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LUIZA MAHIN, MÃE, MULHER, REBELDE E LIBERTÁRIA*

Artigos

Letícia Rocha**

Resumo: este texto objetiva apresentar a vida e a trajetória de Luiza Mahin, mulher
negra, mãe, ex-escrava e ativista, nome ainda desconhecido do grande público, embora
constem pesquisas em vários campos do conhecimento que enfatizam suas ações. Este
nome está intimamente ligado ao de Luiz Gama (1830-1882), seu filho, aos levantes de
escravos e rebeliões libertárias ocorridas no século XIX, na cidade de Salvador-BA.
O caminho metodológico foi a consulta a escritos historiográficos e fontes literárias e
acadêmicas que tratam de temas relacionados à vida e atuação revolucionária de Luiza
Mahin e a análise da carta autobiográfica de Luiz Gama e do seu poema Minha Mãe.
Esses documentos embasaram a construção da figura de Luiza Mahin – mítica ou não,
pois não se pode atestar a veracidade de sua existência. Destacamos nesse texto aspectos
de sua personalidade, suas origens africanas, sua audaciosa trajetória enquanto ex-es-
crava e exímia ativista defensora da causa do povo negro, e os processos de mitificação
a partir da literatura concernente ao fato. E, por fim, a sua representação no feminismo
negro brasileiro. 

Palavras-chave: Biografia. Mulheres negras. Feminismo Negro. Racismo. Descolonização.

LUIZA MAHIN, MOTHER, WOMAN, REBEL AND LIBERTARIAN

Abstract: this text aims to present the life and the trajectory of Luiza Mahin, black
woman, mother, former slave and activist, a name still unknown to the general public,
although there is research in various fields of knowledge that emphasize her actions. This
name is closely linked to that of Luiz Gama (1830-1882), her son, to the slave uprisings

* Recebido em: 21.08.2021. Aprovado em: 16.12.2022.


** Mestra em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo. Pós-graduada em Neuropsicologia
Educacional-Faculdades Santo Agostinho. Pós-graduação em Pensamento Andino e Feminismo Descolo-
nial pelo Instituto de Estudios de Culturas Andinas e Grupo Latinoamericano de Estudios y Formación y
Acción Feminista. Graduada em Ciências da Religião pela Universidade Estadual de Montes Claros. E-mail:
lopesleticia395@gmail.com.

Revista Mosaico, v. 16, p. 72-81, 2023. e-ISSN 1983-7801 DOI 10.18224/mos.16i1.9159 72


and libertarian rebellions that took place in the 19th century in the city of Salvador-BA.
We used as a methodological path the consultation of historiographical writings and
literary and academic sources that deal with themes related to the life and revolutionary
performance of Luiza Mahin and the analysis of the autobiographical letter of Luiz Gama
and his poem Minha Mãe. These documents supported the construction of the figure of
Luiza Mahin – mythical or not, because one can not attest to the veracity of her existence.
In this text we highlight aspects of her personality, her African origins, her audacious
trajectory as a former slave and an excellent activist and defender of the cause of the
black people, and the mythification processes based on the literature concerning the
fact. Finally, her representation in Brazilian black feminism.

Keywords: Biography. Black women. Black feminism. Racism. Decolonization. 

