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“Ao lado de poucas informações descritivas sobre a repressão das autoridades, se encontra
uma interpretação estereotipada de como se constituíam os “quilombos”. Nessas descrições
reforçam-se as noções dos negros como seres primitivos, malfeitores e irresponsáveis, e dos
quilombos como bandos destituídos de caráter político. Por outro lado, essa literatura
identifica os quilombos como refúgios ou “valhacoutos” de negros, num sentido deveras
depreciativo [...]” (NASCIMENTO, B., 2021, p. 104)
“No entanto, uma das características fundamentais desses núcleos humanos era a grande
quantidade de habitações, sendo que as estimativas populacionais aproximadas de
“quilombos” como os de Palmares e os de Sergipe, no século XVII, e os de Minas Gerais, no
século XVIII, são da ordem de 20 mil habitantes. Outra característica era a especificidade da
organização política. Palmares, um verdadeiro Estado, mantém — no episódio da paz de
Ganga-Zumba — relações diplomáticas em nível de Estado para Estado com as autoridades
coloniais e a própria coroa. Outra ainda é a produção, muitas vezes em grande escala, que
resultava num excedente negociável e intercambiado com os moradores das capitanias e
depois das províncias.” (NASCIMENTO, B., 2021, p. 107)
“Nesse particular eles são sempre considerados a partir do seu sentido de luta armada contra
o regime, inexistindo estudos aprofundados sobre os momentos de paz, em que a sociedade
de um modo geral, e os senhores e moradores em particular, toleram-nos, mantendo relações
econômicas e às vezes de clientela com os “quilombolas”.” (NASCIMENTO, B., 2021, p.
108)
“De um lado, o liberalismo clássico, vindo dos ideais da Revolução Francesa, faz com que
alguns autores os interpretem à luz dos princípios de igualdade, sem atentar para as estruturas
internas dos quilombos, que mantêm desigualdades sociais em seu seio, embora não idênticas
às desigualdades de um sistema moderno. De outro lado, alguns autores se mostram mais
enfáticos ao procurar nos “quilombos”, justamente a partir do acirramento da luta armada em
reação ao ataque da ordem opressora, um embrião revolucionário, segundo os princípios
marxista-leninistas de mudança social. Traduzem inclusive o motivo do estabelecimento do
“quilombo” dentro dessa perspectiva.” (NASCIMENTO, B., 2021, p. 108)
“Mas uma dinâmica da história duradoura (no tempo) dos “quilombos” necessita uma
compreensão — na qual a complexidade das suas instituições e a evolução da sociedade
global sejam vistas como processos interacionais — para que se entenda sua particularidade
como sistemas sociais autônomos em relação à sociedade global. A historiografia contenta-se
somente em marcar a capacidade de luta e de resistência dos negros envolvidos nesses
sistemas e, ampliando, a resistência do povo negro de um modo geral, através dos tempos.
Daí a generalização do termo “quilombo” para indicar variadas manifestações de resistência,
generalização permeada pela postura ideológica dos pesquisadores. Desse modo, cabe
perguntar: o quilombo, considerado como forma de resistência dos negros ao regime de
opressão, constituiu um instrumento eficaz de enfrentamento da ordem social, com a
capacidade de mudá-la a seu favor? Se não, ele não poderá requerer para o seu entendimento
uma interpretação baseada nas teorias da mudança social.” (NASCIMENTO, B., 2021, p.
108-109)
Raça diz sobre hierarquias de poder > isso é importante dentro do que compõe as RI, pq os
Estados não são compostos por instituições de uma forma simples, são pessoas
Interesse em delimitar o que é teoria colonial, teoria pós colonial, decolonialidade etc.
Usar Quijano como citação direta principalmente para basear as coisas de Karine, a conexão
sobre capitalismo articulando raça e trabalho, pode não ser tão útil a parte de colonialidade, a
maneira como ele traz a raça. Mencionar trechos para reforçar algumas coisas da Karine.
Fazer um mapa mental/quadro panorâmico sobre definições e conceitos do quilombo séc
XXI. Vários conceitos como pensados pelos liberais, marxistas, intelectuais negros