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Dulce Luisa Cassimuca

Diversidade cultural, Resistência

Licenciatura em psicologia educacional com habilitação em desenvolvimento humano e


aprendizagem

Universidade Licungo
Beira
Dulce Luisa Cassimuca

Diversidade cultural, Resistência

Trabalho a ser entregue no departamento de


ciências de educação e psicologia, para efeito
de avaliação da cadeira de Etnopsicologia,
delegação da Beira.

Docente
Dr.Edú Manuel

Universidade Licungo
Beira
2021
Índice
Não foi encontrada nenhuma entrada de índice.
CAPÍTULO I: Introdução
O presente trabalho de investigação tem como objetivo principal debruçar os traços da cultura
maconde, nesse caso a minha cultura. Portanto o trabalho visa fazer um resumo de 10 páginas
explicando as diversidades da cultura maconde, e descrever a importância da etnopsicologia na
formação da nossa identidade cultural, pessoal, étnica etc.

A realização desse trabalho de investigação só foi possível mediante o método bibliográfico que
culminou com pesquisas e leituras exploratórias de livros, artigos e outros tipos de documentos
relacionados com as temáticas desenvolvidas no trabalho.

Usou-se também o método antropológico denominado o método de história de vida que o pesquisador
relata os acontecimentos relacionados com seu quotidiano, sua cultura, sua identidade, resumidamente
sua experiência de vida aprendido no processo de socialização.

CAPITULO II: Revisão de literatura


O povo Makonde
Os Makonde, como já foi mencionado, são um povo de África oriental, descendentes dos originários
povos Bantu, que se fixaram numa zona a sul do Lago Niassa. A hipótese desta origem é reforçada pela
análise das semelhanças culturais com o povo Chewa, que ainda hoje habita uma vasta zona a sul e
sudoeste do lago Niassa. Os Makonde teriam assim pertencido, em tempos remotos, a uma grande
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federação Marave, que teria iniciado a sua migração para nordeste, ao longo do vale do rio Lugenda em
tempos bastante longínquos.
De acordo com Jorge Dias, sabe-se muito pouco acerca da origem do povo “Makonde” devido,
provavelmente à ausência de organização tribal, pois não há propriamente uma consciência colectiva e
um destino histórico comum. No mesmo sentido vai a teoria de Yussuf Adam, que não encontra uma
substância catalisadora da consciência colectiva e entende este povo como uma miscelânea de
perseguidos, escravos e outros aglutinados, por conquistas de prisioneiros, das batalhas sem conta que
se tiveram de travar (DIAS, 1964; ADAM, 2006).
As teorias mais credíveis e consistentes dizem que os “Makonde” vieram do sul do Lago Niassa e
caminharam ao longo do rio Lugenda até se fixarem nas vizinhanças da confluência daquele rio com o
Rovuma, nas imediações do Negomano. Essa tradição vem certamente de épocas muito recuadas.
Mesmo que não houvesse dados históricos confirmativos bastava o facto de os Makonde possuírem
uma cultura homogénea que, em grande parte, representa uma forma perfeita de adaptação ao ambiente
natural, para se ter de admitir uma longa permanência nos planaltos, o que cimentou e fechou essa
cultura.
Ao contrário de outros povos africanos, onde existia uma forte tradição de hierarquização tribal, onde
os chefes mais poderosos faziam questão de manter vivos os feitos dos seus ancestrais e mantinham a
história do seu povo viva, através de cronistas que memorizavam os feitos e os transmitiam oralmente.
Os Makonde era um povoconstituído em pequenos grupos familiares, não conhecendo outra soberania,
que não a do chefe da povoação. Só esporadicamente, na zona marginal, parece ter havido chefes, cujos
poderes se estendiam a várias povoações. Mas mesmo neste caso, é duvidoso que se tratasse de
monarcas ou autênticos chefes supremo.
Ainda em relação às origens do povo Makonde, existem diversos relatos que inicialmente parecem
opor-se entre si, como por exemplo, quando uns falam da existência de grandes líderes tribais, em
completa contradição com outros, que afirmam não ter havido verdadeiros “chefes” na acepção da
palavra. O que a história recente confirma, pela ausência de referências substantivas a um padrão de
chefia absoluta ou tida como tal.
Tais afirmações dificultam as certezas de etnia, homogeneidade e hierarquia de chefias tribais, no
conceito tradicional de outros povos Bantus, que criaram reinos, reis e sucessores dinásticos. Mas,
quando se conversa com algum velho Makonde acerca da origem do seu povo, a sua visão não é global,
mas antes uma visão mais restrita que por certo está baseada na tradição da sua família ou povoação.