O
s textos que buscam enunciar as experiências de mulheres negras provocam relevantes in-
tervenções históricas e, ainda, fissuras no tecido colonial, para que seja reconhecida a voz de
personagens que foram frequentemente silenciadas e/ou marginalizadas, especialmente em
culturas e sociedades como as latino-americanas e caribenhas, que carregam em seu bojo a colonia-
lidade, ou seja, as sequelas dos processos de colonialismo. Ao evidenciar tais personagens, é preciso
ter presente as estruturas que as oprimiram e as relegaram à inexistência. 
Em relação à Luiza Mahin, a ausência de documentos que confirmem sua vida e existência revela
ambiguidades. Tal ausência permitiu a alguns estudiosos, que se debruçaram para compreendê-la,
considerá-la uma figura mítica, e posteriormente discorreremos sobre este aspecto. Assim como Mahin,
inúmeras mulheres com trajetórias inspiradoras e com legado de lutas e resistência foram omitidas
dos cânones da historiografia oficial devido à carência de registros documentais, mas também se deve
considerar o desinteresse e o descaso para com as mulheres, especialmente as negras.
No entanto, atualmente é perceptível o movimento de resgate de personalidades negras brasi-
leiras que impactaram o seu tempo e deixaram um legado que ainda ressoa na sociedade. Cada vez
mais encontramos textos e publicações que têm como objetivo apresentar o pensamento de mulheres
e homens negros que contribuíram para interpretar a realidade brasileira. Evocar estes nomes e seus
feitos torna-se tarefa alvissareira e urgente em tempos de degradação e genocídio do povo negro.
O que é apresentado como dado histórico e real da existência de Luiza Mahin são dois
documentos (uma carta e um poema – Minha Mãe), ambos escritos por seu filho Luiz Gama.
Antes de dar sequência à trajetória de nossa personagem, vamos fazer uma breve digressão
necessária, para falarmos sobre este homem – as histórias de ambos se coadunam e dialogam
numa busca comum. 
Luiz Gonzaga Pinto da Gama era conhecido simplesmente como Luiz Gama (BENEDITO, 2011).
Homem de seu tempo, poeta, escritor, advogado, libertador de escravos, teve um papel importante no
processo de abolição escravagista na cidade de São Paulo e consequentemente no Brasil. Como abo-
licionista, pouco ou nada consta dos materiais oficiais sobre a sua participação, há um esquecimento
de suas lutas em defesa dos povos escravizados. Os livros de história não enunciam os feitos desse
homem – o que consta é uma versão que oculta os fatos e eleva a figura, por exemplo, da princesa
Isabel e sua “bondade” no processo abolicionista no Brasil. 
Nascido na Bahia em 21 de julho de 1830, filho da heroína e rebelde Luiza Mahin e de um
português, foi levado para o Rio de Janeiro, e depois São Paulo, onde construiu sua vida e carreira,
constituiu família e militou pela libertação do povo negro até o seu falecimento (AZEVEDO, 1999).
Sobre seu pai, não há informações precisas – na literatura concernente é mencionado que foi um
homem de muitos bens que, ao perdê-los em jogos, vendeu seu filho Luiz Gama, com apenas 10 anos.

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E o próprio Gama, em suas cartas, omite qualquer fato relacionado ao homem que seria seu progenitor,
diferentemente da sua mãe (GONÇALVES, 2009, p.11). 
Por outro lado, Mahin exerceu de forma exemplar a maternidade, num período em que mui-
tas mulheres abandonavam seus filhos ou receavam gerá-los devido às atrocidades daquele período
escravocrata – uma época em que a maternidade servia aos interesses espúrios dos colonizadores.
Acreditamos que, para nossa personagem, tornar-se mãe consistiu em um ato de coragem e rebeldia
ao sistema da época. Para ela, não era somente gerar o filho e jogá-lo à própria sorte na sociedade, mas
sim capacitá-lo para que, como homem adulto, soubesse das suas origens, da sua história enquanto
homem negro e filho de uma mulher negra e ex-escrava. Esse legado Gama honrou e carregou até o
final da sua vida.
Interessante mencionar que a maternidade é uma dimensão importante no pensamento femi-
nista negro. Nesse sentido, a maternidade se desvela como uma realidade dinâmica e transformadora
na vida das mulheres que se predispõem a assumir a condição. Além disso, oportuniza a valorização
e o respeito a si mesmas, há um processo de descoberta delas próprias, assim como pode ocorrer o
empoderamento da mulher negra (COLLINS, 2019).
Nessa perspectiva, entendemos que ser mãe empoderou Luiza Mahin e potencializou o seu
ativismo conforme vamos apresentar no transcurso deste texto. A maternagem nela estava em sinto-
nia com suas irmãs e irmãos oprimidos pelas amarras da escravidão na luta por justiça e liberdade.
A conduta materna vivida por ela moldou o ser e o fazer de seu filho Luiz Gama. Dela ele herdou o
espírito aguerrido e o senso de justiça, características que perpassaram sua vida no trato e na luta pela
libertação dos negros escravizados.  
Benedito (2011, p. 24), ao descrever a trajetória de Gama, informa que “sonhava com um Brasil
sem rei e escravos”. Este desejo era expresso nos poemas que escrevia, nos textos que publicava nos
jornais da época e em livros, como também na defesa jurídica de escravos. Gama foi um exímio de-
fensor e lutador da causa dos/as negros/as no século XIX. 
Chamamos a atenção para o ato da escrita que envolve a existência de ambos os personagens.
Luiza Mahin e Luiz Gama se utilizaram da escrita para expressarem seus sentimentos de justiça e
liberdade. Mahin na bandeja, com os quitutes que produzia – e com eles seguiam junto bilhetes que
elaborava com o intuito de organizar os motins. Em Gama, a escrita era condizente com a experiência
da época, e com o sonho que o mantinha ativo e em luta. De sua escrita emergiram poemas revela-
dores da sua mãe, do seu ativismo, das suas dores e angústias, dos sonhos que permeavam seu ser de
homem libertário. 
O ato de escrever torna-se um ato libertário e revolucionário, em outras palavras é um processo
de descolonização para aqueles e aquelas que se encontram na colonialidade. Evocar o ato da escrita
nessa perspectiva descolonizadora nos remete à tradição do feminismo negro brasileiro, que tem
Mahin como referencial de luta. Autoras como Carneiro (2019), Gonzalez (1982), Akotirene (2019),
dentre outras, procuram evidenciar, em seus trabalhos, suas experiências enquanto mulheres negras
e as opressões que perpassam suas trajetórias sociais, assim a escrita adquire uma dimensão política. 
Dessa forma, escrever é uma maneira do sujeito falar sobre si e por si mesmo, especialmente os sujei-
tos racializados. Numa sociedade estruturalmente racista como é o Brasil, o ato de escrever torna-se
uma ferramenta útil de denúncia do racismo que fere, adoece e mata. E é um meio eficaz de mostrar
o protagonismo de mulheres e homens pretos.
É nessa perspectiva descolonizadora que fazemos a leitura dos escritos de Luiz Gama e os que
fazem referência à sua mãe. Os relatos que evidenciam a existência de Luiza Mahin nos são fornecidos
pelo seu próprio filho, numa carta escrita e endereçada ao amigo Lucio Mendonça, que a solicitou com
o intuito de elaborar uma biografia no ano de 1880 (BENEDITO, 2011, p. 67-74). Os escritos oferecidos
por Gama foram fundamentais para o reconhecimento da trajetória dessa mulher, o que permitiu

