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Partindo do romance de Bernardo Guimarães, mostra como este humaniza as ações dos
quilombolas, conferindo o sentido e importância que isto tem em suas vidas.
Analisa e evidencia a existência de diversas formas de protesto no contexto das Américas pós
emancipatória.
Relação de enfretamento entre senhores e escravos.
Fugas coletivas e formação de comunidades (quilombos e mocambos).
Contrapõe-se à historiografia que concebe as fugas de escravizados como movimentos sem
sentido político.
Debate da historiografia sobre a benignidade da escravidão no Brasil, em comparação com os
EUA (Gilberto Freyre, Frank Tennembaum e Stanley Elkins).
Mudanças na historiografia, anos 1960-70: “rebeldia” escrava como reações aos modos violentos
e cruéis da escravidão. Retirando o caráter de submissão dos cativos.
Duas correntes de interpretação e análise dos quilombolas na historiografia brasileira:
culturalista e materialista. (autor se inspira nas análises de João José Reis).
Primeiras abordagens culturalistas surgem a partir de 1930 no Brasil. Nomes: Nina Rodrigues;
Arthur Ramos; Edison Carneiro; Roger Bastide. Interpretação dos processos de resistência
partindo do pressuposto de que estas significavam uma tentativa de fundar estados africanos nas
Américas, baseados numa conduta contra-aculturação. Perspectiva pautada num evolucionismo
cultural.
Essas abordagens desconsideram fatores como cotidiano, tensões, relações complexas,
sociabilidade, protestos etc.
Texto critica as abordagens historiográficas que interpretam as relações senhor x escravo
baseadas no paternalismo.
Abordagem materialista na perspectiva da luta de classe sob o escravismo, analisa os protestos
coletivos, insurreições, enfatizando caráter violento de escravos diante de situações extremas de
cativeiro. Obra de referência: “rebeliões de senzalas” (1959) de Clóvis Moura. Abordagem mais
pautada num viés sociológico, analisa relações sociais de quilombolas e outros movimentos
adjacentes. Protesto escarvo contribuindo para o “desgaste” do sistema escravista.
Na abordagem de Moura, as fugas e formação de quilombos, contribuía na organização social
estratificada. Mas suas ações seriam subsídios do processo histórico contra a escravidão e não
um fator determinante em si. Segundo ele, suas ações produziam assimetria social e desgaste
econômico do sistema, mas não significam uma ameaça direta a ele. Ou seja, não lhes confere
protagonismo no processo histórico (escravidão para trabalho livre).
Luís Luna: sempre houve resistência. No entanto, sua perspectiva desconsidera as
complexidades do processo histórica e suas transformações no contexto social, focalizando
apenas as “reações”.
1972. Obra de Alípio Goulart Fontes empíricas utilizadas: relatórios impressos dos presidentes e
chefes de polícia das províncias no século XIX.
Anos 1970-80. Abordagens de Décio Freitas. Nessa ótica, as litas configuravam um
“desconforto” e “perturbação” aos senhores escravocratas, mas não tinham força suficiente para
romper o sistema, pois lhes era relegada a característica de marginal (social, geográfica e
economicamente). Segundo ele, o sistema foi-se dissolvendo gradativamente em virtude da
pressão externa dos ingleses e não devido às rebeliões internas.
Ambas as correntes apontam uma marginalização dos movimentos de protesto e uma
coisificação do sujeito escravizado.
Culturalistas: restauração de uma cultura africana; materialistas: reação coletiva aos maus tratos
da escravidão.
Mudanças na historiografia dos 1980-90.
1988 – Carlos Magno Guimarães analisa os quilombos numa perspectiva materialista,
enfatizando a “contradição” dos quilombos no que concerne às suas relações sociais e comerciais
com a sociedade escravista.
Perspectivas inovadoras com Eurípedes Funes e João José Reis, em 1996.
Debates atuais ressignificam a ideia de protesto escravo num sentido de reelaboração das
relações destes com os senhores, num contexto social mais amplo e complexo.
Mais visibilidade para as formas como os escravizados tentavam reorganizar sua vida, a despeito
da opressão escravista por meio de estratégias e sociabilidades.
Elementos fundamentais desta análise mais ampla da historiografia atual: laços de parentesco,
casamento, organização do trabalho, autonomia econômica dos cativos, cultura escrava,
sociabilidades, irmandades, alforrias, violência no cotidiano do cativeiro, práticas religiosas,
entre outros.
Escravos enquanto agentes transformadores da escravidão.
Historiografias atuais dialogam com literatura internacional sobre o tema: relações familiares,
protesto escravo no Caribe e Sul dos EUA.
Importância de reconstruir o conflito baseando-se na análise dos sentidos culturais, sociais e
ideológicos que permeiam a escravidão e suas transformações na sociedade vigente.
Campesinato articulado por quilombolas, escravos e roceiros livres e libertos.
Significados políticos próprios inferidos às ações nos quilombos e suas transformações.
Relação das micropolíticas internas das comunidades escravas com as externas.
Destaque nos trabalhos de: João Reis, Célia Marinho, Maria Helena Machado, Robert Slenes,
Sidney Chalhoub.