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A diferenciação linguística que hoje existe entre os Makonde da Tanzânia e de Moçambique, e ainda
entre estes e os seus vizinhos Matambwé, prova que houve um longo processo de individualização que
só foi possível com o decorrer de algumas gerações.
Os rituais da puberdade são uma das instituições sociais Makonde mais importantes a distingui-los de
outros grupos vizinhos, como os Macua e os Ajaua que apresentam diferenças notáveis. O que pode
confirmar a existência de um longo período de evolução social, constituindo, cada povoação, uma
entidade política independente.
O povo de cada likola tem grande conhecimento no que respeita à vida da povoação a que 40
pertencem, à mesma matrilinhagem, porque dessa forma consideram-se parentes próximos de um
antepassado comum. A contribuir para esta situação, existe o facto, de relativamente às suas origens, os
Makonde se sentirem ligados à suposta história do êxodo dos seus antepassados, consequência de uma
seca prolongada, seguida de pragas de gafanhotos e doenças do sono; desta percepção história retiram
as razões da ida para o Planalto.
A origem da designação Makonde
Apesar da identidade, das condições naturais e da explicação mais ou menos lógica, que os Makonde
dos planaltos de “Aquém e Além Rovuma” dão, acerca da origem do seu nome, existe um certo
etnocentrismo a impedir que esse nome seja generalizado. Os Makonde da Tanzânia chamam Mavia
(Maviha) aos de Cabo Delgado, não lhes reconhecendo o direito à designação de Makonde. Estes
explicam que o nome Mavia lhes foi posto por reagirem brutalmente, usando logo a catana, quando
alguém os ofendia.
É evidente que estas distinções são meras expressões de etnocentrismo, que em nada contrariam a
origem cultural básica deste povo. Contudo, o nome Mavia (ou Mawia, Mabiha, Maviha) foi usado
pela grande maioria de autores estrangeiros que se referem aos Makonde de Moçambique.
Makonde designa os habitantes do planalto deste nome, ao Norte e ao Sul do Rovuma, e os povos da
mesma cultura, que se estendem pelas terras baixas cortadas pelo Messalo (Mwalu) e pelo Rovuma, ou
por aquelas que se estendem para o litoral ou para ocidente. Por sua vex os makonde do sul chamam
Wamakonde aos do norte do Rovuma. Contudo, os habitantes do planalto Makonde estabelecem uma
distinção entre os Makonde das terras altas, e os das terras baixas. Para eles, os Makonde que habitam
os vales e planícies, são conhecidos pela designação de Vandonde.
Os Makonde do planalto de Mueda reclamam para si o exclusivo da identidade Makonde, pois de
acordo com a identificação de lugar, vivem numa região fértil mas sem água. Habitam Kumakonde,
sendo portantoVamakonde. Kumwalo, Kumakonde, Kundonde, Kumanga, Kuluma são proposições de
lugar, pelo que os Makonde do planalto identificam os elementos do seu grupo étnico de acordo com o

