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Texto publicado in: Jordão, Allucci, Molina, Terahata (Org.). A Música na Escola. São Paulo:
Allucci & Associados Comunicações, 2012, p. 119-121
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SCHAFER, M. O Ouvido Pensante. Trad. Marisa Trench de O. Fonterrada, Magda Gomes da
Silva, Maria Lucia Pascoal. São Paulo: Editora UNESP, 1991, p.10-11
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DELORS, J. Educação, um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão
Internacional sobre Educação para o Século XXI. São Paulo: UNESCO, MEC, Cortez Editora,
1999
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idem, p.47
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décadas atrás, como um canto dos pigmeus da África, o som do er-hu e da
pipa chineses ou os didjeridus australianos.
Na educação musical também ocorreram muitas transformações durante
o século XX com as inovações de Dalcroze, Willems, Orff, Kodály, Villa-Lobos,
Koellreutter, Schafer, Gainza e outros - e ainda há muito e a ser transformado
por nós, educadores atuantes na contemporaneidade.
No Brasil, recentemente, observamos uma série de iniciativas na
educação musical que procuram assimilar algumas expressões populares tanto
músicas quanto de transmissão de conhecimento, como por exemplo: o
aprendizado musical pela metodologia das escolas de samba cariocas5; o
estudo da música nordestina através de seus gêneros mais significativos
utilizando a rabeca e os pífanos6; além da performance das manifestações
brasileiras como o maracatu e o jongo7. Este “clima” de renovação permeia a
educação musical, mas ainda assim, esse “novo repertório” é realizado como
um adicional e não como um eixo norteador.
Não é nossa intenção eleger métodos, mas sim refletir sobre a forma de
abordar conteúdos musicais a partir de novos repertórios. Incentivamos um
olhar mais profundo para as diferentes músicas do mundo, a chamada World
Music - que pode ser popular, clássica (erudita), folclórica, religiosa, profana,
comercial, oriental e ocidental8 - e vem se difundindo pela Europa e Estados
Unidos, mas aqui, de maneira menos incisiva. A globalização suscita, ainda
mais, a necessidade de compreensão desse fenômeno que se expandiu de
forma vertiginosa quando as mídias tornaram acessível a escuta de músicas de
lugares distantes, estimulando a curiosidade pelo “outro”. As músicas podem
abrir portas culturais, são chaves para o conhecimento do “outro” e se
transformar em um exercício de alteridade, estimulando a formação de
cidadãos mais abertos a outras maneiras de viver.
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Projeto desenvolvido por Ermelinda Paz descrito in: PAZ, E. A. Pedagogia Musical Brasileira
no século XX. Metodologias e Tendências. Brasília: MusiMed, 2000.
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Projeto desenvolvido por José Antonio Madureira descrito in: PAZ, E. A. Pedagogia Musical
Brasileira no século XX. Metodologias e Tendências. Brasília: MusiMed, 2000.
6.
Existem várias associações culturais em Recife que ensinam os princípios musicais do
maracatu para pessoas de fora da comunidade. Em São Paulo, podemos citar a Associação
Cachuera! que oferece estudos e prática do Jongo, Instituto Brincante que oferece eventos e
espetáculos de manifestações populares na área de dança, música, teatro, entre outras.
7.
BOHLMAN, P. World Music. A very short introduction. New York: Oxford University Press,
2002.
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Vivemos também um momento em que minorias estão levantando suas
bandeiras e suas expressões estão vindo à tona, desencadeando um processo
de grandes descobertas culturais. Portanto, o que propomos aqui é pensar a
música além das fronteiras das nações, tendo como ponto de partida os
aspectos culturais de diversos grupos e regiões, pois é impossível, considerar
um único estilo musical representativo de um país, como é o caso do Brasil
com sua diversidade de gêneros.
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O trabalho de apreciação musical é tão importante quanto o da prática musical. Muitas vezes,
não temos oportunidade de realizar práticas com instrumentos que exigem uma técnica muito
específica como o som da flauta ney turca ou o som do kemance afegão, para citar dois de
inúmeros exemplos, mas a audição de timbres instrumentais ou vocais diversos e múltiplas
formas de tocar é fundamental na formação, não apenas dos professores, como também dos
alunos.
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trazer à sala de aula todas as músicas do mundo, mas podemos selecionar um
leque de possibilidades e criar conexões culturais. Ao buscarmos um maior
equilíbrio entre os vários repertórios possíveis, proporcionamos um ambiente
no qual os alunos podem desenvolver uma postura aberta, de curiosidade e
receptividade às muitas músicas da música (Brito, 2009).
