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RESENHA: Brotton, Jerry. Uma história do Mundo em Doze Mapas.

Inicialmente o autor perpassa por uma abordagem dos mapas ditos mais

antigos conhecidos, como por exemplo, a tabuleta encontrada nas ruínas de

Sippar, anteriormente localizada na região Babilônica que hoje é tido como o

sudoeste de Bagdá, logo, tal mapa representava não só a região Babilônica,

porém, o mundo conforme era compreendido da perspectiva dos

contemporâneos aquele período.

Logo, tal descoberta foi marcante, pois, foi tida como a primeira

representação de um plano aéreo do mundo como se conhecia, aliás, esse

“conhecer” deve ser interpretado não só como aquilo que as pessoas a época de

fato conheciam a olho nu, porém, a visão imaginária também é inserida na

contextualização do verbete.

O que se tinha em conhecimento geopolítico, cartográfico, geográfico, foi

repassado para a referida tabuleta, formando o que o autor chamou de

“cosmologia babilônica”, inclusive, narrando o mito da Criação resultante da

batalha de dois deuses imaginados, Marduk e Tiamat.

Neste ponto, percebe-se que a religião também teve sua descrição na

tabuleta, mostrando o quanto foi pensada como complexa e abrangente a

construção dessa planificação do conhecimento babilônico, narra-se que não se

sabe para quem e por quem foi produzida tabuleta, permanece em mistério.

Nota-se que a posse de tabuletas dessa estirpe só era possível aos que

detinham algum poder na sociedade, como governantes, sábios, líderes

religiosos, em suma, a elite da época, representando tal circunstância nada mais

do que o poder em volta do conhecimento, ora, quem detivesse a descrição da

organização geográfica e política, tinha em suas mãos a estratégia de avanço de

uma nação, inclusive, por deter até mesmo os mitos fundantes de um “mundo”

e a descrição das divindades manifestas.

O debate estabelecido na obra de Brotton sugere a observação não só dos

mapas, porém, da visão de mundo representada pelos mapas postos em análise,

pois, narra o autor que o mundo é restrito a visão de mundo e uma ideia social

Aluno – Gabriel Matheus Serra Maia de Souza.


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criada pelo homem, chegando a inferir que a visão de mundo impressa por uma

cultura ou povo é o que ele chamada de “ato excepcional de alquimia simbiótica”.

Na perspectiva do cartógrafo, segundo o autor, existiam dois recursos

para reflexão e posterior criação do que se entendia por mundo, sendo o céu

posto nas alturas e sua respectiva imaginação do mundo, logo, sugere-se que

essa imaginação era permeada de compreensão tanto do conhecimento tido

pelo cartógrafo, mas também dos conhecimentos adquiridos e transmitidos a

toda uma cultura e tal conhecimento passa pela cognição de um povo por meio

de sua história ancestral.

Uma exemplificação de tais dizeres acima expostos são as ilustrações de

monstros marinhos que “existiam” nos mares, na idade média por exemplo,

onde os cartógrafos ao ilustrarem em seus mapas acrescentavam representações

de monstros marinhos que teoricamente existiam nos desconhecidos mares,

logo, isso assevera o fator da imaginação imbricado aos mapas, como no

“Historiae animalium” conforme vejamos:

Logo, tais representação eram tidas a época como incontroversas, ditando

até as formas de navegações.

Aluno – Gabriel Matheus Serra Maia de Souza.


RESENHA: Brotton, Jerry. Uma história do Mundo em Doze Mapas.

Outrossim, o autor também assevera que os mapas então passaram a ser

uma fonte de inspiração para diversos escritores, ressalta-se o Jorge Luís Borges

e Lewis Carroll.

Nota-se que todas as sociedades tidas como arcaicas desenvolvem em suas

representações cartográficas os mitos sobre o desconhecido, tal situação é

ilustrada pelo autor como “situação limite” que é oriunda da forma como “o

homem descobre ou toma consciência de seu lugar no universo(mundo)” e cria

uma referência para os horizontes desconhecidos, tornado o distante como algo

mítico ou sagrado.

Outro ponto destacado pelo autor, é que os mapas produzidos na

antiguidade, bem como, os mapas atuais em seus formatos digitais, detém uma

perspectiva tida como antropocentrista, ou seja, o autor nomenclatura como

“mapeamento egocêntrico”, pois, a maior parte dos mapas produzidos os

autores colocam a sua cultura ao centro e os mapas atuais, em sua maioria na

modalidade virtual, concentram inicialmente esforço em demonstrar onde está

o observador e depois os pontos de vista surgidos no referido ambiente virtual

de mapeamento.

Outrossim, o autor concebe que apesar de diversos esforços e dos marcos

temporais superados, as gerações de cartógrafos não conseguiram concretizar

as reinvindicações tidas como fundamentais da cartografia científica.

Aluno – Gabriel Matheus Serra Maia de Souza.

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