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lugar onde estão. Aos habitantes do planalto da Macomia e regiões até ao rio Messalo chamam
Vamwalo porque vivem Kumwalo, visto que no idioma Shimakonde, Messalo chama-se Mwalo e a
região sofre a influência geográfica do rio. Os membros da mesma étnia, mas que vivem nas zonas
baixas do planalto (terras baixas), são designados por Vandonde porque habitam Kudonde, “Terra onde
há pedras”.
Os que vivem nas zonas baixas do Rovuma são designados por Valuma porque habitam Kuluma, isto é,
o rio em Shimakonde é Luma. Os que habitam no litoral marítimo são conhecidos por Vamanga, visto
que vivem Kumanga, porque às zonas baixas do litoral índico, os Makondes chamam-lhes Manga.
Presume-se, assim, que a designação Makonde só pode ter começado a ser usada depois de um grupo
de indivíduos se ter fixado no planalto de Mueda, seja qual for a sua origem. Sabemos, pois, que
Makonde refere-se a um certo tipo de paisagem e fecundidade da terra, tornando-se a identificação do
indivíduo que a habita. Makonde escrito com K significa terra fértil, (KumakondeKukondaVinu)
portanto: terra dos MakondeKukundaVinu. Postas estas diferenças, independentemente das
particularidades atrás expostas relacionadas com o lugar de habitação, neste trabalho usaremos a
designação de Makonde para nos referirmos a todos os membros desta étnia.
Concluindo, para os Makonde de Mueda, o povo Makonde é aquele que vive kumakonde, isto é, nos
planaltos sem nascentes, cobertos de mato secundário. Muitos traços da sua cultura são certamente
produto de um longo processo de adaptação às condições ambientais, e o resultado de um isolamento
que os individualizou e lhes deu uma feição própria; outros são uma velha herança cultural, comum a
vários povos agricultores, em que prevaleceram algumas em Map e Mueda, em Moçambique, e Newala
na Tanzânia, como por exemplo as formas de direito materno. Existem 3 grandes planaltos habitados
pelos Makonde, Macomia a conhecida serra de Map, Mueda e Newala na Tanzânia.
A Minha cultura Maconde
Sei muito pouco sobre a história da nossa origem. Contudo, rezam os relatos antigos que o nosso berço
ficava no lado do planalto que pende para o rio Rovuma e lá a terra era coberta de mato grosso. Um
certo dia, desse mato saiu um homem que não se banhava… e bebia e comia muito pouco. Este
homem, um dia foi a uma floresta vizinha, onde esculpiu uma figura humana no pau-preto e trouxe
para onde vivia. Ao anoitecer, a figura esculpida despertou para a vida e tornou-se, uma mulher.
Na mesma noite, os dois desceram ao rio Rovuma para se banhar e aqui a mulher deu luz uma criança
que nasceu morta. Saíram dali, atravessaram o rio e foram até uma certa região, onde se fixaram. Aqui
a mulher deu luz outro bebé que também nasceu sem vida. Depois disto foram para o planalto. Aqui
nasceu o terceiro filho, vivo e saudável. Viveram aqui até gerarem muitos filhos que formaram a
família Makonde.

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Há muito, muito tempo, o nosso povo no seu todo vivia lá para as bandas do lago Niassa. Um certo dia,
veio naquelas bandas um povo estranho chamado Ngoni que expulso pelos povos dos reinos lacustres
do Lago Vitória veio até às terras habitadas pelo nosso povo à procura de terras para habitar. Temendo
um confronto sangrento com aqueles estranhos, o nosso povo veio a fixar-se no vale do rio Rovuma, à
volta do Negomano, permanecendo pelas baixas do rio, onde havia abundância de caça.
Identidade cultural do povo maconde
A identidade cultural dos Makondereflecte-se na aceitação dos costumes ancestrais, sendo as tatuagens,
a escarificação, a mutilação dentária e a ndona, as mais objectivas expressões culturais. Estes sinais,
além de identitários, simbolizam também o conceito de pertença. Quando os Makonde faziam escravos,
submetiam-nos logo à tatuagem forçada e à intervenção dentária, passando assim a fazer parte do clã,
onde poderiam casar e viver em comum, como todos os outros.
Se o escravo do sexo masculino, se casasse com uma Makonde, como a descendência era por via
uterina, os seus filhos eram Makonde e ficavam a pertencer ao Likola da mãe. Se o escravo era do
género feminino, os filhos não tinham likola, o que os colocava socialmente numa posição semelhante,
aos que tem um filho natural numa sociedade europeia, nesse caso, eram as marcas que defendiam o
Makonde, sendo portanto, pertença dum grupo identificado como tal.
Segundo relatos antigos havia indivíduos Makonde sem likola própria (tinham likola por adopção), por
provirem de uma antepassada feita escrava, através de linha de descendência uterina. Às vezes, estes
filhos de escravos eram adoptados por um chefe da povoação e vinham a suceder-lhe, sendo portanto
oficializados como Makonde de pleno direito.
O indivíduo Makonde é dotado de uma consciência perfeita de comunidade, de cultura e das suas
relações com outras culturas aparentadas, porque quando usam a palavra likola para designarem povo,
que em sentido restrito, quer dizer matrilinhagem ou linhagem materna. Assim, para identificarem um
indivíduo que não conhecem, perguntam “ Wakolikolanchani?” ou “Wako likabilanchani” que quer
dizer: “ você, de que Likola é? Ou de que tribo és? Makonde? Macua?”.
E embora não tenham reminiscências claras de uma origem comum, em relação a outras culturas
étnicas semelhantes aceitam que num passado remoto pudessem ter estado ligados e que teriam
pertencido à mesma likola, não revelando, todavia, qualquer preocupação em aprofundar o
conhecimento sobre essa provável descendência comum.

