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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Faculdade de Ciências de Educação


Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Rituais de Chuva entre os diferentes grupos étnicos de Moçambique


Amade Braimo Taibo
Código: 81221078

Nampula, Março, 2023


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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Faculdade de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Amade Braimo Taibo


Código:81221078

Rituais de Chuva entre os diferentes grupos étnicos de Moçambique

Trabalho de Campo a ser submetido


na cadeira de Antropologia Cultural,
Coordenação do Curso de
Licenciatura em Ensino de Biologia
da UnISCED.
Tutor: Cibrino Ivan Simões Raul.

Nampula, Março, 2023


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Índice
Introdução..........................................................................................................................4

1.Rituais de Chuva entre os diferentes grupos étnicos de Moçambique...........................5

1.1.Rituais de chuva nos grupos étnicos da zona Norte do Pais (Macuas e makondes). . .5

2.O canto como forma de pedido de chuva em Makondes................................................5

3.As danças tradicionais nos macuas.................................................................................7

Conclusão........................................................................................................................10

Referências bibliográficas...............................................................................................11
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Introdução

O presente trabalho bibliográfico, é uma busca sobre o povo macua e makonde,


sabemos que esta, e o seu povo é pouco estudado apesar de de constituir a maioria ao
nível do pais. Referindo a cultura, o trabalho é proposto para analisar o fenómeno do
cerimorias de pedido de chuva. No trabalho, estão referenciados as características
destes  fenómenos, os ritos praticados pelo povo macua, e é de referir que o trabalho foi
um produto de analise de algumas questões de vivência intercaladas com a fonte
bibliográfica utilizada. A questão das fontes é de referir que existe uma carência de
fontes bibliográfica sobre a cultura macua como já referi no inicio, isto implica a pouca
informação sobre este assunto. Porem a importância do estudo destes fenómenos é uma
premissa que contribui para compreensão deste povo que  muito necessita um estudo. 
Assim, o trabalho é  de reflexão para nós académicos e outras pessoas que estarão
interessados em investigar sobre a cultura, o povo, hábitos macua e makonde.

Objectivo geral

 Falar sobre os ritos de chuva em diferentes grupos etnicos de Moçambique.

Objectivos especificos

 Descrever como são feitos os rituais de chuva em alguns grupos etnicos de


Moçambique;
 Explicar como são realizadas as cerimonias de rituais de chuva.

Organizacionalmente, o presente trabalho encontra-se estruturado em: capa, folha de


rosto, indice, introducao, desenvolvimento, conclusao e referencias bibliograficas.
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1. Rituais de Chuva entre os diferentes grupos étnicos de Moçambique


1.1. Rituais de chuva nos grupos étnicos da zona Norte do Pais (Macuas e
makondes)
Para Osório e Macuacua (2013) o Ritual é o conjunto de práticas consagradas
por tradições, costumes ou normas, que devem ser observadas de forma invariável em
determinadas cerimónias. Ritual é uma cerimónia através da qual se atribuem virtudes
ou poderes inerentes à maneira de agir, aos gestos, às fórmulas e aos símbolos
usados, susceptíveis de produzirem determinados efeitos ou resultados. Portanto o
Ritual é um processo continuado de actividades organizadas cuja prática está
relacionada a ritos, que envolvem cultos, doutrinas e seitas, encontrados não só na vida
religiosa, mas em todas as esferas culturais. No sentido figurado ritual é uma rotina,
aquilo que habitualmente se pratica, é uma etiqueta, uma regra, um estilo usado no trato
entre as pessoas. O ritual está associado às práticas religiosas ou místicas,
criadas em torno da ideia de se estabelecer uma "relação entre os seres humanos e um
ou vários seres sobrenaturais"(OSÓRIO e MACUACUA, 2013).

2. O canto como forma de pedido de chuva em Makondes

Em todo o território de Moçambique encontramos o canto como forma musical.


Cantos de pessoas a solo, em geral só de «profissionais», ou sejam «bardos»,
frequentemente cegos ou aleijados, que se especializaram em entreter os outros,
cantando histórias, literatura de cordel, ou episódios e lamentações pessoais, andando de
terra em terra, sendo chamados, às vezes, para longe. Têm bastante fama e são
recompensados por umas moedas ou ovos, etc., que os ouvintes lhes dão.

Fora destes, raramente se encontra em Moçambique homem ou mulher que cante


publicamente sozinho. Só quando não são observados cantarolam durante os seus
afazeres ou nos caminhos longos; ou ainda, sentados sozinhos, cantam baixinho para si
próprios, acompanhados por um dos seus instrumentos individuais.

