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Gerhard Liesegang
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do séc. VII e depois do séc. XIII, quase coincidindo com maciças presenças de cerâmica
Lumbo.
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funcionários, especialmente aonde houve também tropas britânicas que combatiam os
alemães que invadiam a área em 1917. Para segurar as suas linhas de comunicação o
governo português mobilizava milícias makhuwa em Nampula (antigo Distrito de
Moçambique) sob Neutel de Abreu que pouco antes tinham ajudado a acabar a conquista
desta província actual de Moçambique.
Em fins de Abril de 1917 quatro grupos de 350 homens cada foram mobilizados para
operar junto à estrada de Mocimboa da Praia a Chomba. Encontraram lá machambas de
milho e mandioca. Houve um combate maior em Mahunda e a seguir foram queimados
cerca de 150 "chengos" com 70 palhotas em média. Esse número de palhotas aponta para
uma população media de cerca de 175 pessoas por povoação. No início de Maio as tropas
teriam actuado perto de Nacature.
Uma descrição caracteriza os "chengos" -os da seguinte forma:
".. os chengos, eram instalados numa clareira no mato espesso, em torno da qual abatiam as árvores
numa circumferência de perto de 100 metros. Em torno, cresciam arbustos e plantas espinhosas,
formando uma fortaleza inexpugnavel. Entrava-se no chengo por 2 ou 3 entradas formadas por um
corredor de troncos unidos que obrigaram a pessoa a entrar curvado, havendo outras saidas no mato,
apenas conhecidas da população. A maior parte destas povoações estavam fortificadas com
trincheiras ao longo dos corredores de entrada ou perpendicularmente".
Nas zonas menos expostos as guerras as povoações também eram circulares, mas menos
fortificadas.
Depois do fim da guerra em 1918 o território de Cabo Delgado não foi logo devolvido à
Companhia do Niassa. Saíram as tropas britânicas e ficaram as portuguesas, vivendo nas
suas guarnições e mantendo as suas comunicações. Entre Março e Junho de 1919 as forças
portuguesas no norte de Moçambique foram reorganizados. Foram extintos a "Expedição
de Moçambique" e o "Comando Superior do Território d'além Msalu" (Msalo, ou Messalo),
este último só instituido em Março de 1919 e chefiado pelo General Gomes da Costa,
futuro marechal de campo e organizador e cara do golpe de estado de 1926. Ficou um
"comando do território Maconde" (ou "Comando das forças de ocupação do território
Makonde e Kionga)".
Desde Novembro de 1919 este comando deve ter exercido alguma actividade: Pela ordem
nº 15, datado de Mocimboa da Prais de 5 de Dezembro de 1919, há um louvor para o
alferes Justino Botelho Moniz Teixeira Vasconcelos e Sá da 13ª Companhia de Infanteria
Indígena que teria sufocado o "movimento de rebelião que se pretendia levar a efeito na
região de Mahunda nas terras do capitão-mor Diancar" [Diancali].
No dia anterior tinham dado entrada no "comando da base" 24 presos nominalmente
descriminados. O primeiro era o Capitão mór "Diancar". No dia 11 estes presos
embarcaram no vapor costeiro"Chinde" provavelmente com destino à Fortaleza de S.
Sebastião na Ilha de Moçambique. [ Um descendente ou sucessor deste Diankali, seria em
1962 o representante da MANU de Mombasa no Quénia.]
A administração colonial e os primórdios do mercado de arte
A partir de Março de 1920 planifica-se a dissolução deste corpo e em Maio ou Junho a área
Maconde é entregue a Companhia do Niassa.
O Boletim da Companhia do Niassa menciona em 6 de Maio de 1920 a planificação de uma
"coluna" dos Macondes. Pensamos que essa "coluna" não era mais do que um golpe
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publicitário. Marcharam funcionários administrativos incluindo talvez uns 130 cipaios e
ocupando os postos que as tropas portuguesas entregaram.
Pelo menos um dos funcionáros envolvidos na ocupação recebeu um louvor oficial. Já no
ano seguinte o "Comando militar dos Macondes" é extinto por o território ser
"completamente ocupado e absolutamente pacificado". Dois anos depois, em 1923, juntam-
se todos os Macondes numa única Circunscrição, por ser um "núcleo único de população"
mas a iniciativa não parece ter sido aprofundada por outras medidas e relatórios até ao fim
do período da concessão da Companhia do Niassa em 1929.
Como referido, os Makonde não eram só guerreiros, faziam também algum comércio e
faziam bonitas caixinhas de madeira para o rapé (ou tabaco moido) e pólvora. Estas
caixinhas eram já por volta de 1908 objecto de troca em toda a região. Depois da conquista,
depois da 1a Guerra Mundial, os caçadores desportivos que caçaram na zona vizinha,
levaram colecções de máscaras e outros objectos de artesanato (cf. Schwerin 1939). Alguns
dos funcionários mais cultos da Companhia do Niassa, como o jurista Nunes de Oliveira,
que subiu por volta de 1936-38 a governador geral substituto de Mocambique, e que tinha
trabalhado em Pemba desde 1919 ou 1920, compravam objetos de pau preto, que começou
a ser matéria prima de eleição para objectos de exportação a partir desta altura. Ao mesmo
tempo o torno de madeira começou a ser utilizado para o fabrico de objectos redondos ou
torneados em pau preto.
