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SEROPÉDICA
2022.1
Neste presente trabalho, será feita uma análise e apresentação da tese de doutorado “
Outras faces do abolicionismo em Minas Gerais: rebeldia escrava e ativismo de mulheres
(1850-1888)” desenvolvido por Fabiana Francisca Macena. A autora é mineira, graduada pela
Universidade Federal de Viçosa e seguiu sua trajetória de formação acadêmica na
Universidade de Brasília. Atualmente ela é professora da Secretaria de Estado de Educação
do Distrito Federal e tem experiência na área de História com temas como: Brasil Império,
práticas abolicionistas, resistência escrava, história das mulheres, gênero e ensino de História.
Cabe aqui explanar sobre sua tese que debate sobre resistência escrava e ativismo de
mulheres no abolicionismo de Minas Gerais.
Dentro das primeiras páginas da tese, Macena explica os dois objetivos para seu
estudo. O primeiro se percebe em mostrar e desmontar a construção historiográfica da
ausência de tensões e conflitos, do clima de “plena paz” em que teria ocorrido a abolição da
escravidão na província mineira. Já o segundo diz respeito ao desejo da autora de conferir
visibilidade e dizibilidade à atuação abolicionista de outros atores sociais, com destaque para
as mulheres escravizadas e livres, quebrando o silêncio discursivamente construído em torno
de suas ações.
Sendo assim, presentemente serão tratadas duas fontes específicas: o relatório dirigido
ao presidente de Minas Gerais, Luiz Eugenio Horta Barbosa em 1888, e o artigo do Jornal Sul
de Minas, publicado em 7 de setembro de 1859. As duas fontes denotam escritos sobre a
abolição e todo o seu processo de acontecimento como quem foram os responsáveis e os
diversos impactos que esta ação poderia trazer para a vida dos senhores.
A pesquisadora Fabiana Francisca apresenta através das fontes dos relatos provinciais
em seu trabalho e principalmente as fontes aqui citadas. A intenção dos governantes da
província de Minas Gerais era excluir os verdadeiros protagonistas sociais e a tensão que
ocorreu durante o processo de abolição na região, mostrando assim seu principal problema
que constitui a pesquisa. E é exatamente isso que ela vai tentar desmistificar para a sociedade
oitocentista, que a abolição não foi advinda de “generosos brasileiros” e da princesa Isabel,
quebrando a narrativa de um processo pacífico.
Com essa conclusão, a autora vai construir seu argumento: Se os escravizados carregavam
tanto a imposição do medo, por que nos relatórios provinciais os mesmos indicavam a
ocorrência de uma sociedade que lidava com a abolição de modo gradual e pacífico?
Dessa forma, Fabiana Francisca mostra através das formas ambíguas que as fontes
apresentam é que ao tentar passar uma imagem de superioridade e conciliação da província
mineira, o governo provincial acabou omitindo a intensa luta das pessoas escravizadas em
Minas Gerais. Diversas fontes como relatórios, artigos de periódicos da época apresentam
que ao contrário da ocultação feita pelos relatórios provinciais, houve sim muita rebelião e
crimes cometidos pelos escravizados que tanto lutaram e fizeram presença no processo de sua
própria liberdade.
BIBLIOGRAFIA
Eugênio Horta Barbosa ao installar-se a primeira sessão da vigésima sétima legislatura em 1º.
De Junho de 1888. Ouro Preto: Typ. De J.F. de Paula Castro, 1888. p.51. Mantivemos em
todas as citações das fontes a grafia e pontuação original. (Disponível
em:http://ddsnext.crl.edu/titles/171#?c=0&m=95&s=0&cv=50&r=0&xywh=-
620%2C684%2C3251% 2C1785)