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introduzi-la na historiografia. Por esses relatos evocados por Gama, sua mãe tornou-se uma figura
reverenciada pela cultura afro-brasileira, pelo movimento negro e o feminismo negro, como fonte e
modelo de luta, e resistência contra todas as formas de opressão impetradas contra o povo negro no país.  
A carta que introduz Mahin no cenário histórico e literário do cânone de pensadores brasileiros
é composta pela memória afetiva do seu filho, que resgata aspectos minuciosos de sua vida, e os desvela
com riquezas de detalhes. É um escrito extenso, que deflagra a sua própria origem, personalidade,
inserção social e ativismo. Desta carta, destacamos o que por ora nos interessa, ou seja, traços dessa
personagem. Assim a descreve:   

Sou filho natural de uma negra africana livre, da Costa Mina (Nagô) de nome Luíza Mahin, pagã,
que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Minha mãe era de baixa estatura, magra, boni-
ta, a cor era de um preto retinto e sem lustro, tinhas os dentes alvíssimos com a neve, era muito
altiva, geniosa, insofrida e vingativa. Dava-se ao comércio – era quitandeira, muito laboriosa, e
mais de uma vez, na Bahia, foi presa como suspeita de envolver-se em planos de insurreições de
escravos, que não tiveram efeito. Era dotada de atividade. Em 1837, depois da Revolução do dr.
Sabino, na Bahia, veio ela ao Rio de Janeiro e nunca mais voltou. Procurei-a em 1847, em 1856 e
em 1861, sem que a pudesse encontrar. Nada mais pude alcançar a respeito dela. (GAMA apud
BENEDITO 2011, p. 67)
 