Conexões Rítmicas
O ritmista da escola de samba realiza ritmos complexos em andamentos
acelerados com naturalidade sem ter frequentado uma escola de música, mas
ele aprende seu instrumento através da utilização de sílabas rítmicas que
organizam cognitivamente o movimento nos instrumentos de percussão como,
por exemplo: para o ritmo do tarol (ou caixa clara) é usado as seguintes sílabas
para a memorização:
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Tarol (caixa clara) de escola de samba
Tabla indiana
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Pakhawaj
12. Estamos nos referindo ao sistema de aprendizado da forma clássica da música indiana e
não da música popular ou folclórica.
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Essa técnica foi utilizada no projeto Samwaad - Rua do Encontro - dirigido por Ivaldo
Bertazzo no qual reuniu ritmos indianos aos brasileiros. Centenas de crianças do Complexo da
Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, desenvolveram uma técnica corporal baseada no tala
indiano, pois na Índia, assim como os músicos, os dançarinos também precisam solfejar com
as silabas para que memorizem os movimentos corporais.
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Baseado nas semelhanças entre alguns talas indianos com ritmos brasileiros, o Mawaca
criou uma brincadeira musical chamada Dendê com Curry onde um trecho de um tala é falado
simultaneamente à tabla e logo em seguida ganha o acompanhamento do pandeiro brasileiro.
Essa vinheta mostra que, ao tocarmos e vivenciarmos os sons de lá, entendemos melhor os
sons daqui. Nas apresentações do Mawaca pelos CEUs de São Paulo, ensinamos essa
brincadeira para as crianças da platéia que, rapidamente, entenderam o processo.
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das crianças pela Índia, podendo conhecer suas crenças, danças, rituais e
outros aspectos culturais.
Trocas Culturais
É possível também criar conexões musicais entre povos que
historicamente estiveram ligados a nós como os portugueses, cujo cancioneiro
apresenta melodias matrizes das nossas cantigas infantis. O canto de Miranda
D´Ouro Sarandilhera apresenta uma semelhança melódica com algumas de
nossas cirandas, dado que possibilita criar arranjos trançando uma melodia na
outra. Além da ligação melódica é interessante relacionar uma relação
semântica entre os verbos cirandar e sarandar, que é o ato de peneirar
“mexendo as cadeiras”, saracoteando. Assim estimulamos o desenvolvimento
da capacidade de criar com conteúdo.
A nossa relação cultural com a África foi intensa, mas ficou esquecida
por muito tempo e só agora começa a ser compreendida. O samba, o
maracatu, o jongo e outras manifestações da cultura brasileira tiveram sua
origem em regiões africanas sudanesas cuja polirritmia complexa pouco
conhecemos. Se pudéssemos aprender parte dessa polirritmia nas escolas,
iríamos desenvolver melhor o senso rítmico dos alunos assim como nos
aproximar culturalmente desses povos.
Além dos diferentes povos africanos, não só divididos em países 13, mas
em grupos étnicos que falam diferentes línguas, nos esquecemos que aqui no
Brasil, temos a presença de 230 povos indígenas que falam 180 línguas
diferentes (ISA) e que tem culturas distintas. Isso nos faz pensar que está na
hora de começarmos a enxergar o Brasil como um país multilíngüe e começar
a ouvir esses outros sons que estão nas florestas brasileiras. Existe uma
tendência de não pensarmos nesses povos como o “outro”. Porque mesmo
vivendo na mesma terra, “ser índio” significa conceber o mundo de “outra”
forma. A música, para eles, é parte de rituais complexos que exigem de nós,
um cuidado especial ao lidar com esse repertório em sala de aula.
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Importante lembrar que a divisão em países no continente africano desconsiderou por
completo as questões étnico-culturais, criando fronteiras políticas entre grupos que viviam
juntos há milênios.
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Afinações do Mundo
Música ou Oração?
Instrumentos-Chaves
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KHAN, H. I. La musica de la vida. Madrid: Ed. Querubin, 1995, p.28.
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Nordeste, pois ainda é comum a presença desses largos pandeiros nos países
africanos muçulmanos, são eles que acompanham os cortejos religiosos das
cortes reais do Norte da África. É provável que tenham vindo com os africanos
escravos sudaneses e se misturaram às festas da corte portuguesa, assim
como suas vestimentas.
Adufe português
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Pandeirão na festa do Boi no Maranhão
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http://www.flickr.com/photos/lesyeuxheureux/galleries/72157625984300956/
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Bendir (ou tar) em cerimônia sufi marroquina
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BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA
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