Registámos, por exemplo, na ilha de Moçambique, um cozinheiro makua, que


cantarolava

De resto, a forma de cantar realiza-se em duetos ou em coro. Em ambos os


casos, é uma parte executante que começa, e a outra entra um pouco mais tarde e segue
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depois com a primeira. Nos coros surge também frequentemente a forma de solista que
começa, e a seguir o grupo todo entra com o responsório ou estribilho. Mas nem sempre
se apresenta esta separação em dois contra-elementos antifonais. Muitas vezes só
o leader levanta a voz, e poucas notas depois entram os outros, e as linhas entrelaçam-se
e unem-se; e o leader possivelmente acaba um verso mais cedo para respirar e entrará
outra vez no próprio momento em que o grupo, ou o parceiro, acaba. Não gostam de
paragens totais, gostam de ouvir sempre a corrente musical, como a água, que também
não pode parar sequer por momentos.

Talvez possa aqui ser incluído, como exemplo, o canto de uma cerimónia dos
Makonde: o pedido de chuva a Nnungu (Deus).

Os vizinhos de várias aldeias, homens, mulheres e crianças, juntam-se e dirigem-


se, em fila indiana, a um lugar distanciado na floresta, escolhido previamente. Depois de
uma refeição, cada chefe de aldeia faz o chamamento:

Chonde! (Perdoa-nos!)
e, em seguida, toda a população entra com a oração, o canto para pedir chuva.
As palavras são com ligeiras variações, estas:

Nnungu, tapa medi! hée, hée! tu, vana vako, tundahwa!


Nnungu, twing'a medi! hée hée!
Medi, tu, vana vago, tundahwa! ó,ó,ó!

Tradução:

Nnungu, dai-nos água! hée, hée! nós, os teus filhos, morreremos!


Nnungu, dai-nos água! hée, hée!
Água, nós, os teus filhos, morreremos! ó, ó, ó!

Toda a cerimónia tem um carácter de grande solenidade.

Excluindo os duetos ou coros de influência europeia, onde cantam a segunda voz


em terceiras e sextas, e considerando os cânticos mais autênticos, parece-nos existir uma
certa limitação do elemento harmónico da música. Quer dizer, o que surge como
harmonia não é sempre intencional. Temos tido muitas vezes a impressão de
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casualidade, o que também se pode aplicar à música instrumental. Julgamos ter reparado
nisso nas composições para xilofones ou lamelofones, instrumentos com um âmbito
maior de tons, mas também nos cantos a 2 vozes.

O que para o Moçambicano será também mais importante é o movimento, a


linha, o entrançar de duas linhas. As harmonias surgem assim como encontro sem
preocupação especial. Contradiz esta impressão, contudo, a nítida aceitação e o uso
frequente do intervalo de segunda maior (quando menor, então em direcção
descendente), em certos pontos de gravidade e, -- quando há duas vozes -- até em
movimento paralelo de segunda maior ou como intervalo final, por exemplo nos
Makond

3. As danças tradicionais nos macuas


As danças eram praticadas como forma de reafirmar a identidade cultural e
exteriorizar o estado espírito tanto de satisfação, assim como de tristeza em
diversificadas circunstâncias da sua vida, tais como, nas festividades, na morte e em
momentos de reeligação com o além, entre outros. Neste sentido, haviam danças
praticadas só por homens, as praticadas por homens e mulheres conjuntamente e outras
praticadas só por mulheres.
As principais danças praticadas só para homens se destacavam: Nsiripwiti e
Harapa ou Nakula. Na dança Nsiripwiti, os  homens formavam um círculo e numa fila,
com as latas presas a uma corda à cintura e às vezes nas pernas. Estas latas eram uns
pequenos quadrados de folha unidos pelos vértices dos quatro ângulos e ficava um
espaço no meio, depois de unidas as arestas, tendo previamente colocado dentro
pequenas pedras. Os músicos ou tambores ficavam no meio tocando nos seus
instrumentos chamados ikoma ou malapa (MUNGOI, 1998)
Um tocava num Ekoma coberto só dum lado com a pele de uma cobra aquática
chamada Ehala, outro tocava noutro semelhante e os outros tocavam num maior
também coberto com pele igual. Chamam à primeira de Nlapa, à segunda Txutxu e os
outros Pettheni, que era semelhante ao Nlapa, mas de menores dimensões. Nestes,
tocavam com dois pequenos bambus em compasso apressado e batendo com os bambus
alternadamente; os outros batiam com os dedos, tendo as mãos estendidas e eram estes
que tocavam ao compasso da dança.
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Os homens que formam a orquestra, ficavam sentados com os tambores entre as