Pelas características físicas apresentadas na carta, a negra Luiza Mahin era provida de muitos
atributos, certamente uma bela e atraente mulher. Das características que compõem a sua persona-
lidade destacadas por Gama, algumas determinaram o seu lugar no imaginário popular de mulher
livre, corajosa e intrépida. Deste excerto ainda apreendemos que Mahin, na condição de escrava livre,
ou seja, alforriada, desenvolveu seu trabalho de quitandeira pelas ruas de Salvador na Bahia.
As andanças que realizava em função do seu labor possibilitavam realizar articulações que
culminaram nos dois principais levantes de negros escravizados ocorridos na história do país, a Re-
volta dos Malês e a Sabinada. Ambos serão discutidos posteriormente. Esses acontecimentos a tem
como principal protagonista. Dada a sua luta, ousadia e inteligência possivelmente esteve envolvida
em outros atos insurgentes, no entanto, não há documentos que comprovem sua participação.
Seu instinto de justiça e sede de liberdade para seus irmãos de raça escravizados foram motivos
que a conduziram à prisão algumas vezes, suspeita de planejar revoltas, porém, sem êxito. Após a
insurreição da Sabinada, partiu para o Rio de Janeiro, de acordo com Gama, essa foi a última notícia
que teve da sua mãe. Nunca se soube o que ocorreu com ela após esse período. Como filho em busca
de sua referência materna, saiu a procurá-la e o relato revela o insucesso das suas sucessivas buscas
por notícias (BENEDITO, 2011).  
Nos aprece ainda importante destacar dois aspectos relevantes apresentados nesta carta.
O primeiro diz respeito à sua inteligência, era possuidora de conhecimentos, sabia ler e escrever,
o que denuncia sua facilidade de articular as insurreições pela liberdade dos negros. Não encon-
tramos nenhum documento que afirme sobre a sua formação acadêmica, temos uma possível
hipótese que nos permite afirmar que, pelo seu histórico de mulher escravizada, o conhecimento
formal lhe foi negado, usufruindo assim dos conhecimentos que a vida propunha. Destacamos
que o feminismo negro tem seus inícios no ativismo de mulheres que como Mahin, que ousaram
falar e denunciar as opressões vividas.
O segundo aspecto a evidenciar era a sua convicta adesão religiosa ao Islã, que a fez refutar o
batismo cristão católico, que era imposto a todos os homens e mulheres advindos de África e escra-
vizados ao chegar ao país. Os colonizadores estabeleciam o batismo como conversão ao único Deus
cristão católico para fazer valer a ortodoxia católica como única fonte válida de crença. Tal fato era

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premissa necessária para a permanência dessas pessoas na colônia recém “descoberta”. Ademais, os
colonizadores rechaçavam as práticas religiosas advindas do continente africano com a prerrogativa
de que eram práticas incomuns, diabólicas, portanto, deveriam ser extintas (GONÇALVES, 2009,
p. 44). A dimensão religiosa é elemento que perpassa o levante dos Malês em 1835, uma revolta que,
entre outras questões, incluía a religião em seu cerne, conforme veremos.
Essa atitude de Luiza Mahin, ao recusar o batismo católico, denota a sua forte personalidade,
mas também sagacidade, intrepidez, insubmissão aos sistemas impostos. Todos esses adjetivos a
caracterizam como uma mulher à frente de seu tempo, avessa ao medo e desbravadora na busca por
justiça e pelo fim da opressão a que foram submetidos seus compatriotas. Enfim, se figura como uma
ativista pela justiça social.
Nesse momento, evocamos algumas ideias relacionadas ao levante dos Malês e da Sabinada,
duas importantes revoltas ocorridas em Salvador, BA, em meados do séc. XIX.  A Bahia foi palco de
vários levantes envolvendo negros escravizados, o que possibilita afirmar que o processo de escra-
vidão no Brasil não ocorreu de forma passiva. Em todo o tempo houve levantes, revoltas e protestos
pelo seu fim – as mais conhecidas e destacadas foram justamente a Revolta dos Malês e a Revolta da
Sabinada (SOUZA, 2009).
A Revolta dos Malês emerge no seio da sociedade baiana no ano de 1835. O nome malês, in-
forma Benedito (2011, p. 62),

Na língua ioruba, muçulmano é “imalé”, e uma alteração na pronúncia gerou o termo “malês”
para caracterizar os negros muçulmanos da Bahia, de origem hauçá e nagô. 

Os muçulmanos ou malês, conforme a língua ioruba, estabelecidos na Bahia eram homens e