Alguns especialistas trabalharam o mesmo pau leve utilizado nas máscaras e produziram
figuras como o “administrador” no Museu de Nampula. As máscaras da dança mapiko
também foram compradas por alguns coleccionadores neste período, como p.e os irmãos
Schwerin.
As missões cristãs tinham-se fixado relativamente tarde em Cabo Delgado, mas deixaram
um grande impacto em algumas áreas, incluindo a dos Maconde. Os padres Monfortinos
constroem missões em Namuno em 1922 e Nangololo em 1924. Eram padres holandeses e
franceses que fundaram as missões. A província de Cabo Delgado é a província
moçambicana com menos presença protestante. Os monfortinos já tinham tindo uma base
na Niassalândia britânica. Nangololo, a 40 km de Mueda (Mahunda), foi escolhido porque
possuía um acesso mais fácil à água. Estes missionários, também, estavam interessados em
objetos de pau preto. Pensamos que nos fins dos anos 20 já foram produzidas as primeiras
madonas e talvez as primeiras figuras de Jeus crucificado em pau preto.
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conceder a independência política aos africanos. O resultado foi o massacre de Mueda, que
levou a mais refugiados e emigrantes Maconde na Tanganyika, e mobilizou também a elite
das missões para a luta de libertação. Quatro anos mais tarde, em 1964, começou a luta
armada, com forte envolvimento dos Maconde. Dai que depois da independência o Bairro
Militar em Maputo, se ter transformado quase num bairro Maconde, aonde quase
anualmente se celebraram ceremonias de circunscisão.
Moças Maconde, que vindo das escolas das missões, se juntavam a luta armada, foram uma
das bases mais fortes para a emancipação das mulheres moçambicanas e a sua integração
formal nela a partir de1965 ou 66. Elas participaram na luta e ainda hoje constituem uma
das base da organização da mulher moçambicana (O M.M.), então parte do movimento de
libertação e hoje uma organização do Partido Frelimo. Estiveram também um dos grupos
fortemente representados no exército moçambicano depois da independência, e os
especialistas em pesquisas antropológicas frequentaram o quartel de Maputo, por volta de
1980, para assistir a ceremónias de iniciação masculina e danças mapiko. Estes soldados
foram entretanto desmobilizados e reformados, alguns regressaram a Mueda. Os escultores
e torneiros makonde que se tinham estabelecido em algumas vilas e cidades de
Moçambique como Marrupa, Nampula, Quelimane e Maputo conseguiram em parte
sobreviver como artesãos, como também na Tanzania e Kenya, e adaptaram-se a novos
estilos. Os estilos ujamaa e sheitani foram complementados, por volta de 1987/8 por uma
linha de figuras com feições étnicas masai bastante estilizadas.
Apareceram tambem ceramistas, a mais conecida ]e Reinata Sadimba, nascida em 1945 em
Nimu, Mueda. Ela iniciou a sua actividade artistica por volta de 1975, tendo ficado de
1980 a 1992 na Tanzania.
Conclusão
Nesta resenha da trajectória conhecida dos Maconde destacámos os seus origens comuns
com os vizinhos, a importância da formação de grupos regionais, o seu passado de artesãos
e guerreiros, alguns momentos da sua incorporação no espaço colonial moçambicano por
volta de 1913-1919, e as suas transformações em cidadãos de Moçambique e alguns estados
da África Oriental. Já por volta de 1920 tinham assumido uma grande visibilidade entre os
africanos. De notar que identidade própria não significa isolamento, falta de interacção com
vizinhos, mas formação de uma unidade num habitat próprio. Culturalmente os Maconde
estão relativamente perto dos seus vizinhos, mas nenhum grupo desenvolveu a escultura em
madeira a um grau comparável com os Maconde.
FONTES E BIBLIOGRAFIA
Fontes orais: Gianfranco Gandolfo, Leonard Adamowicz, Maio de 2012
Abreviacões
AHM Arquivo Histórico de Moçambique, Maputo
AHU Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa
1.Fontes não publicadas
1a. AHM
Fundo do séc. XIX,
Gov. do Distrito de Cabo Delgado, Cx. 8-8
Cod. 11-1830, 11-1857, 1859, Cod. 4094, 4307,Cod. 11-4465
Fundo GG
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Cota, Missão etnognósica
1b. AHU. Fundo de Moçambique (visto em 1983)
1.c Bona, Alemanha (Arquivo do Ministério dos Negocios Estrangeiros. Visto em 1982,
hoje provavelmente em Potsdam. (Referências a plantadores de sisal que utilizaram a
embaixada de holanda para se transferir da Tanganyika para Moçambique)
1d Fontes orais e documentos privados
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3.Teses
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Lourenço Marques
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Whiteley, wilfred