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Resenha: A SITUAÇÃO COLONIAL: ABORDAGEM TEÓRICA, por

Georges Balandier.

Inicialmente, importante mencionar que Balandier foi sociólogo, etnólogo

e antropólogo, com formação na França. Desta feita, o autor busca no início de

seu texto acerca da situação colonial e a abordagem teórica, traçar uma

conceituação de situação colonial e ação colonial, sendo tais premissas

importantíssimas para a interpretação do referido texto.

Veja-se, enquanto Ação Colonial na visão do autor é uma ação que

demanda tempo e tem uma diversidade de consequências para os povos objeto

dessa ação colonial, pois, impacta diretamente os povos ali já estabelecidos

tradicionalmente e originalmente, tal ação busca dentre outros objetivos a

expansão da cultura europeia, formando possivelmente colônias de exploração

e “desenvolvimento”.

Entretanto, o que realmente resulta da ação colonial é principalmente a

destruição, dizimação, dos povos que ali ocupavam um território ou nação, a

exemplo disso temos o ocorrido no Peru, quando foi “conquistado” com a

matança do povo Inca, bem como, também aconteceu com os povos indígenas

da América do Norte quando os povos estadunidenses promoveram a

dizimação dos povos indígenas ali existentes, como os Siux e os Apaches.

Portanto, feitos tais recortes temos a situação colonial, posta como um

desdobramento da Ação Colonial, pois, após a incidência da referida ação o povo

ali subjugado fica sobre o escrutínio dos comandantes ou interventores que

geralmente ficam num posto de defender o “novo governo ou nova administração”

de sofrer insurgências.

Percebe-se que há uma crítica reiterada aos povos originários no sentido

de atribuir-lhes uma pecha de anacrônicos ou atrasados, entretanto, aqueles que

aduzem tais dizeres apenas o dizem, pois, o intento da ação colonial é de

expansão, acúmulo de riquezas e concentração de força de trabalho (daqueles

desprovidos da dita “humanidade” ou inferiores).

Aluno – Gabriel Matheus Serra Maia de Souza.


Resenha: A SITUAÇÃO COLONIAL: ABORDAGEM TEÓRICA, por
Georges Balandier.
Ocorre que que haja a descoberta de tais situações e realidades postas, o

autor menciona dois tipos de antropólogos ou pesquisadores (etnólogos,

sociólogos, antropólogos, geógrafos, cientistas políticos) que se subdividiram ao

estudar a Ação Colonial, sendo que essa divisão coloca a existência de

pesquisadores que buscavam se debruçar sobre o que havia de pureza,

primitivo e seus desenvolvimentos, já outros buscavam a refletir sobre o

deslinde daquelas culturas ou sociedades que após a intervenção do

dominador, os destinos ou origens, e por fim, outro grupo que se desdobravam

em diversas linhas de investigação das sociedades ali encampadas pelo novo

“governo”, porém, reproduzindo um campo técnico formal que não encontra

um liame mais denso da subjetividade inerente aos objetos de estudo.

Portanto, todas essas conjunturas de estudo das sociedades como estão ou

como foram, antes, durante e depois da ação colonial dos expansionistas, gera

uma complexa trama de teorizações que se denomina a situação colonial,

segundo o autor.

Desta feita, passa-se a uma análise da visão do historiador e a importância

deste para a descrição dos fatos ocorridos ou que ocorrem, durante a situação

colonial, para tanto, o autor aduz que “o historiador encara a colonização em

suas diferentes épocas e em função da nação colonial” e continua asseverando

que o povo colonizado é alicerçado sobre uma situação na qual não tem

nenhum poder, pois, se torna isolado e considerado hipossuficiente aos ditos

“avanços” sociais.

Onde passa a adotar uma figura ou “papel” como chama o autor de

colono, ficando evidente a criação do colono e colonizador, o que passa a ser um

fundamento de uma “nação colonial”.

Desta forma, o autor ressalta a importância da compreensão de que o

chamado “imperialismo colonial” é na verdade a faceta de um “imperialismo

econômico” e tal imperialismo culmina na tomada de posse política, formando,

então, o que se chama de “fato colonial”.

Aluno – Gabriel Matheus Serra Maia de Souza.


Resenha: A SITUAÇÃO COLONIAL: ABORDAGEM TEÓRICA, por
Georges Balandier.
Portanto, o autor segue o texto discorrendo sobre tais perspectivas de

como fatores econômicos afetados pela necessidade expansão de um domínio

econômico e territorial fazem com que as nações ditas “colonizadoras” se

desloquem imbuídas sobre esse prisma de dominação para prosperar e afetam

as sociedades que anteriormente já tinham seus desenvolvimentos e concepções

de mundo independentes dos algozes colonizadores.

Outro importante ponto de reflexão que faz o ilustre autor é acerca de dois

fatos encontrados na sociedade colonizada, qual sejam, a superioridade

numérica esmagadora, vide África, bem como, aos fatores de radical dominação

que sofrem essas sociedades altamente numerosas. Tais circunstâncias são

objetivos de análise por diversos antropólogos, chega-se a conclusão que uma

das principais subtrações que ocorrem nas referidas sociedades é a perda de

autonomia dos indivíduos, seja na saúde, na alimentação, nas fontes de água

potável, etc.

A título de exemplificação, no Brasil Império que instituiu a religião

Católica como oficial de estado, entranto, num contexto que a maioria dos

escravizados tinha uma orientação de credo distinta do catolicismo, bem como,

o que ocorrera nas missões jesuíticas em relação a catequização dos indígenas,

ora, tal fator de imposição e dominação da prática religiosa dos colonizados é

um reflexo dessa situação que atinge a sociedade colonizada. Felizmente o autor

narra que que tal sociedade “repousa sob uma ideologia, um sistema de

pseudojustificativas, de racionalizações, com um fundamento racista mais ou menos

confesso, mais ou menos manifesto”.

Malgrado sejam, na maioria das vezes, superiores em quantidade

numérica de indivíduos, os assim chamados colonizados (dominados) tem

todas suas individualidades tomadas pelos mandos e desmandos oriundos da

Ação Colonial dos expansionistas, o autor conclui em suma que a situação colônia

majoritariamente leva seus “colonizados” sempre ao estado de crise

generalizada.

Aluno – Gabriel Matheus Serra Maia de Souza.

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