mulheres que possuíam alguma formação escolar. Eram considerados cultos e aguerridos, portanto,
não passivos e alheios às atrocidades que a sociedade escravagista impunha. Pelas características men-
cionadas que compunham esse povo, entendemos as posturas e os comportamentos que emanavam
de nossa personagem feminina. Mas, também se torna compreensível a atuação que desempenhou
naquele momento. Esclarecemos que nem todos os que viviam em Salvador naquele período histórico
eram muçulmanos, havia pessoas de outras tradições religiosas. 
A insurreição dos Malês constituiu uma das mais importantes revoltas da população negra
escravizada da época. Tal evento emergiu do povo e refletiu suas insatisfações com o sistema vigente
– possuía caráter político e contestatório (REIS, 2003). Em seu cerne havia dois objetivos principais:
liberdade para o povo escravizado e a defesa do direito de professar a fé ao Islã, proibida naquele
contexto devido às questões expostas anteriormente.
O ato estava sendo organizado por um grupo de malês, dentre esses destacava-se Luiza Mahin,
que, com sua astúcia e coragem, aproveitava enquanto vendia seus quitutes pelas ruas da cidade para
fazer articulações entre os muçulmanos acerca da rebelião. Porém, a revolta não ocorreu conforme o
previsto, uma mulher – de nome desconhecido – os denunciou. Recorremos novamente a Benedito
(2011, p. 63), que nos instrui sobre esse fato, 

Uma negra falou sobre ela com um juiz de paz. Na noite de 24 de janeiro, véspera da revolta, a
polícia invadiu a residência de um dos líderes, Manuel Calafate, local de reunião de muçulmanos
e da preparação da revolta. 

Os planos de Luiza Mahin e seu grupo de libertação dos escravos não se efetivaram. O confron-
to ocorreu de forma desorganizada e não obteve sucesso, foram derrotados pela Polícia e a Guarda
Nacional, instituições que possuíam mais armamentos e um contingente muito maior de combaten-

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tes. Contudo, esse fato não os afastou dos ideais de libertação, outras revoltas foram realizadas.
A Revolta da Sabinada ocorreu alguns anos após a dos Malês, entre janeiro de 1837 e março de
1838, período da regência, em que não havia imperador no país (SCHWARCZ, 2015). Essa revolta se
efetivou e teve tempo considerável de duração. Consta que Luiza Mahin também esteve na articulação
desse levante com sua voz destemida às senzalas. E, após esse período, não se sabe o que aconteceu
com nossa personagem, há possibilidade de que tenha fugido para o Rio de Janeiro e continuado sua
luta (BENEDITO, 2011). 
A Sabinada recebeu esse nome porque seu líder era um médico mulato, Francisco Sabino.
O panorama social, econômico, étnico racial, as desigualdades sociais e a miséria em que se encontrava
o estado baiano foram o estopim para desencadear a revolta. Esse evento conseguiu reunir vários seto-
res da sociedade, de profissionais a camadas populares. A Sabinada refletia tanto o descontentamento
com a Corte do Rio de Janeiro quanto com os poderosos locais (em sua maioria, eram legalistas que
apoiavam o governo central), que não atendiam às expectativas de parte da sociedade baiana (SOU-
ZA, 2009). Diante desse quadro, a revolta consistiu na tomada do estado para torná-lo independente.
Enfim, a revolta teve seus efeitos no cerne da sociedade baiana. Ao final desta insurreição o que há
em torno da figura de Luiza Mahin é o silêncio. Conforme nos informou seu filho Luiz Gama, na
carta apresentada acima.  
Há um hiato na historiografia no tocante ao seu fim, o que, em certa medida, gera dúvidas
concernentes à veracidade da sua pessoa. Ainda que restem dúvidas da veracidade de sua existência, o
fato é que sua trajetória e legado seguem vivos e atuantes nos meios acadêmicos por meio de pesquisas,
nos movimentos populares e de mulheres, no feminismo negro, dentre outros. Esse movimento gerado
por pesquisas em andamento permite trazer à luz mulheres e homens negros que foram alijados da
história do país. E trazê-los ao conhecimento possibilita um resgate e valorização da cultura brasileira
sob aspectos mais amplos. Ao mesmo tempo, permite um processo de descolonização necessário as
sociedades que vivem sob o espectro da colonialidade (KILOMBA, 2019).
Após nossa tentativa de apresentar a trajetória heroica e aguerrida de Luiza Mahin, como
também a apresentação de alguns aspectos relacionados ao seu filho Luiz Gama, ateremos a atenção
nas afirmações de autoras acerca da sua mitificação. No início desse texto, sinalizamos a ausência de
documentos que atestem a verdadeira existência desta mulher, o que provoca e a torna uma figura
enigmática. Estudiosos que buscaram compreender sua trajetória e perceberam tal ausência afirmam
que é uma invenção mitológica. Sobre isso, encontramos, na pesquisa de mestrado de Aline Najara
da Silva Gonçalves, a seguinte questão, 