pernas e com estas seguras, à excepção dos que tocam as pequenas malapa, que as
assentavam sobre panelas ou ekhali com a boca para cima, para darem melhor som. Os
da roda iam dançando a compasso, andando à roda ao mesmo tempo que, também a
compasso, faziam soar o chocalhar das latas, dando os necessários movimentos ao corpo
e pés.
Esta dança também tinha lugar em cerimónias de Eyinlo, pelo falecimento de
algum habitante da povoação, que geralmente era acompanhados da inseparavelmente
da otheka.
Xakala, era igual ao Nsiripwiti, com a única diferença, que em lugar das latas
usavam tecido feito da casca de árvore e a que denominado nakotto, cortado às tiras e
atados a uma corda que cercava a cintura.
Na dança Harapa, sentava-se no chão todos, menos dois que dançavam, com
dois pequenos bambus que estavam sempre batendo sobre dois ou três bambus
colocados no chão e unidos, sendo apertados em vários pontos entre dois pequenos
bocados de bambu cravados no terreno. Saia um ou dois de cada vez para dançarem,
seguindo o compasso das pancadas dos bambus e todos cantavam. A certa altura, o que
estava dançando, voltava para o seu lugar e ia outro, continuando assim sucessivamente.
Quando morria um homem tido entre eles como pessoa importante, faziam esta
dança dando a família do falecido a otheka e, não tendo esta, uma ou duas galinhas para
todos comerem.
Tal como harapa, na dança nakula, também a pratica era a mesma mas esta tinha
a particularidade que para além de bambus, também eram usadas três ikoma e era feita
em qualquer ocasião.
Das principais danças praticadas por mulheres destacavam-se as dos ritos de
iniciação feminino, nomeadamente, Kaarare e Makiyekiye. A dança kaarare era
praticada nos ritos femininos e que os homens não podiam assistir, que era feita no
cercado da palhota denominado Opwaro. Se caísse algum homem na asneira de
espreitar era corrido a pedrada. Nesta dança, não havia ikoma, as mulheres cantavam em
coro e andavam à roda, mas de costado e então, umas atrás das outras, faziam uns
movimentos interessantes e indecorosos.
Outra dança típica dos ritos de iniciação feminina era Makiyekiye que visava
quebrar certos tabus que existiam no seio da sociedade antiga. No bailado ora em
alusão, as bailarinas, com as mãos assentadas sobre o chão, iam mostrando, com maior
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nível de sensualidade possível, os seus talentos com movimentos ligeiros levando assim
o público ao delírio. A dança era conhecida por englobar a particularidade teatral, onde,
a cada instante que passasse, enquanto decorria a bailata, as dançarinas iam encenando
situações quotidianas cujos actores principais eram os casais. Para dançar Makiyekiye
era preciso que a bailarina se soltasse e se deixasse levar pelos sons dos batuques”.
As danças praticadas por homens e mulheres conjuntamente, destacavam as
praticadas em rituais de tratamento de doenças, entre outros momentos. Entre elas se
destacavam: Naquirela e a de cerimónia de Eyotto.
Naquirela era uma dança com características típicas de harapa dos homens.
Nesta, as mulheres ficavam todas sentadas no chão e quando o homem que estivesse a
dançar dissesse o nome duma das presentes, esta saia para a frente e dançava, mas não
se chegava ao homem (GASPARI, 2017)
Eyotto era considerada a doença do diabo, caracterizada por fortes dores de
cabeça. A dança começava ao anoitecer e, embora houvesse homens presentes, estes só
tomavam parte as mulheres e o cirurgião. O doente ficava deitado numa tosca cama ou
no chão dentro duma palhota; fora ficava muitas mulheres na dança, em que 3 ou 4
homens tocam ekoma e uma mulher de cada vez dançava ao compasso da cantiga das
restantes (GASPARI, 2017).
Geralmente a mulher a dançar limita-se a avançar e recuar muito pouco, os pés,
alternadamente e na altura competente, começavam a tremer ou fazer tremer as nádegas
com uma velocidade espantosa; outras vezes, faziam rodar o traseiro, conservando o
corpo firme até à cintura. Iam para dentro da palhota onde estava o doente, cinco
mulheres com a ekhoma colocada entre o braço esquerdo e corpo, batendo na pele com
a mão direita e cantando, fazendo um barulho infernal, como forma de expulsar o
demónio.
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Conclusão
Chegado ao fim do trabalho conclui-se que ao se realizar as danças tradicionais
para o pedido de chuva , geralmente a mulher a dançar limita-se a avançar e recuar
muito pouco, os pés, alternadamente e na altura competente, começavam a tremer ou
fazer tremer as nádegas com uma velocidade espantosa; outras vezes, faziam rodar o
traseiro, conservando o corpo firme até à cintura. Iam para dentro da palhota onde
estava o doente, cinco mulheres com a ekhoma colocada entre o braço esquerdo e corpo,
batendo na pele com a mão direita e cantando, fazendo um barulho infernal, como
forma de expulsar o demónio.
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Referências bibliográficas

CASAS, Maria Isabel etall. (1998). .Perfil do Género na Província de Nampula –


Relatório final. Embaixada do Reino dos Países Baixos. Nampula.

GASPARI, Timi.(2017) O povo Macua. Disponível em: mz.ilteatrofabene.it/il-


territorio/i-macua/. Acesso: 29/05/2017.

MUNGOI, Cláudio I. et all.  (1998) .Diagnóstico analítico do Distrito de


Nampula. Segundo Draft. Centro de Desenvolvimento Sustentável para as Zonas
Urbanas. Nampula.

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