilian universities.
Keywords: black women; racial question; social worker; history; contemporaneity.
Introdução
1
Universidade Estadual Julio de Mesquita Filho. E-mail: <trabalhos@alvoeventos.com.br>.
2
[...] Minas e as Fulas – africanas não só de pele mais clara, como mais
próximas em cultura e ‘domesticação’ dos brancos – as mulheres preferidas
em Minas Gerais, de colonização escoteira, para ‘amigas’, ‘mancebas’ e
‘caseiras’ dos bancos. [...] Outras terão permanecido escravas, ao mesmo
tempo em que amantes dos senhores brancos ‘preferidas como mucamas e
cozinheiras’ (FREYRE, 2005, p. 389).
2 Cf. música Tereza de Benguela - Uma Rainha Negra No Pantanal. Disponível em:
<https://www.letras.mus.br/unidos-do-viradouro-rj/474145/>. Acesso em: 22 fev. 2016.
Assim, Andreta e Alós (2013) pontuaram em seu estudo que “Úrsula” foi
o primeiro romance de autoria de uma afro-brasileira, a maranhense Maria
Firmina dos Reis. Para os estudiosos, essa obra foi composta, a partir da visão
dos escravizados. Para publicá-la, na primeira edição, ela omitiu sua autoria. O
livro levanta questões relacionadas ao preconceito racial e de gênero, sendo que
seus personagens interpretam os sofrimentos em que os africanos eram
acometidos durante o trajeto até as terras do Continente Americano.
Essa mulher se mostrou adepta ao uso da escrita para fazer política, por
isso abolicionista convicta, foi autora do hino de libertação dos escravizados no
Maranhão e, também, do conto “A escrava” (SILVA, 2009). Constância Lima
Duarte (2005, p. 1), expõe em seu artigo “Gênero e etnia no nascente romance
brasileiro”, que Maria Firmina, expressou, para um personagem do livro “Ursula”
(2009, p.25), a seguinte frase: "A mente! Isso sim ninguém pode escravizar!
[...]”.Percebe-se assim, a leitura crítica, política e social do período que a
escritora se propunha a discutir, num momento em que a mulher encontrava os
mais vis obstáculos, inclusive de discutir e propor, enfatizando que ela era
apenas uma negra. Nada mais... Porém, de mente liberta e coragem nas
palavras...
(1837). Além disso, ela é nada mais que genitora do abolicionista Luiz Gonzaga
Pinto da Gama. Porém não existem informações concretas se veio do Continente
Africano, ou se nasceu nas terras baianas (MUNANGA; GOMES, 2006). O filho
a procurou por décadas e descreveu-a sublimemente numa carta a um amigo,
em 1880 (GONÇALVES, 2011).
“Chica que manda”, parda viveu como as outras mulheres da elite do Arraial do
Tejuco (MUNANGA; GOMES, 2006).
Mulher! Mulher!
Na escola em que você foi ensinada
Jamais tirei um 10
Sou forte, mas não chego aos seus pés [...]
(ERASMO CARLOS)3.
3
Cf. música Mulher (sexo frágil). Disponível em: <https://www.letras.mus.br/erasmo-carlos/67612/>. Acesso
em: 19 Jan. 2016.
4A música “Mestra Diôla”, segundo a autora Ataide (2008), está gravada no cd “Aqua”: A Música
das lavadeiras do Jequitinhonha.
Ramos, pai de Nereu Ramos. Esse fato pode ter influenciado a entrada da
catarinense Antonieta na política, sendo eleita em 1934, ou seja, a primeira
deputada negra do Brasil (ESCÓSSIA, 2016).
Considerada uma das principais atrizes negras do país, Zezé Motta também
atua como militante pela ampliação do espaço dos negros na comunicação e
é uma das fundadoras e Presidente de Honra do CIDAN – Centro Brasileiro de
Informações e Documentação do Artista Negro. Já ocupou o cargo de
Conselheira de Diretos Humanos no governo de Fernando Henrique Cardoso.
E foi Superintendente da Igualdade Racial do governo do Rio de Janeiro no
governo de Luis Inacio Lula da Silva6.
Carolina Maria de Jesus, que nasceu em Minas Gerais, também era neta
de escravizados e semi-alfabetizada como a maioria dos seus ascendentes. Ela
mudou-se para a favela do Canindé em São Paulo, retratando a partir das
observações no cotidiano em que estava exposta num diário, e escreveu “Quarto
de despejo” (MUNANGA; GOMES, 2006, p. 202).
5
Cf. Site oficial de Zezé Morra. Biografia. Disponível em: <http://zezemotta.com/biografia/>.
Acesso em: 6 mar. 2016.
6
Cf. Site oficial de Zezé Morra. Biografia. Disponível em: <http://zezemotta.com/biografia/>.
Acesso em: 6 mar. 2016
Para tal, escreveremos sobre cinco delas, pois são as mais notórias.
Enfatizamos ainda as láureas para aquelas que aderiram a bandeira do Serviço
Social, e anônimas se fazem presentes nos plantões sociais, nas políticas de
saúde, educação, previdência social, na área jurídica, ONG’s, como
trabalhadoras do SUAS, e outras. Assim, para não nos tornarmos prolixas, nos
deteremos nas doutoras: Elisabete Aparecida Pinto, Matilde Ribeiro, Teresa
Cristina Santos Martins, Ângela Ernestina Cardoso de Brito e doutoranda Márcia
Campos Eurico.
Considerações Finais
Ora, cremos que é notório, a partir das exposições acima retratadas pelos
estudiosos, que a mulher negra mesmo a margem da sociedade, do sistema
social, político, econômico nunca deixou de ser uma intelectual. Sim, intelectual
e política, pois em seu entorno lutou com esmero e ganância pela transformação
e “libertação” de seu povo.
Referências
ARRAES, Jarid. E Dandara dos Palmares, você sabe quem foi? 2014.
Disponível em:
<http://www.revistaforum.com.br/questaodegenero/2014/11/07/e-dandara-dos-
palmares-voce-sabe-quem-foi/> . Acesso em: 4 mar. 2016.
CALDEIRA, Jeane dos Santos; AMARAL, Giana Lange do. Instituto São
Benedito: amparando e instruindo meninas carentes. In: CONGRESSO
INTERNACIONAL DE FILOSOFIA E EDUCAÇÃO, 6. Caxias do Sul, maio
2010.Anais do VI Congresso Internacional de Filosofia e Educação.Caxias
do Sul, 2010.
FREYRE, Gilberto. Casa grande & senzala: formação da família brasileira sob
o regime da economia patriarcal. 50. ed. São Paulo: Global, 2005.
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de Despejo: diário de uma favelada. 8.ed.
São Paulo: Ática, 2006.
SILVA, Régia Agostinho da. “A mente, essa ninguém pode escravizar” : Maria
Firmina dos Reis e a escrita feita por mulheres no Maranhão. 2009. In: ANPUH
SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 25.Anais... Fortaleza: ANPUH, 2009.
Disponível em:
<http://anais.anpuh.org/wpcontent/uploads/mp/pdf/ANPUH.S25.0592.pdf>.
Acesso em: 21 fev. 2016.