Apesar de relacionada a levantes de escravos e rebeliões libertárias, no campo da historiografia


Luiza Mahin é uma personagem que suscita polêmica, principalmente em decorrência da carência
de registros documentais que assegurem a sua existência. (GONÇALVES, 2010, p. 7)

Seguindo outra condução teórica, contudo, que em alguma medida dialoga com o exposto acima
por Gonçalves, a dissertação de mestrado de Dulcilei Conceição Lima enfatiza que os 

elementos geradores do mito Luiza Mahin, a carta e o poema de Luiz Gama lançaram as bases
para as interpretações e apropriações no campo da história e da literatura. (LIMA, 2011) 

A partir do exposto pelas autoras acima, depreendemos que permeia, no campo da historio-
grafia, como também da literatura, certa ambiguidade quando o assunto é Luiza Mahin. Não se sabe
com exatidão da sua existência, ronda uma certa incerteza ou até mistério sobre a sua vida. Os textos
de Luiz Gama apresentados no início desse artigo, que estão no livro de Benedito (2011), como textos

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de outros autores verificados para a construção desse estudo (Aline Gonçalves, Dulcilei Lima e Ana
Maria Gonçalves que publicou uma biografia de Luiza – Um defeito de cor, em 2009), podem ser
considerados referências para a elaboração de um imaginário sólido de Mahin, ainda que enquanto
figura mitológica.
São estes escritos, principalmente, os de seu filho, emaranhados de afeto, carinho e saudades
que fizeram possível a permanência no imaginário brasileiro de uma voz dissonante e combativa nos
movimentos revolucionários baianos do séc. XIX. Isso se converteu em fonte de inspiração e resistência
para o movimento negro, de mulheres, do feminismo negro, e outros grupos afro-brasileiros. Seu legado
segue vivo nas narrativas e ações desses movimentos contemporâneos brasileiros (LIMA, 2009, p.7).  
As narrativas míticas são geradoras de conteúdos e histórias, evocam a vida com todos os elementos
que a compõe, em outras palavras, são reprodutoras da vida e suas facetas. Assim acreditamos que ocor-
reu com as/os autores/as que se propuseram a elaborar o que teria sido a trajetória da personagem Luiza
Mahin na Bahia do século XIX. Trouxeram para o conhecimento e à história relatos que enalteceram as
façanhas dessa mulher naquele período, descrevem características da sua personalidade, sua luta e ativismo
no combate a escravidão. No que se refere à construção mítica de Mahin, Lima (2011, p. 107) assevera: 

Ao constituir-se enquanto mito, Luiza Mahin ressignifica a história da mulher negra no Brasil e
torna-se sinônimo de mobilização, resistência, capacidade de superação e inteligência, atributos
fundamentais na configuração de uma identidade positiva.

Na visão dessa autora, o processo de mitificação da referida mulher possibilitou a sua ma-
nutenção no cenário brasileiro. A nosso ver, tal processo se configurou como ação necessária para
a perpetuação da história e dos feitos de Mahin, do contrário teria sido relegada ao esquecimento,
assim como tantas outras mulheres e negras. Ao se tornar figura mítica, sua imagem é responsável
por transformar de forma positiva a história da mulher negra brasileira, histórias que até então foram
apagadas e relegadas à marginalidade. 
A mitificação dessa personagem possui uma importância ímpar para as mulheres negras da
sociedade brasileira, ao colocar-se como modelo para as mulheres pode ser entendida como a emergên-
cia da mulher negra ocupar o centro. A mulher racializada numa sociedade classista, racista, sexista,
generificada, como é a cultura brasileira, é sempre a preterida em diversas situações. É a que tem sua
trajetória apagada e relegada aos ambientes de menor importância social. Portanto, ao trazer à luz
uma figura – mítica ou não – como Mahin, é o escopo necessário para o deslocamento de mulheres
negras que estão nas margens para o centro (hooks, 2019). Essa é uma dinâmica que consiste no em-
poderamento das mulheres negras, um dos pilares do feminismo negro estadunidense.  
A construção e o desenvolvimento do mito Luiza Mahin se devem, em grande medida, ao femi-
nismo negro constituído em solo brasileiro. No cerne desse movimento voltado a atender as demandas
advindas do universo das mulheres negras, ignoradas pelo feminismo branco, burguês, classista, que
emergem no tecido internacional como também nacional (LIMA, 2009, p. 3), faz-se importante men-
cionar que o feminismo em sua versão negra desde as suas origens busca exaltar, dentre outras questões,
a cultura afro-brasileira, assim como, as/os personagens que compuseram o substrato cultural. 
Nessa perspectiva, Mahin torna-se o símbolo identitário nessa vertente do feminismo brasileiro,
contribuindo extensamente para fazer a leitura da realidade da mulher negra periférica. Recorremos
uma vez mais a Lima, que oferece elementos para o entendimento dessa identidade. E adverte que,