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Etnopsicologia e a cultura maconde
A formação psicológica do povo maconde partimos mesmo do Mapico. Por se tratar de uma identidade
coletiva, o Mapiko permite ao povo Maconde o sentimento de pertencimento à um coletivo. Segundo a
etimologia, a palavra ‘identidade’ que vem do latim identitatem, significa ‘ser o mesmo’. (ident- +
idem (o mesmo, idêntico). Assim é dada a relação entre identidade e pertencimento. A busca em ser o
mesmo pode ser cessada no pertencimento a um coletivo, onde todos são semelhantes em algum
aspecto. O termo ‘pertencimento’ pode ser entendido como Sangha (saṅgha; saṃgha) em pali ou
sânscrito. Sua tradução aproxima-se da ideia de "associação", "assembleia" ou "comunidade" com
objetivo, visão ou propósito comum. Assim a comunidade Maconde é formada por indivíduos que
compartilham uma tradição, o Mapiko.
Atualmente o Mapiko ainda é realizado para marcar o fim de iniciações masculinas, mas acontece com
frequência em competições que são organizadas por grupos de diferentes aldeias semanal ou
mensalmente. Também pode-se assistir o Mapiko em celebrações funerárias e festas de feriados
nacionais. No planalto de Mueda existem muitos grupos de Mapiko, portanto, as notícias sobre tais
eventos viajam rápido ao longo das estradas e caminhos conectando as cidades e aldeias. O Mapiko
parece ainda cumprir uma de suas antigas funções, a de estabelecer uma relação entre aldeias vizinhas.

CAPITULO III: Conclusão


Chegado ao fim do trabalho conclui-se que Quando se fala na etnia Makonde e se refere todas as suas
características guerreiras, idealizamos um povo permanentemente em guerra, irascíveis, prontos ao
confronto com outros povos ou lutas fratricidas. Mas os Makonde eram e são, um povo que em grande
parte trabalha a agricultura de subsistência e produtiva, portanto, poderse-á dizer que tinham a catana
numa mão e o instrumento agrícola na outra.

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Bibliografia
ALBERTO, Manuel Simões (1954) – Contribuição para o estudo das relações entre os grupos
sanguíneos e os caracteres físicos dos negros de Moçambique (tribo TongaChangane). Boletim da
Sociedade de Estudos de Moçambique, XXIV, 85. Lourenço Marques.
COSTA, Ana (2003) – Tatuagens e marcas corporais: atualizações do sagrado. São Paulo: Casa do
Psicólogo.
DIAS, Jorge (1964) – Os Macondes de Moçambique Vol I. – Aspectos Históricos e Económicos.
Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, Centro de estudos de Antropologia Cultural.
DIAS, Jorge e DIAS, Margot (1970a) – Os Macondes de Moçambique: Vol. III – Vida Social e Ritual –
Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, Centro de estudos de Antropologia Cultural.

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Introdução
Como forma de descrição semântica a pergunta, a pergunta mais eficaz para fazer uma descrição sobre
esse grupo social é quem são os macondes (Makonde)?, respondendo essa questão, a resposta seria, os
macondes tiveram sua formação na África oriental que se distinguiram na segunda metade do sec.XX
De uma forma holística tem uma inserção ao grupo austral da parte oriental chamada matrilinear da
África. Deste grupo austral fazem parte os Makhuwa em Moçambique e Tanzania, os Lomwe
espalhados entre os Makhuwa de Moçambique, os Chewa-Nyanja,, Yao, Mwera, Matambwe, e os
Maconde (Mavia) e Makonde dos respectivos planaltos do norte de Moçambique e sul da Tanzania

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