(...) a produção literária das feministas negras “realizam’” Luiza Mahin, garantindo a ela uma
existência sólida e real, a partir da rememoração de seus feitos, que por si só forneceriam um
modelo de conduta para essas mulheres. (LIMA, 2011, p.74)

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Ainda para a mesma autora, as principais responsáveis pela exaltação da memória e perpetua-
ção dessa personagem são as produções encabeçadas pelas feministas negras brasileiras. Ademais,
concedem vida e existência real à personagem Mahin, o que aproxima da realidade de uma grande
maioria de mulheres no cenário social brasileiro atual. O feminismo negro tem a sua história e desen-
volvimento ancorado nas lutas de mulheres negras entre as décadas de 1970 e 1980, quando muitas
dessas não se viam representadas nas pautas encabeçadas e levadas a cabo pelas mulheres brancas.
“Insatisfeitas com a limitação dos discursos raciais e feministas que não davam conta da realidade da
mulher negra brasileira, decidiram fundar grupos independentes que abordassem essa especificidade
(...) buscando em suas ancestrais exemplos de luta e resistência que pudessem erigir como símbolo”
e assim encontraram Luiza Mahin (LIMA, 2009, p.3).   
Destacamos, sobretudo, que o feminismo emergente no Brasil é herdeiro das visões coloniais
europeias, e que possui um modelo universalizante de mulher (CARNEIRO, 2019). Portanto, alheio
às necessidades provenientes da vida das mulheres, especialmente as racializadas e periféricas, as
principais vítimas das atrocidades do Estado. 
Nesse contexto, foram muitas as intelectuais negras que contribuíram, como seguem contri-
buindo, enormemente para a consolidação desse feminismo, dentre essas destacamos: Sueli Carneiro,
Luiza Bairros, Lelia Gonzalez, e mais recentemente as que compõe a nova geração – Angela Figueiredo,
Carla Akotirene, dentre outras. O feminismo negro, ao trazer em seu bojo as realidades das mulheres
negras, busca, em certa medida, personagens negras que, em algum momento da história brasileira,
se levantaram diante das opressões sofridas pelo povo negro. Nesse sentido, Luiza Mahin é um dos
nomes encontrados e referenciados nos estudos das feministas e que possui a vertente racial.  
O feminismo negro, por meio de ações impetradas por suas adeptas/ativistas e intelectuais inse-
ridas nas academias, trouxe para o cenário nacional nomes de mulheres e homens alijados dos cânones
da história nacional. Por estas foram concedidas à figura de Luiza Mahin a elaboração de materiais
que possibilitaram conhecer e apropriar-se da sua trajetória, a cartilha Mulher Negra tem história,
poemas das escritoras Alzira Rufino e Maria Rosa e Nilza Araci, que traz uma pequena biografia de
Luiza e se tornou referência para outras publicações, a inauguração da Praça Luiza Mahin (na região
da Freguesia do Ó, em São Paulo) (LIMA, 2009), e o romance Um defeito de cor de Gonçalves (2009). 
Histórias como as de Luiza Mahin – sejam elas reais ou fictícias, mas construídas com a reali-
dade dos papéis desempenhados por tantos homens e mulheres negras – reafirmam categoricamente
as negras e negros como construtores da história do Brasil.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Escrever sobre mulheres negras que tiveram suas trajetórias ocultadas ou apagadas pelo epis-
temicídio, nesse caso, Luiza Mahin, torna-se tarefa alvissareira para o momento atual. Primeiro por-
que provoca uma imersão história pessoal daquelas e daqueles que se dedicam a tal tarefa, segundo
porque, numa sociedade como a brasileira, evocar essas figuras para o centro é denunciar o racismo
que permeia as instituições. São ainda os negros que podemos chamar de descartáveis da sociedade,
seguem sendo o maior número de desempregados e subempregados, as maiores vítimas de assassinatos
e feminicídios, baixa escolaridade, alocados nas periferias dos grandes centros urbanos. Todas essas
questões acentuadas e agravadas pela pandemia da Covid 19.
Ao chegarmos ao final desse texto, que buscou descrever a trajetória de Luiza Mahin, mulher
negra, ex-escrava, mãe e libertária, carregamos a certeza de que seu legado segue vivo, e mais do que
nunca necessário diante de tudo o que elencamos no início dessa conclusão. Mahin é um dos nomes
que se figuram na literatura brasileira como fonte inspiradora para coletivos e movimento de mulheres,
ONGs, pesquisas acadêmicas, feminismo negro brasileiro, dentre outros.

Revista Mosaico, v. 16, p. 72-81, 2023. e-ISSN 1983-7801 79


Luiza Mahin, negra, não se sabe precisar a data de seu nascimento, africana, se fez filha desse
solo brasileiro na luta pela libertação de seu povo negro. Quitandeira de profissão, se dedicava ao
comércio nas ruas de Salvador no século XIX. Foi por meio deste trabalho que nossa personagem
ajudou a articular e protagonizar duas das principais revoltas do país, a Revolta dos Malês e a Sabinada.
Sua história e a de seu filho Luiz Gama dialogam numa busca comum, a de uma sociedade livre,
sem o peso e a dor da escravidão. Sendo mãe solo assumiu corajosamente a maternidade num período
com poucas ou nenhuma perspectiva para as crianças, devido à servidão que eram submetidos na
sociedade escravagista. Os escritos que permitiram afirmar a sua existência são oferecidos por esse
seu único filho, Luiz Gama.
A ausência de documentos que atestem a sua existência impôs questionamentos sobre a sua
trajetória. Autoras e autores que se dispuseram a estudá-la a consideram uma figura mitológica, con-
forme alguns estudos apresentados nesse texto. As narrativas mitológicas são geradoras de conteúdos
e histórias, evocam a vida com todos os elementos que a compõe, em outras palavras, são reprodutoras
da vida e suas facetas. As/os autores/as que se propuseram a elaborar o que teria sido a trajetória da
personagem Luiza Mahin, na Bahia do século XIX trouxeram para o conhecimento e à história relatos
que enalteceram as façanhas dessa mulher naquele período.
Estas construções míticas favoreceram a sua permanência no imaginário e na história bra-
sileira. Dessa forma, compuseram com outras mulheres e homens as lutas por uma sociedade livre
das amarras da escravidão. Esse processo de mitificação que nos permitiram alcançar a vida dessa
mulher e, tê-la como referência para as lutas do tempo presente. Entendemos que, atualmente não
temos mais a escravidão como naquele tempo, porém seguimos ainda em luta pela libertação do povo
negro, mormente marginalizado.
O desenvolvimento mítico de Mahin possui importância ímpar para as mulheres, especialmente,
as negras. Sua vida, trajetória e ativismo tornam-se modelo para essas mulheres. O feminismo negro
constituído em solo brasileiro também é responsável por permitir a perpetuação de Luiza Mahin. No
cerne desse feminismo, que tem suas fontes primeiras nos ativismos de mulheres, está a necessidade de
atender as demandas advindas do universo das mulheres negras, insatisfeitas porque eram ignoradas
pelo feminismo branco, burguês, classista com atuação generalizada nacional e internacionalmente.
Faz-se importante mencionar que o feminismo em sua versão negra desde as suas origens busca exal-
tar, dentre outras questões, a cultura afro-brasileira, assim como os personagens que compuseram
seu substrato cultural.  Para tanto, se espelha em mulheres que impactaram a história de seu tempo,
nesse caso, Luiza Mahin.
É a partir do feminismo negro e por meio das suas ativistas e acadêmicas que foram ela-
borados materiais e há pesquisas no âmbito de mestrado e doutorado em várias universidades
do país que procuram difundir o legado de Luiza Mahin. Esses escritos, ao referenciar Mahin,
reconhecem a sua luta libertária em favor do povo negro e a mantém como modelo e símbolo para
as mulheres negras na atualidade, que encontram nessa personagem características compatíveis
com as suas demandas. São mulheres que experimentam situações análogas à da personagem;
mães solos, trabalhadoras domésticas ou mesmo salgadeiras, moram nas periferias dos grandes
centros urbanos, e outras. Por isso, encontram em Mahin um modelo libertário que se torna fonte
de empoderamento social. 

REFERÊNCIAS

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